Tempo de renovação

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Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 52 www.revistaparoquias.com.br | janeiro-fevereiro 2010 PASTORAL DA CATEQUESE N a citação bíblica, “nosso cora- ção arde quando ele fala, expli- ca as Escrituras e parte o pão(Lc 24,32-35), do ponto de vista dos discípulos, as Escrituras e a Eucaristia devem ser o referencial que necessitamos para trabalhar, dinamizar e vivenciar uma catequese que transfor- ma as nossas comunidades. Mas, conve- nhamos, isso não é novidade. Nós já sabíamos. Não deveria, por isso, ser o pote de ouro que tanto procurávamos? Em qualquer documento sobre a catequese é só procurar que está lá, tudo deve convergir para o essencial que é o Cristo, na Palavra e na Eucaristia. E não são poucos os documentos disponíveis. Desde a Catequese Renovada, que foi e continua sendo um marco na reflexão bíblico-catequética (1983), ao Diretório Geral para a Catequese de 1997, até o último documento, o Diretório Nacio- nal de Catequese (2006). Cada um, res- pondendo a uma época, traça perfis e experiências interessantíssimas sobre a arte da catequese. E os documentos não se contradizem, se completam, atuali- zam, dinamizam e apontam para um caminho único, Jesus Cristo. UMA CATEQUESE ATUANTE Somos constantemente abordados sobre como fazer, como dinamizar e o que mais oferecer na catequese, já que a realidade hoje nem sempre facilita a evangelização. Os subsídios pipocam TEMPO DE RENOVAÇÃO Observe que a formação cristã passa pela grandeza de uma catequese sólida e evangélica POR PE. AIR JOSÉ DE MENDONÇA, MSC por aí e cada um com um enfoque dife- rente, uma forma diferente de abordar, de educar, de evangelizar. Todos, na sua essência, são bons. Porém, o processo não é tão simples como parece. Não havendo uma orga- nização, a catequese desanda como fer- mento em excesso no bolo. Não há criança que resista a uma catequese sem planejamento, onde cada catequista faz o que bem entende. A catequese não reside na boa vontade. Não pode ser feita porque não há mais nada o se que fazer na vida. Ela é antes de tudo, opção de vida. Como a medicina, a catequese é um dom a ser exercido. Catequese não é espaço para treinamento, é lugar de anúncio.

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Observe que a formação cristã passa pela grandeza de uma catequese sólida e evangélica

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Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 52 www.revistaparoquias.com.br | janeiro-fevereiro 2010

PASTORAL DA

CATEQUESE

N a citação bíblica, “nosso cora-ção arde quando ele fala, expli-ca as Escrituras e parte o pão” (Lc 24,32-35), do ponto de

vista dos discípulos, as Escrituras e a Eucaristia devem ser o referencial que necessitamos para trabalhar, dinamizar e vivenciar uma catequese que transfor-ma as nossas comunidades. Mas, conve-nhamos, isso não é novidade. Nós já sabíamos. Não deveria, por isso, ser o pote de ouro que tanto procurávamos?

Em qualquer documento sobre a catequese é só procurar que está lá, tudo deve convergir para o essencial que é o Cristo, na Palavra e na Eucaristia. E não são poucos os documentos disponíveis. Desde a Catequese Renovada, que foi e

continua sendo um marco na reflexão bíblico-catequética (1983), ao Diretório Geral para a Catequese de 1997, até o último documento, o Diretório Nacio-nal de Catequese (2006). Cada um, res-pondendo a uma época, traça perfis e experiências interessantíssimas sobre a arte da catequese. E os documentos não se contradizem, se completam, atuali-zam, dinamizam e apontam para um caminho único, Jesus Cristo.

UMA CATEQUESE ATUANTESomos constantemente abordados

sobre como fazer, como dinamizar e o que mais oferecer na catequese, já que a realidade hoje nem sempre facilita a evangelização. Os subsídios pipocam

TEMPO DE RENOVAÇÃOObserve que a formação cristã passa pela grandeza de uma catequese sólida e evangélicaPOR PE. AIR JOSÉ DE MENDONÇA, MSC

por aí e cada um com um enfoque dife-rente, uma forma diferente de abordar, de educar, de evangelizar. Todos, na sua essência, são bons.

Porém, o processo não é tão simples como parece. Não havendo uma orga-nização, a catequese desanda como fer-mento em excesso no bolo. Não há criança que resista a uma catequese sem planejamento, onde cada catequista faz o que bem entende. A catequese não reside na boa vontade. Não pode ser feita porque não há mais nada o se que fazer na vida. Ela é antes de tudo, opção de vida. Como a medicina, a catequese é um dom a ser exercido. Catequese não é espaço para treinamento, é lugar de anúncio.

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5 quesitos para pensar a catequese em uma paróquia

1. Forme um grupo coeso: padre e catequis-tas, porque a catequese não se valida por projetos pessoais;

2. A catequese está centrada na comunhão de ideias e em um esforço conjunto para que a criança, sinta-se pensada e amada antes mesmo de cruzar o limiar das portas de nossas salas de encontro;

3. Conheça os documentos da Igreja sobre a catequese, porque conhecer é estudar, é ler, saber do que se trata. Se o catequista não tem tempo para isso, é melhor encontrar outro espaço a que dedicar-se;

4. Deve-se planejar, porque todo planejamento contorna os imprevistos e as dificuldades;

5. Deve-se ir além, por mais que tenhamos excelentes subsídios, a realidade de cada paróquia não pode ser esquecida.

ATENÇÃO!A catequese deve criar uma linha

do tempo, um paralelo entre a vida da criança e a de Jesus. Ele não deve ser apre-sentado como se fosse apenas um personagem de uma história infan-til. Como Jesus assim o foi, a criança deve ser inserida na sua realida-de como pessoa, quem ela é, onde vive, e como ela é amada por Deus. Ela precisa entender que Jesus tinha uma família, primos, amigos, fre-quentava a igreja. E que ele aprendeu a rezar, brincou e também foi batiza-do. A partir da vida de Jesus você pode trabalhar os sacramentos, um novo olhar sobre os mandamentos e sobre o discipulado.

E é assim que, na visão da criança, a vida de Jesus vai tomando as dimen-sões necessárias para que ela O perce-

ba como o Filho de Deus, conheça o seu projeto, a sua missão e entenda que será a continuadora de tudo isso,

no seu tempo, na sua história.

Saiba do que os seus catequizandos gostam. Ouça-os. Use filmes. Provoque intercâmbio entre as turmas. Você sabia que há crianças

que não sabem o nome do seu cate-quista? Assim, deixe arder o seu cora-ção como o dos discípulos de Emaús e a sua catequese terá um sabor ja-mais experimentado, o de deixar-se evangelizar.

Pe. Air José de Mendonça, MSC é Presbítero da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração e Pároco e Reitor do Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração em Vila Formosa, São Paulo/SP.Contato: [email protected]

“A catequese deve criar uma linha do tempo, um paralelo entre a vida da criança e a de Jesus”