Tempo é dinheiro, faça as contas!
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TEMPO É DINHEIRO, FAÇA AS CONTAS Por Eliane Miraglia com Ivan Sant’Ana Ernandes • FEVEREIRO DE 2011
Recorrer àquelas ferramentas da Matemática que conhecemos na escola, mas nem sempre
colocamos em uso, é uma estratégia prática para quem quer reconhecer oportunidades e riscos
para o dinheiro que se investe em projetos e sonhos, como a aposentadoria.
2010 foi um ano de faturamento para alguns. Bancos e seguradoras registraram crescimento do
patrimônio líquido da previdência aberta (PGBL e VGBL) na casa dos 24,89% em relação a 2009.
A informação foi publicada na matéria Rendimentos da previdência aberta decepcionam do
jornal Valor Econômico.
Entretanto, quem colocou dinheiro em previdência privada aberta (PGBL e VGBL) obteve
resultado pouco significativo. A rentabilidade desses planos, descontada a remuneração do
administrador, foi de até 8,47%, perdendo do CDI no período, que foi de 9,75%. Desse valor,
ainda é preciso abater a inflação medida pelo INPC, que no ano chegou a 6,42%. Feitas as
contas, o ganho real do investidor (acima da inflação) equivale a 1,93%!
Antes de escolher, compare com a concorrência
Existe um pequeno cálculo que modifica toda a história, quando o plano de previdência é
administrado por entidades fechadas de previdência complementar. Por não terem finalidade
lucrativa, oferecem uma vantagem que, de imediato, pode parecer pequena para o investidor: o
repasse não desconta remuneração do administrador. Por isso, mesmo que o rendimento fosse
igual ao da aberta, a rentabilidade do capital passa a ser de, no mínimo, 9,47%. Descontada a
mesma inflação do INPC de 6,42%, obtém-se o ganho real de 2,87% no ano. A diferença é que a
previdência complementar fechada, no mesmo cenário que a aberta, oferece 0,92% a mais para o
investidor.
Pode parecer pouco mas, considerando nessa conta o longo prazo como principal característica
desses investimentos, é possível entender esse percentual em perspectiva. Em 30 anos,
acumulando geometricamente, a diferença atinge 31,55%. Isso significa que na hipótese de
alguém, na previdência aberta, acumular R$ 100,00 em 30 anos, na fechada, pelo mesmo
período, poderiam ser acumulados R$ 131,55.
A cereja do bolo
Altere o cenário e os ganhos podem ainda ser mais compensadores. Planos fechados de
previdência complementar não têm taxa de carregamento e, em geral, estimam como meta
atuarial 5% de juros ao ano, mais o repasse do INPC. Em 2010, essa conta resulta 11,74%.
Por isso, quem teve plano previdenciário que alcançou a meta pode comemorar e muito. O
resultado superou em mais de 100% os ganhos de quem investiu em previdência aberta. Melhor
ainda para os participantes cujos planos que “bateram a meta” isto é, tiveram rendimento superior
a 11,74%, e conquistaram uma remuneração ainda mais compensadora para seus investidores.
Entender a lógica desse raciocínio é importante para, primeiro,
fazer o dinheiro trabalhar melhor para quem investe. Segundo,
porque os tempos de educação financeira exigem produtos que
agreguem mais valor à escolha do investidor, além de garantia
na democratização de resultados. Afinal, os pilares da
sustentabilidade são três: econômico, social e ambiental.
Enquanto o desequilíbrio for tão discrepante, os riscos se
mantêm e o cliente é quem ainda paga por isso.
Eliane Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação, especialista em Gestão de Processos Comunicacionais e
consultora de comunicação. Com Marisa Santoro Bravi, escreveu A importância dos valores para a construção de novos paradigmas sociais, disponível para leitura em http://biblioteca.abrapp.org.br/default.html
Ivan Sant’Ana Ernandes – atuário, diretor da ATEST Consultoria Atuarial, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUCMINAS), tutor do Programa de Educação ABRAPP e coautor do livro Atuária para Não Atuários.