TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

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DISCIPLINA TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO GERAL Teologia é a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus, e das coisas divinas. A teologia abrange vários ramos, vejamos: Teologia exegética - Exegética vem da palavra grega que significa extrair. Esta teologia procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras. Teologia Histórica - Envolve o Estudo da História da Igreja e o desenvolvimento da interpretação doutrinária. Teologia Dogmática- É o estudo das verdades fundamentais da fé como se nos apresentam nos credos da igreja. Teologia Bíblica - Traça o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia e descreve a maneira de cada escritor em apresentar as doutrinas mais importantes. Teologia Sistemática - Neste ramo de estudo os ensinamentos concernentes a Deus e aos homens são agrupados em tópicos. INTRODUÇÃO O Antigo Testamento é a parte preparatória de Deus para revelações maiores e mais profundas ao homem. Por isso é especial. Deus providenciou uma revelação e mostrou seus diferentes métodos: Sonhos - Joel 2:28 E háde ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. Jeremias 23:32 Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o SENHOR. Visões - Atos 7:31 Então Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão; e, aproximando-se para observar, foi-lhe dirigida a voz do Senhor, ( Uma Visão espiritual) Aparições - Isaías 6:1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi tambémao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Histórico - A Melhor forma de revelação de Deus ao homem sem dúvida é através da história. Através da convivência com Deus, através das experiências com Ele. OS PERÍODOS HISTÓRICOS DA TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO Seminário TeológicoEnsino de Cursos Teológicos a Distância-ECTAD. Av. Duque de Caxias, 4389, Bairro Buenos Aires - CEP: 64,006-220 Teresina/PI.

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DISCIPLINA

TEOLOGIA BÍBLICA DO

ANTIGO TESTAMENTO

CONCEITO GERAL

Teologia é a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus, e das coisas divinas. A teologia abrange

vários ramos, vejamos:

Teologia exegética - Exegética vem da palavra grega que significa extrair. Esta teologia procura descobrir

o verdadeiro significado das Escrituras.

Teologia Histórica - Envolve o Estudo da História da Igreja e o desenvolvimento da interpretação

doutrinária.

Teologia Dogmática- É o estudo das verdades fundamentais da fé como se nos apresentam nos credos

da igreja.

Teologia Bíblica - Traça o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia e descreve a

maneira de cada escritor em apresentar as doutrinas mais importantes.

Teologia Sistemática - Neste ramo de estudo os ensinamentos concernentes a Deus e aos homens são

agrupados em tópicos.

INTRODUÇÃO

O Antigo Testamento é a parte preparatória de Deus para revelações maiores e mais profundas ao

homem. Por isso é especial. Deus providenciou uma revelação e mostrou seus diferentes métodos:

Sonhos - Joel 2:28 E háde ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos

filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.

Jeremias 23:32 Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os

contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; pois eu não os

enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o SENHOR.

Visões - Atos 7:31 Então Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão; e, aproximando-se para

observar, foi-lhe dirigida a voz do Senhor, ( Uma Visão espiritual)

Aparições - Isaías 6:1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi tambémao Senhor assentado sobre

um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo.

Histórico - A Melhor forma de revelação de Deus ao homem sem dúvida é através da história.

Através da convivência com Deus, através das experiências com Ele.

OS PERÍODOS HISTÓRICOS DA TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO

Seminário Teológico–Ensino de Cursos Teológicos a Distância-ECTAD. Av.

Duque de Caxias, 4389, Bairro Buenos Aires - CEP: 64,006-220 – Teresina/PI.

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Assim como os apóstolos do NT com suas epístolas, eram de muitas maneiras, os intérpretes dos

Atos e dos Evangelhos, assim também a teologia do AT poderia semelhantemente começar com

os profetas por um motivo bem semelhante. No entanto, mesmo para o fenômeno da profecia

bíblica, havia a realidade sempre presente da história de Israel. Toda a atividade salvífica de Deus

em tempos anteriores tinha que ser reconhecida e confessada antes de alguém poder ver mais

firme a revelação adicional de Deus. Devemos, portanto, começar onde começou: na história

— história verdadeira e real.

A Era Pré-patriarcal

Sem dúvida, Abraão ocupou um lugar de destaque no auge da revelação. O texto avança da

extensão desde a criação e descreve a tríplice tragédia do homem como resultado da queda, do

Dilúvio e da fundação de Babel para a universalidade da nova provisão da salvação da parte de

Deus para todos os homens, através da descendência de Abraão.

A palavra principal é "Benção" repetida da parte Deus — que existia apenas no estado

embrionário. No inicio, trata-se da "Bênção" da ordem criada. Depois, é a "Bênção" da família e

da Nação, em Adão e Noé. O auge veio na quíntupla "Bênção" para Abraão em Gênesis 12:1-3,

que incluía bênçãos materiais e espirituais.

A Era Patriarcal

Esta era foi tão significativa que Deus Se anunciava como "Deus dos patriarcas", ou "Deus de

Abraão, de Isaque e de Jacó". Além disto, os patriarcas eram considerados "profetas" (Gn 20:7;

SI 105:15). Aparentemente era porque pessoalmente recebiam a palavra de Deus.

Freqüentemente, a palavra do Senhor "veio" a eles de modo direto (Gn 12:1; 13:14; 21:12; 22:1)

ou o Senhor "apareceu" a eles numa visão (12:7; 15:1; 17:1; 18:1) ou em aparição de Anjos

(22:11,15).

Os períodos de vida de Abraão, Isaque e Jacó formam outro tempo distintivo no fluxo da história.

Estes três privilegiados da revelação viram, experimentaram e ouviram tanto, ou mais, durante o

conjunto de dois séculos representado pelas vidas combinadas deles, do que todos aqueles que

viveram durante os milênios anteriores! Como conseqüência, podemos, com toda a segurança,

delinear Gênesis 12-20 como nosso segundo período histórico no desdobrar da teologia do AT,

exatamente como foi feito por gerações posteriores que tinham o registro escrito das Escrituras.

A Era Mosaica

Israel foi então chamado "reino de sacerdotes e nação santa" (Êxodo 19:6). Deus, com todo o

amor, delineava os meios morais, cerimoniais e civis de se cumprir tão alta vocação. Viria no

ato primário do Êxodo, com a graciosa libertação de Israel do

Egito, operada por Deus, a subseqüente obediência de Israel, em fé, aos Dez mandamentos, a

teologia do tabernáculo e dos sacrifícios, e semelhantes detalhes do código da aliança (Êxodo

24-7:8) para o governo civil.

Toda a discussão quanto a ser um novo povo de Deus se derivava de Êxodo Capítulos 1 à 40;

Levítico 27-2; e Números 1-54. Durante esta era inteira, o profeta de Deus foi Moisés

— um profeta sem igual entre os homens (Deuteronômio 34-10).De fato, Moisés foi o padrão

para aquele grande Profeta que estava para vir, o Messias. ( Deuteronômio 16:15-18 )

A Era Pré-Monárquica

Uma das partes da promessa de Deus que recebeu uma descrição detalhada foi a conquista da

terra de Canaã.

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Esta história se estende ao longo do período dos juizes para incluir a teologia das narrativas da

arca da aliança em 1 Samuel 4-7 os tempos se tornaram tão distorcidos e tudo parecia estar em

tantas mudanças subseqüentes devido ao declínio moral do homem e à falta da revelação da

parte de Deus. De fato, a palavra de Deus se tornara "rara" naqueles dias em que Deus falou a

Samuel (1 Samuel 3:1). Conseqüentemente, as linhas de demarcação não se escrevem tão

nitidamente, embora os temas centrais da teologia e os eventos-chave sejam bem registrados

historicamente.

A história de Josué, Juízes e até Samuel e Reis, são momentos significantes na história da

revelação deste período, são usualmente reconhecidos pela maioria dos teólogos bíblicos de

hoje.

O melhor que se pode dizer do período pré-monárquico é que era um tempo de transição. o

surgimento de exigência de um rei para reinar sobre uma nação que se cansou da sua

experiência em teocracia conforme ela era praticada por uma nação rebelde.

Depois da Lei até Davi não há avanço teológico. Neste período, Deus é revelado como Santo,

como Espírito Santo, como Eterno. A vida de Cristo é mais precisamente predita, nos sacrifícios,

e ofertas e no propiciatório.

A Era Monárquica

O pedido do povo no sentido de lhe ser dado um rei, quando Samuel era juiz (1 Sm 8- 10). e até

o reinado de Saul nos preparam negativamente para o grandioso reinado de Davi (1 Sm 11 —2

Sm 24:1 Reis l-2.)

A história e a teologia se combinavam para enfatizar os temas de uma dinastia real continuada, e

um reino perpétuo com um domínio e alcance que se tornaria universal na sua extensão e

influência. Mesmo assim, cada um destes motivos régios foi cuidadosamente vinculado com

idéias e palavras de tempos anteriores: uma "descendência"" um "nome" que "habitava" num

lugar de "descanso", uma "bênção" para toda a humanidade, e um "rei" que agora reinava sobre

um reino que duraria para sempre.

Este período é caracterizado historicamente pela prática desenfreada do pecado e declínio de

Israel.

Os quarenta anos de Salomão foram marcados pela edificação do templo e por outro

derramamento de revelação divina. A Sabedoria. Assim, a lei mosaica pressupunha a promessa

patriarcal e edificava sobre ela, assim também a sabedoria de Salomão pressupunha a promessa

Abraão-Daví como a lei de Moisés. O conceito-chave era "o temor do Senhor" — uma idéia que

já começou na era patriarcal (Gn 22:12; 42:18; Dt.10:12; Josué.24:14).

Agora que a "casa" de Davi e o templo de Salomão tinham sido estabelecidos, sendo assim, os

profetas poderiam agora focalizar sua atenção sobre o plano e reino de Deus no seu alcance

mundial. Infelizmente, porém, o pecado de Israel também exigiu boa parte da atenção dos

profetas.

Com essas revelações o mundo deveria esperar até que chegasse a " Plenitude dos Tempos " ,

Gálatas 4:4; Pedro 1:10-12.

Questões Importantes Sobre Revelação

1) Distinção entre revelação e apreensão: A compreensão vinha a medida que o homem

ponderava a revelação feita.

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2) Revelação Parcial: Algumas coisas foram reveladas, mas não foram explicadas. A explicação

pode vir mais tarde, ou não vir jamais, Deut. 29:29. Também no Novo Testamento há coisas

reveladas mas não explicadas: Nascimento de Jesus através da Virgem Maria, Trindade, Dupla

Natureza de nosso Senhor.

3) Revelação Universal: A revelação foi feita com o objetivo de se estender a humanidade toda:

"Em ti serão bendita todas as nações", Deus disse a Abraão. (Gênesis 12:3)

DIVISÕES DA TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO

As divisões naturais incluem as grandes doutrinas a serem discutidas: A

Doutrina da Criação

A Doutrina de Deus

A Doutrina do Homem e do Pecado

A Doutrina da Salvação.

A DOUTRINA DA CRIAÇÃO

A Constatação de um princípio claramente definido, tanto

nas referências cosmológicas quanto bíblicas, podem

desencadear novas e fascinantes descobertas que

confirmem ainda mais, as sábias palavras das Escrituras

Imagem meramente ilustrativa.

Podemos dizer que a ―Ciência e a religião são como duas janelas na mesma casa, através de

ambas contemplamos as obras do Criador.

Teorias Referente a Criação

Teoria da Grande Explosão ("BIG BANG"). A partir do estudo de Einstein. sobre a Teoria da

Relatividade, outros cientistas acreditam que o Universo era uma bola imensa de hidrogênio que

se expandiria indefinidamente e alcançaria distâncias quase infinitas. Eles imaginam que, em

algum tempo indecifrável. houve uma grande explosão desta imensa bola de hidrogênio. Daí,

surgiram os mundos, as galáxias. Na tentativa de definir as origens do Universo, procuram

determinar a sua idade, sugerindo a cifra de 12 bilhões de anos. De fato, esta teoria acredita na

eternidade da matéria, mas a Bíblia a refuta, quando declara que tudo em algum tempo começou

a existir, "No princípio, criou Deus os céus e a terra.

A teoria do Panteísmo . O Panteísmo declara que Deus e a Natureza são a mesma coisa e estão

inseparavelmente ligados. A idéia básica desta teoria é que o Senhor não cria nada, mas tudo

emana e faz parte dEle. Entretanto, a revelação bíblica não aceita, de modo algum, este

ensinamento, pois o Criador não é parte do Universo, e , sim, este foi criado por Ele. (Gênesis

1:1)

A Teoria Evolucionista. Criada por Charles Darwin, ensina que a matéria é eterna, preexistente.

A partir daí, mediante processos naturais e por transformação gradual, os seres passaram a

existir. Entretanto, a Bíblia declara que Deus criou todas as coisas, isto é, tudo teve um começo.

As provas diretas da criação, além da Ciência, estão expostas na Bíblia Gn 1.1.

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Teoria da Criação, a partir do nada ( Catastrófica ). Esta é talvez, a mais difundida, ensinada e

pregada no meio evangélico. Declara que Deus criou tudo "do nada", mediante o poder de sua

palavra. Utiliza-se como base, para a afirmação desta idéia, o texto de Hebreus 11.3, o qual diz

que "os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que aquilo que se vê não foi

feito do que é aparente‘.

Ora, entendemos que aquilo qual não é aparente, não quer dizer "do nada", mas pode referir-se à

coisas imateriais.

Gênesis1: 1 No princípio criou Deus os céus e a terra.

Uma leitura atenta nos trará importantes informações, sobre a origem do Universo, com poucas

palavras este verso nos traz três dados importantes:

1 - O Tempo da Criação 2

- O Ato da Criação

3 - O Autor da Criação

O Tempo da Criação

Quando tudo começou ?

João 1: 1 - 2 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

Ele estava no princípio com Deus.

Provérbios 8: 23 Desde a eternidade fui ungida, desde o princípio, antes do começo da terra.

O Princípio é o espaço existente antes da criação

O Ato da Criação

No original hebraico o termo "Criar" aparece como "Bara" termo este que na Bíblia só é

empregado para designar atos especiais de Deus. Seu significado mais amplo é trazer a existência

o que antes não existia. Somente Ele possui este poder.

Salmo 8: 3 - 4 Quando vejo os Teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que

preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o

visites?

O Autor da Criação

A Suprema precisão com que todos os astros se movem e sua disposição no universo demonstra

que tudo isto não apareceu por acaso.

Salmo 19: 1 Os céusdeclaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.

Salmo 119: 90 - 91 A tua fidelidade dura de geração em geração; tu firmaste a terra, e ela

permanece firme. Eles continuam até ao dia de hoje, segundo as tuas ordenações; porque todos

são teus servos.

A DOUTRINA DE DEUS

Atributos da Personalidade de Deus

1 Aspecto de sua personalidade INTELECTO

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Isaías 11: 2 Repousarásobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de INTELIGÊNCIA, o

Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor.

- Escolhe Atos 20: 28 - Ensina João 14: 26

- Instrui Atos10:19–20 - Fala Apoc. 2: 7

2 Aspecto de sua personalidade VOLIÇÃO

I Cor. 12: 11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a

cada um como quer.

- Testifica João 15: 26 - Envia Atos 13: 2, 4

- Impede Atos 16 ; 6-7 - Intercede Rom. 8: 26

- Revela II Pe. 1: 21

-

3 Aspecto de sua personalidade

SENSIBILIDADE

Rom. 15: 30 Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que

combateis comigo nas vossas orações por mim a Deus.

- Ama II Tim. 1: 7 - Entristece Ef. 4: 30

Portanto qualquer ser que pensa, que ama, que quer, é uma pessoa.

Os Atributos

Vida: Deus tem vida em si mesmo; Apocalipse 7:17 Porque o Cordeiro que estáno meio do

trono os apascentará,e lhes serviráde guia para as fontes das águasda vida; e Deus limparáde

seus olhos toda a lágrima.

Deus é vida ( Jo.5:26; 14:26 ) e o princípio de vida ( At.17:25,28 ).

Sábio:Capacidade de agir, julgar corretamente e prudentemente. Tiago 3:17 Mas a sabedoria que

do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável,cheia de misericórdia e

de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. (

Jó 9:14 ; João 11:8-9 )

H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o Seu atributo através do qual Ele produz os

melhores resultados possíveis com os melhores meios possíveis.

Inteligente:

Capacidade de compreender facilmente.

Outros Atributos

- Tem Propósito Efésios 3:11

- Tem Emoções Salmos 103:13

- ÉLivre Efésios 1:11

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- ÉAtivo João 5:17

Atributos de Sua Grandeza

Auto-Existência:Deus existe por Si mesmo. Ele nunca teve início, portanto Deus é

absolutamente independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de Seu

Ser. Deus é a razão de sua própria existência ( João 5: 26; Salmo 36: 9 ).

Eterno: A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus

é Eterno (Salmos 90: 2; Deuteronômio 33: 27 ). A eternidade de Deus significa que Deus

transcende a todas as limitações de tempo ( II Pedro 3: 8 ) Ele é o Eterno EU SOU. Deus é

elevado acima de todos os limites temporais e de toda a sucessão de momentos, e tem a

totalidade de sua existência num único presente indivisível (Is.57:15).

Imutabilidade: É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus. A base de

Sua imutabilidade sua perfeição porque toda mudança tem que ser para melhor ou pior e sendo

Deus absolutamente perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais santo, mais justo, mais

misericordioso, e nem menos.

( Deuteronômio 32: 4; Tiago 1: 17 ). O próprio Deus jamais mudará de opinião, mas fará

conforme seu plano predeterminado (Isaías 46:9,10).

Onipresença: Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo ou tudo está em sua presença

O Panteísmo ensina que tudo é Deus.

Os Materialistas ensina que Deus está distribuído em todo o espaço.

Imensidão :

A infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidade. Deus é imenso ( Isaías

66: 1; Jeremias 23: 24 ).

Onisciência:

Atributo pelo qual Deus, única, conhece-se a Si próprio e a todas as coisas possíveis e reais. Seu

conhecimento não é progressivo ou fragmentado e Nem precisa de observar ou de raciocinar

para adquirir conhecimento ( Jó 37: 16;

Isaías .40:28 ).

Presciência :Significa conhecimento prévio do futuro. Não é dedução ou previsão ( Mateus 6:8).

Onividência:Significa que tudo está ao alcance de Sua visão, isto é, das coisas que existiram no

passado, que existem no presente e existirão no futuro.

Onipotência:

É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer qualquer coisa que Ele

queira, não significa o exercício para fazer aquilo que é incoerente com a natureza ( Romanos 7:

15 ). Entretanto há muitas coisas que Deus não pode realizar. Ele não pode mentir, pecar, mudar

ou negar-se a Si mesmo ( Números 23: 19; Hebreus 6: 18; Tiago 1: 13; ).

Outros Atributos

- Perfeito Salmo 18:30

- Infinito I Reis 8:27

- Soberano Neemias 9:6

- Incompreensível Jó 37:5

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Demais atributos e estudo dos Nomes de Deus estaremos analisando na Matéria Teologia

Sistemática de Deus.

A DOUTRINA DO HOMEM E DO PECADO

Têm surgido as mais variadas teorias acerca da origem do homem. De um modo geral, elas não

conseguem anular a ligação do ser humano com a Terra. Entretanto, a única fonte realmente

autorizada, acerca da origem da humanidade, é a Bíblia

Sagrada. Os dois primeiros capítulos de Gênesis nos oferecem, de modo plausível e coerente, a

verdadeira história das origens, inclusive a do homem.

A CRIACAO DO HOMEM

Gênesis 1: 26-27 A Bíblia nos informa sobre a criação do

homem; uma forma simples que podemos perder a

grandeza desse ato.

Gênesis 2: 7. A Bíblia detalha o que se passou em

Gênesis l: 26. A Bíblia utiliza muito essa forma acerca

dos grandes acontecimentos, ou seja, informa primeiro de

forma geral e depois descreve em amis detalhes, esse

mesmo fato.

Imagem meramente ilustrativa.

Espírito - Alma - Corpo

O homem é diferente e superior a todas as criaturas que Deus criou, Podemos afirmar isso,

porque de nenhuma outra criatura a Bíblia informa que foi criada à imagem e semelhança de

Deus. A Bíblia nos mostra que os anjos forma criados espíritos; foram feitos espíritos por criação,

por composição. Deus fez os anjos espíritos. Hebreus 1: e 14; Salmo 104:4

Corpo

"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra": a que parte se refere? o corpo. Deus pegou

do pó da terra e formou um corpo: mas esse corpo não era um homem, era um boneco de terra.

Espírito

Mas o versículo continua: "e soprou-lhe nas narinas o fôlego de vida". Se Deus não tivesse

soprado, aquele boneco de terra estaria lá até hoje. Deus pegou aquele boneco e soprou algo de

dentro Dele. Quando Deus soprou, aquele boneco recebeu vida, uma vida que saiu de dentro de

Deus.

A palavra fôlego no hebraico, é a mesma palavra usada para espírito.

Alma

Vemos no final de Gênesis 2: 7; "e o homem se tomou alma vivente" Quando o

Espírito de Deus tocou aquele boneco de terra, foi manifesta a vida no homem. O que manifesta a

vida no homem, é a nossa alma, a nossa personalidade. Deus soprou nas narinas o Espírito que

iria trazer vida na alma e no corpo. A vida no espírito vem direto de Deus.

Com o espírito conheço a Deus, com a minha alma conheço meu intelecto, as emoções, as

vontades, e com o corpo conheço o mundo físico, material. Estudaremos em mais detalhes

durante a matéria Teologia Sistemática do homem.

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AS FACULDADES DISTINTAS DO HOMEM

As Faculdades do Corpo: São Cinco as faculdades, as quais se manifestam através do corpo:

visão, audição, olfato, paladar e tato. Ainda que sejam distintas umas das outras, elas não

atuam independentes do comando da alma. São denominadas de instintos naturais ou sentidos

corporais, os quais recebem impressões do mundo exterior, transmitidas ao cérebro, através do

sistema nervoso.

E dai que partem as ordens para todas as partes do corpo. Os sentidos físicos obedecem às leis

naturais que estão impressas no ser humano. São elas que regem as atividades do corpo.

As Faculdades da Alma: São três as faculdades principais ou qualidades da alma, pelas quais

ela se manifesta: intelecto, sentimento e vontade.

O INTELECTO é a parte da alma que pensa, raciocina, decide, julga e conhece.

O SENTIMENTO faz o homem um ser emotivo. Ele não é uma máquina insensível, pois pode

sentir todas as grandes emoções, como alegria, gozo, paz, prazer, tristeza, descontentamento,

pesar e dor.

A VONTADE se expressa como resultante das influências do intelecto e dos sentimentos. Ela

não age sozinha. Não há vontade livre ou independente. Ela obedece às forças emotivas e

intelectuais da alma.

As Faculdades do Espírito Habitando no Homem: Duas faculdades principais se destacam

com abrangência sobre outras qualidades im portantes, as quais são: Fé e Consciência. Elas

identificam o ser religioso do h omem. Podemos chamar de natureza espiritual, da qual o ser

humano é dotado especialmente para uma perfeita comunhão com Deus.

TENTAÇÃOE QUEDA DO HOMEM

A Terminologia do Pecado

As palavras empregadas no V.T. para descreverem o pecado são tão notáveis como o registro

de sua historia.

1. (Chata) Pecar, errar o alvo.

2. (Pasha) Transgredir. Significa primariamente ir além, rebelar-se, transgredir.

3. (Rasha) Ser ímpio basicamente significa ser solto ou mal ligado; ser ruidoso ou maldoso.

4. (Ra ‗a‘)Ser mau. Com o significado de quebrar, danificar por ‗meios violentos, A palavra veio

a significar aquilo que causa dano, dor ou tristeza e dai, o mal moral.

5. (Avah‘) Ser perverso. O termo significa entortar ou torcer, daí perverter ou ser perverso.

Perverter a lei de Deus ou andar pelo tortuoso em oposição ao, caminho reto de Deus, Gen.

Outros termos

Ramah = Enganar

Ma´al = Transgredir

Pathah = Seduzir

Kasal e nabhel = Ser insensato

Tame ‗eba‘ash= Ser impuro

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A PROPENSÃO PARA O PECADO

Propenso, mas não destinado. Como ser racional, o homem, em seu primeiro estado de inocência

desconhecia o pecado. A possibilidade para o pecado surgiu com a tentação. De fato, ele não

havia ainda desenvolvido o seu caráter moral. Esta propensão para a transgressão não significa

que o homem, inevitavelmente, estivesse destinado a pecar. Esta tendência baseava-se

unicamente em seu Livre-arbítrio. Ele poderia, conscientemente, manter-se fiel aos limites do

conhecimento que o Criador lhe deu, ou, então, rebelar-se contra esta lei, e partir para o outro

lado.

A QUEDA DO HOMEM, ATRAVÉS DO PECADO

A queda de Adão e Eva é apresentada, literalmente, na Bíblia, de modo explícito. Não foi um

relato teórico ou figurativo, mas histórico. Por isso, entendemos que o pecado de nossos

primeiros pais foi um ato involuntário de sua própria vontade e determinação. E claro que a

tentação veio de fora, da parte de Satanás, que os instigou a desobedecer à ordem de Deus.

Concluímos, pois, que a essência do primeiro pecado está na desobediência do homem à vontade

divina e na realização de sua própria vontade. O seu pecado foi uma transgressão deliberada ao

limite que Deus lhe havia colocado.

AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA

O Pecado afetou a vida física e psíquica do homem. Paulo escreveu aos Romanos: "Por um

homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte" (Rm 5.12). A morte física se tornou,

então, a conseqüência natural da desobediência de Adão, e a espiritual se constituiu na eterna

separação de Deus. O Criador foi enfático no Jardim: "Porque no dia em que dela comeres,

certamente morrerás"(Gn 2.17).

O pecado afetou a vida espiritual do homem. "O saláriodo pecado é a morte" (Rm 6.23). Adão

não morreu no mesmo dia em que pecou, mas perdeu, a possibilidade de viver e também perdeu

a imagem de Deus em sua vida. Isto implicou, no rompimento da comunhão com o Criador, e

causou-lhe a "morte espiritual", no momento exato que pecou.

A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

OS 2 PASSOS PARA A SALVAÇÃO

Mat. 4: 17 Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei - vos, porque é

chegado o reino dos céus.

Mat. 18: 3 E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como

crianças de modo algum entrareis no reino dos céus.

Cristo chegara ao mundo, vindo do seio do Pai. Podia descrever as glórias do céu para comover

os homens. Mas a sua mensagem era a mesma: Arrependimento e Conversão.

Arrependimento O verdadeiro arrependimento envolve a pessoa toda, todo o seu ser, toda a sua

personalidade. Arrependimento não é apenas mudança de pensamento.

João 3:3 ...Em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Nascer do novo significa "um novo ser uma nova pessoa ou seja uma nova personalidade".

Estudaremos o arrependimento em cada um dos poderes da personalidade: Intelecto,

Sensibilidade, Volição.

Conversão Conversão é uma palavra usada para exprimir o ato do pecador, abandonando o

pecado, para seguir a Jesus.

Page 11: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

A conversão pode e deve repetir-se todas as vezes em que o homem pecar e afastar- se de Deus,

porque ela consiste no ato de abandonar o pecado e aproximar-se de Deus.

Emprega-se, geralmente, a palavra conversão para significar aquela primeira

experiência do homem, abandonando o pecado paras seguir a Cristo.

OS 3 ELEMENTOS BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO.

Rom. 3: 24 - 25 E são justificados gratuitamente pela sua Graça , pela redenção que háem

Cristo Jesus. Deus o propôs para propiciação pela Fé no seu Sangue, para demonstrar a sua

justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos sob a tolerância de Deus.

Os elementos básicos estabelecidos para salvação conf. escrito pelo Apóstolo Paulo aos

Romanos são:

1 . A Graça Tito 2: 11 Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos

os homens.

Graça significa, primeiramente, favor, ou a disposição bondosa da parte de Deus. ( Favor

não merecido )

A graça de Deus aos pecadores revela-se no fato de que ele mesmo pela expiação de Cristo

pagou toda a pena do pecado. Por conseguinte, ele pode justamente perdoar o pecado sem levar

em conta os merecimentos ou não merecimentos.

A graça manifesta-se independente das obras dos homens. A graça

é conhecida como Fonte da Salvação.

1 . O Sangue I Jo. 1: 7 O sangue de Jesus Cristo , seu Filho, nos

purifica de todo

pecado.

Em virtude do sacrifício de Cristo no calvário, o crente é separado para Deus, seus pecados

perdoados e sua alma purificada. Sangue é conhecido como a Base da Salvação .

3. A Fé Ef. 2: 8 - 9 Pois é pela graça que sois salvos, por meio da

Fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.

Pela fé reconhece o homem a necessidade de salvação, e pela mesma fé é ele levado a crer em

Cristo Jesus.

Heb. 11: 6 Ora, sem Fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se

aproxima de Deus creia que ele existe, e que égalardoador dos que o buscam.

A Fé conduz-nos ao Salvador, a Fé coloca a verdade na mente e Cristo no coração. A Fé é a

ponte que dá passagem ao mundo espiritual, por isso concluímos que a Fé é o Meio para a

Salvação .

A NATUREZA DA SALVAÇÃO

Vejamos os 3 aspectos da Salvação

____________________

1. Justificação Justificar é um termo judicial que significa absolver, declarar justo. O réu, ao invés de

receber sentença condenatória, ele recebe a sentença de absolvição. Esta absolvição é dom gratuito de

Deus, colocado a nossa disposição pela fé.

Essa doutrina assim se define: "Justificação" é um ato da livre graça de Deus pelo qual ele perdoa

todos os nossos pecados e nos aceita como justos aos seus olhos somente por nos ser imputada a

justiça de Cristo, que se recebe pela Fé.

Page 12: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

Justificação é mais que perdão dos pecados, é a remoção da condenação.

Deus apaga os pecados, e, em seguida, nos trata como se nunca tivéssemos cometido um só

pecado.

Portanto Justificação é o Ato de Deus tornar justo o pecador

2 . Regeneração Regenerar significa: Restaurar o que esta destruído.

Quando se trata do ser humano, Regeneração é uma mudança radical, operada pelo Espírito

Santo na alma do homem.

Esta Regeneração, atinge, portanto todas as faculdades do homem ou seja: Intelecto, Volição e a

Sensibilidade.

O homem regenerado não faz tanta questão de satisfazer à sua própria vontade como de satisfazer à

de Deus. Na Regeneração, ele passa a pensar de modo diferente, sentir de modo diferente e querer de

modo diferente: tudo se transforma.

II Cor. 5: 17 Portanto, se alguémestáem Cristo, Nova Criatura é;as coisas velhas já passaram, tudo

se fez novo.

3. Santificação Santificar é tornar sagrado, separar, consagrar, fazer santo.

A Palavra santo tem muitos significados:

Separação Representa o que está separado de tudo quanto seja terreno e humano.

Dedicação Representa o que está dedicado a Deus, no sentido ser sua bpropriedade.

Purificação Algo que separado e dedicado tem de ser purificado, para melhor ser apresentado.

Consagração

No sentido de viver uma vida santa e justa.

Diante do exposto, podemos estabelecer o seguinte:

Santificação é um processo O crente precisa esforçar-se para progredir em santificação.

II Cor.7: 1 Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a impureza tanto

da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santificação no temor de Deus.

Os meios divinos de santificação

O Sangue de Cristo I Jo.1: 7 O sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo o pecado.

O Espírito Santo Fil. 1: 6 Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou boa obra a

aperfeiçoaráaté o dia de Jesus Cristo.

A Palavra de Deus Jo. 17: 17 Santifica-os na verdade a tua palavra é a verdade.

Introdução à Teologia do Antigo Testamento

1. Conceito e Definição

O conceito de Teologia do Antigo Testamento está enlaçado ao conceito de ―teologia‖. Por definição,

se entendermos ―teologia‖ como sendo ―o estudo de Deus e de sua revelação ao homem‖,

conseqüentemente a Teologia do Antigo Testamento será ―o estudo de Deus e de sua revelação ao

homem no Antigo Testamento”. Ao considerarmos que ―do‖ refere-se à ―pertencendo a‖, o

substantivo ―teologia‖ estaria subordinado ao Antigo Testamento,

Page 13: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

levando-nos a considerar uma ―teologia que pertence singularmente ao Antigo Testamento‖.

Entretanto, o título ―Antigo Testamento‖, possuiu uma identidade especial, pois se reconhece o

―Antigo Testamento‖ como uma unidade na Escritura Sagrada na qual os cristãos combinam e

contrastam com o Novo Testamento. Portanto, Teologia do Antigo Testamento ―é o estudo de Deus e

de sua revelação ao povo eleito segundo os escritos desse mesmo povo e que, por conseguinte, se

difere da revelação de Deus por meio de Cristo”.

É sabido, porém, que o Antigo Testamento é um conjunto de 39 livros no cânon cristão, escritos em

épocas distintas por diferentes hagiógrafos. Quanto à literatura, o Antigo Testamento possui

diversificadas características literárias que vão desde a prosa até ao gênero apocalíptico.

Conseqüentemente, uma Teologia do Antigo Testamento deve contemplar todas essas extensões quer

sejam temporais, culturais ou literárias.

Não somos escusados de frisar de que a Teologia do Antigo Testamento se insere dentro da divisão da

Teologia conhecida como Teologia Bíblica. Esta por sua vez, se ocupa também da Teologia do Novo

Testamento. O propósito da Teologia Bíblica, segundo Ladd ―é de expor a teologia encontrada na

Bíblia em seu próprio contexto histórico, com seus principais termos, categorias e formas de

pensamentos‖. Isto posto, uma teologia bíblica do Antigo Testamento deve considerar os graus de

desenvolvimento da revelação divina no Antigo Testamento e ser mais descritiva do que prescritiva,

isto é, descrever o conteúdo teológico do Antigo Testamento e, não diretamente ocupar-se de sua

aplicação, atualização ou acomodação bíblica.

O encadeamento lógico dessas proposições leva-nos a seguinte definição: ―Teologia do Antigo

Testamento é a disciplina da Teologia Bíblica que estuda a pessoa, atributos, revelação de Deus, e sua

aliança com o povo eleito considerando a progressividade da revelação, os escritos e estilos literários

do cânon judaico do Antigo Testamento‖.

Embora redundante, urge ressaltar que a Teologia do Antigo Testamento difere-se do estudo

denominado de Introdução ao Antigo Testamento. Enquanto o primeiro se ocupa da teologia bíblica

nos livros veterotestamentário, o segundo trata dos aspectos pertinentes ao cânon, texto, data, autoria,

composição, estrutura e comentário descritivo de cada livro sem deter-se em sua teologia específica.

As duas disciplinas formam uma díade e são igualmente necessárias para a compreensão das

Escrituras.

2. Definição e Conceito Segundo Alguns Teólogos

O Dr. Asa Routh Crabtree define a Teologia do Antigo Testamento como: A Teologia do Velho

Testamento é o estudo dos atributos de Deus e o propósito das suas atividades na história e na vida do

povo de Israel, de acordo com a doutrina da revelação divina nos livros sagrados deste povo.

R. K. Harrison, professor de Antigo Testamento do Wycliffe College, define a disciplina nos

seguintes termos: A Teologia do Antigo Testamento esforça-se para expor, do modo mais ordenado

possível, as grandes declarações da verdade divina que ocorrem nesses escritos. Tais afirmações

podem incluir revelação direta ou proposicional da parte de Deus a respeito da Sua natureza e Seus

propósitos, proclamações feitas por profetas e outros de temas ou aspectos específicos da Torá e do

seu significado para os receptores.

Segundo Paul Francis Porta, a Teologia Bíblica do Antigo Testamento enfatiza a importância

teológica de diversos livros ao revelarem-se no desenrolar gradual da mensagem redentora. Outros

autores que tratam da Teologia do Antigo Testamento preferem definir Teologia Bíblica em vez de

considerar especificamente o título, pois existem muitas controvérsias a respeito do tema. Ralph L.

Smith afirma que a literatura básica da disciplina nos últimos 50 anos tem demonstrado pouca

concordância quanto à natureza, tarefa e metodologia dessa disciplina. De acordo com John

McKenzie, na obra ―A Teologia do Antigo Testamento‖ a Teologia bíblica é a única disciplina ou

subdisciplina no campo da teologia que carece de princípio, métodos e estrutura que recebam

aceitação geral. Nem mesmo existe uma definição geral de seu escopo.

Page 14: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

Concernente a definição, escopo e metodologia, o teólogo Gerhard von Rad, afirma que a Teologia do

Antigo Testamento ainda é uma ciência jovem, uma das mais jovens dentre as ciências bíblicas. (...)

Predomina a característica de não ter ainda havido um acordo perfeito quanto ao domínio que lhe é

próprio.

Essa falta de consenso entre os teólogos a respeito do assunto têm suscitado calorosas disputas. Um

exemplo vislumbra-se no ―Prefácio da Quarta Edição‖ de von Rad onde ele justifica o seu método

diacrônico e responde ao teólogo W. Eichrodt e

F. Baumgärtel as críticas ao seu método. Conseqüentemente, a delimitação e definição do tema

conduzem a outra controvérsia não menos importante: o método empregado para se chegar a uma

Teologia do Antigo Testamento.

3. Excurso sobre os Métodos de Teologia do Antigo Testamento

De acordo com o teólogo K.H. Harrison uma teologia do Antigo Testamento para ser formulada com

sucesso precisa considerar:

O significado que as palavras e os escritos tinham para aqueles que os receberam originalmente;

Deve estar firmemente baseada numa tradição tão fiel ao texto original quanto possível, considerando

os problemas de transmissão textual e o fato de algumas palavras hebraicas ainda terem significados

desconhecidos;

Manter o devido equilíbrio entre um método de investigação histórico e objetivo e o conceito de uma

revelação autorizada e definitiva de Deus em forma escrita;

Por fim, o pensamento dos escritores do Antigo Testamento não deve restringir-se aos interesses que

dizem respeito à religião ou à vida dos hebreus antigos. Deve considerar parte da revelação contínua

de Deus que chega ao seu ponto culminante na proclamação neotestamentária da Sua graça redentora

em Cristo.

Segundo o teólogo Kaiser Jr. a teologia do Antigo Testamento é a disciplina mais exigente dos

estudos vétero-testamentários, e que o escopo dessa disciplina tem desencorajado a maioria dos

estudiosos, até mesmo aqueles que estão no fim das suas carreiras acadêmicas.

O MÉTODO SEGUNDO KAISER

Uma das primeiras preocupações de Walter Kaiser é discutir se de fato existe a possibilidade de uma

teologia do Antigo Testamento. Para analisar esta questão, o autor faz uma apresentação das posições

adotadas por grandes teólogos do AT neste século, como Walter Eichrodt, Theology of the Old

Testament (Londres: SCM, 1961) e Gerhard von Rad, Teologia do Antigo Testamento, 2 vols. (SP:

ASTE, 1986). Eichrodt fez um ataque violento contra o historicismo. Alegava que a coerência

interior do AT e do NT tinha sido reduzida a um tênue fio de conexão histórica e seqüencial, causal,

entre os dois testamentos, que resultava de uma causalidade externa.

Já von Rad não somente negava qualquer fundamento histórico genuíno para a confissão de fé de

Israel, como também tinha mudado o objeto do estudo teológico de uma focalização sobre a palavra

de Deus e sua obra para os conceitos religiosos do povo de Deus. O objeto e enfoque da teologia do

Antigo Testamento tinham sido mudados da história como evento e da palavra como revelação para

uma abordagem tipo história da religião.

Assim, Kaiser vai mostrar que a natureza da teologia do AT não é somente uma teologia que está em

conformidade com a Bíblia inteira, mas é aquela que se descreve e se contém na Bíblia. Essa teologia

expressa uma vinculação real com os períodos históricos que compreendem a história de Israel, onde

cada contexto antecedente e mais antigo se torna a base para a teologia que vem a seguir.

Page 15: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

Dessa maneira, para Kaiser, na teologia do Antigo Testamento a estrutura está colocada

historicamente e seu conteúdo se encontra exegeticamente controlado. Como conseqüência, a teologia

do AT em Kaiser tem um centro e conceitualização unificadas e traduzidas nas descrições,

explanações e conexões do texto sagrado.

Ao procurar identificar as teologias do AT, Kaiser vai trabalhar com quatro variáveis:

1. A teologia estrutural, que descreve o esboço básico do pensamento e da crença do AT em

unidades tiradas por empréstimo da teologia sistemática, da sociologia, ou de princípios selecionados,

e depois arma seus relacionamentos com conceitos secundários. Eichrodt e Th. C. Vriezen, An

Outline of Old Testament Theology (Newton, Mass.: Charles T. Branford Co. 1970) pode sem

enquadrados na teologia

estrutural. Para Kaiser, essa teologia não tem autonomia, existindo apenas como função heurística da

teologia sistemática.

2. A teologia diacrônica que expõe a crença dos sucessivos períodos e das estratificações da

história de Israel, colocando a ênfase sobre as tradições sucessivas da fé e da experiência da

comunidade religiosa. Von Rad é seu grande expoente. Para Kaiser, não estamos diante de uma

teologia do AT, mas diante de uma história da religião de Israel.

3. A teologia lexicográfica, que limita sua investigação a um grupo ou a grupos de

personalidades bíblicas, analisando seu vocabulário teológico especial, como por exemplo, os sábios,

o eloísta, o vocabulário sacerdotal, etc. Gerhard Kittel, editor, G.

W. Bromiley, trad., Theological Dictionary of the New Testament, 10 vols. (Grand Rapids: Eerdmans,

1964-74); Peter F. Ellis, The Yahwist: the Bible's First Theologian (Notre Dame: Fides Publishers,

1968).

4. E por fim a teologia de temas bíblicos, que leva sua busca além do vocabulário de

personagens, para abranger uma constelação de palavras que gira ao redor de um tema chave. Aqui se

coloca o próprio Kaiser.

O enquadramento da teologia do AT

Outra questão colocada por Kaiser é a que se refere ao enquadramento da teologia do AT. Deve-se

incluir material alheio ao cânone, como apócrifos, textos da biblioteca de Qumran ou comentários do

Talmude? Para Kaiser a utilização de material alheio ao texto debilitaria o propósito de discutir a

feição integral da teologia dentro de uma corrente da revelação. Toma como exemplo a pregação de

Jesus que, considera Kaiser, trabalhou apenas com os textos enquadrados no cânone judaico.

Assim, para Kaiser, a teologia deve ser bíblica e não precisa repetir cada detalhe do cânone para ser

autêntica e exata. O método deve sintetizar os detalhes que parecem discrepantes, a fim de termos,

então, uma única teologia bíblica embalada sob a etiqueta de dois testamentos.

O que move a teologia do AT?

O texto pede para ser entendido e colocado num contexto de eventos e significados. Os estudos

históricos colocam o exegeta em contato com os fluxos de eventos no tempo e no espaço. As análises

gramaticais e sintáticas identificam a coleção de idéias no período histórico sob investigação. Assim,

as raízes históricas da mensagem em seu desenvolvimento e o julgamento das avaliações normativas

do texto traduzem o propósito e o papel da teologia bíblica.

A motivação maior é entender o texto enquanto texto colocado num contexto de significados. É assim,

considera Kaiser, que a teologia bíblica sua grande contribuição, especial e peculiar.

E o centro canônico, existe ou não?

Page 16: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

Kaiser levanta algumas perguntas: existe uma chave para uma organização metódica e progressiva de

assuntos, temas e ensinos do Antigo Testamento? Os escritores do AT tinham consciência dessa

organização quando acrescentavam algo a essa corrente histórica da revelação?

E conclui que as respostas a seus questionamentos definirão o destino e a direção da teologia do AT.

Caso seja impossível responder positivamente as duas perguntas, então, somos obrigados a falar de

diferentes teologias do AT, no sentido de variedade ou de linhas de continuidade que acontecem

dentro de tendências de diversidade. Mas para Kaiser isso não acontece: os escritores bíblicos

reivindicam a posse da intencionalidade divina na sua seletividade e interpretação daquilo que foi

registrado e nós não podemos negar essa realidade.

Por isso Kaiser defende a realidade do centro canônico. Considera, porém, que a maioria dos teólogos

erra ao definir um centro apriorístico, externo, e tentar enquadrar o conteúdo do AT nele. A

metodologia deve partir de uma exegese cuidadosa, evitando todo e qualquer encaixe precipitado.

Até a década de 70, a maioria dos teólogos considerava que a história era o veículo da revelação

divina no AT. Aquilo que se conhecia de Deus era conhecido através da história. Outros, no entanto,

argumentavam que a revelação verbal tinha tanto direito quanto a história de ocupar o centro do palco

teológico. A fé de Israel, assim como a teologia bíblica, tinha de Ter como seu objeto não os atos de

Deus na história, mas aquilo que o povo confessava, não importa a veracidade primeira dos

acontecimentos. A essa afirmação, um teólogo católico, Roland de Vaux, História antiga de Israel, 2

vols. (Madri, Cristiandad, 1975) - id., Instituciones del Antiguo Testamento (Barcelona, Herder, 1976)

argumenta: "A interpretação da história dada é verdadeira e tem origem em Deus ou não é digna da fé

de Israel e da nossa".

O mais importante, para Kaiser, é a conexão entre a reivindicação divina - o ter anunciado muito antes

de ter acontecido o curso dos eventos - e o fato de que isso estava de acordo com seu plano e

propósito. E os escritores bíblicos tinham a palavra divina e o juramento divino de promessa.

Esse é o centro canônico que Kaiser vai devolver em sua obra, depois de uma ampla e bem defendida

exposição metodológica. Trabalhando a partir dessa metodologia, Kaiser constrói sua teologia bíblica,

organizando o cânone a partir das promessas de Deus ou daquelas passagens onde considera que Deus

acrescentou seu compromisso ou juramento.

A DIVISÃO EM PERÍODOS DA HISTÓRIA CANÔNICA DA SALVAÇÃO ATRAVÉS DA

TEOLOGIA DA ALIANÇA

Gerhard Von Had expõe que as diversas fontes têm diversas maneiras de interpretar a aliança (p.138-

139), no entanto, todas concordam que a aliança está intimamente ligada à lei, isto é, o homem faz

parte dela no cumprimento e na obediência da lei (esta lei não é necessariamente a lei do Sinai, e sim

uma lei dada por Deus em suas alianças com o homem [Noé, Abraão], e visava à obediência deste).

Neste capítulo, Von Had trata da divisão da história em períodos de salvação, ou aliança no exateuco.

Os pontos positivos são as explicações do autor quanto à forma e a maneira que na Antigüidade uma

aliança era feita.

Os pontos negativos consistem na linguagem um tanto difícil do autor que não clareia suas idéias.

I. A HISTÓRIA DAS ORIGENS

Por causa dos relatos da criação não serem de documentos antigos, pode-se ―dizer que, antes dos

séculos VII e VI, Javé nunca foi venerado como Criador‖. Parece que o Israel antigo não continha

nada a respeito dessa teologia até que ela encontrou um paralelo com a história da salvação. Para que

a história da salvação pudesse existir, a história da criação não poderia basear-se em mitos cananeus, e

sim em uma realidade histórica. Baseados em sua própria história, definiram a noção da criação, pois

―Javé criou o mundo e criou também Israel‖. O alcance da concepção da criação com isso teve grande

êxito. A criação é tida como ação histórica de Javé e é inserida no tempo e no espaço.

Page 17: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

Os hinos prestam grande auxílio teológico pois são declarações do A.T. sobre a criação do mundo e

do homem. Entretanto, sobre a Criação detalhada, existem apenas duas fontes que fazem declarações

específicas e de caráter histórico sobre a Criação: código sacerdotal (Gn 1.1-2) e narrativa javista (Gn

2.4b-25). Em muitos aspectos essas narrativas são diferentes, entretanto, ambas afirmam o homem

(homem-mulher) como o ponto máximo da criação. As diferenças consistem no fato de que P se

preocupa com o mundo e com o homem no mundo enquanto que J se preocupa mais com o homem,

seu anseio e seu relacionamento.

Não há no AT uma profunda reflexão teológica sobre o pecado. Existem sempre os chamados pecados

ocasionais. Entretanto, Von Had analisa as velhas narrativas do pecado sob os ângulos teológicos,

antropológicos e o que parte da história da cultura.

A história das nações parte da era pós-dilúvio, com os descendentes dos 3 filhos de Noé. Se por um

lado esse fator contribuía para união dos povos, o evento ―Babel‖ traz uma imagem totalmente

negativa de separação. Depois de Babel, o abismo entre Deus e os homens aumenta ainda mais com a

dispersão e a confusão de línguas. Podemos ver que depois da queda do homem no jardim, segue-se

uma evolução de pecados e juízos, no entanto o homem sempre é preservado, denotando assim a graça

de Deus.

Pontos positivos: A forma como Israel lê a criação resulta numa união com o ato de salvação. A

questão das origens também se torna relevante, visto que para o Israel, a criação se tornou história.

Pontos negativos: As diversas fontes por vezes confundem-se com a linguagem do autor. Também a

questão do pecado ficou um tanto sem base. II. A HISTÓRIA PATRIARCAL

―O Deus que atua em todas as circunstâncias da história patriarcal é Javé‖. No entanto, o nome de

Javé ainda era desconhecido nesta época. Javé se fez conhecido pelo nome a partir de Moisés. Depois

disso Israel se apropria dos fatos passados e reconhece neles a mão de seu Deus Javé. Também se

apropria das promessas, conforme J e E, que contém um duplo conteúdo: a garantia da posse da terra

prometida e a promessa de uma posteridade inumerável. A primeira promessa era esperada a curto

prazo; no Sinai foi garantido a posse definitiva da terra de Canaã, que era bênção exclusiva do povo

de Israel, pois por detrás da história e das promessas aos patriarcas, Javé foi trazendo vida ao povo. A

fé dos patriarcas demonstrada nas narrativas tinha um significado interessante para o povo. Fé era

―firmar-se em Javé‖. Com isso Deus se revelava ao seu povo, não escatológico, mas contemporâneo.

Pontos positivos: O povo era guiado por uma fé simples, baseada nas promessas feitas aos patriarcas.

Essa questão da fé era muito interessante, principalmente seu significado.

III. A SAÍDA DO EGITO

O fato de Javé conduzir seu povo para fora do Egito se torna uma verdadeira confissão de fé para a

história desse povo. Israel viu nessa saída a garantia para seu futuro como povo. Nos períodos de

tribulação reportava-se a esses acontecimentos para amenizarem as dificuldades na sua crença. A

libertação do Egito e os milagres que se seguiram são uma verdadeira amostra da glória de Javé. Essa

confissão desses fatos ―adquiriu uma dimensão toda especial ao fundir-se com o mito da criação‖.

Entretanto, o povo ainda não tinha uma noção mais apurada de ―eleição‖. Isto só acontece no

Deuteronômio.

Como já mencionamos, Javé só se deu a conhecer na época de Moisés. Neste contexto, claramente se

vê que Javé tem uma comunicação a fazer, não a respeito de si mesmo, mas de seu propósito para com

Israel. A revelação do nome Javé também traz junto um pouco de sua personalidade (Deus

compassivo, clemente, longânime, misericordioso, fiel, ―Êx 34.6‖ e ainda: Zeloso ―Êx 34.14‖).

―Portanto, houve uma época em que o nome de Javé podia ser interpretado num sentido ou noutro‖.

Antigamente também o nome tinha uma íntima ligação com o seu portador. Era crença determinante a

relação do portador com seu nome e seus deuses. Quanto ao nome Javé, este deveria ser respeitado e

santificado. Não poderia usar-se esse nome abusivamente. Somente em ritos cultuais fazia-se menção

dele. Isso implicava em reconhecer o caráter único e exclusivo do culto de. O nome de Javé não aceita

sincretismo religioso. Quando isso acontece, ele é profanado.

Page 18: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

Pontos positivos: A questão do nome de Javé é tratada esplendidamente por Von Had nesse. O fato do

ocultamento desse nome e da proibição de seu uso, o preservou de muitas interpretações errôneas.

IV. A REVELAÇÃO DE DEUS NO SINAI

Von Had trata das revelações de Deus dadas no monte Sinai. Para tanto, trabalha com os significados

dos mandamentos, rompendo com o decálogo. Essa tradição sinaítica do decálogo pode ser localizada

nas tradições de Cades. Por isso, o que Von Had defende é que o decálogo chegou até nos com uma

série de modificações que se adaptaram e aprimoraram-se visando a compreensão da vontade de Javé

por Israel.

Em alguns manuscritos mais antigos, o primeiro mandamento e a questão de imagens, não ocorria. ―A

antiga escola crítica considerava dispensável falar a seu respeito, pois estava persuadida de que o culto

de Javé, pelo menos nos tempos antigos, utilizava imagens‖. Von Had se prende bastante nesse

capítulo na pesquisa histórica.

Após esse capítulo, Von Had trata do Deuteronômio: que, para ele ―não é a interpretação da vontade

de Javé senão para uma época precisa e, do ponto de vista histórico, bastante tardia‖. A partir disso

segue tratando das suas exortações, bem como suas leis.

A doença no exateuco era vista como castigo divino pela desobediência. Isto levava o povo a crer que

somente em Deus estava a cura das doenças; Ele era o médico.

Pontos positivos: O decálogo para Von Had é um conjunto de leis que valoriza a vida. Quando

olhamos para o povo de Israel, parece que esta não era a interpretação correta, até que Jesus fez nessas

leis seus midraxes.

V. A TRAVESSIA DO DESERTO

Este relato é pertencente a várias tradições. O objetivo destas é demonstrar a presença atuante de Javé

no meio de seu povo, sendo por livramento ou provações. Este narrativa se divide em duas partes: o

êxodo do povo e o anjo de Javé.

VI. PONTOS DE VISTA SOBRE MOISÉS E SEU OFÍCIO

Também Von Had coloca os diversos pontos de vista o que as tradições Javista, Eloísta e o Código

sacerdotal tinham sobre Moisés e seu ofício.

Para os Javistas, Moisés está em segundo plano. É apenas um homem inspirado a serviço de Javé.

Para os Eloístas, isso já muda de figura. Moisés está envolvido em todos os fatos marcantes. Moisés é

instrumento vital para a libertação do povo.

Para o Código sacerdotal, Moisés é visto como aquele que pode falar com Deus. Ele é o único apto

para isso.

VII. A DÁDIVA DA TERRA DE CANAÃ

São relatos diferenciados que, entretanto, demonstram que Deus, apesar de tudo o que aconteceu ao

seu povo, não faltou com nenhuma de suas promessas.

Os Períodos Históricos da Teologia do Velho Testamento

Assim como os apóstolos do NT com suas epístolas, eram, de muitas maneiras, os intérpretes dos Atos

e dos Evangelhos, assim também a teologia do AT poderia semelhantemente começar com os profetas

por um motivo bem semelhante. No entanto, mesmo para o fenômeno da profecia bíblica, havia a

realidade sempre presente da história de Israel. Toda a atividade salvífica de Deus em tempos

anteriores tinha que ser reconhecida e confessada antes de alguém poder ver mais firme a revelação

adicional de Deus. Devemos, portanto, começar onde começou: na história — história verdadeira e

real.

Page 19: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

A Era Pré-patriarcal

Sem dúvida, Abraão ocupou um lugar de destaque no auge da revelação. O texto avança da extensão

desde a criação e descreve a tríplice tragédia do homem como resultado da queda, do Dilúvio e da

fundação de Babel para a universalidade da nova provisão da salvação da parte de Deus para todos os

homens, através da descendência de Abraão.

A palavra principal é "Benção" repetida da parte Deus — que existia apenas no estado embrionário.

No inicio, trata-se da "Bênção" da ordem criada. Depois, é a "Bênção" da família e da Nação, em

Adão e Noé. O auge veio na quíntupla "Bênção" para Abraão em Gênesis 12:1-3, que incluía bênçãos

materiais e espirituais.

A Era Patriarcal

Esta era foi tão significativa que Deus Se anunciava como "Deus dos patriarcas", ou "Deus de Abraão,

de Isaque e de Jacó". Além disto, os patriarcas eram considerados "profetas" (Gn 20:7; SI 105:15).

Aparentemente era porque pessoalmente recebiam a palavra de Deus. Freqüentemente, a palavra do

Senhor "veio" a eles de modo direto (Gn 12:1; 13:14; 21:12; 22:1) ou o Senhor "apareceu" a eles

numa visão (12:7;

15:1; 17:1; 18:1) ou na personagem do Anjo do Senhor (22:11,15).

Os períodos de vida de Abraão, Isaque e Jacó formam outro tempo distintivo no fluxo da história.

Estes três privilegiados da revelação viram, experimentaram e ouviram tanto, ou mais, durante o

conjunto de dois séculos representado pelas vidas combinadas deles, do que todos aqueles que

viveram durante os milênios anteriores! Como conseqüência, podemos, com toda a segurança,

delinear Gênesis 12-50 como nosso segundo período histórico no desdobrar da teologia do AT,

exatamente como foi feito por gerações posteriores que tinham o registro escrito das Escrituras.

A Era Mosaica

Israel foi então chamado "reino de sacerdotes e nação santa" (Êxodo 19:6). Deus, com todo o amor,

delineava os meios morais, cerimoniais e civis de se cumprir tão alta vocação. Viria no ato primário

do Êxodo, com a graciosa libertação de Israel do Egito, operada por Deus, a subseqüente obediência

de Israel, em fé, aos Dez mandamentos, a teologia do tabernáculo e dos sacrifícios, e semelhantes

detalhes do código da aliança (Êxodo 21-23) para o governo civil.

Toda a discussão quanto a ser um novo povo de Deus se derivava de Êxodo 1-40; Levítico 1-27; e

Números 1-36. Durante esta era inteira, o profeta de Deus foi Moisés

— um profeta sem igual entre os homens ( Números 1-36 ). De fato, Moisés foi o padrão para aquele

grande Profeta que estava para vir, o Messias. ( Deuteronômio 16:15-18 ) A Era Pré-Monárquica

Uma das partes da promessa de Deus que recebeu uma descrição detalhada foi a conquista da terra de

Canaã.

Esta história se estende ao longo do período dos juizes para incluir a teologia das narrativas da arca da

aliança em 1 Samuel 4-7 os tempos se tornaram tão distorcidos e tudo parecia estar em tantas

mudanças subseqüentes devido ao declínio moral do homem e à falta da revelação da parte de Deus.

De fato, a palavra de Deus se tornara "rara" naqueles dias em que Deus falou a Samuel (1 Samuel

3:1). Conseqüentemente, as linhas de demarcação não se escrevem tão nitidamente, embora os temas

centrais da teologia e os eventos-chave sejam bem registrados historicamente.

A história de Josué, Juízes e até Samuel e Reis, são momentos significantes na história da revelação

deste período, são usualmente reconhecidos pela maioria dos teólogos bíblicos de hoje.

O melhor que se pode dizer do período pré-monárquico é que era um tempo de transição. O

surgimento de exigência de um rei para reinar sobre uma nação que se cansou da sua experiência em

teocracia conforme era praticada por uma nação rebelde.

Page 20: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

Depois da Lei até Davi não há avanço teológico. Neste período, deus é revelado como Santo, como

Espírito Santo, como Eterno. A vida de Cristo é mais precisamente predita, nos sacrifícios, e ofertas e

no propiciatório.

A Era Monárquica

O pedido do povo no sentido de lhe ser dado um rei, quando Samuel era juiz (1 Sm 8-10). e até o

reinado de Saul nos preparam negativamente para o grandioso reinado de Davi (1 Sm 11 —2 Sm 24:1

Reis l-2.)

A história e a teologia se combinavam para enfatizar os temas de uma dinastia real continuada, e um

reino perpétuo com um domínio e alcance que se tornaria universal na sua extensão e influência.

Mesmo assim, cada um destes motivos mrégios foi cuidadosamente vinculado com idéias e palavras

de tempos anteriores: uma "descendência"" um "nome" que "habitava" num lugar de "descanso", uma

"bênção" para toda a humanidade, e um "rei" que agora reinava sobre um reino que duraria para

sempre.

Este período é caracterizado historicamente pela prática desenfreada do pecado e declínio de Israel.

Os quarenta anos de Salomão foram marcados pela edificação do templo e por outro derramamento de

revelação divina. A Sabedoria. Assim, a lei mosaica pressupunha a promessa patriarcal e edificava

sobre ela, assim também a sabedoria salomônica pressupunha a promessa abraâmico-davídica como a

lei mosaica. O conceito-chave era "o temor do Senhor" — uma idéia que já começou na era patriarcal

(Gn 22:12; 42:18; Já 1:1, 8-9; 2-2).

Agora que a "casa" de Davi e o templo de Salomão tinham sido estabelecidos, sendo assim, os

profetas poderiam agora focalizar sua atenção sobre o plano e reino de Deus no seu alcance mundial.

Infelizmente, porém, o pecado de Israel também exigiu boa parte da atenção dos profetas.

Com essas revelações o mundo deveria esperar até que chegasse a " Plenitude dos Tempos " , Gálatas

4:4; Pedro 1:10-12.

Divisões da teologia do Velho Testamento

As divisões naturais incluem as grandes doutrinas a serem discutidas: A Doutrina da Criação

A Doutrina de Deus

A Doutrina do Homem e do Pecado A Doutrina da Salvação.

A Doutrina da Criação

A Constatação de um princípio claramente definido, tanto nas referência cosmológicas quanto

bíblicas, podem desencadear novas e fascinantes descobertas que confirmem ainda mais, as sábias

palavras das Escrituras.

Podemos dizer que a " Ciência e a religião são como duas janelas na mesma casa, através de ambas

contemplamos as obras do Criador.

Teorias Referentes à Criação

Teoria da Grande Explosão ("BIG BANG"). A partir do estudo de Einstein. sobre a Teoria da

Relatividade, outros cientistas acreditam que o Universo era uma bola imensa de hidrogênio que se

expandiria indefinidamente e alcançaria distâncias quase infinitas. Eles imaginam que, em algum

tempo indecifrável. houve uma grande explosão desta imensa bola de hidrogênio. Daí, surgiram os

mundos, as galáxias. Na tentativa de definir as origens do Universo, procuram determinar a sua idade,

sugerindo a cifra de 12 bilhões de anos. De fato, esta teoria acredita na eternidade da matéria, mas a

Bíblia a refuta, quando declara que tudo em algum tempo começou a existir, "No princípio, criou

Deus os céus e a terra.

Page 21: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

A teoria do Panteísmo . O Panteísmo declara que Deus e a Natureza são a mesma coisa e estão

inseparavelmente ligados. A idéia básica desta teoria é que o Senhor não cria nada, mas tudo emana e

faz parte dEle. Entretanto, a revelação bíblica não aceita, de modo algum, este ensinamento, pois o

Criador não é parte do Universo, e, sim, este foi criado por Ele. (SI 6)

A Teoria Evolucionista. Criada por Charles Darwin, ensina que a matéria é eterna, preexistente. A

partir daí, mediante processos naturais e por transformação gradual, os seres passaram a existir.

Entretanto, a Bíblia declara que Deus criou todas as coisas, isto é, tudo teve um começo. As provas

diretas da criação, além da Ciência, estão expostas na Bíblia Gn 1.1.

Teoria da Criação, a partir do nada ( Catastrófica ). Esta é talvez, a mais difundida, ensinada e pregada

no meio evangélico. Declara que Deus criou tudo "do nada", mediante o poder de sua palavra. Utiliza-

se como base, para a afirmação desta idéia, o texto de Hebreus 11.3, o qual diz que "os mundos foram

criados pela palavra de Deus, de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente‘. Ora,

entendemos que aquilo qual não é aparente, não quer dizer "do nada", mas pode referir-se à coisas

imateriais.

A Doutrina de Deus

Atributos da Personalidade de Deus

1º Aspecto de sua personalidade INTELECTO

Isaías 11: 2 Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de INTELIGÊNCIA,

o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor.

- Escolhe Atos 20: 28 - Ensina João 14: 26

- Instrui Atos10:19–20 - Fala Apoc. 2: 7

2º Aspecto de sua personalidade VOLIÇÃO

I Cor. 12: 11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo

particularmente a cada um como quer.

- Testifica João 15: 26 - Envia Atos 13: 2, 4

- Impede Atos 16 ; 6-7 - Intercede Rom. 8: 26

- Revela II Pe. 1: 21

3º Aspecto de sua personalidade SENSIBILIDADE

Rom. 15: 30 Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combateis

comigo nas vossas orações por mim a Deus.

- Ama II Tim. 1: 7 - Entristece Ef. 4: 30

Os Atributos

Vida: Deus tem vida em si mesmo; Apocalipse 7:17 Porque o Cordeiro que está no meio do trono os

apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda

a lágrima.

Deus é vida ( Jo.5:26; 14:26 ) e o princípio de vida ( At.17:25,28 ).

Sábio: Capacidade de agir, julgar corretamente e prudentemente. Tiago 3:17 Mas a sabedoria que do

alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons

frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. ( Jó 9:14 ; João 11:8-9 )

Page 22: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o Seu atributo através do qual Ele produz os melhores

resultados possíveis com os melhores meios possíveis.

Outros Atributos

- Tem Propósito Efésios 3:11

- Tem Emoções Salmos 103:13

- É Livre Efésios 1:11

- É Ativo João 5:17

Atributos de Sua Grandeza

Auto-Existência: Deus existe por Si mesmo. Ele nunca teve início, portanto Deus é absolutamente

independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de Seu Ser. Deus é a razão

de sua própria existência ( João 5: 26; Salmo 36: 9 ).

Eterno: A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é Eterno (Salmos

90: 2; Deuteronômio 33: 27 ). A eternidade de Deus significa que Deus transcende a todas as

limitações de tempo ( II Pedro 3: 8 ) Ele é o Eterno EU SOU. Deus é elevado acima de todos os

limites temporais e de toda a sucessão de momentos, e tem a totalidade de sua existência num único

presente indivisível (Is.57:15).

Imutabilidade: É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus. A base de Sua

imutabilidade sua perfeição porque toda mudança tem que ser para melhor ou pior e sendo Deus

absolutamente perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais santo, mais justo, mais misericordioso, e

nem menos. ( Deuteronômio 32: 4; Tiago 1: 17 ). O próprio Deus jamais mudará de opinião, mas fará

conforme seu plano predeterminado (Isaías 46:9,10).

Onipresença: Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo ou tudo está em sua presença

O Panteísmo ensina que tudo é Deus

Os Materialistas ensina que Deus está distribuído em todo o espaço

Imensidão: A infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidade. Deus é imenso

(Isaías 66: 1; Jeremias 23: 24 ).

Onisciência: Atributo pelo qual Deus, única, conhece-se a Si próprio e a todas as coisas possíveis e

reais. Seu conhecimento não é progressivo ou fragmentado e Nem precisa de observar ou de

raciocinar para adquirir conhecimento ( Jó 37: 16; Isaías .40:28 ).

Presciência: Significa conhecimento prévio do futuro. Não é dedução ou previsão ( Mateus 6:8 ).

Onividência: Significa que tudo está ao alcance de Sua visão, isto é, das coisas que existiram no

passado, que existem no presente e existirão no futuro.

Onipotência: É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer qualquer coisa

que Ele queira, não significa o exercício para fazer aquilo que é incoerente com a natureza (Romanos

7: 15). Entretanto há muitas coisas que Deus não pode realizar. Ele não pode mentir, pecar, mudar ou

negar-se a Si mesmo (Números 23: 19; Hebreus 6: 18; Tiago 1: 13).

Outros Atributos

- Perfeito Salmo 18:30

- Infinito I Reis 8:27

- Soberano Neemias 9:6

- Incompreensível Jó 37:5

Page 23: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

A Doutrina do Homem e do Pecado

Têm surgido as mais variadas teorias acerca da origem do homem. De um modo geral, elas não

conseguem anular a ligação do ser humano com a Terra. Entretanto, a única fonte realmente

autorizada, acerca da origem da humanidade, é a Bíblia Sagrada. Os dois primeiros capítulos de

Gênesis nos oferecem, de modo plausível e coerente, a verdadeira história das origens, inclusive a do

homem.

A CRIACAO DO HOMEM

Gênesis 1: 26-27 A Bíblia nos informa sobre a criação do homem; uma forma simples que podemos

perder a grandeza desse ato.

Gênesis 2: 7. A Bíblia detalha o que se passou em Gênesis l: 26. A Bíblia utiliza muito essa forma

acerca dos grandes acontecimentos, ou seja, informa primeiro de forma geral e depois descreve

melhor, em mais detalhes, esse mesmo fato.

Espírito - Alma - Corpo

O homem é diferente e superior a todas as criaturas que Deus criou, Podemos afirmar isso, porque de

nenhuma outra criatura a Bíblia informa que foi criada à imagem e semelhança de Deus. A Bíblia nos

mostra que os anjos forma criados espíritos; foram feitos espíritos por criação, por composição. Deus

fez os anjos espíritos. Hebreus 1: e 14; Salmo 104:4

Corpo

"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra": a que parte se refere? o corpo. Deus pegou do pó

da terra e formou um corpo: mas esse corpo não era um homem, era um boneco de terra.

Espírito

Mas o versículo continua: "e soprou-lhe nas narinas o fôlego de vida". Se Deus não tivesse soprado,

aquele boneco de terra estaria lá até hoje. Deus pegou aquele boneco e soprou algo de dentro Dele.

Quando Deus soprou, aquele boneco recebeu vida, uma vida que saiu de dentro de Deus.

A palavra fôlego no hebraico, é a mesma palavra usada para espírito.

Alma

Vemos no final de Gênesis 2: 7; "e o homem se tomou alma vivente" Quando o Espírito de Deus

tocou aquele boneco de terra, foi manifesta a vida no homem. O que manifesta a vida no homem, é a

nossa alma, a nossa personalidade. Deus soprou nas narinas o Espírito que iria trazer vida na alma e

no corpo. A vida no espírito vem direta de Deus.

Com o espírito conheço a Deus, com a minha alma conheço meu intelecto, as emoções, as vontades, e

com o corpo conheço o mundo físico, material. Estudaremos em mais detalhes durante a matéria

Teologia Sistemática do homem.

AS FACULDADES DISTINTAS DO HOMEM

As Faculdades do Corpo: São Cinco as faculdades, as quais se manifestam através do corpo: visão,

audição, olfato, paladar e tato. Ainda que sejam distintas umas das outras, elas não atuam

independentes do comando da alma. São denominadas de instintos naturais ou sentidos corporais, os

quais recebem impressões do mundo exterior, transmitidas ao cérebro, através do sistema nervoso. E

dai que partem as ordens para todas as partes do corpo. Os sentidos físicos obedecem às leis naturais

que estão impressas no ser humano. São elas que regem as atividades do corpo.

Page 24: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

As Faculdades da Alma: São três as faculdades principais ou qualidades da alma, pelas quais ela se

manifesta: intelecto, sentimento e vontade.

O INTELECTO é à parte da alma que pensa, raciocina, decide, julga e conhece.

O SENTIMENTO faz o homem um ser emotivo. Ele não é uma máquina insensível, pois pode sentir

todas as grandes emoções, como alegria, gozo, paz, prazer, tristeza, descontentamento, pesar e dor.

A VONTADE se expressa como resultante das influências do intelecto e dos sentimentos. Ela não age

sozinha. Não há vontade livre ou independente. Ela obedece às forças emotivas e intelectuais da alma.

As Faculdades do Espírito: Duas faculdades principais se destacam com abrangência sobre outras

qualidades importantes, as quais são: Fé e Consciência. Elas identificam o ser religioso do homem.

Podemos chamar de natureza espiritual, da qual o ser humano é dotado especialmente para uma

perfeita comunhão com Deus.

TENTAÇÃO E QUEDA DO HOMEM

A Terminologia do Pecado

As palavras empregadas no V.T. para descreverem o pecado são tão notáveis como o registro de sua

historia.

1. (Chata) Pecar, errar o alvo.

2. (Pasha) Transgredir. Significa primariamente ir além, rebelar-se, transgredir.

3. (Rasha) Ser ímpio basicamente significa ser solto ou mal ligado; ser ruidoso ou maldoso.

4. (Ra ‗a‘) Ser mau. Com o significado de quebrar, danificar por ‗meios violentos, A palavra veio

a significar aquilo que causa dano, dor ou tristeza e dai, o mal moral.

5. (Avah‘) Ser perverso. O termo significa entortar ou torcer, daí perverter ou ser perverso.

Perverter a lei de Deus ou andar pelo tortuoso em oposição ao, caminho reto de Deus.

A PROPENSÃO PARA O PECADO

Propenso, mas não destinado. Como ser racional, o homem, em seu primeiro estado de inocência

desconhecia o pecado. A possibilidade para o pecado surgiu com a tentação. De fato, ele não havia

ainda desenvolvido o seu caráter moral. Esta propensão para a transgressão não significa que o

homem, inevitavelmente, estivesse destinado a pecar. Esta tendência baseava-se unicamente em seu

Livre- arbítrio. Ele poderia, conscientemente, manter-se fiel aos limites do conhecimento que o

Criador lhe deu, ou, então, rebelar-se contra esta lei, e partir para o outro lado.

A QUEDA DO HOMEM, ATRAVES DO PECADO

A queda de Adão e Eva é apresentada, literalmente, na Bíblia, de modo explícito. Não foi um relato

teórico ou figurativo, mas histórico. Por isso, entendemos que o pecado de nossos primeiros pais foi

um ato involuntário de sua própria vontade e determinação. E claro que a tentação veio de fora, da

parte de Satanás, que os instigou a desobedecer à ordem de Deus. Concluímos, pois, que a essência do

primeiro pecado está na desobediência do homem à vontade divina e na realização de sua própria

vontade. O seu pecado foi uma transgressão deliberada ao limite que Deus lhe havia colocado.

AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA

O Pecado afetou a vida física e psíquica do homem. Paulo escreveu aos Romanos: "Por um homem

entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte" (Rm 5.12). A morte física se tornou, então, a

conseqüência natural da desobediência de Adão, e a espiritual se constituiu na eterna separação de

Deus. O Criador foi enfático no Jardim: "Porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás"

(Gn 2.17).

Page 25: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

O pecado afetou a vida espiritual do homem. "O salário do pecado é a morte" (Rm 6.23). Adão não

morreu no mesmo dia em que pecou, mas perdeu, a possibilidade de viver e também perdeu a imagem

de Deus em sua vida. Isto implicou, no rompimento da comunhão com o Criador, e causou-lhe a

"morte espiritual", no momento exato que pecou.

A Doutrina da Salvação

OS 2 PASSOS PARA A SALVAÇÃO

Mat. 4: 17 Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei - vos, porque é chegado o reino

dos céus.

Mat. 18: 3 E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como

crianças de modo algum entrareis no reino dos céus.

Cristo chegara ao mundo, vindo do seio do Pai. Podia descrever as glórias do céu para comover os

homens. Mas a sua mensagem era a mesma: Arrependimento e Conversão.

Arrependimento O verdadeiro arrependimento envolve a pessoa toda, todo o seu ser, toda a sua

personalidade. Arrependimento não é apenas mudança de pensamento.

João 3:3 ...Em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Nascer do novo significa "um novo ser uma nova pessoa ou seja uma nova personalidade".

Estudaremos o arrependimento em cada um dos poderes da personalidade: Intelecto, Sensibilidade,

Volição.

Conversão Conversão é uma palavra usada para exprimir o ato do pecador, abandonando o pecado,

para seguir a Jesus.

A conversão pode e deve repetir-se todas as vezes em que o homem pecar e afastar-se de Deus,

porque ela consiste no ato de abandonar o pecado e aproximar- se de Deus.

Emprega-se, geralmente, a palavra conversão para significar aquela primeira experiência do homem,

abandonando o pecado paras seguir a Cristo.

OS 3 ELEMENTOS BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO

Rom. 3: 24 - 25 E são justificados gratuitamente pela sua Graça, pela redenção que há em Cristo

Jesus. Deus o propôs para propiciação pela Fé no seu Sangue, para demonstrar a sua justiça pela

remissão dos pecados dantes cometidos sob a tolerância de Deus.

Os elementos básicos estabelecidos para salvação conf. escrito pelo Apóstolo Paulo aos Romanos são:

1o. A Graça Tito 2: 11 Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens.

Graça significa, primeiramente, favor, ou a disposição bondosa da parte de Deus. (Favor não

merecido)

A graça de Deus aos pecadores revela-se no fato de que ele mesmo pela expiação de Cristo, pagou

toda a pena do pecado. Por conseguinte, ele pode justamente perdoar o pecado sem levar em conta os

merecimentos ou não merecimentos.

A graça manifesta-se independente das obras dos homens. A graça é conhecida como Fonte da

Salvação.

2o. O Sangue I Jo. 1: 7 O sangue de Jesus Cristo , seu Filho, nos purifica de todo pecado.

Page 26: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

Em virtude do sacrifício de Cristo no calvário, o crente é separado para Deus, seus pecados perdoados

e sua alma purificada. Sangue é conhecido como a Base da Salvação.

3º. A Fé Ef. 2: 8 - 9 Pois é pela graça que sois salvos, por meio da Fé; e isto não vem de vós, é dom de

Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.

Pela fé reconhece o homem a necessidade de salvação, e pela mesma fé é ele levado a crer em Cristo

Jesus.

Heb. 11: 6 Ora, sem Fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima

de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.

A Fé conduz-nos ao Salvador, a Fé coloca a verdade na mente e Cristo no coração. A Fé é a ponte que

dá passagem ao mundo espiritual, por isso concluímos que a Fé é o Meio para a Salvação.

A NATUREZA DA SALVAÇÃO

Vejamos os 3 aspectos da Salvação

1o. Justificação Justificar é um termo judicial que significa absolver, declarar justo. O réu, ao invés de

receber sentença condenatória, ele recebe a sentença de absolvição.

Esta absolvição é dom gratuito de Deus, colocado a nossa disposição pela fé.

Essa doutrina assim se define: "Justificação" é um ato da livre graça de Deus pelo qual ele perdoa

todos os nossos e nos aceita como justos aos seus olhos somente por nos ser imputada a justiça de

Cristo, que se recebe pela Fé.

Justificação é mais que perdão dos pecados, é a remoção da condenação.

Deus apaga os pecados, e, em seguida, nos trata como se nunca tivéssemos cometido um só pecado.

Portanto Justificação é o Ato de Deus tornar justo o pecador

2º. Regeneração Regenerar significa: Restaurar o que esta destruído.

Quando se trata do ser humano, Regeneração é uma mudança radical, operada pelo Espírito Santo na

alma do homem.

Esta Regeneração, atinge, portanto todas as faculdades do homem ou seja: Intelecto, Volição e a

Sensibilidade.

O homem regenerado não faz tanta questão de satisfazer à sua própria vontade como de satisfazer à de

Deus. Na Regeneração, ele passa a pensar de modo diferente, sentir de modo diferente e querer de

modo diferente: tudo se transforma.

II Cor. 5: 17 Portanto, se alguém está em Cristo, Nova Criatura é; as coisas velhas já passaram,

tudo se fez novo.

3º. Santificação Santificar é tornar sagrado, separar, consagrar,

fazer santo. A Palavra santo tem muitos significados:

Separação Representa o que está separado de tudo quanto seja terreno e humano.

Dedicação Representa o que está dedicado a Deus, no sentido ser sua propriedade.

Purificação Algo que separado e dedicado tem de ser purificado, para melhor ser apresentado.

Page 27: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

Consagração No sentido de viver uma vida santa e justa. Diante do exposto, podemos estabelecer o

seguinte:

Santificação é um processo O crente precisa esforçar-se para progredir em santificação.

II Cor.7: 1 Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a impureza tanto da

carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santificação no temor de Deus.

Os meios divinos de santificação

O Sangue de Cristo I Jo.1: 7 O sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo o pecado.

O Espírito Santo Fil. 1: 6 Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou boa obra a

aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo.

A Palavra de Deus Jo. 17: 17 Santifica-os na verdade a tua palavra é a verdade.

HISTÓRIA DAS FORMAS - GÊNEROS LITERÁRIOS

1. HISTÓRIA DAS FORMAS ("FORMGESCHICHTE")

É o padrão da exegese moderna. Em geral todo método exegético moderno aborda os seguintes

tópicos:

a) critica textual - se os manuscritos originais desapareceram ou nunca foram encontrados, como

se sabe se o texto atual corresponde ao original? Até que ponto é fiel? Em 1008, foi encontrado um

manuscrito básico para a edição da melhor bíblia hebraica que se tem hoje. Está no museu de

Leningrado. Mas, questiona-se: por quanto tempo o livro foi sendo recopiado, e foi adquirindo erros

de escrita? Muitas vezes, vários manuscritos (cópias) de um mesmo livro trazem palavras diferentes.

E por que tanta fé neste manuscrito?

O manuscrito mais antigo (até pouco tempo) do AT era composto de fragmentos de um papiro do I ou

II século a.C. Os beduínos acharam às margens do Mar Morto, vários manuscritos datando do II

século a.C. e há alguns, como o livro de Isaías, cujo texto é quase completamente igual ao que temos.

A Bíblia original (copiada) data do século II

d.C. Os rabinos tinham muito cuidado em transmitir a doutrina, e procuravam unificar os textos. Os

textos velhos eram colocados em lugares onde ninguém podia mais usá-los, chamados gezidas. Numa

destas gezidas foi encontrado um documento do ano 800, aproximadamente, do qual aquele de 1008 é

cópia. A diferença entre ambos é pouquíssima. Ora, se a nossa Bíblia é a tradução daquele manuscrito,

considerado autentico, aquela Bíblia é a melhor.

b) 'sitz in leben'- Há livros que antes de serem escritos, foram passados oralmente por várias

gerações. Cada manuscrito que serviu para a composição de um texto tem uma história diferente. Por

isso eles dividem as perícopes e estudam as tradições e fontes delas. E como o manuscrito chegou a

esta fonte? Deste estudo se deduz a 'sitz in leben' (situação na vida) deste manuscrito no gênero

literário. A 'sitz in leben' que este gênero literário tem na comunidade; a 'sitz in leben' desta

comunidade na história.

c) história da redação - Por que há certas palavras a mais ou a menos nos Evangelhos? Isto varia

com a 'sitz in leben' do manuscrito. Quem determina isto é a critica literária. Tudo isto dentro do

estudo da história das formas.

2. PRINCIPAIS GENEROS LITERÁRIOS DA BÍBLIA

Dividem-se assim os diversos gêneros literários encontrados na Bíblia:

a) Narrativo: histórico e didático

b) Legislativo

c) Sapiencial

d) Profético

Page 28: TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO CONCEITO …

e) Cânticos (Poesias)

a) narrativo-didático: mito, saga, legenda, conto, fábula, alegoria, parábola

l. mito - conto que se passa com deuses, ou cujos personagens são os deuses. Têm tonalidade solene e

são originários de círculos politeístas. A mitologia babilônica, por exemplo, muito influenciou no

povo de Israel, que sempre foi monoteista. Isto se vê nos salmos 103, 6-9; 17, 8-16; 88, ll e nos

proféticos: Job 26, l2. Nos livros históricos, a influência é mais velada. Mas a árvore da vida do

Gênesis já existe num poema de Gilgames (de origem Babilônica): um herói perguntou a um seu

antepassado que era deus, onde ficava a árvore da vida. Ele a encontrou no fundo do mar, e levou um

ramo para plantar. Tendo sede, foi beber num poço e uma serpente levou o seu ramo. A história do

dilúvio tem uma similar na cultura babilônica. É o caso de uma deusa que era amada ao mesmo tempo

por um deus e por um homem. Então para matar o homem, o deus mandou o dilúvio.

O importante a se notar nisso tudo é que, ao ser transcrita para o livro sagrado, o autor purifica a

lenda, tirando as características politeístas e servindo-se da cultura popular para levar uma mensagem.

A árvore da vida, na bíblia, significa que o homem foi criado para não morrer. Na sabedoria

babilônica, explicam que o mundo nasceu de uma briga dos deuses. O deus vencido foi partido ao

meio. De uma metade fez o deus vencedor o céu; de outra fez a terra. Depois pediu a um deus artista

que fizesse o homem com o sangue apodrecido do deus vencido. Por isso, o homem e o mundo são

maus do principio. O autor sagrado aproveita-se destes elementos, mas purificando-os e adaptando-os.

A tradicional briga dos anjos com Lucifer existe num mito fenício sob a forma de uma briga de

deuses. A linguagem mítica da bíblia, o antropomorfismo de Deus... tudo isto tem origem desta

inspiração na literatura exterior a Israel.

2. saga - contos que se ligam a lugares, pessoas, costumes, modos de vida dos quais se quer

explicar a origem, o valor, o caráter sagrado de qualquer fenômeno que chama a atenção. A saga se

chama etiológica quando procura a causa de um fenômeno. Por exemplo, para explicar a existencia de

uma vegetação pobre e espinhosa na região sul ocidental do Mar Morto, surgiu a lenda de Sodoma e

Gomorra, a chuva de enxofre... A origem de várias estátuas de pedra, formadas pela erosão é

explicada pela história da mulher de Ló, que foi transformada em estátua. A narrativa de Caim e Abel

é outra, para explicar a origem de uma tribo cujos integrantes tinham um sinal na testa. Explicavam

que Deus colocara um sinal em Caim para que ninguém o matasse, e daí este sinal ficou para a

descendência. O próprio nome de Caim é inventado, porque a tribo tinha o nome de cainitas e eles

deduziram que seu fundador devia chamar-se Caim.

A saga se chama etimológica quando é para explicar um nome. Existe na Palestina uma Ramat Leqi

(montanha da queixada). Para explicar a origem deste nome eles inventaram a estória de Sansão, um

homem muito forte, que lutara contra muitos inimigos usando uma queixada, e os vencera. Depois ele

jogou a queixada naquele monte, que ficou c conhecido como monte da queixada. 0 caso das filhas de

Ló (Gen,

19) é uma história difamatória contra os amonitas e moabitas, tradicionais inimigos de Israel. (Amon e

Moab significam 'do pai'). Outras sagas da Bíblia: a de Noé embriagado; a briga de Labão com Jacó

(Gen 31). A saga se chama heróica quando tem por finalidade engrandecer a vida dos heróis do

passado. O valor da saga está na riqueza popular (folclórica) que ela traz. Nem sempre há lição em

cada uma. Mas a fartura de detalhes que ela traz mostra a mentalidade do povo. Seu valor é maior para

a critica literária.

3. legenda - distingue-se da saga porque se refere a pessoas ou objetos sagrados e querem

demonstrar a santidade destes por meio de um fato maravilhoso. Legendas na Bíblia há em Num 16,1

- 17,15: histórias a respeito de Moisés; Dan l, 2, 3, 4: sonhos de Daniel; Os milagres de Elias contra os

sacerdotes de Baal; Gen 28,10: Jacó sonha com os anjos (pedra de Betel). É comum nas legendas

referir-se à lei ou objeto de culto. A imolação de Isaac, que não deu certo, é para reprimir um costume

dos cananeus de imolar crianças, costume proibido pela lei de Moisés. A serpente de bronze (Num 21)

se refere a uma serpente de bronze mandada fazer pelo rei Manassés, que foi destruída por Javé. A

circuncisão (Gen 17) é explicada assim: Deus apareceu a Abraão para fazer aliança com ele e o pacto

era a circuncisão de todos os meninos no oitavo dia. Jos 5, 9 e Ex 12 e 13 falam da origem da Páscoa.

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4. parábolas, fábulas, alegorias - parábola é uma história comparativa, de sentido global (ex: II

Sam 12, 1-4); fábula é a narrativa que faz os seres inanimados ou os animais falarem (ex: Juízes, 9,7);

alegoria é uma história comparativa em que cada elemento tem um significado particular (ex: Is 5, 1-

7). Há ainda o apólogo, quando se trata da animação de objetos.

b) narrativo-histórico

Difere do didático porque pretende contar um fato acontecido realmente. Há três tipos:

1. popular, onde ninguém sabe o fim da lenda e o começo da história. É uma história primitiva,

baseada em histórias que corriam na boca do povo, um misto de elementos verídicos e legendários

acrescentados. Os livros Josué e Juízes (550 a.C.) estão nesta categoria.

2. epopéia (nacional-religiosa) são histórias retiradas da catequese do povo. Se bem que tenham

elementos acrescentados, todavia a mensagem pode ser considerada autêntica. O exemplo mais típico

deste gênero é a narração epopéica da passagem do mar vermelho (Ex.14). A fuga de Israel do Egito

está ligada a um fato acontecido no tempo de Ramsés II. Ele foi um faraó que empreendeu grandes

conquistas, principalmente à procura de escravos para trabalhar. Entre os povos submetidos havia um

grupo de judeus. Mais tarde, fraquejou a vigilância, e muitos fugiram, inclusive muitos judeus. Então

eles empreenderam a fuga pelo deserto e se aproveitaram de uma região onde havia um braço de mar

que secava durante a maré baixa para sair do território egípcio.

Esta narrativa na Bíblia é contada com todos aqueles retoques conhecidos. Mas se analisarmos bem,

veremos que na própria Bíblia, há duas citações do mesmo fato, e cada uma conta diferente. São as

duas tradições: a javista, mais antiga e mais verdadeira, afirma que o vento soprou durante toda a noite

e fez o mar recuar; a sacerdotal, mais recente, modificou a narração para a divisão das águas em duas

muralhas por onde todos passaram em seco. Há uma certa contradição nestas duas. Mas o que se deve

concluir daí é que os soldados os perseguiram na fuga e eles passaram na maré baixa. Quando os

soldados chegaram, a maré já subira e não dava passagem. Enquanto isso, eles se adiantaram ainda

mais. Ao transcrever isto na Bíblia, o autor sagrado quer mostrar o fato da presença de Deus em ajuda

de seu povo, através dos elementos da natureza.

3. historiográfico - é o trabalho dos escribas encarregados de escrever as crônicas dos anais dos

reis. A partir destas crônicas vários livros foram escritos. 0 I Reis, cap. 11, vers.41 cita os anais de

Salomão; em 14, 19 afirma que o restante está nos livros das crônicas dos Reis de Israel. São

documentos de maior credibilidade, porque são mais históricos. Somente a partir do livro dos Reis, é

que são usados documentos escritos na época. Antes era apenas história popular.

c) Legislativo

É representado na Bíblia principalmente no Pentateuco. Tem muito em comum com os outros povos

vizinhos e herdou muito deles. Há passagens na Bíblia que são repetições do código de Hamurábi. Os

povos orientais são muito ricos neste tipo de literatura. Quanto aos tipos de leis, há três: 1. leis

causídicas: pormenorizadas conforme as situações; 2. leis apodíticas: universais; 3. leis rituais.

d) Sapiencial

Originou-se também dos povos vizinhos, principalmente a partir do Exílio. São de origem profana e

não religiosa, pois as suas fontes também não eram religiosas. 0 povo oriental é pensador por natureza

e a sabedoria é uma virtude muito difundida e apreciada. A sabedoria bíblica não difere muito da

sabedoria oriental em geral.

e) Profético

Também tem origem fora de Israel. Os povos da época tinham seus profetas. Eles moravam nos

palácios dos reis e eram os que dialogavam com os deuses. É preciso notar que naquela época profeta

não era sinônimo de adivinho, como às vezes se identifica. Eles manifestavam ao povo a vontade de

Deus com sermões, com sinais, exortações e oráculos.

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f) Salmos

Também tem influência externa (fora de Israel). Não são todos de Davi. Apareceram conforme as

necessidades. Foram compostos sem seqüência ou cronologia. São cantos de louvor, de súplica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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KAISER Jr., Walter. Teologia do Antigo Testamento .São Paulo: Vida Nova, 1980.

VAUX, Roland de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2004.

VON RAD, G. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: ASTE, 1974.