1. Contribuies de A. T. Robertson
e Oscar Culmann
CETAD
Pf. Eduardo Sales
Teologia do Novo TestamentoSaduceus, Fariseus e Zelotas

2. Fariseus A. T. Robertson
Os Fariseus.
Fonte: Robertson, A.T. ThePhariseesand Jesus.
O termo fariseu foi encontrado pela primeira vez durante o reino de Joo Hircano (135 a 106 a.C.). Alguns pensadores acreditam que o termo fariseu originou-se durante o exlio babilnico, como uma forma de descriminar os judeus que acreditavam e usavam os costumes persas.
Por haverem sado dos fariseus todos os grandes doutores dos ltimos sculos antes de Cristo e primeiro depois de Cristo, doutores que criaram a Mishn e, mais tarde, o Talmud, a seita dos fariseus foi a mais importante no judasmo. Politicamente foram favorveis a qualquer forma de governo que no opusesse obstculos ao seu culto. Suas doutrinas so praticamente as que chegaram at ns atravs da Mishn e do Talmud.
3. Anlise dos Evangelhos
Nos Evangelhos, Jesus atacou com extrema energia os escribas, os doutores da Lei e os fariseus, lanando contra eles oito maldies solenes, que se opem s oito bem-aventuranas. Normalmente ouvem-se apenas que os fariseus eram hipcritas, acrescentando-se poucas informaes.
A luta entre Cristo e os fariseus um dos pontos centrais da narrativa histrica dos Evangelhos, luta que veio a culminar no Calvrio.
Importa compreender o que foram e o que pensaram esses escribas, doutores da Lei e fariseus. Qual era a sua origem? Qual a sua doutrina ? Por que Cristo se ops com tanta fora? Por que recusaram o Messias? Como se tornaram "cegos ao meio dia" (Is. 59:10)? Por que no aceitaram a Sabedoria, e por que fecharam seus olhos e ouvidos a Cristo, apesar de reconhecerem os seus milagres "Que havemos de fazer? Este homem faz muitos milagres" (Jo.11:,41). Por que no O viram, quando "lanaram o olhar para aquele a quem transfixaram" (Jo. 19:37)?
4. Histria do Farisasmo
Nossa histria comea em 598 a.C., quando Nabucodonosor, rei dos caldeus, invadiu pela primeira vez a Palestina, a pretexto de que o rei de Jud, Joaquim, recusara pagar-lhe tributos. Jerusalm foi cercada e o rei Joaquim acabou por ser deposto, sendo colocado em seu lugar Sedecias. Nabucodonosor saqueou o Templo de Deus e levou o rei, seus familiares e muitas famlias nobres para o exlio, em Babilnia.
Aps dezoito meses de luta, a cidade de Deus foi conquistada (junho de 587 A.C.). Desta vez, tudo foi destrudo. Nem o Templo de Salomo foi poupado do incndio. Tendo perdido a ptria e o Templo, no tendo mais nem rei nem Estado nacional, deportados para Babilnia, exilados no Egito, dispersos entre os estrangeiros, estrangeiros em sua antiga terra, os judeus, agora, s tinham a religio como trao de unio.
O profeta Ezequiel e seus sucessores organizaram casas de orao - as sinagogas - e j que no era mais possvel sacrificar no Templo (pois fora destrudo), a sinagoga se tornou, desde ento, o centro da vida religiosa judaica.
5. Histria do Farisasmo
O exlio na Babilnia durou de 587 a.C. at o edito de Ciro, rei dos persas, que, tendo vencido os caldeus, deu permisso a que uma primeira leva de judeus retornasse sua ptria, em 538 a.C, organizando uma satrapia persa na Palestina. Em 520 a.C., Dario I permitiu a sada de um segundo grupo de judeus, sob a direo de Zorobabel, concedendo-lhes ainda o rei persa que reconstrussem o Templo de Jerusalm. Este segundo Templo foi concludo em 515 a.C.
Em 458 a.C., Esdras trouxe o resto do povo para Jerusalm e fez uma solene promulgao da Lei de Moiss, renovando o pacto do povo judeu com Deus.
Os setenta anos de exlio em Babilnia no corrigiram totalmente o povo. Ao que parece, alguns judeus trouxeram de Babilnia muitas idias religiosas pags, que iriam provocar a formao de uma gnose judaica.
Alm disso, o fato de terem ficado tantos anos sem ptria, sem Estado e sem Templo, fez com que os judeus passassem a centrar sua religio na pura prtica escrupulosa da Lei e em seu estudo. Disto nasceu um desvio que supervalorizou a letra da Lei em detrimento de seu esprito.
At o cativeiro de Babilnia, os prprios sacerdotes eram os guardies da Torah (a Lei de Moiss, isto , o Pentatuco). Depois do exlio, sem templo, os lderes das sinagogas comearam a ganhar cada vez mais autoridade e importncia como mestres explicadores e guardies da Lei os chamados sbios ou escribas.
6. Os Estudiosos da Lei: Escribas e Doutores Atribuam-se uma trplice misso :
1a. - Definir e aperfeioar os princpios legais decorrentes da Torah, a Lei Escrita.
2a. A segunda misso que os escribas se arrogavam era a de ensinar no apenas a Lei escrita, mas tambm, e principalmente a jurisprudncia casustica que eles haviam elaborado e que tomou o nome de Torah Oral ou "Tradio dos Antigos", ou dos "Sbios".
3a. - A terceira misso que os escribas e doutores da Lei se impuseram e assumiram foi a administrao da justia pela aplicao escrupulosssima dos Mishnaioth.
7. Fariseus e Saduceus
A invaso grega, no sculo IV A.C., trouxe novas complicaes ao processo religioso que os judeus atravessavam.Sua cultura e filosofia influenciaram largas e importantes camadas do povo judeu. Entre os judeus comeou-se a adotar a lngua, os modos de ser e os costumes dos gregos, mesmo quando alguns desses costumes eram contrrios Lei Mosaica.
Diante do invasor cheio de prestgio, os judeus se dividiram. Formaram-se partidos. O partido dos fariseus mostrou-se aberto s influncias estrangeiras, procurando conciliar judasmo e helenismo, teologia hebraica e filosofia grega. Este partido teve forte penetrao entre os sacerdotes. O partido saduceu, pelo contrrio, ops tenaz resistncia aos costumes e ao pensamento grego, concentraram-se na observncia zelosa e rigorista da letra da Lei escrita e oral. A grande maioria dos escribas e doutores da Lei aderiu ao farisaismo e obteve o apoio quase total do povo judeu, graas ao prestgio moral e religioso que alcanaram.
8. Principais diferenas entre Farizeuse Saduceus
A Ressurreio. Os Fariseus Acreditavam enquanto que os Saduceus no.
Os Anjos. Os Fariseus Acreditavam enquanto que os Saduceus no.
Predestinao e Livre-Arbtrio. Os Fariseus tendiam mais para o predestinacionismo enquanto que os Saduceus seguiam o livre-arbtrio
Tradio dos Antigos. Os fariseus adotavam a Torah Oral, enquanto os Saduceus negavam-na.
Posicionamento poltico. O partido saduceu era principalmente sacerdotal e aristocrtico, enquanto os fariseus recrutavam seus membros nas classes populares.
9. Teologia dos Fariseus
Ensinavam a Soberania divina e a Liberdade Humana. Os Essnios eram fatalistas e negavam a responsabilidade do homem, j os saduceus rejeitavam a soberania divina e aceitavam a liberdade humana.
A lei Oral foi colocada em paridade ao Velho Testamento. Mt 23:4.
Acreditavam em Vida Futura. O saduceus defendiam apenas o Pentateuco, e negavam toda expectativa de vida futura. Mt 22:29-33; 25:46; At 23:8.
Possuem a esperana messinica. Os fariseus esperavam o Filho do Homem de Daniel, enquanto que os Saduceus aguardavam o Messias.
10. Os Fariseus Criticaram Jesus
Questionaram a autoridade Messinica: Jo 2:13-22. Jesus questionava a corrupo do Templo realizada pelos Saduceus. Essa atitude de Jesus atraiu muita ateno, tanto dos Fariseus como dos Zelotas. Quando Tentaram Jesus em Mt 19:3; Mc 10:2, esperavam que acontecesse o mesmo que Joo Batista Mc 6:14-25. O Sindrio foi investigar Joo Batista e Jesus Jo 1:19-26; Lc 7:29-30;
Questionaram Jesus como Basfmia. Lc 5:17-26; J 5:1-18; 10:22-42; Mt 26:65; Mc 14:64. Quem este? O que ensina Mc 1:27; Esse Blasfema Mt 9:3;
Questionaram sua associao com Publicanos e Pecadores. Mt 9:10ss; Mc 2:15ss; Lc 5:29ss; 7:29; 15:1-32. Judeus e no pecadores Gl 2:15; J 9:16; Lc 19:7; J 9:24.
Questionaram a negligencia religiosa e o comparecimento em festas. Mt 9:14-17; Mc 2:18-22; Lc 5:33-39; 7:34.
Questionaram os poderes de Jesus como vindo de belzebu. Mt 9:34; 12:22-37; Mc 3:19-30; Lc 11:14-36.
Questionaram a quebra do Sbado por Jesus e seus discpulos. Jo 5; Mt 12:1-14; Mc 2:23; 3:6; Lc 6:1-11; Jo 9; Lc 8:10-21; 14:1-24; Mc 1:21-28.
Questionaram suas afrontas tradio. Mt 15:1-30; Mc 7:1-23; Lc 11:37-54.
Questionaram a identidade de Jesus Impostor.Jo 7:14-30; Mt 27:63ss; Mt 27:62-66.
Questionaram a afronta ao templo. J 2:19-22; Mt 16:61; Mc 14:58; Mt 17:39ss; Mc 15:29.
Questionaram a alta traio contra Csar. Lc 23:2; J 18:8-30; 19:15; Lc 23; Mt 27: 17-25; Mc 15:9-14.
11. Jesus condena os Fariseus
Cegueira Espiritual: J 3:1-14; Mt 9:13; Lc 5:39; Mc 3:5; Mt 8:13-17; Mc 4:12; Lc 8:10; J 6:44, 64ss; Mt 15:12-20; Mt 16:1-4; Mc 8:11-13; J 9:40ss; Lc 11:37-54.
Formalismo: Mt 5:17-6:18; Lc 2:37-54; 18:1-4.
Rejeio: J 5:40; Mt 11:16-19; Lc 7:29-35.
Tradicionalismo: Mt 15:1-20; Mc 7:1-23.
Hipocrisia: Mt 6:2-7; 5:15-23; Lc 6:37-42; Mt 15:7-9; Mc 7:6-7; Mt 16:5-12; Mc 8:14-21; Lc 12:1-2; 13:15-17; Mt 23:13-39.
Blasfmia contra o Esprito Santo. Mt 12:31-33; Mc 3:28-30; Lc 12:10.
Rejeio a Deus na rejeio a Cristo. Jo 5:42ss; 6:52; Mt 17:12; J 7:48; 8:21-52; 10:25-38.
12. A questo dos Zelotas: Oscar Culmann
O ideal teocrtico Judeu, de um reino sobre todos os outros reinos rejeitado pelo cristianismo como satnico. No por acaso que satans oferece a Cristo os reinos do mundo.
Para entendermos melhor a questo iniciaremos pelo nome Zelota, que deriva da palavra Zelo. As principais fontes esto nos trabalhos de Josefus, BellumJudaicum,e noantiquitios, Representavam a ala extremada do partido anti-romano. Este partido extremista pregava a guerra santa, e preparavam-se para ela. Foram uma pedra no sapato Romano. Em At. 21:38, aparecem sob o ttulo romano: Sicaros - Bandidos. Nos anos 60-70 a.D. entraram em guerra, o que terminou com a destruio do templo de Jerusalm, os remanescentes se organizaram e 65 anos adiante, sob Adriano, ocorreu a segunda guerra, na qual Barkochba proclamou-se messias e rei poltico de Israel, e terminou como um dos maiores massacres da histria.
13. Jesus e o cenrio poltico
A relevncia principal est no relacionamento de Cristo com o cenrio poltico. Jesus foi identificado com um Zelota. 1) Membros dentre seus discpulos eram zelotas. Em Lc 6:15 e At 1:13. Em Joo 6:71 o nome de Judas est separado IshKariot, provvel que seja uma transcrio semita de Sicarioth (sicaro). Esta afirmaes esclarecem o papel de Pedro tentando impedir a misso de Jesus, e sua identificao com a tentao de Satans oferecendo os reinos. Pedro queria que Jesus dominasse o mundo. Tambm entendemos Pedro dispondo de uma espada (Em Joo, no getsemani). Em Mc 10:37 encontramos mais uma marca Zelota: o pedido de sentar-se direita e esquerda do trono de o rei do mundo. So chamados de filhos do trovo. Assim a tese do Dr. Culmann que no circulo de Cristo existiam: Um, Simo o zelota, com certeza; dois, Judas e Pedro, provavelmente, e os filhos de Zebedeu, possivelmente.
Para Jesus o ideal Zelota era uma das maiores tentaes, por isso est presente desde o comeo. interessante que o evangelista Lucas narra da seguinte maneira em Lc 4:34 at outra ocasio. 1) Aps o Batismo, 2) por Pedro, quando severamente repreendido, 3) No getsemani, durante a revolta iniciada por Pedro.
14. Jesus e o Estado?
No aceita o Estado como instituio final. Lc 13:32 Critica Herodes; em Mt 9:10;18:17;21:31 cita do coletores de impostos com os pecadores, as prostitutas e os pagos.
Por outro Lado, recebe os coletores de impostos e os pecadores. At mesmo entre os doze est um coletor de impostos, Mc 2:15; Mt 9:10; 10:3.
15. Jesus foi um Zelota?
Interessante nesse relato a atitude de Jesus unindo pessoas de perspectivas polticas to opostas, Zelotas e Cobradores de impostos. Dessa perspectiva entendemos que no discurso de Cristo existem pronunciamentos diretos s classes em questo. Uma das passagens clssicas direcionadas aos zelotas a de Mc 12:17, e tambm Mt 17:27 em que Pedro acha uma moeda na boca do peixe. Mt 11:12; Lc 16:16;... Em J 6:5 tambm vemos uma cena interessante sobre a coroao de Jesus. Em J 10:8, todos que vieram antes de mim foram ladres e salteadores, em seguida no verso 11, Jesus o pastor que salva as ovelhas, enquanto os (zelotas?) tiram-nas.
Vejamos Jesus, foi um zelota? Do ponto de vista romano, sim. A acusao era de messias, e tentativa de ser rei. Lembrem-se Jesus tinha 5000 pessoas ao seu comando, o que poderia ser muito preocupante. Do ponto de vista de Jesus temos uma situao contrria. Ele no se identificou com o Messias, preferiu sempre o ttulo: Filho do Homem. Sempre que algum chamava-o de messias, mandava que se calasse Mc 8:29-31, ou a censura de Pedro em Mc 8:33. A postura de Cristo se deve a dependncia poltica do ttulo messias. Baseado nesse ttulo que o sumo sacerdote tenta incriminar Jesus diante dos romanos: Mc 14:61, sois o Messias?. Esse tambm o contexto da passagem de J 18:33, meu reino no e deste mundo. Outra acusao contra Jesus que o identificava com os zelotas foi a de Lc 23:2 sonegao de impostos, vide problema em Mc 12:12-13. Nesse texto existe um mistrio, o relacionamento entre Csar e Deus.
16. Da a Cesar o que de Cesar
Por que me experimentais? Trazei-me um denrio para que eu o veja. E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes: De quem esta efgie e inscrio? Responderam: De Csar.
Dai a Csar o que de Csar e
a Deus o que de Deus.
Ser que Jesus realmente comparou Csar com Deus? Atribuiu mesmo valor? A pergunta dos herodianos tinha por principio a equivalncia: Csar Deus, assim a preposio antes da pergunta: Sabemos que ensinas o caminho de Deus, no poderia ser contradita, e se fosse afirmada, desmontaria uma das principais afrontas dos zelotas. Jesus, na realidade afirmou sobre seu reino, da mamon a csar, por que lhe pertence, o valor desse mundo, e da sua vida a Deus, por que lhe pertence, o valor do reino de Cristo. E por fim sua resposta soa como uma cobrana, pois no Deus quem est privando Csar do que dele, mas Csar quem est privando Deus do que dele, ou seja, no dem a Csar o que de Deus! Sendo assim quebrou o ttulo e honraria indevida a Csar, pois no Deus. Com sua afirmativa, ao invs de comparar Csar com Deus, diferenciou-o.
Na entrada em Jerusalm, em no Domingo de Ramos, Jesus no optou por um burro por acaso, pois diferente de Zac 9:9, props um ideal no revolucionrio em termos puramente polticos. Alguns estudiosos atribuem as Palmas a lembrana do movimento de reisistncia dos macabeus. Mas Jesus frustrou seus discpulos zelotas. Estavam preparados para lutar, mas Jesus disse: Embainha tua espada Mt 26:52,ento os discpulos fugiram v.56.No fim, a condenao de Jesus atribuda pelos romanos foi de Zelota: Rei dos Judeus J 19:19. Durante a deciso final so apresentados dois lderes zelotas: Jesus, e Barrabas. Barrabas preso numa insurreio: Mc 15:7.