Teoria Ead Tempos Velozes- Isabel Rodriguez
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Associao Brasileira de Educao a Distncia
Teoria x EaD x Tempos Velozes
Isabel Rodriguez
Resumo
Este artigo trs reflexes sobre a relevncia do uso de teorias e perspectivas tericas para o planejamento, projeto, implementao e avaliao instrucional. A autora discute a urgncia de uma nova abordagem na busca de referencial terico para o trabalho de pedagogos e designers instrucionais, mais especificamente em relao educao a distncia. Este referencial terico dever apoiar a construo de ambientes eficientes de ensino-aprendizado, apropriados aos tempos velozes e impermanentes como os que vivemos atualmente.
Abstract
This paper brings reflections on the relevance of the use of theories and perspectives for the planning, design, implementation and instructional evaluation. The author discusses the need of a new approach in the search of a theoretical basis for the work of educators and instructional designers, mostly for distance education. This reference should be appropriate to help their efforts in the building of efficient teaching-learning environments in the fast and impermanent times of todays life.
Resumen
Este trabajo refleja en la relevancia del uso de las teoras y las perspectivas tericas para la planificacin, diseo, implementacin y evaluacin de la instruccin. La autora discute la necesidad de un nuevo enfoque in la bsqueda de una base terica para el trabajo de educadores y diseadores instruccionales, especficamente en el contexto de la educacin a distancia. Esta base terica debe ser apropiada para ayudar sus esfuerzo en la construccin de medios de enseanza-aprendizaje efectivos en los rpidos tiempos cambiantes en los cual vivimos hoy en da.
Para Win Rice, in memoriam
Introduo
O amplo e consistente desenvolvimento da cincia e da tecnologia educacional no deixa dvidas de que um projeto instrucional resulta enriquecido pelo uso adequado de perspectivas e teorias de ensino e aprendizagem. Tal verdade inconteste esbarra na dinmica dos tempos atuais, que nos colocam contra a parede em relao abordagem da fundamentao terica e nos fazem refletir no apenas no processo de ensino-aprendizagem propriamente dito, mas, e com igual relevncia na questo da implementao do mesmo. Na sociedade da Informao e do Conhecimento que estamos construindo, paradigmas so quebrados a cada segundo.
Vivemos um perodo de severas transformaes e isto exige de ns novas posturas em todas as reas assim como solues nada convencionais para antigos problemas. Pierre Lvy (2001) nos convida a olhar o mundo de hoje com os olhos do mundo de amanh. Em relao educao propriamente dita, mais de vinte sculos foram necessrios para que a humanidade se tornasse madura para entender o maravilhoso fenmeno do aprendizado - que nos transforma e nos faz crescer em conhecimento. Como seria possvel agora - em uma frao irrisria de tempo abandonar os velhos padres construdos ao longo deste tempo?
Atravs do relato de um projeto de treinamento a distncia sob o ponto de vista da questo da fundamentao terica, a inteno destacar a relevncia da aplicao de teorias de ensino e aprendizagem conjuntamente necessidade destas virem acompanhadas de perspectivas e teorias de outras reas do conhecimento. Nos tempos velozes em que vivemos, fundamental que sejam consultadas e aplicadas teorias e perspectivas ligadas ao ciberespao, economia do conhecimento e dinmica da difuso de inovaes.
O aspecto relevante a ser destacado que o treinamento enfocado foi o primeiro a ocorrer totalmente a distncia na organizao onde foi projetado, desenvolvido, implementado e testado em nvel de prottipo,
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em um programa de capacitao interna, ocorrido no primeiro semestre de 2003. O prottipo foi testado pelos envolvidos, estando em curso a avaliao confirmativa do processo.
Participaram do projeto que resultou no piloto do treinamento profissionais de diversas reas da organizao, que assumiram as diferentes etapas do processo. A gesto do projeto foi de responsabilidade da designer instrucional da equipe, igualmente responsvel pela criao do contedo, seleo do ambiente online, coordenao do teste do prottipo e do processo de avaliao.
importante ressaltar que, alm da questo da aplicao terica propriamente dita, que ser detalhada na PARTE 2 do artigo, sero abordados (PARTE 1) outros aspectos relativos ao planejamento e projeto instrucional, s teorias de aprendizagem e questo da construo de ambientes de ensino-aprendizagem. No entanto, estas questes no tero aprofundamento neste artigo, desde que a inteno destacar a necessidade de estudo e aplicao adequada das teorias. Na PARTE 2, sero, ento, destacados o projeto de EaD e a aplicao terica.
PARTE 1 - Reaprendendo a ensinar e a aprender
Tapscott (apud Radford, 2000) advoca que uma sociedade movida pela informao fornece indcios de que est em curso um repensar da educao e da relao entre trabalho, aprendizagem e a vida diria. Antes de mais nada, os autores julgam ser necessrio pensar na questo que se coloca para a inteligncia do indivduo contemporneo em sua busca pelo conhecimento.
Os tempos atuais so marcados por severas mudanas e a transformao decorrente planetria, veloz e ocorre em tempo real (Lvy, 2001). Um efeito marcante que o campo da cincia est cada vez mais prximo do processo produtivo. a cultura da transformao, que transforma tudo - inclusive a educao - e derruba paradigmas com impressionante velocidade. Chaves sugere que hoje, com os meios de comunicao e a Internet, qualquer pessoa pode ter acesso fcil s informaes de que precisa para viver sua vida. No necessrio que a escola lhe transmita informaes e, neste contexto, ou a escola se reinventa ou se tornar obsoleta. Mas, antes de reinventar a escola, devemos reinventar a educao.
Briggs e Wager (1981) sugerem que os professores, no ensino presencial, desempenham diversos papis e j sabem como conduzir o trabalho. No entanto, preciso considerar que, quando estes decidem ingressar no ensino a distncia, uma srie de outros fatores precisam ser considerados e destes, o principal a questo da distncia propriamente dita.
Este novo contexto j comea a demandar de ns, educadores, instrutores, designers instrucionais e pedagogos novas abordagens para nossas prticas profissionais e projetos, assim como nos desafia a encontrar uma nova maneira de aplicarmos o conhecimento terico sobre os fenmenos relacionados com a aprendizagem.
A construo de novos ambientes de ensino-aprendizagem
Uma nova abordagem para a educao est a nos desafiar na direo da construo de novos ambientes de ensino-aprendizagem. Goodyear (2001) define um ambiente de aprendizagem como um conjunto complexo de estruturas encadeadas que fornecem o cenrio (setting) fsico para o trabalho de uma comunidade de aprendizes. Este cenrio pode incluir toda sorte de recursos de aprendizagem, incluindo o q convencionamos chamar de hardware e software mas tambm outros objetos de conhecimentos produzidos pelas interaes dos membros das comunidade de aprendizagem.
Radford (2001) extrai de leitura de textos de Goodyear e de Dolence e Norris (1995) que era da informao cria espaos de trabalho onde trabalhar e aprender so cada vez mais a mesma atividade e que, neste modelo, a demanda por aprendizado como um desafio permanente (longlife challenge) criar oportunidades para agentes intermedirios e de aprendizagem que no so parte do sistema educacional formal e, as novas tecnologias podem transformar a educao, criando uma infraestrutura para a economia digital. Ao mesmo tempo em que as mdias interativas so um fator contribuinte para esta demanda, so parte importante da soluo que deve ser empregada.
Observa-se o crescente desenvolvimento da educao a distncia em todo o mundo, fenmeno fomentado pela economia da informao e do conhecimento, que coloca como desafio a criao de ambientes de ensino-aprendizagem apropriados ao novo contexto e aos novos tempos. Goodyear (1999) sugere a ergonomizao destes ambientes, que devem reconhecer, acolher e estimular o desempenho eficiente das diferentes tarefas, que podem ser reconhecidas como os diversos papis a serem assumidos pelos atores do processo de ensino-aprendizagem.
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Vejamos quais poderiam ser estes papis no lado do ensino: especialista no tema, conteudista, designer instrucional, implementador do processo, orientador, facilitador do processo, solucionador de problemas, orquestrador/produtor do evento instrucional, administrador, comunicador, instigador, problematizador, animador, motivador, dentre outros. Do lado da aprendizagem, poderamos encontrar o pesquisador/investigador, o selecionador e sintetizador de informaes, o construtor de conhecimento, o solucionador de problemas, etc. Os novos ambientes de ensino-aprendizagem devem, ento, facilitar o desempenho eficiente desta ampla gama de papis. Alm disto, sugere-se que estes devem permitir que o conhecimento seja construdo atravs de diversos estilos cognitivos preferenciais dos alunos/aprendizes.
Pode-se considerar que a prpria distncia parece demandar do professor e do aluno tanto um desdobramento de seus papis quanto uma aceitao de que a representao dos mesmos precisa ser repensada, planejada e realizada de modo claro e objetivo. Se o ambiente permite o desempenho eficiente destes papis, permitindo sobretudo que o aluno realmente construa o conhecimento almejado, poderamos considera o ambiente perfeitamente adequado e bem sucedido.
Assim sendo, parece adequado considerar que os profissionais que planejam e projetam EaD devam reconhecer o desdobramento dos diversos papis tanto no lado do ensino quanto no lado do aprendizado e, assim, planejar para que estes papis possam ser desempenhados com eficincia. Isto inclui a explorao eficiente e eficaz do potencial do meio eletrnico, para promover as atividades de aprendizagem apropriadas para realidades as quais pretendemos trabalhar (Romiszowski, 2003).
Estas parecem ser consideraes relevantes no projeto do ambiente de ensino-aprendizagem e elas se traduzem no cuidado na seleo de mdias, na identificao e construo de contedo, no planejamento de atividades sncronas e assncronas, etc.
Teorias e perspectivas antigas e novas
A profuso de novos conhecimentos e informao em circulao parece deixar pouco espao para que possamos pensar em buscar inspirao e fundamentao nas teorias e perspectivas criadas em tempos passados. Parece, atualmente, que o passado e todo o conhecimento acumulado e a cultura que dele adveio no tem a menor relevncia e que apenas merece lugar no museu. Entretanto, rever teorias e perspectivas tericas permanece aconselhado quando um problema instrucional desafia nossa competncia. So justamente elas que vo reforar nossas prprias crenas e validar as estratgias que adotamos para construir ambientes onde indivduos devem ser bem sucedidos no processo de ensino-aprendizagem.
Nestes tempos de mudanas velozes, no entanto, preciso permanecer atento e conhecer outras teorias que podem ajudar na implementao de nossos projetos, sobretudo quando eles se situam no mbito da educao a distncia, formato ainda em construo e em permanente evoluo.
PARTE 2 - Projetando inovao com o auxlio da teoria
O treinamento-foco deste artigo foi desenvolvido como parte prtica de programa de capacitao em gerncia de projetos. Quando a equipe optou pela realizao de um projeto de treinamento, pensou inicialmente no fato de que, caso fosse totalmente a distncia, este seria uma inovao dentro da instituio. Este fato, portanto, poderia levar a uma maior riqueza e diversidade no aprendizado do tema gesto de projetos.
Tendo a equipe dividido o trabalho a partir das competncias individuais, coube designer instrucional o projeto do treinamento. Assim sendo, desde seu incio, tudo foi planejado para atingir os objetivos de aprendizado dos vrios aprendentes envolvidos. Assim foi a escolha do tema do treinamento, a identificao do pblico-alvo, o projeto da estrutura, a deciso sobre os formatos de disponibilizao, etc, tudo foi planejado para resultar em esforo bem sucedido.
Foi feito o teste do piloto do treinamento, realizado totalmente a distncia, durante 30 dias consecutivos. Do lado do ensino, havia uma coordenao e um time de apoio, totalizando seis pessoas. Do lado da aprendizagem, haviam 12 gerentes e lderes de projeto, alm de alguns observadores.
A teoria na prtica
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rico o acervo de conhecimento cientfico para apoiar a rea educacional e j existe uma base cientfica consistente em EaD. Ao iniciarmos o projeto do treinamento, a preocupao era reunir uma consistente e ampla base terica, que pudesse demonstrar a complexidade e desse suporte ao trabalho.
Decidimo-nos, desde cedo, pela criao de um treinamento que permitisse uma rica experincia de ensino-aprendizado e que fosse simples de ser implementado, entendido, administrado, avaliado e testado, o onde o aluno-aprendiz estivesse no controle, no centro do processo (Romiszowski, 1986).
relevante destacar que optamos pelo projeto de um treinamento totalmente a distncia, que pudesse atender s necessidades de capacitao dos gerentes da empresa, que pouco se engajavam em programas de treinamento e, os poucos que se engajavam, os abandonavam com freqncia. O formato totalmente a distncia atenderia, assim a este pblico-alvo. E, j que este formato seria uma inovao na empresa, teramos que motivar a participao deste pblico e de lideres de projetos.
Fomos, ento, buscar inspirao no trabalho de Bernard Weiner - que desenvolveu a Teoria da Atribuio, conhecida como Teoria da Motivao para a identificao do tema do treinamento. A partir do que conhecemos da teoria de Weiner, o tema Gerncia de Projetos surgiu como o que possivelmente melhor atrairia os gerentes, dado o crescente interesse dos mesmos pela moderna forma de administrao estratgica. Mais tarde, no desenvolvimento e implementao do treinamento, voltamos ao terico para nos decidir por aspectos diversos da comunicao no processo de ensino-aprendizagem.
Desde o incio, nossa inteno era colocar lado a lado a teoria clssica e a contempornea. Escolhido o tema, foi feita a opo pela linha social-construtivista: os gerentes deveriam construir juntos o conhecimento sobre o tema. Fomos, assim, em busca de referencial terico no trabalho dos desenvolvimentistas Piaget e Vygotsky. Enquanto Piaget apontou a questo da problematizao na construo de estruturas (equilibrao) cognitivas crescentes, Vygotsky assumiu que atividades socialmente compartilhadas se transformavam em processos mentais individuais e desenvolvimento cognitivo. Com base nestes tericos, ficou decidido que cooperao e a colaborao entre os membros do corpo gerencial os colocaria nivelados e em um estgio de crescente domnio do assunto enfocado no treinamento.
Em seguida fomos buscar inspirao em Gagn, que dedicou-se ao estudo e formalizao de conhecimento sobre as condies de aprendizagem. Gagn descreveu o ambiente externo e os eventos mentais internos necessrios para o aprendizado de diferentes habilidades e atitudes, que ser formam a partir de conhecimento j existente.
Sendo um dos tericos que mais inspirou o desenvolvimento cientfico, o trabalho de Gagn- falecido em 2001 - fundamental para nos ajudar a entender a relevncia da correta identificao dos objetivos instrucionais na estruturao do processo de esino-aprendizagem e na escolha das estratgias e prticas instrucionais.
Da obra deste terico buscamos inspirao para identificar os eventos de instruo, as condies de aprendizagem, as necessidades e objetivos determinados. Gagn nos incitou a fazer as seguintes perguntas - para decises a nvel macro: Como os alunos iriam desenvolver habilidades e criar o novo conhecimento? Como deveramos formatar a instruo (o que poderia ser individualizado, o que iramos sugerir ser feito em pequenos grupos e discusso, etc)? Que tipo de ambiente de aprendizagem e recursos os gerentes precisariam? Quais os testes, os questionrios adequados para identificar e transformar atitudes em relao instruo e ao processo de ensino-aprendizagem a distncia?
Tendo tido a experincia de participar de algumas comunidades cooperativas de aprendizagem, fomos buscar explicao terica para alguns dos fenmenos que ocorrem nestas comunidades. Um deles o que pode ser traduzido por aprendizado por tabela (vicarious learning), quando alguns alunos permanecem sem se manifestar, apesar de estarem frequentando o ambiente de ensino-aprendizado online.
Alberto Bandura (1971), atravs de sua teoria social cognitiva, por exemplo, pode nos ajudar a compreender melhor estes alunos. O autor nos leva a entender que alguns indivduos preferem aprender ou aprendem apenas assistindo s discusses. Aplicando a teoria de Bandura, podemos entender que os indivduos ativos nas discusses vo servir como modelos para os menos atuantes, que aprendem por tabela (vicarious learning), reorganizando seu acervo de conhecimento de modo a poderem usar o que novo conhecimento em situaes no futuro.
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No entanto, da maior importncia que consideremos o que pensam os filsofos dos novos tempos, j que podem nos ajudar a trilhar um caminho mais seguro em EaD. Dentre estes, temos Pierre Lvy, que se volta para o ciberespao em busca de respostas aos anseios do indivduo contemporneo massacrado pelo crescimento excessivo de informaes. Lvy teoriza sobre a o conceito da inteligncia coletiva, sendo criada pelos planetrios conectados ao ciberespao. O autor enfatiza a cooperao competitiva no processo de construo deste conhecimento partilhado por todos. Lvy nos faz refletir ao afirmar que no somos mais apenas o que sabemos e aponta para a desterritorializao do conhecimento e para o partilhamento do mesmo contexto de criao (da inteligncia coletiva) e uma nova ecologia de comunicao.
O que mais poderia fundamentar nosso projeto? Vivendo na era do Conhecimento, na qual o capital humano - e suas competncias - o maior ativo de uma organizao no poderia faltar uma consulta ao trabalho de Philippe Perrenoud, o terico das competncias. Perrenoud inspirou a definio do objetivo geral do treinamento: criar competncias em Gerncia de Projetos e no processo de ensino-aprendizagem a distncia. E, como O objetivo agora no s passar contedos, mas preparar todos para a vida na sociedade moderna (Perrenoud, 2003) , enfatizamos que uma das principais competncias a ser desenvolvida o saber aprender sozinho (Romiszowski, 2003). Perrenoud nos inspirou, sobretudo na nfase que atribui necessidade de preparar os lderes para a prtica reflexiva, para a participao crtica, para a inovao e cooperao. No entanto, nem sempre basta termos um projeto bem desenvolvido e um produto pronto, j que a maneira como conduzimos sua implementao o que permitir a posterior aplicao do novo aprendizado pelos aprendentes. justamente na fase da implementao que existe o maior perigo dos projetos falharem (Romiszowski, 1981) j que muitas vezes o teste-piloto de um projeto mostra a inadequao das estratgicas que planejamos para nosso projeto. Passava a ser recomendada, assim, uma olhada na teoria de Everett Rogers, para que pudssemos compreender a dinmica da difuso sobretudo quando envolve inovaes como a EaD. A teoria de Rogers poderia nos ajudar a entender a forma como as pessoas reagem s mudanas e como estas evoluem ao longo do tempo. Aplicando algumas das concluses de Rogers em torno da questo da difuso, seria possvel traar estratgias que pudessem resultar em xito na implementao do treinamento, j que o terico identificou quatro elementos fundamentais no processo de difuso: a inovao propriamente dita, os canais de comunicao, o tempo e o sistema social.
relevante destacar que as concluses de Rogers nos ajudariam a nos decidir sobre o que poderia ser destacado da novidade que estvamos trazendo na empresa: ela poderia ter vantagem relativa sobre o que era habitual; ela tinha compatibilidade com o momento da empresa; ela tinha uma interessante complexidade, tinha a possibilidade de ser testada no contexto e poderia ser observado. A teoria da difuso iria, ainda, nos orientar sobre o que iramos vivenciar por ocasio da implementao do treinamento, na atitude do pblico-alvo (os gerentes) em relao inovao no formato do treinamento. Mais tarde pudemos observar quais eram os inovadores, os que adotam cedo e aqueles que estariam seguindo mais devagar e, ento, j nos havamos preparado para lidar com diversas situaes.
Para demonstrar a aplicao das diversas teorias e perspectivas tericas, elaboramos um esquema, atravs do qual se pode observar a estrutura do treinamento a distncia e a fundamentao terica do mesmo. A aplicao das teorias/perspectivas tericas selecionadas destacada atravs de setas. O esquema simples e pode servir como modelo para a questo da demonstrao do uso de teorias e perspectivas tericas.
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Figura 1 Estrutura do treinamento e fundamentao terica
O esquema acima sintetiza visualmente o ambiente de ensino-aprendizagem e os diversos recursos planejados, desenvolvidos, disponibilizados e avaliados. Vejamos, ento, como entend-lo:
. Os dois retngulos azuis no alto enunciam o treinamento e resumem suas caractersticas bsicas;
. os retngulos cinza logo abaixo destes informam sobre a fundamentao terica. De cada um deles saem setas apontando a fundamentao das estratgias selecionadas;
. esquerda (retngulo amarelo) esto as atividades pr-instrucionais, em ordem de ocorrncia. Em seguida, v-se a relao dos atos instrucionais (condies externas de aprendizagem) programados;
. Na rea circunscrita pelo pontilhado laranja visualiza-se o conjunto de elementos do treinamento: a seqncia de objetos (cerca de 60), disponibilizados em ambiente online, o conjunto de cartes impressos com contedos bsicos e orientao sobre sua aplicao, o tutorial sobre uma ferramenta especfica, as ferramentas de comunicao e as atividades programadas. V-se, ainda, meno s pesquisas (cinco ao todo) aplicadas e os dois grupos de atividades de avaliao ocorridos; . direita (retngulo verde) esto colocadas as atividades ps-instrucionais, conjuntamente com o processo de anlise das avaliaes e relatrio executivo para todos os envolvidos (stakeholders); . os dois pequenos retngulos quadriculados em laranja na parte inferior do esquema resumem o modo como a parte ensinante se organizou e o envolvimento desta com o conjunto de atividades.
Obs. Sendo o objetivo do treinamento desenvolver competncias em vrios nveis, destacamos a realizao da avaliao confirmativa e da meta-avaliao no incio de 2004, reunindo novamente todos os envolvidos.
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Concluso
O artigo destacou a importncia da fundamentao terica em um projeto instrucional e pretendeu identificar teorias e perspectivas adequadas ao contexto e situao de um problema instrucional especfico.
A EaD Educao a Distncia est se fortalecendo como formato condizente com necessidades da era do conhecimento: aperfeioamento permanente e aprendizagem vitalcia, treinamento on-the-job, aprendizagem cooperativa, distribuda, alm de questes decorrentes da compresso do tempo, caractersticas dos tempos atuais. J coexistem no mundo atual cinco geraes de EaD, cada qual com suas caractersticas e com uma gama de necessidades prprias. Conhecer a 5 gerao, suas caractersticas e demandas, no entanto, no vai necessariamente ajudar quem est ainda implantando a 1 gerao, j que as condies e os contextos so usualmente diversos. Assim sendo, aplicar solues que funcionam em um pas que j pratica a 5 gerao no garante xito mas serve como ampliao de conhecimento e, quem sabe, compreenso de como o estgio em que a EaD se encontra em nosso contexto, pode se desenvolver.
A rapidez das mudanas e a profuso de informaes disponveis - fenmenos do mundo global trazem tona a necessidade de ampliarmos nosso universo de pesquisa sobre teorias e perspectivas para fundamentar nossos projetos de EaD, sobretudo quando planejamos a implementao dos mesmos e a avaliao, distncia, da aprendizagem de nossos alunos. Alguns fenmenos que ocorrem no processo de ensino-a-prendizagem a distncia so quase que exclusivos deste formato. A auto-motivao e a conscientizao sobre auto-eficcia so essenciais para o xito do processo na medida em que, na EaD, torna-se fundamental ao aluno assumir a responsabilidade pelo aprendizado. Alm de fenmenos que poderamos classificar como tpicos de ocorrerem na EaD, h tambm a repetio de fenmenos que ocorriam apenas atravs de interaes presenciais, que agora encontram seu caminho no mundo virtual no qual ainda estamos aprendendo a viver.
Assim, gostaramos de concluir o artigo considerando que, apesar do trabalho de pesquisa para seleo de fundamentao terica ser demorado, e dos tempos velozes que nos cobram rapidez - desenvolver um projeto instrucional luz de teorias e perspectivas tericas adequadas ainda uma das decises mais acertadas e qualitativamente corretas a serem tomadas.
Referncias Bibliogrficas e Webliogrficas
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Anexo job-aid/auxlio de trabalho
A tabela anexa a este artigo foi idealizada para ensino/aprendizagem presencial ou a distncia, tendo sido iniciada durante o curso de mestrado em Design Instrucional na Universidade de Syracuse/EUA, como trabalho na matria Principles of Instruction and Learning, ministrada pelo Prof. Winthrop Rice, falecido no ltimo ano e a quem esse artigo dedicado. A tabela foi inteiramente construda com base no livro-texto do curso em questo, Learning and Instruction Theory into Practice, de Margaret Gredler.
A idia de aproveit-la aqui leva em conta que a cada dia que passa avana o conhecimento que serve ao processo de ensino-aprendizagem a distncia e, a insero da mesma nesse ambiente hipertextual amplia a possibilidade de que ela seja re-construda coletivamente - a cada minuto - tornando-se cada vez mais til como auxlio-de-trabalho (job-aid) no planejamento, projeto, implementao e avaliao de aprendizagem eletrnica.
Ainda em ingls e certamente no contendo nem uma nfima parte do que professores, instrutores e designers instrucionais tem a enfrentar no planejamento e no projeto de seu trabalho, acreditamos que ainda assim a tabela pode ser de utilidade, na medida em que permite que sejam identificadas algumas perspectivas e teorias que tem a ver com questes a serem enfocadas. Esta ajuda-de-trabalho ser de mais valia para designers instrucionais e implementadores de EaD novatos ou ainda no muito familiarizados com teorias/perspectivas tericas de ensino e aprendizagem.
Como usar/complementar a tabela: Na coluna da esquerda, uma srie de termos representam situaes que temos que enfrentar ou idias que queremos desenvolver no processo de construo de um treinamento/aula a distncia. Os termos tem a letra inicial em ordem alfabtica. Na coluna do meio esto relacionadas as perspectivas ou teorias que podem inspirar e fundamentar o projeto instrucional ou a prtica pedaggica. Estas teorias, alm de fornecer uma base cientfica, o(a) ajudaro certamente a destacar seu trabalho. Na coluna da direita, ainda vazia, podem ser indicadas outras referncias ou informaes que ajudem ainda mais o professor, instrutor ou designer instrucional em seu trabalho ou prtica pedaggica. Colabore, acrescentando informaes em uma, duas ou todas as colunas, para que esse auxilio-de-trabalho fique cada vez mais completo e til.
Teoria x EaD x Tempos Velozes
If the idea is ...
. . . these theories/perspectives can inspire you . . .
. . . . with the help of these references.
Acquired knowledge
Information-processing theory
Analysis of cumulative learning
Gagnes conditions of learning
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Appropriate behavior
Skinners operant conditioning
Attention focusing strategies
Information-processing theory
Appropriate instructional events
Gagnes conditions of learning
Advance organizers
Information-processing theory
Acquisition and performance
Gagnes conditions of learning
Attribution molding
Kellers ARCS-Motivation theory
Avoidance in punishment
Skinners operant conditioning
Change in behavior
Skinners operant conditioning
Cognitive development
Piagets cognitive development theory;
Complex learning processes
Gagnes conditions of learning
Cognitive processing
Information-processing theories
Contrived reinforcers
Skinners operant conditioning
Comprehension monitoring
Information-processing theory; Gagnes conditions of learning
Cognitive development in children with disabilities
Vygotskys sociocultural theory
Complex behavior
Skinners operant conditioning
Complex reasoning
Piagets cognitive development theory;
Components of learning
Gagnes conditions of learning
Challenge setting
Kellers ARCS-Motivation theory
Discriminability Information-processing theory
Discriminative stimuli
Skinners operant conditioning
Expert-novice differences
Gagnes conditions of learning
Encoding & construction of meaning
Information-processing theory
Evaluation strategies
Gagnes conditions of learning
Expectancy for success
Kellers ARCS-Motivation theory
Framework for learning
Information-processing theory
General strategies
Gagnes conditions of learning
Goal orientation
Kellers ARCS-Motivation theory
How-to-learn skills
Information-processing theory
Inquiry arrousal
Kellers ARCS-Motivation theory
Instruction for information processing
Information-processing theory
Internal/external Gagnes
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conditions of instruction conditions of learning Individual differences
Information-processing theory
Logical meaning psychological meaning
Information-processing theory
Levels of complex reasoning
Piagets cognitive development theory;
Learners perception of models
Social learning theory
Learners attention and learners knowledge
Information-processing theory
Learners characteristics; learners styles, types and preferences
Skinners operant conditioning; Kolbs theory of learning styles; Gardners multiple intelligences theory; Banduras social-cognitive theory
Meta-cognition and process-solving
Gagnes conditions of learning
Models Banduras social-cognitive theory
Meta-cognitive activities
Gagnes conditions of learning
Motivation Weiners Attribution theory; Kellers ARCS Motivation theory; Piagets cognitive development theory; Information-processing theory; Banduras social-cognitive theory
Management and control of learning
Gagnes conditions of learning
Mathematical errors and other problems
Gagnes conditions of learning
Natural consequences
Kellers ARCS-Motivation theory
New learning to existing learning
Information-processing theory
Ones comprehension and understanding
Gagnes conditions of learning
Peer interaction
Piagets cognitive development theory; Social Constructivism;
Preparation of learning
Gagnes conditions of learning
Processing aids in comprehension
Information-processing theory
Positive consequences
Kellers ARCS-Motivation theory
Reciprocal determinism
Social learning theory
Reinforcement of behaviors
Skinners operant conditioning
Recall and pre-requisite skills
Gagnes conditions of learning
Readiness for learning
Information-processing theory; Social-cognitive theory
Retention of learning
Gagnes conditions of learning
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Associao Brasileira de Educao a Distncia
Students attention
Information-processing theory
Selective attention
Gagnes conditions of learning
Students confidence
Kellers ARCS Motivation theory
Stimuli discrimination Skinners operant conditioning
Self-questioning strategies
Information-processing theory
Strategy flexibility
Gagnes conditions of learning
Subject matter concepts in developing higher cognitive skills
Vygotskys theory
Transfer of stimulus control
Skinners operant conditioning
Task-specific strategies
Gagnes conditions of learning
Timing of reinforcement
Skinners operant conditioning
Transfer of learning
Information-processing theory; Piagets cognitive development theory; Gagnes conditions of learning; Banduras social-cognitive theory
Young childs construction of knowledge
Piagets cognitive development theory
Writing Vygotskys theory
Zones of proximal development
Vygotskys theory
Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distncia, So Paulo, Janeiro. 2005 11