Teoria Épica - Anazildo Vasconcelos

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HISTÓRIA DA EPOPÉIA BRASILEIRA TEORIA, CRÍTICA E PERCURSO

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HISTÓRIA DA EPOPÉIA BRASILEIRATEORIA, CRÍTICA E PERCURSO

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RevisãoArgemiro Fiueiredo

Editoração EletrônicaLuiz Oliveira

CapaEstúdio Garamond / Matheus Graciano

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTEDO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

Vasconcelos da Silva, Anazildo

História da epopéia brasileira: teoria, crítica e percurso / Anazildo Vasconce-los da Silva, Christina Ramalho. - Rio de Janeiro : Garamond, 2007 352p. 16x23cm

ISBN 978-85-7617-125-6

1. Literatura - Crítica literária. 2. Literatura comparada. 3. Literatura - Per-curso literário. I. Ramalho, Christina. II. Título.

CDD 809 CDU 82.09

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HISTÓRIA DA EPOPÉIA BRASILEIRATEORIA, CRÍTICA E PERCURSO

Anazildo Vasconcelos da Silva

Christina Ramalho

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A Adalgiso Maia Neto,

o agradecimento carinhoso pela sensibilidade

do apoio imprescindível na hora precisa.

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SUMÁRIO

Introdução Geral ......................................................................................................13

Parte I

A SEMIOTIZAÇÃO ÉPICA DO DISCURSO

1 – Pressupostos Teóricos ........................................................................................ 19

1.1– A Macro-Semiótica Natural ............................................................................ 19

1.2 – As Imagens de Mundo .............................................................................. 23

1.3 – A Semiotização Retórica ........................................................................... 23

1.4 – A Semiótica Literária ................................................................................. 25

1.5 – A Referenciação Poética ............................................................................ 30

1.5.1 – A Auto-Referenciação Modernista ........................................................ 32

1.5.2 – A Hétero-Referenciação Pós-Moderna ................................................. 33

1.6 - A Semiotização Ensaística do Discurso .................................................... 37

2 – A Semiotização Épica do Discurso .................................................................... 46

2.1 – O Gênero Épico ......................................................................................... 51

2.2 - A Matéria Épica ......................................................................................... 54

2.3 – A Epopéia ................................................................................................... 56

2.4 – O Herói ..................................................................................................... 59

2.5 – A Dupla Semiotização do Discurso Épico ............................................... 62

3 – O Épico e o Romanesco ..................................................................................... 64

4 – As Matrizes Épicas .............................................................................................. 70

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4.1 – A Matriz Épica Clássica ............................................................................. 70

4.1.1 – O Modelo Épico Clássico ....................................................................... 72

4.1.2 – O Modelo Épico Renascentista .............................................................. 75

4.1.2.1 – A Estrutura Épica de Os Lusíadas de Camões ................................... 77

4.1.3 – O Modelo Épico Arcádico-Neoclássico ................................................. 80

4.1.3.1 – A Estrutura Épica de Caramuru de Santa Rita Durão ...................... 82

4.1.4 – O Modelo Épico Parnasiano-Realista ................................................... 89

4.1.4.1 – A Estrutura Épica de O caçador de esmeraldas de Olavo Bilac ........ 91

4.2 – A Matriz Épica Romântica ...................................................................... 113

4.2.1 – O Modelo Épico Medieval ................................................................... 114

4.2.2 – O Modelo Épico Barroco ..................................................................... 117

4.2.2.1 – A Estrutura Épica de Prosopopéia de Bento Teixeira ...................... 118

4.2.3 – O Modelo Épico Romântico ................................................................ 122

4.2.3.1 – Estrutura Épica de O Guesa de Sousândrade .................................. 124

4.2.4 – O Modelo Épico Simbolista-Decadentista .......................................... 134

4.3 – A Matriz Épica Moderna ........................................................................ 135

4.3.1 – O Modelo Épico Moderno ................................................................... 139

4.3.1.1 - A Estrutura Épica de Mensagem de Fernando Pessoa ..................... 141

4.3.2 – O Modelo Épico Pós-Moderno ........................................................... 153

4.3.2.1 - A Estrutura Épica de Latinomérica de Marcus Accioly ................... 155

5 – Conclusão ........................................................................................................ 173

Parte II

EM TORNO DO ÉPICO:OUTRAS CONTRIBUIÇÕES TEÓRICO-CRÍTICAS,

HIBRIDISMO, HEROÍSMO, MITO E HISTÓRIA

1. Introdução .......................................................................................................... 177

2. Outras Contribuições Teórico-Críticas sobre o Gênero Épico ........................ 180

2.1 - A Contribuição de Aristóteles ................................................................. 180

2.2 - A Contribuição de Emil Staiger ............................................................. 183

2.3 - A Contribuição de C. M. Bowra.............................................................. 186

2.4 - A Contribuição de Leo Pollmann ........................................................... 189

2.5 - A Contribuição de Gilbert Highet .......................................................... 190

2.6 – A Contribuição de Ronald Daus ............................................................ 200

2.7 - A Contribuição de Lynn Keller ............................................................... 205

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3 – O Hibridismo do Gênero Épico ..................................................................... 212

4 – O Sujeito Épico ................................................................................................. 223

5 – O Mito .............................................................................................................. 239

6 – Do Mito à História ........................................................................................... 293

7 – O Plano Literário ............................................................................................. 319

8 – Conclusão ......................................................................................................... 321

Bibliografi a ............................................................................................................. 325

Sobre os autores ..................................................................................................... 347

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INTRODUÇÃO GERAL

Esta História da Epopéia Brasileira, organizada em três volumes, conforme

plano discriminado mais à frente, foi fruto de anos de envolvimento

com poemas que, por difundirem e perpetuarem o epos – ou a demanda

simultaneamente histórica e maravilhosa que está impregnada, sob forma de

narrativas fragmentadas e múltiplas, nas diversas culturas –, constituem-se

fatores importantes para a formação de uma identidade cultural de povo e/

ou nação. Geralmente neglicenciado pelos estudos críticos a partir do século

XVIII, o gênero épico, sob o enfoque teórico aqui realizado, jamais perdeu,

contudo, seu potencial expressivo, ainda que suas manifestações tenham

recebido tratamento crítico muitas vezes deslocado das questões associadas

ao epos ou mesmo à permanência e à transformação da forma épica.

Além, todavia, das motivações particulares de cada um de nós em relação

ao gênero, tema de que trataremos neste volume, uma situação histórica

e estética bem palpável neste momento ampliou o que já nos parecia ser

indispensável no âmbito da historiografi a literária brasileira: direcionar às

epopéias brasileiras um olhar específi co que permitisse, ao mesmo tempo,

um resgate de produções literárias jamais reunidas, de forma abrangente,

como um “acervo épico” e uma contemplação antenada com as marcas do

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épico em tempos de globalização e fragmentação das identidades culturais.

Assim sendo, esta incursão pela historiografi a literária – cujo embrião

fi cou registrado em Formação épica da Literatura Brasileira (Silva, 1987) –,

incluindo obras de autoras e autores, de Anchieta à pós-modernidade, se

propõe a uma reavaliação crítica de nossa tradição épica, com resgate de

obras do passado e inclusão, no percurso épico, de obras produzidas nos

séculos XX e XXI. A base teórica de tal abordagem é a Semiotização Épica

do Discurso, teoria que sustenta a epopéia como legítima manifestação

literária que, aqui no Brasil, em muito, contribui para afi rmação de nossa

identidade cultural. Pretende-se, assim, a partir do resgate teórico do

gênero, realizar a (re)leitura de poemas longos do passado e da atualidade,

promovendo, em muitos casos, uma nova compreensão dessas obras no

contexto da produção literária brasileira, e oferecer, ao mesmo tempo,

a pesquisadores igualmente voltados para o tema, um texto de natureza

teórica, crítica e historiográfi ca, por meio do qual algumas questões sobre

o gênero, suas manifestações e particularidades possam ser retomadas,

inauguradas ou mesmo transgredidas. Cientes do pioneirismo desta

empreitada, esperamos, portanto, mais adiante, ampliar signifi cativamente

o interesse pela épica brasileira e, com isso, trazer ao centro dos estudos

literários obras de escritoras e escritores que há muito vêm carecendo de

olhares críticos atentos à sua importância estética e cultural.

O plano geral da obra inclui três partes distintas – teoria, crítica e

percurso –, organizadas sob forma de volumes, que contemplam o épico,

respectivamente, nas perspectivas teórica, analítica e historiográfi ca. Tal

metodologia pretende deixar mais visíveis os critérios teóricos nossos

e alheios que permitem o reconhecimento da permanência tanto do

epos, como pulsão cultural, quanto do épico, como produção cultural; as

possibilidades analíticas oriundas das relações entre o que há de geral e de

específi co nas manifestações épicas, incluindo aí questões de ordem sócio-

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cultural e estética; e o percurso propriamente dito, que reúne nomes e obras

que se encadeiam em nosso acervo épico.

Este volume, dessa forma, apresenta, em sua primeira parte, escrita

por Anazildo Vasconcelos da Silva, a Semiotização Épica do Discurso,

devidamente sustentada por refl exões de ordem semiológica sobre o

discurso literário, em suas dimensões retóricas e de gênero, assinalando, na

manifestação literária do discurso épico, especifi cidades tais como: a dupla

instância de enunciação (lírica e narrativa), a forma lírica, a elaboração de

uma matéria épica, a presença dos planos maravilhoso, histórico e literário,

a presença de um relato de viagem, a atuação de heróis ou heroínas com

características específi cas da epicidade. Além das considerações teóricas

sobre esses aspectos, a teoria registra as transformações do gênero, através

dos tempos, que defi niram, segundo o enfoque proposto, modelos épicos

específi cos e igualmente relevantes para a perpetuação da epopéia como

uma manifestação legítima e de importante valor cultural. A segunda

parte, de autoria de Christina Ramalho, amplia essas refl exões através da

Semiótica Cultural e agrega à base teórica apresentada, uma visita sucinta

à contribuição de outros estudiosos, refl exões sobre o caráter híbrido do

gênero, considerações sobre a relação entre sujeito, História e heroísmo,

e, principalmente uma abordagem aprofundada da categoria Mito e do

processo nomeado circularidade cultural das imagens míticas. A opção

pela autoria individualizada partiu da necessidade de se salientarem, neste

primeiro momento, os encaminhamentos particulares de pesquisa, que,

jamais incongruentes, trazem, contudo, visões próprias que objetivamos

aqui, e somente aqui, destacar, visto que, a partir de nossos estudos

particulares, pudemos reunir forças para, em conjunto, realizar esta

obra.

O segundo volume, escrito a quatro mãos, compreende o estudo

crítico de vinte epopéias brasileiras. Tal incursão crítica objetiva não só

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operacionalizar os conceitos teóricos abordados no primeiro volume como

já delinear uma diacronia épica brasileira, uma vez que serão tomadas obras,

autores e autoras pontualmente inseridos na Literatura Brasileira desde o

século XVII até o contexto atual. O destaque dado a essas obras não tem,

contudo, a pretensão improfícua de estabelecer ou desenhar qualquer tipo

de “cânone épico”, mas, apenas, preparar as bases da visão historiográfi ca

que caracteriza o terceiro volume, a partir de uma maior consolidação do

enfoque teórico utilizado. Dado o número expressivo de poemas longos

passíveis de serem analisados como manifestações do discurso épico, não

se encontraria, no terceiro volume, espaço para uma análise mais detalhada

dos poemas.

O terceiro volume, por fi m, reunirá a abordagem historiográfi ca

propriamente dita, na qual se dará destaque a questões tais como: as

transformações estéticas da literatura ocidental e suas infl uências em

nossa literatura; as relações entre as transformações do gênero épico e as

estéticas literárias; a inscrição de autores e autoras no universo da epopéia

brasileira, com destaque para suas heranças e posteriores infl uências;

a variação de visões de mundo impressas em nosso acervo épico, com

destaque para questões próprias da identidade nacional; a pertinência do

reconhecimento de uma épica popular traduzida na literatura de cordel; e,

fi nalmente, considerações sobre as tendências e os rumos da épica brasileira

no contexto de uma realidade globalizada.