Teorias da adm ii 2edicao nacional miolo grafica

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TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO II 2012 2ª edição Alessandra de Linhares Jacobsen Luís Moretto Neto Ministério da Educação – MEC Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Diretoria de Educação a Distância – DED Universidade Aberta do Brasil – UAB Programa Nacional de Formação em Administração Pública – PNAP Bacharelado em Administração Pública Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:17 1

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  • TEORIAS DA ADMINISTRAO II

    2012

    2 edio

    Alessandra de Linhares JacobsenLus Moretto Neto

    Ministrio da Educao MEC

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES

    Diretoria de Educao a Distncia DED

    Universidade Aberta do Brasil UAB

    Programa Nacional de Formao em Administrao Pblica PNAP

    Bacharelado em Administrao Pblica

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  • 2012. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. Todos os direitos reservados.

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    1 ao 3, sem prejuzo das sanes cveis cabveis espcie.

    1 impresso 2009

    J17t Jacobsen, Alessandra de LinharesTeorias da administrao II / Alessandra de Linhares Jacobsen, Lus Moretto Neto. 2.

    ed. reimp. Florianpolis : Departamento de Cincias da Administrao / UFSC, 2012.168 p. : il.

    Inclui bibliografiaBacharelado em Administrao PblicaISBN: 978-85-7988-006-3

    1. Teorias da Administrao. 2. Administrao Histria. 3. Mudana organizacional.4. Sistemas sociais. 5. Educao a distncia. I. Moretto Neto, Lus. II. Coordenao deAperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (Brasil). III. Universidade Aberta do Brasil.IV. Ttulo.

    CDU: 65.01

    Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB-14/071

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  • DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDTICOSUniversidade Federal de Santa Catarina

    METODOLOGIA PARA EDUCAO A DISTNCIAUniversidade Federal de Mato Grosso

    AUTORES DO CONTEDOAlessandra de Linhares Jacobsen

    Lus Moretto Neto

    PRESIDNCIA DA REPBLICA

    MINISTRIO DA EDUCAO

    COORDENAO DE APERFEIOAMENTO DE PESSOAL DE NVEL SUPERIOR CAPES

    DIRETORIA DE EDUCAO A DISTNCIA

    EQUIPE TCNICACoordenador do Projeto Alexandre Marino Costa

    Coordenao de Produo de Recursos Didticos Denise Aparecida Bunn

    Capa Alexandre Noronha

    Ilustrao Igor Baranenko

    Adriano S. Reibnitz

    Lvia Remor Pereira

    Projeto Grfico e Finalizao Annye Cristiny Tessaro

    Editorao Rita Castelan

    Reviso Textual Sergio Meira

    Crditos da imagem da capa: extrada do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.

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  • SUMRIO

    Apresentao.................................................................................................... 7

    Unidade 1 Conhecimento, Cincia e Administrao

    Conhecimento, Cincia e Administrao Notas para Reflexo........................... 11

    Senso Comum e Cincia................................................................................ 13

    Unidade 2 Primrdios da Administrao

    Primrdios da Administrao................................................................... 25

    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao:1900 1950

    Transformao do Pensamento Administrativo................................................. 35

    Os Primeiros 50 anos....................................................................................... 41

    Administrao Sistemtica............................................................................ 42

    Administrao Cientfica............................................................................ 44

    Gesto Administrativa............................................................................ 52

    Escola de Relaes Humanas........................................................................ 56

    Burocracia...................................................................................... 63

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  • 6Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    Unidade 4 Escolas e Abordagens do Pensamento Administrativo doPerodo Contemporneo

    Teorias Contemporneas......................................................................... 81

    Administrao Quantitativa............................................................................ 82

    Comportamento Organizacional..................................................................... 86

    Escola Sistmica............................................................................ 92

    Teoria Contingencial........................................................................ 97

    Outras Concepes Tericas.......................................................................... 102

    Gesto da Qualidade Total........................................................................... 105

    Organizaes Inteligentes........................................................................... 109

    Reengenharia........................................................................... 113

    Viso Global das Escolas Contemporneas........................................................... 116

    Unidade 5 Gesto por Funo e Gesto por Processo

    Gesto por Funo................................................................................ 127

    Gesto por Processo.......................................................................... 131

    Anlise das Relaes Interorganizacionais e Processo de Convergncia Terica.. 134

    Guerreiro Ramos e os Estudos Organizacionais................................................... 136

    Alberto Guerreiro Ramos: Cientista Social Brasileiro frente de seu Tempo... 136

    Unidade 6 Sistema Administrativo e Mudana na Organizao

    Sistema Administrativo e Mudana na Organizao.................................... 145

    Mudana Organizacional...................................................................................... 153

    Inspirao para Mudar........................................................................... 153

    Consideraes finais................................................................................. 161

    Referncias.................................................................................................... 162

    Minicurrculo.................................................................................................... 168

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  • 7Mdulo 2

    Apresentao

    APRESENTAO

    Caro estudante!

    Seja bem-vindo disciplina Teorias da Administrao II.Para acompanh-la, voc conta com este l ivro-texto querepresenta, sobretudo, uma alternativa para ampliar aspossibilidades de comunicao e de aprendizado com voc,estudante do Curso de Bacharelado em Administrao Pblica adistncia, eliminando definitivamente os limites de tempo e deespao impostos pela rigidez estrutural tpica da escola tradicional.

    Com este material, procuramos demonstrar o efeitocumulativo e gradativamente abrangente das diversas teorias daAdministrao com suas diferentes contribuies e seus diferentesenfoques. As contribuies que serviram de base para a formaoda Cincia da Administrao vieram das mais variadas fontes.Inicialmente, temos as experincias vividas por povos dascivilizaes antigas, passando pelos princpios praticados porinstituies como a Igreja Catlica e a organizao militar echegando a figuras de destaque como Charles Babbage, AdamSmith, Frederick Taylor, Henry Ford, Henri Fayol, Abraham Maslow,Elton Mayo, Mary Parker Follet, Douglas McGregor, Max Weber,Michael Hammer e William Deming, entre tantos outros.

    No processo de transformao, observamos, assim, umasequncia de teorias que na maioria das vezes se complementame em outras se confrontam. Notamos, tambm, que cada teoriaadministrativa procurou enfatizar uma dimenso da organizao tarefas, pessoas, estrutura, ambiente e tecnologia omitindoou relegando a um plano secundrio todas as demais. Todas,

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  • 8Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    porm, buscam enriquecer o conhecimento do administrador,instrumentalizando-o para a sua prtica administrativa.

    Diante desse cenrio, percebemos hoje na Cincia daAdministrao certa complexidade, j que encerra em siconhecimentos de vrias outras reas, seja da Matemtica e daEstatstica, da Sociologia, da Psicologia, da Antropologia, doDireito e, at mesmo, da Biologia.

    E, desde que foi formalmente reconhecida, em decorrnciados efeitos causados pela Revoluo Industrial, essa cincia tem semostrado cada vez mais essencial no dia a dia das organizaes,possibilitando a melhora dos seus processos e a gerao de produtose servios de qualidade.

    Esse o nosso desafio, oferecer uma viso das teorias daAdministrao para que voc possa desenvolver uma base slidapara a continuao de seus estudos e a aplicao do conhecimentoobtido nessa rea.

    Desejamos a voc muito sucesso nessa caminhada!

    Professora Alessandra de Linhares JacobsenProfessor Lus Moretto Neto

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  • 9Mdulo 2

    Unidade 1 Conhecimento, Cincia e Administrao

    UNIDADE 1

    OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEM

    Ao finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de: Analisar a relao entre conhecimento, cincia e administrao; Estabelecer relaes e correlaes entre as concepes de senso

    comum e cincia, tcnica e cincia, teoria e paradigma eparadigma e escola do pensamento; e

    Situar a Administrao no contexto das Cincias Sociais Aplicadas.

    CONHECIMENTO, CINCIAE ADMINISTRAO

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  • 10Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

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  • 11Mdulo 2

    Unidade 1 Conhecimento, Cincia e Administrao

    CONHECIMENTO, CINCIA EADMINISTRAO NOTAS PARA REFLEXO

    Caro estudante,Na disciplina Administrao I, voc estudou o conceito deAdministrao, bem como o papel do administrador nomercado de trabalho e as funes essenciais ao exerccioda atividade profissional. Estudou, ainda, a natureza e acomplexidade das organizaes do primeiro, segundo eterceiro setor, respectivamente, as pblicas, privadas e asno governamentais.No primeiro mdulo, voc estudou tambm os pressupostos,os mtodos e as tcnicas de pesquisa na disciplina deMetodologia de Estudo e Pesquisa em Administrao.Para avanar, iremos resgatar alguns elementos relacionadosao conhecimento, cincia e Administrao.Lembre-se de que estamos juntos nesta caminhada dedescobertas e crescimento por meio do conhecimento.Bons estudos!

    Como j vimos no mdulo anterior, a Administrao umcampo do conhecimento das Cincias Sociais Aplicadas quepossibilita entender, interpretar, avaliar e julgar o funcionamentodas organizaes sociais de produo.

    No raro, quando lemos textos de Administrao ou mesmoquando assistimos a palestras e a conferncias de estudiosos epesquisadores da rea, nos deparamos com o estabelecimento deanalogias entre:

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  • 12Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    senso comum e cincia; tcnica e cincia; teoria e paradigma; e paradigma e escola do pensamento.

    Esse emaranhado de analogias e correlaes precisa ser

    esclarecido, afinal vamos iniciar os estudos das escolas do

    pensamento da Administrao como campo cientfico. Mas

    como entender? Vamos ver juntos?

    No mbito da anlise e estudo organizacional,encontraremos os sistemas* fundamentados no interesse gerale comum e os assentados num interesse particular e comum. Noprimeiro grupo, encontram-se aquelas unidades sem organizaodefinida vila, povoado , as semiorganizadas cidade, regio e as organizadas a igreja, o Estado.

    Ao concluir este curso de graduao, voc estar habilitadoao processo de gerenciamento de sistemas organizados,particularmente, por meio da conduo dos entes que integram asdiversas estncias de governana.

    Vamos resgatar, ainda, os sistemas baseados no interesseparticular e comum, os quais podem adquirir configuraesdistintas por meio de entes sem organizao definida, como os gruposraciais ou mesmo as classes sociais, os semiorganizados famlia,turma de amigos e os organizados escolas, associaes,sindicatos, empresas.

    para atuar na conduo dos interesses dos sistemasorganizados que estudamos Administrao e para poderinterpret-los, modific-los que iremos estudar as teorias daAdministrao.

    Para entendermos os sistemas organizados de produo combase em suas particularidades, no estudo das teorias da Administraofaremos uso de algumas categorias de anlise, tais como:

    *Sistema Conjunto in-

    tegrado de elementos

    dinamicamente inter-

    relacionados, desen-

    volvendo uma atividade

    ou funo, para atingir

    um ou mais objetivos

    comuns ao conjunto.

    Fonte: Lacombe (2004).

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  • 13Mdulo 2

    Unidade 1 Conhecimento, Cincia e Administrao

    abordagem da organizao; conceito bsico de organizao; caractersticas bsicas da administrao; conceito de homem; comportamento organizacional do indivduo; sistema de incentivos; relao entre os objetivos organizacionais e os

    individuais; e

    resultados almejados.

    Vamos retomar as analogias apontadas, passo a passo,com o apoio de cientistas e pesquisadores que trabalham afilosofia da cincia, tais como: Thomas S. Kuhn, Mario Bunge,Rubem Alves e Carlos Osmar Bertero.

    SENSO COMUM E CINCIA

    Certamente voc j ouviu ou proferiu esta expresso: [...] do senso comum [...]; fulano sempre procedeu dessa forma, combase no senso comum [...].

    Mas o que significa a expresso senso comum?

    a maneira de o homem interpretar o universo, o mundo,as organizaes e a si mesmo. fruto da busca emprica do homempara soluo de seus problemas cotidianos.

    Para Alves (1996), o senso comum tudo o que no cincia.

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  • 14Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    E, cincia? O que voc entende por cincia?

    Temos estudado e aprofundado nossos estudos, neste curso,orientados por aspectos da cincia. A cincia fruto do estudo, dameditao articulada e coordenada com relao a determinadoobjeto ou campo da ao humana.

    Portanto, podemos afirmar que a Administrao um campodeterminado de estudo cujo objeto central da anlise a organizaode produo e a aplicao dos seus recursos para alcance deobjetivos especficos.

    Cabe destacar, por tanto, que existem diferenasfundamentais entre cincia bsica e aplicada, de acordo com ainterpretao de Bunge (1980). A cincia bsica se propeunicamente a enriquecer o conhecimento humano sobre asinteraes, as premissas estabelecidas e os resultados obtidosseja nas dimenses tericas ou nas experimentais (BUNGE, 1980).

    Cincia bsica diferente de cincia aplicada.

    J a cincia aplicada faz uso dos conhecimentos derivadosda cincia bsica na busca de novos conhecimentos e deaplicativos para estes (BUNGE, 1980).

    possvel, ento, af irmarmos que a tcnica, como

    materialidade do conhecimento cientfico, a pura aplicao

    para soluo de problemas da sociedade, representando o

    mesmo significado para cincia bsica e cincia aplicada?

    No, a tcnica da cincia bsica diferente da tcnica dacincia aplicada. A tcnica fruto da cincia. a cincia aplicada!Utilizando exemplos de Bunge (1980), podemos considerar que a

    vNo escopo da cincia, aAdministrao classificada na categoria

    de cincia social

    aplicada.

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  • 15Mdulo 2

    Unidade 1 Conhecimento, Cincia e Administrao

    fsica nuclear cincia bsica, ao passo que a radioqumica decombustveis cincia aplicada e os mtodos de eliminao dedejetos radioativos so tcnicas derivadas da cincia em anlise.No sentido inverso de raciocnio, o planejamento cultural ou polticode um povo uma tcnica da Sociologia do Desenvolvimento cincia aplicada que fruto da Sociologia cincia bsica.

    Afinal, a cincia bsica tem seu enfoque na descoberta deleis que permitam explicar a realidade dos fenmenos estudadosem sua totalidade. A cincia aplicada, por sua vez, tem seuenfoque voltado ao controle de determinados setores da realidadecom a ajuda do conhecimento cientfico (BUNGE, 1980).

    Para que voc possa melhor compreender as diferenasexistentes em cada uma das categorias nominadas e facilitarsua compreenso acerca das escolas do pensamento daAdministrao, observe o Quadro 1, comparativo, desenvolvido porBunge (1980).

    Quadro 1: Comparativo: Cincia bsica, cincias aplicadas, tcnicas e produtosderivados

    Fonte: Adaptado de Bunge (1980)

    CINCIA BSICA

    Matemtica

    Astronomia

    Fsica nuclear

    Biologia

    Sociologia

    CINCIASAPLICADAS

    Todas

    ptica de teles-cpios ...

    Estudos defisso e fuso,r a d i o q u m i c ade combust-veis e produtosnucleares

    Botnica e Zoo-logia

    Sociologia dod e s e n v o l v i -mento

    TCNICAS

    Todas

    Projeto de proces-sos para fabricartelescpios eb o l m e t r o s ,arquiteturas deobservatrios

    Projetos de reato-res nucleares, me-talurgia dereatores nucleares

    Fototecnia eZootecnia

    Planejamento dodesenvolvimentoeconmico ...

    PRODUO ECOMERCIALIZAO OU SERVIOS

    Consultorias

    Indstria ptica, in-dstria fotogrfica ...

    Indstria nuclear; fa-bricao de reatores earmas nucleares, en-genharia de usinasnucleares

    Indstrias agrope-curias, servios desade

    Implementao deplanos de desenvolvi-mento

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  • 16Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    Voc se lembra das analogias estabelecidas no incio desta

    Unidade, onde conversamos sobre senso comum, cincia

    e tcnica? Ento vamos dar um passo adiante e desvendar

    a relao entre teoria e paradigma.

    A cincia a transformao do senso comum por meio daarticulao, da coordenao e da sistematizao do conhecimento.

    Nesse universo de estudo, no raro surgem algumas dvidas,tais como:

    Qual o significado da palavra teoria? Como se d a sua construo? E quem a empreende?

    A cincia experimenta seudesenvolvimento, seus avanos, seusretrocessos e sua estagnao por meio deprocessos que ocorrem base de ritos eprocedimentos validados por membros dacomunidade.

    O agente de sua conduo o cientistaou terico, assim designado por conhecercientificamente os princpios e fundamentosde uma arte ou de um campo de estudo.

    De acordo com Bunge (1980), sem teoria no h cincia, pois ateoria cumpre a funo de sistematizar o saber a partir de um corpode enunciados e princpios articulados e autnomos, a partir delinguagem prpria. Para Popper (apud BRUYNE, 1977, p. 102),[...] as teorias so redes estendidas para capturar o que chamamoso mundo para racionaliz-lo, explic-lo e domin-lo.

    A teoria fruto da pesquisa, na confrontao e testagemdos fatos a partir das suas hipteses estruturantes. Ela, portanto, derivada de esforo articulado e continuado da pesquisa. uminstrumento da cincia, na medida em que orienta e restringe a

    Cientista ou terico

    Fruto do trabalho do terico surge a

    Theoria, uma palavra de origem grega cujo

    significado est relacionado dimenso

    de uma viso especulativa global, na qual

    diversos fenmenos coerentemente

    estruturados recebem uma explicao ca-

    bal. Fonte: MEC (1976, p. 647).

    Saiba mais

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  • 17Mdulo 2

    Unidade 1 Conhecimento, Cincia e Administrao

    amplitude dos fatos estudados, possibilita esquema conceitual parainterpretao e anlise dos fenmenos, resume os fatos emgeneralizaes empricas e em sistemas de generalizaes, prevfatos e aponta lacunas do conhecimento em si (GOODE, 1975).Por outro lado, os fatos so geradores da teoria, seja por meio daidentificao inicial dos seus elementos distintivos e genricos, sejada consequente rejeio e reformulao das teorias diante dosparadigmas.

    Paradigma? A teoria encontra no paradigma o seu ponto de

    sustentao, no mbito da comunidade cientfica. Ento, voc

    j sabe o que significa paradigma?

    De acordo com Kuhn (1990, p. 55), trata-se de [...] ummodelo ou padro aceitos e cumpre funo de gerar harmonizaodos fatos com a teoria e de sua articulao com a teoria.

    Para Bertero (2006), a construo do conhecimento cientficoem Administrao, no Brasil, ainda est muito sujeita aos modismosgerenciais oriundos dos Estados Unidos e, no raro, carece decritrios de cientificidade exigidos no rito acadmico, por parte dosmembros da comunidade.

    O autor destaca, ainda, que pesquisas e estudosconstrudos com base nos pressupostos do positivismoapresentam resultados distintos daqueles trabalhados empressupostos fenomenolgicos. Analisando tambm aconstruo do conhecimento cient f ico emAdministrao, no Brasil, Bertero (2006) destaca queexiste forte influncia da teoria dos sistemas e forteinclinao funcionalista na interpretao dos fenmenosorganizacionais.

    Segundo Lacombe (2004), o paradigma cumpre funoestruturante nos processos de construo, desenho, configurao edifuso do conhecimento cientfico. Ele um conjunto de premissas

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  • 18Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    que estabelecem limites e proporcionam orientao para tomardecises e resolver problemas dentro desses limites, bem como parajulgar, perceber e interpretar fatos. Pode, logo, ser visto como umconjunto de pressupostos subconscientes e no questionados.

    As premissas do paradigma fundamentam o modo de pensar,perceber e compreender a vida segundo realizaes reconhecidasdurante algum tempo por uma comunidade cientfica especfica(LACOMBE, 2004).

    O paradigma estabelece, portanto, os critrios de definioe formulao do problema a ser estudado e analisado cumprindofuno de quadro de referncia. No campo das cincias, osparadigmas, como instrumentos com funo consultiva, podemser alinhados em quatro grupos de referncias:

    Positivismo : foi um pensamento doutrinriosistematizado pelo francs Auguste Conte que dizque o processo social segue trs estgios:o teolgico-primitivo, o metafsico-intermedirio e oposit ivo-verdade cient f ica. O estgio posit ivopossibilita a descoberta de conhecimentos confiveisacerca das cincias e de sua aplicao emmelhorias da vida associada (LACOMBE, 2004).A especificidade do quadro positivista, no campo dascincias sociais, a pesquisa, segundo Bruyne(1977) por meio da observao de dados daexperincia, das leis gerais que regem os fenmenossociais. O positivismo tem como escopo a deduode princpios embasados na observao deregularidades.

    Compreenso: tem como foco a demonstrao dassignificaes internas dos comportamentos, a partirdo estudo de objetos singulares (BRUYNE, 1977).

    Funcionalismo: em contraposio ao enfoque dacompreenso, o funcionalismo estuda as formasdurveis da vida social e cultural, produtos de uma

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  • 19Mdulo 2

    Unidade 1 Conhecimento, Cincia e Administrao

    institucionalizao: os papis, as organizaes etc.(BRUYNE, 1977). comum, nos estudos funcionalistas,a aplicao de anlises de cunho comparativo na buscada identificao de relaes e inter-relaes dossistemas e seus meios. A grande contribuio dofuncionalismo, no campo das cincias sociais, residena exposio das contradies internas que ocorremnos sistemas sociais.

    Estruturalismo: tem sua essncia na busca daspropriedades intrnsecas das palavras. Portanto, aoestudarmos as correntes do pensamento daAdministrao, estaremos estabelecendo relaes econtextual izaes das abordagens com osparadigmas nominados.

    Complementando...A construo do nosso conhecimento uma busca contnua. Por isso,amplie sua pesquisa fazendo, pelo menos, algumas das leituras sugeridasa seguir:

    Introduo teoria geral da administrao de Idalberto Chiavenato.Nessa obra voc encontrar o estudo das teorias da Administrao.

    A cincia no cotidiano de Fischer Len. Nesse contexto voc tem aoportunidade de conhecer a aplicao da cincia no cotidiano da vida.

    Ensino e Pesquisa em Administrao captulo 1 de Carlos OsmarBertero. Essa obra faz um resgate histrico do ensino da Administrao,da formao de administradores, da expanso da ps-graduao, dapesquisa em Administrao em nosso Pas.

    Administrador da Srie Profisses Publifolha. Nessa obra podemosaprofundar nossos conhecimentos sobre o que ser um administrador,sobre as especialidades da profisso, alm das reas mais promissorasde atuao profissional.

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  • 20Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    ResumindoNesta Unidade, trabalhamos a relao entre conheci-

    mento, cincia e administrao com objetivo de remet-lo

    ao estudo das escolas do pensamento da Administrao.

    Trabalhamos, ainda, as relaes e correlaes entre as

    concepes de senso comum e cincia, tcnica e cincia,

    teoria e paradigma e paradigma e escola do pensamento.

    Caracterizamos que o senso comum trata da maneira do ho-

    mem interpretar o universo, o mundo, as organizaes e a si

    mesmo.

    Destacamos, tambm, que a cincia fruto do estu-

    do, da meditao articulada e coordenada com relao a

    determinado objeto ou campo da ao humana, ao passo

    que a tcnica o conhecimento aplicado para a soluo de

    problemas. Resgatamos o conceito de paradigma como ele-

    mento estruturante da cincia e harmonizador dos fatos com

    a teoria.

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  • 21Mdulo 2

    Unidade 1 Conhecimento, Cincia e Administrao

    Atividades de aprendizagem

    Agora que sabemos o significado e a importncia doparadigma para o conhecimento cientfico, vamos avanarno estudo do pensamento da Administrao. Mas antes depassar Unidade 2, vamos verificar como foi seuentendimento at aqui? Para isso, procure resolver asatividades propostas a seguir:

    1. Com base na leitura da Unidade 1, assinale com V para a(s)

    afirmativa(s) verdadeira(s) ou F para a(s) falsa(s).

    ( ) A Administrao um campo do conhecimento das Ci-

    ncias Sociais Aplicadas.

    ( ) O senso comum fruto do conhecimento cientfico.

    ( ) A cincia fruto do conhecimento emprico do homem

    para a soluo dos seus problemas cotidianos.

    ( ) A tcnica representa o mesmo significado da cincia

    bsica.

    ( ) A cincia bsica tem seu enfoque na descoberta de leis

    para explicar a realidade dos fenmenos estudados em

    sua totalidade.

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  • 22Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    2. Com base na tabela comparativa produzida por Bunge (1980), es-

    tabelea relaes entre as colunas:

    A) Cincia aplicada.

    B) Cincia bsica.

    C) Tcnicas.

    D) Produo bens/servios.

    ( ) Implementao de planos de desenvolvimento.

    ( ) Indstrias agropecurias.

    ( ) Matemtica.

    ( ) Sociologia do desenvolvimento.

    ( ) Planejamento econmico.

    3. Escolha a alternativa que representa o significado da assertiva:

    Modelo, padro harmonizador dos fatos e de sua articulao com

    a teoria.

    a) Cincia.

    b) Senso comum.

    c) Escola ou corrente.

    d) Paradigma.

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1822

  • Mdulo 2

    Unidade 1 Conhecimento, Cincia e Administrao

    23Mdulo 2

    Unidade 2 Primrdios da Administrao

    UNIDADE 2

    OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEM

    Ao finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de: Demonstrar conhecimento de aspectos pontuais da histria das

    civilizaes ocidental e oriental que retratam prticas gerenciaisem sistemas fundamentados no interesse geral e comum e osassentados em um interesse particular e comum;

    Compreender a importncia da gesto no processo da vidaassociada; e

    Descrever a contribuio de outros campos da cincia formaodo pensamento da Administrao.

    PRIMRDIOS DA ADMINISTRAO

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  • 24Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

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  • 25Mdulo 2

    Unidade 2 Primrdios da Administrao

    PRIMRDIOS DA ADMINISTRAO

    Caro estudante,Na Unidade anterior, estudamos as relaes entreconhecimento, cincia e administrao. Entretanto, quandoestudamos aspectos da histria das sociedades sejaresgatando aspectos organizacionais nas comunidadesprimitivas ou mesmo nas medievais , iremos encontrarindicativos e referncias relacionadas a prticas de gesto,particularmente, a prticas de gesto pblica.Considerando o objeto central de anlise de nosso curso,no podemos ignorar as manifestaes gerenciais ocorridasem estgios distantes do denominado conhecimentocientfico da Administrao. Ao contrrio, necessitamosconhecer as ocorrncias para interpretarmos muitos dosfatos estudados contemporaneamente.Vamos comear?

    impossvel imaginarmos ou mesmo interpretarmos os povosantigos, suas conquistas espaciais e seus avanos coletivosdesprovidos de critrios de gesto, particularmente quando o focoda anlise o conhecimento e a interpretao da contribuio dagesto aos feitos ocorridos no tempo e no espao.

    Vamos iniciar nossa viagem no tnel do tempo em pocaspr-histricas, 10.000 9.000 a.C., quando aspectos relacionados gesto da guerra entre povos, por exemplo, demandavam aaplicao de princpios gerenciais na formao de exrcitos, naproduo de armamentos, na diviso de tarefas, dentre outrasatividades.

    Alguns dos feitos da poca instrumentos ou mesmoreferncias territoriais nos permitem constatar aes derivadas desinergias coletivas e pressupor a aplicao de prticas gerenciais.

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  • 26Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    Avanando no tempo, vamos para a Antiguidade e,estudando traos dos povos sumrios, egpcios, babilnicos,hebreus, chineses, gregos, indianos ou romanos, constatamos queas evidncias de articulao, cooperao coletiva e coordenaoso bastante acentuadas.

    A Sumria, por exemplo, considerada a civilizao maisantiga da humanidade, localizando-se ao sul da Mesopotmia.A estrutura social dos sumrios est organizada em torno dasgrandes cidades, as quais eram distribudas arquitetonicamente noentorno das burocracias sacerdotais e dos templos. As terras noentorno das cidades eram tratadas por sistemas de irrigao efuncionavam a partir de rios prximos.

    Reflita: como imaginar um empreendimento dessa envergadura

    sem a aplicao de critrios de gesto?

    Ento, voltando aos sumrios, com eles ocorreu odesenvolvimento da escrita para fins litrgicos. No Egito Antigo 5.000 a.C. , a construo da Pirmide de Kops, com rea de 13acres (medida inglesa), demandou a alocao de 2.300 blocos, cadaqual com duas toneladas, tendo mobilizado o trabalho de mais decem mil homens em um intervalo de 20 anos (GEORGE JR.;MEDINA, 2005). Tal obra caracterizou um empreendimento pblicode complexa concepo e construo, em um perodo em queocorria a aplicao de tecnologias rudimentares. Contudo, suaviabilidade ocorreu em virtude da aplicao de mtodos e critriosde gesto. Isso gesto, e gesto pblica.

    Os egpcios contriburam, ainda, com as escrituras, aestruturao de escolas, na definio de juntas de conselhos, nodetalhamento do trabalho e de sua decomposio em tarefas. Masno perca de vista que estamos tratando de feitos em perodo queantecede a era crist.

    O governo egpcio, durante o Velho Imprio (4000-2700 a.C.),o Mdio Imprio (2700-1600 a.C.) e o Novo Imprio, aplicou

    vBusque informaesadicionais em .

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  • 27Mdulo 2

    Unidade 2 Primrdios da Administrao

    princpios de centralizao e de descentralizao fiscal, bem comocritrios de controle comparveis aos estados feudais da EuropaMedieval.

    O resgate de alguns tpicos no tempo e no espao, comrelao aos feitos das sociedades, utilizando a lente de interpretaode quem estuda a gesto, nos remete a profundas reflexes a respeitodo nosso campo de estudo, que dispe de inmeros aspectos denatureza emprica que contriburam para a anlise cientfica.

    O povo egpcio, da Babilnia e os hebreus deixaramlegados relevantes para a histria das sociedades,muitos dos quais construdos a partir de critrios degesto.

    impossvel desconsiderar o que o Cdigo de Hamurabiestabelece acerca de critrios de ordenamento de salrios-mnimos,do controle das riquezas, da responsabilidade civil dos atos emsociedade ou da sade coletiva, entre outros aspectos (GEORGEJR.; MEDINA, 2005). Sem contar o povo hebreu, representado porseu grande lder Moiss, cuja capacidade de liderana, articulaoe coordenao garantiu a liberdade coletiva.

    Ainda no Oriente, cabe destacarmos aspectos do Imprioda China, em 500 a.C. Diante da necessidade de ter um sistemaorganizado de governo, foi elaborada a Constituio de Chow, queapresentava oito regras de Administrao Pblica, de Confncio,que so:

    o alimento; o mercado; os ritos; o ministrio do emprego; o ministrio da educao; a administrao da justia;

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1827

  • 28Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    a recepo dos hspedes; e o exrcito.

    Note o perodo a que estamos nos reportando. Estamos numaviagem ao tnel do tempo, na qual cabe-nos destacar, ainda, queos exrcitos e a Igreja Catlica h muito tempo fazem uso deprincpios gerenciais, muitos dos quais vigentes at os dias atuais.

    Alis, no mundo empresarial e acadmico, particularmenteno campo da gesto e da pesquisa relacionada estratgia, ocorreo emprego frequente da guerra como metfora para analisar asadversidades derivadas de processo competitivo. Nesse contexto, recorrente o emprego da obra clssica de Sun Tzu A arte da Guerra.

    Reflita: estamos falando de um pensamento antigo e, ao mesmo

    tempo, atual na aplicao de princpios de gesto e conduo

    de organizaes de produo!

    Ainda na Grcia Antiga, 350 a.C., ocorreuo desenvolvimento e a aplicao do mtodocientfico na relao entre trabalho e tempo.

    Como comentamos, de fato, a gesto,como campo de estudo e ao, recebeucontribuies de inmeras sociedades desde aAntiguidade. E nossa viagem ao tnel do tempopode ser estendida a outros povos e pocasdistintas nos territrios da ndia, Itlia, Inglaterra,Esccia, Estados Unidos e Frana, dentre outrospases, onde podemos identificar contribuies efeitos para a construo da gesto campo doconhecimento (GEORGE JR.; MEDINA, 2005).

    Esse resgate histrico nos permitecompreender que a Administrao recebeu

    vNa disciplina de Teoria daAdministrao I, vocestudou as funes que

    foram delineadas aps a

    Revoluo Industrial.

    Sun Tzu

    General chins que l i -

    derou diversas campa-

    nhas militares no Esta-

    do de Wu. Escreveu um

    conjunto de histrias

    para conduo de seu

    exrcito, no campo de batalha, parti-

    cularmente no campo da estratgia.

    Dentre suas contribuies destacamos

    os ensinamentos relacionados defi-

    nio de estratgia e seleo e cole-

    ta de fontes. Seus ensinamentos so

    resgatados no mundo organizacional

    contemporneo, de dados manuten-

    o do foco, dentre outros. Fonte:

    Goleman (2007).

    Saiba mais

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1828

  • 29Mdulo 2

    Unidade 2 Primrdios da Administrao

    expressivas contribuies de diferentes campos do saber, emparticular da Matemtica, Psicologia, Sociologia, Biologia, Fsica,Qumica, Direito e Engenharia(s).

    A interpretao das transformaes ocorridas no pensamentoda Administrao, como campo de estudo, passa obrigatoriamentepelo resgate da contribuio dos filsofos, da organizao da IgrejaCatlica, da organizao militar e das revolues Industrial e daInformao (CHIAVENATTO, 1977).

    Complementando...Para ampliar seus conhecimentos sobre o que estudamos nesta Unidade,faa a leitura indicada a seguir.

    A arte da Guerra de Sun Tzu. Nessa obra voc encontrar aspectossobre o Imprio da China.

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1829

  • 30Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    ResumindoNesta Unidade, resgatamos aspectos pontuais da his-

    tria das civilizaes ocidental e oriental que retratam pr-

    ticas gerenciais em sistemas fundamentados no interesse

    geral e comum e os assentados em um interesse particular e

    comum.

    O objetivo foi despertar o seu interesse para alguns

    fatos da histria, pois muitos dos princpios e fundamentos

    que sustentam a Administrao, como cincia, vm sendo

    praticados h muitos e muitos sculos.

    Buscamos tambm mostrar, por meio da anlise de sua

    estruturao como campo do conhecimento cientfico, que

    a Teoria da Administrao II como tema interdisciplinar e

    conectada ao conjunto das disciplinas que integram a grade

    curricular deste curso.

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1830

  • 31Mdulo 2

    Unidade 2 Primrdios da Administrao

    Atividades de aprendizagem

    Vamos verificar se voc est acompanhando tudo at aqui?Caso tenha ficado com dvidas, faa contato com seu tutor.

    1. Com base na Unidade trabalhada, marque V para a(s) assertiva(s)

    verdadeira(s) ou F para a(s) falsa(s).

    ( ) Ao estudar aspectos da organizao social das civiliza-

    es antigas, no encontramos sinais de prticas

    gerenciais.

    ( ) Ao estudar aspectos da organizao social das civiliza-

    es antigas, encontramos sinais de prticas gerenciais.

    ( ) A construo da Pirmide de Kops, por exemplo, ex-

    pressa um empreendimento originado de processo pla-

    nejado, coordenado e articulado. Portanto, fruto da

    gesto.

    ( ) A construo da Pirmide de Kops, por exemplo, no

    expressa um empreendimento originado de processo

    planejado, coordenado e articulado. Portanto, fruto

    da gesto.

    ( ) Prticas de centralizao e descentralizao gerencial

    empricas podem ser identificadas no Egito Antigo.

    ( ) Prticas de centralizao e descentralizao gerencial

    cientficas podem ser identificadas no Antigo Egito.

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1831

  • 32Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    ( ) Liderar uma funo da Administrao Cientfica e,

    fundamentado nesse pressuposto, podemos afirmar

    que critrios baseados nos ritos da cincia foram ob-

    servados por Moiss na conduo do povo hebreu.

    ( ) No Imprio da China, em 500 a.C., foram estabelecidos

    os condicionantes de sustentao da Administrao

    Cientfica.

    ( ) A Arte da Guerra um conjunto de histrias narradas

    por Sun Tzu que so empregadas como metforas no

    mundo organizacional contemporneo.

    ( ) A Arte da Guerra uma obra de Administrao cientfi-

    ca aplicada ao campo da estratgia organizacional.

    ( ) A gesto, como campo de estudo e ao, recebeu contri-

    buies de inmeras sociedades desde a Antiguidade.

    ( ) A Administrao recebeu contribuies expressivas de

    outros campos do saber, particularmente da Matem-

    tica, Psicologia, Sociologia, Biologia, Fsica, Qumica,

    Direito e Engenharia(s).

    ( ) A Administrao no recebeu contribuies expressi-

    vas de outros campos do saber, particularmente da

    Matemtica, Psicologia, Sociologia, Biologia, Fsica,

    Qumica, Direito e Engenharia(s).

    ( ) O resgate da contribuio dos filsofos, da organiza-

    o da Igreja Catlica, da organizao militar e das re-

    volues Industrial e da Informao no relevante

    para a compreenso das transformaes ocorridas no

    pensamento da Administrao.

    ( ) Para compreenso das transformaes ocorridas no

    pensamento administrativo, o resgate da contribuio

    dos filsofos, da organizao da Igreja Catlica, da or-

    ganizao militar e das revolues Industrial e da In-

    formao fator relevante.

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1832

  • Mdulo 2

    Unidade 2 Primrdios da Administrao

    33Mdulo 2

    Apresentao

    UNIDADE 3

    OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEM

    Ao finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de: Analisar a transformao do pensamento administrativo a partir

    do estudo das principais teorias desenvolvidas ao longo dos 50primeiros anos (Escolas Clssicas) da cincia administrativa;

    Identificar as contribuies trazidas pelas escolas clssicas paraa cincia da Administrao; e

    Compreender a contribuio da gesto para o processo deexpanso.

    A REVOLUO INDUSTRIAL E OPENSAMENTO DA ADMINISTRAO:

    1900 1950

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1833

  • 34Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

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  • 35

    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao: 1900 1950

    Mdulo 2

    TRANSFORMAO DOPENSAMENTO ADMINISTRATIVO

    Caro estudante,Estamos iniciando a Unidade 3. A partir de agora, vamosconversar sobre as principais teorias administrativasdesenvolvidas nos primeiros 50 anos de existncia dacincia administrativa, buscando sempre estabelecer eloscom o contexto da Administrao Pblica.No perca tempo! Inicie a leitura e lembre que voc noest sozinho. Em caso de dvidas e curiosidades,compartilhe-as com seu tutor.Bons estudos!

    Para alcanarmos os objetivos propostos nesta Unidade,devemos partir do pressuposto de que, na sociedade moderna, noh organizao, seja do setor pblico ou privado, que possasobreviver sem ser administrada.

    Mas afinal, o que administrar? Para respondermos a essa

    questo, preciso mentalizarmos todos os elementos que

    compem uma organizao. E o que uma organizao?

    Segundo Robbins (2005), uma organizao consiste emum arranjo sistemtico de duas ou mais pessoas que cumprempapis formais e compartilham de um objetivo comum.

    Uma organizao, seja ela de pequeno, mdio ou grandeporte, formada por pessoas, por recursos financeiros e fsicos,

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1835

  • 36Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    por tecnologias e pelo conjunto de conhecimento e de informaescirculantes. Por exemplo, a universidade de que voc faz parte, obanco o qual voc correntista, o hospital de sua cidade, osrestaurantes que voc conhece, as igrejas, as fundaes, as lojas,as fbricas que esto ao seu redor. Todos so exemplos deorganizaes, algumas cuidam de bens e interesses particulares eoutras de coletivos.

    Considerando que as organizaes coletivas so formadas

    pelos rgos a servio do Estado, que rgos constituem esse

    cenrio?

    No mbito desse conceito entram no apenas os rgospertencentes ao Poder Pblico, mas tambm as instituies e asempresas particulares que colaboram com o Estado no desempenhode servios de utilidade pblica ou de interesse coletivo, ou seja,da Administrao Direta entidades estatais classificadas comocentralizadas, a exemplo de ministrios, secretarias de governo e da Administrao Indireta entidades autrquicas e algumasparaestatais classificadas como descentralizadas, como depar-tamentos ou rgos que se enquadram como rgos autnomos,autarquia, empresa pblica, sociedade de economia mista e fundao, alm dos entes de cooperao (SALDANHA, 2006).

    Podemos afirmar, por tanto, que administrar umaorganizao corresponde ao processo de trabalhar com as pessoase com os recursos que a integram, tornando possvel o alcance dosseus objetivos. No contexto pblico, a administrao faz referncia [...] gesto dos bens e interesses qualificados da comunidade,nos mbitos federal, estadual ou municipal, segundo os preceitosdo direito e da moral, visando ao bem comum (AMATO, 1971apud SALDANHA, 2006, p. 12).

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1836

  • 37

    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao: 1900 1950

    Mdulo 2

    Em sntese, administrar implica tomar decises erealizar aes.

    Assim, a forma como administrada uma organizaodetermina quanto ela capaz de utilizar corretamente os recursospara atingir seus objetivos. Ou seja, determina o nvel de eficcia eo de eficincia.

    Voc conhece a diferena entre esses termos?

    Administrar com eficcia significa atingir os objetivosplanejados. J agir com eficincia implica utilizar corretamente osrecursos disponveis. Chiavenato (1987a) completa afirmando quea eficincia est voltada para a melhor maneira pela qual as coisasdevem ser feitas ou executadas (mtodos de trabalho) para que osrecursos sejam aplicados da forma mais racional possvel nodesenvolvimento de suas atividades.

    Neste ponto, voc deve estar se perguntando: onde entra a

    transformao do pensamento administrativo?

    Consideramos que inseri-lo nesse estudo a partir de conceitosbsicos da Administrao, em especial da Administrao Pblica,faci l i taria a compreenso dos fundamentos da cinciaadministrat iva, pois na Administrao entendemos serextremamente pertinente fazer a anlise das principais teorias dentrodessa viso.

    Mas da surge a pergunta: por que exatamente devemos estudar

    a transformao do pensamento administrativo?

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1937

  • 38Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    Na verdade, a perspectiva histrica interessa particularmenteaos administradores, j que se configura como uma forma depensamento baseada na busca de padres e na determinao desua repetio atravs dos tempos. Confirmando, Daft (1999, p. 24),em uma perspectiva histrica, proporciona contextos ou cenriospara interpretar mais adequadamente os problemas atuais.

    Alm disso, tal perspectiva pode contribuir para acompreenso do presente e do futuro: trata-se de uma forma deaprendizado, pois buscamos aprender com os erros dos outrostentando no os repetir. Usamos o sucesso dos outros como formade inspirao e, principalmente, essa perspectiva serve paracompreendermos por que determinados eventos desagradveisacontecem para melhorar condies futuras da organizao. Comcerteza, isso facilita o desenvolvimento de uma viso mais amplado ambiente do setor pblico.

    Quanto a esse assunto, Lawrence (apud WREN, 2007, p. 16)destaca a diferena entre pesquisa histrica (investigao sobrepessoas e eventos passados) e perspectiva histrica (uso da histriapara entender o presente), j que o objetivo da segunda

    [...] aguar nossa viso do presente e no do passado. [...]Ela promove a reflexo sobre explicaes alternativas paraos fenmenos, ajuda a identificar conceitos mais ou me-nos estveis e expande os horizontes de pesquisa mediantea sugesto de novas maneiras de estudar velhas questes.

    Por isso, prezado estudante, vale a pena observar que o estudoda histria do pensamento administrativo no se resume a apenasdispor os fatos em ordem cronolgica, mas sim entender o impactode concepes tericas e de determinadas foras sobre asorganizaes, sejam elas polticas, culturais, econmicas ou sociais,o que, certamente, dar apoio ao alcance dos nveis de eficincia ede eficcia desejados pelo administrador.

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1938

  • 39

    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao: 1900 1950

    Mdulo 2

    No podemos esquecer que os maiores avanos nopensamento administrativo ocorreram a partir da RevoluoIndustrial. Contudo, destacamos que, apesar de ter sido formalmenteconstituda e estudada h apenas 50 anos, a origem da prticaadministrativa remonta a 5.000 a.C., nas primeiras organizaesgovernamentais desenvolvidas pelos sumrios e egpcios.

    No entanto, foi a perspectiva clssica que, de fato, moldou oestudo da Administrao da forma como o vemos atualmente.Segundo Montana e Charnov (1998), os primeiros textos sobreAdministrao ganharam fora em decorrncia da RevoluoIndustrial, na Inglaterra, pois foi a partir desse perodo que foidesenvolvido um processo organizado de produo que acabougerando grandes resultados para a prpria cincia administrativa.Porm, tal conhecimento estruturado s chega mais tarde Amrica.

    Para termos uma ideia, os primeiros esforos tericos notiveram um impacto positivo. Como exemplo dessas tentativas,podemos citar Charles Babbage, que insistiaem afirmar que o mundo industrial exigiriaum estudo sistemtico da administrao detarefas e da padronizao do trabalho parapoder ajustar as empresas a uma nova eexigente realidade. Justamente, esses seriamos fundamentos bsicos para a tecnologia dalinha de montagem, mais tarde institudos.

    Em sua obra mais famosa, Sobre aeconomia do maquinrio e das manufaturas(publicada em 1832), Babbage descreveudetalhadamente ferramentas e mquinascom base nas visitas que fez a fbricasinglesas e francesas. Discutiu os princpioseconmicos da fabricao e analisou asoperaes, os tipos de habilidade requeridae as despesas de cada processo, fornecendosugestes que visavam melhora dasprticas correntes (WREN, 2007).

    Charles Babbage (1792-1871)

    Matemtico e engenhei-

    ro britnico, considerado

    por muitos o verdadeiro

    pai do computador atu-

    al. Preocupado com os

    erros das tabelas mate-

    mticas da sua poca,

    em torno de 1822, Babbage construiu a m-

    quina de diferenas. Mais tarde, depois de

    enfrentar muitos problemas, o engenheiro

    projetou a chamada mquina analtica que

    podia ser programada para calcular vrias

    funes diferentes. Porm, apesar de o pro-

    jeto ter sido concludo, a mquina nunca foi

    construda, e somente um sculo depois que

    ideias semelhantes foram postas em prtica,

    inicialmente com a mquina tabuladora de

    Hollerith. Fonte: Tremblay e Bunt (1993).

    Saiba mais

    vA disciplina Teoria daAdministrao I abordoua Revoluo Industrial de

    forma detalhada. Para

    recordar esse contedo,

    releia a seo

    Administrao na

    Histria da Humanidade,

    presente no livro

    didtico da referida

    disciplina.

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1939

  • 40Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    Alm disso, defendeu a ideia deque o trabalho deveria ser reduzido atarefas menores e padronizadas. E queo desenvolvimento de uma visoadministrativa e o esforo em resolverproblemas fabris decorrem, principal-mente, dos problemas que ele prprioenfrentou na superviso da construode uma mquina que havia criado.

    Mas como Babbage estavamuito frente de seu tempo, j quepropunha, em sntese, a execuo detarefas padronizadas por meio de talmquina, que se assemelha ao que

    hoje conhecemos como computador, suas ideias foram superadasat serem redescobertas pelo pai da Administrao Cientfica,Frederick Taylor, 75 anos mais tarde. Finalmente, aps a RevoluoIndustrial, surgem as grandes corporaes e a profissionalizao dagesto, que moldam decisivamente o estilo de vida das sociedadesindustrializadas, criando a sociedade organizacional em que vivemos.Seu advento conduziu ao interesse pelo estudo das organizaes e consequente criao de teorias para melhor compreender e atuarsobre essa realidade to complexa. Contudo, a Teoria Administrativasurgiu como rea de estudo somente a partir de 1940, ou seja, 50anos mais tarde.

    Com a expanso da industrializao, surgiu a necessidadede gerentes treinados e, consequentemente, de umreferencial administrativo slido.

    Na continuidade desse estudo, podemos perceber que atransformao da gesto, de fato, acompanha a dinmica do prprioconceito de organizao, que vai desde uma perspectivamecanicista, estvel, previsvel e racional at uma concepo maisorganicista, sistmica e evolutiva. Continue lendo o presente textoe constate esse fato.

    Frederick Winslow Taylor (1856-1915)

    Considerado o pai da Administrao

    Cientf ica, nasceu em Fi ladlf ia, nos

    Estados Unidos. Nos seus primeiros

    estudos, deparou-se com os proble-

    mas sociais e empresariais decorren-

    tes da Revoluo Industrial . Assim,

    identificou a oportunidade de eliminar os desperd-

    cios e as perdas sofridas pelas indstrias america-

    nas e elevar os nveis de produtividade por meio da

    aplicao de mtodos e tcnicas de engenharia in-

    dustrial. Fonte: Chiavenato (1987a).

    Saiba mais

    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:1940

  • 41

    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao: 1900 1950

    Mdulo 2

    OS PRIMEIROS 50 ANOS

    A Teoria Clssica da Administrao compreendeu o perodoentre meados do sculo XIX e fim da dcada de 1940, sendoconstitudo principalmente pelas abordagens que apresentamos naFigura 1:

    Administrao Sistemtica; Administrao Cientfica; Gesto Administrativa; Burocracia; e Escola de Relaes Humanas.

    Figura 1: Transformao da Administrao: perodo clssico

    Fonte: Adaptada de Bateman e Snell (1998)

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  • 42Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    Cada uma dessas abordagens possui caractersticas prprias,e, de modo geral, podemos dizer que o surgimento de uma escolaocorre para superar as limitaes apresentadas pela anterior.

    Na sequncia, vamos estudar as contribuies trazidas pelasabordagens clssicas cincia da Administrao.

    ADMINISTRAO SISTEMTICA

    Bateman e Snell (1998) relatam que, durante o sculo XIX,cresciam as fbricas nos Estados Unidos (EUA). Ocorre que, nesseperodo, foram verificados avanos significativos nos transportes,nas tecnologias de comunicao, na fabricao de mquinas e nofornecimento de energia, facilitando o desenvolvimento de novasfbricas e o ressurgimento de antigas.

    Diante do crescimento desordenado dasindstrias, que criava um ambiente catico, semcoordenao na produo, na distribuio e narelao entre os nveis funcionais, estudiososcomo Adam Smith buscavam trazer as suascontribuies. Eles perceberam que as empresaspossuam problemas de coordenao entresubordinados e os diferentes nveis hierrquicos,o que causava paradas frequentes na produo.Era preciso cuidar da produo em larga escala,usando os recursos das empresas de forma mais

    eficiente. A diviso do trabalho foi, ento, vista como soluo inicialpara tais problemas, sendo compreendida como forma de gerarriquezas. Adam Smith defendeu com unhas e dentes tal perspectivaapresentando fortes argumentos sobre as vantagens econmicas quea organizao e a sociedade colheriam com a diviso do trabalho(ROBBINS, 2005). Para tanto, Smith cita como exemplo o processode fabricao de alfinetes, segundo suas observaes. De acordocom o economista, se:

    Adam Smith (1723-1790)

    Economista e filsofo escocs. con-

    siderado o pai da Economia Moderna

    e o mais importante terico do libera-

    lismo econmico. Ele analisou a divi-

    so do trabalho como um fator

    evolucionrio poderoso a propulsionar

    a economia. Fonte: Chiavenato (1987a).

    Saiba mais

    vEssa defesa foiexplicitada em sua obraA Riqueza das Naes,

    publicada em 1776.

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    [] 10 indivduos estivessem cada um executando umatarefa especializada, poderiam produzir em conjunto apro-ximadamente 48 mil alfinetes por dia. Porm, se cada umestivesse trabalhando separada e independentemente, es-ses 10 trabalhadores teriam sorte se conseguissem fabricar200 ou mesmo 10 alfinetes em um dia. Se cada traba-lhador tivesse de puxar o arame, alinh-lo, cort-lo, marte-lar cabeas para cada um deles, afiar a ponta e soldar acabea na haste do alfinete, seria uma verdadeira faanhaproduzir 10 alfinetes em um dia! (ROBBINS, 2005, p. 488).

    Nesse contexto, a Administrao Sistemtica marcada pordar nfase ao desenvolvimento de procedimentos e processosespecficos para assegurar a coordenao dos esforos dostrabalhadores. Nesses termos, essa escola tinha pretenses ouenfatizava aspectos organizacionais, tais como:

    operaes econmicas; assessoria adequada; manuteno de estoques; e controle.

    Para atingir tais objetivos, a ideia era definir cuidadosamenteas obrigaes e as responsabilidades de cada um dentro daorganizao, especialmente no que se refere ao nvel operacional.Foi evidenciada, ainda, a necessidade de serem determinadastcnicas padronizadas para desempenhar as obrigaes, usar demeios especficos para coletar, processar, transmitir e analisarinformaes, e fazer uso de alguns artifcios, como os sistemas decontrole de contabilidade de custos, de salrios e de produo parafacilitar a coordenao interna e as comunicaes.

    Wren (2007) comenta que, com o crescimento, e tambmcom o aumento da necessidade de incrementar coordenao econtrole, as comunicaes foram formalizadas, especialmente como uso de memorandos e informao por escrito com cpias paratodos os envolvidos.

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  • 44Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    Qual a nfase dessa escola administrativa?

    Podemos afirmar que a evidncia estava unicamente nasoperaes internas da organizao, desconsiderando a sua relaocom o ambiente externo.

    Tambm vale destacar algumas caractersticas do perodoque nos ajudam a compreender melhor a abordagem daAdministrao Sistemtica. Naquela poca, o governo no limitavasignificativamente as prticas de negcios. Alm disso, a fora detrabalho era pouco organizada.

    Em funo desse cenrio, essa escola foi marcada pelatentativa de definir uma organizao com condies de controlarseus trabalhadores, dando incio administrao formal nos EUA.

    ADMINISTRAO CIENTFICA

    Observando os princpios trabalhados pela AdministraoSistemtica, Bateman e Snell (1998) apontam como uma das suaslimitaes o fato de essa escola no propiciar eficincia produtivageneralizada, o que foi percebido por Frederick Taylor. Operrio dacompanhia de ao Midvale Steel Works, Taylor mais tarde foipromovido a engenheiro-chefe e identificou que, de modo geral, asperdas nas empresas eram bastante significativas, alm destaspossurem um grande potencial no utilizado em termos dos seusrecursos disponveis.

    Taylor verificou, ainda, que as decises eram tomadas demodo sistemtico, no havendo nenhuma preocupao oupesquisas sendo desenvolvidas para descobrir melhores meios deproduo. A resposta a esse quadro foi, ento, a introduo dachamada Administrao Cientfica.

    Tal abordagem defendia a aplicao de mtodos cientficospara analisar o trabalho e determinar como completar as tarefas de

    vConsiderado o pai daAdministrao Cientfica.

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    produo de maneira eficiente. Sobre o enfoque da escola,Chiavenato (1987a, p. 60) comenta que [...] a preocupao bsicaera aumentar a produtividade da empresa atravs do aumento deeficincia no nvel operacional, isto , no nvel dos operrios. Comoexemplo, podemos citar o contrato de trabalho firmado entre aempresa U.S. Steel e a United Steel Workers of America, no qualencontramos o seguinte contedo: Trabalhadores com ps de areiadeveriam mover 12,5 ps cheias por minuto; as ps cheias deveriamter em mdia 6,8 kg de areia de rio com cerca de 5,5% de umidade.(BATEMAN; SNELL, 1998, p. 50). Especificaes desse tiporevelam o esforo da abordagem cientfica em determinar qual anica e melhor maneira de realizar cada tarefa organizacional(the best way), instituindo a especializao e uma padronizao nodesempenho dos operrios, prescrevendo princpios normativos(BATEMAN; SNELL, 1998).

    Isso tudo foi possvel por meio do Estudo dos Tempos eMovimentos (Motion-time study). Para Taylor, tratava-se deprescrever exatamente o mtodo de trabalho, indicar as ferramentase o material utilizado de acordo com os estudos de movimentos e estabelecer o tempo dentro do qual a tarefa deve ser cumprida(graas ao estudo dos tempos) (CHIAVENATO, 1987a).

    Esta tcnica estava baseada em duas etapas, a analtica e aconstrutiva, conforme descritas a seguir:

    Na analtica, cada trabalho era dividido no mximo demovimentos possveis, descartavam-se os movimentos semsentido, selecionavam-se, mediante a observao do tra-balhador mais habilidoso em cada movimento, os mto-dos mais rpidos e melhores para cada movimento ecronometrava-se e registrava-se o movimento. Ao temporegistrado eram adicionadas porcentagens referentes a pau-sas e interrupes inevitveis ao grau de novidade que atarefa representava para o trabalhador e aos perodos dedecanso. A fase construtiva envolvia a montagem de umalista dos movimentos elementares e dos tempos, lista essaque poderia ser utilizada onde fosse possvel em outros ti-

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    Teorias da Administrao II

    vCom o tempo, otrabalhador tende aaumentar a suaeficincia.

    pos de trabalho. Alm disso, essa ltima fase permitia con-sideraes sobre melhorias nas ferramentas, nas mqui-nas, nos materiais, nos mtodos e na padronizao finalde todos os elementos que influenciavam o trabalho oueram inerentes a ele. (TAYLOR, 1903, p. 149-176 apudWREN, 2007, p. 129).

    Voc se lembra de Charles Babbage?

    Cientista, matemtico reverenciado comoo inventor que projetou o primeiro computadorde uso geral. Se comparado com Taylor, podemosverificar que enquanto o pai do computadorestava preocupado com a contagem bruta dotempo de desempenho efetivo, o mtodo de Taylortratava de dividir a atividade em partes, testandoe reconstruindo o trabalho tal como deveria ser feito.

    Nesse momento, o administrador passa a desempenhar umpapel mais importante, j que, alm de coordenar e controlar osesforos dos trabalhadores, tambm precisa planejar a execuode cada atividade realizada por eles.

    Considerando ainda a necessidade de elevar a eficinciaorganizacional, a Administrao Cientfica comeou a valorizar ascondies de trabalho. Ou seja, foi identificado que era precisogarantir o conforto e eliminar a fadiga dos operrios, alm demelhorar as condies do ambiente de trabalho iluminao,ventilao, eliminao de rudo etc. , pois so determinantes paraa obteno de maior eficincia do trabalhador.

    Nesse momento ocorreu tambm a aplicao de tcnicas deracionalizao do trabalho, que gerou a diviso do trabalho e aespecializao do trabalhador em um nico conjunto de tarefas.Esse foi o princpio da linha de montagem. Neste mbito, Taylor propsa existncia de diversos supervisores superviso funcional , cada

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    qual especializado em determinada rea e com autoridade sobreos mesmos subordinados. Observe a Figura 2:

    Figura 2: Superviso funcional de Taylor

    Fonte: Adaptada de Chiavenato (1987a)

    Da racionalizao do trabalho resultaram algumas melhorias,dentre as quais podemos destacar:

    Padronizao das ferramentas e dos equipamentosde produo: essa padronizao buscava garantir omnimo de esforo do trabalhador e evitar a perda detempo na execuo das suas atividades.

    Uso de cartes de instruo distribudos aostrabalhadores: esses cartes descreviam detalhadamentepor meio de grficos e esquemas os movimentos e funesque os trabalhadores deveriam realizar. Essa ferramentafacilitava o treinamento, a execuo e a supervisodas atividades desempenhadas pelos trabalhadores.

    Paradas para eliminar a fadiga: considerada umfator de reduo da eficincia produtiva, a fadiga, de

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    acordo com Frank Gilbreth, predispe o trabalhadorpara: a diminuio da produtividade e da qualidadedo trabalho; a perda de tempo; o aumento da rotaode pessoal; as doenas; os acidentes; e a diminuioda capacidade de esforo.

    Gratificao diferenciada (por produo):segundo comenta Chiavenato (1987a), Taylorobservou que o operrio mdio produzia muito menos

    do que era potencialmente capazcom o equipamento disponvel.Ento, concluiu que se o operriomais predisposto produtividadepercebesse que no final acabariaganhando a mesma remuneraoque o seu colega menos interessadoe menos produtivo, acabariatambm se acomodando, perdendoo interesse, e no produziria deacordo com a sua capacidade. Porisso a necessidade de criarcondies de pagar mais ao operrioque produz mais.

    Assim, a organizao racional do trabalho estavaespecialmente baseada em princpios administrativos apresentadospor Taylor, em 1903, no estudo Shop Management (apudMAXIMIANO, 2000), que so:

    desenvolver uma abordagem cientfica para cadaelemento do trabalho de um indivduo, isto , ummtodo que substitusse as diretrizes gerais;

    fazer seleo e treinamento com cada trabalhador,desenvolvendo-o cientificamente. Dessa forma, apessoa certa poderia ter o trabalho certo;

    cooperar com os trabalhadores, assegurando que otrabalho correspondesse aos planos e aos princpios

    Frank Bunker Gilbreth (1868-1924)

    Engenheiro norte-americano que acom-

    panhava Taylor. Junto com a esposa

    Li l l ian Gilbreth, f icou conhecido pela

    criao do Estudo dos Movimentos. O

    casal tambm fundou uma empresa de

    consultoria, a Frank B. Gilbreth Inc,

    (1911) e, juntos, alcanaram grande prestgio inter-

    nacional por inovarem processos construtivos, espe-

    cialmente na eficincia e minimizao de movimen-

    tos. Fonte: . Acesso em: 18 nov. 2009.

    Saiba mais

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    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao: 1900 1950

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    da empresa. Isso tudo baseado nasuperviso constante; e

    assegurar uma diviso igual detrabalho e responsabilidades entretrabalhadores e administradores.

    Um exemplo conhecido da aplicao dosprincpios da Administrao Cientfica a fbricaque Henry Ford construiu para fazer a produoem srie do Modelo T produzido por 19 anos(1908-1927) e conhecido no Brasil como FordBigode. Seu sistema de produo esteve baseadoem plataformas volantes (vages) que transportavam as peas deum lugar para outro na linha de montagem. Os operrios podiampermanecer em seus postos de trabalho ganhando tempo na fbricapor se moverem o mnimo possvel. Observar a Figura 3.

    Henry Ford (1863-1947)

    Iniciou a sua vida como

    simples mecnico, mais

    tarde tornou-se um em-

    preendedor americano.

    Fundador da Ford Motor

    Company, foi o primeiro a aplicar a mon-

    tagem em srie de forma a produzir, em

    massa, automveis a um preo popular.

    Fonte: Chiavenato (1987a).

    Saiba mais

    Figura 3: Modelo T

    Fonte:

    Para voc ter uma ideia, com o advento de tais princpios, otempo de montagem de um chassi* caiu de 13 horas para 1 horae meia. O que representou um ganho realmente significativo.

    *Chassi Estrutura de ao

    sobre a qual se monta

    toda a carroceria de um

    veculo motorizado. Fon-

    te: Ferreira (2004).

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    Teorias da Administrao II

    Chiavenato (1987a) registra que o esquema de produoem massa se caracteriza pela acelerao da produo, por meio deum trabalho ritmado, coordenado e econmico, baseado em trsaspectos fundamentais. So eles:

    a progresso do produto fabricado por meio doprocesso produtivo planejada, ordenada e contnua;

    o trabalho entregue ao trabalhador, em vez de deix-lo com a iniciativa de ir busc-lo; e

    as operaes so analisadas e divididas em seuselementos constituintes.

    Para ser bem-sucedido com a produo em massa, Fordtratou de garantir tanto a padronizao do maquinrio e dosequipamentos, como da mo de obra e das matrias-primas, obtendocomo resultado a padronizao dos carros fabricados, que vocpode verificar na Figura 4.

    Figura 4: Linha de montagem do Modelo T da Ford

    Fonte:

    Diante das evidncias, podemos dizer que, certamente, apsos estudos de Taylor, a produtividade e a eficincia na fabricaomelhoraram muito. Por outro lado, limitavam as decises de consumo.

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    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao: 1900 1950

    Mdulo 2

    Voc j ouviu falar que imperava naquele perodo que o cliente

    poderia escolher qualquer cor de carro, desde que ela fosse a

    preta?

    Piada, no. Foi nesse contexto que se props que oempregado tinha de ser motivado exclusivamente pelo ganhomaterial e financeiro para que pudesse produzir individualmente omximo possvel (conceito de homo economicus). Essa formamecnica de ver as coisas, no entanto, acabou recebendo crticas,com destaque para as que seguem:

    Taylor ignorava fatores psicolgicos e sociais; precisoconsiderar mais do que a varivel econmica nanatureza humana;

    as tarefas, reduzidas a um conjunto de rotinas, podiamlevar o operrio ao tdio, apatia e, consequentemente,a problemas de qualidade. Alm disso, a falta de visodo todo e a ausncia de habilidade em outras atividadesconduziriam a problemas futuros; e

    os sindicatos se opuseram aplicao de tais tcnicas,j que os padres impostos e as gratificaes poderiamser usados para explorar os trabalhadores. Afinal, naopinio dos sindicatos, o trabalhador era visto apenascomo um instrumento de produo que integrava umamquina.

    Ademais, essa foi caracteristicamente uma abordagem de sistemafechado, j que visualizava somente o que acontecia dentro daorganizao, desconsiderando sua relao com o ambiente externo.

    Diante do exposto, podemos afirmar que nessa poca apreocupao foi excessiva com as atividades do nvel operacional,em detrimento dos demais nveis hierrquicos da organizao.Porm, apesar das crticas e limitaes, a Administrao Cientfica, at hoje, considerada uma base signif icat iva para odesenvolvimento da Teoria Administrativa.

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    Teorias da Administrao II

    GESTO ADMINISTRATIVA

    Enquanto a Administrao Cientfica se desenvolvia nosEstados Unidos, na Europa surgia, quase que concomitantemente, a

    escola denominada Gesto Administrativa,ou Teoria Clssica da Administrao.

    Essa escola enfatizava a perspectivados altos administradores esquecida pelasabordagens anteriores , baseada nopressuposto de que a Administrao erauma profisso, e como tal devia serensinada. Diante desse fato, em 1916, ofrancs por cidadania Henri Fayolpublicou um l ivro resumindo suasexperincias administrativas como executivode uma grande empresa.

    Nessa mesma obra, intitulada Administrao Industrial eGeral, grande cone da cincia administrativa, Fayol identifica cincofunes e 14 princpios da Administrao. Tais princpios soexplicitados no Quadro 2:

    Jules Henri Fayol (1841-1925)

    Fundador da Teoria Clssica da Administrao,

    nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris.

    Formado em engenharia de minas aos 19 anos.

    Aos 25 anos foi nomeado gerente das minas e

    aos 47 anos assumiu a gerncia geral da

    Compagnie Commantry Fourchambault et

    Decazevil le, que se encontrava em situao

    difcil. Nessa empresa destacou-se, tendo em

    vista que a sua administrao foi muito bem-

    sucedida. Fonte: Chiavenato (1987a).

    Saiba mais

    Quadro 2: 14 princpios da Administrao de Henry Fayol

    Fonte: Adaptado de Bateman e Snell (1998)

    14 PRINCPIOS DA ADMINISTRAO DE HENRY FAYOL

    Diviso do trabalho e das responsabilidades: consiste em dividir o tra-balho em tarefas especializadas, destinando-se responsabilidades aindivduos especficos.

    Delegar autoridade juntamente com responsabilidade. Disciplina: preciso tornar as expectativas claras e punir as violaes. Unidade de comando: cada subordinado deve se reportar a somente um

    superior.

    Unidade de direo: diz respeito aos esforos dos empregados que de-vem se concentrar em atingir os objetivos organizacionais.

    Interesse geral deve predominar sobre o interesse particular. Remunerao: a compensao deve ser justa e, na medida do possvel,

    satisfatria ao indivduo e empresa.

    Centralizao: preciso determinar a importncia do papel dos gerentescomo responsveis por tomadas de deciso. Ao subordinado delegadaresponsabilidade apenas para a realizao da atividade a ele designada.

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    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao: 1900 1950

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    Observe que, para a identificao dos princpios gerais daAdministrao, Fayol teve como base as suas prprias observaescomo alto executivo. Desse modo, ele procurou definir asresponsabilidades a partir do topo da cadeia de comando. Outroponto a ser ressaltado o princpio da unidade de comando,entendido como meio de resolver os conflitos de autoridadedetectados com a diviso funcional proposta por Taylor.

    Precisamos destacar tambm a importncia dada centralizao das decises e valorizao atribuda ao quadrofuncional da empresa, esta ltima especialmente presente nosprincpios relativos necessidade de manter a estabilidade emanuteno do pessoal, no encorajamento iniciativa e napromoo do esprito de equipe.

    Nesse contexto, Motta e Vasconcelos (2005) interpretam asideias colocadas pela Escola Clssica da seguinte forma:

    quanto maior a diviso do trabalho em umaorganizao, mais eficiente ela ser;

    vVimos essa estrutura naFigura 2 desta Unidade.

    14 PRINCPIOS DA ADMINISTRAO DE HENRY FAYOL

    Hierarquia: definida uma cadeia de autoridade que deve se estender decima at a base da organizao e deve incluir todos os empregados. Osnveis de autoridade e de responsabilidade delegadas diminuem me-dida que descem a cadeia de comando, sendo que os gerentes de nvelinferior devem satisfao aos que esto em nvel superior.

    Ordem: cada recurso em seu lugar, um lugar para cada recurso. Equidade: disciplina e ordem justas melhoram o comprometimento dos

    empregados. Para isso, preciso definir regras organizacionais razoveisque possam ser aplicadas de forma consistente a todos os trabalhado-res.

    Estabilidade e manuteno do pessoal: parte-se do pressuposto de queter pessoal qualificado e bem-sucedido fundamental para o sucesso daorganizao.

    Iniciativa: importante encorajar os empregados a terem iniciativa noauxlio direo da organizao.

    Esprito de equipe: trata-se de promover a unidade de interesse entre os em-pregados e a administrao, mantendo sempre boas relaes entre todos.

    Quadro 2: 14 princpios da Administrao de Henry Fayol

    Fonte: Adaptado de Bateman e Snell (1998)

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    Teorias da Administrao II

    quanto maior o agrupamento de tarefas pordepartamentos, de acordo com o cri trio dasemelhana de objetivos, mais eficiente ser aorganizao;

    quanto menor o nmero de subordinados por chefe equanto maior o grau de centralizao das decises,de forma que o controle possa ser cerrado e completo,maior ser a possibilidade de as organizaes seremeficientes; e

    objetivo da ao focado em organizar mais as tarefasdo que os homens. Dessa forma, ao organizar, oadministrador no dever levar em considerao osproblemas de ordem pessoal daqueles que vo ocupara funo. Dever criar uma estrutura ideal.

    Em decorrncia desse modo de ver as coisas, Fayol apresentaas cinco funes da Administrao, que so:

    Previso: incide em prever o futuro e traar os planosde ao para ele. Vale destacar que essa funo deuorigem funo planejamento, amplamente aplicadaatualmente.

    Organizao: consiste no estabelecimento da estruturada organizao, definindo o sistema de autoridade ede responsabilidades.

    Coordenao: destinada a ligar todos os esforos noalcance dos objetivos organizacionais.

    Comando: diz respeito ao modo como os gerentesiro dirigir e orientar seu pessoal.

    Controle: implica avaliar e garantir que tudo estejade acordo com o que foi previsto.

    Assim, podemos afirmar que a concepo de Fayol sobre opapel do administrador no se restringe a definir a melhor maneirade realizar as coisas e a supervisionar a execuo das tarefas. Vai

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    alm, pois inclui a previso, obteno e utilizao dos recursosorganizacionais.

    importante destacarmos, ainda, que tais funes deramorigem quelas amplamente difundidas na prtica administrativados dias atuais, j que definem o papel do administrador de formacompleta. Chiavenato (1987a, p. 105) deixa isso muito bem claroao afirmar que as funes propostas por Fayol so:

    [] elementos da Administrao que constituem o cha-mado processo administrativo, e que so localizveis emqualquer trabalho do administrador em qualquer nvel ourea da atividade da empresa. Em outros termos, tanto odiretor, o gerente, o chefe, o supervisor, como o encarrega-do cada qual em seu nvel desempenham atividades depreviso, organizao, comando, coordenao e controle,como atividades administrativas essenciais.

    Nesses termos, em funo da importncia e da grandeaplicabilidade, tanto as funes como os princpios apresentadosdurante a escola denominada Gesto Administrativa (EscolaClssica) permanecem at hoje no dia a dia das organizaes.

    Entretanto, a exemplo das abordagens anteriores, tambmesta recebeu crticas, especialmente porque os princpios definidospor Fayol foram interpretados como verdades universais, embora odesejo do autor era de que fossem utilizados de modo flexvel nocontexto organizacional. At o final da sua vida, Fayol defendeu aideia de que, com previso cientfica e mtodos adequados de gerncia,certamente a organizao poderia obter resultados satisfatrios.

    Outra crtica forte era a obsesso pelo comando, pois, tendocomo tica a viso da empresa a partir da gerncia administrativa,Fayol focou seus estudos na unidade do comando, na autoridade ena responsabilidade. O prprio esforo desse grande mestre emresolver os conflitos gerados pela diviso funcional de Taylor provocaconsequncias indesejadas, na medida em que muitas vezes exige aexistncia de uma assessoria para apoiar problemas de uma rea deconhecimento no dominada pelo gerente de uma diviso.

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    Teorias da Administrao II

    Os princpios da hierarquia e da amplitude de controle,quando aplicados, acabam diminuindo o nvel deeficincia no processo de tomada de deciso.

    E, para complicar, a organizao continua a ser vista comoum sistema fechado, que no mantm relao de troca com oambiente em que se encontra inserida e que se comporta de formaesttica e previsvel. Nesse mbito, o papel do administrador selimitava a controlar os elementos do ambiente interno da organizaoe, mais precisamente, a sua estrutura.

    Assim, podemos dizer que, se a Administrao Cientfica secaracterizava por enfatizar as tarefas realizadas pelo operrio, aTeoria Clssica se caracterizava pelo destaque dado estrutura quea organizao deveria possuir para ser eficiente, partindo dasnecessidades e da atuao do administrador. As contribuies deambas as escolas so, portanto, complementares.

    Como a tendncia a busca da melhoria contnua, a cinciada Administrao permaneceu sofrendo transformaes at quesurgiu uma abordagem mais voltada ao ser humano, conforme seexplora a seguir.

    ESCOLA DE RELAES HUMANAS

    fato que as escolas at aqui estudadas ignoraram adimenso humana e social da organizao, j que, basicamente,apresentavam como fundamentos a ideia do homo economicus eda necessidade de controlar aspectos da organizao formal*dentro de uma viso mecanicista. Como resposta, em umaperspectiva totalmente diferenciada, foi desenvolvida a denominadaEscola de Relaes Humanas, ou Escola Humanst ica daAdministrao, que apresenta seu maior marco em 1932, conformevoc pode identificar na sequncia.

    *Organizao formal

    baseada em uma divi-

    so do trabalho raci-

    onal, na diferenciao e

    na integrao dos parti-

    cipantes de acordo com

    algum critrio estabele-

    cido por aqueles que

    detm o processo

    decisrio. a organiza-

    o planejada, formali-

    zada oficialmente no pa-

    pel. Fonte: Chiavenato

    (1987a).

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    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao: 1900 1950

    Mdulo 2

    Essa escola demonstrou interesse particular no lado humanoda organizao, trazendo importantes heranas para a modernaadministrao de pessoal. Pois, como destacam Motta e Vasconcelos(2005), pouco a pouco os estudos organizacionais foram mostrandoque o ser humano no totalmente controlvel e previsvel e que,portanto, h sempre um certo grau de incerteza associado gestode pessoas.

    Essa nova perspectiva administrativa visava a entender comoos processos psicolgicos e sociais interagiam com a situao detrabalho para influenciar o desempenho. Observe a Figura 5:

    Figura 5: nfase na abordagem de relaes humanas

    Fonte: Elaborada pelos autores

    O teor dessa abordagem resultante deum projeto de pesquisa desenvolvido ao longoda escola de Administrao Cientfica, tendocomo mentores o casal Gilbreth (Lilian e Frank)e Mary Parker Follet (a grande dama daAdministrao), denominado Estudos deHawthorne.

    Bateman e Snell (1998) citam algunsdetalhes do referido projeto: a Western EletricCompany, de Chicago, fabricante deequipamentos de comunicao (para a BellTelephone), contratou uma equipe depesquisadores de Harvard, comandada por

    Mary Parker Follet (1868-1933)

    Esta mulher se destacou na rea

    Administrao sendo uma de

    suas maiores contribuidoras. Es-

    pecializou-se em Filosofia e Ci-

    ncia Poltica e trabalhou em

    muitos campos, incluindo Psico-

    logia Social e Administrao. Foi autora de vrias

    obras e costumava dar consultorias e palestras a

    executivos focalizando a importncia das metas

    superiores para reduzir os conflitos dentro das

    organizaes. Fonte: Daft (1999, p. 27).

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    Teorias da ADM II 2ed Grafica.pmd 10/08/2012, 20:2157

  • 58Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    Elton Mayo, os quais deveriaminvestigar a influncia das condiesfsicas de trabalho na produtividade ena eficincia dos trabalhadores emuma das fbricas da empresa.

    Esse projeto de pesquisa (1927 a1932) forneceu os dados maisinteressantes e controversos da histriada Administrao. Para termos umaideia, durante o primeiro estgio dapesquisa foram feitos experimentos coma iluminao, em que o nvel deluminosidade da fbrica era alterado parase determinarem os efeitos dessa mudana

    sobre o desempenho das pessoas.

    Contudo, nada foi detectado, concluindo-se, no entanto, queos trabalhadores desempenhavam e reagiam diferentemente, porqueos pesquisadores os estavam observando o que foi chamado deefeito de Hawthorne , pois isso significava que a direo daorganizao estava mais interessada e preocupada com eles.

    A segunda fase ocorreu na sala de rels eltricos, onde seismulheres foram colocadas pelos pesquisadores para trabalhar emum local diferente do seu, em uma sala menor, com iluminaomais intensa, obtendo uma forma de pagamento diferenciada, comdireito a ter pequenos intervalos de descanso e receber lanchesnesses intervalos. Essas mulheres podiam, ainda, conversar einteragir durante o trabalho. Os pesquisadores perceberam que,nessas condies, tais trabalhadoras produziam mais, j queestavam trabalhando mais satisfeitas.

    Na fase seguinte, os trabalhadores foram entrevistadosbuscando-se obter suas opinies e atitudes em relao s puniese formas de pagamento aplicadas pelos superiores. Nessa pesquisa,descobriu-se a presena da organizao informal dentro daorganizao formal, que se manifestava por uma variedade depadres de interao no formais criados pelos prpriostrabalhadores.

    George Elton Mayo (1880-1949)

    Ficou conhecido pelas experincias

    na fbrica da Western Electric, em

    Chicago. O principal objetivo era a

    explorao das l igaes entre a

    motivao e o resultado f inal do

    trabalho dos empregados. Concluiu

    nesse estudo que o fator humano deveria ser re-

    cuperado, em uma poca em que a produo em

    massa desumanizante era mais apreciada. Fonte:

    < h t t p : / / w w w. c e n t r o a t l . p t / e d i g e s t / e d i c o e s /

    ed48dossier2. html#46>. Acesso em: 13 nov. 2009.

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    Unidade 3 A Revoluo Industrial e o Pensamento da Administrao: 1900 1950

    Mdulo 2

    J na quarta fase, os pesquisadores passaram a analisar aorganizao informal. Nesses termos, os pagamentos eram feitosde acordo com a produo do grupo, e no mais individualmente.Como resultado, observou-se que os trabalhadores tornaram-se maissolidrios entre si, cooperando para que o grupo produzisse mais.

    Diante desse cenrio, os pesquisadores concluramque a produtividade poderia ser mais intensamenteafetada por fatores psicolgicos e sociais do que porinfluncias fsicas.

    Mayo e sua equipe de pesquisadores puderam concluir queo nvel de produo intensamente determinado pela expectativado grupo, pelos benefcios e pela ateno que recebem daorganizao e pela interao com seu grupo informal.

    Assim, foi percebida a necessidade de trabalhar melhor aideia de grupo e da satisfao no trabalho, especialmente porquese detectou que, quando os grupos informais sentiam que seusobjetivos se identificavam com os da Administrao, a produtividadeaumentava.

    Os proponentes da abordagem de relaes humanasalegavam, ento, que os administradores precisavam enfatizarprioritariamente o bem-estar, a motivao e a comunicao dosempregados. Isto , a crena era de que as necessidades sociaistinham precedncia sobre as econmicas.

    Vale lembrar que, quanto aos grupos informais, estes no somostrados no organograma da empresa, tm um carter espontneoe so definidos pelos mais variados motivos, sejam afetivos, culturaise, at, por jogos de poder (CHIAVENATO, 1987a).

    Alm das informaes importantes que os pesquisadoresconseguiram obter com os Estudos de Hawthorne, o maior resultadotrazido foi, de fato, uma quebra de paradigma em relao aosprincpios apresentados pelas escolas anteriores, especialmente noque diz respeito introduo de princpios administrativos quecontemplam variveis comportamentais dos indivduos.

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  • 60Bacharelado em Administrao Pblica

    Teorias da Administrao II

    Esse momento contempla ahumanizao da cincia daAdministrao.

    Outro grande colaboradordessa escola foi Abraham Maslow,que definiu em cinco os nveis denecessidades dos seres humanos e asrepresentou por uma pirmide quedeixa clara a hierarquia dessasnecessidades, conforme mostra aFigura 6.

    Figura 6: Hierarquia das necessidades de Maslow

    Fonte: Adaptada de Lacombe e Heilborn (2006)

    Segundo Maslow (apud LACOMBE; HEILBORN, 2006),existe uma tendncia, na maioria das pessoas, em procurarsatisfazer primeiro as necessidades bsicas, de nvel inferior, e irprogredindo para cima da pirmide at que satisfaa asnecessidades de nvel superior, conforme voc pode verificar:

    Necessidades fisiolgicas: so aquelas relacionadasa ter roupas, abrigo, alimentao, conforto fsico, sexo,alm de outras.

    Necessidades de segurana: satisfazem a seguranaprpria e da faml ia, como ter planos d