Teorias de Crescimento Económico (Aulas do Mestrado de Marketing Research da ESTGV)

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Vítor Domingues Martinho - Professo Vítor Domingues Martinho - Professo r Adjunto do Instituto Politécnico r Adjunto do Instituto Politécnico de Viseu de Viseu GLOBALIZAÇÃO E MERCADOS GLOBALIZAÇÃO E MERCADOS EMERGENTES EMERGENTES - TEORIAS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO - TEORIAS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO

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Vítor Domingues Martinho - Professor AdjuVítor Domingues Martinho - Professor Adjunto do Instituto Politécnico de Viseunto do Instituto Politécnico de Viseu

GLOBALIZAÇÃO E GLOBALIZAÇÃO E MERCADOS EMERGENTESMERCADOS EMERGENTES

- TEORIAS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO- TEORIAS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO

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Nova Geografia Económica Nova Geografia Económica (Introdução)(Introdução)

O processo de aglomeração identifica-se pela concentração O processo de aglomeração identifica-se pela concentração da actividade económica, criada e sustentada por um da actividade económica, criada e sustentada por um processo circular e cumulativo. processo circular e cumulativo.

Acaba por ocorrer a diferentes níveis, ou seja, ao nível Acaba por ocorrer a diferentes níveis, ou seja, ao nível urbano (rural ou local), ao nível regional, ao nível nacional, urbano (rural ou local), ao nível regional, ao nível nacional, ou ao nível mundial. ou ao nível mundial.

Esta espécie de lógica circular e cumulativa não é algo de Esta espécie de lógica circular e cumulativa não é algo de novo, nem exclusiva do processo de aglomeração, dado novo, nem exclusiva do processo de aglomeração, dado que, como se referiu, autores como Myrdal (1957), que, como se referiu, autores como Myrdal (1957), Hirschman (1958) e posteriormente Kaldor (1966, 70 e 81) Hirschman (1958) e posteriormente Kaldor (1966, 70 e 81) e Thirlwall (1980, 92 e 99), muito associados ao processo e Thirlwall (1980, 92 e 99), muito associados ao processo de polarização, já tinham feito referências a este fenómeno. de polarização, já tinham feito referências a este fenómeno.

Contudo, a lógica subjacente ao processo de aglomeração é Contudo, a lógica subjacente ao processo de aglomeração é diferente da descrita pela polarização. diferente da descrita pela polarização.

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Na aglomeração a espécie de lógica circular e cumulativa Na aglomeração a espécie de lógica circular e cumulativa aparece, devido ao facto dos potenciais consumidores irem aparece, devido ao facto dos potenciais consumidores irem até certos sítios, porque esperam encontrar uma gama de até certos sítios, porque esperam encontrar uma gama de actividades económicas (oferta) e estas actividades actividades económicas (oferta) e estas actividades económicas, por sua vez, localizam-se nestes sítios, porque económicas, por sua vez, localizam-se nestes sítios, porque sabem que terão aí acesso a uma grande gama de sabem que terão aí acesso a uma grande gama de potenciais consumidores (procura). potenciais consumidores (procura).

Assim, há uma interacção entre as forças da oferta Assim, há uma interacção entre as forças da oferta representadas pelas empresas e as da procura representadas pelas empresas e as da procura representadas pelos potenciais consumidores, sem representadas pelos potenciais consumidores, sem primazia de umas em relação às outras. Desta forma, pode-primazia de umas em relação às outras. Desta forma, pode-se referir que a desigual distribuição espacial das se referir que a desigual distribuição espacial das economias que reflecte disparidades entre zonas urbanas economias que reflecte disparidades entre zonas urbanas extremamente povoadas e zonas rurais tragicamente extremamente povoadas e zonas rurais tragicamente despovoadas, é seguramente o resultado, não de inerentes despovoadas, é seguramente o resultado, não de inerentes diferenças nos recursos naturais entre as localizações, mas diferenças nos recursos naturais entre as localizações, mas de um conjunto de forças económicas que desencadeiam de um conjunto de forças económicas que desencadeiam processos cumulativos, necessariamente envolvendo processos cumulativos, necessariamente envolvendo rendimentos crescentes, onde a concentração geográfica rendimentos crescentes, onde a concentração geográfica pode auto-reforcar-se. pode auto-reforcar-se.

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Em face da evolução na forma de Em face da evolução na forma de pensamento da Geografia Económica, é pensamento da Geografia Económica, é possível distinguir a Geografia Económica possível distinguir a Geografia Económica Tradicional da Nova Geografia Económica.Tradicional da Nova Geografia Económica.

As linhas teóricas tradicionais da As linhas teóricas tradicionais da Geografia Económica são basicamente Geografia Económica são basicamente cinco: geometria germânica, físicos cinco: geometria germânica, físicos sociais, causas cumulativas, economias sociais, causas cumulativas, economias externas locais e o modelo de von Thnen externas locais e o modelo de von Thnen (relacionado com as forças centrípetas e (relacionado com as forças centrípetas e centrífugas). Estas linhas teóricas serão centrífugas). Estas linhas teóricas serão desenvolvidas a seguir, dando-se pouco desenvolvidas a seguir, dando-se pouco relevo aos físicos sociais, dado que, o seu relevo aos físicos sociais, dado que, o seu principal contributo foi o conceito de principal contributo foi o conceito de mercado potencial, útil nos mercado potencial, útil nos desenvolvimentos das causas cumulativas. desenvolvimentos das causas cumulativas.

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A tradição da geometria germânica de Weber (1909), Lsch A tradição da geometria germânica de Weber (1909), Lsch (1940) e Christaller (1933) assenta nos mecanismos do (1940) e Christaller (1933) assenta nos mecanismos do século XVIII onde, os problemas da localização eram vistos século XVIII onde, os problemas da localização eram vistos directamente, como problemas de ponderação de um directamente, como problemas de ponderação de um conjunto de forças discretas de atracção. conjunto de forças discretas de atracção.

A ideia destas teorias relaciona-se com o facto de que, cada A ideia destas teorias relaciona-se com o facto de que, cada empresa é confrontada, por um lado, com um conjunto de empresa é confrontada, por um lado, com um conjunto de forças de atracção para um limitado número de locais de forças de atracção para um limitado número de locais de produção, onde existem economias de escala para produção, onde existem economias de escala para explorar, e por outro, com custos de transporte que explorar, e por outro, com custos de transporte que poderão ser reduzidos, aumentando o número de locais de poderão ser reduzidos, aumentando o número de locais de produção. produção.

Mas esta descrição implicaria estarmos num mundo com Mas esta descrição implicaria estarmos num mundo com economias de escala e, como tal, num mundo com uma economias de escala e, como tal, num mundo com uma estrutura de mercado em concorrência imperfeita, o que estrutura de mercado em concorrência imperfeita, o que não foi feito, mesmo após Isard (1956) e outros tornarem não foi feito, mesmo após Isard (1956) e outros tornarem estes trabalhos acessíveis para não germânicos. estes trabalhos acessíveis para não germânicos.

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O conceito de mercado potencial, lançado pelos geógrafos O conceito de mercado potencial, lançado pelos geógrafos americanos nos anos 50, tinha implícito a concorrência americanos nos anos 50, tinha implícito a concorrência imperfeita e implícita a possibilidade de circularidade.imperfeita e implícita a possibilidade de circularidade.

Ou seja, as empresas querem localizar-se onde o mercado Ou seja, as empresas querem localizar-se onde o mercado potencial é elevado, isto é, perto de grandes mercados, potencial é elevado, isto é, perto de grandes mercados, mas os mercados tendem a ser grandes onde há mas os mercados tendem a ser grandes onde há concentração de empresas. concentração de empresas.

O primeiro trabalho de Harris (1954) mostra que regiões O primeiro trabalho de Harris (1954) mostra que regiões com grande mercado potencial têm vantagens de auto-com grande mercado potencial têm vantagens de auto-reforço. reforço.

O primeiro esforço de modelar estes aspectos foi O primeiro esforço de modelar estes aspectos foi desenvolvido por Lowry (1964). Traduziu-se num modelo desenvolvido por Lowry (1964). Traduziu-se num modelo numérico calibrado do uso da terra dentro da cidade de numérico calibrado do uso da terra dentro da cidade de Pittsburgh, em que muitas decisões de localização eram Pittsburgh, em que muitas decisões de localização eram endógenas e em que implícitos rendimentos crescentes endógenas e em que implícitos rendimentos crescentes levam a múltiplos equilíbrios. As decisões de localização levam a múltiplos equilíbrios. As decisões de localização das empresas eram baseadas no conceito de mercado das empresas eram baseadas no conceito de mercado potencial. potencial.

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Henderson (1974) desenvolveu, Henderson (1974) desenvolveu, também, um modelo baseado nestes também, um modelo baseado nestes pressupostos, sobre a formação, pressupostos, sobre a formação, dimensão e número de cidades. dimensão e número de cidades.

Mas o problema é sempre o mesmo, Mas o problema é sempre o mesmo, a estrutura do mercado e a a estrutura do mercado e a formalização num modelo único e formalização num modelo único e coerente de todos estes aspectos. coerente de todos estes aspectos.

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O modelo de von Thnen (1826), por seu O modelo de von Thnen (1826), por seu lado, tem a excelente contribuição de lado, tem a excelente contribuição de ajudar a perceber as forças (citadas, ajudar a perceber as forças (citadas, sobretudo, na literatura da Nova Geografia sobretudo, na literatura da Nova Geografia Económica) centrípetas (forças de Económica) centrípetas (forças de aglomeração) e as centrífugas (forças aglomeração) e as centrífugas (forças contra a aglomeração). contra a aglomeração).

A Geografia Económica Tradicional, porém, A Geografia Económica Tradicional, porém, foi negligenciada durante anos, em face do foi negligenciada durante anos, em face do problema da estrutura do mercado, como problema da estrutura do mercado, como resultado dos rendimentos crescentes, resultado dos rendimentos crescentes, dado que, nestes domínios é preciso dado que, nestes domínios é preciso encontrar uma forma de relacionar encontrar uma forma de relacionar economias de escala com actividades em economias de escala com actividades em concorrência imperfeita. A razão foi bem concorrência imperfeita. A razão foi bem percebida por muitos, senão todos, os percebida por muitos, senão todos, os economistas espaciais.economistas espaciais.

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A Nova Geografia Económica, muito associada a A Nova Geografia Económica, muito associada a diversos trabalhos de Krugman, Fujita e Venables, diversos trabalhos de Krugman, Fujita e Venables, nomeadamente ao livro “The Spatial Economy” nomeadamente ao livro “The Spatial Economy” destes autores, tem tido como principal desafio destes autores, tem tido como principal desafio tentar encontrar e deduzir dentro do que foi tentar encontrar e deduzir dentro do que foi chamado, por estes autores, “black box”, o chamado, por estes autores, “black box”, o caracter de auto-reforço da concentração caracter de auto-reforço da concentração espacial. espacial.

A questão das economias de aglomeração A questão das economias de aglomeração (produtores e consumidores tendem a juntar-se), (produtores e consumidores tendem a juntar-se), está mais relacionada com o facto de que está mais relacionada com o facto de que modelando as fontes dos rendimentos crescentes modelando as fontes dos rendimentos crescentes para a concentração espacial, podemos aprender para a concentração espacial, podemos aprender algo acerca de como e quando estes rendimentos algo acerca de como e quando estes rendimentos podem mudar e, então, explorar como o podem mudar e, então, explorar como o comportamento económico muda com eles. comportamento económico muda com eles.

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Para a modelização dos rendimentos crescentes que Para a modelização dos rendimentos crescentes que explicam a concentração espacial, Alfred Marshall, muito explicam a concentração espacial, Alfred Marshall, muito antes em 1920, propôs uma tripla classificação. Na antes em 1920, propôs uma tripla classificação. Na terminologia moderna, ele defendia que as localidades terminologia moderna, ele defendia que as localidades industriais aparecem em face de efeitos “spillover”, de industriais aparecem em face de efeitos “spillover”, de vantagens de mercados especializados e de ligações vantagens de mercados especializados e de ligações “forward”e “backward” associadas com os grandes “forward”e “backward” associadas com os grandes mercados locais. mercados locais.

Embora, todas estas três forças estejam claramente a Embora, todas estas três forças estejam claramente a operar no mundo real, a Nova Geografia Económica tem operar no mundo real, a Nova Geografia Económica tem geralmente ignorado as primeiras duas (efeitos “spillover” geralmente ignorado as primeiras duas (efeitos “spillover” e de vantagens de mercados especializados), e de vantagens de mercados especializados), essencialmente, porque são difíceis de modelar de uma essencialmente, porque são difíceis de modelar de uma forma explícita. forma explícita.

As questões relacionadas com as ligações são fáceis de As questões relacionadas com as ligações são fáceis de expor se se ignorarem certos detalhes. De acordo com expor se se ignorarem certos detalhes. De acordo com estas, os produtores escolhem localizações que tenham estas, os produtores escolhem localizações que tenham bons acessos a largos mercados e sejam bem abastecidas bons acessos a largos mercados e sejam bem abastecidas por bens que eles e os seus empregados precisem. por bens que eles e os seus empregados precisem.

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De qualquer forma, um lugar que, por alguma De qualquer forma, um lugar que, por alguma razão histórica, já tenha uma concentração de razão histórica, já tenha uma concentração de produtores, tende a oferecer um largo mercado produtores, tende a oferecer um largo mercado (em face da procura dos produtores e dos seus (em face da procura dos produtores e dos seus trabalhadores) e uma boa oferta de inputs e bens trabalhadores) e uma boa oferta de inputs e bens de consumo (produzida pelos produtores que já lá de consumo (produzida pelos produtores que já lá estão instalados). estão instalados).

Estas duas vantagens correspondem Estas duas vantagens correspondem precisamente às ligações “forward” e precisamente às ligações “forward” e “backward” da teoria do desenvolvimento “backward” da teoria do desenvolvimento económico. Em face destas ligações, uma económico. Em face destas ligações, uma concentração espacial da produção uma vez concentração espacial da produção uma vez estabelecida, tende a persistir e uma pequena estabelecida, tende a persistir e uma pequena diferença no início, no desenvolvimento diferença no início, no desenvolvimento económico de duas localizações, pode crescer ao económico de duas localizações, pode crescer ao longo do tempo. longo do tempo.

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As discussões, baseadas nas correntes As discussões, baseadas nas correntes económicas tradicionais, sobre as ligações económicas tradicionais, sobre as ligações “forward” e “backward” e a Geografia Económica, “forward” e “backward” e a Geografia Económica, não têm em conta certas questões (como a não têm em conta certas questões (como a estrutura do mercado) que, geralmente, se estrutura do mercado) que, geralmente, se tornam cruciais, quando se pretende ir para além tornam cruciais, quando se pretende ir para além de questões simples (ou seja, quando se procura, de questões simples (ou seja, quando se procura, por exemplo, construir modelos que formalizem, por exemplo, construir modelos que formalizem, num todo coerente, realidades como a evolução num todo coerente, realidades como a evolução económica das regiões). económica das regiões).

O mais importante disto é a natureza da estrutura O mais importante disto é a natureza da estrutura dos mercados. Os aspectos relacionados com as dos mercados. Os aspectos relacionados com as ligações só funcionam se houver rendimentos ligações só funcionam se houver rendimentos crescentes na produção ao nível individual da crescentes na produção ao nível individual da empresa, doutro modo, a empresa não empresa, doutro modo, a empresa não concentraria a produção onde o mercado é maior. concentraria a produção onde o mercado é maior. Nestas questões espaciais é preciso ter em conta, Nestas questões espaciais é preciso ter em conta, também, os “custos de transporte”, porque caso também, os “custos de transporte”, porque caso contrário, não interessaria a localização.contrário, não interessaria a localização.

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A Nova Geografia Económica tem procurado A Nova Geografia Económica tem procurado desenvolver uma abordagem básica que seja desenvolver uma abordagem básica que seja consistente (formalizada), embora um pouco consistente (formalizada), embora um pouco artificial (em face das suposições simplificantes), artificial (em face das suposições simplificantes), e que formalize estas questões de uma forma e que formalize estas questões de uma forma tratável. tratável.

Para isso, agrupou as tradições ao nível da Para isso, agrupou as tradições ao nível da Economia Espacial, em linhas teóricas coerentes Economia Espacial, em linhas teóricas coerentes e tem tentado relacioná-las, modelando-as, de e tem tentado relacioná-las, modelando-as, de modo a explicar da forma mais objectiva possível modo a explicar da forma mais objectiva possível as questões espaciais. as questões espaciais.

Contudo, dada a dificuldade de conciliar os Contudo, dada a dificuldade de conciliar os rendimentos crescentes ao nível individual das rendimentos crescentes ao nível individual das empresas, com a estrutura do mercado e com os empresas, com a estrutura do mercado e com os aspectos espaciais, tem-se procurado recorrer a aspectos espaciais, tem-se procurado recorrer a alguns pressupostos seguidamente apresentados.alguns pressupostos seguidamente apresentados.

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Pressupostos do modelo de aglomeraçãoPressupostos do modelo de aglomeração

Krugman (1991, 94 e 95) desenvolveu um modelo Krugman (1991, 94 e 95) desenvolveu um modelo baseado nestas tradições, conciliando rendimentos à baseado nestas tradições, conciliando rendimentos à escala crescentes ao nível individual das empresas escala crescentes ao nível individual das empresas com a estrutura do mercado, utilizando, como base, com a estrutura do mercado, utilizando, como base, o modelo da concorrência monopolística de Dixit-o modelo da concorrência monopolística de Dixit-Stiglitz (1977), bem como, as suas suposições. Stiglitz (1977), bem como, as suas suposições.

No desenvolvimento deste modelo, imaginou uma No desenvolvimento deste modelo, imaginou uma economia com várias localizações e dois sectores: a economia com várias localizações e dois sectores: a agricultura que é geograficamente imóvel, e o sector agricultura que é geograficamente imóvel, e o sector de produtos manufacturados que é móvel ao longo de produtos manufacturados que é móvel ao longo do tempo. A localização geográfica do sector de do tempo. A localização geográfica do sector de produtos manufacturados não é instantânea, mas produtos manufacturados não é instantânea, mas dinâmica, sendo este aspecto considerado através dinâmica, sendo este aspecto considerado através de “ad hoc dynamics”. de “ad hoc dynamics”.

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O sector de produtos manufacturados é composto por O sector de produtos manufacturados é composto por muitas empresas, produzindo produtos diferenciados. Os muitas empresas, produzindo produtos diferenciados. Os rendimentos à escala crescentes, e o facto de os produtos rendimentos à escala crescentes, e o facto de os produtos serem diferenciados, asseguram que nem todos os serem diferenciados, asseguram que nem todos os potenciais bens sejam produzidos, e portanto, cada potenciais bens sejam produzidos, e portanto, cada empresa produz um só bem (justificando a suposição de empresa produz um só bem (justificando a suposição de Weber que cada bem é produzido numa só localização). Weber que cada bem é produzido numa só localização). Todas as empresas têm de fazer as suas escolhas numa Todas as empresas têm de fazer as suas escolhas numa localização óptima, tendo em conta a distribuição espacial localização óptima, tendo em conta a distribuição espacial da procura e os custos de transporte, daí a necessidade de da procura e os custos de transporte, daí a necessidade de introduzir os custos de transporte “iceberg”introduzir os custos de transporte “iceberg”[1][1]. .

A suposição de concorrência monopolística, embora nem A suposição de concorrência monopolística, embora nem sempre provável (uma vez que, em termos reais nem todos sempre provável (uma vez que, em termos reais nem todos os sectores operam com este tipo de concorrência), resolve os sectores operam com este tipo de concorrência), resolve os problemas de comportamento estratégico, ou seja, os problemas de comportamento estratégico, ou seja, conciliar rendimentos crescentes com a estrutura de conciliar rendimentos crescentes com a estrutura de concorrência imperfeita dos mercados. concorrência imperfeita dos mercados.

[1][1] Supõe-se que, quando um bem é enviado de uma Supõe-se que, quando um bem é enviado de uma localidade para outra, há uma fracção que, simplesmente, localidade para outra, há uma fracção que, simplesmente, se perde em trânsito, reflectindo os custos de transporte.se perde em trânsito, reflectindo os custos de transporte.

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A aglomeração emerge, então, da interacção A aglomeração emerge, então, da interacção entre rendimentos crescentes ao nível individual entre rendimentos crescentes ao nível individual das unidades de produção, os custos de das unidades de produção, os custos de transporte e a mobilidade dos factores. transporte e a mobilidade dos factores.

Em face dos rendimentos crescentes, é vantajoso Em face dos rendimentos crescentes, é vantajoso concentrar a produção de cada bem em poucas concentrar a produção de cada bem em poucas localizações. localizações.

Em face dos custos de transporte, as melhores Em face dos custos de transporte, as melhores localizações são as com bons acessos ao localizações são as com bons acessos ao mercado e a fornecedores (ligações “forward” e mercado e a fornecedores (ligações “forward” e “backward”). “backward”).

Mas o acesso ao mercado e fornecedores será Mas o acesso ao mercado e fornecedores será melhor, precisamente no ponto onde os melhor, precisamente no ponto onde os produtores estão concentrados, e então atraem, produtores estão concentrados, e então atraem, para junto de si, os factores de produção móveis.para junto de si, os factores de produção móveis.

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A tentativa de conciliar as várias tradições da A tentativa de conciliar as várias tradições da Economia Espacial resulta do facto de vários Economia Espacial resulta do facto de vários autores, sobretudo Krugman, terem verificado que autores, sobretudo Krugman, terem verificado que o mercado potencial é parte das questões o mercado potencial é parte das questões relacionadas com as causas circulares e relacionadas com as causas circulares e cumulativas e que a concentração da produção que cumulativas e que a concentração da produção que resulta de um processo dinâmico pode ser vista resulta de um processo dinâmico pode ser vista como consequência das economias externas locais. como consequência das economias externas locais.

Por outro lado, Krugman, empiricamente, verificou Por outro lado, Krugman, empiricamente, verificou que a estrutura espacial de aglomeração, emerge a que a estrutura espacial de aglomeração, emerge a partir do processo cumulativo. partir do processo cumulativo.

Além disso, qualquer modelo de Economia Espacial Além disso, qualquer modelo de Economia Espacial tem de exibir tensões entre dois tipos de forças: as tem de exibir tensões entre dois tipos de forças: as centrípetas (ligações “backward and forward”) e as centrípetas (ligações “backward and forward”) e as centrífugas. centrífugas.

Como nem todos os factores são móveis, a Como nem todos os factores são móveis, a presença de factores imóveis gera forças presença de factores imóveis gera forças centrífugas que operam contra a aglomeração. centrífugas que operam contra a aglomeração.

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Aspectos do modelo de aglomeraçãoAspectos do modelo de aglomeração

Tem de se modelar com a estrutura de mercado em Tem de se modelar com a estrutura de mercado em concorrência imperfeita, por isso, utiliza-se o modelo de concorrência imperfeita, por isso, utiliza-se o modelo de Dixit-Stiglitz (1977). Dixit-Stiglitz (1977).

Teoricamente, as economias de escala internas são obtidas Teoricamente, as economias de escala internas são obtidas através da expansão individual das empresas, aproveitando através da expansão individual das empresas, aproveitando as vantagens comparativas próprias e as economias de as vantagens comparativas próprias e as economias de escala externas obtêm-se através da expansão do sector, escala externas obtêm-se através da expansão do sector, geralmente a indústria, em que a empresa opera, as geralmente a indústria, em que a empresa opera, as chamadas externalidades. chamadas externalidades.

Nos modelos de aglomeração, o tamanho do mercado não Nos modelos de aglomeração, o tamanho do mercado não afecta nem o “mark-up” do preço sobre os custos afecta nem o “mark-up” do preço sobre os custos marginais, nem a escala a que os bens individuais são marginais, nem a escala a que os bens individuais são produzidos, mas, unicamente, o número de variedades de produzidos, mas, unicamente, o número de variedades de bens disponíveis. Por outro lado, há uma referência clara à bens disponíveis. Por outro lado, há uma referência clara à indústria, como sector, onde os rendimentos crescentes são indústria, como sector, onde os rendimentos crescentes são unicamente existentes. unicamente existentes.

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1AMU , função

utilidade (1)

1

0)(,

n

diimM , função

subutilidade (2)

nA YdiimipAp

0)()( , equação que relaciona a utilidade com o

orçamento (3)

n

diimip0

)()(min s.a. Mdiimn

1

0)( , condição que minimiza o

custo (4)

)(

)(

)(

)(1

1

jp

ip

jm

im

, equação que iguala as taxas marginais de substituição aos

preços (5)

M

diip

jpjm

n

1

0

1

1

1

)(

)()(

, função da procura para cada

variedade j (6)

n nMdiipdjjmjp

0

)1(

0

1)()()(

, equação preliminar do índice de

preços (7)

)1(

1

0

1

)1(

0

1 )()(

nndiipdiipG , equação do índice de

preços (8)

1max AMU s.a. GM+pAA=Y, condição que distribui o

rendimento (9)

)1(1 )()1( ApYGU , função utilidade

indirecta (10)

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n = número de variedades produzidas;

m(i) = consumo de cada variedade de bens manufacturados i;

Y = rendimento;

pA = preço dos bens agrícolas;

p(i) = preço dos bens manufacturados;

G = índice de preços;

Mrp = preço de venda de cada variedade em r;

MrsT = representa os custos de transporte.

r e s = representam localizações;

i e j = representam variedades de bens manufacturados.

= percentagem de despesa em bens manufacturados;

= intensidade de preferência por variedades de bens manufacturados;

= elasticidade de substituição entre quaisquer duas variedades.

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rrrr wY )1( , equação do rendimento em cada

localização (1)

)1/(1

1)(

ssrssr TwG , equação do índice de preços dos

produtos (2)

manufacturados em r

/1

11

ssrssr GTYw , equação da taxa

salarial (3)

rrr Gw , equação dos salários

reais (4)

= percentagem de trabalhadores agrícolas;

= percentagem de trabalhadores não agrícolas.

As restantes variáveis e parâmetros têm o mesmo significado já antes referido

anteriormente.

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Daqui, a aglomeração é favorecida por baixos Daqui, a aglomeração é favorecida por baixos custos de transporte (baixos T, em alguns modelos custos de transporte (baixos T, em alguns modelos esta variável é substituída pelo parâmetro ), alto esta variável é substituída pelo parâmetro ), alto peso do sector de produtos manufacturados na peso do sector de produtos manufacturados na indústria (alto ) e fortes economias de escala ao indústria (alto ) e fortes economias de escala ao nível individual das empresas (baixo .nível individual das empresas (baixo .

Krugman Krugman et alet al.(1995), referem que para altos .(1995), referem que para altos custos de transporte todos os países têm o mesmo custos de transporte todos os países têm o mesmo sector de bens manufacturados, mas quando os sector de bens manufacturados, mas quando os custos de transporte descem abaixo de um valor custos de transporte descem abaixo de um valor crítico, por hipótese, a estrutura centro – periferia crítico, por hipótese, a estrutura centro – periferia forma-se espontaneamente. forma-se espontaneamente.

A baixos custos de transporte pode haver A baixos custos de transporte pode haver convergência dos rendimentos reais, em que os convergência dos rendimentos reais, em que os países da periferia ganham e os do centro poderão países da periferia ganham e os do centro poderão perder, e, nestes casos, a estrutura centro – perder, e, nestes casos, a estrutura centro – periferia deixa de fazer sentido. Por outro lado, a periferia deixa de fazer sentido. Por outro lado, a integração económica pode levar à aglomeração, integração económica pode levar à aglomeração, dado que, traz diminuição dos custos de comércio. dado que, traz diminuição dos custos de comércio.

Page 23: Teorias de Crescimento Económico (Aulas do Mestrado de Marketing Research da ESTGV)

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Fujita Fujita et alet al. (2000) procuraram, também, explorar as . (2000) procuraram, também, explorar as consequências de duas ideias simples:consequências de duas ideias simples:

(i) a primeira é que, num mundo onde rendimentos (i) a primeira é que, num mundo onde rendimentos crescentes e custos de transporte são ambos importantes, as crescentes e custos de transporte são ambos importantes, as ligações “backward” e “forward” podem criar uma lógica ligações “backward” e “forward” podem criar uma lógica circular de aglomeração. Isto é, considerando outros factores circular de aglomeração. Isto é, considerando outros factores constantes, os produtores pretendem localizar-se perto dos constantes, os produtores pretendem localizar-se perto dos seus fornecedores e dos seus consumidores, e vice versa, seus fornecedores e dos seus consumidores, e vice versa, numa tentativa de explorarem os benefícios de aglomeração.numa tentativa de explorarem os benefícios de aglomeração.

(ii) a segunda ideia é que, a imobilidade de certos (ii) a segunda ideia é que, a imobilidade de certos factores (terra e outros recursos naturais), cria um conjunto factores (terra e outros recursos naturais), cria um conjunto de forças centrífugas que se opõem às forças centrípetas de de forças centrífugas que se opõem às forças centrípetas de aglomeração. E a tenção entre estas forças centrífugas e aglomeração. E a tenção entre estas forças centrífugas e centrípetas, define a evolução da estrutura da economia centrípetas, define a evolução da estrutura da economia espacial. As forças centrípetas são, como já se viu, as espacial. As forças centrípetas são, como já se viu, as resultantes das ligações dos mercados especializados, dos resultantes das ligações dos mercados especializados, dos efeitos “spillover” e de outras economias externas. As forças efeitos “spillover” e de outras economias externas. As forças centrífugas resultam da imobilidade dos factores, do centrífugas resultam da imobilidade dos factores, do congestionamento da população e das actividades congestionamento da população e das actividades económicas, e de outras deseconomias. Todas estas forças económicas, e de outras deseconomias. Todas estas forças são importantes, mas para tornar os modelos tratáveis, tem-são importantes, mas para tornar os modelos tratáveis, tem-se simplificado e considerado, apenas, as ligações como se simplificado e considerado, apenas, as ligações como forças de concentração e a imobilidade como forças contra.forças de concentração e a imobilidade como forças contra.

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,, Sal. Trabalhadores Empresas Custos Sal.

Reais (Ligações (Ligações de Trans- Preços Reais “forward”) “backward”) porte

Forças centrípetas