Teorias do Currículo

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Teorias do Currículo a) Procuraremos demonstrar como o currículo tem estado , de uma forma mais ou menos oculta, permeável às forças do poder hegemónico , seja ele político, social, económico ou cultural. b) A partir de algumas teorias críticas do currículo, debruçar- nos-emos sobre as relações de força que se estabelecem entre esses diversos sistemas e a educação , ressaltando todo um processo de reprodução e estratificação social.

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Teorias do Currculo

Teorias do Currculoa) Procuraremos demonstrar como o currculo tem estado, de uma forma mais ou menos oculta, permevel s foras do poder hegemnico, seja ele poltico, social, econmico ou cultural.

b) A partir de algumas teorias crticas do currculo, debruar-nos-emos sobre as relaes de fora que se estabelecem entre esses diversos sistemas e a educao, ressaltando todo um processo de reproduo e estratificao social.

O nascimento da escola pblicaA generalizao da escola como instituio pblica ocorreu por imperativos da Revoluo Industrial.

A deslocao de grandes massas populacionais das zonas rurais para os subrbios das cidades industriais obrigou as autoridades pblicas a prestarem maior ateno aos problemas criados, por exemplo: crianas entregues a si; adultos sem ocupao.

Revoluo Industrial Inglaterra sc. XVIII expandindo-se ao resto do mundo durante o sc. XIX.2

Tornava-se necessrio armazenar, isto encaixotar esta franja no activa da populao por forma a conform-la nova ordem industrial.

Como nos diz Alvin Toffler:Era preciso que os indivduos se adaptassem a um trabalho repetitivo, portas adentro, a um mundo de fumo, barulho, mquinas, vida em ambientes superpovoados e disciplina colectiva, a um mundo em que o tempo, em vez de regulado pelo ciclo sol-lua, fosse regido pelo apito da fbrica e pelo relgio. (In Choque do Futuro).

Ensino em massa inspirado no modelo de gesto cientfica de Taylor, veio dar resposta ao tipo de homem de que necessitava o novo modelo de produo.

A ideia geral de reunir multides de estudantes (matria-prima) destinados a ser processados por professores (operrios) numa escola central (fbrica) foi a demonstrao de gnio industrial. (Taylor, 1911; 1985).

Escola fabril4

Assim:A escola nasce com carcter instrumental: ela destinava-se, por via do currculo, a processar (transformar) o aluno com o mximo de eficcia e o mnimo de custos, numa lgica empresarial, comercial ou industrial.

One best way!

A escola nasce como instrumento do social.5

Ento:O modelo fabril do desenvolvimento do Currculo que emerge nos primeiros anos do campo reala a racionalidade tcnica do processo-produto ligada a uma enfase na eficcia e produtividade.

A gesto cientfica do ensino e o currculoNos EUA sob a influncia de Johann Friedrich Herbart (1776-1841) assistiu-se a partir de meados do sculo XIX emergncia de uma nova rea pedaggica relacionada com a organizao do ensino, ligada a um objecto especfico de estudo e investigao: o currculo.

pai da pedagogia cientfica.

Johann Friedrich Herbart - filsofo e educador alemo.7

John Dewey (1859 1952):The absolute curriculum (1900)The curriculum in elementary education (1901)The child and the curriculum (1902)

Franklin Bobbitt (1876 1956):The Curriculum (1918)How to make a curriculum (1924)

Apesar dos trabalhos de Dewey... Foram as obras de... Que se estabeleceram como grandes marcos para a definio de uma nova rea directamente relacionada com o ensino e a sua gesto cientfica tendo em vista alcanar objectivos claros, observveis e mensurveis, de acordo com um desenho curricular bem ordenado e sequencial.

As primeiras problematizaes sobre o currculo surgem essencialmente nos anos 20 do sculo passado.8

Franklin Bobbitt:As suas obras estabeleceram-se como grandes marcos para a definio de uma nova rea directamente relacionada com o ensino e a sua gesto cientfica tendo em vista alcanar objectivos claros, observveis e mensurveis, de acordo com um desenho curricular bem ordenado e sequencial.

Ralph Tyler (1902-1994): Basic principles of curriculum and teaching (1949)

Questes bsicas centradas sobre o processo de construo curricular:

Que objectivos educacionais deve a escola procurar atingir?Que experincias educacionais podem ser proporcionadas para que seja possvel atingir esses objectivos?Como organizar eficientemente essas experincias educacionais?Como poderemos ter a certeza de que esses objectivos esto a ser alcanados?

Ralph Tyler consagra os princpios de Bobbitt na sua obra de 1949.

Questes:1 Objectivos / metas educacionais / viso2 / 3 Planificao e desenvolvimento de experincias / Programao4 Avaliao / Investigao10

Hilda Taba (19021967): Curriculum Development Theory and Practice (1962)Utilizou o mesmo tipo de abordagem tcnica.Sete etapas para a construo do currculo:

Diagnstico das necessidades.Formulao dos objectivos.Seleco dos contedos.Organizao dos contedos.Seleco das experincias da aprendizagem.Organizao das experincias da aprendizagem.Determinao do que deve ser avaliado e dos processos e meios para o fazer.

O professor enquanto tcnico de ensinoEstamos perante o chamado Rationale Tyler

Teoria linear e prescritiva de instruo, assente numa definio clara de objectivos em termos de comportamento observvel, de forma a facilitar uma avaliao objectiva dos resultados.

Era, supostamente, a melhor via para fazer face liderana simbolicamente conquistada pela Unio Sovitica (1957) com o lanamento do primeiro Sputnik.

O Sputnik foi o primeiro satlite artificial da Terra. Lanado a 4 de Outubro de 195712

Rationale Tyler concepo behaviorista de currculo.

Fase do aparecimento das Taxonomias de Benjamin Bloom (1913 1999) e da vulgarizao da Pedagogia por Objectivos.

Estvamos perante a iluso de uma teoria curricular meramente tecnicista e administrativa.

Para tal, Bloom dividiu as possibilidades de aprendizagem em trs grandes domnios:

o cognitivo, abrangendo a aprendizagem intelectual; o afectivo, abrangendo os aspectos de sensibilizao e gradao de valores;o psicomotor, abrangendo as habilidades de execuo de tarefas que envolvem o organismo muscular.

Cada um destes domnios tem diversos nveis de profundidade de aprendizagem.13

O professor seria um mero tcnico de instruo cujo papel seria o de traduzir objectivos gerais, determinados algures, em objectivos comportamentais (mensurveis) a aplicar dentro da sala de aula. No lhe cabia a si questionar sobre o que era suposto ensinar.

Um olhar compassado, ritmado, sobre a pedagogia [Teoria] Tradicional...

Um olhar crtico sobre o currculo

Principal eixo de anlise: questionar as polticas educativas, os modelos e os mtodos de ensino. Problematizar o porqu de se ensinar um determinado tipo de conhecimento em detrimento de outro!16

A essncia do currculo: o professor como mais do que um tcnico de ensinoAs Teorias Crticas centradas na escola abordam o currculo como resultado de determinada seleco feita por quem detm o poder.

O facto de seleccionar, de entre um universo amplo, aqueles conhecimentos que constituiro o currculo , por si s, uma operao de poder!

Para Tomaz Tadeu da Silva:

As Teorias Tradicionais eram teorias de aceitao, ajuste e adaptao.

As Teorias Crticas so teorias de desconfiana, questionamento e transformao radical.

Teorias Tradicionais a tesoura simboliza o corte e costura. A preciso de um alfaiate, por exemplo.

Teorias Crticas o microscpio simboliza a profundidade da anlise, da investigao, das variveis que compem o contexto e que so claramente distintas.18

A ideologia e os aparelhos ideolgicos do EstadoLouis Althusser (1918-1990): Idologie et appareils idologiques dEtat (1970).Analisa a relao entre cultura e economia.

Procura demonstrar que a Ideologia bem mais forte do que o prprio poder material de base econmica, na manuteno do status quo.

status quo estado actual das coisas.

Ideologia tem costumes, rituais, comportamentos-padro, modos de pensamento que o Estado utiliza para a manuteno do poder, por parte das classes dominantes

a escola contribui para a reproduo da sociedadecapitalista ao transmitir, atravs das matrias escolares, ascrenas que nos fazem v-la como boa e desejvel19

A Ideologia tem costumes, rituais, comportamentos-padro, modos de pensamento que o Estado utiliza para a manuteno do poder, por parte das classes dominantes.

O controlo exercido por:

Foras repressivas, ou seja, Aparelhos Repressivos do Estado: tribunais, polcia, prises, foras armadas, etc..

Aparelhos Ideolgicos do Estado: a escola, os partidos polticos, a igreja, a famlia, a comunicao social, etc..

A reproduo social por via da escolaPierre Bourdieu (1930 2002) e Jean-Claude Passeron (1930 - ...) estudam (tambm) o papel desempenhado pela escola na manuteno do status quo, centrando ateno na cultura que ela veicula.

Les Hritiers, les tudiants et la culture (1964).

Concluem, por exemplo, que a universidade francesa acolhia predominantemente os herdeiros dos privilgios sociais.

Herana cultural / capital cultural meio familiar.

Referir que tinham 34 anos quando escreveram a obra!!!!21

La rproduction. lments pour une thorie du systme denseignement (1970).Procuram demonstrar:a relao entre sucesso escolar e situaes sociais privilegiadas.A relao entre o fracasso escolar e situaes sociais desfavorecidas.Concluem que a escola confirma e refora a cultura de classes privilegiadas, dissimulando a seleco social sob as aparncias duma pretensa objectividade tcnica.

Capital cultural e violncia simblicaA escola apesar de proclamar a sua funo de instrumento democrtico de mobilidade social, acaba por ter a funo, talvez inconsciente, de legitimar e, em certa medida, perpetuar as desigualdades de oportunidades dos alunos.

Segundo os autores: all pedagogic action is, objectively, symbolic violence insofar as it is the imposition of a cultural arbitrary by an arbitrary power.

Insofar na medida em que23

Papis de submisso e dominao veiculados pela EscolaChristian Baudelot (1938 - ...) e Roger Establet (1938 - ...): Lcole capitalist en France (1971).Consideram que a escola capitalista tem a funo de reproduzir as relaes sociais de classes da sociedade capitalista.

Samuel Bowles (1939 - ...) e Herbert Gintis (1939 - ...): Schooling in capitalist America (1976).

Para estes autores o sexo, a idade, a raa e a personalidade ligada classe social tm, no seu conjunto, mais fora do que os conhecimentos fornecidos pelas escolas.

Destacam as relaes sociais no interior da escola como produtoras de atitudes. (lideranas e climas escolares mais abertos ou fechados).

Baudelot e Establet discpulos de Bourdieu e Passeron 2 canais de escolarizao: SS (Secundrio e Superior) e PP (Primrio e Profissional) tinham 33 anos qd escreveram uma das obras mais importantes da sociologia da escola.24

A educao problematizadora na libertao do oprimidoPaulo Freire (1921 1997) encara a educao em geral mais como um processo poltico do que pedaggico.

Pedagogy of the Oppressed (1971).A educao uma aco cultural que tem a ver com o processo de consciencializao crtica. problematizadora e no bancria (transmisso em massa).A vocao ontolgica do Homem ser um Sujeito que age sobre o mundo, podendo transform-lo.

sofreu a perseguio do regime militar no Brasil (1964-1985), sendo preso e forado ao exlio. Regressa ao Brasil em 1980

A educao que problematiza a educao que questiona, que interroga o status quo.

um pedagogo que mesmo na velhice sabia reconhecer a importncia do sorriso... No era, nem queria ser um velho desconfiado da juventude, pois sabia que era nela que residia o poder da transformao social. Teria era que haver o chamado processo dialgico.

A valorizao dos crculos de cultura.Faleceu a 2 de Maio. (76 anos)

Video - Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo25

Dados filme 1:Paulo Reglus Neves Freire 19 de Setembro de 1921 Recife PernambucoRaa: HUMANA

Citaes do filme (Portugus do Brasil):

O Meu primeiro mundo foi o quintal de casa... Ali engatinhei... Eu fazedor de coisas, eu pensante eu falante!

Anos 50 Procurava uma crtica Educao Brasileira.

Crculo da Cultura nome atribudo por Freire para substituir a designao de classe de alfabetizao. Porque nesta classe permanece o sentimento de A sobre B, ou seja, do professor que transmite uma educao bancria e algum que recebe a informao.

Recordar o passado viver duas vezes.

Presso Poltica / Movimentos Sociais1964 golpe militar.

Inviabilizar a emancipao dos trabalhadores... Dos oprimidos...

Moacir GadottiCurioso (por isso h que ler o mundo; Tematizao - Problematizao)Ser inacabado, precisa do outro.Nasceu como um ser conectivo, compartilha com o outro o mundo; um mundo em transformao. Antropologia!

Para mim o exlio foi profundamente pedaggico. A distancia do Brasil fez-me compreender aquele contexto. A distncia do objecto.

Dois traos da personalidade de Paulo Freire:Primeiro: (...) a generosidade do menino aberto ao mundo; (...) a alegria de querer conhecer o outro.Segundo: a conectividade (...) uma qualidade do adulto.

Uma definio para qualquer ser humano decente: ser um menino (...) guardar toda a carga de emoo da criana e a conectividade, enquanto projecto das pessoas adultas.

Era uma pessoa frgil maldade humana!

Frase: Se algum me quiser insultar, me chame de santinho!

Pilares da Educao segundo a UNESCO:Aprender a aprederAprender a conviverAprender a fazer Aprender a ser

Freire acrescenta:

Aprender porqu?

Dados filme 2

Foi aprendendo que percebemos ser possvel ensinar!

A importncia do Bom dia, no perda um ganho!

Ensinar no transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produo ou a sua construo. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.

Ns temos que educar para sermos mais; mais humanos; ter mais qualidade enquanto gente!

Na aprendizagem, no h idades, no h experincia superiores; h partilha!

A educao enquanto formao humano um esforo indiscutivelmente tico e esttico. A educao busca a decncia do ser!

eu sou um sonhador, mas no um sonhador maluco. H pessoas que me consideram um idealista, mas um idealista perigoso... Para mim a esperana faz parte disso que a gente vem chamando de natureza humana. Eu gostaria de ser lembrado como um sujeito que amou profundamente o mundo, as pessoas, os bichos, as rvores, as guas, a vida.

Afinal ainda h esperana... Ainda h espao para os chamados utpicos sem asas!

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Algumas ideias chave dos filmes 1 e 2.Para Moacir Gadotti, Freire definia o Homem como:Um ser Curioso (por isso h que ler o mundo; Tematizao - Problematizao)Um ser inacabado, precisa do outro.Um sujeito que nasceu como um ser conectivo, compartilha com o outro o mundo; um mundo em transformao. Antropologia!

Para mim o exlio foi profundamente pedaggico. A distancia do Brasil fez-me compreender aquele contexto. [A importncia da distncia no entendimento do objecto.]Dois traos da personalidade de Paulo Freire:Primeiro: (...) a generosidade do menino aberto ao mundo; (...) a alegria de querer conhecer o outro.Segundo: a conectividade (...) uma qualidade do adulto.

(continuao...)Uma definio para qualquer ser humano decente: ser um menino (...) guardar toda a carga de emoo da criana e a conectividade, enquanto projecto das pessoas adultas.

Era uma pessoa frgil maldade humana!

Frase: Se algum me quiser insultar, me chame de santinho!

Pilares da Educao segundo a UNESCO: Aprender a aprender; Aprender a conviver; Aprender a fazer; Aprender a ser

Freire acrescenta: Aprender porqu?

Dados filme 2

Ensinar no transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produo ou a sua construo. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende, ensina ao aprender.

Ns temos que educar para sermos mais; mais humanos; ter mais qualidade enquanto gente!

Na aprendizagem, no h idades, no h experincia superiores; h partilha!

(continuao...)A educao enquanto formao humano um esforo indiscutivelmente tico e esttico. A educao busca a decncia do ser!

(...) eu sou um sonhador, mas no um sonhador maluco. H pessoas que me consideram um idealista, mas um idealista perigoso... Para mim a esperana faz parte disso que a gente vem chamando de natureza humana. Eu gostaria de ser lembrado como um sujeito que amou profundamente o mundo, as pessoas, os bichos, as rvores, as guas, a vida. (Paulo Freire).

Afinal ainda h esperana... Ainda h espao para os chamados utpicos sem asas!

Currculo como responsvel pelas desigualdades sociaisAnos 70 Inglaterra:Movimento: Nova Sociologia da Educao (NSE), liderado por Michael Young.

Publica Knowledge and Control: New directions in the Sociology of Education (1971).

Pe em causa a abordagem sociolgica at ento desenvolvida, que procurava encontrar as razes do insucesso escolar na cultura, na linguagem e no ambiente familiar.

O conceito de diferenciao do conhecimento implica que muito do conhecimento que importante que os alunos adquiram no ser local e ser contrrio sua experincia. Ento, a pedagogia ir sempre envolver um elemento daquilo que o socilogo francs Pierre Bourdieu chama indirectamente e, a meu ver, equivocadamente, de violncia simblica.

O currculo tem que levar em considerao o conhecimento local e quotidiano que os alunos trazem para a escola, mas esse conhecimento nunca poder ser uma base para o currculo.30

A NSE vira o seu foco de ateno para o prprio currculo, responsabilizando-o pela produo das desigualdades sociais.

Procura estudar os motivos por que determinados saberes so seleccionados e os processos por que estes passam at se escolarizarem.

A sociologia do currculo estudaria:As relaes de poder entre as diversas disciplinas e reas de saber:

Porqu umas teriam mais prestgio do que outras?Porqu umas teriam uma maior carga horria do que outras?Porqu umas seriam objecto de avaliao formal e no outras?Que interesses de classe, profissionais e institucionais, estariam envolvidos nesse jogo de poder?

Reconceptualizao curricularI Conferncia sobre o Currculo Universidade de Rochester em Nova York (1973)Resultou o livro organizado por William Pinar:Curriculum Studies: The ReconceptualizationPe em causa o entendimento do currculo como actividade meramente tcnica e administrativa do ensino.

Destacam-se daqui, dois autores que se centraram na vertente poltica do currculo e conhecimento escolar: Michael Apple e Henry Giroux.

O que o conhecimento legtimo?Michael Apple (1942 - ...): o mundo dentro e fora da educao no apenas um texto!

Ideology and Curriculum (1979).Education and Power (1985).Democratic Schools (1995).Cultural Politics and Education (1996).

So alguns dos livros de onde se pode extrair a sua preocupao por uma educao mais justa e democrtica!

Aos 37 anos escreveu uma das principais obras em estudos curriculares.

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Michael Apple. A crtica:

Opunha-se perspectiva neoliberal caracterstica da sociedade norte-americana, que, a leva a pensar o mundo como um vasto supermercado, reduzindo a democracia escolha livre do consumidor.

Alerta para o facto de que a seleco que constitui o currculo o resultado de um processo que reflecte os interesses particulares das classes e dos grupos dominantes.

Contudo, como se d uma luta em torno dos valores, smbolos, significados e propsitos sociais, o campo social no feito s de domnio e subordinao, mas tambm de resistncia e oposio.

Resistncia e oposio: luta pelos direitos e deveres sociais, a emancipao dos oprimidos, as vivncias em torno de uma prtica da cidadania activa.35

Currculo e MulticulturalismoHenry Giroux (1943 - ...) filho de trabalhadores imigrantes franco-canadianos, desde cedo se preocupou com a questo da diversidade tnica , lingustica, econmica e cultural, que cada vez mais se impe nas escolas pblicas hodiernas.A crtica:Diz-nos que o conhecimento quase exclusivamente desenhado a partir de um modelo europeu de cultura e de civilizao, espartilhado em reas autnomas e especializadas.Os estudos culturais alertam os professores para as questes do multiculturalismo, da raa, da identidade, do poder, do conhecimento, da tica e do trabalho, levando-os a repensar os fins ltimos da escolarizao.Os trabalhos de Giroux vo no sentido de consciencializar os professores para a necessidade de encarar os seus alunos como portadores de diversas memrias sociais que tambm so legtimas, com direito a se exprimirem e representarem na busca de aprendizagem e autodeterminao.

As questes educacionais tornam-se refns de pressupostos ligados europeizao e globalizao.

ULTIMO PONTO: a importncia da dinamizao da rea de projecto nas escolas. Demonstra-se como um verdadeiro percurso alternativo de acolhimento (da diferena.)36

ConclusoO currculo j no pode ser lido como aquela rea simplesmente tcnica, aterica e apoltica.

O currculo do ponto de vista das teorias crticas um artefacto poltico que interage com a ideologia, a estrutura social, a cultura e o poder.

Passamos de um currculo tcnico, assptico, fechado, descontextualizado, para um currculo que toma conscincia crtica do seu territrio enquanto subsistema de um sistema mais amplo onde jogam mltiplas presses de natureza poltica, econmica, social e cultural.

Assptico desinfectado, puro, neutro.

A realidade curricular tem que ser concebia como janelas e no como muros. Uma metfora para exprimir a ideia de que o currculo dever expandir o horizonte de aco no s da escola, como de todos aqueles que fazem parte dela.37

A anlise de uma poltica educativa(a partir do trabalho de D'Hainaut, L. (1980). Educao - Dos Fins aos Objectivos. Coimbra: Livraria Almedina)O papel (funo) de uma poltica educativa, o seu lugar e a sua clarificao

( obrigatria a leitura do documento com o mesmo nome, disponvel na reprografia da universidade desde o incio das actividades lectivas.)

Anlise de um poltica da educao

A sua funo...O sentido da aco educativa leva ao levantamento de uma srie de questes, tais como:O bem da sociedade ou da comunidade prevalece sobre o bem dos indivduos?

a educao destinada a todos, ser a mesma para todos, ou, se no, qual ser o critrio da diferenciao?

Que margem de deciso deixada aos cidados, aos alunos e aos professores?

Qual deve ser a durao da educao?

Etc.

A resposta a estas questes permitem circunscrever uma poltica educativa!40

A funo da poltica educativa definir prioridades e traar eixos, apoiando-se sobre valores sociais, morais e polticos mais ou menos organizados numa filosofia da educao.Uma poltica educativa no nasce do acaso; ela resultado de mltiplas influncias provenientes dos sistemas sociais que agem sobre o sistema educativo.Mas, esses mesmos sistemas sociais, esto sob a influncia do contexto filosfico, tico, religioso e histrico, do quadro geogrfico e fsico, assim como do contexto sociocultural.

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O seu lugarA elaborao de um curriculum deve comear por uma tomada de posio sobre as questes filosficas relativas aos fins da educao, e sobre as questes sociolgicas relativas ao tipo de sociedade na qual nos encontramos ou queremos promover.

A sua clarificao... essencial clarificar tanto quanto possvel a poltica educativa de maneira a no trair as intenes: a elaborao dos programas e dos curricula deve efectuar-se segundo uma abordagem que harmonize as intenes expressas na poltica educativa e os objectivos perseguidos ao nvel da aula.

Assim...

Weiss (1973) fala-nos de transparncia carcter fundamental de um curriculum

Assim... A anlise de uma poltica educativa deve efectuar-se a dois nveis... 1) das intenes declaradas nos documentos oficiais e 2) ao nvel da realidade dos factos em operacionalizao.43

... A anlise de uma poltica educativa deve efectuar-se em dois nveis:Ao nvel das intenes declaradas em textos e anlises de documentos oficiais, de discursos polticos ou de ensaios.

Ao nvel da realidade que podemos conhecer pela anlise das decises e a observao dos factos.

A poltica educativa pode ser posta em evidncia por um conjunto de indicadores, tais como: a taxa de analfabetismo dos homens e das mulheres; a estrutura da administrao da educao; o contedo dos programas.

Uma mensagem final... de esperana, de liberdade, de experincia autntica, no daquelas que deambulam por egos insuflados!