Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

46
Teorias e Metateorias da Ciência da Informação Profª Gabrielle Francinne Tanus [email protected] “Deveríamos refletir que, até, conscientizarmos que nada poderemos fazer sem uma teoria da informação, será improvável que avancemos”. (CORNELIUS, 2002, p. 425).

Transcript of Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Page 1: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Profª Gabrielle Francinne [email protected]

“Deveríamos refletir que, até, conscientizarmos que nada

poderemos fazer sem uma teoria da informação, será

improvável que avancemos”. (CORNELIUS, 2002, p. 425).

Page 2: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Sumário• Teorias tradicionais

Teoria matemática

Cibernética

Teoria sistêmica

• Teorias cognitivas

Cognitivismo

Construcionismo

• Teorias SociaisTeorias críticas

Teoria da ação comunicativa

Teoria dos jogos

• Teorias Sociais propriamente da C.I

Epistemologia social

Economia política da informação

Regime de informação

Análise de Domínio

Paradigma físico

Paradigma cognitivo

Paradigma social

Page 3: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Teorias Sociais propriamente da C.IMetateorias

• Área do conhecimento que teoriza sobre as teorias de um dadaciência.

• Metateoria -> maior alcance – caráter generalização – maiorabstração porque envolve um campo científico – Ciência daInformação.

• Epistemologia da Ciência da informação (interna)

Teorias que teorizam sobre a Ciência da Informação. • Em vez de teorias de médio alcance que são teorias localizadas nas

subáreas: (organização da informação, gestão da informação e doconhecimento, estudos métricos e alternativos, estudos de comportamentoe práticas informacionais, comunicação e sistemas de informação). Estudosde Metateorias dentro de domínios específicos.

• Pluralidade de teorias – traço identificador das Ciências Sociaise da Ciência da Informação.

Page 4: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

“Teorias são ferramentas de investigação. Elas são boas namedida em que forem utilizáveis. Seu uso é medido pelaextensão com que explicam ou tenham capacidade de, apartir delas, de fazer previsões. Uma boa teoria podeexplicar ou prognosticar mais coisas por tempo mais longo.O desenvolvimento de teorias é parte do aparato detrabalhos de um estudo e facilitam o seu própriodesenvolvimento a partir de uma boa organização”(CORNELIUS, 2002)

• A teoria pode ser a parte implícita de uma prática, ao invés de seruma formulação explícita para uma inevitável reflexão paraqualquer praticante [C.I se concentra em modelos operacionais,ao invés de construção e análises de uma teoria da informação].

Page 5: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Seja acadêmico ou científico, o desejo de se ter umateoria reside na esperança de que ela explique osconceitos básicos de um campo de conhecimento,estabeleça definições convencionais e sinalize osproblemas centrais para serem compreendidos.

• A necessidade comportamental para uma teoria é a deorganizar e estabelecer as considerações para umstatus acadêmico ou para dar suporte a investigaçõesde seus praticantes que é igualmente compreensível,mas menos produtiva. A ciência da informação deveriaser clara a respeito do porque ela procura uma teoriada informação. (CORNELIUS, 2002)

Page 6: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

“Ao longo de seu desenvolvimento, a ciência da informaçãoviu surgirem e se consolidarem, dentro dela, diferentesáreas e subáreas específicas. Tais campos, orientados pordiversas correntes e perspectivas teóricas, acabaram pordesenvolver, também, conceitos particulares de informação,algumas vezes semelhantes, outras vezes sobrepostos e, emalguns casos, discordantes”. (ARAÚJO, 2009, p.193)

“A pesquisa metateórica está no potencial de oferecerferramentas para identificar e considerando uma amplagama de orientações teóricas e opções para odesenvolvimento soluções tecnológicas práticas”. (TALJA,TUOMINEN, SAVOLAINEN, 2005)

Page 7: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• O que parecemos ter esquecido é que uma ciência, como umpássaro, deve ter as duas assas fortes para voar. Fatos empíricossão entendidos à luz de uma teoria específica. E teoria éconstruída a partir de uma cuidadosa consideração dos fatos. Defato, teoria e pesquisa são tão entrelaçados que nenhum delespode existir sem o outro - e ambos são necessários para umaciência forte (WALLIS, 2010).

Page 8: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Teoria: conhecimento sistematizado acerca de um fenômeno;

• Construção racional e envolve elaboração de conceitos, postulados, hipóteses;

• Não se opõe à prática;

• Não é outra coisa dissociada da prática;

• Prática e teoria andam juntas;

• Teoria advém também da prática;

• A prática pode alterar uma teoria;

• A escolha de uma teoria diz muito sobre a pesquisa;

• Uso de teoria caracteriza uma postura e um campo epistemológico... "teoria sem a prática de nada vale, a prática

sem a teoria é cega" (Lênin)

Page 9: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Teoria Matemática• Formulada em 1948 por dois engenheiros em

telecomunicações, Shannon e Weaver.

“Teoria da informação”• Trata-se da teoria que pela primeira vez enunciou um conceito científico de

“informação” (Araújo, 2014).

• Para Birger Hjørland (2017), esta teoria foi a razão definitiva para o nomeCiência da Informação que previamente havia se identificado com o nomede Biblioteconomia.

• Preocupação com a eficácia do processo de comunicação,referem-se a três níveis de problemas: técnicos, semânticos ede eficácia.

• Técnico ou físico: transporte da matéria (Ex. volume do som). Operação

mecânica. Semântico: atribuição de significado. Operação mental

específica. Sentido da matéria. Pragmático ou eficácia: uso, processo deimpacto, comportamento do sujeito que irá receber.

Page 10: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Concentram-se no primeiro nível – físico.

• “E é a partir dessa proposição de uma forma “científica” de estudo da

informação, que se constrói o projeto de uma ciência da informação”.

• Informação como fenômeno objetivo – científico! Modelo linearde comunicação. Emissor – Receptor.

• Definição de informação: medida da incerteza.

não como aquilo que

é informado, mas

como aquilo que se

poderia informar.

Diante de uma

pergunta com mais

opções (uma situação

com maior grau de

incerteza), o valor

informativo aumenta.

informação é uma entidade da ordem da probabilidade.

Page 11: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Conceitos: repertório, estrutura, código, redundância.

Problemática central: como quantificar a informação, paradeterminar a quantidade ótima, com o grau adequado deredundância, prevendo a interferência do ruído e a capacidade docanal, a ser transferida de um emissor a um receptor.

• Influência -> Recuperação da informação. Objetivo de quantificar,medir (ex: SRI, Google), discussão sobre transferência, avaliaçãode canal de comunicação. Produção de taxas. Estudosquantitativos. Verificação de revocação e precisão de sistemas.Eficácia dos sistemas.

• lógica das ciências exatas (matemática e física)

Page 12: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação
Page 13: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Cibernética• Norbert Wiener autor de Cybernetics or control andcommunication in the animal and machine (1948)

• Identificou o papel da informação nos sistemasnaturais e humanos de uma maneira particular.

• “O papel da informação e a técnica de medir e transformar informaçãoconstituem uma disciplina para o engenheiro, para o psicólogo, e para osociólogo [...] São essas zonas de fronteiras das ciências que oferecem as maisricas oportunidades ao pesquisador qualificado [...]

• Cibernética lida com a orientação ou controle desistemas. Wiener demonstrou que muitos sistemassão movidos não principalmente ou apenas porforças mecânicas, mas são determinados pelofeedback das informações a um elementogovernante do sistema.

Page 14: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Estamos tão acostumados a ouvir a palavra "feedback" emseu uso cotidiano comum, que a novidade iconoclasta dasideias de Wiener se perdeu hoje em dia. Wiener demonstrou,por exemplo, que quando uma pessoa alcança um objeto, issoé feito com feedback visual e cinestésico contínuo dasinformações, que são usadas para guiar a mão ainda mais.

• Todavia não desprezou a sociedade: “sociedade só pode sercompreendida através de um estudo das mensagens e meiosde comunicação que lhe pertencem; e que nodesenvolvimento futuro destas mensagens e meios decomunicação, as mensagens entre homens e máquinas, entremáquinas e homens, e entre máquina e máquina, estãodestinados a desempenhar um papel cada vez maior”.(WIENER, 1989, p.16).

• Esses modelos teóricos anteriores – receptor poderia sertanto os seres humanos como as máquinas (Cornelius, 2002).

Page 15: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Palamedi, Fábio. Informação e Comunicação: uma discussão comparativa da visão da Cibernética e Teoria Matemática da Comunicação. 2016.

Page 16: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Teoria sistêmica• Origem com Bertalanffy, em 1933. Biólogo.

• Teoria dos sistemas ganha imensa expressão no campo da CIcom a publicação do trabalho de Wiener, em 1948, sobre acibernética.

• Tipologia dos sistemas: naturais x artificiais, abstratos xfísicos, determinísticos x probabilísticos, fechados e abertos.

• Propriedades: totalidade (todo é maior que as partes –função, papel - todo), objetos, atributos, relações, processos,fronteiras, subsistemas, estado estável, realimentação, sub-otimização, ambiente, processos (importação de energia,transformação, produto), ciclos, diferenciação.

Page 17: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Teoria Sistêmica da informação tem origem em princípios da biologia.

Modelo circular, ciclo – com entrada e saída

Page 18: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

modelo orgânico.

Sistemas de Recuperação da informaçãoEntrada:

Seleção dos documentos, descrição e representação, organização,

armazenamento

Saída:

Análise e negociação de questões, busca e recuperação,

disseminação e acesso

Avaliação

Page 19: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Influência: estudos funcionalistas, busca pela compreensão das funções

das instituições na sociedade. Papel socializador da biblioteca –

manutenção do equilíbrio, da ordem social. Compreensão de cada

função e cada papel desempenhada dentro das instituições. Visão

macro e micro.

E o funcionamento dos sistemas de informação. Os sistemas de

informação são pensados a partir da lógica dos processos de entrada,

processamento e saída. Sistemas precisam ser estáveis (isto é, devem

manter uma determinada dinâmica de funcionamento com controle do

que entra e do que sai).

Síntese: modelo sistêmico, de natureza biológica,

enfatizava a estabilidade, a permanência (por meio da

definição de leis, do estabelecimento das funções) e a

integração (cada parte exercendo seu papel para a

manutenção do todo).

Page 20: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Teorias cognitivistas• Cognitivismo: abordagem teórica centrada na mente (e não no

comportamento). O pensamento é apreendido por métodospositivistas (quantitativo – descrição de modelos mentais apartir do processamento de informação). Há separação objetiva“mundo da mente” e “mundo das coisas”. Também incorporaelementos da teoria dos sistemas, das ciências da computação,da cibernética, da teoria da informação e da robótica.

• Teoria Cognitiva foi criada por Jean Piaget para explicar odesenvolvimento cognitivo humano. Envolve um processo dedecodificação de significados que conduzem a aquisição deconhecimento. Estímulo – resposta.

Vygotsky - aprendizagem do indivíduo emmeio aos processos externos, envolveinteração com o meio.Busca pela compreensão da aprendizagem apartir das estruturas mentais dos sujeitos.

Page 21: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• George Berkeley (Filosofia) - idealismo subjetivo - concentra nasujeito cognitivo - (por meio de seu pensamento se chega aoconhecimento). O mundo não existe fora de suas ideias.Imediatamente percebido - ideia - pela subjetividade e pelaexperiência que se realiza na mente dos sujeitos.

• Molina e Moya-Anegón (2002): A Ciência da Informaçãodesenvolveu sua própria visão, conhecida como caminhocognitivo, ou via do conhecimento (cognitive turn), iniciado apartir de meados de 1970. Concentra na percepção subjetiva,fortemente, na década de 1980.

• “A abordagem cognitivista serviu para deslocar as pesquisas sobretransferência de informação para longe dos sistemas deinformação, induzindo-as para pesquisas sobre o status mental dousuário”. (Cornelius, 2002).

• O componente crítico dessa teoria é que a informação é mediadapor estado potencial do conhecimento dos receptores (serhumano, indivíduo isolado – convoca individualismo metológico).Sem a discussão social e dos contextos culturais e simbólicos.

Page 22: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Manifesta nos estudos de

usuários (comportamento

informacional a partir dos

estados mentais,

necessidade de informação,

preenchimento de lacuna,

GAP, ASK). A informação

ainda é vista como algo

concreto, da ordem de sua

usabilidade, fim em si

mesma.

Page 23: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• A abordagem cognitiva utiliza e adapta um modelo detransferência de informação que foi ensaiado como hegemônico napesquisa da Recuperação da Informação. Brookes (1980) traduz a“equação fundamental da Ciência da Informação” desse momento:

• Informação I (o ΔI é entendido como uma informação estruturada),quando operando um conhecimento estruturado K(S), produz um efeito,segundo o qual, a estrutura do conhecimento é mudada; o efeito dessamudança é mostrada como ΔS. A mudança de uma informaçãoestruturada ΔI para um conhecimento estruturado ΔS mostra que ainformação afeta o estado de conhecimento do receptor, em função doseu estado mental.

• “necessidades/carências só têm existência social a partir dasinterpretações culturais e coletivas, que de fato sustentam suamanifestação nas formas individuais do querer ou desejar”(GONZÁLEZ DE GOMEZ, 1990).

Page 24: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Construcionismo• Kenneth Gergen traçou os fundamentos críticos e o panorama

dessa abordagem da Psicologia Social (“pós-moderna” + “virada linguística”).

• Três pressupostos: 1) a realidade é dinâmica, não possuindo qualquer tipode essência ou leis imutáveis. 2) o conhecimento é somente uma construçãosocial, baseado em comunidades linguísticas. 3) o conhecimento temconsequências sociais, e que são estas que devem determinar se ele é válidoou não.

• Castañon (2005) aponta que o sujeito está totalmentedissolvido na rede de relações linguísticas na qual está inseridoe que o constrói, e não é construída por ele. A linguagemconstitui na realidade. Foco nas redes linguísticas ou jogos delinguagem, tornam entidades quase místicas. Avanço:construção do conhecimento, interações sociais e a mente nãoé mais o espelho do mundo. O construcionismo não opera comconceitos como espaço cognitivo, funções cognitivas, modelosmentais ou estruturas de conhecimento.

Page 25: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

“Isms” in information science: constructivism, collectivism and constructionism

Sanna Talja Kimmo Tuominen Reijo Savolainen (2005)

Page 26: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Sociocognitivista

Teoria da complexidade

Interacionismo simbólico

Teoria ator-rede

Interacionismo simbólico

Etnometodologia

Teoria do conflito

Pós-estruturalismo

Fenomenologia

Hermenêutica

Semiótica

Pragmática

Contextualismo

Cognição situada

Cibernética (2ª ordem)

Teoria do conflito

Teoria feminista

Teoria queer

Teoria da mediação

Teoria pós-colonial

Teorias Sociais

Page 27: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Fundamentam-se principalmente nas humanidades –particularmente na Filosofia, História e Sociologia.

• Postura crítica (diferenças em relação à visão matemática esistêmica, uma clara crítica ao positivismo e/ou teoriastradicionais).

“A postura da teoria crítica se relaciona essencialmentecom a ideia de suspeição de que a realidade tenhafundamento nela mesma. Ao contrário das aproximações“positivas” ao real, a teoria crítica tem por atitudeepistemológica a desconfiança, a negação do evidente, abusca do que pode estar escondido ou camuflado”.

• Especificidade do humano, como um ser social e histórico.

• Origem: Heráclito, Hegel, Marx. Continuadores: Gramsci,Adorno, Althusser, Bourdieu, Mattelart , entre outros.

Teorias críticas

Page 28: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Estudos críticos enfatizam: o conflito, a desigualdade, o embatede interesses, as lutas de classes, questões de ideologia.

• Categorias como: totalidade, historicidade, tensionalidade.

• Informação – não mais foco do transporte ou eficácia dossistemas, ou equilíbrio social e sua importância para amanutenção dos sistemas. A informação passa a sercompreendida como uma “informação social” (Ana MariaCardoso, 1994).

• “recurso fundamental para a condição humana no mundo e,como tal, a primeira percepção que se tem é de sua desigualdistribuição entre os atores sociais. Como recurso, a informaçãoé apropriada por alguns, que garantem para si o acesso. Aosdemais, sobra a realidade da exclusão”.

Page 29: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Crítica às concepções determinísticas eevolucionistas da sociedade. Década de 1990:“sociedade da informação” – novo paradigmatécnico: penetrabilidade, redes, flexibilidade,convergência, informação como insumo.

Influência: estudos sobre a democratização da informação, do acesso àinformação por parte de grupos e classes excluídos e marginalizados, acriação de formas e sistemas alternativos de informação, e mesmoestudos sobre a contrainformação, como forma de rejeição aos regimesinformacionais hegemônicos. Denúncia da dimensão ideológica dosequipamentos culturais, reproduzindo lógicas sociais de dominação.

• Ganham força no período de redemocratização, pós-ditadura.

• Retornam com força: sociedade em rede, cibercultura.• Responsabilidade social.

Page 30: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Na Biblioteconomia e Ciência da Informação: Estudos voltadospara a democratização da informação, do acesso à informaçãopor parte de grupos e classes excluídos e marginalizados, acriação de formas e sistemas alternativos de informação, emesmo estudos sobre a contrainformação, como forma derejeição aos regimes informacionais hegemônicos.

• Compreensão dos processos de produção e circulação dainformação. Processos de construção de identidades, inclusãode minorias e populações marginalizadas em contextosmulticulturais, inclusão digital e competências informacionais,movimentos sociais e a internet.

• Em todas as subáreas da Ciência da Informação podemosperceber manifestações das teorias críticas. Não sendo algoexclusivo dos estudos históricos e epistemológicos.

Page 31: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Teoria da ação comunicativa

• Jürgen Habermas (2º geração da Escola de Frankfurt - contra opessimismo de T. Adorno e M. Horkheimer acerca dapossibilidade de a razão nos libertar) – razão comunicativa xrazão instrumental. Marca uma filosofia da linguagem em vezde uma filosofia da consciência.

• Através da comunicação, da linguagem, podemos transformaraspectos objetivos, subjetivos e sociais. "paradigma dalinguagem” - “representa uma alternativa a filosofia dahistória. A teoria da ação comunicativa constitui um marcodentro do qual se pode retomar aquele projeto de estudosinterdisciplinares sobre o tipo seletivo de racionalização querepresenta a modernização capitalista”.

• Habermas apresenta influência de Max Weber, TalcottParsons, Harold Garfinkel e Alfred Schütz, entre outros.

Page 32: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Zattar e Lima (2013) apresentam apropriação de Habermas naCiência da Informação a partir da análise dos artigos indexadosna base LISA. Os assuntos relacionados são: aspectos sociais,internet, comunicação, teoria, democracia, tecnologia, aspectospolíticos, biblioteca pública, etc. Ele discute: "razão dialógica","atos de fala", “discurso”, “mundo da vida”, “teoria do agircomunicativo”, “ação comunicativa”, “intersubjetividade”, “esferapública” "esclarecimento comunicativo" e “emancipação”.

• A guinada lingüística não é outra coisa que uma das expressões da época emque é dada ao ser humano a oportunidade de ter acesso à experiência de seupróprio ser lingüístico; não de seu ser produtor de tais proposições ou taistextos, mas a experiência radical da dimensão lingüística de sua existênciasimbólica. A guinada lingüística amplia os domínios da linguagem, dacomunicação e da informação nos espaços do trabalho, da produção e dapolítica. Cabe questionar conflitos e mecanismos de controle que definemregimes de informação, formas de organização e processos de produção einovação que, no médium da linguagem, cercam ou potencializam as formasde vida (LIMA; GONZALEZ DE GÓMEZ, 2010, p. 153).

Page 33: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Teoria dos jogos• John Von Neumann e Oskar Morgenstern (1967)

desenvolveram a teoria dos jogos - que é uma maneira de vercomo os indivíduos se comportam dentro de uma estruturacomum subjacente de trocas, benefícios e desvantagens emuma variedade de situações sociais eeconômicas. Enquadramento dentro de uma microssiologia.

• O jogo mais conhecido seja o "dilema do prisioneiro“ supõe-seque cada jogador, de forma independente, quer aumentar aomáximo a sua própria vantagem sem lhe importunar oresultado do outro jogador. cada jogador é incentivadoindividualmente a defraudar o próximo, mesmo após apromessa recíproca de colaboração. Este é o ponto-chave dodilema, ou seja, deverá ou não deverá o prisioneiro egoístacolaborar com o próximo sem o trair, para que a vantagem dogrupo, equitativamente distribuída.

Page 34: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Essa estrutura de jogo é tão robusta que subjaz a inúmerosprogramas de policiais e ladrões na televisão, pois os escritoresde televisão imaginam uma ou outra variação dela.

• Esse reconhecimento das estruturas subjacentes surgiu em todasas ciências sociais e de engenharia nas décadas seguintes àGuerra. Se definirmos a informação como "o padrão deorganização da matéria e da energia" (Parker, 1974, p. 10), aestrutura de todos os tipos em si constitui um tipo deinformação. (Marcia Bates).

• As ações voltadas à cooperação e à competição realizadas pelasorganizações instigam o compartilhamento de informação e deconhecimento que, por sua vez, impulsionam a criação dealianças estratégias entre as organizações envolvidas.Compartilhamento ligado a fatores: natureza do conhecimento,motivação para compartilhar, oportunidades para compartilhar ecultura do próprio ambiente de trabalho (IPE, 2003).

Page 35: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Modelo conceitual: Teoria dos Jogos aplicada à Inteligência Competitiva Organizacional

Juliete Susann Ferreira de Souza / Marta Lígia

Pomim Valentim (2016)

Page 36: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Também na mediação da informação e da apropriação dainformação " A informação quando apropriada pelos jogadores,pode impulsionar a construção de conhecimento, modificando oestoque informacional dos jogadores e os beneficiar“ Ambiente:das organizações / competição estratégica (OLIVEIRA, H. et al.2018).

Page 37: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Referencial teórico• Metodologia é o caminho técnico e caminho teórico.

• Plano empírico da pesquisa não deve dissociar do teórico“ponto de vista”, “visão de mundo”.

• Referencial teórico objetiva localizar os conceitos e asteorias dentro do plano epistemológico da pesquisa. Háuma diversidade de teorias das Ciências Sociais e Humanas,cabe o pesquisador selecionar e construir conhecimento.

• Referencial teórico não se confunde com revisão deliteratura – sistematização das produções realizadas na áreaou fora dela, dentro do tema da pesquisa.

• Bourdieu (2006) “a teoria científica é o modus operandi, elaorienta e organiza a prática científica”. (Foucault e Bourdieu

como referencias teórico-metodológicos para a Biblioteconomia eCiência da Informação, no prelo).

Page 38: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Teorias sociais da Ciência da Informação (Metateorias)

“Dizem que vivemos na Era da Informação mas é umescândalo aberto que não haja teoria, nem mesmo definição,de informações que são ao mesmo tempo amplas e preciso osuficiente para tornar essa afirmação significativa”(Goguen,1997).

“Quase todo mundo está de acordo que a Ciência daInformação necessita urgentemente de boas teorias. Há umanecessidade de examinar e discutir enfoques básicos daCiência da Informação. Um campo que não pode enfrentarracionalmente seus problemas está em crise” (Hjørland,2004).

Page 39: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Epistemologia social• Foco da epistemologia social é a natureza e a utilização do

conhecimento, mais que seu conteúdo substancial. Todo sistemasocial de uma cultura é um processo centralmente interessado nainformação e no conhecimento.

• Epistemologia social põe ênfase em todo o homem e todasociedade, e todos os modos de pensar, conhecer, sentir, atuar ecomunicar-se. A responsabilidade do bibliotecário é o manejoeficiente e efetivo da transmissão do registro gráfico de todo quea sociedade sabe sobre si mesma e sobre o mundo.

• SOCIEDADE: complexo sistema de papéis interdependentes einterconectados – institucionais, associativos e individuais –unidos por uma rede de comunicação que opera através de umavariedade de meios de comunicação massiva com diversos níveisde sofisticação e que mostram uma maior ou menorcomplexidade segundo as demandas da cultura da qual esta redeé um força coesiva fundamental. Shera. “The foundation of education for librarianship” 1972)

Page 40: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

ECONOMIA POLÍTICA DA INFORMAÇÃO• Inclusão dos campos cultural, simbólico, econômico,

político – aos quais se vinculam os fenômenosinformacionais. (Willian F. Birdsall, Vicent Mosco) fundada emepistemologia realista, inclusiva, constitutiva e crítica. Quatroconceitos - história, totalidade social, filosofia moral e práxis.

• EPI - economia política é o estudo das relações sociais,particularmente as relações de poder, que mutuamenteconstituem a produção, distribuição e consumo de recursos,incluindo os recursos informacionais.

• Uma definição mais genérica e ambiciosa de economia políticaé o estudo do controle e da sobrevivência na vida social. Ocontrole refere-se especificamente à organização interna dasociedade e aos processos de adaptação a mudanças. Asobrevivência significa o modo como as pessoas produzemaquilo que é necessário para a reprodução e continuidadesociais.

Page 41: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Regime de informação• FOUCAULT – “episteme” (conjunto de saberes de uma época –

Visão de mundo), “arqueologia do saber” (compreensão dosenunciados e a emergência dos acontecimentos discursivos,com suas regularidades, positividades, dispersão, vontade deverdade, ordem do discurso). Camadas discursivas inscritasnos arquivos. Dispositivo: “engloba discursos, instituições, organizações

arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciadoscientíficos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. Em suma, o dito e o nãodito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode tecer entreestes elementos” (FOUCAULT, 2000).

• Busca integrar as dimensões regulatórias, econômicas,tecnológicas, sociais e culturais ao entendimento dosfenômenos informacionais.

• É o regime de informação: sistemas que regulam os campos dainformação (formais e não-formais). Conceito que deriva da Teoriado Regime: oferece um quadro teórico e conceitual para lidar comsistemas regulatórios que incluem campos formais e informais.

Page 42: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Frohmann (1995), a transmissão de rádio e televisão, adistribuição de filmes, as publicações acadêmicas, asbibliotecas, os fluxos de transbordamento de dados e ainternet são exemplos de nós de redes de informação ouelementos específicos de regimes de informação.

• “Chamaremos ‘regime de informação’ a um sistema ou redemais ou menos estável na qual a informação flui através decanais determináveis - de produtores específicos, viaestruturas organizacionais específicas, a consumidores ouusuários específicos”. (FROHMANN, 1995, p.5-6).

• “conjunto mais ou menos estável de redes formais e informaisnas quais as informações são geradas, organizadas etransferidas de diferentes produtores, através de muitos ediversos meios, canais e organizações, a diferentesdestinatários ou receptores de informação, sejam estesusuários específicos ou públicos amplos”. (González deGómez, 1999, p.68)

Page 43: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Para González de Gómez (1999) um Regime de Informação éconstituído pelo conjunto de recursos, canais, atores emensagens, envolvidos com os fluxos de informaçãorelacionados.

• Para Sandra Braman, a junção semântica entre “regime” e“informação” é da ordem da política internacional.A adoção dateoria do regime para análise e descrição da infra-estrutura deinformação e os conteúdos que ela movimenta, dever-se-ia aonovo status que adquire a questão da informação, passando aum nível da maior extensão e hierarquia.

• A formação do regime é semelhante ao processo decodificação do conhecimento, por meio do qual o conhecimentoe as práticas sociais nas quais ele está incrustado tornam-seaceitos de forma consensual e são reificados nainfraestrutura das instituições, da tecnologia e leis (BRAMAN,2004).

Page 44: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

Análise de Domínio• Hjørland e Abrechtsen (1995) – “oferece uma perspectiva

teórica, capaz de satisfazer a necessidade de uma teoria globalda Ciência da Informação”. Conecta teoria e prática, apresenta11 abordagens da C.I.

• Destaca as práticas sociais a partir de um domínio específico oucomunidades discursivas de sujeitos que integram a divisãosocial do trabalho.

• "um domínio é um corpo de conhecimento, definidosocialmente e teoricamente como o conhecimento de umgrupo de pessoas que compartilham comprometimentosontológicos e epistemológicos" (Hjørland, 2017)

• Importância da Humanização da tecnologia de informação(diferença qualitativa da Ciência da Computação). Importânciao cognitivismo como superação, na direção de um socio-cognitivismo – individuo nos contextos sociais específicos.

Page 45: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

• Usuário como sujeito pertencente a diferentes culturas,estruturas sociais e domínios do conhecimento. Produtores deinformação, intermediários e os usuários estão vinculados àuma comunidade em que compartilham práticas sociaiscomuns.

• Esquemas de organização da informação, do conhecimento,sistemas e representações são modelados com/pelacomunidade discursiva.

• “Não é suficiente descrever informações de acordo comprincípios universalistas, como características permanentes einerentes ao conhecimento. Em vez disso, a informação deveser analisada, descrita e representada nos sistemas deinformação de acordo com critérios situacionais, pragmáticos eespecíficos do domínio "(Hjørland, 1997, p. 111).

• Sócio-cognitivo: interação do usuário individual e do ambientesocial/organizacional (contrapõe ao behaviorismo, cognitivismo,

psicanálise e neurociência como abordagens em psicologia).

Page 46: Teorias e Metateorias da Ciência da Informação

OBRIGADA!

“a pesquisa é o movimento que deveremos fazer na direção da construção da consciência de

ignorâncias nossas” (HISSA, 2013)