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VOZDAS MISERICÓRDIAS diretor: Paulo Moreira | ano: XXVIII | novembro 2012 | publicação mensal União das Misericórdias Portuguesas Braga Sensibilizar para futuro ativo Coro Dia de ensaio é terapia em Ovar Caminha Loja social já está a funcionar Terceira idade Em Foco Em ação Pág. 14 Pág. 13 Pág. 8 Parceria Saúde Remédios gratuitos para idosos A missão junto dos que sofrem Protocolo é fator de esperança Setor social e governo assinaram, a 8 de novembro, o protocolo de cooperação para 2013 e 2014. O documento prevê um aumento de 0,9 por cento para a generalidade dos acordos com a Segu- rança Social. Este aumento representa cerca de 30 milhões de euros. A ceri- mónia, à semelhança do protocolo para 2011 e 2012, contou com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, entre outros responsáveis do governo e de instituições de solidariedade social. O documento que estabelece as regras da cooperação para os próximos dois anos foi assinado na residência oficial do chefe de governo. A UMP já está a preparar as sessões de esclarecimento. Destaque, 4 e 5 Uma das medidas inovadoras do protocolo é a criação de cuidados na área das demências Mais de 500 pessoas juntaram-se em Lagos para uma tarde de convívio e animação entre avós e netos. A zona ribeirinha da cidade encheu-se de vida e cor numa iniciativa realizada pela Misericórdia de Lagos. Esta é uma das inúmeras atividades que as Santas Casas promoveram, em todo o país, para fomentar a solidariedade entre gerações. De norte a sul, as Misericórdias mostram que a intergeracionalidade faz parte do seu dia-a-dia. Em ação, 7 Lagos Caminhada junta avós e netos ‘Houve que vencer muitas resistências’ O banco de medicamentos estava previsto no Plano de Emergência Social Radar, 3 Manuel de Lemos foi único orador português em conferência no Vaticano Saúde, 16 e 17 Entrevista Presidente honorário da UMP, Vítor Melícias, fala sobre os 36 anos da instituição Em ação, 6 e 7

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VOZDASMISERICÓRDIASdiretor: Paulo Moreira | ano: XXVIII | novembro 2012 | publicação mensal

União das Misericórdias Portuguesas

BragaSensibilizar para futuro ativo

CoroDia de ensaio é terapia em Ovar

CaminhaLoja social já está a funcionar

Terceira idade Em Foco Em açãoPág. 14 Pág. 13 Pág. 8

Parceria

Saúde

Remédiosgratuitos para idosos

A missão junto dos que sofrem

Protocolo é fatorde esperançaSetor social e governo assinaram, a 8 de novembro, o protocolo de cooperação para 2013 e 2014. O documento prevê um aumento de 0,9 por cento para a generalidade dos acordos com a Segu-rança Social. Este aumento representa cerca de 30 milhões de euros. A ceri-mónia, à semelhança do protocolo para 2011 e 2012, contou com a presença do

primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, entre outros responsáveis do governo e de instituições de solidariedade social. O documento que estabelece as regras da cooperação para os próximos dois anos foi assinado na residência oficial do chefe de governo. A UMP já está a preparar as sessões de esclarecimento. Destaque, 4 e 5

Uma das medidas inovadoras do protocolo é a criação de cuidados na área das demências

Mais de 500 pessoas juntaram-se em Lagos para uma tarde de convívio e animação entre avós e netos. A zona ribeirinha da cidade encheu-se de vida e cor numa iniciativa realizada pela Misericórdia de Lagos. Esta é uma

das inúmeras atividades que as Santas Casas promoveram, em todo o país, para fomentar a solidariedade entre gerações. De norte a sul, as Misericórdias mostram que a intergeracionalidade faz parte do seu dia-a-dia. Em ação, 7

Lagos Caminhada junta avós e netos

‘Houve que vencer muitas resistências’O banco de medicamentos

estava previsto no Plano de Emergência SocialRadar, 3

Manuel de Lemos foi único orador português em conferência no VaticanoSaúde, 16 e 17

Entrevista Presidente honorário da UMP, Vítor Melícias, fala sobre os 36 anos da instituição Em ação, 6 e 7

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O NúmerO

O CasO

pAnORAMAwww.ump.pt2 vm novembro 2012

40Mil Penhoras Por fUga às PortagensDívidas de automobilistas ascendem a 67,5 milhões de euros e já foram instauradas cerca de 630 mil contraordenações. Milhares de automobilistas correm o risco de ficar com o carro penhorado, e vendido em leilão, para pagamento de dívidas das portagens

A FrASE

PaPa Bento XVi

“Hospitais e estruturas de

assistência devem repensar o seu

próprio papel para evitar que a saúde, para além de ser

um bem universal a assegurar e

defender, se torne uma simples

‘mercadoria’ sujeita a leis do mercado e, portanto, um bem reservado a

poucos”na 27ª conferência

internacional do conselho

Pontifício Para a Pastoral da saúde

A DEScErtrocar de

nacionalidade

Muitos emigrantes portugueses estão a pedir a naturalização nos países de destino. Em 2010, quase cinco

mil portugueses pediram nacionalidade francesa. Na Suíça, foram 2200,

revela o Eurostat.

A SubirVolUntários

eM silVes

Cerca de mil voluntários puseram mãos à obra para limpar Silves, depois que foi atingida por ventos fortes que deixaram um rasto de destruição. A cidade ficou

praticamente limpa.

a FOTOGraFIa

MAnguALDE casaMentonos cUidadoscontinUados

da Santa Casa destacou a “vertente social” destas unidades, onde os la-ços se estreitam no contacto com os utentes. “O casamento foi possível graças ao esforço da equipa da UCC, que tratou de toda a decoração do espaço, desde a sala onde teve lugar a cerimónia, assim como o espaço onde foi servido um pequeno lanche para comemoração, e onde a festa continuou. Agradecemos a toda esta equipa pela ajuda prestada, assim como ao coro Rumo Norte, que se disponibilizou para acompanhar esta cerimónia.

Uma das 38 utentes da unidade de cuidados continuados (UCC) da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde realizou recentemente um sonho antigo: casar na igreja. Maria Lau-rinda é uma mulher ainda jovem, tem apenas 60 anos, mas padece de uma doença congénita progressiva. Já estava casada pelo civil, mas só agora foi possível realizar o sonho de contrair matrimónio perante as leis da igreja. Naquela unidade de longa duração e manutenção, a equipa téc-nica acredita que cuidar dos utentes também passa pela promoção de eventos deste tipo.

A cerimónia foi celebrada na própria unidade por causa do estado de saúde da noiva. Mas isso não impediu que a união acontecesse

perante uma sala cheia de familiares e amigos, que testemunharam a sua felicidade dos noivos, e que ficou marcada pela emoção, tanto do casal como de quem assistia à cerimónia.

Para o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, estes casos são “raros”, mas dão “muito gosto”. “As equipas desenvolvem um bom trabalho e temos tido um feedback muito positivo, quer das famílias, quer dos cuidadores, con-tinuando a merecer a confiança das pessoas”, afirmou Fernando Morais d’Almeida. Também a diretora geral

ESPaço SénIoR

ARTE PARA TODOS

Na nossa Academia, levamos muito a sério a arte e o divertimento, ao ponto de termos adotado o lema: “Nem só de pão vive o homem”. Gostamos de partilhar o saber a arte e a alegria, que os nossos artistas possuem em alto grau

Na nossa Academia, levamos muito a sério a arte e o divertimento, ao ponto de termos adotado o já tão conhecido lema: “nem só de pão vive o homem”.

para abrilhantar as nossas festas e celebrações, utilizamos a prata da casa, que de coração aberto nos oferece grande qualidade e oferta variada: Cavaquinho, flauta, grupos de cantares, grupo coral e piano.

Gostamos de partilhar o saber a arte e a alegria, que os nossos artistas possuem em alto grau.

Estes, com a sua enorme disponibilidade, respondem à chamada, sempre que solicitados, aliviando o fardo da solidão daqueles que, por razões várias têm pouco com que se alegrar.

A agenda começa a 23 de novembro, onde os grupos de cantares, cavaquinho, coral e jograis, se deslocaram a Marinhais, vila ribatejana do concelho de Salvaterra de Magos, onde atuaram no Centro de Bem-estar social de Marinhais, na celebração do seu décimo aniversário.

A 15 de dezembro os mesmos grupos vão participar na Festa de natal do bairro de Alvalade, o nosso bairro, atuando no Mercado de Alvalade, começando os festejos às 11h30, sendo a sua última atuação por volta das 16h30.

na Festa de natal da nossa Academia, que vai coincidir com a celebração dos 25 anos da nossa existência, vão ser a atracão das festividades que se iniciam a 12 de dezembro em hora e local a informar brevemente, e que culminam com um almoço convívio no dia seguinte.

Quem quiser usufruir da dádiva dos nossos talentosos artistas, basta contactar a nossa Academia de Cultura e Cooperação, através do telefone 218460072, ou pelo endereço eletrónico [email protected]

Que ninguém fique sem a sua quota-parte de alegria e boa disposição.

Esperamos o vosso contacto e os nossos artistas o vosso aplauso.

Purificação noronha Academia de Culturae Cooperação da [email protected]

brAgAnçA reViVer teMPos antigos da aPanha da castanhaOs idosos da Santa Casa da Misericórdia de Bragança deslocaram-se ao souto da instituição para reviver tempos antigos da apanha da castanha. Numa altura em que a região está focada na colheita deste fruto seco e em vésperas do São Martinho, os idosos apanharam castanhas, motivados pela atividade, mas também recordando-se dos tempos em que trabalhavam as suas terras. No fim da atividade, foi tempo de comer algumas das castanhas que apanharam e almoçar uma bela refeição, em jeito de magusto, que a instituição forneceu a idosos e técnicos. Ver receita na página 11

Maria Laurinda e Mário

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ON-LINe

sLIDesHOW

www.ump.pt novembro 2012 vm 3

AngrA DO HErOíSMO os aVós Vão a escolaNo âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, a Misericórdia de Angra do Heroísmo promoveu um workshop sob o tema “Os avós vão à escola”. Alfredo Parreira, 86 anos, e Marília, 81, – residentes no lar de idosos – visitaram a EB 1, 2, 3 /JI de Angra e durante uma hora, idosos e crianças conversaram sobre as tradições do mês de Novembro: desfolhadas, pão por deus e S. Martinho.

NOTÍCIa

No dia 10 de Novembro houve festa “rija” e muita animação no lar da Santa Casa da Misericórdia de Valongo. O dia era de o S. Martinho e para comemo-rar os idosos contaram, para além do tradicional magusto, com uma atuação de dias tunas académicas da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, marcou presença no evento.

S. MArtinHOMagUsto e tUnasno lar de Valongo

Rua do Penedo - 3640-236 Sernancelhe - Telef: 254 595 288 Fax: 254 594 131

E-mail : [email protected]

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

DE SERNANCELHE

DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO

No dia 16 de Outubro comemoramos o Dia Mundial da Alimentação.

Sensibilizamos as crianças para uma alimentação equilibrada e saudável, com a visualização

da roda dos alimentos.

Aproveitamos o contato com alimentos crus para realizar atividades sensoriais, tanto de tato

como de gosto. Depois fizemos jogos, onde os legumes e os frutos dominaram.

Culminamos esta comemoração com a elaboração do prato (à hora do almoço) engraçado,

divertido e saboroso!

Santa Maria da Feira tem, desde 24 de outubro, um monumento classificado. Uma portaria publicada em Diário da República atribui à Igreja da Misericórdia, incluindo as dependências anexas, escadaria e chafariz, a classificação de “monumento de interesse público”. A portaria fixa ainda uma zona abrangente de proteção. A sua classificação tem por base os critérios como “testemu-nho simbólico e religioso, o valor estético e técnico” e a sua conceção arquitetónica.

SAntA MAriA DA FEirAigreja é MonUMentode interesse PúBlico

Santa Casa da Misericórdia de Estar-reja e Cooperativa Educação Reabilitação Crianças Inadaptadas de Estarreja foram as instituições escolhidas para receber os fundos angariados através de um espetá-culo musical. “Cantar de amigos” reuniu nomes como Vitorino e Janita Salomé, Kiko, Laura Ferreira, Nicolau Santos e ar-tistas estarrejenses de diferentes gerações. Foi a 17 de novembro, no Cine Teatro de Estarreja.

EStArrEjA‘cantar de aMigos’Para santa casa

As crianças do pré-escolar da Santa Casa da Misericórdia de Sernancelhe aproveitaram o Dia Mundial da Alimentação para aprender mais sobre os legumes e frutas. “Aprovei-tamos o contato com alimentos crus para realizar atividades sensoriais, tanto de tato como de gosto. Depois fizemos jogos, onde os legumes e os frutos dominaram. Culmi-namos esta comemoração com a elaboração do prato (à hora do almoço) engraçado, divertido e saboroso”

SErnAncELHEdescoBrir aliMentoscoM Brincadeira

Acesso gratuito a remédiosProtocolo foi assinado entre Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, uMP, infarmed e Apifarma a 9 de novembro. Medida estava prevista no PES

Os idosos poderão ter acesso a medica-mentos gratuitos através do Banco do Medicamento, uma plataforma através da qual as empresas farmacêuticas doam fármacos às instituições sociais que depois os distribuem. O protocolo foi assinado entre Ministério da Solida-riedade e da Segurança Social, União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Infar-med e Apifarma. Foi a 9 de novembro.

“A partir de agora, as empresas farmacêuticas passam a poder doar diretamente a instituições sociais que disponham de serviço médico e farmacêutico, medicamentos e produ-tos de saúde com prazo de validade não inferior a seis meses”, afirmou o ministro da Solidariedade e da Segu-rança Social, Pedro Mota Soares, na assinatura do protocolo.

Apesar destes serem medicamen-tos que não entravam no circuito comercial, o ministro sublinhou que estão “em perfeitas condições de segurança e qualidade para serem uti-lizados” pelos utentes das instituições que mais precisem.

Conforme se lê no protocolo, “a operacionalização segura, equitativa e

eficiente do Banco de Medicamentos aconselha a existência de uma insti-tuição social que seja o núcleo central da supervisão do funcionamento do programa, competindo-lhe a gestão das relações com as entidades farma-cêuticas, observando, acompanhando e avaliando o processo de aquisição de medicamentos, divulgando o progra-ma, e emitindo, quando necessário, as devidas recomendações aos seus parceiros. Atendendo ao universo de respostas sociais na área da saúde desenvolvido pelas Misericórdias, a UMP surge como a entidade respon-sável pela construção de uma lógica de coesão e boas práticas no âmbito do Banco de Medicamentos”.

Assim, as instituições selecionadas pela União das Misericórdias Portu-guesas e inscritas naquela plataforma passarão a poder contar com estas doações para os seus utentes.

O Banco do Medicamento, cons-tante do Programa de Emergência Social, será “simples e direto”, acres-centou o responsável pela tutela, afirmando que as companhias far-macêuticas doam os medicamentos e colocam toda a informação relevante sobre estes numa plataforma ele-trónica a ser criada pelo Infarmed. O modelo e a operacionalização desta plataforma serão definidos pelo Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, pelo Infarmed e pela Apifarma no prazo de dois meses a contar a partir da data de assinatura do protocolo.

Bethania Pagin

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DESTAQUEwww.ump.pt4 vm novembro 2012

Protocolo é fator de esperança

Setor social e governo assinaram protocolo de cooperação para 2013 e 2014. Para o presidente da uMP, o acordo deve constituir um fator de esperança para todos

Setor social e governo assinaram, a 8 de novembro, o protocolo de cooperação para 2013 e 2014. O documento prevê um aumento de 0,9 por cento para a generalidade dos acordos com a Segurança Social. Este aumento representa cerca de 30 milhões de euros. A cerimónia, à semelhança do protocolo para 2011 e 2012, contou com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, entre outros responsáveis do governo e de instituições de solidariedade social. O documento que estabelece as regras da coope-ração para os próximos dois anos foi assinado na residência oficial do chefe de governo em São Bento.

O aumento das comparticipações para lares de infância e juventude e centros de acolhimento temporário (CAT), cuja sustentabilidade financei-ra vinha há muito a ser debatida entre a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e os responsáveis do governo, constitui uma das principais novida-des do novo acordo. O tema será devi-damente apresentado às Misericórdias nas sessões de esclarecimento que o Gabinete de Ação Social da UMP vai promover em dezembro.

Ainda no que respeita à área de crianças e jovens em perigo, o governo prepara-se para iniciar projetos-piloto para criação de unidades especializa-das para jovens e crianças com com-portamentos disruptivos e problemas de saúde mental.

O protocolo de cooperação para 2013 e 2014 prevê ainda a criação de um grupo de trabalho para avaliar os impactos de uma maximização dos recursos humanos nas várias respos-tas sociais. O objetivo é encontrar um modelo que, mantendo os níveis de qualidade, possibilite uma gestão eficaz e sustentada das instituições.

Outra medida inovadora deste protocolo prende-se com a promoção de cuidados especializados na área das demências através de formação específica, em meio institucional, a profissionais das respostas sociais de apoio domiciliário, centro de dia e estruturas residenciais para idosos,

Bethania Pagin

o protocolo assinado entre governo e setor social também criou a comissão Permanente do setor solidário (cPss). ao novo organismo compete a concerta-ção estratégica no âmbito da cooperação, designadamente no acompanhamento da execução das medidas previstas no pre-sente protocolo. a cPss, que vai reunir trimestralmente, é presidida pelo mem-bro do governo com responsabilidade na área da cooperação com o setor solidário e é composta pelos presidentes das três entidades representativas do setor (UMP, cnis e Mutualidades), pelo presidente do conselho diretivo do instituto de segu-rança social e pelos diretores-gerais do gabinete de estratégia e Planeamento e da direção-geral de segurança social.

Criada comissãopermanente

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www.ump.pt novembro 2012 vm 5

O presidente da UMP, Manuel de Lemos, e o secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, receberam a medalha de ouro da Misericórdia de Vila Verde. Foi a 10 de novembro, durante uma reunião com os seis Secretariados Regionais do norte.

HoMEnagEM EM VILa VERDE

e em meio familiar aos respetivos cuidadores.

Recorde-se que a União das Mise-ricórdias Portuguesas já há muito está atenta ao problema das demências e encontra-se a preparar um projeto nessa área. O objetivo da iniciativa é desenvolver um modelo de interven-ção especializado e de referência que passará pelas condições ambientais e pelas competências profissionais, clínicas e terapêuticas.

O projeto da UMP vai funcionar no Centro Bento XVI, unidade que está a ser construída em Fátima junto do Centro João Paulo II. O objetivo é construir modelos experimentais e disseminar, regionalmente, compe-tências com enfoque em quatro áreas: adaptação do espaço com implantação de sistema de controlo e segurança, plano de formação base desenvolvido pela UMP, manual de atuação e apoio técnico central da UMP.

Para o ministro da Solidariedade e Segurança Social, que falava durante aquela cerimónia em São Bento, Portugal deve muito à economia social e solidária. “São as instituições que a compõem e os trabalhadores que nelas se esforçam diariamente que nos permitem atraves-sar as dificuldades com outro alento”. Ainda segundo Pedro Mota Soares, “o Estado sabe hoje que para chegar a muitos precisa de todos. De todos os que se empenham neste combate de vencer a crise. De todos que se empenham no combate diário proteger aqueles que à crise estão mais expostos”.

“São elas, as instituições, que me têm mostrado as medidas em que podemos melhorar a resposta social em Portugal”, afirmou o responsável pela tutela.

Para o presidente do Secretariado Nacional da UMP, Manuel de Lemos, “governo e setor solidário terem sido capazes de acordar num aumento da proteção aos mais velhos, aos deficientes, às crianças, aos menores em risco, a quem possa ter fome, é, seguramente, uma boa notícia que deve constituir um fator de esperança para todos termos um Portugal mais justo, mais coeso e mais solidário.”

“No momento em que o debate nacional se centra à volta das funções do Estado, nomeadamente à volta das funções sociais, a assinatura deste documento levar-me-á a colocar nas redes sociais um like, porque, de facto, é de um like que se trata.”

Recorde-se que, neste momento, o Gabinete de Ação Social da UMP está a preparar as sessões de esclare-cimento sobre as principais alterações presentes neste protocolo de coopera-ção com o governo. A primeira terá lugar em Fátima, a 13 de dezembro. Seguir-se-ão Braga e Beja, dias 14 e 20 de dezembro, respectivamente. Saiba mais na Circular n.º 59/12 da UMP.

Protocolo estabelece regras de cooperação

para 2013 e 2014

Protocolo foi assinado na residência oficial do

primeiro-ministro

“Este protocolo deixa clara a intenção governamental de potenciar a capacidade instalada das instituiçõesLuís alberto Sá e Silvapresidente da união das Mutualidades

Quando todos temem o fim do Estado social, é por ele que temos lutado. A coligação solidária efetivamente funcionou Padre Lino Maiapresidente da cniS

Os portugueses precisam de, pelo menos, uma boa notícia por dia. Este protocolo constitui a boa notícia do diaManuel de Lemospresidente da uMP

Portugal deve muito à economia social. São as instituições que a compõem que nos permitem atravessar as dificuldades com outro alentoPedro Mota Soaresministro da Solidariedade e da Segurança Social

“Apoio financeiropara setor social

governo e Montepio geral vão disponibilizar 150 milhões de euros para uma linha de crédito que visa apoiar instituições com problemas de tesouraria

“Estamos a preparar uma linha de apoio à tesouraria das instituições sociais, que já estava prevista no Programa de Emergência Social (PES) e que servirá exclusivamente para si-tuações de reequilíbrio financeiro das instituições”, afirmou o ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, na cerimónia de contratualização da linha de crédito para a economia social entre o governo e o Montepio Geral, em Lisboa. Foi a 12 de novembro.

“A linha será mais um apoio no sentido de garantir sempre a susten-tabilidade destas instituições, que são imprescindíveis em tempos de crise económica, financeira e social ao garantirem o apoio a quem mais precisa”, afirmou o ministro.

Para este objetivo, o governo co-meçou por lançar uma linha de crédito de 50 milhões de euros, valor que já conseguiu triplicar para as instituições sociais fazerem as obras de investi-mento necessárias. O reforço de 100 milhões de euros deve-se à participa-ção do Montepio Geral neste projeto.

A nova linha de crédito foi con-tratualizada entre o governo e 282 instituições sociais: “O que hoje con-seguimos fazer entre o Estado e o Montepio Geral é contratualizar mais de metade do montante global da linha. Ou seja, cerca de 86 milhões de euros já com instituições beneficiárias devidamente definidas”, afirmou o ministro, explicando que estes apoios

Bethania Pagin

“permitirão manter postos de trabalho que estão associados a estas institui-ções que são tantas vezes o maior empregador local”.

Recorde-se que as candidaturas a este apoio apenas são aprovadas depois de avaliadas pelas entidades representativas. No caso das Santas Casas, pela União das Misericórdias Portuguesas.

A linha de crédito de financiamen-to do setor social é uma das medidas previstas no Plano de Emergência So-cial. O objetivo é apoiar as instituições que, tendo avançado com empreitadas no âmbito do Programa Operacional Potencial Humano e Programa de Alargamento da Rede de Equipamen-tos Sociais, estejam com dificuldades de tesouraria.

A cerimónia de assinatura do pro-tocolo no âmbito da linha de crédito de financiamento do setor social teve lugar a 15 de junho de 2012 e contou com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. A parceria entre governo, União das Misericórdias Portuguesas, Confederação Nacional das Instituições Sociais (CNIS) e União das Mutualidades (UM) foi formali-zada no Ministério da Solidariedade e Segurança Social.

“Se a coesão está na solidarie-dade, as instituições do setor social podem ser os seus catalisadores”. A afirmação foi feita por Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e da Segurança Social, durante aquela sessão.

Através desta linha de crédito para financiamento do setor social, cada instituição poderá aceder a um montante máximo de 500 mil euros, mas ao empréstimo deverá estar associado um estudo de viabilidade financeira. O protocolo foi assinado na sede do Ministério da Solidariedade e Segurança Social.

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www.ump.pt6 vm novembro 2012

EM AçãO EnTREVISTA

‘Houve que vencer muitas resistências’

A UMP celebra 36 anos este mês. Para marcar a efeméride, conversamos com o atual presidente honorário, padre Vítor Melícias

A União das Misericórdias Portuguesas celebra 36 anos em Novembro. Para marcar a efeméride, conversamos com o atual presidente honorário. Além de ter acompanhado o percurso do seu antecessor, padre Virgílio Lopes, Vítor Melícias foi presidente do Secretariado Nacional durante cinco mandatos.

a UMP celebra 36 anos. Como avalia este percurso?Embora na altura estivesse quase exclusivamente ocupado na área dos bombeiros, do voluntariado e dos montepios e no ensino do Direito Canónico, e não tivesse quaisquer funções no mundo das Misericórdias, fui procurado pelo Dr. Virgílio Lopes e acompanhei de muito perto o movi-mento que levou à criação da União. Tivemos então variadíssimos encon-tros e almoços de trabalho durante os quais na toalha de papel da mesa do restaurante desenhei inúmeros esquemas e organogramas, que o Dr. Virgílio no fim da refeição destacava da toalha e levava consigo. Eu tinha sido nessa ocasião o redator principal, quando não único, dos estatutos da Liga dos Bombeiros, da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e de várias outras associações pelo que, com experiência e entusiasmo, facilmente pude ajudar a verter tanto para os estatutos da União como para o modelo de Compromisso das Mise-ricórdias e para o D.L. 119/83 muito do que palpitava na recuperação dos

Bethania Pagin

Vítor MelíciasPresidente honorário da uMP

ideais de liberdade associativa que nos entusiasmavam nesses anos do pós 25 de Abril. Por tudo isso e pela empolgante vivência de mais de duas dezenas de anos na presidência da UMP e de várias organizações nacio-nais e internacionais das Misericór-dias, sinto-me perfeitamente abalizado a emitir um juízo muito positivo da evolução e do percurso, nem sempre fácil, que trouxe a União aos dias de hoje e ao prestígio e capacidade de que justamente dispõe.

Que dificuldades houve que vencer para construir esta União?Houve que vencer muitas resistências, algumas das quais perduram, em razão da deficiente cultura nacional herdada de mais de meio século de dependência e subserviência asso-ciativa em relação aos vários poderes e de desconfiança ou, pelo menos, de falta de confiança destes relativa-mente à maturidade e, porventura mesmo, seriedade das instituições e dirigentes da sociedade civil. Houve, por outro lado, de se ir vencendo ou tentando vencer as resistências das próprias instituições em transferir para o conjunto poderes de decisão ou de influência ligados à legítima mas nem sempre bem interpretada autonomia das instituições e houve, igualmente, em muitos casos que se ultrapassar vícios de conservadorismo de gestão e de falta de visão e abertura gestio-nária. E houve também, claro, que resistir às permanentes tentações de intervenção quer por parte do Estado e do seu funcionalismo, muitas vezes meramente inspetoral e burocrático, quer da Igreja, nem sempre esclarecida e isenta sobre o seu papel na sociedade e na gestão das instituições.

Considera que a UMP conseguiu ultrapassar esses obstáculos?A avaliação é francamente positiva. A evolução do papel das Misericórdias na sociedade portuguesa é notável e em muito resultou do facto de se terem

organizado em torno da uma União. É fundamental para a proteção social do povo português e para a solidarie-dade que essa união se mantenha e se reforce em todas as circunstâncias e contra todas as eventuais investidas de assenhoreamento.

Podemos dizer que a UMP atingiu a maioridade?Não, em absoluto. Já se avançou muito, mas há ainda muito mais ca-minho a percorrer até à maturidade e plena suficiência. Aliás, 36 anos na vida de uma instituição são apenas um começo. A União nasceu quando as Misericórdias já tinham quase 500 anos e nasceu num contexto defensi-vo após o ataque da nacionalização dos seus hospitais. Vinham de um regime dualista de separação entre a Misericórdia e a Irmandade e, para sobreviver, viram-se obrigadas a en-contrar outras atividades e valências fora da área da saúde ou, pelo menos, da área hospitalar. Havia que buscar apoios na Igreja e na sociedade, pois a voracidade do Estado era incontorná-vel. Optou-se, assim e em congresso, por unir as Misericórdias apelando à sua tradição e à ligação às comuni-dades locais e à inspiração cristã dos seus Compromissos. Para isso deu-se preferência – e devo reconhecer que não fui nada alheio a isso - a um estatuto de união, que, preservando a autonomia das Misericórdias quer em relação à Igreja quer em relação ao Estado, lhes permitisse tomar posições comuns sem as vincular a poderes do tipo federal que tolhesse a cada Misericórdia a liberdade de decidir por si ou lhes retirasse a direta ligação às comunidades de que dimanam e lhes dão nome, como em tempos lhe deram estatuto ou, pelo menos, âmbito municipal. Preferiu-se assim um estatuto do tipo União Europeia que, unindo os Estados Membros, não constituísse ainda um Estado federal com todos os poderes de decisão e representação que ele pressupõe. A própria competência e aligeirada com-posição dos órgãos sociais e sobretudo

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aLTERaçõES à LEgISLação LaBoRaLO Gabinete de Assuntos Jurídicos da União das Misericórdias Portuguesas tem promovido tertúlias sobre as alterações à legislação laboral. O primeiro encontro foi na Maia e contou com 81 participantes de 35 Santas Casas

dos Secretariados Regionais reflete essa mesma preocupação.

Entretanto a UMP começou a ganhar dimensão…A evolução, que, por necessidade de prestação de serviços comuns, levou à criação de instituições anexas, do Mi-sericórdias Saúde e de departamentos vários, aconselha a que, para atingir a maturidade de que me fala, a União continue a avançar, serenamente e com realismo, respeitando autonomias mas esbatendo independências, para um estatuto e estrutura mais conformes com a necessidade de atuações co-muns e eficazes. Para isso, enquanto não houver (e não há ainda) condições mais favoráveis a uma boa revisão estatutária, há que ir avançando em passos sucessivos mas sempre no sentido da preservação da identidade e da autonomia, quer das Misericórdias quer da União. Umas e outra surgiram e são das comunidades para serviço das comunidades. Respeitando as respectivas e moderadas tutelas e re-forçando a necessária cooperação com elas, a União e as Misericórdias não são nem devem tornar-se instituições do Estado ao serviço do Estado ou da Igreja ao serviço da Igreja. A própria UMP, que surgiu num contexto de recurso ao apoio e bênção da Igreja, mesmo tendo Estatutos aprovados pela Igreja é uma associação de Mi-sericórdias criada pelas Misericórdias, cujo estatuto e regime canónico é o de associação privada e não de associa-ção pública de fiéis. Já vi escrito por alguém com diploma de canonista que a União, por ter ereção canónica e estatutos aprovados pelo episcopado, seria associação pública com todos os deveres e eventuais direitos daí decorrentes. Não é essa, a meu ver, a sua natureza e estatuto, até porque não foi seguramente, e tenho disso a mais perfeita consciência, com essa intenção que o Congresso de Viseu, ou o padre Virgílio Lopes ou os que, como eu, o aconselhavam, quiseram criar a União lutando por que ela ti-vesse estatuo eclesial e civil mas fosse

“É fundamental para a proteção socialdo povo português e para a solidariedadeque essa união se mantenha e se reforce em todas as circunstâncias

A União e as Misericórdias nãosão nem devem tornar-se instituiçõesdo Estado ao serviço do Estado ou da Igreja ao serviço da Igreja

A União nasceu quandoas Misericórdias já tinham quase 500anos e nasceu num contexto defensivoapós o ataque da nacionalizaçãodos seus hospitais

fundamentalmente um instrumento das Misericórdias para, com plena autonomia e sentido humanitário e ecumenicamente cristão, servirem as comunidades de onde emanam. Que o diga, por exemplo, o provedor Mesqui-ta da Covilhã ou, se ainda os houver, qualquer outro dos fundadores de Viseu. É no sentido desta maturidade que, sem atropelos nem controvérsias, cumprindo religiosamente e melhoran-do os Protocolos de Entendimento e Cooperação já assinados ou a assinar, a União deve caminhar. Com a mesma determinação com que nasceu e por 36 anos já viveu. Este é, aliás, o meu voto de 36º aniversário, que formulo em reta consciência e a bem tanto da Igreja, como do Estado e sobretudo da sociedade civil portuguesa.

Quais são os principais desafios atuais e de futuro da UMP?O principal desafio que neste momen-

to se coloca à União é o de, mantendo--se fiel à sua identidade e autonomia, se abrir a todas as formas de coopera-ção para, com serenidade, determina-ção e perseverança, apoiar e estimular as Misericórdias no combate a esta tremenda crise social a que as erradas decisões políticas e financistas estão a levar o país. A UMP deve reforçar a sua capacidade de coesão interna e de representatividade institucional no exterior para que as Misericórdias se-jam, neste momento porventura mais que nunca, instituições das comunida-des locais, com “alma e coração” ao serviço dos pobres e dos que estão a ser atirados para a pobreza. Atentas ao que se passa ao seu lado, sejam generosamente solidárias e procurem sensibilizar as respectivas populações para a urgente solidariedade. Todos os outros aspetos podem esperar. O futuro ainda é largo e o presente muito desafiante. Também para a União.

a União das Misericórdias Portuguesas foi criada no congresso das santas casas, em Viseu, nos dias 26 a 28 de novembro de 1976, no seguimento das transforma-ções sociais que seguiram ao 25 de abril de 74 e do profundo trauma institucio-nal resultante da “nacionalização” dos hospitais das Misericórdias consumada pelo decreto-lei n.º 618/75 de 11 de novembro de 1975. a iniciativa foi espe-cialmente dinamizada pelo padre Virgílio lopes, então provedor da Misericórdia de Viseu, e que até à sua morte foi o primeiro presidente da instituição, e contou com o apoio de vários provedores, da confe-rência episcopal e outros agentes sociais. Vítor Melícias foi o sucessor do presidente fundador. o atual e terceiro presidente é Manuel de lemos, o primeiro leigo à frente da UMP.

36 anos, trêspresidentes

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8 vm novembro 2012

Loja social abre portas em Caminha

Além da loja social, a Misericórdia de caminha está a organizar concertos musicais para angariar verbas para apoiar famílias carenciadas

“O caso que mais me impressionou até agora foi o de uma família que não tinha onde deitar o bebé, nem roupa para o vestir”. Conta a história, com a voz embargada, Margarida Capela, psicóloga da Santa Casa da Miseri-córdia de Caminha. Inserida numa região a braços com um crescimento significativo do número de desempre-gados, a instituição tem sido cada vez mais procurada por famílias que já não conseguem satisfazer necessidades básicas como alimentação, a compra de vestuário ou material escolar para os filhos. “Foi para dar resposta a esta procura que decidimos avançar

com a criação de uma loja social”, justifica Celiza Alves, da direção da Misericórdia, revelando que têm sido “confrontados” com novas necessi-dades vindas de famílias que seria impensável há uns meses.

A falta de espaço e de dinheiro não serviu como desculpa para a institui-ção fechar os olhos a estes pedidos de ajuda. Margarida, a psicóloga, ar-regaçou as mangas e transformou um espaço da Misericórdia, que já tinha servido como casa-abrigo para vítimas de violência doméstica e que agora estava sem utilização, em loja social.

As famílias do concelho sinaliza-das pelos serviços de ação social da Câmara Municipal e até pela própria Misericórdia podem recorrer à loja que, de forma gratuita, lhes disponibi-liza de tudo um pouco: roupa; calçado, material escolar, objetos de primeira necessidade e, em casos extremos, até alimentação. Os donativos são o motor deste conceito: quem já não precisa doa o que tem a mais; quem

tem necessidade recebe o que procura. Localizada na cave do jardim-de-

-infância da instituição, a loja social é como que um oásis de cor e aconche-go. Sem qualquer financiamento, para além do apoio moral, esta funcionária da Misericórdia de Caminha transfor-mou e pintou móveis antigos para ser-virem de móveis-mostruário, lavou e engomou roupa, coseu, tirou borbotos de camisolas de lã antigas que foram doadas. “A roupa vem e é preciso fazer a triagem para perceber o que é necessário lavar, o que é necessário coser”. “E muito há ainda para fazer”, admite com um sorriso. O resultado de todo este trabalho é uma sala cheia de roupa dobrada e arrumada (muita dela com ar de estar por estrear), caixas de sapatos empilhadas por tamanhos, brinquedos a brilhar. Uma loja pronta a abrir portas, o que deverá acontecer no início de dezembro.

Sem quaisquer dados indicativos sobre o número de pessoas que este novo serviço da Santa Casa da Miseri-

córdia de Caminha irá ajudar, Margarida acredita que são muitos, a julgar pela “pobreza envergonhada” de que se vai apercebendo. “No outro dia, foi uma mãe que veio ter comigo, mas eu não estava a perceber o que ela pretendia porque ela não estava a ser direta. Só com muito esforço e muitas perguntas é que percebi que precisava de umas calças para o filho. Mas, notava-se que lhe estava a custar fazer aquele pedido”.

O provedor da Santa Casa da Mi-sericórdia de Caminha apoia o projeto, mas teme que a pobreza envergonhada que sente no concelho impeça algumas pessoas de recorrer a esta ajuda. Ainda assim, António Afonso garantiu ao VM que a equipa está com “espírito solidário” e que tudo fará para ajudar quem mais precisa nestes dias de dificuldades económicas.

Para além da loja social, a Santa Casa da Misericórdia de Caminha está a organizar concertos solidários para angariar verbas para apoiar financei-ramente estas pessoas.

Loja social para responder ao aumento

dos pedidos de ajuda

Susana Ramos Martins

Cerca de 15voluntáriosestiveramem FaroA Santa casa da Misericórdia de Faro recebeu, no fim do mês de outubro, um grupo de 15 voluntários do girO que requalificaram o jardim e criaram uma horta

A Santa Casa da Misericórdia de Faro recebeu, no fim do mês de outubro, um grupo de voluntários do GIRO. Cerca de 15 voluntários do GIRO requalificaram os jardins da institui-ção, bem como criaram uma horta intergeracional.

O GIRO é uma iniciativa de vo-luntariado empresarial onde são re-alizadas várias intervenções a nível nacional, com vista à melhoria da qualidade de vida de jovens e crianças em risco, idosos, à defesa dos animais e à recuperação de espaços naturais.

Este ano, são 10 as localidades que recebem a sétima edição do GIRO, num total de mais de 600 voluntários.

PrémioHospital doFuturo para o PortoSanta casa da Misericórdia do Porto alcançou o terceiro lugar na categoria “Gestão & Economia da Saúde”, dos prémios Hospital do Futuro 2011/2012

Os vencedores dos prémios Hospital do Futuro 2011/2012 foram recentemente conhecidos. O Hospital da Prelada, da Santa Casa da Misericórdia do Porto, alcançou o terceiro lugar na categoria “Gestão & Economia da Saúde” com o projeto “Gestão ao Serviço da Qua-lidade e Inovação”, num universo de 107 candidaturas de âmbito nacional.

O ministro da Saúde, Paulo Ma-cedo, presidiu à sessão, que contou com a participação da deputada e presidente da Mesa da Assembleia geral da União das Misericórdias Portuguesas, Maria de Belém Roseira, entre outros.

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BPI CaPaCITaR PaRa PoRTaLEgREA Misericórdia de Portalegre foi uma das 18 instituições a receber o prémio BPI Capacitar. O objetivo da iniciativa é poiar projetos que promovam a qualidade de vida e a integração social das pessoas com deficiência ou incapacidade permanente.

Caminhada junta avós e netos em LagosLagos encheu-se de vida com a presença de avós e netos numa iniciativa realizada pela Misericórdia. Mais de 500 pessoas participaram

Mais de 500 pessoas juntaram-se no dia 28 de Outubro na Avenida dos Descobrimentos em Lagos para uma tarde de convívio e animação. A zona ribeirinha da cidade encheu-se de vida e cor com a presença de avós e netos numa iniciativa realizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lagos para comemorar o dia mundial da terceira idade.

A tarde era de sol, o ambiente de alegria. Os utentes dos diversos lares da Misericórdia de Lagos tiveram a oportunidade de passar um dia dife-rente na companhia de familiares e amigos. A felicidade estava estampada nos rostos dos mais velhos. O objetivo da caminhada era juntar pessoas de várias gerações numa tarde de conví-vio. Pouco passava das 14h30 quando se deu o sinal de partida para a 1ª caminhada intergeracional organizada pela Santa Casa.

Entre os idosos e crianças, acom-panhados pelos familiares e amigos, encontravam-se colaboradores, vo-luntários, membros de diversas insti-tuições da cidade e representantes da autarquia. Também ali encontramos Júlio Barroso, o edil da cidade, que não quis faltar a este grande aconte-cimento social que considerou ser de “rara beleza humana”.

“Esta ideia de juntar os mais ve-lhos com os mais novos e chamar os familiares e a cidade a participarem numa atividade, que é sempre útil para o nosso bem-estar, é de louvar”. Muitas das pessoas que estiveram presentes “há anos não vinham a este sítio, como tive oportunidade de constatar”, refere entusiasmado com a iniciativa levada a cabo pela maior instituição de solidariedade social do concelho. Para o autarca “o importante é mantermos o espírito de entreajuda, solidariedade, companheirismo e pug-nar permanentemente pela dignidade humana”.

Ao longo da avenida o ambiente foi de festa e alegria. Entre risos e conversas as pernas iam aguentando o ritmo. Francisca Vieira, de 81 anos,

não se queixa e diz mesmo que não vai cansada. “Eu vou aguentar isto tudo, se Deus quiser. Devagar se vai longe”, desabafa. Para muitos esta ini-ciativa é uma maneira de não estarem sempre fechados na instituição onde se encontram. Para Idília Norte de 82 Anos “esta voltinha é muito boa”. Tal como Idília também Joaquim Duarte Candeias, de 81 anos, louva este tipo de atividades que considera ter um grande significado “porque é bom que as pessoas saiam para comunicar umas com as outras”. E lança mesmo o desafio: “Isto devia acontecer mais vezes”.

Mas não foram só os mais velhos a adorar a caminhada. Os mais novos também deliraram com o passeio. Mariana Arsénio de 9 anos e António Camilo de 7 anos vieram acompanhar a bisavó e da boca dos mais pequenos não podiam sair melhores elogios: “Foi um passeio divertido e muito bom”. “ Não fiquei nada cansado”, diz o pe-queno António orgulhoso por dar uma entrevista ao Voz das Misericórdias.

A Misericórdia saiu à ruaProporcionar aos idosos uma tarde

diferente, o contacto com as bonitas paisagens de Lagos e promover o

nélia Sousa

VOLTAApORTUGAL

Almada inaugura Centro Arco-írisA Santa casa da Misericórdia de Almada inaugurou recentemente, no Monte da caparica, o centro integrado Arco-íris, com capacidade para 173 utentes, en-tre crianças e idosos. A funcionar desde Setembro, o centro engloba um centro de dia para 100 utentes e um centro de convívio para 60 idosos, bem como um creche para 73 crianças. Este novo equipamento social representou um in-vestimento de 2,2 milhões de euros para a Misericórdia de Almada.

Fafe leva livroao Rio de JaneiroO livro “Santa casa da Misericórdia de Fafe – 150 anos ao Serviço da comunidade (1862 – 2012)” foi apresentado, a 6 de novembro, no rio de janeiro (brasil). A apresentação do livro, na Fundação casa de rui barbosa, integrou no evento come-morativo do Ano de Portugal no brasil no qual foram abordados temas relacionados com a presença portuguesa nos acervos da casa de rui barbosa.

Águeda abriu portasà comunidadeA Santa casa da Misericórdia de Águeda deu a conhecer, no dia 17 de novembro, as obras efetuadas na casa de repouso de barrô e no lar conde de Sucena, em Águeda. O programa começou com a receção na casa de repouso de barrô, seguida de celebração de eucaristia e visita às instalações intervencionadas na casa de repouso, no Lar conde de Sucena e parque bio saudável.

Entrega emocionadade diplomas em FaroA Misericórdia de Faro, no âmbito da sua escola profissional, entregou recente-mente os diplomas aos alunos que con-cluíram os cursos profissionais de técnico de Apoio à infância e de Animador Socio-cultural e Educação e Formação de Ação Educativa – Acompanhantes de crianças. A cerimónia pautou-se pela emoção e pela alegria da conclusão de um ciclo formativo e do alcance dos objetivos.

1912refeiçõesa cantina social da santa casa da Misericórdia de são joão da Madei-ra serviu quase 2000 refeições no passado mês de setembro.

intercâmbio entre as várias gerações foi o grande objetivo desta iniciativa proposta pelo provedor da instituição. Eduardo Andrade considera ser im-portante que as famílias contribuam para que os idosos tenham melhores condições de vida. “Quando organizá-mos esta festa foi colocado o desafio aos familiares de todos os utentes para que fossem eles a trazer os seus avós e pais aqui para a avenida. Uma grande maioria dos familiares está aí com os seus idosos”.

Ao longo de 1200 metros, 560 pessoas marcharam em nome da solidariedade e da partilha de experi-ências. Ninguém faltou à caminhada. Até mesmo aqueles que se deslocam com ajuda de cadeiras de rodas e andarilhos. Nem eles quiseram deixar de participar.

A avenida encheu-se de muitas cores numa bonita tarde de sol de Outono. A cada um dos equipamentos sociais da Misericórdia de Lagos foi atribuída uma cor. E assim a Avenida dos Descobrimentos ficou pintada de vermelho, rosa, branco e amarelo. Como nos conta Maria João Batista, responsável pelo sector de animação, “pedimos às famílias que acompa-

nhassem os utentes que trouxessem ou uma camisola, ou um chapéu que pudesse representar esse grupo. No aglomerado de gente acabou por se formar um arco-íris de cores”. No final, apesar de algumas pernas cansadas, a alegria estampada no rosto dos mais idosos era visível e a festa terminou ao som do acordeão do senhor Fernando Marralheiros, um dos utentes do lar José Filipe Fialho, outrora um grande artista que animava os bailaricos e que naquela tarde agradável não quis deixar de animar avós, filhos e netos.

Para Maria João Batista a iniciativa superou as expectativas e o regozijo era tanto que perante o sucesso desta primeira caminhada a Misericórdia está já a pensar na próxima que deverá acontecer no dia 19 de Maio de 2013. No seu entender “a sociedade atual vive mais que uma crise económica, vive uma crise de valores. É contra essa crise que nós batalhamos. A sociedade está tão desumanizada que nós queremos humanizá-la”.

E nada melhor que mostrar à so-ciedade que os mais velhos, apesar da idade avançada, são cidadãos comuns com muita experiência e sabedoria para partilhar aos mais novos.

560 pessoas marcharam em nome

da solidariedade

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10 vm novembro 2012

Homenagem foi emocionada

Uma vez provedor, para sempre provedorGaspar André Domingues foi provedor da Santa casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis durante mais de 20 anos e foi recentemente homenageado

“Uma vez provedor, para sempre provedor”. As palavras de Manuel de Lemos, presidente da União das Mi-sericórdias Portuguesas (UMP) assen-tam, na perfeição, na figura de Gaspar André Domingues, ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis. Em funções durante mais de 20 anos, o arquiteto de profissão deixou o cargo no final do último ano para se dedicar à família.

No âmbito das comemorações do 121º aniversário da instituição, a Mesa Administrativa entendeu homenagear o homem, que na opinião do atual provedor, Vítor Machado, é “exemplo de voluntariado, de envelhecimento sadio e útil”.

Sempre presente na vida da Mi-sericórdia, o arquiteto encabeçou grande parte das obras que fazem da instituição uma referência no concelho de Oliveira de Azeméis. Lar, creche, infantário e outros equipamentos sociais nasceram sob sua orientação técnica. Mesmo assim, em declarações ao Voz das Misericórdias, Gaspar André Domingues garante que “nós não fazemos nada sozinhos. Temos uma equipa. Isto não é só nosso, é

Vera Campos “As obras das Misericórdias são uma linguagem. O importante é traduzir essas obrasgaspar andré Dominguesprovedor homenageado

Uma homenagem sobejamente merecida, pela forma desinteressada com que trabalhou em prol dos outrosVítor Machadoatual provedor

Celebramos um homem de Misericórdias, das Misericórdias e que viveu ao serviço dos outrosManuel de Lemospresidente da uMP

de muita gente que ajudou a criar tudo o que temos”. Sobre a dedicação de anos a fazer o bem em prol do outro, o homenageado não encontra explicação. “As coisas que fiz toda a minha vida foram com o espírito hu-

mano de solidariedade, sem interesse absolutamente nenhum. Nasci assim e assim vivi”.

Foram muitos os amigos, familia-res e representantes de outras Mise-ricórdias e IPSS que se juntaram na homenagem ao “exemplo de abnega-ção, solidariedade, dedicação, paixão e generosidade”. Bartolomeu Fonseca Rego que, em 2000, iniciou ao lado do arquiteto uma caminhada de solidarie-dade como vice-provedor, questiona se “haverá alguém que tenha feito mais por Oliveira de Azeméis?”.

No Ano Europeu do Envelheci-mento Ativo da Solidariedade entre Gerações, António Santos Sousa, di-retor do Centro Distrital da Segurança Social de Aveiro deixa um apelo. “Ten-do como exemplo o homenageado, não nos devemos aposentar de ajudar os outros”. O provedor Vítor Macha-do vai mais longe e lança o desafio: “Numa altura em que aumentam os desempregados, reformados e pensio-nistas porque não colocarmo-nos ao serviço do outro, trabalhando com e para a comunidade?”

Recusando falar de crise, pois “essa entra em casa sempre que car-regamos no botão do televisor”, o presidente da UMP acredita que é altura de “fazermos mais com menos, e de pensarmos: O que podemos fazer por Portugal?”. Ciente de que é nos momentos difíceis que as Misericór-dias atuam na sua plenitude, Manuel de Lemos sabe que “Portugal precisa dos portugueses”.

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CaMPanHa DE naTaL na CoVILHãA Santa Casa da Misericórdia de Covilhã está a promover uma campanha de Natal. O objetivo é recolher alimentos para entregar às famílias mais necessitadas do concelho. Os voluntários já começaram a trabalhar.

RECEITAS nAS MISERICÓRDIAS

Lombo com castanhas de Bragança

INGREDIENTES MODO DE PREPARAçãO:

600 gr de lombo de porco150 gr de arroz600 gr de castanhas2 Limões2 colheres da sopa de manteiga1 fio de óleo1 colher de pimentão1 pitada de noz moscadaAlhosLouroSal q.b

tempera-se o lombo no dia anterior e fica a marinar.Põe-se a lombo a assar juntamente com as castanhas e as batatasFaz-se o arroz que vai dourar ao fornoAproveita-se o “molho” da carne para servir.

PREçO: DIFICUDADE:€ € € € €

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Festival do petisco em Oliveira do BairroSanta casa da Misericórdia de Oliveira do bairro abriu as portas da instituição para mais uma edição do Festival do Petisco

A Santa Casa da Misericórdia do Concelho de Oliveira do Bairro abriu recentemente as portas da instituição para mais uma edição do Festival do Petisco. O objetivo era angariar fun-dos, mas também reforçar a relação com a comunidade local. Pequenos e graúdos deixaram-se levar pelo apetite que se fez sentir durante toda a noite.Nesta segunda mostra, não faltaram iguarias de fazer crescer “água na boca”. Do pão caseiro aos jaquinzi-nhos e carapaus fritos, passando pelos rojões e pela chanfana, sem esquecer as pataniscas e o polvo, foram muitos os petiscos apresentados na iniciativa à qual se juntaram muitas pessoas. Com a companhia do arroz de feijão e tomate, o mau tempo foi incapaz de estragar a festa. Bem protegidos nas instalações da Misericórdia, pe-quenos e graúdos deixaram-se levar pelo apetite que se fez sentir durante toda a noite.Em declarações ao Voz das Miseri-córdias, Anabela Carvalho, uma das responsáveis da instituição, lembrou

Vera Campos

o sucesso da iniciativa e o objetivo principal de confraternização. “À semelhança da edição anterior, e de outras iniciativas como o Festival do Arroz e do Feijão, temos tido muita recetividade. Mais do que a angaria-ção de fundos, que reverte para obras de requalificação e beneficiação de infraestruturas da instituição, é uma oportunidade de convívio e partilha com a comunidade a quem abrimos as portas e as instalações, mostrando o que fazemos”. Para além dos colaboradores e volun-tários, foram vários os restaurantes

e IPSS do concelho de Oliveira do Bairro que aceitaram o repto e que se apresentaram com as suas igua-rias e boa disposição. Aliás, esta partilha interassociações é comum no concelho, prova da boa relação e colaboração do movimento associa-tivo. “Há uma grande solidariedade entre as associações do concelho. É prática participarmos em iniciativas comuns. As próprias direções têm, por vezes, reuniões conjuntas no sentido de promover o que cada uma tem de melhor”, destacou Anabela Carvalho.Em 2012, o II Festival do Petisco ficou

Segunda edição do festival do petisco

marcado pela inauguração do remode-lado espaço de refeitório e balneário dos colaboradores. “As verbas anga-riadas serão direcionadas para estas e outras obras de beneficiação que a Misericórdia vai levando a cabo”, referiu a responsável, sublinhando a recente intervenção no alargamento e melhoria da área de cozinha. A Santa Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro conta, atualmente, com cerca de 115 colaboradores, que prestam assistência em diversas respostas sociais direcionadas para a infância e terceira idade.Recorde-se que a Unidade de Cuidados Continuados (UCC) da Santa Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro, que custou mais de dois milhões de euros, está concluída e ainda não abriu por motivo de falta de acordo de cooperação com a Administração Regional de Saúde do Centro (ARS). Recorde-se que há outras unidades de cuidados continuados na mesma situ-ação. Muitas estão prontas ou em fase de finalização de obra, mas que não abrem pelo mesmo motivo. Recorde-se que são cada vez mais as Misericór-dias que apostam na promoção das tradições locais, entre elas as gastro-nómicas. O VM tem acompanhado o assunto e, além da publicação mensal de receitas, promovemos uma série de reportagens sobre Santas Casas que apostam na produção de alimentos para gerar mais-valias.

não faltaram iguarias de fazer crescer “água na boca”. Do pão caseiro aos jaquinzinhos e carapaus fritos, entre outros

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EM FOCO

Dia de ensaio do grupo coral é terapia na Santa Casa de Ovar

A dedicação com que o grupo coral da Misericórdia de Ovar se entrega é, para a maestrina, motivo de orgulho e desafio constante. O “Gerações de Ovar” já existe há 12 anos

A alguns metros do número 41 da Rua Alexandre Herculano já se ouvem risos. Para além do ensaio, hoje é dia de festa na sede do Grupo Coral “Gerações de Ovar”, da Santa Casa da Misericórdia local. “Sempre que alguém faz anos, festejamos com bo-linho no final do ensaio”, explica ao Voz das Misericórdias a responsável Otília Neto.

Fundada em Fevereiro de 2000, a formação pretendia oferecer aos funcionários da Misericórdia um momento de lazer pós-laboral. Palavra passa palavra, amigo chama amigo e volvidos 12 anos, o “Gerações de Ovar” está integrado no Instituto Sénior da instituição (desde 2008) e conta com 31 elementos. Do reportório fazem parte a música tradicional e ligeira portuguesas, músicas tradi-cionais de Ovar, canções originais, canções natalícias e cânticos litúrgicos. Com direção artística de Maria Irene Oliveira, as 31 vozes, maioritariamente femininas, cantam a maioria dos temas “à capela”.

O dia de ensaio, que acontece ao sábado à tarde, é para muitas “uma terapia”. Quem o confirma são as próprias, que confessam “contar os dias até chegar sábado”.

Ângela Maria é a mais nova no grupo. Tem 47 anos. A ginástica ficou para trás, mas o coro, afirmou convic-ta, nunca vai deixar. “Adoro e estou sempre à espera que chegue sábado”. No outro extremo da faixa etária, a mais sénior, Maria do Carmo, de 81 anos, faz um percurso ainda longo, e a pé, para ensaiar. “Já cá estou desde o início, gosto muito de cantar. Até na cama penso no coro”.

A dedicação com que este grupo de vozes amadoras se entrega é, para a maestrina, motivo de orgulho e desafio constante. “Não sabem ler uma pauta. Não têm formação musical. Trabalha-mos muito a memória, e temos notado uma evolução extraordinária”. Por amor à camisola, numa altura em que escasseiam os apoios, têm conseguido

Vera Campos

superar todos os obstáculos, revelando uma evolução e amadurecimento re-conhecido por quem as ouve. “Temos recebido bastantes elogios e convites para casamentos e outras cerimónias”, refere. Sentem-se como uma família e, como tal, em cada deslocação aproveitam para conviver e saborear momentos de boa disposição. “É uma animação”, confessa Otília Neto.

Desde a fundação, em 2000, já protagonizaram mais de meia centena de atuações. Iniciativas variadas de carácter cultural e recreativo, como encontros de coros das Misericórdias e universidades seniores, concertos, iniciativas promovidas pela própria Santa Casa ou pela autarquia, anima-ção de eventos, casamentos e acom-panhamento de celebrações litúrgicas.

Para 2013 preparam um concerto solidário, cuja receita em géneros será entregue ao Centro Comunitário Espaço Aberto, da Santa Casa da Misericórdia de Ovar, para suprir as necessidades dos mais carenciados. “Quem vier assistir, será convidado a trazer um género alimentar”, destacou Otília Neto.

Este trabalho insere-se num novo projeto editorial do jornal Voz das Misericórdias. Vamos publicar todos os meses um artigo sobre a realidade dos grupos corais nas Santas Casas. Recorde-se que os grupos corais são bastante frequentes e já foram pro-movidos alguns encontros nacionais de coros das Misericórdias. Os coros, em muitos casos, são compostos por utentes, colaboradores e dirigentes.

12O coro da Santa casa da Mi-sericórdia de Ovar foi criado no

ano 2000 com objetivo de proporcionar momentos de lazer aos colaboradores.

31São 31 as pessoas que integram atualmente o grupo coral. Desde

a fundação, já protagonizaram mais de meia centena de atuações.

81O elemento com mais idade do grupo coral da Misericórdia de

Ovar é Maria do carmo, de 81 anos. A mais jovem tem 47 anos.

números a dedicação com que este grupo de vozes amadoras se entrega é, para a maestrina, motivo de orgulho e desafio constante

Fundada em 2000, a formação pretendia oferecer aos funcionários da Misericórdia um momento de lazer pós-laboral

Elementos do coro sentem-se como uma família

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TERCEIRA IDADE14 vm novembro 2012

No contexto do Ano Europeu do En-velhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, a Santa Casa da Mi-sericórdia de Braga, através do lar D. Diogo de Sousa, promoveu no último dia 9 de Novembro um magusto que envolveu a participação de funcio-nários da instituição, utentes e seus familiares, além de outros convidados muito especiais, as crianças das cre-ches Rainha D. Leonor e Santa Isabel.

São Martinho não quis dececio-nar os participantes da festa e o seu

Solidariedade entre gerações em Braga

Magusto promoveu encontro entre gerações na Misericórdia de braga. O convívio entre idosos e crianças é prática comum na instituição

alexandre Rocha

‘não é por tratar-se do ano europeu que realizámos eventos deste género. é já uma boa prática comum da Santa Casa’

Magusto juntou crianças e idosos em Braga

tradicional “verão”, que costuma instalar-se nesta época do ano, apa-receu em força, proporcionando uma tarde solarenga para o degustar das castanhas pelos jardins e exteriores das instalações.

Sónia Basto, diretora técnica do lar, entre os últimos preparativos para a sessão, confidencia-nos que o serão vespertino incluirá uma “troca” entre os mais velhos e os mais pequenos: os primeiros encarregar-se-ão da leitura de quadras e rimas alusivas à data comemorativa, enquanto a miudagem irá encantar as avozinhas

com performances musicais. Um duo de concertinas encerrará a animação da tarde.

“Não é por tratar-se do ano eu-ropeu do envelhecimento ativo que realizámos eventos deste género. É já uma boa prática comum da Santa Casa da Misericórdia de Braga, que visa estimular o desenvolvimento tanto das crianças como dos idosos. Além do mais, a visita das crianças é sempre muito ansiada por parte dos mais velhos”, afirma Sónia Basto, que revela ainda que no início de cada ano é preparado um plano de atividades e intercâmbios. “Muito embora para o magusto as crianças venham hoje ao lar, não raro os idosos visitam-nas na creche”, finaliza.

O evento foi prestigiado com a presença do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga, Bernardo Reis, cujas palavras de incentivo inau-guraram as festividades, dando início às récitas. “Procuramos enquadrar os seniores e os jovens, envolvendo tam-bém os familiares, na nossa política que visa o contacto e a dinamização das pessoas, sensibilizando-as para que possam vislumbrar para si um futuro ativo. É isto que almejamos em momentos como este”, remata o provedor. Sobre as dificuldades trazidas pela crise que não dá tré-guas, Bernardo Reis conta como têm

sido contornadas: “Infelizmente as comparticipações do Estado não são suficientes e, num projeto de viabili-dade económica sustentável, conta-mos principalmente com o apoio de mecenas empresariais, beneméritos, e, claro, com uma gestão escrupulosa dos nossos recursos humanos e finan-ceiros, para fazer mais com menos”.

Com ou sem crise, no que depen-der das utentes do lar, como Lucinda da Silva Costa, o próximo evento é já para amanhã: “Gostei imenso! Mas principalmente dos meninos! Ver aqueles olhinhos é como mágica para nós”.

O Lar D. Diogo de Sousa alberga 24 idosas e é só uma das respostas sociais da Santa Casa da Misericór-dia de Braga destinadas à terceira idade, havendo ainda mais 60 lugares disponíveis em outros dois lares. No seu total, os serviços da instituição bragantina empregam atualmente 127 pessoas, numa trajetória ascendente nos últimos três anos. Recorde-se que a UMP promove, a 30 de novembro, uma conferência no âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações.

o ano europeu do envelhecimento ativo e da solidariedade entre gerações (aee-asg 2012) visa chamar a atenção para a importância do contributo dos idosos para a sociedade e incentivar os responsáveis políticos e todas partes interessadas a to-marem medidas para criar as condições necessárias ao envelhecimento ativo e ao reforço da solidariedade entre as gerações.a noção de envelhecimento ativo refere--se à possibilidade de envelhecer com saúde e autonomia, continuando a parti-

cipar plenamente na sociedade enquanto cidadão ativo. independentemente da idade, todos podem continuar a desem-penhar um papel na sociedade e a usufruir de uma boa qualidade de vida. o desafio consiste em aproveitar da melhor forma o enorme potencial que cada um conserva até ao fim da vida. o ano europeu do envelhecimento ativo e da solidariedade entre gerações visa dinamizar três domí-nios principais: emprego, participação na sociedade e autonomia.

Valorizar papel da terceira idade

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PUBLIREPORTAGEM

SCA nomeada umadas empresas mais éticas do mundo

Saiba mais em http://ethisphere.com/worlds-most-ethical-companies-rankings/

e conheça as atividades de sustentabilidade da SCA em www.sca.com/sustainability

Somos uma empresa global, presente em mais de 90 países e dedicada a produtos de higiene pessoal, papel, cartão, papel para publicações e produtos de madeira sólida. Somos líderes em muitas destas áreas com marcas como TENA ou Libero.

Fomos recentemente nomeados como uma das empresas mais éticas do mundo pelo Ethisphere Institute, pelo quinto ano consecutivo.

Este instituto americano, que tem como missão a promoção, desenvolvimento e partilha das melhores práticas de ética empresarial, responsabilidade social corporativa, anticorrupção e sustentabilidade, avaliou milhares de empresas de mais de 40 setores de atividade, reconhecendo a SCA como exemplo que vai além do que é exigido eticamente e que inclui princípios éticos como fatores fundamentais para o desenvolvimento das suas atividades, marcas e para a sua rentabilidade.

De acordo com Jan Johansson, Presidente e CEO da SCA, “Estamos honrados pelo reconhecimento do Ethispehere Institute. A ética e a sustentabilidade são fatores que consideramos essenciais para o diferencial de negócio. Os nossos esforços nesta área são reconhecidos pelos clientes, consumidores e investidores, o que fortalece a nossa vantagem competitiva”.

Recorde-se que a ética e a sustentabilidade são parte integrante das operações da SCA e estratégicas para o crescimento e criação de valor. A empresa estabeleceu um plano de metas a alcançar no âmbito da responsabilidade ambiental, social e códigos de conduta e é a maior proprietária privada de floresta da Europa, com 2,6 milhões de hectares.

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SAúDEwww.ump.pt16 vm novembro 2012

já certificadas pela Joint Comission Internacional.

Finalmente, o governo português lançou um estudo para avaliar a pos-sibilidade de o sector social e em especial as Casas de Misericórdia, participarem na Rede Nacional de Cuidados de Saúde Primários.

Esta é meus Amigos, numa “heli-copter vue”, o olhar possível de fazer aqui sobre a nossa presença no sector da saúde. Como disse no princípio, uma presença constante de mais de 500 anos, em nome de um conjunto de valores que assumimos como missão.

E por isso o que vos pode even-tualmente interessar, é a análise dos motivos acerca da importância desta presença, e porque é que de novo, ela cresce tão rapidamente.

Em primeiro lugar, porque cada vez mais pessoas e governos estão a compreender que, “cuidar dos en-fermos” só dificilmente é ajustável à natureza do sector privado, inde-pendentemente da adoção na ges-tão, de regras e princípios de rigor e competência. Mas parece evidente para todos que, no processo de “ cuidar” há um momento, eu dira vários momentos, em que a natureza da missão e da organização, não é compatível com o lucro. Talvez por isso mesmo, em países como os EUA que têm, legitimamente, uma enorme tradição capitalista, o sector da saúde e, dentro dele, o mais qualificado, está intimamente ligado ao terceiro sector, às organizações não-governamentais, como é o caso da Clínica Mayo, do Jonh Hopkins Hospital ou o Kruger Care Hospital.

A segunda razão, encontro-a na forma como asseguramos a huma-nização; é claro que, quer o sector público, quer o sector privado têm feito um esforço magnífico nesta direção e em todas as unidades de saúde, encontramos profissionais muito comprometidos com a huma-nização. Mas é claramente diferente, assumir a humanização como uma técnica, ou como um valor, inerente à natureza, identidade e cultura, de uma organização.

Em terceiro lugar sendo as Mi-sericórdias, pela sua dimensão e importância muito concretamente no sector da saúde, um caso suis generis de permanência no tempo e, por isso, merecerem as honras de case study, para mim, é na interação com as comunidades que servem, que encontram a sua principal justificação para não terem sido arrumadas no baú da história. E que, ciclicamente, todos regressem ao movimento das

enfermos. E o povo português em reconhecimento, começou a desig-nar estas casas, como Santas. Por isso, no mundo que os Portugueses criaram, todos conhecem as Casas de Misericórdias como Santas Casas de Misericórdia. E no Brasil onde existem cerca de 2200 Casas de Misericórdia, são designadas apenas, por Santas Ca-sas e são o maior player em cuidados agudos (hospitalares).

Como referi antes, a nossa presen-ça no sector da saúde é o resultado de uma postura ética, cujos valores se assumem como missão. E porque essa presença se perde na noite dos sécu-los, em Portugal, no Brasil, em Angola ou S. Tomé não é necessário explicar, quem são e o que fazem as Misericór-dias. Nascidas nas comunidades, são respeitadas, queridas e protegidas por essas mesmas comunidades

Com a revolução dos cravos em 1974 o governo resolveu nacionalizar os edifícios e a gestão dos nossos hos-pitais e criar um Sistema Publico de Saúde, uma espécie de NHS. Contudo no norte do país, 3 dos cerca de 100 Hospitais que detínhamos, escapa-ram à nacionalização e rapidamente ganharam uma aura de credibilidade, assente na qualidade e na humani-zação da prestação de cuidados de saúde. De tal forma que, nos anos 80 do último século, os grandes par-tidos do arco democrático (o Partido Cristão Democrata, o Partido Social Democrata e o Partido Socialista) começaram a incluir nos seus Pro-gramas a devolução desses Hospitais aos seus legítimos proprietários, as Casas de Misericórdia. Então devagar, muito devagar, começou o processo de devolução.

E cada devolução transformou-se num caso de sucesso. Sucesso em sede de qualidade; sucesso em sede de cus-to (são pelo menos 30% mais baratos que os paralelos hospitais públicos); sucesso em sede de humanização. Hoje gerimos 19 Hospitais e em Se-tembro de 2012, o governo português decidiu promover um processo, que neste momento está em curso, para devolver mais 15 a 30 hospitais.

Já antes, em 2006 o governo por-tuguês tinha decidido celebrar um acordo com a União das Misericórdias Portuguesas para que as Casas de Misericórdia participassem na criação de uma Rede Nacional de Cuidados Continuados. Em seis anos, as Casas de Misericórdia construíram e equi-param cerca de 120 unidades, num total de cerca de 4000 camas, o que corresponde a mais de 50% da Rede Nacional. Algumas estão mesmo

Misericórdias como um instrumento por excelência do seu conceito de so-lidariedade ativa. É aliás na coerência deste pensamento que colocamos sempre a nossa intervenção em sede de solidariedade e subsidiariedade quer com o Estado, quer com as pessoas. Tendo sempre presente que esses princípios assumem particular acuidade se os entendermos como Santo Padre Bento XVI ensina na “Caritas in veritate”: “O princípio da subsidiariedade há-de ser estri-tamente ligado com o principio da solidariedade e vice-versa, porque se a subsidiariedade sem a solidariedade decai no particularismo social, a soli-dariedade sem subsidiariedade decai no assistencialismo que humilha o sujeito necessitado”

E finalmente, uma outra expressão dessa justificação, encontro-a num conceito de voluntariado desinte-ressado.

Recordo que os considerandos dos primeiros estatutos da Misericórdia de Lisboa de 1498, referiam também ex-pressamente que os fundadores haviam de ser pessoas que não tivessem “pre-cisão”, isto é, que tivessem disponibili-dade para ajudar os outros, sem querer nada em troca. Por isso, os Estatutos das Misericórdias se designam, precisa-mente, por compromissos, porque, de facto, quem adere a uma Misericórdia compromete-se a envolver-se na sua missão e com a atualidade no tempo dessa mesma missão.

No momento em que o mundo atravessa uma crise económica e de valores sem precedentes e que em alguns casos, se olha para os que sofrem como os que falharam, são as instituições como as Misericórdias que constituem e representam uma âncora para as comunidades e para as pessoas.

Ora, a circunstância de sermos organizações que mergulham as suas raízes num olhar ético sobre o vo-luntariado, sustentado na caridade, enquanto proclamadora da verdade de Cristo na sociedade, e que tem como certo que o Desenvolvimento quer social, quer económico, não á concebível sem a “caritas”, isto é, sem o amor ao próximo, coloca a atividade das Misericórdias num patamar privi-legiado que radica fundo na Doutrina Social da Igreja e que mais uma vez a “Caritas in Veritate” traduz.

E as nossas Unidades de saúde são um excelente paradigma dessa abordagem e desse patamar!

Mesmo para as pessoas que ime-diatamente não recorrem a elas; a simples circunstância de existirem, de

estarem ali, representa como que um seguro, um instrumento de confiança que, naturalmente, o sector privado não pode dar e o sector público, em muitos países, já não consegue outra vez dar.

Se me permitem mais um depoi-mento pessoal, a crescente atenção dos media, mesmo o sempre renovado olhar dos intelectuais ao que as Mi-sericórdias fazem e dizem, constitui um exemplo do que tenho tentado exprimir.

A verdade é que, a aposta no diálogo civil que a União Europeia tanto proclama, assenta no princípio da diversidade, que mais do que a essência da vida, que essa pertence à biodiversidade, se manifesta em todo o agir humano, da economia ao direito, da religião à fraternidade e à saúde.

E esse reconhecimento conduz--nos à realidade de que, cada ser humano constitui, com os outros, um todo, um só, um “solidum” como diziam os latinos. E esta ideia de que todos, na nossa singularidade, temos uma natureza, uma origem e uma marcha comuns, consubstancia a ideia básica de solidariedade, do rela-cionamento corresponsável de todos os membros do mesmo “solidum”.

Não cabendo naturalmente aqui, ir muito longe na classificação dos modelos de sociedade estabelecidos, a sociedade de subordinação, a socie-dade de coordenação e a sociedade da comunhão, parece-me evidente que, perante o falhanço dos dois primei-ros modelos, é necessário e urgente reinventar/desenvolver um novo paradigma societário assente na tal sociedade de comunhão ou, se quise-rem, de fraternidade que, seguramente sem conceptualizar, as Misericórdias sempre assumiram, naturalmente à escala do tempo e dos homens.

Na verdade, ou transformamos a solidariedade em muito mais do que um imperativo ético ou uma torrente de afetos, e lhe damos uma natureza de verdadeiro direito e obrigação, ou a nossa caminhada comum vai conhecer sobressaltos completamente inesperados, como o tempo presente clara e inequivocamente induz. A “Caritas in Veritate”, como vimos, é muito clara a este respeito e os cató-licos portugueses revêem-se nesses valores, como a nossa secular atenção aos que sofrem, o demonstra.

A história das Misericórdias é, desde a sua origem, uma história que ganha a sua dimensão na sociedade de comunhão que, afinal, se mani-festa, de forma evidente, na confusão secular entre o hospital (à maneira da época) e a própria instituição.

Em primeiro lugar gostava, de em nome das Misericórdias de Portugal e em meu nome pessoal, agradecer ao Conselho Pontifício dos Serviços de Saúde e ao seu presidente, o Cardeal Zygmut Zimowsk, pela oportunidade de vir até vós, para trocar algumas reflexões sobre o trabalho desenvol-vido pelas Misericórdias de Portugal nos últimos cinco séculos, no sector da saúde.

E a primeira ideia que gostava de partilhar convosco, é que o nosso compromisso com a saúde, resulta da Obra de Misericórdia que ordena aos católicos “Cuidar dos enfermos”. Quem quer seja que sofra, sem distin-ção de cor, raça, credo ou rendimento.

De facto, desde o Rei D. João II em 1516 até aos nossos dias, sem qualquer interrupção, as nossas Ca-sas de Misericórdia têm cuidado dos

XXVII ConFERênCIa Do ConSELHo PonTIFíCIo DoS SERVIçoS DE SaúDE

o presidente da UMP participou recentemente na XXVII Conferência do Conselho Pontifício dos Serviços de Saúde. Manuel de Lemos foi convidado duas vezes consecutivas para participar nesta conferência e é o único orador português. Publicamos na íntegra

Manuel de Lemospresidente da UMP

A MISSãO DAS MISERICóRDIAS JUNTO DOS QUE SOFREM

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Para assinar, contacte-nos:Jornal Voz das Misericórdias, Rua de Entrecampos, 9 – 1000-151 LisboaTelefone: 218110540 ou 218103016Email: [email protected]

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As cartas devem ser identificadas com morada e número de telefone. O Voz das Misericórdias reserva-se o direito de selecionar as partes que considera mais importantes. Os originais não solicitados não serão devolvidos.

Leia, assine e divulgue

Correio do leitor

VOZDASMISERICÓRDIAS

VOZDASMISERICÓRDIAS

Meus Amigos:É tempo de terminar. Não gostaria

de o fazer sem vos deixar três notas finais.

A primeira é que nos últimos 30 anos, a ciência e a ciência médica em especial, levaram muito longe os limi-tes da vida. Hoje a tecnologia prolonga a vida, em certos casos diminui o sofrimento e até aumenta o bem-estar. Os hospitais de ponta são complexas Instituições de altíssima tecnologia, extremamente dispendiosos, que obrigam a uma forte concentração de recursos; e paralelamente, essa mesma tecnologia para uma enorme pletora de patologias tornou acessí-veis, baratos e seguros os tratamentos de proximidade.

A segunda é que assistimos tam-bém nestes últimos 30 anos a uma explosão da longevidade humana. Demos mais anos à vida, temos ago-ra que dar mais vida aos anos. Mas também transferimos a despesa em recursos de saúde. Em Portugal há 30 anos só 10% da despesa em saúde era afeta aos doentes crónicos, hoje esse número está acima dos 70%.

A terceira decorre desta e centra--se nos efeitos do aumento da espe-rança de vida. Vivermos mais anos, mas aumenta o número das depen-dências, quer do foro físico, quer do foro mental. Por exemplo, aumento das demências é exponencial e em 2009 já havia na Europa 7.300.000 pessoas diagnosticadas e em Portu-gal 153.000. As Redes Nacionais de Cuidados Continuados e Paliativos constituem-se pois, cada vez mais, como pilares estruturantes dos Sis-temas de Saúde dada a incapacidade das famílias de cuidarem dos seus en-fermos, porque ou não têm recursos, ou estão desestruturadas, ou não têm competências

É neste quadro em que há milha-res de pessoas que quotidianamente sofrem, que a nossa missão ganha dimensão e se assume como algo de distintivo no quadro da saúde. Cuidar bem, com qualidade e competência, fazer um carinho a uma criança ou a um idoso, ter tempo para ouvir uma recordação, segurar a mão de um mo-ribundo, é algo que as Misericórdias fazem naturalmente e como ninguém.

Por tudo isso nos orgulhamos do nosso passado, estamos atentos no presente e sabemos que somos Instituições com muito futuro.

Neste lugar sagrado, solicito a Nossa Senhora da Misericórdia, a Senhora do Manto Largo que nos proteja como sempre o tem feito ao longo dos séculos.

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pATRIMÓnIOwww.ump.pt20 vm novembro 2012

Mora inaugura núcleo museológico com espólio de 500 anos“O passado Mora aqui, mas o futuro também!”. É este o tema do espaço museológico que reúne um espólio acumulado ao longo de 500 anos

Num dia inteiramente dedicado ao património, a Santa Casa da Misericór-dia de Mora viu concretizado o sonho de ter um núcleo museológico, cuja inauguração permite à instituição ter um espaço de reflexão da sua missão e valores, onde o seu património pode preservado e ao mesmo tempo partilhado numa perspetiva de futuro.

O núcleo museológico foi instala-do num edifício da Rua Nova, o qual foi doado à Misericórdia por uma família de benfeitores, onde para além do espólio doado pela mesma família que se encontra exposto em ambiente familiar, pode-se encontrar vários ob-jetos do património que a instituição

Patrícia Leitão

foi reunindo ao longo de quase 500 anos, uma exposição de arte sacra, um arquivo histórico com ficheiros informáticos e consultável, e mostras temporárias de fotografia, institucional ou de fotógrafos convidados.

O edifício esta dividido em várias salas temáticas, distribuídas pelos dois pisos, em que o tema principal esco-lhido pela Misericórdia é “O passado Mora aqui”. E porque o património

humano é também bastante valioso, sobretudo para as Misericórdias, a Santa Casa de Mora fez questão de homenagear os trabalhadores e volun-tários que diariamente concretizam a grande obra de cuidar dedicando-lhes uma sala cujo tema é Dedicação.

Para Manuel Caldas de Almeida, provedor da Misericórdia de Mora, a inauguração deste espaço tem um simbolismo especial, uma vez que

Livro da UMP foi apresentado no evento

núcleo era ambição antiga da Santa Casa

“o património das Misericórdias: um passado com futuro” é o terceiro livro do gabinete do Património cultural (gPc) da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) sobre o inventário nas santas casas. dedicado ao espólio artístico de 20 santas casas alentejanas, o livro traz dados novos sobre a realidade dessas instituições. naquela região, a categoria mais representativa é a de equipamento hospitalar e cirúrgico com cerca de 20 por cento do total das peças. recorde-se que a inventariação das Misericórdias do alentejo foi desenvolvida no âmbito de uma candidatura ao programa ina-lentejo. as santas casas inventariadas foram abrantes, alandroal, alcáçovas, alpalhão, alvito, Beja, Borba, cabeção, cabeço de Vide, campo Maior, gavião, Monsaraz, Mourão, nisa, reguengos de Monsaraz, rio Maior, serpa, sou-sel, Viana do alentejo e Vila Viçosa. a presença de abrantes e rio Maior prende-se com a nomenclatura co-mum das Unidades territoriais (nUts) que define sub-regiões estatísticas em que se divide o território dos estados--membros da União europeia e que não coincide com as divisões tradicionais do território português.

Livro sobre inventário

“representa o poder agarrar no patri-mónio que a Misericórdia tem e mos-trar às pessoas”, mas principalmente “representa a possibilidade de usar este espaço como um local de replicação daquilo em que acreditamos, daquilo que pessoas como nós fizeram durante os últimos 500 anos, e que nós estamos cá para continuar”, constata. Manuel Caldas de Almeida acredita que há que “agarrar nestes testemunhos do passado e transformá-los em vivências e usá-lo para dar futuro àquilo que fazemos”, e por isso “é um espaço que nos enche de orgulho”.

Todo o trabalho que envolveu a criação deste núcleo permitiu a Mi-sericórdia, com o apoio da União das Misericórdias Portuguesas, classificar e catalogar numa base de dados de fácil acesso todo o espólio presente no espaço museológico e bem como todo o arquivo histórico da instituição.

“Queremos que fique na memória das pessoas aquilo em que acredita-mos, mas queremos principalmente preservar a nossa matriz cultural,

que tem sido passada uns aos outros nestes 500 anos, para que fique tam-bém para quem vem a seguir”, é este o desejo do provedor, que salienta inclusive que “tudo aquilo que nós somos capazes de fazer hoje vem da capacidade financeira e dos recursos que fomos recebendo por doações ao longo dos anos. E é isso que também reflete este espaço, o voluntariado e a doação de bens que é tão importante para a vida das Misericórdias”, atesta.

De modo a enaltecer ainda mais a importância deste dia para a Mise-ricórdia de Mora, e antecedendo a inauguração, foi feita a apresentação pública da edição “O património das Misericórdias: um passado com futu-ro”, uma edição do Gabinete do Patri-mónio Cultural da UMP (ver caixa), tendo estado presentes provedores e representantes das Misericórdias de toda a região, vários membros da União das Misericórdias, incluindo o presidente, Manuel de Lemos, e o res-ponsável do Secretariado Nacional pela área do património, Bernardo Reis.

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ESTAnTEwww.ump.pt novembro 2012 vm 21

A Igreja na inquisição da opinião pública

A fundação do cristianismo e o papel da igreja católica são alguns dos temas abordados ao longo desta recém lançada edição da Aletheia Editores

Depois de ter acompanhado o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada a uma sessão às Caldas da Rainha, onde o ouviu responder com frontalidade a questões simples mas ao mesmo tempo tão complexas como “o que é o céu e onde está?”, Zita Seabra convidou o sacerdote do Opus Dei para uma longa entrevista que viesse a resultar num livro. O Padre Gonçalo Portocarrero de Almada anuiu ao convite sem co-locar qualquer limite nem aos temas a abordar nem à forma e conteúdo das perguntas. Foi assim que surgiu a edição “Auto da fé: a Igreja na inquisição da opinião pública”, da Aletheia Editores.

Este livro contém, assim, uma conversa que muitos considerariam

improvável: Zita Seabra e o Padre Gon-çalo Portocarrero de Almada gravaram diversas horas de diálogo transcritas no livro que agora se publica. A eter-na e muito atual discussão entre fé e razão, ou a ciência como fronteira da fé, o mal e o pecado face a um Deus

AUTO DE FéZita seabra e padre gonçalo P. de almadaAlêtheia Editores, 2012

criador, o papel da Igreja Católica no mundo de hoje, a fundação do Cristianismo, ou a figura de Jesus Cristo enquanto ponto de partida e de chegada do Cristianismo e a existência na existência de Deus são alguns dos temas abordados por Zita Seabra e

a que o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada responde. Sendo Gonçalo Portocarrero de Almada padre do Opus Dei, uma das organizações da Igreja que mais interrogações suscita, era tema que não podia ficar obviamente de fora do livro.

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VMEDIToRIaL

Paulo Moreira [email protected]

VOZ ATIVA

União das Misericórdias Portuguesas

www.ump.pt22 vm novembro 2012

FUNçõES DO ESTADO SOCIAL

Parece-me pois claro que a UMP, contando com a participação ativa e criativa de todas as Misericórdias, se perfila como um interlocutor fundamental no redesenhar das funções sociais do Estado

A UMp participou recentemente na assinatura de três protocolos com o governo, respeitantes a uma linha de crédito para as IpSS, a um banco de medicamentos e ao

protocolo de cooperação para 2013 e 2014.É de realçar este facto, sobretudo

num momento em que está na ordem do dia a discussão das funções do Estado. A concretização desses três protocolos é um fator de esperança para as Misericórdias que, chamadas a responder, cada vez mais, a novos desafios e a crescentes necessidades das comunidades em que se inserem, têm deste modo uma importante âncora para o cumprimento da sua missão em prol dos mais carenciados e fragilizados da nossa sociedade.

É hoje claro que não pode nem deve o Estado levar a cabo todas as atividades que na área da saúde e da proteção social estão previstas para o bem-estar dos cidadãos. por isso, faz todo sentido que contratualize com o setor social a execução dessas medidas, obtendo assim ganhos evidentes e uma maior humanização das respostas, já que são prestadas numa relação de proximidade que, como todos sabemos, faz toda a diferença.

parece-me pois claro que a UMp, contando com a participação ativa e criativa de todas as Misericórdias, se perfila como um interlocutor fundamental no redesenhar das funções sociais do Estado. possui um conhecimento muito pormenorizado da realidade social do país, das suas especificidades regionais e detém uma rede nacional da área da ação social e da saúde, que lhe permite ter uma intervenção de âmbito nacional nesses dois setores, com evidentes vantagens para a população que serve, com uma estimativa de custos claramente abaixo dos apurados nos equipamentos oficiais ou dos praticados pelo setor privado.

Considero que a colaboração entre o governo e o setor socia pode e deve ser continuada e ampliada com ganhos efetivos para os cidadãos e para o bem-estar social.

VOZ DASMISERICÓRDIAS

órgão noticiosodas Misericórdias em Portugal e no mundo

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caminho percorrido no “Centro Infantil António Calçada”. No final vestem simbolicamente um traje académico e recebem um diploma de frequência.

Em Setembro são os nossos ido-sos que vão ao Centro Infantil cum-primentar as crianças que voltam depois das férias, para frequentar um novo ano letivo.

Outubro, mês do Idoso, as nossas crianças fazem visita de cortesia aos nossos utentes do lar, realizando um convívio intergeracional de sala em sala.

Temos ainda a festa do S. Martinho, onde juntamos novamente crianças e idosos, fazemos uma peça de teatro, um conto de S. Martinho, passagem de filme, magusto e convívio.

No último mês do ano promo-vemos visitas conjuntas para que utentes do centro infantil e lar passam a assistir à construção dos nossos presépios tradicionais.

Também para celebrarmos a festa de Natal. Há sempre muita animação com um com um vasto reportório de artistas convidados, num espírito de espontâneo voluntariado e soli-dariedade. É um grande momento de abertura à comunidade que nos envolve. É sobretudo um gesto, de carinho e admiração às gerações; uma ascendente, que nos criou e de onde provimos, outra descendente para onde nos projetamos como homens e mulheres de futuro.

A Misericórdia de S. Brás de Alportel desde sempre procurou aproximar a geração dos mais novos (crianças) e dos maiores (idosos). No início dos anos oitenta, ao projetarmos as ins-talações do nosso lar não era muito comum localizar o funcionamento de instalações de “Terceira Idade” ao lado de um “Centro Infantil”. Fe-lizmente tem dado bons resultados.

Começamos logo em Janeiro por fazer um convívio no salão do lar, ouvindo o canto ao nascimento do menino Jesus, aqui chamados grupos de “charolas”. No centro infantil e lar promovemos visitas conjuntas aos presépios. No mês seguinte jun-tamos crianças e idosos no “dia dos namorados” e no Carnaval.

Abril é o mês onde todos, mais novos ou mais velhos apanham flores para a Festa da Páscoa, única no país.

Em Maio também celebramos o “dia da mãe” e os mais pequenos oferecem uma flor às mães, avós e demais idosos, terminando com um piquenique em conjunto.

Nas primeiras festas em recinto exterior, realizam-se em Junho as marchas dedicadas aos Santos Po-pulares onde participam um grupo infantil e um de idosos com desfile e baile para todos.

Todos os anos as crianças do último ano do pré-escolar incorporam a “festa dos finalistas” e convidam os avós e demais idosos da nossa instituição a assistirem a uma despedida, onde fazem pequenas apresentações reve-lando o que aprenderam ao longo do

oPInIão

é sobretudo um gesto, de carinho e admiração às gerações; uma ascendente, que nos criou e de onde provimos, outra descendente para onde nos projetamos como homens e mulheres de futuro

abílio Barros Provedor da Mis. de S. Brás do Alportel

CONVíVIODE GERAçõES

Todo o ser humano nasce com uma certeza ontológica que o identifica e define tal como é: o seu envelhe-cimento, isto é o amadurecer da plenitude da vida.

Nesta certeza, cada homem e cada mulher vem ao mundo para cumprir uma função e depois de cumprida está pronto para a partida final, que é também a certeza que acompanha cada um de nós desde o nascimento.

Nós nascemos marcados por uma dupla dimensão que nos distingue de todos os outros animais e de todos os seres viventes: a dimensão natural e a dimensão espiritual.

Envelhecer é chegar à maturi-dade plena da vida, é amadurecer

totalmente e ter a firme certeza que já realizou tudo o que estava ao seu alcance para ser feliz, para fazer al-guém feliz e para deixar neste mundo uma marca da sua passagem. No fundo é poder afirmar com toda a certeza que sente o seu dever cum-prido, que a sua missão neste mundo foi plenamente alcançada.

Esta dupla dimensão do ser humano deixa uma marca única que molda e caracteriza cada um de nós. Somos formados de corpo, alma e espírito. Querer negar esta realidade é não só negar o espe-cífico da condição humana, mas também truncar a realidade que nos faz diferentes dos outros seres:

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José Fernando Faria Voluntário da Mis. de Angra do Heroísmo

VERDADEIRA DIMENSãO DO SER HUMANO

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REFLEXão

Começa o ano e logo os portugueses reagem ao frio com o cantar dos Reis. Este é o início de um ano pleno de festas e romarias que reportam para o terreno as tradições do nosso país

longo do dia que podem ser diversas, desde físicas através de exercícios de mobilidade, instrutivas através da leitura de jornais e revistas, e/ou lúdicas através de jogos tradicionais.

Considerando de forma idêntica o benefício do jogo na vida do idoso, os jogos tradicionais, em particular, tornam-se um instrumento relevante porque é algo aprendido há muitos anos, possivelmente desde criança, pelos seus avós e/ou pais e portanto serve de estimulação da memória; porque é algo que gostam e a que facilmente aderem; porque permite a interação entre os idosos, ou seja, funciona, muitas vezes, como meio de comunicação entre os participantes do jogo e de quem assiste; porque é uma forma saudável de passarem o seu dia--a-dia; porque é uma manifestação de carácter local/regional ajudando-os a terem presente o seu passado, o seu lugar, a sua identidade coletiva.

Apesar de muitos jogos tradicio-nais chegarem até nós com muitos anos e até séculos de existência, as suas manifestações apresentam-se como momentos insubstituíveis de convívio, coesão social e inserção do indivíduo na comunidade ligando o jovem e o adulto à cultura local e nacional.

É minha opinião que é um bom in-dicador da sua importância o facto de permanecerem como atividade lúdica através dos tempos, reconhecida pelas Misericórdias portuguesas pelo efeito que têm na melhoria da qualidade de vida dos seus utentes.

Começa o ano e logo os portugueses reagem ao frio com o cantar dos Reis. Este é o início de um ano pleno de festas e romarias que reportam para o terreno as tradições do nosso país. Os hábitos, os usos e os costumes que distinguem cada comunidade influen-ciaram a vivência de cada um de nós e as suas manifestações estão espa-lhadas por muitos sítios do mundo.

As Misericórdias portuguesas nas suas creches transmitem aos mais novos essa alegria de um povo e os seus lares, compostos por uma comunidade que ainda tem enraizadas essas mesmas manifestações, são um palco aberto durante todo o ano. O cantar dos Reis, o carnaval, as maias, as castanhas e vinho, a matança do porco, o malhar o milho, o tecer o linho, as mais diversas manifestações religiosas e gastronómicas são postas em prática e muitas vezes abrem a Instituição à comunidade.

Aos mais novos é transmitida uma parte da história de um povo. Aos mais velhos pede-se que vivam connosco e nos obriguem a manter vivas as nossas tradições.

São vários os estudos realizados que referem a importância do jogo no desenvolvimento integral da criança na medida em que mobiliza esquemas mentais estimulando o pensamento, a ordenação de tempo e espaço, ao mesmo tempo que integra várias dimensões da personalidade entre as quais, o afetivo e social.

É igualmente importante porque contribui para a aquisição de condutas

cognitivas e desenvolvimento de habi-lidades como coordenação, destreza, rapidez, força, concentração, etc.

É ainda de realçar o contributo para a formação de atitudes sociais: respeito mútuo, cooperação, obediên-

cia às regras, sentido de responsabi-lidade, sentido de justiça e iniciativa pessoal e de grupo.

Relativamente ao idoso é extrema-mente importante o cérebro estar ativo e ocupado com diversas atividades ao José augusto Silveira

Provedor da Misericórdia de Amarante

TRADIçõES PORTUGUESAS

somos feitos à imagem de Deus, quer acreditemos ou não.

Existem muitas pessoas que nunca se chegam a realizar plenamente, que levaram toda a vida a olharem apenas para a sua condição natural. A isto poderemos chamar a horizontalida-de da vida. Outras pessoas vivem e preocupam-se com aquilo que mais intimamente as identifica como seres plenamente humanos, a sua condição espiritual. A isto poderemos chamar a verticalidade da vida.

É na junção desta dupla vertente (humana e espiritual) que nós pode-mos encontrar a totalidade da vida de cada ser humano. Se unirmos as duas dimensões da nossa existência,

a vertical e a horizontal, facilmente encontraremos o sinal que nos ca-racteriza como cristãos (para os que o são), ou seja, o sinal da cruz. Para os que não são cristãos, poderão facil-mente chegar ao ponto supremo onde encontrarão a harmonia, a felicidade, a paz, numa palavra, aquilo que os pode identificar com a realidade espiritual que os envolve e supera.

A velhice é um cofre de recorda-ções. Quem me dera ter tempo de me sentar aos pés de um velhinho ou uma velhinha e ouvir e prender tudo o que eles têm para ensinar!

Sim é verdade, porque ser idoso é ser mestre da vida. Eles ensinam como se viveu e ensinam como se

vive. Porque a pessoa idosa frequen-tou a universidade da vida e é doutor de vivências humanas, espirituais, psicológicas e naturais.

A velhice não é um patamar da vida, é uma atitude psicológica. Há muitos jovens velhos e muitos idosos que vivem em plena juventude. Eu próprio conheço alguns e admiro-os por isso mesmo.

O ser humano não se realiza ple-namente e humanamente desligado de Deus ou de uma entidade espiritual a que nós cristãos chamamos Deus, os muçulmanos chamam Alá e os judeus chamam Javé.

Todas as religiões ou sistemas reli-giosos e espirituais apontam para um

ser superior que nos transcende e que vem dar sentido à nossa humanidade.

A isto chamamos a dimensão transcendente e dimensão imanente do ser humano. Se me permitis gos-taria aqui de citar Santo Agostinho quando afirma: “Criaste-nos para Vós Senhor e o nosso coração não descan-sa enquanto não repousar em Vós.”

Chegou o momento do qual não se pode mais fugir ou adiar para resolver situações que ficaram por resolver com alguém a quem não se amou ou alguém não se perdoou ainda.

Este é o verdadeiro momento de per-doar e esquecer as dificuldades da vida.

Na verdade, muitos jovens gos-tariam de viver este momento. Com

muita frequência se ouve esta expres-são: “quem me dera saber aquilo que sei hoje…”. Este é o saber dos saberes adquirido na escola da vida, feito muitas vezes de, suor e lágrimas, mas também repleto certamente de verdadeiros momentos de alegria contagiante que se deseja transmi-tir a quem nos rodeia e quem nós amamos.

A velhice é a vida da vida. É a partilha do amor no seu sentido mais pleno e belo.

Isto é que é ser verdadeiramente um idoso, maduro, feliz, porque é plenamente espiritual e natural, ou seja, vive intensamente a dimensão completa do seu ser.

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1112úLTIMAHORA www.ump.pt

LivroA Igreja na inquisição da opinião pública

MéritoHomenagem em Oliveira de Azeméis

MagustoLombo com castanhas de Bragança

Estante Em ação ReceitaPág. 21 Pág. 10 Pág. 11

Teleassistênciapara idososO projeto de teleassistência da uMP, em parceria com a Pt, visa promover o uso social dos meios e tecnologias de comu-nicação e informação junto dos idosos apoiados pelas Misericórdias, adiando assim a institucionalização. Os valores relativos a este serviço foram alterados. Saiba mais no site da uMP.

Presidente da CIMesteve em LisboaO presidente da confederação internacional das Misericórdias (ciM), António brito, foi recentemente recebido em audiência pelo ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares. O objetivo do encontro, que também contou com o presidente da uMP, Manuel de Lemos, foi discutir temas de interesse comum sobre o setor social.

Trisavó emAlpedrinhauma idosa de 94 anos, residente do lar da Santa casa da Misericórdia de Alpedrinha, foi trisavó recentemente. Apesar da socie-dade cada vez mais envelhecida, ainda são poucos os casos em que é possível reunir famílias com tantas gerações. A notícia foi recebida com entusiamos por dirigentes, colaboradores e outros utentes.

Workshop de culinária na Venda do PinheiroA equipa de rendimento Social de inser-ção da Santa casa da Misericórdia da Ven-da do Pinheiro organizou recentemente um workshop de culinária. A iniciativa con-templou 10 beneficiárias acompanhadas pela instituição. A ação de formação visava ensinar e aperfeiçoar métodos de confe-ção de alimentos. Foi a 14 de novembro.

Esclarecimentosobre protocoloA união das Misericórdias Portuguesas prepara-se, como tem sido habitual, para promover sessões de esclarecimento so-bre as principais alterações presentes no protocolo de cooperação com o governo para os anos de 2013 e 2014. A primeira terá lugar em Fátima, a 13 de dezembro. Seguir-se-ão braga e beja, dias 14 e 20 de dezembro, respectivamente.

MESA DA ASSEMBLEIA GERALPresidente Maria de belém roseiraMoscavide1º secretário joão Maria Mendes Angra do Heroísmo2º secretário cristina Farinha FerreiraAmadorasUPlentesricardo Paninho PereiraCarrazeda de Ansiães jorge Pestana SpínolaFunchal-Madeira Fernando Silva SoaresCastelo de Vide

Lista candidata aos órgãos sociais da UMP Mandato 2013-2015

SECRETARIADO NACIONALPresidente Manuel de LemosPorto secretário carlos Andrade FarotesoUreiro jorge nunes Santiago do CacémsUPlentes bernardo reis BragaManuel caldas de AlmeidaMorajoaquim Morão Lopes DiasIdanha-a-Nova

CONSELHO FISCALPresidente josé António rabaçaValpaços1º secretário josé gonçalves Silva Ponta Delgada2º secretário josé Fernando béco SeiasUPlentes Fernando Monteiro barretoChamuscajoão Moreira Peres MealhadaAntónio da Veiga AfonsoCaminha

CONSELHO NACIONALPresidente Fernando cardoso FerreiraSetúbalVice-Presidente josé júlio Henriques norteMortáguasecretário Maria Ana Palma PiresSerpasUPlentes Eduarda de Matos godinhoOeirasHélder brito da Silva Vila Nova da Barquinha

O atual presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas apresentou recentemente a candidatura para o seu terceiro e último mandato. Numa carta enviada aos provedores, Manuel de Lemos lembrou os tempos difíceis que se adivinham para o país e para as Santas Casas. “Tudo visto e considerando que estes próximos três anos vão ser anos cruciais para Portugal, como cidadão português, como católico e homem de Misericórdia, não penso que fosse legítimo ir para casa, para a minha vida privada e guardar para mim e para os meus, as competências, saberes e experiências que acumulei ao longo destes anos”, lê-se naquele documento.

Para aquele responsável, “vão ser anos de muita dificuldade, de muita exigência para dentro e para fora da União e das Misericórdias, tendo sempre presente que estamos a lidar com pessoas e não com números, por muito força que estes tenham. Vão ser anos em que vai ser necessário cooperar com o Estado, resistir às promessas eleitorais e aos cantos de sereia que vão ser cantados; e tam-bém vai ser necessário afrontar os que nesse mesmo Estado e fora dele, olham para o Estado Social como uma excrescência das ideologias do século

Bethania Pagin

passado, com o maior desprezo pela dignidade humana e pela Doutrina Social da Igreja; e também vai ser necessário, corrigir excessos de boa vontade na gestão das nossas Santas Casas e confundir cada vez menos, o rigor e a inovação da gestão a que estamos obrigados, com a tolerância e os afetos que são inerentes à nossa atividade e à respetiva missão”.

Para o triénio 2013-2015, a lista candidata considera, entre outros, es-sencial assegurar, no plano institucio-nal, o respeito pelo legado histórico e pela específica identidade, autonomia

e missão das Misericórdias quer no plano interno, quer no plano externo e em relação a todos os poderes. Para o efeito, entre outras propostas, a lista liderada por Manuel de Lemos, considera que fundamental a revisão dos estatutos da UMP, de forma a potenciar a sua função enquanto instrumento promotor dos valores e atividade das Misericórdias, pela introdução, nomeadamente, mecanis-mos de regulação das suas associadas no quadro de exigência global e da imagem de grupo.

Outro aspeto de relevo no progra-ma de ação da lista candidata prende--se com “os princípios da autonomia cooperante e da cooperação quer das Misericórdias entre si, quer em relação ao Estado, quer em relação à Igreja e demais instituições da sociedade civil”.

O prazo para apresentação das listas encerrou no dia 20 de novembro e apenas uma candidatura foi forma-lizada (ver texto ao lado). As eleições decorrem a 1 de dezembro, no Centro João Paulo II, em Fátima.

‘Vão ser anos de muita dificuldade e exigência’O atual presidente do Secretariado nacional apresentou a candidatura para o seu terceiro e último mandato à frente da união das Misericórdias