Terreiros de Nação Angola

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Terreiros de Nao Angola/Congo

Terreiros de Nao Angola/Congo

Terreiro Tumbensi Salvador

Inzo Nkosi Mukumbi Dendezeiro - Alto da Levada - Bairro Caquende - Cachoeira-

Mametu Ria Nkisi - Kambaleci Loango e Tatetu Nganga Mesu Faraunge

Mariquinha Lemb

Terreiro Tumba Junara

Manoel Cirico de Jesus

Unz Matamba Tombenci Neto - Ilhus

Me Xagui

Terreiro Caxut

Me Brbara Maria Balbina dos Santos

Terreiro Bate Folha

Manoel Bernardino da Paixo

Samba Diamongo

Severiano Manoel de Abreu - Jubiab

Terreiro da Gomia

Joozinho da Gomia

Kilondir

Me Ode Ceci

Bate - Folha Rio (Kupapa Unsaba)

Mam'etu Mabeji > Floripes Correia da Silva Gomes

Terreiro de Jau - T.2006

Tata Larcio de Lemba

Terreiro do Porto - T.2004

Me Mirinha do Porto

Terreiro Mokambo - T.2006

Miguel Arcanjo de Souza

Pai Manuel Rufino do Beiru - Rufino do Beiru

Giselle Cossard

Me Dango de Hongolo

Mametu DiaminyTerreiro Tumba Junara

O Tumba Junara foi fundado em 1919 em Acupe, na Rua Campo Grande, Santo Amaro da Purificao, Bahia, por dois irmos de esteira cujos nomes eram: Manoel Rodrigues do Nascimento (dijina: Kambambe) e Manoel Ciriaco de Jesus (dijina: Ludyamungongo), ambos iniciados em 13 de junho de 1910 por Maria Genoveva do Bonfim, mais conhecida como Maria Nenem (Mam'etu Tuenda UnZambi, sua dijina), que era Mam'etu Ri N'Kisi do Terreiro Tumbensi, casa de Angola mais antiga da Bahia. Kambambe e Ludyamungongo tiveram Sinh Bad como me-pequena e Tio Joaquim como pai-pequeno.

O Tumba Junara foi transferido para Pitanga, no mesmo municpio, e depois para o Beiru. Aps algum tempo, foi novamente transferido, para a Ladeira do Pepino n 70, e finalmente para Ladeira da Vila Amrica, n 2, Travessa n 30, Avenida Vasco da Gama (que hoje se chama Vila Colombina) n 30 - Vasco da Gama, Salvador, Bahia.

Na poca da fundao, os dois irmos de esteira receberam de Sinh Maria Nenem os cargos de Tata Kimbanda Kambambe e Tata Ludyamungongo. Manoel Ciriaco de Jesus fez muitas lideranas de vrias casas, como Emiliana do Terreiro do Bogum, Me Menininha do Gantois, Il Bab Agboul (Amoreiras), onde obteve cargos. Tata Nlundi ia Mungongo teve como seu primeiro filho de santo (rianga) Ricardino, cuja dijina era Angorense.

No primeiro barco (recolhimento) de Tata Nlundi ia Mungongo, foram iniciados 06 azenza (plural de muzenza). Em sendo o seu primeiro barco, ele chamou o pessoal do Bogum para ajudar. Os 03 primeiros azenza do barco foram iniciados segundo os fundamentos do Bogun: Angorense (Mukisi Hongolo), Nanansi (Mukisi Nzumba) e Jijau (Mukisi Kavungu), os 03 outros azenza foram iniciados segundo os fundamentos do Tumba Junara.

No Rio de Janeiro, fundou, com o Sr. Deoclecio (dijina: Luemim), uma casa de culto em Vilar dos Teles (no se sabe a data da fundao nem a relao de pessoas iniciadas). Dentre as pessoas iniciadas, ainda existe, na Rua do Carmo, 34, Vilar dos Teles, uma delas, Tata Talagy, Kawaeje em Brasilia-DF-, Katendewe e Vulai em BHte.MG e outros, filhos de Sr. Deoclecio

Com a morte de Manoel Rodrigues do Nascimento (Kambambe), que assumira sozinho a direo do Tumba Junara, Manoel Ciriaco de Jesus (Ludyamungongo) assumiu a direo at sua morte, a qual ocorreu em 4 de dezembro de 1965.

Com a morte de Manoel Ciriaco de Jesus (Ludyamungongo), assumiu a direo do Tumba Junara a Sra. Maria Jos de Jesus (Der Lubid), que foi responsvel pelo ritual denominado Ntambi de Ciriaco, juntamente com o sr. Narciso Oliveira (Tata Senzala) e o sr. Nilton Marof.

Der Lubid era Mam'etu Ri N'Kisi do Ntumbensara, hoje situado Rua Alto do Genipapeiro - Plataforma, Salvador, Bahia, e de responsabilidade do sr. Antonio Messias (Kajaungongo).

Em 13 de dezembro de 1965, aps o ritual de Ntambi, Maria Jos de Jesus (Der Lubid) passa a direo do Ntumbensara para Benedito Duarte (Tata Nzambang) e Gregrio da Cruz (Tata Lemboracimbe), e em ato secreto empossada Mam'etu Ri N'Kisi do Tumba Junara.

Maria Jos de Jesus (Der Lubid), em 1924 recebeu o cargo de Kota Kamukenge do Tumba Junara, e em 1932, o cargo de Mam'etu Ri N'Kisi. Em 1953 fundou o Ntumbensara, na Rua Jos Pititinga n 10 - Cosme de Farias, Salvador, Bahia, que em 18 de outubro de 1964 foi transferido para o Alto do Genipapeiro.

Com o falecimento de Der Lubid, assumiu a direo do Tumba Junara a Sra. Iraildes Maria da Cunha (Mesoeji), nascida aos 26 de junho de 1953 e iniciada em 15 de novembro de 1953, permanecendo no cargo at o presente momento.

Esta uma sntese do histrico do Tumba Junara, com agradecimento especial a Esmeraldo Emeterio de Santana Filho, "Tata Zingue Lunbondo", pelo referente histrico, e tambm a "Tata Quandiamdembu", Esmeraldo Emetrio de Santana, o Sr. Benzinho, pois sem sua colaborao no poderamos ter chegado a tais fatos.Terreiro Bate Folha

Terreiro Bate Folha, Mansu Banduquenqu, ou Sociedade Beneficente Santa Brbara do Bate Folha, um terreiro de candombl localizado em Salvador, Bahia. Foi fundado em 1916 pelo Tata Manoel Bernardino da Paixo e atualmente presidido por Tata Muguanxi, Ccero Rodrigues Franco Lima. O terreiro possui a maior rea urbana remanescente da Mata Atlntica, aproximadamente 15,5 hectares. Foi tombado pelo IPHAN em 10 de outubro de 2003.

Origem do Bate Folha da Bahia

No ano de 1881, Salvador, Bahia, nasceu Manoel Bernardino da Paixo. Quando j contava 38 anos de idade, Bernardino foi iniciado na Nao do Congo pelo Muxikongo (designao dos naturais do Kongo), por Manoel Nkosi, sacerdote iniciado na frica, recebendo ento, a dijna de Ampumandezu.Depois da morte de Manoel Nkosi, Bernardino transferiu-se para a casa de sua amiga inseparvel Maria Genoveva do Bonfim - Mametu Tuhenda Nzambi, mais conhecida como Maria Nenm, me do Angola na Bahia, onde tirou a Maku-a-Mvumbi (Mo do Morto).

Maria Nenem era filha de santo de Roberto Barros Reis, escravo angolano, de propriedade da famlia Barros Reis, que lhe emprestou o nome pelo qual era conhecido.A cerimnia de Maku-a-Mvumbi, qual Bernardino se submeteu em 13 de junho de 1910, coincidiu com a iniciao de Manoel Cirico de Jesus, nascido em 8 de agosto de 1892, tambm na Bahia, o que ocasionou a ligao estabelecida entre Bernardino e Cirico que, anos mais tarde, com o falecimento de seu irmo de santo mais velho, Manoel Kambambi, que na poca tinha casa aberta na Bahia, Cirico sucedeu kambambi, no terreiro que hoje conhecido por Tumba Junsara.Com o passar do tempo, Bernardino j muito famoso, fundou o Candombl Bate-Folha, situado na Mata Escura do Retiro, em Salvador, Bahia. O terreno onde est estabelecido o Candombl, na Travessa de So Jorge, 65, cercado de rvores centenrias e considerado o maior terreiro do Brasil que, na poca, foi presenteado Bamburusema, seu segundo mukixi, j que o primeiro era Lemba.Desta forma fica claro que, pelas origens de Manoel Nkosi, o Bate-Folha Congo e, mantm o Angola, por parte de Maria Nenem.

Foi no dia 4 de dezembro de 1929 que Bernardino tirou seu primeiro barco, cujo Rianga (1 Filho da casa) foi Joo Correia de Mello, que tambm era de Lemba.

Raz do Bate Folha da Bahia

Inzo jidanji Kupapa Unsaba(Casa raiz do Bate Folha) - Henrique Perret Neto- tata Kitulanj iniciado por mameto kitul.

Manoel Nkosi - Nao Congo

Maria Nenm - Nao Angola

Manoel Bernardino da Paixo 1916

Joo Lessengue - Rio de Janeiro

Tata Mulandure -

Samba Diamongo (Edith Apolinria de Santana)- at 1979

O Bate-Folha do Rio de Janeiro

Por volta de 1930, Joo Correia de Mello, j ento conhecido como Joo Lessengue (Lesenge), mudou-se para o Rio de Janeiro.Ao chegar, Lesenge foi morar na Rua Navarro, no Catumbi, havendo trazido em sua companhia alguns irmos de santo, dentre os quais, se destaca por sua atuao Me Ngukui, componente do terceiro barco de Bernardino.Ngukui seria ento o brao direito de Joao Lessengue na sua nova empreitada no Rio de Janeiro. Aqui, Joo Lessengue conheceu outras pessoas de santo em sua maioria oriunda da Bahia, passando ento a participar dos rituais das diversas casas de candombl j existentes na cidade.Diversas personalidades importantes do candombl faziam parte de seu crculo de amizades, como Ebomi Dila, Me Agripina do Opo Afonj, Me Tet, Me Bida de Iemanj, Joana Cruz, Joana Obasi, Me Andreza, Guiomar de Ogun, Me Damiana, Tata Fomotinho, Vicente Bankol, Cirico, Amrica, Adalgisa, Marieta, Tia Marota, Obalad, Nair de Oxal, Marina de Ossin, Nino de Ogun, Mundinho de Formigas, Otvio da Ilha Amarela, Ogan Caboclo, lvaro do P-Grande, Me Teodora de Yemanj, etc.No incio dos anos 40, Lesenge comprou um terreno com aproximadamente 5.000 metros quadrados, no bairro Anchieta, fundando ali, o Bate-Folha do Rio de Janeiro.

Ao longo dos anos Joo Lessengue tirou doze barcos, sendo o primeiro em 26 de novembro de 1944, e o ltimo em 8 de novembro de 1969.

No dia 29 de setembro de 1970, s 23:40hs., morre Joo Lesenge, o senhor do Bonfim de Anchieta.Aps o falecimento de Tata Lesenge em 1970, a roa atravessou um prolongado luto.

Foi somente em 1972, em ocasio de Luvalu (cerimnia de sucesso), que o Bate-Folha do Rio de janeiro reabriu, sendo ali investida no cargo como Mametu ri Nkisi (sacerdote chefe), sua sobrinha e filha de santo, Mabeji - Floripes Correia da Silva Gomes, tornando-se, herdeira de seu tio Lesenge em todo o sentido da palavra.Mametu Mabeji, baiana do bairro da Liberdade, chegou ao Rio de Janeiro para residir com o Sr. Joo Lesenge em 19 de outubro de 1946 e, iniciou-se no candombl em 20 de abril de 1947. A partir desta data, Mabeji comea a fazer parte da histria do Bate-Folha.

Por volta dos anos 50, em companhia de um ndio Irapuru, chega ao Bate-Folha o Sr. Jos Milagres.Com o passar do tempo, Milagres casa-se com Mabeji e posteriormente, se confirma na casa como Pok (sacrificador de animais) passando ento a ser conhecido como Tata Nguzu-a-Nzambi, sua dijina. Dai em diante, Tata Nguzu tem sido um guerreiro incansvel na preservao da roa em Anchieta.Em virtude da grande obra que est sendo feita, o Bate-Folha no vem proporcionando ao pblico suas maravilhosas festas, realizando apenas, s obrigaes internas. Ressaltando, para que fique explcito s muitas pessoas que, por no terem mais notcias das famosas festas em Anchieta, comentam que o Bate-Folha acabou.

Ressaltando ainda, que em abril do ano de (1997), o bate-Folha reabriu suas portas para a grande festa do sculo, ocasio em que foi comemorado os 50 anos de santo de Mametu Mabeji, me do Kongo/Angola no Rio de Janeiro.A direo do Painel Cultural parabeniza antecipadamente Mametu Mabeji pela dedicao de 50 anos de religiosidade, como tambm, parabeniza tata Nguzu-a-Nzambi que, ao lado de sua esposa, vem mantendo a autntica tradio Kongo-Angola, legada por aqueles que se foram. Que Lemba e Nsumbo nos dem fora!

O Terreiro Bate Folha continua hoje sob a direo de Mam'etu Mabeji.

Em 2005, o Bate Folha lanou um cd, chamado Cantigas de Angola, produzido pela Fundao Universidade de Braslia e pela Secretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial (SEPPIR), com o apoio do Museu da Repblica e da Fundao Cultural Palmares, do Ministrio da Cultura.Sacerdotes do Terreiro Bate-Folha no Rio de JaneiroTat'etu Lesenge (Joo Correia de Mello)

Mametu Mabeji - at a presente dataTerreiro Tumbensi

Raiz do TumbensiouItumbensi uma casa de Angola considerada como a mais antiga daBahia, fundada por Roberto Barros Reis, (Tata Kimbanda Kinunga suadijna) por volta de 1850, era um escravo angolano, de propriedade da famlia Barros Reis, que lhe emprestou o nome pelo qual era conhecido.

Aps seu falecimento a Inzo (casa) passou a ser comandada por Maria Genoveva do Bonfim, mais conhecida comoMaria NenemMam'etu (Tuenda UnZambi sua dijna), eragacha, filha deKavungoe foi considerada a mais importante sacerdotisa do candombl de Angola, a me do angola naBahia. Ela assumiu este cargo por volta dos anos 1909, falecendo em 1945.

Iniciados em13 de junhode1910, Manoel Rodrigues do Nascimento (Kambambe sua dijina) eManoel Ciriaco de Jesus(Ludyamungongo sua dijina) tiveran Sinh Bad de Oxalcomo me pequena eTio Joaquimcomo pai pequeno. Em 1919 fundaram oTerreiro Tumba Junara.

Maria Nenem acolheu Francelina Evangelista dos Santos (Mametu Dialumbid Dona Mida) para ser iniciada em sua Inzo (casa). Filha deNdanda Lunda, aps receber seu cargo fundou oTerreiro Viva Deussituado na estrada das Barreiras,1233,Salvador,Bahia. Tambm recolheu Leocdia Maria dos Santos (Mametu Ujitt) filha de Kingongo, que fundou oTerreiro Viva Deus Filho, na Fazenda Grande, que depois mudou para Engomadeira, hoje quem zela pela Inz Viva Deus Filho Me Toinha (Mametu Kixima). O Tumbensi deu origem a inmeras casas, entre elas oUnz Matamba Tombenci Neto, emIlhus,Bahiae o Ombala Tumbansi Tua Nzambi Ngana Kavungu, dirigido e organizado pelo Ungombo Katuvanjesi - Walmir Damasceno em Itapecerica da Serra, regio metropolitana de So Paulo.

Joozinho da Gomeia

Joo Alves de Torres Filho ou Joozinho da Gomia (Inhambupe, 27 de maro de 1914 - So Paulo, 19 de maro de 1971) foi um sacerdote do Candombl de angola.

Histria

Existem muitas histrias sobre Joozinho da Gomia."De famlia catlica, chegou a ser coroinha, mas por motivo de sade, ainda menino Joo Alves Torres Filho foi iniciado para o mundo do candombl na feitura de santo pelo Pai Severiano Manuel. Com a morte de seu Pai-de Santo, "refez" o santo no terreiro do Gantois com Me Menininha, mudando da nao angola para ketu. Em 1924 aos 10 anos, o garoto j havia dado mostras de sua personalidade forte. Contra a vontade dos pais, deixou a casa da famlia para tentar a sorte na capital Salvador. Teve que se virar para sobreviver e foi trabalhar num armazm de secos e molhados, onde conheceu e foi apadrinhado por uma senhora que morava na Liberdade, e que ele considerava sua madrinha. Foi essa senhora quem teve a idia de lev-lo ao terreiro de Severiano Manoel de Abreu, conhecido como Jubiab (nome do seu caboclo). Joozinho sofria de fortes dores de cabea, que no eram explicadas, nem curadas pelos mdicos. Tambm tinha sonhos com "um homem cheio de penas", que no o deixava dormir.

Para os adeptos do Candombl, facil interpretar esse "homem de penas" como Pedra Preta, seu caboclo. Bastou que ele fosse feito, no dia 21 de dezembro de 1931, para que as dores fossem embora. Elas seriam somente um aviso dos Minkisi, que cobravam a iniciao do menino.

Polmicas

Sempre existiu polmica, em se tratando de Joozinho da Gomia, para alguns estudiosos, o Jubiab que o iniciou no o mesmo da obra de Jorge Amado; para outros, Joo sequer foi feito (iniciado). Porm, h filhos de Joozinho que contam detalhes de sua feitura, como a Iyalorix Maria Jos dos Santos, de 92 anos, que declarou ao Correio da Bahia:

"Eu duvido que, se ele fosse vivo, algum tivesse coragem de questionar isso na frente dele".

Em direo totalmente oposta vai a pesquisadora norte-americano Ruth Landes em seu livro A Cidade das Mulheres:

"H um simptico e jovem pai Congo, chamado Joo, que quase nada sabe e que ningum leva a srio, nem mesmo as suas filhas-de-santo (...); mas um excelente danarino e tem certo encanto. Todos sabem que homossexual, pois espicha os cabelos compridos e duros e isso blasfemo. Qual! Como se pode deixar que um ferro quente toque a cabea onde habita um santo! "

Outra polmica levantada por Landes que Joo recebia um caboclo. Os caboclos no so Orixs, mas espritos encantados, originrios das religies indgenas, sem relao com a frica. Esses candombls de caboclo eram alvo do desprezo do povo-de-keto, zelosos de sua pureza africana porque, nessa poca, havia um empenho por parte de influentes intelectuais comandados por Arthur Ramos e Edison Carneiro em firmar a ideia de que havia nos terreiros keto uma pureza com relao s razes africanas.

O certo que Joo foi um homem no s adiante de seu tempo como tambm dono de um projeto particular de ascenso social e religiosa, buscando a diferena como dado de divulgao de si mesmo e sua "roa": negro que alisava os cabelos por vaidade, sem se preocupar com a polmica de poder ou no colocar ferro quente na cabea de um iniciado; homem que no se envergonhava de ser homossexual na homofbica Bahia do incio do sculo XX; pai-de-santo que afrontava os princpios de que homens no podiam receber o Orix em pblico, tornando-se famoso pela sua dana; incorporava ao Candombl a entidade indgena do Caboclo Pedra Preta; adepto de Angola, numa cidade dominada pela cultura jeje-nag; babalorix jovem, numa cultura dominada por Iyalorixs mais velhas o que, segundo seus filhos-de-santo, ativou o despeito das mes-de-santo tradicionais da Bahia.

Tambm sua ascenso precoce era mal-vista no mundo do candombl, onde a idade avanada considerada um atributo importante para a escolha dos sacerdotes e a prpria Menininha do Gantois sofreu resistncias por causa disso, quando assumiu a chefia do seu terreiro aos 26 anos de idade.

Lendas parte, o caso que as ialorixs mais tradicionais no sabiam como encarar as novidades trazidas por Joozinho. Tambm no verdade a afirmao de Landes de que Joozinho no era respeitado pelos seus "filhos", a quem na verdade tratava com mo de ferro: era muito autoritrio e enrgico.

Seu primeiro terreiro foi num bairro chamado Ladeira de Pedra, mas logo foi para o local que o tornou famoso, a ponto de incorporar o endereo ao prprio nome: Rua da Gomia. L, tocava indiferentemente angola e keto, o que contribua e muito para aumentar o escndalo em torno de seu nome.

Dentre seus filhos iniciados na Bahia, poucos se tornarem sacerdotes, entre eles Me Mirinha herdeira do ax e fundadora do Terreiro So Jorge Filho da Gomeia e o Babalorix Jos Ferreira do Nascimento ( Pai Z Baiano), fundador da Irmandade Senhor Ogum em Formosa no estado de Gois, tambm no ano de 1971, recentemente descoberto pelo cientista social e Fatumbi do Op Afonj.

Irreverncia

Em 1948, despediu-se de Salvador com uma festa no Teatro Jandaia, apresentando ao pblico pagante danas tpicas do Candombl, escndalo final para adeptos baianos, e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde abriu casa na Rua General Rondon, n 360, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense.

Nesse endereo a lenda em torno de Joozinho da Gomia s fez aumentar, atendia polticos, embaixadores, consules, o prprio Getlio Vargas e a sogra de Juscelino Kubitschek, alm de artistas como ngela Maria, na poca a Rainha do Rdio; tudo isso fez com que passasse a frequentar a imprensa.

O prprio Joo nunca revelou os nomes de seus filhos ou clientes; seus filhos-de-santo que espalharam essas notcias, orgulhosos do status da casa de seu pai. Costas quentes ou no, o caso que Joozinho nunca teve seu terreiro invadido pela polcia, nem jamais foi preso, ao contrrio de Me Menininha, que tem registradas duas passagens pela polcia, acusada de tocar candombl. Diz a lenda que Joozinho at mesmo chegou a fazer despacho para Exu em plena Praa XV. O caso que tornou-se o primeiro pai-de-santo realmente conhecido no Brasil. Sabia do poder da imprensa e manteve relaes com publicaes importantes como a revista O Cruzeiro, deixando-se fotografar com os trajes dos Orixs.

Em 1956, Joo participou do carnaval vestido de mulher. O assunto rendeu uma polmica terrvel com outros babalorixs e chefes de terreiros da Umbanda. Joo defendeu-se atravs dO Cruzeiro, reivindicando seu direito ao livre-arbtrio e declarando que jamais permitiria que qualquer outro pai ou me-de-santo se intrometesse em sua vida.

Participou de shows no Cassino da Urca, apresentando as danas dos Orixs, sempre unanimemente considerado um bailarino de raras qualidades. Chegou a participar do filme "Copacabana moun amour", de Rogrio Sganzerla, no papel de um pai-de-santo que faz um eb na atriz Helena Ignez.

Teve numerosos filhos-de-santo: chegou a fazer um barco com 19 ias, faanha lembrada por todos, dada sua extrema dificuldade de realizao. Apesar das brigas com as alas mais conservadoras da religio, eis porque Joozinho da Gomia considerado um dos maiores divulgadores da religio dos Orixs no Brasil.

Em 1966, outro momento repleto de contradies: Joo voltou Bahia e deu obrigao com Me Menininha do Gantois. Segundo a Iyalorix Me Tolok de Loguned, "foi fazer a obrigao dele; tirar a mo de Vumbi e fazer bodas de prata. (...) Depois, ele fez a festa no Rio de Janeiro, para os filhos que no puderam ir Bahia." Ainda segundo seus filhos, Joozinho da Gomia no apenas fez sua obrigao com Me Menininha como foi o primeiro homem que ela permitiu que vestisse o Orix e danasse em pblico virado no santo. Para entender a importncia desse ato (mesmo que apenas mais um aspecto da lenda) preciso ler em Ruth Landes as restries que Me Menininha fazia quanto apresentao pblica de homens em transe.

Porm, fato que, embora o prprio Joozinho at o fim da vida continuasse tocando tanto angola quanto keto, a partir desse momento passou a insistir com seus filhos-de-santo para que seguissem uma orientao nica, optando entre keto e angola.

Joozinho da Gomia morreu em So Paulo, dia 19 de maro de 1971, no Hospital das Clnicas (Vila Clementino), durante uma cirurgia para retirada de um tumor cerebral, e aps uma parada cardaca. Foi sepultado em um cemitrio de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, num dia em que uma chuva de propores mticas caiu sobre o Rio de Janeiro, exatamente na hora em que seu atade baixava sepultura. Para os adeptos, uma manifestao de Ians recebendo seu filho, que culminou com muita gente virando no santo em pleno cemitrio, a passagem foi relatada na revista O Cruzeiro. A Gomia do Rio Est atualmente, (2015) passando por um processo de tombamento e posterior reconstruo. Os assentamentos de Joozinho da Gomia foram transferidos para uma nova Gomia, em Franco da Rocha, So Paulo, onde os ibs de seu Oxossi e de sua Ians esto sendo devidamente cuidados e alimentados, e podem ser visitados pelos adeptos que fazem parte da famlia de santo.

Claudio Tata Kafungelekeniz filho da saudosa Mameto Dona Lurdes conhecida como a portuguesa, filha de Tata Kilondira, morava no RJ na Penha Circular enfrente a Radio Jornal do Brasil. Fundador da Gomia no sul e Uruguay Pai Claudio tem seu Inzo a 33 anos e fiel a Gomia.Olegrio de Oxum

Olegrio de Oxum foi um sacerdote afro-brasileiro do candombl. A raiz dele teve incio com Me Pulchria (Ya Ygue) por sua vez foi iniciada por africanos. Por sua vez, Pulchria Maria da Conceio Nazar ou Me Pulchria, (1840-1918), foi a segunda Iylorix por sucesso do Terreiro do Gantois.

Ela iniciou algumas filhas de santo,e entre elas excepcionalmente inciou um homem negro chamado Olegario, em um tempo onde somente se aceitava iniciao em mulheres que foi consagrado ao orix Oxum com Oxossi, este mesmo Pai Olegrio, que gozava de uma grande amizade com Tata Kilondir(Joaozinho da Gomia),e que o mesmo por conta disso cedeu o espao fsico da Gomia a este, para iniciar seu Miguel Grosso - Deuanda de Yemanj Ogunt, mais que tambm dava kitembo mulo, motivo de muitos afirmarem que ela era inicado a Kitembo, o que no verdade.Miguel Arcanjo de Souza

Miguel Arcanjo de Souza ( - 1941) Massanganga de Ind Dux ou Massaganga de Cariol do Santo amurax. Era um Tatetu ria mukixi ou Tata Nkisi (babalorix) do candombl bantu nao Angola Musukongo (ou Muxikongo). Dizem que morreu com 81 anos de idade.

Miguel Arcanjo considerado o primeiro morador do bairro do Beiru em Salvador[1] . Em 1910 comprou uma parte das terras da Fazenda Beiru que pertenceu famlia de Hlio Silva Garcia. Estabeleceu um terreiro de candombl na casa-grande da fazenda. Anos depois recebeu obrigaes pelas mos do Tata Deuand, Miguel Arcanjo Paiva que era mais conhecido como "Miguel de Tempo" ou "Miguel Grosso" por sua vez filho de santo de Olegrio de Oxum, que o iniciou no Terreiro da Gomia cedido pelo babalorix Joozinho da Gomia.

Mametu Diaminy

Marisol de M. G. da Silva ou Mametu Diaminy, nascida em 08/05/1966 em So Paulo, a Mameto-de-inquice foi iniciada no Candombl Bantu, no ms de Agosto de 1970, recebendo a Dijna de Diaminy.

Seus pais completamente leigos no assunto, e com a menina (sua nica filha) internada no hospital, depois de um desmaio, o qual ela no acordou, recorreram a tudo, at chegarem em um Casa Espiritual, na Vila Brasilndia/SP.

Os dirigentes j falecidos, Seu Z e Dona Ana (DonAna), como eram chamados, fizeram um trabalho especial, com a querida linha das Almas: os Pretos Velhos.

Foi quando o Seu Z incorporou o Pai Toms de Aruanda e D. Ana o Pai Joaquim DAngola, e orientaram os pais de Diaminy, o Sr. Gabriel Gomes da Silva e a Sra. Adahir de Mello (ambos falecidos), a lev-la a uma casa de Candombl, pois o desmaio que ocorrera era um chamado espiritual, ela teria que nascer para o Santo. E assim foi feito.

Mas em funo da pouca idade, ela se afastou do Candombl, at pelo fato de no ter convivido na comunidade e no entender tantas obrigaes, e continuou cultuando apenas suas entidades, retomando comunidade em 1989, quando abriu seu modesto Barraco com a ajuda de seus filhos de Santo, no bairro da Sade de So Paulo e foi colocando em ordem suas Obrigaes Espirituais, na casa de sua me de Santo, a amada e inesquecvel Nenga Namboazazi ( Therezinha de Jesus Guttierrez de Souza ) do Inquice Nzazi, que veio a desencarnar em dezembro de 1999, filha do Tatetu Yabomim, na vida civil Yel Pires Fernandez, neta do Tatetu Deuand, na vida civil, Miguel Arcanjo Paiva (Miguel Grosso) e bisneta de Olegrio de Oxum.

Foram muitas perdas carnais que Diaminy sofreu, comeando pela Me de Santo. No ano seguinte em Junho de 2000, foi embora seu Pai carnal; em Julho de 2001, como companheiros que eram 40 anos, foi ao encontro de sua me carnal, e em Maro de 2002, foi ao encontro de sua Me de Santo, o irmo mais novo de Me Namboazazi, Pai Famegi, que era Tata de inquice de algumas pessoas dividindo a tarefa com Me Namboazazi e oficialmente Tatetu Ndengue (Pai Pequeno) dentro da Casa de Santo, e tambm o herdeiro, o qual havia assumido depois do desencarne dela. Com o falecimento dele, a casa que j existia h mais de 40 anos, fechou.

O Candombl no feito s por uma pessoa, ele s existe, no encanto, na magia e na felicidade, em grupo, e dentro deste grupo cada qual exerce um cargo, o qual chamamos hierarquia. E no respeito as leis naturais, Diaminy, foi em busca de algum que pudesse orient-la. Pois dentro de sua hierarquia seus Pais j no existiam mais, materialmente falando.

Foram 2 anos de procura, conversou com pessoas maravilhosas do Candombl de Keto, de Jeje, mas Diaminy no queria deixar as razes, O Candombl de Angola. Diaminy, teve ajuda de alguns irmos de Santo, que lhe fizeram ebs, para que continuasse a jornada. E j no desespero e como se suas foras estivessem se esvaindo, a gota dgua aconteceu, que foi o falecimento do Pai Famegi, como descrito acima.

No ms de Julho foi feita a cerimnia, que fazemos quando falece algum, o Mukondo; e no penltimo dia de ritual, Diaminy conheceu Me Dango de Hongolo, deHortolndia, So Paulo, a qual hoje, sua orientadora espiritual.