Territorializações Do Medo Um Olhar Sobre o Bairro de Candelária, Natal-rn_resumoexpandido
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TERRITORIALIZAÇÕES DO MEDO
Um Olhar Sobre o Bairro de Candelária, Natal-RN
Hiram de Aquino Bayer
Drª. Eugênia Maria Dantas
RESUMO
Labirinto composto por signos e informação, simultaneamente materiais, imateriais e simbólicos, a cidade constitui-se em um emaranhado de roteiros, experimentado de maneira singular, subjetivada e percebida por aqueles que se arriscam por seus caminhos. O medo é parte constituinte desse labirinto. O consideramos como um importante agente de territorializações do mudo moderno, no qual condiciona práticas socioespaciais dos indivíduos nessa cidade-labirinto. Tomando como empiria o bairro de Candelária, Natal-RN, buscamos analisar a dimensão espacial do medo, considerando sua territorialização no bairro, refletindo sobre sua influência nos espaços públicos e privados do bairro. Percebe-se, portanto, que o medo é agente importante em processos de territorializações no bairro, alterando e ressignificando o uso dos espaços públicos, tornando-os “anêmicos”, bem como na incorporação cada vez maior de uma tecnosfera da segurança, tornando recorrente a formação de enclaves territoriais fortificados. Palavras-Chave: Geografia; Medo; Território
INTRODUÇÃO
A cidade é um labirinto complexo. Imaginemos que nela coexistem diferentes
caminhos. De maneira panorâmica parece aberta a diferentes experiências e
vivências. Ou melhor, parece conter todas as possibilidades de experimentação do
homem com o espaço. Marcada por desenhos que revelam trajetórias, a cidade
impõe ao seu habitante perguntar-se: que trajetórias seguir? Quais caminhos evitar?
Quais são as passagens proibidas? Esse cenário de possibilidades e desvios induz
a reflexão sobre as escolhas dos indivíduos e suas práticas espaciais. Evidências da
complexidade que a constitui com um labirinto de signos e informações que são,
simultaneamente, materiais, imateriais e simbólicos. Seu tecido é um emaranhado
de roteiros, experimentados de maneira diferentes, pois contêm a subjetividade e a
percepção daqueles que se arriscam em seus caminhos.
Poderíamos elencar uma série de elementos que compõe esse labirinto: ruas
sem saída, congestionamentos, o próprio traçado urbano. Contudo, não se forma um
labirinto tão complexo apenas com aspectos materiais. Matizada a sua materialidade
está a percepção sobre os espaços daqueles que o vivenciam. Nesse contexto,
destacamos um fenômeno que, cada vez mais, vem sendo protagonista das
relações entre o homem e os espaços: o medo¹. Consideramos esse fenômeno um
importante agente de territorializações no mundo contemporâneo, alterando
significativamente as práticas socioespaciais dos indivíduos nessa cidade-labirinto.
Para a análise das territorializações do medo, focamos nosso olhar no bairro
de Candelária, Natal-RN. Por que optamos por esse recorte? Candelária emerge
como um campo rico para tais discussões, pois traz em sua forma elementos que
indicam o fenômeno do medo, tais como a incorporação cada vez maior de
estratégias de segurança (segurança particular, câmeras de vigilância, cercas
elétricas, entre outros), além de estar situada em uma das áreas com maiores
incidências de furtos e roubos da cidade. Esses elementos, aliados nos fornecem
uma construção para tais considerações, fazendo emergir o medo como importante
conteúdo da composição na “Candelária-labiríntica”.
Desta feita, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar a dimensão
espacial do medo, considerando sua territorialização no bairro de Candelária, Natal-
RN. Para isso, buscamos refletir sobre a influência da territorialização do medo no
uso dos espaços públicos do bairro de Candelária, Natal-RN e compreender como
se dá sua territorialização nos espaços privados do bairro de Candelária, Natal-RN.
Recorremos à analogia do labirinto como uma espécie de exercício
metodológico, não apenas como um caminho para nossas observações, mas
também para elucidar como a territorialização do medo altera práticas, roteiros,
vivências. Nesse caminho, definimos um ponto de saída e um ponto de chegada no
bairro. Designamos algumas paradas obrigatórias em quatro praças do bairro. Nos
permitimos nesse percurso buscar o que nos interessava: os espaços e as pessoas;
os territórios e os medos. Nos permitimos, também, sentir o espaço, a própria
experiência enquanto pesquisador, deixando exalar sensações, preconceitos,
interpretações. Aliamos essas experiências com as dos indivíduos com os quais
conversamos no bairro, com suas falas, suas percepções, suas práticas. Em sintonia
com essas experiências particulares emerge a própria paisagem urbana do bairro.
NOTAS SOBRE MEDO, TERRITÓRIO E A TERRITORIALIZAÇÃO DO MEDO
Sobre o Medo
“Quem dorme sossegado?”, pergunta-nos Tuan (2005). Antes que possamos
pensar em uma resposta satisfatória, prontamente nos é respondido pelo próprio:
“nós gostaríamos de dizer ‘aqueles que têm a consciência limpa’, mas a melhor
resposta é ‘aqueles que podem se dar ao luxo de não sentir medo’” (TUAN, 2005, p.
9).
Alguns autores se debruçaram sobre o tema medo, trazendo importantes
contribuições para o assunto. O próprio geógrafo Yi-fu Tuan, por exemplo, designou-
o enquanto um sentimento complexo que seria formado por dois componentes
essenciais: sinal de alarme e ansiedade (TUAN, 2005). No primeiro componente
esse sinal de alarme é motivado por um evento inesperado e impeditivo no meio
ambiente, no qual a resposta imediata é a fuga ou o enfrentamento. Por sua vez, a
ansiedade aparece como uma sensação difusa de medo, pressupondo uma
habilidade de antecipação. Essa sensação costumeiramente surge quando um
animal ou indivíduo encontra-se em um território desconhecido, estranho, longe de
objetos e figuras que lhe dão apoio. Para Tuan (2005, p. 10) “a ansiedade é um
pressentimento de perigo quando nada existe nas proximidades que justifiquem o
medo. A necessidade de agir é refreada pela ausência de qualquer ameaça”.
Outro autor a ser destacado é o sociólogo Zygmunt Bauman, para o qual o
medo constitui-se em um sentimento conhecido por toda criatura viva (BAUMAN,
2008). Mas, para os humanos, essa sensação se dá através de uma espécie de
medo de “segundo grau” ou um “medo derivado”, que se caracteriza por ser social e
culturalmente “reciclado” e não requer que haja, necessariamente, uma ameaça
imediatamente presente. O medo secundário, para o autor, “pode ser visto como um
rastro de uma experiência passada de enfrentamento da ameaça direta – um
resquício (...)importante na modelagem da conduta humana mesmo que não haja
mais uma ameaça direta à vida ou à integridade” (BAUMAN, 2008, p. 9).
Acrescenta-se às ideias expostas que o “medo derivado” é composto pela sensação
de insegurança e de vulnerabilidade. Assim, uma pessoa que tenha interiorizado
uma visão de mundo onde estejam esses dois componentes recorrerá às reações
adequadas a um encontro imediato com o perigo, mesmo que não haja uma ameaça
iminente.
Contudo, nosso interesse reside em um medo específico: o medo do crime.
Os componentes que citamos anteriormente fazem parte desse tipo de medo
(insegurança, vulnerabilidade, sinal de alerta, ansiedade). Bauman (2008), afirma
que a insegurança na contemporaneidade caracteriza-se, justamente, pelo medo
dos crimes e dos criminosos. Atribui a suspeita dos outros e de suas intenções ao
individualismo moderno, para o qual a sociedade moderna foi construída sobre a
areia movediça da contingência. Para ele, a insegurança e a ideia de que o perigo
encontra-se em toda parte são inerentes a essa sociedade.
Nesse contexto, caberia, então, uma abordagem geográfica sobre o medo?
Se considerarmos a noção de trama locacional, presente em Gomes (2013) veremos
que, sim, é possível. Nesse sentido, para o autor, há uma lógica de dispersão pelo
espaço no arranjo físico de coisas, pessoas e fenômenos, que é condicionada por
razões, lógicas, coerências, constituindo essa trama locacional, intrínseca à
essência dos fenômenos. O medo, portanto, constitui-se em um fenômeno que
carrega consigo uma trama locacional.
Sobre o Território
É no contato com a realidade que emerge os conceitos. Buscamos na
concepção de território a possibilidade de abarcar a dinamicidade do que estamos
chamando de territorializações do medo. Nesse sentido, embora exista uma gama
variada de percepções e definições a respeito do território, nos aportamos em
Haesbaert (2004), ao problematizar o território em uma perspectiva integradora do
espaço geográfico.
A integração se dá mediante as relações conjuntas entre dominação e
apropriação, considerando as relações de poder em sentido amplo (material e
simbólico). Compreender dessa forma o Território, ao nosso ver, não é de forma
alguma um emaranhado teórico que beira ao caos, como alguns pensam ou
poderiam pensar. É, antes de tudo, uma perspectiva que incorpora a complexidade
dos processos na atualidade, não segmentando ou reduzindo interpretações, mas
possibilitando um repertório maior delas. Nesse sentido, optar por essa ou por
aquela perspectiva incorreria em uma parcialidade na compreensão do medo
enquanto agente territorializador, nos condicionando a observar apenas alguns
processos. Com isso, não queremos dizer que conseguiremos abarcar a totalidade
através dessa concepção (até porque seria impossível), mas que avançamos de
forma a chegar um pouco mais próximo da complexidade.
Entendemos o território como construção histórica (portanto, social) que se dá
mediante relações de poder, sejam elas de ordem concreta ou simbólica,
envolvendo sociedade e espaço geográfico. Nesse sentido, o território possui,
concomitantemente, uma dimensão subjetiva, vinculada a ideia de consciência,
apropriação e/ou identidade territorial, e uma dimensão mais objetiva, relacionada à
dominação do espaço, em sentido mais concreto. Além disso, pode ser constituído
ao mesmo tempo por pontos e linhas – rede – e superfícies ou áreas - zonas
(HAESBAERT; LIMONAD, 1999).
Outro ponto importante a ser deixado claro é que o compreendemos como
fruto de uma dimensão vivida do espaço. Ou seja, do próprio devir cotidiano há o
surgimento de territórios. Assim, “o poder que delimita e influencia as dinâmicas
socioespaciais vem das ações dos indivíduos que vivem a/em uma porção do
espaço. Assim, a dimensão vivida não é apenas uma face do fenômeno, ela o funda”
(PAULA, 2011, p. 109). A própria vivência dos indivíduos a partir de uma experiência
do medo, atua de maneira a formar territórios. Essa perspectiva ganha abertura a
partir das concepções de autores pós-estruturalista, como Gilles Deleuze e Félix
Guattari, que atribuem ao território tanto uma dimensão física e social, quanto uma
mental e psicológicas (HAESBAERT, 2004), dando-nos, inclusive, a possibilidade de
falarmos na territorialização de um sentimento, como o medo.
Sobre a Territorialização do Medo
O medo é uma sensação que ganha visibilidade por meio de aproximações.
Quando o analisamos a partir de uma perspectiva geográfica estamos buscando
encontrar no espaço as evidências desse sentimento que ora são explícitas, ora são
veladas. Desta feita, o labirinto urbano vai sendo desenhado por meio de uma
territorialização especial habitada por um sentimento, o que o torna um território com
diferentes cenários. Assim, o medo ao se territorializar no indivíduo, o leva a tomar
atitudes que possibilitem a diminuição da sensação de insegurança como, por
exemplo, evitar transitar e permanecer em certos lugares e a incorporação de
parafernálias tecnológicas ao espaço. Mas, podemos considerar que o medo
também se territorializa no próprio espaço. Praças, ruas escuras, certos bairros são
comumente tidos como “lugares perigosos”. Quando isso acontece as práticas
socioespaciais também são alteradas, principalmente, no ato de evitar o uso desses
lugares. Formam-se os “territórios do medo”.
É praticamente impossível recorremos a uma hierarquia de um desses
fatores. Criar uma certa autonomia de um em detrimento do outro é desprezar o
caráter dialógico no qual ambos aparecem. Em um primeiro momento poderíamos
atribuir a territorialização do medo nos espaços um caráter secundário, sendo um
desdobramento da territorialização no indivíduo, atribuindo a determinados lugares o
selo de “perigoso” ou incorporando ao seu cotidiano uma série de estratégias que
visam a diminuição de uma sensação de insegurança. Contudo, há determinados
momentos em que a territorialização do medo nos espaços acaba por adquirir certa
autonomia. Alguns espaços, devido a suas condições fazem com que a partir deles
haja uma territorialização do medo nos indivíduos. Na verdade, chega a um ponto
em que se torna difícil distinguir esses condicionantes. Seria, portanto, determinado
espaço perigoso porque temos medo ou temos medo porque determinado espaço é
perigoso? Sendo assim, preferimos pensar esse processo de forma dialógica,
concomitante, que acontece quase como uma retroalimentação.
POR ONDE ANDEI: EXPERIÊNCIAS NO LABIRINTO
Aportado nas ideias anteriormente expostas adentramos na “Candelária-
labiríntica”. Nos impomos um ponto de saída, pontos de passagem obrigatória e um
ponto de chegada (todos referentes a praças do bairro). Nosso olhar interessado
buscava as territorializações do medo; pessoas e espaços que fizessem emergir tal
fenômeno. Vale a pena salientar que esse trajeto nos possibilitou um roteiro de
observação, no qual aliamos a ele uma série de informações anteriormente
produzidas, fruto de trabalhos realizados em outras oportunidades. Abaixo, o mapa
(figura 1) mostra o percurso que percorremos e os pontos de observação.
Figura 1: Mapa com o percurso e os pontos de observações que balizaram a presente pesquisa.
Fonte: Elaborado por Bayer (2014).
Pelos Espaços Públicos
Iniciamos nossa experiência na praça Ubaldo Bezerra de Melo (praça 1).
Aliás, caberia aqui, antes de algumas descrições, falarmos um pouco sobre o motivo
que nos fizeram elencar como pontos obrigatórios algumas praças. Primeiramente,
nossa prática circunscreve-se, necessariamente, no espaço público (ainda que
consideremos alguns espaços privados, como casas e comércios, mas que, nesse
momento, só podemos visualizá-los a partir do espaço público). Para Gomes (2010),
à um regime político que deseja estabelecer um valor isonômico entre as pessoas,
que se baseia na ideia de liberdade e de igualdade, há uma condição espacial de
suma importância e extremamente necessária: o espaço público. Para o referido
autor, o espaço público se constitui em terreno fundamental da vida social
democrática. É nesse espaço em que há o contato entre os diferentes, onde se dão
com mais intensidade as trocas sociais, ou seja, onde desenrola-se uma cena
pública. A praça, especialmente, emerge para nós como o espaço público por
excelência. Torna-se ainda mais importante para nossa análise, pois figura no
imaginário social um certo saudosismo em relação a esses lugares que, para muitos,
desempenhara um papel distinto em tempos de outrora do que assume na
atualidade. Era um lugar de efervescência, de trocas sociais, de encontro. Hoje em
dia parece haver uma anemia (GOMES, 2010) dos espaços públicos, sobretudo os
das praças. Acreditamos, pois, que um desse fatores (há vários outros, como a
infraestrutura, por exemplo) causadores dessa anemia é o medo, cuja relação
abordaremos mais adiante. Cabe deixar claro que, agora, estamos pensando o
espaço público a partir de sua dimensão material (SOUZA, 2008).
Retomando à praça, percebemos que há uma relativa movimentação de
pessoas nela. Contudo, poderíamos dizer que se constitui como mero local de
passagem, a não ser para algumas poucas pessoas ou cidadãos em condição de
rua². Há um intenso movimento ao seu entorno Além de estar alocada próximo a
BR-101, seu entorno é marcado pela presença de alguns estabelecimentos
importantes para a cidade, como a existência de uma grande loja de material de
construção, um dos maiores shopping centers da cidade, além de uma clínica de
oftalmologia de grande porte. A ideia de que a alocação de infraestruturas possibilita
o aumento do fluxo de pessoas parece funcionar nesse caso. E a praça “se
beneficia” disso. Muitos carros ficam estacionados as suas margens, como podemos
ver na imagem abaixo (imagem 2). Permanece assim durante praticamente todo o
período diurno e só começa a haver uma diminuição no movimento quando o Sol
começa a se por.
Figura 2: Praça Ubaldo Bezerra de Melo, Candelária, Natal-RN.
Fonte: Acervo pessoas do autor.
Nos parece ser, justamente, esse intenso movimento que faz com que a
referida praça não apareça como um lugar muito citado pelos moradores como um
local perigoso. Nossa experiência também faz-nos pensar nisso. Enquanto nos
encontrávamos nela a sensação de insegurança parecia ausente. A presença de
outras pessoas, de carros trafegando, nos dava uma sensação de segurança que
possivelmente não teríamos em um local, digamos, mais “deserto”. Contudo, a cena
se altera quando a noite chega. Aos poucos os carros estacionados se vão, os
transeuntes deixam de passar, e se vai toda a “vida” que observamos pela manhã e
tarde. O cenário agora é composto por uma iluminação pouco eficiente, pessoas em
condição de rua se estabelecem e há pouca movimentação de carros e de outras
pessoas. A sensação de segurança não é mais a mesma que tínhamos.
Essa situação nos remete a uma conversa que tive com um segurança
particular que se encontrava a poucos metros da praça. Perguntei sobre as
condições daquela área na qual era de sua alçada resguardar. Ele nos relatou que
os assaltos haviam diminuído um pouco, mas que haviam alguns casos de invasão a
residência, no qual aproveitava-se a chegada do morador para se fazer a
abordagem e entrar na casa. Mesmo não estando sob sua “jurisdição” perguntamos
sobre a praça. Disse-nos que não haviam muitos casos de assalto, apenas alguns
esporádicos, mas que um dos maiores problemas era a presença dos moradores em
situação de rua. Essa fala corrobora com a de várias pessoas com as quais
conversamos. Além de atribuir a condição de “perigosa” a um dado local a partir da
presença de indivíduos nessa condição, os relatos versavam, igualmente, na
indicação com tal de espaços com iluminação pública deficitária, aos locais com os
chamados “terrenos baldios” (espaços de vazios urbanos) e aqueles em que haviam
situações concretas de crimes, como roubos e furtos.
Poderíamos, então, pensar em uma espécie de fluidez territorial do medo?
Sim, considerando a percepção e as experiências do sujeito com o espaço. Essa
primeira experiência nos mostra que, primeiro, a territorialização do medo em certos
espaços depende dos critérios que, individualmente, uma pessoa considera. Por
exemplo, no meu caso considerei a presença de pessoas na praça como um fator
que me garantia certa segurança. Em contrapartida, quando não havia tanto
movimento foi como se o território que outrora não comportava o medo, passou a
comportar. Da mesma forma, um indivíduo que considera a escuridão como um fator
determinante, iria considerar a praça segura durante o dia e insegura durante a
noite. A mesma coisa acontece caso o critério utilizado seja a presença de
moradores em situação de rua.
Seguimos nosso trajeto. As ruas, em geral, com poucos transeuntes. Um
pouco mais à frente visualizamos nosso segundo ponto obrigatório: a Praça dos
Eucaliptos (imagem 3). Peculiar, poderíamos dizer. Local bastante aprazível, bem
arborizada (por Eucaliptos, como o nome deixa claro), com uma boa infraestrutura,
bem ventilada.
Fig
ura
3:
Pra
ça
dos
Euc
alip
tos, Candelária, Natal-RN.
Fonte: Acervo pessoas do autor.
Contudo, nossa experiência nessa praça contava com um elemento
diferenciado das demais, que balizava nossas sensações. A maioria das pessoas
com as quais conversamos indicavam essa praça como lugar perigoso, onde já
ocorreram (e ocorrem) diversos assaltos. “Conhecer é arriscar-se a sentir mais
medo. Quanto menos se sabe, menos se teme”, expressa Tuan (2005, p.10). Qual
seria a diferença entre nossa experiência nessa praça e nos demais espaços
públicos do bairro? Por que a sensação de insegurança se fazia presente quando
estava nela mais que nos demais espaços? A resposta mais sensata seria:
informação. Aqui emerge em nós sua importância como elemento que influencia a
vivência, a experiência, o sentir. Informação em sentido amplo, que se manifesta de
todos os lados (MORIN, 1981). Introjetada tal informação, qualquer movimento um
pouco mais “anormal” era motivo de alarme - nos dizeres de Tuan (2005) -, sentia-
me vulnerável - nos dizeres de Bauman (2008) – pela ausência de pessoas na
praça.
Interessante, também, perceber como esse medo estava associado ao porte
de um bem: o celular. Naquele momento era o pertence mais valioso que portava
comigo, o motivo que fazia-me perguntar, insistentemente: “por que o trouxe
comigo?”. Isso faz suscitar um questionamento: seria preponderante para uma
territorialização do medo em um indivíduo suas condições materiais? Em certo
sentido, sim. Mas não no sentido que, a priori, possa parecer. Isso não quer dizer
que os ricos sentem mais medo do que os pobres pelo simples fato de,
aparentemente, terem objetos mais valiosos (em termo, estritamente, financeiro).
Não é isso. Quer dizer que o fato de ter consigo um determinado objeto, do valor
que seja, e que vislumbre a possibilidade de perdê-lo é determinante, em muitos
casos, para que um sentimento de medo possa acontecer, que está essencialmente
vinculado ao medo de perder determinado objeto. Essa experiência seria, portanto,
apenas minha? Provavelmente não. Essa junção entre informação, condições
ambientais, preconceitos, formando o medo é experenciado por muitos.
Em uma de nossas idas a praça dos Eucaliptos, durante a noite, uma cena
chamou-nos atenção: sete senhores, todos aparentando ter mais de 60 anos de
idade, encontravam-se sentados na praça, conversando (figura 4). Ao dialogar com
esses senhores demonstrei minha surpresa em vê-los ali – além deles, haviam duas
pessoas passeando com seus cães, um ciclista, um cidadão sentado em um banco
e outro caminhando. Como a praça é bastante extensa, dava-nos a impressão de
que haviam poucas pessoas no local. Falei sobre as informações que a mim haviam
sido repassadas sobre a “má fama” da praça. Prontamente, foi-me dito que
realmente o que eu havia escutado condizia com a realidade e que eles eram
apenas alguns dos poucos que frequentavam a praça. Na verdade, eles mantinham
uma espécie de tradição: praticamente todos os dias se encontravam mais ou
menos no mesmo horário para “jogar conversa fora”. Muitos deles residiam no bairro
há pelo menos de 15 anos. Um dos pontos que foi levantado diz respeito a que
antigamente os espaços públicos, especialmente as praças e as ruas (a “frente de
casa”, como bem colocaram) eram melhores utilizados. Me falaram que não ficariam
mais por muito tempo, pois estava ficando tarde e que a partir daquele horário não
era mais aconselhável permanecer naquelas imediações. Um deles relatou que na
praça havia a presença de pessoas que praticam furtos, além de jovens que a
frequentam para o uso de drogas.
Figura 4: Praça dos Pinheiros, Candelária, Natal-RN
.
Fonte: Acervo pessoas do autor.
A praça dos Eucaliptos, em virtude dos relatos, configura-se como um espaço
onde há uma territorialização do medo. Quando perguntávamos, em pesquisas
anteriores, se havia lugares do bairro em que evitava-se passar ou permanecer,
essa praça era sempre a mais citada. Exemplo disso é a experiência de uma
funcionária de uma floricultura do bairro que conversamos durante a pesquisa. Ela
vem todos os dias de ônibus e desce distante do seu local de trabalho, precisando
caminhar mais de 1km para chegar ao estabelecimento (inclusive, muito parecido
com o percurso que fizemos). Uma das possíveis passagens é a praça na qual
afirma com veemência que evita de todas as formas passar por lá.
Seguindo por nosso percurso chegamos a terceira praça, conhecida como
praça da Igreja. Como a alcunha já nos diz um pouco, a praça fica ao lado da
principal igreja católica do bairro. Ao lado também de uma escola. Ao seu redor
predominam os estabelecimentos comerciais. Sua infraestrutura é, relativamente,
boa. Possui bancos, mesas, espaço para caminhar. O grande problema é que há
pouca arborização que, possivelmente, a torne um lugar apenas de passagem e não
de permanência. De noite há pouca iluminação que, também, configura-se como um
fator limitador de usos mais qualitativos do espaço. Assim, não poderíamos atribuir
ao medo a condição de único empecilho no uso desse espaço. É importante
considerar as condições infraestruturais da praça. Um ambiente que não oferece
condições satisfatórias de bem estar, provavelmente, será pouco utilizado pelos
cidadãos.
Nesse espaço encontramos um sujeito bastante peculiar com o qual
conversamos por algum tempo. Dono de uma cigarreira na praça, relatou diversas
tentativas de arrombamento ao seu estabelecimento. Mesmo assim, permanecia
com o negócio há muito tempo. Nos falou que todas as pessoas que residiam em
sua casa foram vítimas de assaltos no bairro. Que o próprio havia sido uma das
vítimas, a poucos metros de onde conversávamos. E, por isso, sentia-se receoso de
transitar ou permanecer em alguns lugares do bairro. Um desses locais, inclusive, foi
a Praça dos Eucaliptos, mais uma vez citada.
Nossa conversa versou desde assuntos vinculados à política até o tema
desarmamento. Contudo, o que chamou-nos a atenção foi uma fala em especial:
“quando chego em casa de noite, eu me tranco e não saio mais”. Esse fato leva-nos
a refletir sobre um assunto que a Geografia cada vez mais tem se interessado: a
formação dos chamados “enclaves territoriais”. Geralmente concebido a partir da
perspectiva dos condomínios exclusivos, coloca à tona o movimento de uso cada
vez mais intenso dos espaços privados em detrimento dos espaços públicos. Por
exemplo, Souza (2008) fala sobre uma fragmentação do tecido sociopolítico das
cidades, atribuindo a essa fragmentação a existência de territórios controlados por
determinados grupos sociais (no caso, territórios controlados por criminosos) e aos
condomínios exclusivos. Para ele, “os ‘condomínios exclusivos’ prometem solucionar
os problemas de segurança de indivíduos e famílias de classe média ou da elite, de
outra parte deixam intactas as causas da violência e da insegurança que os nutrem”
(SOUZA, 2008, p. 73). A formação desses territórios se enquadra em uma forma de
emuralhamento da vida social que leva os indivíduos a buscarem espaços de lazer e
de moradia cada vez mais protegidos e de difícil acesso, no qual o filtro exercido
pelo poder aquisitivo ou pela acessibilidade seja efetivo na seleção social (GOMES,
2010).
Mas, em qual sentido a fala do dono da cigarreira com o qual conversamos
pode fazer-nos expandir essa concepção? Percebemos, pois, que esse tipo de
pensamento tem sido cada vez mais comum nos dias atuais. Essa supressão do
público pelo privado tem extrapolado o muro dos condomínios e tem passado a fazer
parte de tipos de moradias que se encontram fora dessas configurações. Esses
enclaves não estão sob a forma dos condomínios, exclusivamente. Cada vez mais
as residências que não estão inseridas em condomínios encontram-se envoltas
nessa lógica. Para muitos, a casa constitui-se em um enclave territorial, no qual
“quando chega a noite, se trancam e não saem mais”.
Seguimos ao nosso quarto e último ponto obrigatório: a praça Tomaz da Mata
(praça 4). Das que visitamos e fizemos nossas observações, foi a que possuía uma
melhor infraestrutura. Bem arborizada, bancos bem conservados, parque para
crianças e equipamentos de exercício físico para idosos. De maneira geral, podemos
observar um bom uso da mesma: alguns jovens conversando durante o dia, no fim
da tarde algumas pessoas caminhando ao seu redor, idosos utilizando os
equipamentos de exercício físico. No período da noite há uma diminuição
significativa dos usos. A iluminação não é tão eficiente, tornando as condições para
usufruto um pouco adversas.
Chama-nos atenção, em relação a insegurança, alguns relatos de moradores,
sobretudo, vinculados ao Centro de Detenção Provisório da Zona Sul que fica
próximo à praça. Alguns moradores afirmaram terem presenciado algumas fugas de
detentos, inclusive resultando em troca de tiros com a polícia na área da praça.
Mesmo assim, nos parece um evento secundário que não influencia tanto no uso
desse espaço pelos moradores.
Pelos Espaços Privado
Foi nos espaços públicos, sobretudo os da rua e da praça, que
desenvolvemos nossa prática. De certa forma, é a partir desse espaço que
percebemos o espaço privado (pelo menos no que diz respeito a sua fachada)
colocados em uma posição de exterioridade, exposto ao nosso olhar. Assim, a praça
e a rua se constituem em lugares de exposição, espaços de visibilidade (GOMES,
2013), no qual os espaços privados das residências assumem a condição de
“expostos”.
Focamos nosso olhar na incorporação de equipamentos de segurança nesses
espaços, compondo a paisagem urbana do nosso labirinto. A essa incorporação
cada vez maior desses elementos técnicos ao espaço que visam, sumariamente, a
diminuição da sensação de insegurança, da busca pela segurança, Melgaço (2010)
designou de tecnosfera da segurança. Para o autor, essa tecnosfera da segurança
refere-se a toda materialidade técnica em torno do ideal de segurança, incluindo os
processos de securização. Vinculada, e indissociável, a uma psicosfera do medo, a
tecnosfera da segurança constitui-se em uma espécie de materialidade do medo.
Assim, a paisagem composta por esses elementos nos servem como indicadores
deste fenômeno.
O caminhar atento logo nos faz perceber a intensa incorporação de
equipamentos de segurança a paisagem da área que observamos. Cercas elétricas
e câmera de vigilância dão a tônica do percurso. Mas seriam eles apenas
indicadores do medo? Sim, não, talvez. Não teríamos como ter certeza sobre isso. O
desejo nunca é concebido unicamente, ele é múltiplo, acompanhado por outros
desejos (DELEUZE; ROLNIK, 2005). Por exemplo, quando desejamos um celular
não desejamos unicamente o aparelho, queremos uma boa câmera, bons
aplicativos, boa memória. A incorporação de equipamentos de segurança ao
território comporta, em certa medida, o desejo de que a sensação de insegurança
seja amenizada. Essa parece ser sua função básica. Em contrapartida, pode estar
vinculada ao desejo por certo status. Talvez nunca saibamos ao certo qual se
sobressai. É difícil que alguém relate a uma pessoa estranha (e mesmo conhecida)
que, na verdade, aquela câmera de vigilância não “observa” apenas a rua, sua casa,
mas também tem em certo ponto o “olhar” voltado ao vizinho. Contudo, levando em
consideração sua função básica e, além disso, ressaltando que há uma banalização
desse uso, consideramo-los como um indicador do medo. Afinal de contas, como
bem coloca Melgaço (2010), a tecnosfera da segurança é um desdobramento da
psicosfera do medo.
Nos parece, portanto, que a tecnosfera da segurança, indicadora do medo,
mostra-nos mais uma de suas territorializações. Aqui, emerge enquanto
materialidade, territorializada em determinados espaços, transformando-as em
verdadeiros territórios fortificados (SOUZA, 2008). A imagem abaixo (imagem 5)
possibilita um bom panorama dessa territorialização do medo. Na casa representada
há uma sobreposição de equipamentos: uma cerca elétrica envolta por uma cerca
espiral, quase como uma “segurança da segurança”. Ao lado, podemos observar a
câmera de vigilância.
Figura 5: Tecnosfera da segurança em residência do bairro de Candelária, Natal-RN.
Fonte: Acervo pessoal do autor.
TERRITORIALIZAÇÃO DO MEDO E O LABIRINTO
Até agora falamos sobre as territorializações do medo a partir das
experiências que tivemos em nossa prática, no contato e nas conversas com alguns
indivíduos, além da observação do espaço. Assim, buscamos construir uma espécie
de cenário (GOMES, 2013) do medo que, ao mesmo tempo, nos serviu para
subsidiar a analogia do bairro com o labirinto. Passamos a pensá-la a partir dessas
territorializações, constituindo em fator determinante na prática espacial dos
indivíduos nessa área delimitada.
Para representarmos essas práticas, recorremos a confecção de alguns
mapas. Escolhemos três fatores que foram constantemente citados por aqueles com
quem conversamos que seriam determinantes na indicação de um lugar como
“perigoso”, não aconselhável a transitar e permanecer, quais seja: espaços com
iluminação pública deficitária, locais onde há uma constância na ocorrência de
crimes, como furtos e roubos e a presença do que estamos chamando de
“indesejáveis” (principalmente moradores em situação de rua e usuários de drogas).
Esses espaços, ao nosso ver, são territorializados pelo medo e passam a se
constituir em barreias às vivências cotidianas. Usos, trajetórias, em parte são
condicionadas por essa territorialização, passando a ser parte constituinte do
labirinto urbano.
Figura 6: Mapa com a espacialização das condições elencadas para uma territorialização do medo.
Fonte: Elaborado por Bayer (2014).
O primeiro mapa (figura 6) refere-se a uma espacialização desses fatores que
optamos por considerar. Tomamos como base a trajetória que realizamos,
observando em quais espaços esses fatores se encontravam. Assim, a partir deles
podemos identificar territorializações do medo. É importante salientar que essa
territorialização, como falávamos, é bastante subjetiva e reveladora das experiências
dos sujeitos com os espaços. Assim, esse mapeamento é uma aplicação espacial do
que capturamos até o momento sobre as vivências, sendo, um exercício que contém
possibilidades de interpretações, mais do que verdades absolutas
A partir dessa espacialização identificamos espaços onde o medo se
territorializa. Assim, um indivíduo que leva em consideração tais fatores evitaria
transitar ou permanecer nesses locais. Há, portanto, uma territorialização do medo
imprimindo barreiras imateriais no espaço que passa a condicionar a prática
socioespacial dos indivíduos. O mapa abaixo demonstra a formação dessas
barreiras.
Figura 7: Mapa da territorialização do medo no percurso desenvolvido no bairro de Candelária,
Natal-RN.
Fonte: Elaborado por Bayer (2014).
CONCLUSÃO
O medo constitui-se em um fenômeno de extrema relevância nas
ressignificações e alterações de práticas socioespaciais na cidade moderna.
Balizador de relações, vivências, experiências dos indivíduos com o espaço, o medo
surge como um importante agente de territorializações na modernidade. Isso porque
apresenta-se enquanto uma força capaz de produzir efeitos e condicionar
resultados, trazendo à tona aspectos materiais e imateriais que tecem uma trama
locacional no qual aparece como protagonista.
Tomar o bairro de Candelária, Natal-RN, como empiria para as discussões
propostas é concebê-lo dentro de uma teia intraurbana, na qual a cidade é o bairro,
ao mesmo tempo que o bairro é a cidade. Com isso não queremos propor
generalizações, pelo contrário. O presente artigo diz respeito a uma parcela da
realidade, em um dado espaço e em um dado tempo. Contudo, processos que
aparecem na escala do bairro, também surge em outros locais da cidade. Assim,
considerando as experiências da pesquisa, os relatos dos moradores, as leituras
tecidas através das formas, dos movimentos, dos diálogos, nos proporcionaram
refletir sobre a territorialização do medo em parte do bairro. Consideramos, pois, o
bairro enquanto um labirinto e o medo como um dos componentes desse labirinto,
ora material, ora simbólico, que condiciona trajetórias, permanências e usos.
Assim, o medo constitui-se em importante agente de territorialização no bairro
de Candelária, Natal-RN. Ao territorializar-se em indivíduos passa a condicionar
certas práticas socioespaciais, sobretudo, no ato de evitar transitar e/ou permanecer
em certos espaços do bairro. As praças públicas tornam-se “anêmicas”, pois o que
lhes dá vida – os usuários – estão a maior parte do tempo ausente desses espaços.
Os espaços privados das residências e dos comércios tornam-se verdadeiros
territórios fortificados, constituindo-se na materialidade desse sentimento de medo.
Esses territórios atuam de forma decisiva na sociabilidade dos indivíduos, pois
adentram em um paradoxo de abertura ao mundo “de fora”, enquanto se fecham nos
espaços imediatos das residências. Quando analisamos as trajetórias dos indivíduos
pelas ruas do bairro percebemos que há uma significativa alteração de rotas, tendo
como pressuposto que esse ou aquela localidade é perigosa. Nesse ponto,
vislumbramos a territorialização do medo no próprio espaço, fazendo com que
pessoas alterem caminhos, trajetórias, para evitá-los.
NOTAS
1 Sempre que nos referirmos ao medo, estamos vinculando-o a um medo específico,
relacionados aos crimes (sobretudo àqueles mais latentes no meio urbano como
homicídios, roubos e furtos).
² De acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), por população em
situação de rua compreende-se um determinado grupo populacional heterogêneo
que tem como principais características a pobreza extrema, vínculos familiares
fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular. Assim, essa
população é forçada a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento,
temporariamente ou permanentemente.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Medo Líquido. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. GOMES, Paulo Cesar da Costa. A Condição Urbana: ensaios de geopolítica da cidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. ____. O Lugar do Olhar: elementos para uma geografia da visibilidade. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. GUATTARI, Félix; ROLNIK, Sueli. Micropolítica: cartografias do desejo. 9. ed. Petrópolis: Vozes, c2005. HAESBAERT, Rogério. Da. O Mito da Desterritorialização: do "fim dos territórios" à
multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. HAESBAERT, R.; LIMONAD, Ester. O Território em Tempos de Globalização. Geo UERJ, Rio de Janeiro, v. 5, p. 7-19, 1999. MELGAÇO, Lucas. Securização Urbana: psicosfera do medo à tecnosfera da
segurança. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. MORIN, Edgar. As Grandes Questões do Nosso Tempo. Lisboa: Editorial Notícias,
19-. 4ª ed. PAULA, Fernanda Cristina de. Sobre a Dimensão Vivida do Território: tendências
e a contribuição da fenomenologia. GeoTextos, vol. 7, n. 1, jul. 2011. SOUZA, Marcelo Lopes de. Fobópole: o medo generalizado e a questão da militarização urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. TUAN, Yi-Fu. Paisagens do Medo. São Paulo: Editora UNESP, 2005.
Informações sobre os autores:
Hiram de Aquino Bayer - http://lattes.cnpq.br/3021692582897921 Geógrafo, Mestrando em Geografia no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Contato: [email protected]
Eugênia Maria Dantas - http://lattes.cnpq.br/6296149707446296 Geógrafa, Mestre em Ciências Sociais e Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Contato: [email protected]