Tese Licenciatura

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UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física N N N e e e c c c e e e s s s s s s i i i d d d a a a d d d e e e s s s N N N u u u t t t r r r i i i c c c i i i o o o n n n a a a i i i s s s d d d e e e J J J o o o v v v e e e n n s s s F F F u u u t t t e e e b b b o o o l l l i i i s s s t t t a a a s s s A Perspectiva dos Departamentos Médicos Ricardo Miguel Teixeira da Silva Porto – Dezembro de 2003

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Necessidades Nutricionais dos Jovens Futebolistas - A perspectiva dos Departamentos Médicos

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UNIVERSIDADE DO PORTO

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física

NNNeeeccceeessssssiiidddaaadddeeesss NNNuuutttrrriiiccciiiooonnnaaaiiisss dddeee JJJooovvveeennnsss FFFuuuttteeebbbooollliiissstttaaasss A Perspectiva dos Departamentos Médicos

Ricardo Miguel Teixeira da Silva

Porto – Dezembro de 2003

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Universidade do Porto

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física

NNNeeeccceeessssssiiidddaaadddeeesss NNNuuutttrrriiiccciiiooonnnaaaiiisss dddeee JJJooovvveeennnsss FFFuuuttteeebbbooollliiissstttaaasss A Perspectiva dos Departamentos Médicos

Trabalho Realizado por: Ricardo Miguel Teixeira da Silva Trabalho Orientado por: Prof. Doutor Domingos J. Lopes da Silva

- Porto, Dezembro de 2003 -

Trabalho monográfico realizado no âmbito da disciplina

de Seminário, ministrada no 5º ano da Licenciatura em

Desporto e de Educação Física, opção Desporto de

Rendimento - Futebol da Faculdade de Ciências do

Desporto e de Educação Física, sob a orientação do Prof.

Doutor Domingos J. Lopes da Silva.

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I

AAggrraaddeecciimmeennttooss

Num trabalho deste tipo, conta-se, inevitavelmente, com o apoio e incentivo de diversas

pessoas e entidades. Neste sentido, gostaria de expressar um sincero agradecimento a todos aqueles que tornaram possível a sua realização:

Ao Prof. Doutor Domingos Silva, pela forma como orientou o presente estudo, pela

atenção, disponibilidade, pelos ensinamentos e pertinência das suas críticas e sugestões. À Doutora Carla Lopes, do Departamento de Higiene e Epidemologia da Faculdade de

Medicina da Universidade do Porto, pela amabilidade e apoio prestado aquando das explicações sobre o questionário semi-quantitativo de frequência alimentar e sobre o programa informático Food Processor Plus.

À Manuela, um agradecimento muito especial, pela companhia, pelos conselhos, pela

leitura crítica do trabalho e especialmente por tudo o que me tem dado ao longo destes anos. À minha família sempre presente ao longo de toda a minha vida académica e, em

especial, aos meus Pais, pelo apoio e incentivo constante. Obrigado por tudo...

Ao Pedro e Ricardo o meu profundo obrigado e o mais sincero desejo de um dia poder retribuir toda a ajuda que me prestaram.

À Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto e

seus respectivos docentes e funcionários, por tudo o que me deram ao longo destes 5 anos a vários níveis, tanto profissional, como académico e até mesmo pessoal.

A todos os departamentos médicos pela sua colaboração e interesse manifesto.

Aos funcionários das bibliotecas da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação

da Universidade do Porto e da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa pela sua prestabilidade e amabilidade.

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II

RReessuummoo

Com o presente estudo pretendeu-se, partindo das informações recolhidas junto dos

departamentos médicos dos clubes, identificar o grau de congruência entre o preconizado pela literatura como recomendações nutricionais e dietéticas para jovens futebolistas e o que ocorre na prática corrente nos clubes de futebol.

A amostra do estudo é constituída por 10 responsáveis pelos Departamentos Médicos de clubes, cujas equipas de juniores disputaram o respectivo Campeonato Nacional na época desportiva 2002/2003.

A avaliação das recomendações nutricionais foi realizada através do questionário semi-quantitativo de frequência de consumo alimentar, elaborado pelo Serviço de Higiene e Epidemologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, cujos dados foram tratados no programa informático Food Processor Plus 5.03. O tratamento estatístico efectuado em SPSS 10.0 e Excel analisou descritivamente (média, desvio padrão e amplitude de variação) as diversas variáveis: macronutrientes (glícidos, lípidos e proteínas), micronutrientes (vitaminas lipo e hidrossolúveis, macro e microminerais) e outros nutrientes (fibra dietética, colesterol, etanol e cafeína).

Os resultados obtidos mostraram, globalmente, que a dieta aconselhada pelos departamentos médicos apresenta uma recomendação de ingestão de proteínas elevada.

Por outro lado, verificou-se que os departamentos médicos sugerem para os seus atletas uma dieta rica, em termos totais (g), em glícidos e que a recomendação para o consumo de lípidos se apresenta dentro dos valores indicados por vários autores e instituições.

No que diz respeito às recomendações para a ingestão de micronutrientes (vitaminas e minerais) não se verificam quaisquer tipo de défices.

Relativamente à categoria outros nutrientes também não se encontraram défices, aferindo-se uma recomendação de consumo algo elevado de fibra dietética e colesterol e uma indicação de ingestão quase inexistente de etanol e cafeína.

Em síntese, os dados do nosso estudo parecem evidenciar bons conhecimentos, por parte da generalidade dos departamentos médicos, relativamente aos padrões alimentares e nutricionais mais ajustados aos adolescentes.

Palavras chave: FUTEBOL; NUTRIÇÃO; RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS; ADOLESCENTES.

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III

ÍÍnnddiiccee GGeerraall

Agradec imentos I

Resumo II

Índ ice Gera l III

Índ ice de Quadros V Índ ice de Abrev ia turas VI

1. In t rodução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2. Revisão Bib l iográf ica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.1 A l imentação.................................................................................................................. 4

2.2. Alimentação em Portugal ................................................................................................. 7

2.3. Nutrição e Saúde ............................................................................................................. 11

2.4. Nutrientes e Fontes Alimentares ...................................................................................... 12

2.4.1. Macronutrientes ................................................................................................. 14

2.4.1.1. Glícidos ................................................................................................. 14

2.4.1.2. Lípidos ................................................................................................. 16

2.4.1.3. Proteínas .............................................................................................. 18

2.4.2. Micronutrientes ................................................................................................... 20

2.4.2.1. Vitaminas .............................................................................................. 20

2.4.2.2. Minerais ................................................................................................ 23

2.4.3. Água ................................................................................................................... 26

2.5. Funções dos Nutrientes ................................................................................................... 27

2.6. Necessidades Dietéticas e Dieta Adequada .................................................................... 28

2.7. Alimentação e Desporto ................................................................................................... 29

2.8. Caracterização das Necessidades Energéticas no Futebol Competitivo ........................ 31

2.9. Necessidades Nutricionais do Jovem Futebolista ............................................................ 34

2.10. Ingestão Nutricional e Futebol – O que comer ............................................................... 36

2.10.1 Antes do Jogo ................................................................................................... 37

2.10.2 Durante o Jogo .................................................................................................. 39

2.10.3 Depois do Jogo ................................................................................................. 40

2.11. Recomendações Nutricionais para o Treino e Competição de Futebolistas ................. 42

3. Mater ia l e Métodos ............................................................................................................ 44

3.1. Caracterização da Amostra .............................................................................................. 44

3.2. Avaliação das Recomendações Nutricionais ................................................................... 44

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IV

3.3. Procedimento na recolha de dados ................................................................................. 45

3.4 Instrumentarium ................................................................................................................ 46

3.5. Procedimentos Estatísticos .............................................................................................. 46

4. Apresentação e Discussão dos Resul tados .............................................................. 47

4.1. Elementos de Caracterização Alimentar .......................................................................... 47

4.2. Questionário de Frequência Alimentar ............................................................................. 48

4.2.1. Valor Energético ................................................................................................. 48

4.2.2. Macronutrientes .................................................................................................. 50

4.2.2.1. Glícidos ................................................................................................. 50

4.2.2.2. Lípidos .................................................................................................. 51

4.2.2.3. Proteínas .............................................................................................. 52

4.2.3. Micronutrientes ................................................................................................... 54

4.2.3.1. Vitaminas .............................................................................................. 54

4.2.3.1.1. Lipossolúveis ....................................................................... 54

4.2.3.1.2. Hidrossolúveis...................................................................... 56

4.2.3.2. Minerais ................................................................................................ 58

4.2.3.2.1. Macrominerais ..................................................................... 59

4.2.3.2.2. Microminerais ...................................................................... 60

4.2.4. Outros Nutrientes ............................................................................................... 62

5. Conclusões ................................................................................................................................. 65

6. Recomendações ........................................................................................................................ 67

7. Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 68

Anexos .......................................................................................................................................... 77

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_________________________________________________________ Introdução

Ricardo M. T. Silva V

ÍÍ nndd ii ccee ddee QQuuaaddrrooss Pág .

Quadro 1: Necessidades diárias e fontes alimentares de glícidos segundo vários autores ........................ 16

Quadro 2: Necessidades diárias e fontes alimentares de lípidos segundo vários autores........................... 18

Quadro 3: Necessidades diárias e fontes alimentares de proteínas segundo vários autores... . . . . . . . . . . . . . 19

Quadro 4: Necessidades diárias, função, deficiência e fontes alimentares de vitaminas lipossolúveis segundo vários autores................................................................................................................................. 21

Quadro 5: Necessidades diárias, função, deficiência e fontes alimentares de vitaminas hidrossolúveis segundo vários autores................................................................................................................................. 22

Quadro 6: Necessidades diárias, função, deficiência e fontes alimentares de minerais (macrominerais)... 24

Quadro 7: Necessidades diárias, função, deficiência e fontes alimentares de minerais (micronutrientes/oligoelementos) ................................................................................................................. 25

Quadro 8: Sugestões para uma refeição (almoço) que precede um jogo/competição................................. 38

Quadro 9: Alimentos com baixo índice glicémico ......................................................................................... 41

Quadro 10: Alimentos com índice glicémico moderado ............................................................................... 41

Quadro 11: Alimentos com alto índice glicémico ......................................................................................... 41

Quadro 12: Instrumentos utilizados na execução do presente estudo ........................................................ 46

Quadro 13: Número de treinos semanais e duração média das sessões de treino ................................... 47

Quadro 14:Questões analisadas .................................................................................................................. 47

Quadro 15: Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação do valor energético a ingerir (Kcal total) ................................................................. ....................... ................................................................... 49

Quadro 16 – valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de glícidos total (g e %VET) ......................................................................................................................... 50

Quadro 17: Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de lípidos total (g e %VET). ............................................................................................................................... 52

Quadro 18: Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de proteínas total (g e %VET)............................................................................................................................ 53

Quadro 19: Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de vitaminas lipossolúveis. ................................................................................................................................ 55

Quadro 20: Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de vitaminas hidrossolúveis............................................................................................................................... 57

Quadro 21: Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de macrominerais............................................................................................................................................... 59

Quadro 22: Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de microminerais ............................................................................................................................................... 61

Quadro 23: Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de outros nutrientes (fibra dietética, colesterol, etanol e cafeína) ..................................................................... 63

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_________________________________________________________ Introdução

Ricardo M. T. Silva VI

ÍÍ nndd ii ccee ddee AAbbrreevv iiaa ttuurraass

AGL.................................. Ácido gordo livre

ADP.................................. Adenosina difosfato

ATP................................... Adenosina trifosfato

AV .................................... Amplitude de variação

C....................................... Carbono

Ca..................................... Cálcio

Cl...................................... Cloro

CP..................................... Fosfocreatina

DP..................................... Desvio padrão

DRI………………………... Dietary Reference Intake

ER..................................... Equivalentes de Retinol

FC..................................... Frequência Cardíaca

FNB………………………... Food and Nutrition Board

g........................................ Grama

H........................................ Hidrogénio

h........................................ Hora

HDL………………………... High Density Lipoproteins

HP…………………………. Hewllet Packard

K........................................ Potássio

kcal................................... Quilocaloria

kg...................................... Quilograma

kJ………………………….. Quilojoule

Km..................................... Quilómetro

l......................................... Litro

LDL………………………… Low Density Lipoproteins

mg..................................... Miligrama

Mg..................................... Magnésio

min.................................... Minuto

MJ..................................... Megajoule

ml…………………………... Mililitro

mmol.................................. Milimol

N........................................ Azoto

Na...................................... Sódio

Nº....................................... Número

O........................................ Oxigénio

P........................................ Fósforo

PC………………………….. Peso corporal

RDA………………………... Recommended Dietary Allowances

S........................................ Enxofre

VET.................................... Valor Energético Total

VLDL………………………. Very Low Density Lipoproteins

VO2 máx............................ Consumo Máximo de Oxigénio

Vs...................................... Versus

ξ……………………………. Média

%…………………………… Por cento

% do VET…………………. Percentagem do Valor Energético Total

<……………………………. Menor

>……………………………. Maior

µg………………………….. Micrograma 0C…………………………... Graus Celsius

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_________________________________________________________ Introdução

Ricardo M. T. Silva 1

11.. IInnttrroodduuççããoo

Ao longo dos tempos, o desporto tem sofrido uma evolução significativa, a ponto de se constituir num dos grandes temas da nossa época.

Neste contexto, realça-se uma modalidade desportiva com longa existência e cuja popularidade tem vindo a aumentar significativamente desde há muito, registando-se um elevado número de praticantes: o Futebol (Garganta, 1988; Silva, 2002).

No Futebol existem factores de rendimento que os jogadores e/ou equipa treinam para que ocorram alterações positivas na performance desportiva. Porém, se algum factor não está devidamente desenvolvido, todos os outros se ressentem.

De entre os inúmeros factores que condicionam a performance, a nutrição tem sido alvo de estudo de vários investigadores (Leatt e Jacobs, 1989; Berning e Steen, 1991; Kirkendall, 1991; Bansgbo et al., 1992; Brooks et al., 1996; Silva, 1997; Shepard, 1999; Silva, 2002) constituindo-se deste modo, como um aspecto relevante no âmbito da rentabilização dos processos de treino e de competição.

A nutrição pode ser definida como o conjunto dos processos de ingestão e conversão das substâncias alimentares em nutrientes que possam ser usados para manter as funções corporais. Os nutrientes podem ser usados como fonte de energia (glícidos, lípidos e proteínas), para sintetizar e reparar tecidos (proteínas, lípidos e minerais), para sintetizar e manter o sistema esquelético (cálcio, fósforo, proteínas) e para regular a fisiologia corporal (vitaminas, minerais, lípidos, proteínas e água).

A nutrição é um dos factores que pode optimizar a performance atlética. Uma nutrição óptima pode reduzir a fadiga, o que permite ao atleta treinar por períodos de tempo mais longos, ou recuperar mais rapidamente entre sessões de treino. A nutrição pode ainda reduzir o risco de lesões ou aumentar a velocidade de recuperação de uma eventual lesão (Brouns, 1995).

Nos últimos 20 anos, a investigação documentou claramente os efeitos benéficos da nutrição na performance desportiva. Não existe dúvida alguma de que aquilo que o atleta ingere pode afectar a sua saúde, o seu peso e composição corporal, a disponibilidade de substratos durante o exercício, o tempo de recuperação após exercício, e por último, a prestação desportiva (Clark, 1994; Manore et al., 2000).

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_________________________________________________________ Introdução

Ricardo M. T. Silva 2

A busca do aumento da eficácia na produção de energia e das melhores fontes de nutrientes tem-se intensificado, tanto para os atletas de elite, como para o atleta comum (Lewis e Guest, 2001).

Os atletas devem assegurar uma dieta saudável, variada e realizar uma correcta hidratação em termos de quantidade e qualidade, antes, durante e após a competição ou treino. Exigem-se adequadas quantidades de glícidos, proteínas, lípidos, vitaminas, sais minerais e água (Foods, Nutrition and Sports Performance, 1992; Kirkendall, 1993; Manore et al., 2000).

As necessidades nutricionais e os factores que influenciam a sua expressão variam ao longo do crescimento. Assim, as necessidades inerentes a um organismo em rápido crescimento, como o que ocorre nos dois primeiros anos de vida e durante a aceleração de crescimento da puberdade, são superiores àquelas que se verificam durante a infância e idades adulta e idosa (Rego, 2003).

No período da adolescência, as necessidades nutricionais são marcadas pelo crescimento rápido e por exigências nutricionais elevadas (Steen, 1991).

Como refere Beals (2001), a adolescência é uma fase de rápido crescimento e desenvolvimento. É estimado que nesta fase os jovens adquirem 50% do seu peso adulto e 15 a 20% da sua estatura adulta (Giovannini et al., 2000; Beals, 2001). Este rápido crescimento e desenvolvimento durante a adolescência exercem um efeito profundo nas necessidades nutricionais e energéticas.

Uma das diferenças mais importantes entre as necessidades nutricionais das crianças e jovens e as dos adultos reside na ingestão de proteínas, a qual deverá ser superior durante os anos de crescimento (Bar-Or e Unnithan, 1994), o que se compreende devido à função essencialmente plástica deste macronutriente.

Se o aporte dietético não for de encontro ao aumento das necessidades nutricionais originado pelo treino desportivo ou actividade física intensa, a prática desportiva poderá influenciar negativamente o crescimento e a maturação biológica dos atletas adolescentes, impedindo o normal desenvolvimento muscular e afectando o desempenho cognitivo (Beals, 2001).

Um jogo de Futebol envolve 90 minutos de actividade intermitente de alta intensidade (Ekblom, 1986) e impõe uma forte deplecção nas reservas hepáticas e musculares de glicogénio (Hargreaves, 1994).

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_________________________________________________________ Introdução

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Como tal, uma nutrição adequada pode optimizar as reservas de substratos para a competição, as quais podem fazer a diferença entre ganhar ou perder (McMurray e Anderson, 1994).

Pelo anteriormente exposto, apercebemo-nos da importância de uma alimentação adequada no desenvolvimento dos jovens desportistas.

Com o presente trabalho monográfico pretendeu-se, partindo das informações recolhidas junto dos departamentos médicos dos clubes, identificar o grau de congruência entre o preconizado pela literatura como recomendações nutricionais e dietéticas para maximizar a performance/recuperação dos jovens futebolistas e o que ocorre na prática corrente nos clubes de futebol. Procurou-se saber qual o distanciamento entre a teoria e a prática, quanto à problemática em estudo, analisando ainda o estado actual do futebol de formação no que concerne aos objectivos, cuidados e importância atribuída à nutrição.

Esta área de investigação e conhecimento nas crianças e jovens é ainda limitada (Olmedilla e Granado, 2000; Lewis e Guest, 2001). Existem vários estudos publicados em conceituadas revistas internacionais onde a temática da nutrição é abordada, no entanto, que tenhamos conhecimento, existe apenas um estudo (Horta, 2003) realizado em jovens futebolistas portugueses do sexo masculino, em que foi utilizada uma amostra de jovens cujas idades variavam entre os 12 e os 16 anos.

Os argumentos apresentados parecem-nos justificar a realização do presente trabalho. Este trabalho poderá permitir um conjunto de informações cuja consciencialização, pode valorizar a intervenção futura de treinadores, professores e demais pessoas ligados à área da formação no Futebol.

Fundamentalmente, promoveu-se uma investigação aplicada, estudando os hábitos e necessidades nutricionais de jovens futebolistas preconizados pelos respectivos departamentos médicos.

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22.. RReevviissããoo BBiibblliiooggrrááffiiccaa

2.1 Alimentação

A alimentação não se destina unicamente à satisfação das nossas necessidades nutricionais.

Actualmente, o homem tem uma acentuada tendência de procurar o prazer na mesa em detrimento de uma adequada resposta às suas carências alimentares. Este comportamento deve-se a hábitos tradicionais transmitidos de geração em geração, a sabores e tendências socioculturais (Falcão, 2000).

Assim sendo, devemos procurar alimentar-nos da maneira mais racional sem descurarmos os tipos de alimentos que melhor se adaptam à época em que vivemos.

A alimentação é um processo de restabelecimento das necessidades nutricionais, e os elementos mais importantes deste processo são os nutrientes. Nesta perspectiva, os nutrientes são os elementos constituintes dos alimentos e estes são substâncias complexas e heterogéneas que, na sua maioria, são transformadas até poderem ser utilizadas pelo nosso organismo.

Segundo Pereira (2000), muitas tentativas têm sido feitas para encontrar uma definição, tão completa quanto possível, do que cientificamente se entende por alimento. Este autor refere que um alimento é uma substância geralmente natural e de composição química complexa que, associada em proporções convenientes com outros alimentos, é capaz de assegurar quer o ciclo regular de vida de um indivíduo, quer a manutenção da espécie a que pertence.

Após esta definição é possível perceber que qualquer substância alimentar ingerida isoladamente é incapaz de sustentar a vida e que esta só é possível se existir uma adequada combinação de alimentos; depreende-se que não existe nenhum alimento natural que seja completo, só a complementaridade entre os vários alimentos permite ao homem satisfazer as suas necessidades nutritivas.

São conhecidos alguns critérios que permitem agrupar segundo uma ordem racional, os milhares de alimentos de que dispomos. Os critérios mais utilizados permitem classificar os alimentos em vegetais, animais, minerais ou sintéticos.

De acordo com Pereira (2000) os alimentos vegetais podem dividir-se segundo a sistemática (gramíneas, leguminosas, algas...), ou segundo a anatomia das plantas (folhas, frutos, tubérculos...). Os alimentos animais dividem-se segundo a sua sistemática (mamíferos,

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aves...) ou conforme a parte do tecido que os constituem (músculo, fígado...); finalmente os alimentos minerais ou sintéticos (água, sais minerais...).

Outros critérios de classificação dos alimentos baseiam-se no processo tecnológico; assim, teremos alimentos frescos, alimentos em conservas ou, até, segundo o seu nível de preparação (alimentos pré-cozinhados,...).

No entanto, um dos critérios que hoje é mais adaptado é, sem dúvida, o que se fundamenta no valor nutritivo dos alimentos, isto é, o que está relacionado com a composição química dos diferentes nutrientes.

A composição química dos diferentes alimentos permitiu classificar os alimentos em cinco grupos diferentes e, tendo a vantagem de os reunir de acordo com afinidades de composição, importância alimentar e possibilidades de substituição. Esses grupos são: 1) grupo das frutas e produtos hortícolas; 2) grupo dos cereais e derivados, 3) grupo do leite e derivados, 4) grupo da carne, peixe e ovos e 5) grupo das gorduras. Estes cinco grupos de alimentos formam a conhecida roda dos alimentos.

Para conhecer com facilidade o valor nutritivo das centenas de alimentos disponíveis e usá-los correctamente no dia-a-dia basta agrupar os alimentos de acordo com as suas características nutricionais, de modo que em cada grupo estejam reunidos aqueles que, em principio, se possam substituir entre si, uma vez que possuem mais semelhanças do que diferenças. Dentro desta concepção, o agrupamento consiste em reunir os alimentos que apresentem semelhanças de composição e que sejam fornecedores característicos de determinados nutrientes.

De acordo com Pereira (2000) o agrupamento dos alimentos tem várias vantagens: a) facilita a elaboração de ementas, uma vez que os produtos dentro de um mesmo

grupo devem trocar-se uns pelos outros; b) facilita a compreensão do valor nutricional de um determinado alimento, desde que se

conheçam as características gerais do grupo onde ele se integra; c) reconhece-se como os vários grupos concorrem para uma alimentação completa e

harmoniosa. A roda dos alimentos portuguesa (Pereira, 2000) indica que o peso de alimentos a

consumir diariamente deve repartir-se (aproximadamente) da seguinte forma: 43 % de frutas e produtos hortícolas; 30 % de produtos cerealíferos, leguminosas secas e tubérculos ricos em glícidos; 14 % de leite e derivados; 10 % de ovos, carnes e peixes e 3 % de óleos e outras gorduras alimentares.

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No dia-a-dia deve usar-se todos os grupos de alimentos, uma vez que cada um tem propriedades específicas e uma acção nutritiva própria. Por isso, nenhum grupo pode ser substituído, cada um tem o seu valor e função específica. Desta forma, podemos perceber que o organismo, para gozar de plena saúde, carece de ser regularmente abastecido de todos os nutrientes em determinadas quantidades e proporções.

Assim sendo, a alimentação, através do estado nutricional dela resultante, constitui-se como um factor com grande repercussão na saúde e duração de vida do indíviduo.

Como tal, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um padrão alimentar saudável adaptado às exigências e gostos dos povos, que cumpra as condições a seguir descritas (Pereira, 2000):

a. Ajuste perfeito do valor energético da alimentação às características biológicas, diferentes necessidades das fases sucessivas do ciclo da vida, estatura, actividade física e clima;

b. Distribuição repartida da comida necessária por várias refeições a intervalos de três horas e meia aproximadamente, com um primeiro almoço completo e equilibrado, atendendo a que o jejum nocturno não deve ultrapassar dez horas;

c. Equilíbrio entre os grupos de alimentos nas proporções sugeridas pela roda dos alimentos;

d. Equilíbrio perfeito entre fontes alimentares de energia de acordo com o referido padrão nutricional ideal. Importa salientar que as calorias devem ser fornecidas na sua maior parte por alimentos ricos em glícidos e, entre estes, por fornecedores de amido; as gorduras alimentares devem ser utilizadas com precaução, sendo incontestável que a gordura mais saudável é o azeite;

e. Utilização de alimentos de boa qualidade higiénica; f. Adopção de preparações culinárias simples e gastronómicas, evitando a destruição

de nutrientes e a alteração de gorduras, quer de constituição ou de adição. As ementas deverão ser agradáveis, respeitando hábitos e tradições, ainda que as inovações, desde que racionais, sejam salutares.

A juntar a estas recomendações da OMS também se poderão definir algumas regras

básicas de uma alimentação saudável e equilibrada, expressas sob a forma de leis da nutrição (Peres, 1994 e Pereira, 2000):

Lei da Quantidade - a ração deve fornecer ao organismo a energia necessária ao seu funcionamento.

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Lei da Qualidade - a ração deve fornecer os nutrientes necessários à vida.

Lei da Harmonia - os nutrientes devem manter entre si determinadas proporções.

Lei da Adequação - os alimentos e a maneira como são preparados devem ser adaptados a cada indivíduo e às suas necessidades particulares.

Se estas leis não forem observadas e se os maus hábitos alimentares se repetirem

frequentemente, o nosso organismo, que não pode manter o seu estado de equilíbrio, acabará por adoecer.

Também Falcão (2000) refere quatro objectivos principais a cumprir para que se efectue uma alimentação correcta e saudável: 1) fornecer os elementos necessários à estrutura do nosso organismo durante a fase de crescimento, na vida adulta e, mais tarde, durante o envelhecimento; 2) proporcionar as substâncias necessárias à protecção e resistência do nosso organismo, para que possa estar em condições de poder responder à agressividade de qualquer ataque infeccioso; 3) abastecer o nosso organismo de certas substâncias necessárias às reacções bioquímicas (tais como vitaminas e minerais) indispensáveis à vida; e 4) fornecer o combustível necessário para que as células, através do seu próprio metabolismo, colaborem quer na manutenção da vida quer na formação de novas células que vão substituir as já degradadas, à excepção dos neurónios.

2.2. Alimentação em Portugal

Em Portugal, identificam-se vários comportamentos alimentares que se prendem com a

situação económica, social e cultural, região, horários de trabalho e organização da vida familiar (Peres, 1994).

Embora Portugal, de um ponto de vista estritamente geográfico, não possa ser considerado um país mediterrânico, a influência deste mar faz-se sentir no clima, na fauna e na flora (Almeida, 1999) além de que ao longo da nossa história, sofremos a mesma influência dos povos que colonizaram os países do Mediterrâneo.

Segundo Valtuena (2001), é na antiga civilização egípcia que se encontram as primeiras origens concretas da dieta mediterrânica. Deste povo destacam-se o fabrico da cerveja, do pão a partir do cultivo do trigo que seria posteriormente moído para fazer farinha, do vinho, o cultivo e consumo das hortaliças e legumes variados (pepinos, azeitonas, alhos, cebolas, lentilhas) e as

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frutas (uvas, melões, figos). Para além da influência desta civilização milenar, é na civilização grega que se encontra a base da dieta mediterrânica, onde surge pela primeira vez a trilogia azeite-pão-vinho.

Para este mesmo autor a influência romana também se faz sentir, ocorrendo em dois períodos diferentes. Um período de esplendor, associado ao cultivo da oliveira, consumo de frutos e hortaliças variadas devido à sua conotação com o desenvolvimento da força e poder passando-se algo similar com a carne. O consumo de legumes e cereais constituem nesta época o alimento principal deste povo. O segundo período coincide com a queda do Império Romano, cujas consequências se notaram também na cozinha, perdendo-se alguns dos alimentos mais característicos da cozinha mediterrânica de então.

O povo árabe ao entrar na Península Ibérica permite que aconteça a fusão do Mediterrâneo oriental e ocidental. A influência árabe é decisiva na dieta mediterrânica, com esta civilização surge uma ordem dos alimentos, uma melhor preparação dos alimentos, melhor confecção com a utilização de especiarias e aromas. Nesta civilização destaca-se a alimentação rica em verduras, legumes e cereais (Valtuena, 2001).

Por este motivo - a múltipla influência cultural – pode dizer-se que Portugal tem uma alimentação tipicamente mediterrânica (Amorim Cruz, 1997; Caldarone e Giampietro, 2001).

Em termos alimentares e de acordo com estes mesmos autores as principais características da dieta do tipo mediterrânica são:

a. A riqueza em energia de origem vegetal embora não seja uma dieta vegetariana; b. A riqueza em alimentos naturais, isto é, em alimentos pouco processados; c. A riqueza em cereais pouco refinados, predominando em Portugal o pão e o arroz; d. A riqueza em batatas; e. A riqueza em produtos hortícolas e fruta; f. O consumo regular de leguminosas secas, de frutos secos e oleaginosas; g. O consumo reduzido de açúcar; h. O consumo reduzido de carnes, nomeadamente carnes vermelhas; i. O consumo reduzido ou moderado de produtos lácteos, predominando leite em

Portugal; j. O consumo elevado de peixe em Portugal; k. O azeite é a gordura dominante; l. O consumo moderado do vinho na Grécia e elevado na Itália, Espanha e Portugal; m. O consumo de sal relativamente moderado na Grécia, Itália e Espanha e elevado em

Portugal.

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Em termos de nutrientes e outros constituintes dos alimentos, Amorim Cruz (1997) refere que a dieta mediterrânica se caracteriza pela:

a. Baixa percentagem da energia total fornecida pelos ácidos gordos saturados; b. Riqueza em ácidos gordos monoinsaturados provenientes do azeite; c. Riqueza em fibras alimentares solúveis e insolúveis; d. Riqueza em antioxidantes, quer vitaminas antioxidantes (vitamina E, vitamina C,

betacaroteno e outras), quer não nutrientes como o bioflavonóides e outros compostos fenólicos que abundam nos produtos hortícolas;

e. Utilização moderada ou elevada do teor de etanol; f. Utilização moderada do teor de sódio, mas ainda assim superior ao dos países do

Norte da Europa e em Portugal demasiado elevado; g. Utilização relativamente baixa do teor de ácidos gordos de configuração TRANS

relativamente baixo. Estes ácidos gordos TRANS formam-se, em grande parte, durante o fabrico de margarinas e molhos de adição, quando se faz a hidrogenação dos óleos vegetais necessária para lhes dar consistência sólida. Podemos por isso dizer que a dieta mediterrânica é um dos padrões alimentares mais

saudáveis e que é compatível com uma grande longevidade. Contudo, nas últimas três décadas, verificaram-se profundas alterações nos hábitos

alimentares nos países desenvolvidos. Nos países mediterrânicos, as modificações foram de tal ordem que presentemente já não existe uma dieta mediterrânica com as características anteriormente referidas em nenhum dos países do Sul da Europa (Amorim Cruz, 1997).

Em Portugal, Espanha, Grécia e Itália foram observadas alterações alimentares muito semelhantes:

1. Acentuado aumento do consumo de alimentos de origem animal - carnes e lacticínios - que conduziu a um maior consumo de ácidos gordos saturados e de proteínas animais, embora seja ainda inferior ao dos países do Norte da Europa;

2. Grande aumento da ingestão de alimentos processados, que levou a um maior consumo de ácidos gordos saturados, ácidos gordos TRANS, açúcar e aditivos, embora estes consumos sejam ainda mais baixos que os dos países do Norte da Europa;

3. Clara diminuição do consumo de cereais, sobretudo dos panificáveis, e de cereais integrais, embora o consumo de cereais em geral continue a ser mais elevado nos países mediterrânicos;

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4. Aumento do consumo de produtos hortícolas e frutos, especialmente evidente na Grécia e na Espanha, que continua a ser superior ao dos países do Norte da Europa. De acordo com Peres (1994) os portugueses de modo mais preocupante do que os

outros povos mediterrânicos, nomeadamente italianos, gregos e turcos, estão a desprezar aceleradamente a sua cultura alimentar e gastronómica e a adoptar hábitos atípicos. De facto trocam um padrão alimentar saudável por um desequilibrado e desajustado em relação às exigências da saúde. Em Portugal, como no resto do mundo, a maneira de comer está hoje bem individualizada quanto às suas características alimentares e nutricionais, condicionantes económicas, sociais e culturais, e repercussões na saúde individual e colectiva. Tem-se adoptado o padrão alimentar ocidental, em que as suas características mais importantes são segundo Peres (1994):

1. Quanto à energia: excesso de calorias em relação aos gastos progressivamente menores com a actividade muscular no trabalho e no lazer, e com as exigências reduzidas pela menor prevalência e gravidade de doenças infecciosas debilitantes e pela melhoria da habitação, vestuário e transportes;

2. Quanto à quantidade de gorduras: muito superior ao limite saudável, quer pelo emprego excessivo de óleos e gorduras alimentares, quer pela preferência crescente por carne e processados cárneos (salsicharia, etc.), quer ainda pelo abuso de alimentos lácteos gordos;

3. Quanto à natureza das gorduras: preferência por gorduras saturadas e degradadas pelo calor; ingestão elevada de colesterol e adopção de combinações de alimentos e de confecções culinárias que favorecem a absorção digestiva deste e dificultam a sua expulsão nas fezes;

4. Quanto a farináceos: redução progressiva de consumo; preferência por produtos cerealíferos espoados e polidos e abandono de leguminosas secas;

5. Quanto a produtos hortícolas e frutos: utilização decrescente e irregular; monotonia das espécies ao dispor; preferência crescente por sumos e refrigerantes em detrimento de frutos em natureza; rejeição das águas de cozedura;

6. Em consequência do referido nestes dois últimos pontos, a alimentação empobrece-se nutricionalmente, porque existe carência de amido, açúcares fermentescíveis, “complantix”, vitaminas (sobretudo complexo B, carotenos e vitamina C) e minerais (nomeadamente potássio, magnésio, zinco, e outros oligoelementos);

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7. Quanto ao álcool: o consumo cresce muito, torna-se diário e sai das refeições; bebidas destiladas e cerveja ganham a primazia;

8. Quanto à carne, peixe e ovos: preenchem cada vez mais o espaço dos fornecedores proteicos, em detrimento dos de origem vegetal; manifesto predomínio de carnes e dos seus processados industriais, os quais concorrem para o exagero de gorduras e colesterol na alimentação; e também de sódio e tóxicos, em consequência dos métodos industriais de confecção de animais e de processamento industrial;

9. Abuso de carne somado ao abuso e má escolha de gorduras, em combinação com consumo baixo de hortofrutícolas em natureza, concorrem decididamente para elevar as gorduras e o colesterol sanguíneos, para aumentar a prevalência de cancros, e para romper o equilíbrio ecológico da flora intestinal de que resultam defecações menos abundantes e menos rápidas e alterações da interacção entre parede intestinal e seu conteúdo;

10. Quanto ao açúcar: adopção rápida, crescente e maciça destas calorias vazias, ou em natureza ou em produtos que o empregam (refrigerantes, doces, compotas, caramelos, outras guloseimas, conservas de produtos hortícolas e processados cárneos);

11. Quanto ao sal: ultrapassagem do limite saudável por exigência da cozinha rápida e pelo emprego de sal em produtos processados;

12. Quanto à culinária: monótona, salgada e engordurada; também desequilibrada por combinações não proporcionadas dos vários grupos de alimentos. Para concluir, Peres (1994) refere que apesar da situação nutricional portuguesa, no seu

conjunto, estar longe de ser boa, não piorou no último decénio. Os últimos indicadores de consumo revelam até interessantes tendências de melhoria.

2.3. Nutrição e Saúde

A nutrição humana é uma importante componente da adaptação a diferentes

envolvimentos (Steen e Brownell, 1993). Enquanto que alimentação se refere à recolha e preparação dos alimentos, a nutrição tem a ver com os processos endógenos de absorção de nutrientes.

Seeley et al. (1997) referem que a nutrição, é o processo através do qual alguns componentes dos alimentos são captados e utilizados pelo organismo. Este processo consiste

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na digestão, na absorção, no transporte e no metabolismo celular. Os mesmos autores referem que a nutrição também pode ser definida como a avaliação das necessidades do organismo, em alimentos sólidos e líquidos, adequadas ao seu normal funcionamento.

Klafs e Arnheim (1981), por sua vez, afirmam que a nutrição é a ciência das substâncias que são encontradas nos alimentos e que são essenciais para a vida.

Actualmente a relação saúde-nutrição é cada vez mais estreita. A investigação permitiu a descoberta de novas substâncias nos alimentos ou nutrientes já conhecidos como aminoácidos, vitaminas e minerais que, em determinadas doses, previnem e tratam várias doenças (Garambone, 2000).

Este autor salienta que a nutrição não é essencial só para o bom funcionamento do organismo humano, ela é essencial no tratamento de vários doenças como a diabetes, problemas gastrointestinais, assim como em distúrbios psiquiátricos do comportamento, na dependência de drogas e em alguns tipos de doenças de natureza mental.

Importa referir que, apesar da qualidade dos alimentos existentes na actualidade, uma alimentação individualizada e devidamente orientada é fundamental, não só para a prevenção e tratamento de doenças, mas também para a melhoria da qualidade de vida.

2.4. Nutrientes e Fontes Alimentares

Os constituintes dos alimentos são conhecidos como nutrientes ou nutrimentos (Peres,

1994), sendo todos eles importantes para o organismo (Seeley et al., 1997; Falcão, 2000; Pereira, 2000), imprescindíveis para que funcione, construa, mantenha e ressintetize as suas estruturas, para que promova os actos de relação da vida (Peres, 1994).

Os nutrientes são compostos químicos que após entrarem no organismo, vão produzir energia, fornecer partes constituintes de novas moléculas ou desempenhar funções noutras reacções químicas. No entanto, existem outras substâncias nos alimentos que não são nutrientes, estas substâncias são as fibras das plantas (Seeley et al., 1997).

O corpo necessita de mais de cinquenta nutrientes conhecidos, estando estes divididos em seis classes principais: lípidos, glícidos, proteínas, vitaminas, minerais e água (Steen e Brownell, 1993; Seeley, et al.,1997; Bezerra, 2000; Falcão, 2000; Pereira, 2000). Peres (1994) por sua vez refere que os nutrimentos se agrupam em sete famílias, acrescentando aos seis anteriores o “complantix”.

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Contudo, tendo em conta as seis classes, Klafs e Arnheim (1981), subdividem os nutrientes ainda, em duas categorias: a) elementos fornecedores de energia (glícidos, lípidos e proteínas) e b) nutrientes reguladores (vitaminas, minerais e água). Outros autores, Seeley et al. (1997), subdividem os nutrientes em nutrientes essenciais e não essenciais. Segundo estes autores, são considerados nutrientes essenciais aqueles que têm de ser obrigatoriamente ingeridos, dado o organismo não os poder produzir, ou não os sintetizar em quantidade suficiente. Este grupo é constituído por alguns dos aminoácidos, alguns dos lípidos, a maioria das vitaminas, minerais, água e uma pequena quantidade de glícidos. Relativamente aos nutrientes não essenciais, isto não significa que, não são necessários ao organismo; há muitos outros nutrientes que são necessários, contudo, se não fizerem parte da dieta, podem ser sintetizados a partir de outros já ingeridos.

Mcardle et al. (1994) e Bezerra (2000), por sua vez subdividem estes elementos em macronutrientes e micronutrientes. Os macronutrientes (os glícidos, os lípidos ou gorduras e as proteínas) são necessários diariamente na ordem das dezenas ou centenas de gramas, por isso chamados de macronutrientes, em contraste com as vitaminas e minerais que são necessários em quantidades da ordem dos miligramas ou microgramas e por isso são chamados de micronutrientes.

Para Mcardle et al. (1994), os macronutrientes servem de combustível biológico e têm também um papel fundamental na manutenção da integridade estrutural e funcional do organismo.

É importante referir que, a qualidade da alimentação depende sem dúvida de um pormenor - a densidade nutricional. A densidade nutricional descreve a adequada quantidade de vitaminas e minerais que um alimento possui, em relação ao seu valor calórico (Klafs e Arnheim, 1981). A alimentação denominada de junk-food (comida de plástico), fornece excessiva quantidade de energia, derivadas da gordura e do açúcar, relativamente à quantidade de vitaminas e minerais, e desta forma, são alimentos com pouca densidade nutricional.

Após esta abordagem aos constituintes dos alimentos percebe-se que através de uma dieta apropriada e equilibrada, é possível fornecer amplamente ao organismo humano as quantidades adequadas de macro e micronutrientes. Assim, é importante delimitar as fontes alimentares onde existam e as suas principais características.

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2.4.1. Macronutrientes

2.4.1.1. Glícidos

Os glícidos são os elementos mais energéticos do corpo humano, e os alimentos

vegetais são os maiores fornecedores destas substâncias (Peres, 1994). Os glícidos também denominados de glícidos e que contribuem com 4kcal.g-1, possuem

na maioria dos casos a fórmula geral de (CH2O)N (Bezerra, 2000). Os glícidos são classificados por Klafs e Arnheim (1981), Steen e Brownell (1993) e

Mcardle et al. (1994) como simples (açúcares) ou complexos (amidos e a maioria das fibras). Os glícidos simples podem ser encontrados nos pastéis, gelatina, mel, fruta e compotas; contudo, estes glícidos subdividem-se em monossacarídeos e dissacarídeos.

Os monossacarídeos mais comuns são a glicose, frutose e galactose. A glicose é formada como um açúcar natural no alimento, sendo produzida no corpo como resultado da digestão dos glícidos complexos ou através do processo de neoglicogénese. Após a sua absorção ao nível do intestino delgado esta pode ser utilizada directamente pela célula para obter energia, pode ser armazenada como glicogénio nos músculos ou no fígado ou pode ser transformada em gordura para o armazenamento de energia (Horta, 2000).

A frutose, ou açúcar dos frutos e a galactose são dois açúcares simples que possuem a mesma fórmula que a glicose, contudo diferem entre si. Apesar de alguma frutose ser absorvida para o sangue a partir do sistema digestivo, a maior parte é transformada lentamente em glicose no fígado. A galactose, não é encontrada livremente na natureza, sendo produzida nas glândulas mamárias dos animais em lactação, contudo é transformada em glicose para o metabolismo energético (Mcardle et al., 1994).

Os dissacarídeos, constituem aquilo que Mcardle et al. (1994) denominam de oligossacarídeos e são formados por dois monosacarídeos. Os três principais dissacarídeos são: a sacarose (açúcar de mesa), a lactose e a maltose.

Os glícidos complexos são constituídos por moléculas de açúcar simples, agrupadas entre si, sendo por este facto denominados de polissacarídeos (Mcardle et al., 1994). Este tipo de glícidos são encontrados normalmente nas massas alimentícias, pão, cereais, arroz, frutas e vegetais. Importa referir que o organismo apenas absorve açúcares simples, por isso os glícidos complexos são desdobrados no intestino nas suas monoses constituintes (Peres, 1994).

Existem duas classificações de polissacarídeos, são elas: 1) os vegetais e, 2) os animais (Mcardle et al., 1994). Nos polissacarídeos vegetais encontramos o amido e as fibras, enquanto

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que nos animais encontramos o glicogénio, que é o polissacarídeo sintetizado a partir da glicose e armazenado nos tecidos animais.

O amido é um glícido complexo, constituído por longas cadeias de glicose. Durante o processo digestivo, as cadeias de amido são degradadas e as unidades de glicose são libertadas para serem absorvidas. O amido é encontrado nas sementes, milho, arroz, batata e pão (Klafs e Arnheim, 1981).

As fibras, que actualmente têm sido consideradas importantes na dieta, fazem parte da constituição estrutural das plantas e ao contrário do amido não sofrem o processo digestivo, sendo assim indigeríveis no organismo (Ha et al., 2000 e Lopes, 2000). Deste modo, Giovannini et al. (2000) e Ha et al. (2000) definem a fibra alimentar como todo e qualquer componente dietético que atinge o cólon sem ser absorvido no tubo digestivo.

No entanto, Lopes (2000) refere que uma designação mais recente para o conjunto destas substâncias é a palavra “complantix” (que significa o conjunto de materiais indigeríveis das plantas e que formam no intestino uma matriz que constitui o resíduo da refeição digerida). Este autor, afirma ainda que este conjunto envolve também outros componentes menos indigeríveis provenientes das paredes celulares das plantas como: ceras e cutininas, compostos proteicos, minerais indigeríveis e ácido fítico; e ainda os produtos de Maillard, sendo sugerido o nome de “complantix” (complexo + plantix) para representar o conjunto destas substâncias.

De acordo com a sua capacidade de absorção e retenção de água (Lopes, 2000), as fibras alimentares são designadas de: fibras insolúveis (lenhina, celulose e algumas hemiceluloses) - que captam pouca água e formam misturas de baixa viscosidade e fibras solúveis (pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses) - captam muita água e formam misturas de alta viscosidade (Klafs e Arnheim, 1981; Lopes, 2000). Quanto às fontes alimentares, as fibras encontram-se nos alimentos de origem vegetal, tais como cereais, leguminosas secas, cereais integrais, produtos hortícolas e fruta. A ingestão de fibras alimentares deve rondar as 30 gramas por dia (Giovannini et al., 2000) ou as “age plus five” gramas por dia [(idade + 5) g.dia-1] (Williams et al., 1995).

Embora vários autores incluam as fibras alimentares nos glícidos, Ha et al. (2000) sugerem que as fibras devem ser retiradas da classe dos glícidos, devido a estas possuírem componentes que não são glícidos, sendo exemplo as lenhinas e as cutinas.

O quadro 1 apresenta as doses recomendadas e fontes alimentares relativas aos glícidos.

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Quadro 1 – Necessidades diárias e fontes alimentares de glícidos segundo vários autores.

Glícidos Necessidades Diárias Fontes Alimentares*

Glícidos Totais

343-400g ou 65% VET (Ferreira, 1994); 422,5g ou 65% VET em atletas (Reis, 1988); 55-60% VET (Wilmore e Costill, 1994; Giovannini et al., 2000); 55-65% VET (Brouns, 1992 e Clark, 1994); 58% VET (Steen e Brownell, 1993);

58-65% VET (Heyward, 1991); 130g ou 45-65% VET para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 2002); 60-70% VET (FNSP, 1992; Manore et al., 2000; Papodopolou et al.,

2000 ; Rego, 2003).

Frutos, mel, açúcar, melaço, leite, cereais, legumes, tubérculos, carne, peixe, sementes, farelo, vegetais.

Glícidos Simples 10%VET (Steen e Brownell, 1993); 10%VET (Heyward, 1991).

Frutos, mel, açúcar, melaço, leite, produtos de malte, doces, geleias, gelatinas, marmeladas, bebidas açucaradas.

Glícidos Complexos 48%VET (Steen e Brownell, 1993). Cereais, legumes, tubérculos, carne, peixe.

“Complantix” ou Fibras

Alimentares

25-50g (Steen e Brownell, 1993); 25-35g (Horta, 2000) 30g (Giovannini et al., 2000) ; 38g para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 2002).

Farelo, farinha, pão, arroz, favas, grão, feijão, ameixas, espinafres, ervilhas, batatas, cenouras, fruta, cereais integrais, leguminosas, aveia.

*Ferreira (1994), Rodrigues dos Santos (1995), Seeley et al. (1997), Falcão (2000), Horta (2000). VET = Valor Energético Total

2.4.1.2. Lípidos Os lípidos são outro componente essencial da dieta, eles constituem a maior fonte

energética, contudo apesar das suas muitas funções, devem ser consumidos com moderação. Ambas as fontes alimentares, vegetal e animal, são fornecedoras de gordura dietética.

Desta gordura, cerca de 95% dos lípidos envolvidos na dieta humana, são consumidos na forma de triglicerídeos (Mcardle et al., 1994). Os lípidos são importantes fontes de energia e são utilizados predominantemente no trabalho muscular, cumulativamente com os glícidos. A degradação dos lípidos liberta energia na ordem das 9 kcal.g-1 (Steen e Brownell, 1993; Falcão, 2000; Horta, 2000). Para além de fornecer energia, os lípidos constituem o tecido adiposo que envolve e protege os orgãos, formando uma camada isoladora, por baixo da pele, que evita a perda de calor. Contudo, a gordura dietética transporta também, as vitaminas lipossolúveis A, D, E e K.

Os lípidos podem ser enquadrados num dos três grupos principais: simples, compostos e derivados, denominando-se de triglicerídeos, fosfolípideos e colesterol respectivamente (Steen e Brownell, 1993).

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Os lípidos simples, também denominadas de lípidos neutros (Mcardle et al., 1994), consistem principalmente em triglicerídeos. Uma molécula de triglicerídeos é constituída por três ácidos gordos ligados a uma molécula de glicerol. É comum chamar-se gorduras aos triglicerídeos (Seeley et al., 1997) subdividindo-se assim as gorduras dietéticas em gorduras saturadas e gorduras insaturadas (Steen e Brownell, 1993; Mcardle et al., 1994).

As gorduras são saturadas quando os átomos de carbono dos ácidos gordos, que as constituem, estão ligados por ligações covalentes simples; são insaturadas quando têm uma (monoinsaturadas) ou mais (poli-insaturadas) ligações covalentes duplas.

Existem gorduras saturadas principalmente em produtos animais, incluindo carne de vaca, porco, galinha, sendo também encontradas na gema do ovo, leite, manteiga e queijo. Contudo, também existem em alimentos vegetais como o óleo de coco e manteigas vegetais, assim como são encontradas em níveis elevados nos bolos, tostas e doces preparados comercialmente.

Relativamente às gorduras insaturadas, elas são provenientes fundamentalmente de fontes vegetais, uma das características deste tipo de substâncias é o facto de se liquefazerem à temperatura ambiente.

Os lípidos compostos são formados por um lípido neutro em combinação com outras substâncias químicas. Encontramos nesta classe os fosfolípideos, que na sua constituição têm uma ou mais moléculas de ácidos gordos com ácido fosfórico e uma base de nitrogénio. Os fosfolípideos são fundamentais para manter a integridade estrutural da célula, na coagulação sanguínea e na estrutura da bainha de mielina das fibras nervosas. Outros lípidos compostos de grande importância são as lipoproteínas, pois constituem a principal forma de transporte de lípidos no sangue, sendo formados principalmente no fígado e são compostos por triglicerídeos, fosfolípideos e colesterol ligados a uma proteína. As lipoproteínas dividem-se em (Mcardle et al., 1994):

1. Lipoproteínas de alta densidade (HDL - high density lipoproteins) - contêm menor quantidade de colesterol;

2. Lipoproteínas de baixa e muito baixa densidade (LDL - low density lipoproteins e VLDL -

very low density lipoproteins) - contêm maiores níveis de gordura e menos de proteína, sendo responsáveis por lesões nas artérias, aumentando a probalidade de doenças cardíacas. Relativamente aos lípidos derivados, estes incluem substâncias derivadas dos lípidos

simples e compostos, tendo o colesterol um papel de destaque neste tipo de substâncias. O colesterol é um componente essencial das membranas estruturais de todas as células e é o

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principal componente do cérebro e das células nervosas (Falcão, 2000). O organismo utiliza o colesterol para formar ácidos biliares, que intervêm no processo de absorção dos alimentos, na formação das hormonas sexuais e corticais. O restante permanece no sangue sob a forma de lipoproteínas. Importa referir que um colesterol total elevado no sangue, com uma quantidade baixa de HDL provoca um maior risco de desenvolver doenças coronárias (Falcão, 2000). É importante referir que Horta (2000) defende que no jovem desportista os níveis de colesterol deverão estar abaixo de 220 mg.l-1.

O quadro 2 apresenta as doses recomendadas e fontes alimentares relativas aos lípidos.

Quadro 2 - Necessidades diárias e fontes alimentares de lípidos segundo vários autores. Lípidos Necessidades Diárias Fontes Alimentares*

Lípidos Total

15-25% VET (Manore et al., 2000) ; >20% e <30% (Giovannini et al., 2000) ; 25-30% VET (Papodopolou et al., 2002 ; Rego, 2003) ; 25-35% VET para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 2002); <30% VET (Clark, 1994); 30%VET (Heyward, 1991; Steen e Brownell, 1993; Wilmore e Costill,

Carnes bovina, porco, vitela, carneiro, aves, peixe gordo, leite e derivados, ovos, manteiga, chocolate, óleo de soja, óleo de milho, manteiga de amendoim, caju.

Ácidos Gordos Saturados

10%VET (Steen e Brownell, 1993; AHA, 2000); 10%VET (Heyward, 1991); 20% da ingestão total de gorduras (Ferreira, 1994).

Carnes vermelhas, manteiga, leite, amendoim.

Ácidos Gordos Monoinsaturados

70% da ingestão total de gorduras (Ferreira, 1994); 10% VET (Heyward, 1991); 10-15% (Steen e Brownell, 1993).

Óleos vegetais, azeite, margarina, animais marinhos.

Ácidos Gordos Polinsaturados

10% da ingestão total de gorduras (Ferreira, 1994); 10% VET (Heyward, 1991; Steen e Brownell, 1993, AHA, 2000).

Óleos vegetais, azeite e animais marinhos.

Colesterol

220 mg.dl-1 (Horta, 2000); < 300mg (CNC, 1988; Steen e Brownell, 1993; Seeley et al., 1997;

Giovannini et al., 2000).

Gema de ovo, carne, manteiga, queijo, rim, camarão, lagosta, caranguejo.

* Ferreira (1994); Mcardle et al. (1994).

VET = Valor Energético Total

2.4.1.3. Proteínas As proteínas assemelham-se estruturalmente aos glícidos e lipídos por conterem

átomos de carbono, oxigénio e hidrogénio. Além disso, as proteínas também contêm nitrogénio, que perfaz cerca de 16% das moléculas, juntamente com o enxofre, fósforo e ferro.

As proteínas são necessárias para o crescimento, manutenção e reparação dos tecidos corporais (Rodrigues dos Santos, 1995), são também importantes para a formação de enzimas, hormonas e anticorpos que ajudam a combater as infecções. Os músculos, orgãos, pele, nervos, cabelos e unhas são constituídos fundamentalmente por proteínas (Rodrigues dos Santos, 1995).

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Estes elementos, são fontes energéticas importantes debitando aproximadamente 4 kcal.g-1, contudo, o corpo prefere utilizar os glícidos e os lípidos como combustíveis para o trabalho muscular.

Tendo em conta estes aspectos podemos referir que as proteínas têm um valor biológico muito particular e até insubstituível na medida em que, são as substâncias constitutivas dos nossos tecidos e que lhes conferem a indispensável plasticidade (Falcão, 2000).

As moléculas das proteínas são constituídas por subunidades mais pequenas que são os aminoácidos (Mcardle et al., 1994, Rodrigues dos Santos, 1995 e Bezerra, 2000).

O quadro 3 apresenta as doses recomendadas e fontes alimentares relativas às proteínas.

Quadro 3 - Necessidades diárias e fontes alimentares de proteínas segundo vários autores.

*Soler e Mesenguer (2001). VET = Valor Energético Total PC = Peso Corporal

De facto, segundo Bezerra (2000), as proteínas são necessárias na alimentação

humana principalmente pela necessidade de aminoácidos nos processos de biossíntese. É tradição dividir os aminoácidos em essenciais e não essenciais (Ferreira, 1994;

Rodrigues dos Santos, 1995; Seeley et al., 1997; Silva, 1997 e Bezerra, 2000). Os aminoácidos essenciais não são sintetizados pelo corpo e têm de ser obtidos através da alimentação, estes são: a valina, a fenilalanina, o triptófano, a treonina, a isoleucina, a metionina, a leucina e a lisina. Relativamente aos aminoácidos não essenciais, estes são a tirosina, cisteína, glícina, glutamina, prolina, aspargina, alanina, serina, hidroxilisina, hidroxiprolina, cistina e podem ser sintetizados pelo organismo se uma adequada quantidade de outros aminoácidos estiverem disponíveis. Para além destes, há outros dois aminoácidos, que apesar do organismo os poder sintetizar, não existem em quantidade suficiente para cobrir as necessidades orgânicas e

Proteínas Necessidades Diárias Fontes Alimentares*

Proteínas Totais

0,8 g/PC ou 12% da VET (Seeley et al., 1997); 12% da VET ou 0,9 a 1,0 g.kg-1 (Heyward, et al., 1991) ; 52g ou 0,85g.Kg-1 ou 10-30% VET para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB,

2002); 12% a 14% do VET (Giovannini et al., 2000) ; 12-15% VET (Leaf e Frisa, 1989; Papodopolou et al., 2002; Rego, 2003); 1,2-1,4 g.Kg-1.PC ou 12-14% VET (Manore et al., 2000); 1,2-1,8 g.kg-1 (Rego, 2003); 1,4-1,7 g.Kg-1 (Lemon, 1994).

Galinha, lentilhas, gambas, queijos, fiambre, salmão, ovos, cereais integrais, fígado, amêndoas, carne.

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exigências metabólicas que se geram durante a fase de crescimento dos indivíduos, por isso ambos têm de ser incluídos na dieta para que não ocorra uma situação carencial patológica, são eles: a arginina e a histidina (Soler e Mesenguer, 2001).

O valor ou a qualidade de uma proteína depende de dois factores: do seu conteúdo em aminoácidos essenciais e da sua digestabilidade (Bezerra, 2000).

Os vários alimentos apresentam diversos conteúdos quer em proteínas, quer em valor energético. Contudo, as proteínas provenientes de alimentos animais, geralmente contêm todos os aminoácidos essenciais e por isso são consideradas completas, enquanto que as proteínas de origem vegetal são "incompletas" pois um ou mais aminoácidos não estão presentes (Steen e Brownell, 1993).

2.4.2. Micronutrientes

Os micronutrientes são representados pelas vitaminas e minerais, os quais, não

libertando energia nem tendo acção plástica evidente, são indispensáveis na regulação dos processo metabólicos, incluindo os bioenergéticos (Martins e Martins, 2000). Estes são elementos bioreguladores importantes em todos os processos metabólicos corporais.

2.4.2.1. Vitaminas

As vitaminas são moléculas orgânicas presentes nos alimentos naturais, indispensáveis

ao crescimento e à manutenção da vida. Como não são sintetizáveis pelo nosso organismo têm de ser incluídas na dieta em pequenas quantidades (Falcão, 2000 e Martins e Martins, 2000).

Muitos seres vivos perderam a capacidade de sintetizar algumas coenzimas (pelo menos nas quantidades indispensáveis) necessitando na sua alimentação de moléculas precursoras denominadas de vitaminas (Bezerra, 2000).

Estas classificam-se tradicionalmente, segundo um critério de solubilidade, em vitaminas lipossolúveis (solúveis em gordura) e vitaminas hidrossolúveis (solúveis em água) (Falcão, 2000 e Martins e Martins, 2000).

As vitaminas lipossolúveis não necessitam de ser ingeridas diariamente, pois estas substâncias são dissolvidas e armazenadas nos tecidos adiposos do corpo, este tipo de vitaminas é obtido na gordura dietética (Mcardle et al., 1994) e a sua absorção está dependente da presença de lipídos (Martins e Martins, 2000).

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De acordo com Martins e Martins (2000), as vitaminas hidrossolúveis, encontram-se nos alimentos ligados a proteínas específicas e diluem-se na água. Devido à sua solubilidade na água as vitaminas hidrossolúveis são excretadas pela urina, de tal forma que raramente se acumulam em concentrações tóxicas (Mcardle et al., 1994), por esta mesma razão o seu armazenamento é limitado pelo que devem ser ingeridas regularmente.

A constituição química das vitaminas é muito diferente entre si. Em alguns casos são compostos de carbono, hidrogénio e oxigénio, de estrutura semelhante à dos glícidos ou dos lípidos, ligados ou não a núcleos aromáticos e noutros compostos de carbono, hidrogénio e azoto com ou sem enxofre, de estrutura complexa identificável à de algumas substâncias proteicas, tratando-se sempre de compostos orgânicos, sintetizados por plantas e microorganismos (Ferreira, 1994).

Relativamente à sua funcionalidade, as vitaminas são compostos essenciais à degradação de determinados constituintes alimentares, contribuindo para a libertação da energia por eles armazenada e intervindo na regulação do metabolismo das unidades estruturais, actuando como sistemas de carácter enzimático ou hormonal. Outras, têm mecanismos de actuação ainda desconhecidos, parecendo estar relacionados igualmente com a estabilização e metabolismo de certas substâncias ou tecidos (Falcão, 2000).

Este autor refere também que, em geral a falta total de uma vitamina não provoca a morte, contudo durante algum tempo, esta falta pode ser responsável por determinada sintomatologia que normalmente se associa a determinadas doenças (pelagra, anemia perniciosa, escorbuto, etc.).

Quanto às necessidades diárias em vitaminas, estas podem ser satisfeitas através de uma alimentação equilibrada e variada (Luxbacher, 1993; Fogelholm, 1994; Verheijen, 1998; Shephard, 1999; Horta, 2000; Manore et al., 2000; Papodopolou et al., 2002; Rego, 2003; Rocha, 2003). O quadro quatro apresenta as necessidades diárias, função, deficiência e fontes alimentares de vitaminas lipossolúveis segundo vários autores.

Quadro 4 - Necessidades diárias, função, deficiência e fontes alimentares de vitaminas lipossolúveis segundo vários autores.

Vitamina Necessidades Diárias Função* Deficiência Fontes Alimentares*

A (Retínol)

875µg (Seeley et al, 1997); 1,0 mg (Mcardle et al, 1994); 1000µg ER (homens), 800µg (mulheres) (Soler e

Mesenguer, 2001); 900µg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 2001).

Manutenção da visão e tecidos epiteliais. Processos de crescimento e nas funções imunológicas do organismo.

Xeroftalmia; Cegueira nocturna/ permanente.

Fígado, ovos, leite, frutas, verduras, óleos de peixe, rim, leite gordo, cenoura vermelha, couve portuguesa.

D (Calciferol)

6,5 µg (Seeley et al, 1997); 0,005 mg (Mcardle et al, 1994); 5µg (FNB, 1989); 5- 20µg (Soler e Mesenguer, 2001); 5µg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 1997).

Age como hormona no processo de

mineralização dos ossos e dentes.

Raquitismo (crianças);

Osteomalacia (adultos).

Óleos de fígado de peixe, manteiga, gema de ovo, margarina.

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E (Tocoferol)

9 mg (Seeley et al, 1997); 10 mg (Mcardle et al, 1994); 5 a 10 mg (Soler e Mesenguer, 2001); 15mg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 2000).

Serve como captador de radicais livres

protegendo as células da peroxidação lipídica.

Possível anemia.

Carnes magras, óleos vegetais, nozes, avelãs, cereais (gérmen trigo),

manteiga, ovos, grão de bico.

K

65 µg (Seeley et al, 1997); 0,008 mg (homens) e 0,006 mg; (mulheres) (Mcardle et al, 1994); 200 a 300µg (Soler e Mesenguer, 2001); 75µg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 2001).

Possui propriedades anti-hemorágicas.

Hemorragias graves.

Fígado, gema de ovo, castanha, verduras (repolho,

couve flor, espinafres).

* Heyward (1991), Rodrigues dos Santos (1995), Seeley et al. (1997), Falcão (2000), Soler e Mesenguer (2001). ER = Equivalentes de Retinol

Relativamente às necessidades diárias e fontes alimentares das vitaminas hidrossolúveis, estas estão expostas no quadro cinco.

Quadro 5 - Necessidades diárias, função, deficiência e fontes alimentares de vitaminas hidrossolúveis segundo vários autores.

Vitamina Necessidades Diárias Função* Deficiência Fontes Alimentares*

C (Ácido

Ascórbico)

60 mg (Seeley et al, 1997); 60 mg (Mcardle et al, 1994) ; 75 mg para rapazes dos 14 aos 18

anos (FNB, 2000) ; 80 mg (Soler e Mesenguer, 2001).

Biossíntese do colagénio, catecolaminas, serotonina, e carnitina. Actua como antioxidante e é necessária para a absorção, transporte e armazenamento do ferro não-eme.

Escorbuto.

Frutos (kiwis, citrinos, morangos melão), alimentos de folha verde, verduras, batatas, pimentos.

B1 (Tiamina)

1,2 mg (Seeley et al, 1997; FNB, 1998);

1,1-1,5 mg (Mcardle et al, 1994, FNB, 1989);

1,1-1,5 mg (Soler e Mesenguer, 2001) .

Coenzima em algumas reacções bioquímicas do metabolismo dos hidratos de carbono.

Beriberi

Carnes, cereais inteiros, legumes, hortaliças, levedura da cerveja, legumes secos, gema de ovo, grão de cereais.

B2 (Riboflavina)

1,3 mg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 1998);

1,4 mg (Seeley et al,1997); 1,3-1,7 mg (Mcardle et al, 1994;

FNB, 1989); 1,2-1,7 mg (Soler e Mesenguer,

2001).

Actua na oxidação celular, especialmente como transportadora de hidrogeniões no sistema mitocondrial de transporte de electrões.

Conjuntivite; Dermatites - ruptura da mucosa da boca, dos lábios, da língua; desordens hepáticas.

Carnes, vísceras, verduras, leite e farinha integral.

B3 (Niacina)

13-17 mg (Soler e Mesenguer, 2001);

16 mg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 1998).

Actua como receptor e dador de hidrogeniões na glicólise, oxidação dos ácidos gordos e no sistema de transporte de electrões.

-

Vísceras, carnes, peixe, legumes, leguminosas secas, cereais completos e batata.

B6 (Pirodixina)

1,3 mg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 1998);

1,5 mg (Seeley et al, 1997); 1,6 -2,0 mg (Mcardle et al, 1994;

FNB, 1989); 1,3-2,1 mg (Soler e Mesenguer,

2001).

Actua no metabolismo das proteínas e dos aminoácidos, na gluconeogénese e na formação de hemoglobina, mioglobina e citocromos.

Irritabilidade, dermatite, convulsões, perturbações gastrointestinais, distúrbios nervosos e apatia.

Carne, feijão verde, cereais inteiros e peixe branco.

B12 (Cobalamina)

2 µg (Seeley et al, 1997); 0,002 mg (Mcardle et al, 1994); 2,4µg para rapazes dos 14 aos 18

anos (FNB, 1998); 2,5µg (Soler e Mesenguer, 2001).

Papel fundamental na formação e funcionamento das células vermelhas do sangue.

Anemia perniciosa, transtornos neurológicos.

Leite, ovos, carne, fígado e rins.

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* Heyward (1991), Rodrigues dos Santos (1995), Seeley et al. (1997), Falcão (2000), Soler e Mesenguer (2001).

2.4.2.2. Minerais

Os minerais constituem cerca de 4 a 5% do total do peso corporal e estão envolvidos em diversas funções muito importantes. Fazem parte das enzimas, de algumas vitaminas e da hemoglobina, entre outras moléculas orgânicas.

Os minerais entram no organismo isoladamente ou combinados com moléculas orgânicas, podendo as suas fontes ser de origem animal ou vegetal. Alimentos como os cereais, pão refinado, gorduras e os alimentos ricos em açúcares contêm poucos minerais (Pereira, 2000).

Os minerais encontram-se no organismo sobre três formas (Ferreira 1994, Krause e Mahan, 1991): 1) no estado sólido, cristalizados, não ionizados, no esqueleto e dentes; 2) em solução, ionizados, no meio celular ou nos líquidos circulantes; e 3) em combinação com compostos orgânicos (fosfoproteínas, fosfolipídos, hemoglobina), nos quais perdem o carácter de substâncias minerais.

Dos noventa e dois (92) elementos da tabela periódica cerca de vinte e sete (27) encontram-se nos seres vivos. Cerca de noventa e nove por cento (99%) da massa das células é constituída por hidrogénio (H), carbono (C), oxigénio (O) e azoto (N). Estes quatro elementos, juntamente com o fósforo (P) e enxofre (S) são designados por elementos formadores dos seres vivos sendo através de ligações covalentes que formam as moléculas biológicas (Bezerra, 2000).

O sódio (Na), potássio (K), magnésio (Mg), cálcio (Ca) e o cloro (CI) são chamados iões monoatómicos, encontram-se nos seres vivos e desempenham propriedades muito importantes na fisiologia celular, nomeadamente no transporte membranar (Bezerra, 2000) e no controlo do equilíbrio hídrico no meio extra-celular (Klafs e Arnheim, 1981).

Ácido Pantoténico

60 mg (Seeley et al.,1997); 4-7 mg (Mcardle et al,1994) ; 5mg para rapazes dos 14 aos 18

anos (FNB, 1998).

É um componente estrutural da coenzima A (CoA), tendo por isso um papel fundamental no Ciclo de Krebs.

Fadiga, náuseas, transtornos de sono, falta de coordenação.

Fígado, levedura, folhas verdes, carne, leite, vegetais verdes e grão de cereais.

Biotina 180µg (Seeley et al, 1997); 25 µg para rapazes dos 14 aos 18

anos (FNB, 1998).

Coenzima para várias enzimas carboxílicas importantes para providenciar intermediários para o Ciclo de Krebs e metabolismo dos aminoácidos. Importante na síntese de ácidos gordos e glicogénio.

Fadiga, náuseas, depressão, dermatite.

Fígado, ovo, cereais, frutos secos e rins.

Ácido Fólico 400µg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 1998).

Síntese do ADN e no metabolismo dos nucleótidos e aminoácidos. Importante nos tecidos que sofrem renovações rápidas como os eritrócitos.

Anemia, diarreia, perturbações do crescimento.

Fígado, rim, vegetais frescos, legumes, frutas e grãos de cereais.

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Assim, de acordo com as necessidades do organismo, os minerais podem classificar-se segundo (Krause e Mahan, 1991; Powers e Howley, 1997; Martinez, 1998):

Macrominerais (quadro 6) - cuja concentração no organismo é superior a 0,005% do peso corporal e são necessários em quantidades de 100 mg.dia-1 ou mais.

Microminerais ou oligoelementos (quadro 7) - cuja concentração no organismo é inferior a 0,005% do peso corporal e são requeridos em quantidades menores que 100mg.dia-1.

Quadro 6 - Necessidades diárias, função, deficiência e fontes alimentares de minerais (macrominerais).

Mineral Necessidades Diárias Função* Deficiênciaa Fontes Alimentares*

Cálcio

900 mg (Seeley et al., 1997); 800 mg (Mcardle et al., 1994); 800 mg -1200 mg (Falcão, 2000); 1300 mg para rapazes dos 14 aos 18

anos (FNB, 1997).

Formação de ossos duros. Transmissão de impulsos nervosos. Activação de certas enzimas. Manutenção do potencial de membrana. Contracção muscular.

Osteoporose.

Leite e derivados, sardinhas, mariscos, ostras, vegetais verde escuros, legumes secos.

Fósforo 900 mg (Seeley et al., 1997); 800 mg (Mcardle et al., 1994) ; 1250mg para rapazes dos 14 aos 18

anos (FNB, 1997) .

Componente do osso. Factor tampão nos fluídos corporais. Componente do ATP, nucleótidos e coenzimas.

Síntese diminuída de ATP e outros compostos orgânicos de fosfato. Muito rara;

Alimentos proteicos (queijos, gema de ovo, leite, carnes, peixes, aves), cereais de trigo integral, legumes, castanhas.

Magnésio

3,5 mg (Seeley et al., 1997); 350 mg (Mcardle et al., 1994) ; 350 mg (homens >19 anos) (Falcão,

2000); 410mg para rapazes dos 14 aos 18

anos (FNB, 1997).

Co-factor das enzimas no metabolismo enzimático. Manutenção dos potenciais eléctricos nos músculos e nervos. Componente do osso.

Má absorção, perda de fluídos corpóreos e certas doenças hormonais e renais.

Vegetais de folha verde, sementes (cereais, nozes, leguminosas), chocolate, carnes, leite.

Potássio 2 g (Seeley et al., 1997) ; 2000mg (FNB, 1989; Falcão, 2000); 3,75 g (Ferreira, 1994) ; 1,9-5,6g para atletas (Reis, 1988) .

Equilíbrio hídrico, actua na função e contracção muscular, equilíbrio ácido-base, funcionamento do sistema nervoso.

Debilidade muscular.

Feijão seco, batata, couve, feijão verde, castanha, frutos, fígado, rim, pescada, ovos e leite.

Sódio 500 mg (FNB, 1989 ; Seeley et al.,

1997); 500-3000mg (Falcão, 2000).

Acção no equilíbrio hídrico. Actua na função muscular e no metabolismo da contracção muscular. Age no equilíbrio ácido-base.

Raramente ocorre; Restrições com doenças cardiovasculares.

Sal de cozinha comum, alimentos do mar, alimentos animais, leite, ovos, queijo, pão branco, carne fumada.

* Heyward (1991), Ferreira (1994), Mcardle et al. (1994), Rodrigues dos Santos (1995), Seeley et al. (1997), Falcão (2000). a Krause e Mahan (1991), Ferreira (1994), Falcão (2000).

Na maioria dos casos, as necessidades em minerais podem ser facilmente repostas com uma dieta adequada.

O outro grande grupo de elementos que existem nos seres vivos, denominados oligoelementos (microminerais) (encontram-se em pequena quantidade <100mg.dia-1), compreendem o ferro, cobre, manganésio, zinco, iodo, flúor, cobalto, níquel e outros menos conhecidos no seu papel nutricional, como crómio, lítio, selénio, molibdénio, vanádio, arsénio, boro, silício e alumínio (Ferreira, 1994 e Falcão, 2000).

Para Ferreira (1994) os oligoelementos que mais frequentemente estarão em falta na alimentação humana são o ferro, iodo, flúor, cobre e zinco.

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Quadro 7 - Necessidades diárias, função, deficiência e fontes alimentares de minerais (micronutrientes/oligoelementos).

Mineral Necessidades Diárias Função* Deficiënciaa Fontes Alimentares*

Ferro

12 mg (Seeley et al., 1997); 10 mg (homens) e 15 mg

(mulheres) (Mcardle et al,1994);

11mg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 2001).

Componente da hemoglobina, mioglobina e das enzimas implicadas no metabolismo energético; transportador de oxigénio e dióxido de carbono e constituinte activo de enzimas que participam nos processos de respiração.

Anemia e cansaço. Ovos, carne magras, legumes, cereais integrais, vegetais com folhas verdes.

Zinco 11mg para rapazes dos 14

aos 18 anos (FNB, 1998) ; 13 mg (Seeley et al., 1997) ; 15 mg (Mcardle et al.,1994).

Componente de enzimas da digestão. Cicatrização de feridas, reprodução, função imunológica, co-factor de várias enzimas no metabolismo energético, tem uma possível função antioxidante.

Falha de crescimento, diarreia, alopécia, perturbações psíquicas, retardo na maturação sexual, imunodeficiências.

Amplamente distribuído nos alimentos.

Cobre

0,89mg para rapazes dos 14 aos 18 anos (FNB, 1998);

2,0 mg (Seeley et al., 1997); 1,5-3,0mg (Mcardle et a1.,

1994) .

Componente das enzimas associadas com o metabolismo do ferro, essencial para as hemácias (actuando na eritropoiése), tecido conjuntivo, fibras nervosas e pigmentação da pele, componente de enzimas como co-factor para as oxidases (metabolismo energético).

Alterações ósseas, anemia, leucopenia, desmineralização óssea, despigmentação do cabelo e ,pele, degeneração cerebral e morte.

Carnes, água potável.

lodo 150µg (Mcardle et al., 1994 ;

Seeley et al., 1997; FNB,1998; Falcão, 2000).

Constituinte da hormona tiroideia. Bócio, atraso no desenvolvimento mental e da maturação sexual.

Peixes, moluscos, marinhos, batatas, feijão, sal e água.

Selénio 55µg (FNB, 1998); 70µg (Falcão, 2000).

Antioxidante, co-factor da glutationa peroxidase, componente de várias enzimas, produção de energia.

Doença de Keshan. Grãos, cebola, carne, leite, vegetais, rim.

Flúor 2,5 mg (Seeley et al., 1997); 1,5 a 4 mg (Mcardle et

al.,1994, Falcão, 2000); 3 mg (FNB, 1997).

Saúde dentária e do esqueleto ; remineralização e formação dos dentes.

Maior frequência de queda de dentes.

Alimentos marinhos, chá, água potável, café, gelatina, cebola, arroz, soja, alface.

* Heyward (1991), Ferreira (1994), Mcardle et al. (1994), Rodrigues dos Santos (1995), Seeley et al. (1997), Falcão (2000). a Krause e Mahan (1991), Ferreira (1994), Falcão (2000).

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2.4.3. Água

A vida, tal como a conhecemos, só é possível considerando a existência de água. A

água é indispensável à vida e segundo Rodrigues dos Santos (1995) é um dos constituintes fundamentais do organismo e principalmente do protoplasma das células.

A água ocupa 3/4 da superfície da Terra sem considerar os rios, lagos, mares continentais e a água da atmosfera (Bezerra, 2000). Este refere também que se costuma sublinhar a importância do átomo de carbono e das moléculas orgânicas nos seres vivos, no entanto, a importância da água não é menor. A água, de maneira semelhante ao oxigénio, ainda que possa não ser considerado um elemento nutritivo em sentido habitual, é necessária ao ser humano.

Segundo Rodrigues dos Santos (1995) e Falcão (2000), o corpo humano é essencialmente constituído por água (65 a 70%). Embora alguns tecidos sejam pobres em água (ossos - 20% e tecido adiposo - 30%), outros tecidos apresentam um teor considerável em água (pele - 70% e músculo estriado - 75%).

A água serve de solvente à maior parte das substâncias de origem orgânica e inorgânica, assumindo os principais papéis como (Rodrigues dos Santos, 1995):

meio de transporte no organismo; mecanismo de regulação da temperatura corporal; elemento primordial das soluções líquidas para o conjunto das reacções químicas. A água possui uma capacidade calorífica muito elevada (Bezerra, 2000). A capacidade

calorífica é definida como o calor necessário para aumentar a temperatura de uma substância de um grau Kelvin, sem essa característica a Terra não poderia suportar a vida. Assim, a água nos dias quentes absorve muita energia e nos dias frios, ao arrefecer, liberta essa energia.

As necessidades diárias deste composto situam-se em cerca de 2,5 litros provenientes da água dos alimentos, água formada na oxidação dos alimentos e aquela que é ingerida nas bebidas líquidas, mas não são todos os indivíduos que a consomem nesta quantidade (Rodrigues dos Santos, 1995; Bezerra, 2000 e Falcão, 2000). O homem pode jejuar até 40 dias, porém não poderá viver se deixar de beber água durante três dias (Peres, 1994).

Com efeito, o jejum hídrico pode reduzir a zero a diurese, o que provoca a desidratação e posteriormente a morte das células que constituem os nossos tecidos (Falcão, 2000).

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2.5. Funções dos Nutrientes

Segundo Klafs e Arnheim (1981), os nutrientes são importantes por três razões: 1)

crescimento, 2) reparação e 3) manutenção de todos os tecidos, neste caso sendo importantes para a regulação de todos os processos corporais e para produção de energia.

Peres (1994) e Pereira (2000) referem que quanto às funções é tradicional classificar os nutrientes em a) energéticos, b) plásticos e c) reguladores.

Os glícidos e os lipídos são, por excelência, os grandes fornecedores de energia. Contribuindo, em valores médios, com 4 kcal.g-1 em glícidos e proteínas e 9 kcal.g-1 em lípidos.

Os glícidos são essenciais à vida; o cérebro e o tecido cardíaco exigem um fornecimento de glicose permanentemente disponível. As fibras nas suas duas formas, solúveis (pectinas, gomas, mucilagens) e insolúveis (celulose, algumas hemiceluloses), desempenham um papel importante na manutenção da saúde. Em geral, mais de 90% dos glícidos são absorvidos a partir de uma dieta mista.

Os lípidos são importantes fontes de energia, para além de fazerem parte das membranas celulares também possuem propriedades isolantes e térmicas.

As proteínas, na sua degradação, também fornecem energia, ainda que o seu papel fulcral no organismo seja o seu envolvimento na síntese de tecidos e noutras funções metabólicas. As proteínas estão envolvidas na síntese de tecidos e outras funções metabólicas especiais, desempenhando um papel estrutural, fornecendo os aminoácidos, anticorpos e intervindo na formação de lipoproteínas. Contribuem ainda para a homeostase, mantendo normais as relações osmóticas entre os fluídos do corpo.

A função plástica é nota dominante das proteínas e de alguns minerais (cálcio, ferro). Sem cálcio não possuiríamos esqueleto rígido capaz de fixar ligamentos e tendões; sem ferro não beneficiaríamos de glóbulos vermelhos capazes de transportar e distribuir oxigénio. A função plástica estende-se a outros nutrientes, é o caso da água e da vitamina A. Sem água os tecidos perderiam a turgescência característica; sem vitamina A a retina ocular não possuíria a arquitectura que possibilita a visão.

As vitaminas, minerais e água não libertam calorias, no entanto possuem uma importância primordial, pois viabilizam, regulam e activam as reacções do nosso organismo.

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2.6. Necessidades Dietéticas e Dieta Adequada

O organismo está em condições de compensar os erros nutricionais, ainda que a sua

capacidade seja limitada. Uma dieta prudente deve estar de acordo com as recomendações que várias Instituições Internacionais como o American College of Sports Medicine - ACSM (2000), American Dietetic Association - ADA (2000), Dietitians of Canada - DC (2000) e a American Heart Association - AHA (2001) definem para os habitantes desses países, todavia as recomendações podem ser referenciadas para toda a população mundial. Desta forma, para que as consequências dos erros nutricionais sejam mínimos, uma dieta equilibrada deveria respeitar as seguintes normas (Soler e Mesenguer, 2001):

incluir alimentos dos seis grupos alimentares; 12-15% da energia deve ser proveniente de proteínas vegetais e animais; manter os lípidos no limite de 25-30%, dando preferência aos insaturados; 60-70% da energia ingerida deve ser reservada aos glícidos; escolher alimentos naturais ricos em fibras (frutas, verduras e cereais); evitar um consumo excessivo de cloreto de sódio (sal) que incrementa o risco de

hipertensão arterial, pois a quantidade necessária ao organismo é obtida pela alimentação, sem necessidade de complementos;

repetir em várias refeições as necessidades energéticas diárias, começando por um primeiro almoço consistente e terminando com uma ceia ligeira.

Assim, e de acordo com Manore et al. (2000), uma dieta prudente e adequada em termos

energéticos e nutrientes para adultos activos, sedentários e atletas é conseguida através do respeito destes pontos-chave:

1. uma alimentação que recorra à variedade dos alimentos; 2. equilibrar o consumo alimentar com o recurso à actividade física, de modo a

manter ou melhorar o peso corporal; 3. escolher uma dieta com grande variedade de alimentos cereais, vegetais e

frutas; 4. escolher uma dieta com consumo reduzido de gordura (gorduras saturadas e

colesterol); 5. escolher uma dieta moderada em açúcar; 6. escolher uma dieta moderada em sal; 7. beber álcool com moderação.

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As dietas serão tanto melhores se estiverem de acordo com as doses diárias recomendadas ou RDA’s (do inglês, recommended dietary allowances).

No passado as RDA’s, publicadas pelo Food and Nutrition Board of National Academy of

Science, serviram de linhas orientadoras da nutrição adequada. Segundo a Food and Nutrition Board, as RDA’s representam os níveis de ingestão de nutrientes essenciais que são considerados adequados às necessidades de praticamente todas as pessoas saudáveis.

Contudo, importa referir que estudos hodiernos permitiram que o conhecimento sobre as funções e características dos nutrientes se expandisse dramaticamente desde a implementação das RDA’s. Desta forma, estas evidências levaram ao desenvolvimento de um novo conjunto de referências nutricionais denominadas DRI’s (FNB, 2002).

As DRI’s representam actualmente as normas mais actuais de orientação nutricional. Segundo a FNB (2002), esta nova terminologia fornece informação sobre três valores de referência: 1) as necessidades médias estimadas, 2) as doses diárias recomendadas (RDA), e 3) o nível máximo de ingestão tolerável pelo organismo.

2.7. Alimentação e Desporto

A importância de uma alimentação adequada é um facto conhecido dos desportistas e

dos seus treinadores de há alguns anos a esta parte. Nos indivíduos que se dedicam à competição, a sua alimentação tem o objectivo de permitir melhorar o seu rendimento. Para as pessoas que praticam desporto como passatempo ou como forma de optimizar a sua saúde ou a sua silhueta os objectivos da nutrição são satisfazer as suas necessidades nutritivas (Breda, 2001).

A alimentação do praticante de desporto deve ser uma dieta saudável e equilibrada que inclua todos os grupos de alimentos. As normas de uma boa alimentação dos desportista não devem ser muito diferentes daquelas necessárias a um indivíduo normal e saudável. Devem, no entanto, ser estritamente observados os aspectos quantitativos (energia total), qualitativos (distribuição por glícidos, lípidos e proteínas sem esquecer os aportes vitamínicos, de minerais e água) e a repartição das refeições ao longo do dia, que devem ser em função do programa de treino e competição (Breda, 2001). De facto em situação de prática intensa, por exemplo várias horas, pode ser necessário aumentar a ingestão energética diária.

Durante a prática desportiva e o treino, em praticantes de desporto de alta competição ou de lazer, pode acontecer um gasto extra de energia de considerável importância que pode ultrapassar as 2500 kcal. Isto exige dietas que podem

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facilmente ultrapassar as 3500 kcal.dia-1 durante a fase mais intensa da prática desportiva (Breda, 2001).

Ir ao encontro das necessidades energéticas é a principal prioridade da nutrição para desportistas, alcançar o balanço energético equitativo é importante para manter a massa isenta de gordura, as funções reprodutivas e imunitárias e a performance desportiva óptima (Manore et al., 2000).

Em 1989, as necessidades energéticas diárias (recommended energy allowances), isto é, a energia média necessária para indivíduos que são ligeira a moderadamente activos e com idades compreendidas entre os 19 e os 50 anos de idade, foram estabelecidas em 2200 a 2900 kcal.dia-1 e 1900 a 2200 kcal.dia-1, para homens e para mulheres, respectivamente (Food and Nutrition Board, 1989). De acordo com esta instituição, é aconselhado que indivíduos normalmente activos consumam 1,5 a 1,7 vezes mais a energia despendida em repouso ou com uma taxa de 37 a 41 kcal.kg-1 do peso corporal por dia.

Para os atletas é importante que estes avaliem o tipo de exercício realizado, através da sua intensidade, duração e frequência, de modo a que depois possam incrementar a energia para a realização das actividades diárias (Breda, 2001). Embora as RDA’s existam para servir de orientação na alimentação, qualquer atleta necessita de consumir energia suficiente para manter o peso corporal e a composição corporal apropriada enquanto treina para uma determinada modalidade.

De acordo com Manore et al. (2000), os pontos-chave seguintes resumem as necessidades energéticas, nutrientes e fluídos recomendados para adultos activos e atletas:

Em momentos de treino físico intenso, é necessário o consumo adequado de energia para manter o peso corporal, maximizar os efeitos do treino e manter a saúde;

O consumo de glícidos é importante para manter os níveis glicémicos do sangue durante o exercício e para ressintetizar o glicogénio muscular. As recomendações para atletas varia entre 6 a 10 g.kg-1 de peso corporal por dia;

As necessidades proteícas são ligeiramente superiores em pessoas activas. As recomendações proteícas para atletas de endurance são de 1,2 a 1,4 g.kg-1 de peso corporal por dia, enquanto, que para atletas de resistência e força muscular as necessidades podem subir até 1,6 ou 1,7 g.kg-1 de peso corporal por dia;

O consumo de lípidos não deve ser restringido, pois não existem benefícios de performance quando a quantidade de lípidos ingeridos corresponde a menos de 15% do total de energia ingerida, quando comparada com quantidades de 20 a 25%;

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A desidratação diminui a prestação desportiva, assim é necessário uma hidratação adequada antes, durante e após o exercício, para manter níveis óptimos de saúde e de performance;

De uma forma geral, as necessidades de vitaminas e de minerais são cumpridas desde que os sujeitos consumam níveis adequados de energia de uma variedade de alimentos para manter o peso corporal. As necessidades de vitaminas e minerais são perfeitamente satisfeitas com uma alimentação equilibrada e adequada pelo que são inúteis, na maior parte das situações os suplementos farmacológicos destes nutrientes;

Os atletas e indivíduos activos devem tentar consumir dietas que forneçam pelo menos as necessidades dietéticas recomendadas para todos os micronutrientes da alimentação.

2.8. Caracterização das Necessidades Energéticas no Futebol Competitivo

Em jogadores de elite, a taxa média de trabalho durante um jogo de futebol, estimada

através de variáveis como a frequência cardíaca (FC), é aproximadamente de 70% do consumo máximo de oxigénio (VO2 máx.). Tal corresponde a uma produção energética de aproximadamente 5700 kJ (1360 kcal) para uma pessoa com 75 kg e um VO2 máx. de 60 ml.kg-

1.min-1. A produção de energia aeróbia parece contribuir com mais de 90% do total de consumo energético. No entanto, a produção de energia anaeróbia desempenha um papel essencial durante um jogo de futebol. Durante períodos do jogo de exercício intenso, a fosfocreatina (CP), e em menor extensão a adenosina trifosfato (ATP) armazenada, são utilizadas (Bangsbo, 1994).

Segundo Löwenstein (1990), citado por Bangsbo (1994), ambos os compostos são parcialmente repleccionados durante um longo período de descanso subsequente. Através de amostras sanguíneas retiradas após jogos de futebol de nível mundial foram encontradas concentrações médias de lactato de 3-9mmol, enquanto que os valores individuais frequentemente excediam as 10mmol durante um jogo. Mais ainda, os valores dos metabolitos da deplecção da adenosina difosfato (ADP), tais como a amónia, a hipoxantina e o ácido úrico, são elevados durante um jogo de futebol.

Ainda Bangsbo (1994) salienta que os sistemas energéticos anaeróbios são intensamente solicitados durante certos períodos de uma partida de futebol, sendo o glicogénio muscular o substracto mais importante para a produção energética durante um jogo. Contudo, os

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triglicerídeos musculares, os ácidos gordos livres e a glucose são também usados como substractos para o metabolismo oxidativo que ocorre nos músculos.

Uma utilização de 70% do VO2 máx. poderá parecer alta, uma vez que foi observado que um jogador está parado ou anda em quase metade do jogo, e a distância total percorrida é de 11,4 km o que corresponde a uma velocidade média de 7.6 km.h-1 (Bangsbo et al., 1991). Contudo, o valor apenas reflecte parte das actividades físicas a que um jogador de futebol está sujeito. Os jogadores desenvolvem actividades que necessitam de altos níveis energéticos e que não são levadas em consideração na análise da distância percorrida, tais como, mudanças de direcção, acelerações e travagens (realizadas através de contracções excêntricas), saltos e “tackles” (cortes ou carrinhos), levantar-se do solo após queda e por movimentos irregulares ou fingidos (fintas de corpo) (Ekblom, 1986; Shephard e Leatt, 1987; Bangsbo, 1994 e Reilly, 1997), sendo que no decorrer de um jogo, um jogador poderá realizar, em média, um número que anda perto das 1000 mudanças de direcção (Yamanaka et al., 1988).

É difícil de quantificar a produção de energia derivada da actividade do sistema produtor de lactato durante uma partida de futebol, mas a contribuição para o total é provavelmente pequena (<10%) (Bangsbo, 1994).

Durante um jogo, a glucose sanguínea encontra-se frequentemente mais alta do que em repouso e a hipoglicemia ocorre apenas em raras ocasiões (Ekblom, 1986; Bangsbo, 1994b). Assim, parece que o fígado liberta glucose suficiente para manter e elevar a glicose sanguínea durante um jogo (Bangsbo, 1994).

Estimativas iniciais para um baixo nível de competição, sugeriam um gasto total energético de aproximadamente 643 kcal (2,7 MJ) (Reilly, 1990), no entanto, um valor mais realista para jogadores de top é de 1190 – 1428 kcal (5-6 MJ) por jogo (Shephard, 1999). O gasto energético diário para um jogador é de 3500 kcal.dia-1 (14.7 MJ) (Williams, 1994), podendo os valores variar entre as 3048 kcal.dia-1 (12.8 MJ) (Caldarone et al., 1990, cit. por Shephard, 1999) e as 4929 kcal.dia-1 (20.7 MJ) (Jacobs et al., 1982). Verifica-se dificuldades em controlar a dieta dos jogadores jovens, já que a ingestão de “snacks” pode perfazer entre 22% (Williams, 1994) a 25-35% (Samuelson, 2000) da ingestão diária de energia nestes indivíduos. No entanto, em Portugal, a ingestão de “snacks” é inferior à verificada nos países Nórdicos (Amorim Cruz, 2000).

As fontes energéticas exploradas ao longo de um jogo de futebol são similares às encontradas em outros tipos de exercício intermitente (Shephard, 1999).

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A depleção de glicogénio nas fibras musculares mais recrutadas, torna-se uma causa significante de fadiga à medida que o jogo prossegue. A performance pode ser optimizada por um aumento inicial das reservas musculares de glicogénio (Bangsbo et al., 1992). Se o total de energia necessária é de 1428 kcal (6 MJ), e o gasto de glicogénio é de 155-160g, este só providenciará cerca de 620-640 kcal. Logo, um uso substancial de lípidos e proteínas terá que ser levado em consideração (Bangsbo, 1994).

A glicose circulante poderá tornar-se numa outra fonte possível de glícidos. Os primeiros estudos encontraram concentrações muito baixas de glicose sanguínea no fim de um jogo mas, estudos mais recentes indicam um nível de glicose sanguínea normal ou até mesmo, acima do normal (Shephard e Leatt, 1987). Por sua vez, Bangsbo (1994), não encontrou em qualquer jogador uma concentração de glicose sanguínea abaixo das 4 mmol.l-1 no final de um jogo.

Este mesmo autor refere que a combinação da gluconeogénese e a libertação de glicose hepática fornece cerca de 200mmol (900 KJ) da energia dos glícidos necessários durante um jogo, sem reduzir a glicose sanguínea. Baseado na frequência cardíaca obtida durante um jogo de futebol e na monitorização de exercício intermitente em laboratório, verificou-se que até um máximo de 40% da energia necessária (452-547 kcal) pode ser obtida pela oxidação de 50-60g (200-250 mmol) de ácidos gordos livres (AGL). Especialmente durante a segunda parte de um jogo, verifica-se um aumento das concentrações sanguíneas dos AGL. O pico destes é atingido imediatamente após a paragem do exercício, já que a sua libertação continua mas, a utilização cessa. O glicerol mostra apenas um pequeno aumento, talvez porque a maior parte pode ser utilizado na gluconeogénese hepática (Bangsbo, 1994b).

A extensão do uso das proteínas durante um jogo de futebol está ainda por resolver. Estudos em laboratório (Wagenmakers et al., 1989), com intensidade de exercício equivalente, sugerem que apenas 10% da energia total necessária provém da utilização das proteínas (Shephard, 1999).

Um grupo turco de investigadores (Varol et al., 1990, cit. por Shephard, 1999) encontrou baixas concentrações de colesterol total (4.2 mmol, 160 mg.dl-1), e também baixas concentrações de LDL (0.94 mmol, 3.6 mg.dl-1) em jogadores de futebol. Horta (2000) refere que um jovem desportista deverá apresentar níveis de colesterol inferiores a 220 mg.dl-1. O padrão da resposta hormonal (aumento nas concentrações sanguíneas de adrenalina e noradrenalina; concentrações de insulina não se alteram durante a primeira parte de um jogo, com tendência a diminuir durante a segunda parte; por esta altura as concentrações da hormona do crescimento estão a subir e as concentrações de cortisol também aumentam),

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reflecte em parte uma deplecção progressiva do glicogénio. Isso pode explicar o porquê da mobilização dos ácidos gordos ocorrer predominantemente nas fases tardias de um jogo (Shephard, 1999).

A perda de fluídos vai de 1.5 l/jogo em ambientes frios (10-15ºC), até 3.5-4.0 l/jogo em ambientes quentes (30-38ºC) e a temperatura corporal na maior parte das condições ambientais, estabiliza um pouco acima dos 39ºC (Maughan e Leiper, 1994; Shephard e Leatt, 1987; Bangsbo, 1994b).

Dependendo da quantidade de líquidos que um jogador pode ser persuadido a ingerir, verifica-se um défice de fluídos ao longo de um jogo (Shephard, 1999).

Com 38ºC e uma humidade relativa de 25%, a perda de peso final ronda os 2kg, mesmo que o jogador ingira 1.5 l (Ekblom, 1986). Em condições de jogo mais usuais a perda de fluídos ronda os 2 l e em condições frias essa perda pode rondar 1 l (Bangsbo, 1994b). Uma pequena perda de peso nem sempre é sinal de desidratação. Se as reservas de glicogénio fossem completamente depleccionadas, um jogador poderia perder 1.5-2.0kg sem desidratação significativa (Shephard, 1999).

2.9. Necessidades Nutricionais do Jovem Futebolista

Para Bar-Or e Unnithan (1994), uma grande diferença entre os adultos e os jovens é a

maior necessidade de proteínas por partes destes últimos. Enquanto que para os adultos se recomenda 0,8 g.Kg-1, para as crianças recomenda-se 1,1 g.Kg-1 para 1-3 anos de idade, 0,95g.Kg-1 dos 4 aos 13 e 0,85 g.Kg-1 dos 14 aos 18 anos (FNB, 1997). O teor diário proteico deverá aproximar-se dos 15% da ração energética diária perfazendo 1,2-1,8 g.Kg-1 (Rego, 2003).

As crianças e os adolescentes requerem energia quer para o exercício, quer para o crescimento, enquanto que os adultos precisam de se focar em alimentos densos em nutrientes que providenciem menor energia (Rock, 1991).

O Food and Nutrition Board (1997) defende que a quantidade de lípidos presente na dieta de um jovem futebolista não deve exceder os 25-30% do consumo total, sendo que menos de 10% da ingestão total deve provir de lípidos saturados. Para Rego (2003) o suprimento alimentar em lípidos deve rondar os 25-30% da ração energética diária.

Este autor alude para que uma criança ou adolescente sedentários, apresentem um teor de glícidos na ração energética diária de 50-55%, composto preferencialmente por glícidos de absorção lenta (arroz, pão, batata, massa). Rego (2003) indica os glícidos como o nutriente mais importante na dieta do atleta, dado ser a única fonte energética capaz de permitir um treino

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intenso, longo e rentável, justificando-se que 60-70% da ração energética diária (quase ¾ do prato) deva corresponder a glícidos de modo a garantir a existência constante de energia, bem como uma constante reposição das reservas gastas com o exercício.

De uma forma prática podemos resumir as necessidades nutricionais da ração diária de uma criança/adolescente praticante de exercício físico com fins de competição (Rego e Sinde, 2003):

1. Aumento do consumo de glícidos a. Ração diária: 60-70 (75)%, privilegiando os glícidos complexos; b. Reposição rápida das reservas após exercício intenso (ingerir nas duas

horas consequentes bebidas adocicadas e glícidos de absorção rápida); 2. Suprimento em proteína: 12-15% da ração diária (as proteínas e os aminoácidos

não têm poder ergogénico, e tem efeitos deletérios); 3. Suprimento em lípidos: 25-30% da ração diária; 4. Ingestão adequada de frutos e vegetais e leguminosas secas; 5. Se o treino decorrer mais de 4 horas após uma refeição principal, efectuar um

“snack” composto por líquidos adocicados (sumos não concentrados) e glícidos simples e complexos (pão com doce ou marmelada);

6. Durante o esforço físico (treino) beber de 20 em 20 minutos cerca de 150ml de água ou bebidas isotónicas - a realização de trabalho muscular produz energia e liberta calor que, se não for adequadamente dissipado através de uma correcta hidratação tem riscos de originar uma situação de desidratação bem como compromete o rendimento;

7. Não ingerir, durante o esforço físico prolongado, alimentos (líquidos ou sólidos) compostos apenas por glícidos simples.

A criança e o adolescente são biológica e psicologicamente imaturos, estando o

equilíbrio do crescimento e maturação dependentes de factores externos, entre os quais a alimentação e o exercício físico desempenham um papel relevante.

Na alimentação de uma criança ou adolescente praticante de desporto deve ser dada extrema atenção ao grupo dos glícidos (fornecedores de energia), respeitando as recomendações referentes às proteínas. A importância de uma adequada hidratação, nomeadamente durante o exercício é, tal como o suprimento em glícidos, um factor determinante da capacidade física e consequentemente da rentabilidade.

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A suplementação em vitaminas e minerais não só não melhora o rendimento, como poderá ter efeitos adversos se inadequadamente prescrita (Rodrigues dos Santos, 1995).

No que diz respeito ao comportamento alimentar, e de uma forma geral, podemos dizer que os principais objectivos de uma alimentação equilibrada e saudável durante a idade pediátrica (do nascimento até aos 18 anos) são os seguintes (Rego, 2003):

1. permitir o desenvolvimento máximo das características geneticamente determinadas, nomeadamente no que respeita ao crescimento morfológico e mental;

2. garantir uma adequada capacidade de resposta de defesa do organismo, no sentido de reduzir a susceptibilidade às infecções e criar mecanismos eficazes de resposta às mesmas, quando ocorrem;

3. reduzir a susceptibilidade e a ocorrência precoce das doenças crónicas degenerativas da idade adulta (obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes...);

4. permitir uma rápida reparação e substituição dos tecidos lesados.

Relativamente à alimentação no Desporto para atletas em idade pediátrica os princípios gerais a seguir são (Rego e Sinde, 2003):

- adaptar o aporte calórico em função do gasto energético; - fraccionar a ração diária em 3 refeições mais 2-3 “snacks” ou merendas; - variar a alimentação garantindo o equilíbrio entre macronutrientes (glícidos, proteínas,

lípidos) e micronutrientes (vitaminas e minerais); - ser agradável; - respeitar uma adequada hidratação (ingerir 2-3 litros água por dia); - ingerir calmamente os alimentos, e efectuar uma mastigação adequada, preservando o

primeiro tempo da digestão: a acção das enzimas salivares; - respeitar o tempo de digestão: 2 a 3 horas entre refeições principais e o

treino/competição; 30 a 45 minutos entre “snacks” e o treino/competição.

2.10. Ingestão Nutricional e Futebol – O que comer

As diferenças fundamentais entre a dieta de um atleta e de um indivíduo não atleta

entroncam na necessidade adicional de fluídos para compensar o aumento da sudação e na necessidade de ingerir maiores quantidades de energia para suportar o dispêndio da actividade física. É apropriado e aconselhado que a maior parte da energia seja fornecida sob a forma de

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glícidos. No entanto, em alguns casos, a necessidade de outros nutrientes também aumenta (proteínas, vitaminas do complexo B).

À medida que as necessidades energéticas aumentam, os atletas devem primeiro tentar consumir o maior número possível de refeições baseadas em grupos alimentares que contenham glícidos (pão, cereais, leguminosas, vegetais e frutas). Para muitos atletas, as necessidades energéticas excederão a quantidade de energia diária indicada por várias publicações. Para manter a variedade dietética, os atletas podem também aumentar o número e tamanho das refeições de produtos lácteos e proteínas, mas devem tentar manter as proporções de energia providenciadas pelos diferentes grupos alimentares e recomendados por vários autores. Outro assunto que surge numa discussão sobre a dieta dos atletas é o horário das refeições (Manore et al., 2000). O senso-comum dita que a ingestão de fluídos e sólidos antes dos exercícios/jogos precisa de ser determinada individualmente e depende, em parte, das características gastrointestinais dos atletas, assim como da intensidade do exercício/jogo.

Os atletas com treino bastante intenso ou que treinem várias vezes por dia, devem realizar mais de três refeições e três lanches por dia e devem aproveitar todas as ocasiões possíveis para se alimentarem (Bernardot e Thompson, 1999). Os atletas devem ingerir algo próximo do fim de um treino ou imediatamente após este, devem fazer mais do que um lanche por tarde e “fazer” um lanche substancial antes de se deitarem.

2.10.1 Antes do Jogo ou Treino

Está provado que comer antes do exercício, ao contrário de realizar exercício em jejum, aumenta o rendimento desportivo (Neufer et al., 1987; Sherman et al., 1989 e Wright et al., 1991). A refeição ou lanche consumido antes da competição ou de um treino intenso, deve preparar os atletas para a actividade procedente, deixar o atleta saciado e sem comida indigerida no estômago, devendo-se respeitar as seguintes linhas gerais:

Suficiente em fluídos para manter a hidratação; Pobre em lípidos e fibra para facilitar o esvaziamento gástrico e minimizar o desconforto

gastrointestinal; Rica em glícidos para manter a glicose sanguínea e maximizar as reservas de

glicogénio; Moderada em proteínas e composta de alimentos familiares ao atleta.

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O “timing” e o tamanho da refeição pré-exercício estão inter-relacionados. Devem ser consumidas refeições mais pequenas perto da hora do evento para permitir o esvaziamento; contudo se houver mais tempo disponível a refeição ligeira pode ser substituída por uma de maior dimensão (Rocha, 2003).

A quantidade de glícidos utilizada em vários estudos (Neufer et al., 1987; Sherman et al.,1989; Wright et al., 1991 e Schabort et al., 1999), nos quais a performance é melhorada, apresentam uma amplitude de variação situada entre os 200 e 300g de glícidos em refeições realizadas 3 a 4 horas antes do jogo ou treino.

As recomendações relativas ao consumo de glícidos aproximadamente 1 hora antes do jogo/treino têm sido controversas. Inicialmente a pesquisa sugeria que esta prática levava à hipoglicemia e à fadiga prematura (Foster et al., 1979). Contudo, estudos mais recentes (Devlin et al., 1986; Neufer et al., 1987; Alberici et al., 1993; Horowitz e Coyle, 1993; Coyle, 1995), relatam não existir quaisquer efeitos na performance devido à ingestão alimentar pré-jogo/treino.

Apesar de estas linhas gerais serem saudáveis e funcionarem bem na maioria dos casos, as necessidades individuais dos atletas devem ser respeitadas e tidas em consideração. Alguns atletas consomem e gostam de realizar uma refeição substancial 2 a 4 horas antes do jogo/treino, contudo, outros podem sofrer de grave desconforto gastrointestinal após uma refeição deste género, devendo apoiar-se em refeições líquidas (Rocha, 2003).

Os atletas devem sempre procurar conhecer e saber o que funciona melhor com eles experimentando novas comidas e bebidas durante as sessões de treino e nunca antes de um jogo ou competição.

Rocha (2003), no quadro seguinte apresenta as sugestões para uma refeição (almoço) que preceda um jogo ou treino.

Quadro 8 – Sugestões para uma refeição (almoço) que precede um jogo ou treino.

SOPA Puré de legumes e hortaliças, batido em copo liquefactor, engrossado com massa ou arroz, temperado com azeite;

PRATO Peixe cozido, assado ou grelhado ou carne magra tenra ou picada, grelhada; massa cozida, arroz ou puré de batata nunca leguminosas, batata ou vegetais;

SOBREMESA Fruta batida ou sumo natural diluído a 50%; doce de colher pouco açucarado (leite creme, arroz doce, aletria);

BEBIDA Infusão digestiva (limonete, tília, menta ou macela); ou chá fraco quando não se tome café (habituados), nunca bebidas alcoólicas ou com gás;

PÃO Tostado com ou sem manteiga.

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Este mesmo autor refere que o local da refeição deve respeitar diferentes aspectos, que se mostram de primordial importância na consecução dos objectivos de uma correcta nutrição, sendo eles:

- Aspectos higieno-sanitários dos alimentos e do serviço; - Ambiente no local de refeição (fumo, barulho, conforto); - Cumprimento do horário pré-estabelecido; - Natureza das bebidas.

2.10.2 Durante o Jogo ou Treino A pesquisa corrente (Ball et al., 1995; Below et al., 1995; Nicholas et al., 1995; Davis et

al., 1997; Sugiura e Kobayashi, 1998; Jeukendrup e Jentjens, 2000) suporta a ideia de que a quantidade de glícidos presente nas bebidas desportivas comercializadas (4 a 8%) melhora a performance em provas que durem 1 hora ou menos. Sendo ainda mais verdade, especialmente, em atletas que se exercitem de manhã após um jejum de várias horas durante a noite, o que leva a baixos níveis de glicogénio hepático. O providenciar glícidos de uma forma exógena sob estas condições leva a que os níveis de glicose sanguínea sejam mantidos, melhorando a performance. Para eventos que se prolongam para lá da 1 hora de duração, consumir 0,7 g de glícidos por kg de PC por hora (aproximadamente 30 a 60g por hora) tem provado ser um adjuvante na melhoria da performance (Coggan e Coyle, 1991).

A ingestão de glícidos deve iniciar-se logo após o começo da actividade, isto porque consumir uma determinada quantidade de glícidos após 2 horas de exercício não é tão eficiente como consumir a mesma quantidade em intervalos de 15 a 20 minutos durante as primeiras 2 horas de actividade (McConnell et al., 1996). Os glícidos consumidos devem conter glicose, a frutose não é tão eficiente e pode originar desconforto gastrointestinal, todavia uma mistura de glicose e frutose mostrou ser eficiente (Coggan e Coyle, 1991). Maughan e Leiper (1994) aponta para uma solução contendo 5-10% de glícidos (glicose, sacarose, maltodextrinas) adicionada de cloreto de sódio (20-50 mmol.l-1), tomada num ritmo de 100-200ml em cada 15-20 minutos. Se a mesma quantidade de glícidos e fluídos é ingerida, a forma dos glícidos (sólido, líquido ou gel) não aparenta ser importante – alguns atletas preferem ingerir sólidos ou gel e consumir água. No entanto, a ingestão de fluídos é essencial para manter a performance (Rocha, 2003). Contudo, num desporto como o futebol a forma dos glícidos é extremamente

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importante, uma vez que se poderá assistir à denominada onda de choque enquanto que, por exemplo, no ciclismo tal fenómeno não ocorrerá.

2.10.3 Após o Jogo ou Treino O “timing” e composição da refeição pós-competição ou pós-exercício dependem da

duração e intensidade do jogo ou treino de acordo com a deplecção das reservas de glicogénio, e tem também em conta a ocorrência da próxima sessão de treino ou jogo. O “timing” da ingestão de glícidos afecta a síntese glicogénica a curto prazo. Imediatamente após o jogo/treino deve-se dar início à ingestão de glícidos (2g.kg-1 do PC nas primeiras 4 horas), fazendo com que deste modo os níveis de ressíntese do glicogénio tripliquem (Ivy, 1991). As maiores taxas de síntese glicogénica pós-exercício foram encontradas com uma ingestão glicídica de 0,4 g.kg-1 de PC de 15 em 15 minutos durante 4 horas após um exercício que deplecionou por completo o glicogénio (Doyle et al., 1993). No entanto, deve-se ter em conta que tal ingestão de glícidos representa um alto consumo energético, aproximadamente 2000 Kcal para um atleta de 75kg, o que poderá exceder o gasto energético do indivíduo durante o jogo/treino. As práticas acima descritas no que concerne ao “timing” de ingestão não precisam de ser seguidas por atletas que tenham um ou mais dias entre sessões de treino intenso, isto porque quando uma quantidade suficiente de glícidos é providenciada durante um período de 24 horas, o “timing” da ingestão não afecta a repleção das reservas de glicogénio (Burke et al., 1996). Porém, fazer uma refeição ou lanche logo após o final do jogo/treino pode ser importante para que os atletas correspondam às suas necessidades diárias energéticas e de glícidos. O tipo de glícidos consumidos também afectam a síntese glicogénica pós-exercício. Quando se compara açúcares simples, a glicose e a sacarose parecem ser igualmente eficientes se consumidos a uma taxa de 1,5 g.Kg-1 do peso corporal durante 2 horas; a frutose sozinha é menos eficiente (Bloom et al., 1987). Em relação a alimentos inteiros, o consumo de glícidos com um alto índice glicémico resultam em maiores níveis de glicogénio muscular 24 horas após o jogo/treino quando comparados com a mesma quantidade de glícidos providenciados por alimentos com baixo índice glicémico – quadro 9 (Burke et al., 1993).

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Quadro 9 - Alimentos com baixo índice glicémico.

Quadro 10 - Alimentos com índice glicémico moderado.

Quadro 11 - Alimentos com alto índice glicémico.

Grupo Alimentar Item Alimentar Porção que fornece 50g de glícidos

Cereais Pão branco 201 g Pão centeio (light) 104 g Pastelaria (massa fina) 90 g Arroz (grão inteiro) 196 g Arroz (branco) 169 g Cereais (1º Almoço) Cornflakes 59 g Muesli 76 g Trigo moído 74 g Weetabix 71 g Biscoitos e confeitaria Biscoitos de trigo 76 g Pão de centeio (encaracolado) 71 g Bolacha água e sal 66 g Barra de chocolate nougat (com sacarose e

glicose) 75 g

Vegetais Milho doce 219 g Feijões 704 g Batatas (instantâneas) 310 g Batatas cozidas 254 g Batatas assadas 200 g Frutas Uvas passas 78 g

Grupo Alimentar Item Alimentar Porção que fornece 50g de glícidos

Frutas Maçã 400 g Molho de maçã (doce) 290 g Cerejas 420 g Figos 526 g Toranja (enlatada) 300 g Pêssegos 450-550 g Ameixas 400-500 g Legumes Feijão de manteiga 292 g Feijão cozido 485 g Ervilhas 305 g Lentilhas vermelhas 294 g Açúcar Frutose 50 g Produtos lácteos Gelado 202 g Leite (inteiro) 1,1 l Leite (desnatado) 1,0 l Iogurte (natural, magro) 800 g Iogurte (fruta, magro) 280 g Sopa de tomate 734 ml Jenkins et al., (1984, 1988), cit. por Clark (1994).

Grupo Alimentar Item Alimentar Porção que fornece 50g de glícidos

Cereais Esparguete/Macarrão 198 g Noodles 370 g Cereais (1º Almoço) Pepitas de farelo de trigo 232 g Papas de aveia 69 g Biscoitos e confeitaria Biscoitos de aveia 79 g Doce, simples 67 g Vegetais Batata doce 249 g Iames 168 g Batata frita 100 g Frutas Uvas (preta) 323 g Uvas (branca) 310 g Laranja 420-600 g Jenkins et al., (1984, 1988), cit. por Clark (1994).

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Banana 260 g Açúcar Glicose 50 g Maltose 50 g Mel 67 g Sacarose 50 g Melaço 113 ml Xarope de milho 63 g Bebidas Solução de sacarose – 6% 833 ml Maltodextrinas e açúcar – 7,5% 250 ml Bebida carbonatada de xarope de milho –

10% 500 ml

Maltodextrinas – 20% 250 ml Jenkins et al., (1984, 1988), cit. por Clark (1994).

Estes conhecimentos devem ser usados em conjunto com a dieta geral do indivíduo e não apenas em ocasiões onde é fundamental maximizar a síntese glicogénica pós-exercício. Em contraste com o que foi sugerido em pesquisas anteriores (Zawadski e Yaspelkis, 1992) a adição de proteínas não aumenta a replecção glicogénica de forma significativa. No entanto, incluir proteínas na refeição pós-exercício pode fornecer aminoácidos necessários para a regeneração muscular e promover um perfil hormonal mais anabólico.

2.11. Recomendações Nutricionais para o Treino e Competição de Futebolistas

Para Clark (1994), a incongruência entre as recomendações científicas para a

composição dietética e a repleção e consumo alimentar efectivamente realizado pelos atletas, pode ser minimizada através de um correcto aconselhamento nutricional.

Este autor defende que o aconselhamento pessoal sobre as necessidades energéticas e sobre os alimentos que fornecem quantidades apropriadas de macro e micronutrientes, é uma medida básica para influenciar as escolhas alimentares.

As necessidades nutricionais de todos os jogadores de futebol incluem energia, macronutrientes (glícidos, proteínas, lípidos e água) e micronutrientes (vitaminas e minerais). Contudo, as crianças e os adolescentes requerem energia quer para o exercício, quer para o crescimento, enquanto que os adultos precisam de se focar em alimentos densos em nutrientes que providenciem menor energia (Rock, 1991).

Os glícidos são a fonte de energia mais importante na dieta de um jogador de futebol. A ingestão de glícidos após exercício intenso é importante para maximizar a repleção de glicogénio. Para assegurar uma adequada ressíntese glicogénica os jogadores devem ser aconselhados a consumir 55-65% da sua ingestão energética diária sob a forma de alimentos com índice glicémico alto a moderado (ver quadros 10 e 11) (Clark, 1994).

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Os jogadores devem ser aconselhados a comer regularmente e evitar “saltar” refeições, uma vez que tal facto diminui significativamente a ingestão de glícidos.

Em conjunto com os glícidos, as necessidades proteicas devem ser supridas através de uma selecção de carnes, peixes, lacticínios, leguminosas e vegetais.

As RDA’s para as proteínas é de 0,8 g.Kg-1-dia-1, no entanto, investigadores acham que os jogadores de futebol beneficiam com consumos perto de 1,4-1,7 g.Kg-1.dia-1 (Lemon, 1994).

No caso dos lípidos, a maior parte dos jogadores de futebol parecem consumir quantidades adequadas. Os atletas devem consumir menos de 30% das suas necessidades energéticas diárias sob a forma de lípidos (Clark, 1994).

Antes e depois de exercício de intensidade elevada e intermitente, a dieta de um jogador de futebol deve incluir alimentos ricos em glícidos facilmente digeríveis que sejam familiares aos atletas e que os satisfazem do ponto de vista psicológico (Horta, 2000).

As principais causas da fadiga durante o exercício intermitente de alta intensidade são a depleção do glicogénio muscular e a desidratação. Os jogadores de futebol devem ser aconselhados a beber água, sumo de fruta diluído, bebidas desportivas ou quaisquer outros fluídos palativéis que vão de encontro às necessidades individuais de hidratação e evitar qualquer nível de desidratação que possa afectar a performance física (Clark, 1994).

Uma medida bastante prática para os jogadores de futebol é beber fluídos após o exercício para recuperar eventuais perdas de peso ou até que a urina apresente uma cor clara (Houtkooper,1992).

Treinadores, preparadores físicos e nutricionistas devem focar a sua atenção nas componentes dietéticas críticas, tais como a energia total adequada e glícidos (Horta, 2000).

Também uma ingestão diária de alimentos ricos em glícidos deve ser encorajada para maximizar a ressíntese do glicogénio muscular (Ivy, 1991).

A preferência por determinados alimentos deve ser identificada (Kirkendall, 1993) para permitir que pais, treinadores e restantes elementos da equipa técnica possam fornecê-los aos jogadores.

Os atletas devem ser guiados de encontro a uma dieta rica em glícidos (>55%), moderada em proteínas (<15%) e lípidos (<30%), que vá de encontro às necessidades energéticas do treino diário.

Pais, treinadores e preparadores físicos devem ser incluídos na educação nutricional dos jogadores, a qual pode incluir aconselhamento dietético, uso de vários meios para monitorizar/controlar a ingestão de glícidos e informação sobre como consultar e ler as tabelas alimentares dos produtos a ingerir.

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33.. MMaatteerriiaall ee MMééttooddooss

3.1. Caracterização da Amostra

A amostra do presente estudo é constituída por 10 responsáveis pelos Departamentos Médicos de clubes, cujas equipas de juniores disputaram o respectivo Campeonato Nacional na época desportiva 2002/2003.

Os clubes inquiridos foram: Associação Desportiva Sanjoanense, Boavista Futebol Clube, Clube Desportivo Feirense, Futebol Clube de Famalicão, Futebol Clube de Infesta, Futebol Clube do Porto, Leixões Sport Clube, Rio Ave Futebol Clube, Sport Clube Beira-Mar e Vitória Sport Clube.

3.2. Avaliação das Recomendações Nutricionais

A avaliação das recomendações nutricionais foi realizada através do questionário semi-

quantitativo de frequência de consumo alimentar, elaborado pelo Serviço de Higiene e Epidemologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Lopes, 2000a). Tal facto traduz-se na principal limitação deste estudo, uma vez que estaremos a analisar não a real ingestão de um indivíduo, mas sim a recomendação de determinado departamento médico para a sua equipa.

O questionário inclui uma lista de 82 itens de alimentos ou grupos de alimentos, associados segundo as semelhanças da sua composição nutricional, tendo por base a Tabela de Composição de Alimentos Portugueses (Ferreira e Graça, 1985) e resultados de outros estudos.

Após as instruções iniciais, foi pedido aos responsáveis pelos Departamentos Médicos que indicassem, a categoria de frequência de consumo aconselhado (são nove categorias, variando entre nunca ou menos de uma vez por mês e seis ou mais vezes por dia), em relação a uma porção média pré-determinada para cada item de alimentos.

Para melhor visualizar estas porções médias, usou-se um manual fotográfico, actualizado em 1997, com 134 fotografias coloridas de alimentos e grupos de alimentos crús ou cozinhados, utilizando-o como auxiliar visual e permitindo ao inquirido a escolha de múltiplos ou sub-múltiplos da quantidade média.

O questionário também inclui um quadro que existe para outros alimentos com a respectiva frequência de consumo, no qual os sujeitos podiam indicar alimentos não mencionados na lista.

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O preenchimento do questionário, auto-administrado, teve uma duração que variou entre os 50 e 80 minutos. Esta duração deveu-se ao facto de por vezes o responsável pelo departamento médico ter que interromper o preenchimento do inquérito para observar e/ou tratar alguns atletas.

No cálculo da ingestão em gramas de cada alimento ou grupo de alimentos, a frequência de consumo aconselhada foi transformada em valores médios diários e multiplicada pela quantidade determinada para cada porção em gramas e por um factor de variação sazonal de 0,25 (considerada uma sazonalidade média de 3 meses) para alimentos consumidos por épocas.

Os alimentos assinalados com uma frequência de consumo nunca ou menos de uma vez por mês não foram incluídos no cálculo da ingestão nutricional.

As quantidades médias foram convertidas em nutrientes através do programa informático Food Processor Plus, versão 5.03, cuja base de dados, com 5000 alimentos crus e/ou processados, contém valores nutricionais analisados na sua maioria pelo Departamento de Agricultura dos E.U.A.. Os conteúdos de alimentos ou pratos culinários típicos de Portugal foram acrescentados à base de dados original utilizando dados da Tabela de Composição de Alimentos Portugueses (Ferreira e Graça, 1985) e de estudos portugueses (Amaral et al., 1989; Mano et al., 1989; Mano et al., 1992; Batista e Bandarra, 1993), segundo Silva (1997; 2002).

Os nutrientes estudados foram divididos em macronutrientes (glícidos, lípidos e proteínas), micronutrientes (vitaminas lipo e hidrossolúveis, macro e microminerais) e outros

nutrientes (fibra dietética, colesterol, etanol e cafeína), sendo também avaliado o valor energético.

Ao questionário do Serviço de Higiene e Epidemologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto foram ainda adicionadas algumas perguntas introdutórias que visavam identificar o número de treinos semanal das equipas, qual o tipo de informações fornecidas aos jogadores relativas à alimentação e à influência da mesma na performance.

3.3. Procedimento na Recolha de Dados

A recolha de dados ocorreu entre os dias 5 de Fevereiro e 15 de Julho de 2003. Antes

de entregar o questionário, foi explicada a razão do nosso estudo e garantido o anonimato no preenchimento e tratamento do mesmo.

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3.4 Instrumentarium

No quadro 12 são especificados os diversos instrumentos e meios informáticos utilizados

na execução do presente estudo:

Quadro 12 – Instrumentos utilizados na execução do presente estudo.

IINNGGEESSTTÃÃOO NNUUTTRRIICCIIOONNAALL

- Questionário de frequência alimentar;

- Manual fotográfico composto por 134 fotografias coloridas de diferentes alimentos. MMEEIIOOSS IINNFFOORRMMÁÁTTIICCOOSS:: ssooffttwwaarree ee hhaarrddwwaarree

- Compaq Presario 1200; - Impressora HP Deskjet 640C e 710C; - Food Processor Plus 5.03; - Microsoft Word 2000; - Microsoft Excel 2000; - SPSS 10.0.

3.5. Procedimentos Estatísticos

Os procedimentos estatísticos utilizados neste estudo foram a média, o desvio padrão e a amplitude de variação. Os valores foram calculados nos programas estatísticos SPSS 10.0 e Excel 2000 para Windows. Igualmente, nestes programas, foram analisadas algumas questões colocadas aos departamentos médicos.

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44.. AApprreesseennttaaççããoo ee DDiissccuussssããoo ddooss RReessuullttaaddooss

Uma vez que estaremos a analisar não a real ingestão de um indivíduo, mas sim as recomendações dos departamentos médicos para as suas equipas será possível identificar, mesmo conhecendo estas características e limitações do estudo e da sua metodologia, algumas semelhanças e diferenças entre os resultados obtidos e a literatura existente.

A carência de estudos sobre a recomendação de ingestão alimentar em jovens futebolistas e de adolescentes em geral leva a que a análise e discussão dos dados apenas possa ser feita em contraste com estudos de ingestão alimentar efectiva e com as recomendações para os desportistas em geral. 4.1. Elementos de Caracterização Alimentar

No quadro 13, apresentamos os resultados respeitantes ao número de treinos semanal

realizados pelas equipas estudadas.

Quadro 13 – Número de treinos semanal e duração média das sessões de treino.

N . º d e e q u i p a s N . º t r e i n o s / s e m a n a D u r a ç ã o m é d i a d a s s e s s õ e s d e t r e i n o

7 4

3 5 1 h 3 0 m i n - 2 h

Conforme se pode constatar no quadro anterior, a frequência semanal de treinos das

equipas estudadas variava entre 4 e 5 treinos, ou seja, 70% e 30% respectivamente. No quadro 14, apresentamos os resultados referentes à análise de algumas perguntas

introdutórias colocadas aos departamentos médicos. Estas questões pretenderam averiguar se são fornecidas indicações aos atletas referentes à quantidade de alimentos a ingerir, ao número de refeições que devem efectuar ao longo do dia, ao tipo de alimentação que deverá anteceder o jogo, ao tipo de refeição/suplemento energético a ingerir logo após o jogo e à repercussão da alimentação na performance dos atletas. A última questão colocada procurava averiguar se os departamentos médicos realizam uma avaliação sobre os hábitos nutricionais dos atletas.

Quadro 14 – Questões analisadas. Total % Questões

Sim Não Quantidade de alimentos a ingerir 50 50

N.º de refeições que devem efectuar ao longo do dia 80 20

Tipo de alimentação que deverá anteceder o jogo 90 10

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Tipo de refeição/suplemento energético a ingerir logo após o jogo 80 20

Repercussão da alimentação na performance dos atletas 80 20

Avaliação sobre os hábitos nutricionais dos atletas 20 80

No quadro 14, podemos constatar que 50% dos departamentos médicos inquiridos (5 departamentos) não fornecem indicações aos atletas quanto à quantidade de alimentos a ingerir, no entanto, 80% dos departamentos indicam aos atletas o número de refeições que devem efectuar ao longo do dia. Parece-nos que tais informações poderiam ter os seus efeitos maximizados se os departamentos que não dão quaisquer indicações quanto à quantidade de alimentos a ingerir o fizessem em conjunto com o número de refeições a efectuar, pois tal facto faria com que os atletas controlassem de forma mais eficaz a sua ingestão energética ao longo do dia, sendo aliás referido por Mcardle et al. (1994) que é importante realizar uma distribuição alimentar e nutricional ao longo do dia.

Relativamente ao tipo de alimentação que deve anteceder o jogo, 90% dos departamentos médicos inquiridos referiram dar indicações aos seus jogadores.

Em relação ao tipo de refeição a ingerir logo após o jogo, 80% dos departamentos dão informações sobre a mesma. No que se refere à repercussão da alimentação na performance dos atletas, dois departamentos (20%) não dão qualquer informação sobre a repercussão da alimentação na performance dos seus atletas, quando deveriam fazê-lo, conforme recomendam diversos autores (Bangsbo,1994a; Kirkendall, 1998).

Quanto à avaliação dos hábitos nutricionais dos atletas, apenas dois departamentos referiram que é feita uma avaliação dos mesmos.

4.2. Questionário de Frequência Alimentar

4.2.1. Valor Energético

Em 1989, as RDA’s (Recommended Dietary Allowances) para indivíduos do sexo masculino que são ligeira a moderadamente activos e com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos de idade, foram estabelecidas em 3000 kcal.dia-1.

Durante a prática desportiva e o treino em praticantes de desporto de alta competição pode acontecer um gasto extra de energia de considerável importância que pode ultrapassar as 2500 kcal (Brouns, 1995). Isto exige dietas que podem facilmente

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ultrapassar as 3500 kcal.dia-1 durante a fase mais intensa da prática desportiva (Williams, 1994; Breda, 2001).

No quadro 15, apresentamos os resultados da estatística descritiva relativos ao valor energético que, na opinião dos departamentos médicos, deve estar presente na dieta dos jovens futebolistas.

Quadro 15 – Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação do valor energético a ingerir (Kcal total).

Energia ξ DP AV

Energia (Kcal) 3974 1023,5 2495 - 5637

Como podemos verificar no quadro 15, o valor médio diário de energia a ingerir, segundo os departamentos médicos, encontra-se acima do valor recomendado pelas RDA’s (3974 vs. 3000 kcal.dia-1). No entanto, outros autores encontraram diferentes valores onde a nossa média se insere de forma mais ajustada. Assim sendo, Jacobs et al. (1982) encontraram 4929 kcal.dia-1, Williams (1994) aponta as 3500 kcal.dia-1, enquanto que Rico-Sanz (1998) e Rico Sanz et al. (1998) em equipas juniores de elite encontraram valores que variavam entre as 3619 e as 3952 kcal.dia-1. Também Giada et al. (1996) no grupo de 20 futebolistas que estão incluídos no seu estudo referem um valor médio de 3650 kcal.dia-1.

As RDA’s estarão correctas para adolescentes ligeira a moderadamente activos, facto esse confirmado por Rolland-Cachera et al. (2000) que encontraram uma ingestão calórica de 2974 kcal.dia-1 em jovens franceses, e por Samuelson (2000) que obteve um valor de 2968 kcal.dia-1 em jovens holandeses. No entanto, pensamos que a média do valor energético por nós encontrada não é demasiada elevada se tivermos em consideração que as RDA’s são elaboradas para adolescentes ligeira a moderadamente activos, não levando em consideração as necessidades energéticas adicionais que os jovens têm devido à sua prática desportiva (Leblanc et al., 2002), uma vez que as equipas do nosso estudo realizam todas entre 4 a 5 treinos semanais mais o jogo.

Verificamos também que existe uma grande amplitude de variação nas respostas dos departamentos médicos relativamente ao que é recomendado na literatura, havendo mesmo um departamento médico que atinge as 5637 kcal. No entanto, temos que ter em consideração que tal valor pode ser influenciado pela limitação inerente ao nosso estudo, uma vez que o responsável pelo departamento médico pode ser influenciado por aquilo que o próprio ingere, indo tal situação reflectir-se no preenchimento do questionário não sendo depois os resultados reveladores daquilo que ele realmente entende como apropriado.

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4.2.2. Macronutrientes

4.2.2.1. Glícidos

De acordo com Rodrigues dos Santos (1995), os glícidos são os elementos mais

energéticos do corpo humano, e os alimentos vegetais são os maiores fornecedores destas substâncias (Peres, 1994), sendo o único substracto capaz de apoiar energeticamente o exercício intenso durante longos períodos de tempo, atrasando o aparecimento da fadiga (Rodrigues dos Santos, 1995).

O consumo de glícidos também é importante para manter os níveis glicémicos do sangue durante o exercício e para ressintetizar o glicogénio muscular (Manore et al., 2000), sendo considerados os elementos mais importantes na dieta de um futebolista (Clark, 1994).

As DRI´s recomendadas pelo FNB (2002) sugerem valores de consumo de glícidos, para jovens dos 14 aos 18 anos, entre os 45-65% do VET e de 130 g.dia-1, enquanto outros autores sugerem 55-60% do VET (Willmore e Costill, 1994; Giovannini et al., 2000), 55-65% do VET (Brouns, 1992; Clark, 1994), 58% do VET (Steen e Brownell, 1993), 58-65% do VET (Heyward, 1991) e 60-70% do VET (Foods, Nutrition and Sports Performance, 1992; Manore et al., 2000; Papodopolou et al., 2002; Rego, 2003).

No quadro 16 são apresentados os valores da estatística descritiva relativos ao consumo de glícidos total (g e %VET) que, na opinião dos departamentos médicos, deve estar presente na dieta dos jovens futebolistas.

Quadro 16 – Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de glícidos total (g e %VET).

Macronutrientes ξ DP AV

Glícidos total (g) 524 51,7 294 – 735

Glícidos (%VET) 52,1 5,5 44,1 – 59,9

Como podemos verificar no quadro 16, a percentagem média do VET (52,13%) referente à ingestão dos glícidos total apenas se situa dentro do intervalo recomendado pelas DRI´s do FNB (2002), enquanto que nas restantes recomendações, feitas especialmente para atletas, não se atinge o valor mínimo de 55% do VET (Brouns, 1992; Clark, 1994; Willmore e Costill, 1994; Giovannini et al., 2000), 58% do VET (Heyward, 1991; Steen e Brownell, 1993) e 60% do VET

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(Foods, Nutrition and Sports Performance, 1992; American College of Sports Medicine, American Dietetic Association and Dietitians of Canada, 2000; Papodopolou et al., 2002; Rego, 2003).

Contudo, Rico Sanz (1998) e Rico Sanz et al. (1998) encontraram, respectivamente, em equipas juniores de elite valores de 52,9% e 53,2% do VET bastante semelhantes ao nosso. Um outro estudo de Craven et al. (2002) em equipas da English Premier Division encontraram valores de 48,8% do VET, claramente inferiores ao nosso, já Giada et al. (1996) obtiveram valores de 55,8% do VET.

No entanto, a média do consumo de glícidos total é bastante superior às recomendações do FNB (2002) (524g vs. 130g), mas muito perto do valor encontrado por Rico Sanz et al. (1998) de 526 g.dia-1, mas ainda assim acima das 400g e 422,5g recomendadas, respectivamente, por Ferreira (1994) e Reis (1988). Este facto, está de acordo com Manore et al. (2000) ao referirem que dietas com alto valor energético mesmo tendo uma baixa percentagem do VET conseguem suprir as necessidades diárias em glícidos dos atletas. É claro que, por outro lado, também estamos a contribuir para um possível aumento do peso corporal e para um maior risco de doenças crónicas (FNB, 2002).

Rodrigues dos Santos (1995) afirma mesmo que um aporte alimentar insuficiente de glícidos afecta quer a performance competitiva quer as possibilidades de treino intenso, podendo mesmo afectar as necessidades energéticas de orgãos glucose-dependentes (cérebro, sistema nervoso central, células do sangue e o rim). Contudo, devido à nossa amplitude de variação ter um limite inferior (44,1% do VET) próximo da recomendação mínima do FNB (2002) (45% do VET) e porque o limite inferior da ingestão de glícidos total (294g) é superior à recomendação do FNB (2002) (130g), pensamos que os atletas de todos os departamentos inquiridos não estarão sujeitos a este tipo de complicações de saúde.

4.2.2.2. Lípidos

Os lípidos são outro componente essencial da dieta, eles constituem a maior fonte

energética, contudo apesar das suas muitas funções, devem ser consumidos com moderação. As DRI´s recomendadas pelo FNB (2002) sugerem valores, para jovens dos 14 aos 18

anos, de consumo de lípidos entre os 25-35% do VET, enquanto outros autores sugerem 15-25% do VET (Manore et al., 2000), >20% e <30% do VET (Giovannini et al., 2000), 25-30% do VET (Papodopolou et al., 2002; Rego, 2003), <30% do VET (Clark, 1994) e 30% do VET (Heyward, 1991; Steen e Brownell, 1993; Wilmore e Costill, 1994).

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No quadro seguinte (17), são apresentados os valores da estatística descritiva relativos ao consumo de lípidos total (g e %VET) que, na opinião dos departamentos médicos, deve estar presente na dieta dos jovens futebolistas.

Quadro 17 – Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de lípidos total (g e %VET).

Macronutrientes ξ DP AV

Lípidos total (g) 122,8 39,8 83,9 – 225,0

Lípidos (%VET) 27,9 4,3 21,7 – 35,9

Como se verifica a percentagem média do VET (27,9%) referente à ingestão dos lípidos situa-se dentro de todos os intervalos (Heyward, 1991; Steen e Brownell, 1993; Clark, 1994; Wilmore e Costill, 1994; FNB, 2002; Papodopolou et al., 2002; Rego, 2003). Somente a recomendação de Manore et al. (2000) (15-25% VET) não é respeitada, pelo que podemos considerar que os departamentos inquiridos aconselham uma correcta ingestão de lípidos aos seus atletas.

Este facto é ainda mais reforçado pelos valores que Rico Sanz (1998) e Rico Sanz et al. (1998) encontraram, respectivamente, em equipas juniores de elite de 30,1% e 32,4% do VET e 135 g.dia-1 e 142 g.dia-1, onde a ingestão efectiva era superior àquela que os nossos departamentos recomendam para os seus atletas. Também Craven et al. (2002) em equipas da English Premier Division encontraram valores qualitativamente inferiores aos nossos (31,8% do VET). É claro que estes valores têm que levar em consideração certos factores culturais, que fazem com que o tipo de refeições nestes países seja mais abundante em lípidos, o mesmo se passando com Rolland-Cachera et al. (2000) que obteve, em adolescentes franceses e ingleses, um valor de 36,9% e 41,3% do VET, respectivamente, e com Samuelson (2000) que encontrou um valor de 34% do VET em adolescentes holandeses.

Ao verificarmos que Amorim Cruz (2000) refere que os adolescentes portugueses ingerem 31-33% do VET de lípidos, e uma vez que os nossos resultados médios pressupõem uma ingestão inferior, ficámos com a ideia de que os atletas que seguem as recomendações destes departamentos médicos não apresentarão um risco tão elevado de desenvolver obesidade e doenças cardiovasculares.

4.2.2.3. Proteínas

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As proteínas são necessárias para o crescimento, manutenção e reparação dos tecidos corporais (Rodrigues dos Santos, 1995), sendo também importantes para a formação de enzimas, hormonas e anticorpos que ajudam a combater as infecções.

As DRI´s recomendadas pelo FNB (2002) sugerem valores, para jovens dos 14 aos 18 anos, de consumo de proteínas entre os 10-30% do VET e de 52 g.dia-1, enquanto outros autores sugerem 12% do VET (Heyward et al., 1991; Seeley et al., 1997), 12-14% do VET (Giovannini et al., 2000) e 12-15% do VET (Leaf e Frisa, 1989; Manore et al., 2000; Papodopolou et al., 2002; Rego, 2003).

Em termos totais Seeley et al. (1997) recomendam 0,8 g.kg-1, enquanto que outros autores defendem 0,85 g.kg-1 (FNB, 2002), 0,9 a 1,0 g.kg-1 (Heyward et al., 1991), 1,2 a 1,4 g.kg-1.dia-1 (Manore et al., 2000), 1,2 a 1,8 g.kg-1 (Rego, 2003) e 1,4 a 1,7 g.kg-1.dia-1 (Lemon, 1994).

No quadro 18 são apresentados os valores da estatística descritiva relativos ao consumo de proteínas total (g e %VET) que, na opinião dos departamentos médicos, deve estar presente na dieta dos jovens futebolistas.

Quadro 18 – Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de proteínas total (g e %VET).

Macronutrientes ξ DP AV

Proteínas total (g) 193,3 10,4 141,0 – 244,0

Proteínas (%VET) 20,0 2,8 15,6 – 24,1

Verificamos que a percentagem média do VET (20,0%), referente à ingestão das

proteínas total, apenas se situa dentro do intervalo preconizado pelas DRI´s (FNB, 2002). Enquanto que nos restantes intervalos do VET recomendados (Leaf e Frisa, 1989; Heyward et al., 1991; Seeley et al., 1997; Giovannini et al., 2000; Manore et al., 2000; Papodopolou et al., 2002) até o valor mais baixo da amplitude de variação (15,6% do VET) excede essas indicações.

No que concerne à ingestão total de proteínas em gramas também os valores por nós encontrados excedem o recomendado. Para que o valor médio por nós encontrado (193,3g) estivesse de acordo com a recomendação mais elevada (1,8 g.kg-1 de Rego, 2003) o atleta teria de possuir aproximadamente 107 kg de peso corporal, de forma a poder consumir as 193,3 g de proteínas, enquanto que para o valor mais baixo encontrado (141g) o seu peso corporal teria que rondar os 78 kg.

Nos estudos de Rico Sanz (1998) e Rico Sanz et al. (1998) foram encontrados, respectivamente, valores de ingestão de proteínas de 14,5% e 14,4% do VET e 144 g.dia-1 e

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142 g.dia-1. O mesmo se passou nos estudos de Giada et al. (1996) que encontraram valores de 15,9% do VET e Craven et al. (2002) com valores de 16,2% do VET. Samuelson (2000) obteve em adolescentes holandeses valores mais concordantes com a literatura (14% do VET). No entanto, como já vimos anteriormente, esta ingestão mais reduzida de proteínas no estudo de Samuelson (2000) em comparação com a nossa é conseguida através de um aumento da ingestão de lípidos.

A exagerada ingestão de proteínas por nós encontrada, a ser seguida pelos atletas, tem diversas consequências entre as quais digestões difíceis e prolongadas e sobrecarga hepática (Horta, 2000) ou até mesmo desidratação, devido à perda de água associada à excreção de azoto (Rodrigues dos Santos, 1995) ou até mesmo obesidade.

4.2.3. Micronutrientes

Os micronutrientes são representados pelas vitaminas e minerais, os quais não

libertando energia nem tendo acção plástica evidente, são indispensáveis na regulação dos processos metabólicos, incluindo os bioenergéticos (Martins e Martins, 2000). Estes são elementos bioreguladores importantes em todos os processos metabólicos corporais. Se existe uma maior excreção de micronutrientes devido, por exemplo, ao aumento da sudação provocada pelo exercício físico, assiste-se em proporcionalidade directa ao aumento das necessidades de micronutrientes. Contudo, se a ingestão energética também for alvo de um aumento para manter o peso corporal e para suportar a actividade física assistir-se-á a um aumento óbvio da ingestão de vitaminas e minerais. Daí que diversos autores (Luxbacher, 1993; Fogelholm, 1994; Verheijen, 1998; Shephard, 1999; Horta, 2000; Manore et al., 2000; Papodopolou et al., 2002; Rego, 2003; Rocha, 2003) refiram que uma dieta saudável e equilibrada providencia todos os micronutrientes necessários sem que sejam precisos suplementos de qualquer ordem.

4.2.3.1. Vitaminas

As vitaminas são moléculas orgânicas presentes nos alimentos naturais, indispensáveis

ao crescimento e à manutenção da vida. Como não são sintetizáveis pelo nosso organismo têm de ser incluídas na dieta em pequenas quantidades (Falcão, 2000 e Martins e Martins, 2000).

4.2.3.1.1. Lipossolúveis

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As vitaminas lipossolúveis são dissolvidas e armazenadas nos tecidos adiposos do corpo, sendo obtidas na gordura dietética (Mcardle et al., 1994) e a sua absorção está dependente da presença de lipídos (Martins e Martins, 2000).

A principal função da vitamina A é a manutenção da visão e dos tecidos epiteliais, no exercício físico o beta-caroteno ou provitamina A funciona como um importante anti-oxidante. A acção da vitamina E ainda é algo de enigmático, contudo, demonstrou-se que no exercício possui acção anti-oxidante dos ácidos gordos poli-insaturados nas membranas celular e subcelular, protegendo as células da peroxidação lipídica. A vitamina D age como hormona no processo de mineralização dos ossos e dentes, no exercício regula o metabolismo mineral ósseo (Rodrigues dos Santos, 1995). Finalmente, a vitamina K tem um papel muito importante na coagulação sanguínea e parece colaborar na fosforilação oxidativa no metabolismo celular (Horta, 2000).

No quadro 19 são apresentados os valores da estatística descritiva relativos ao consumo de vitaminas hidrossolúveis que, na opinião dos departamentos médicos, deve estar presente na dieta dos jovens futebolistas.

Quadro 19 – Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de vitaminas lipossolúveis.

Vitaminas lipossolúveis ξ DP AV

A (μg ER) 2755,5 1370,7 1138,0 – 4441,0

D (μg) 7,5 2,8 4,1 – 13,0

E (mg) 19,3 8,1 11,6 - 39,8

K (μg) 39,1 9,8 28,3 - 58,1

As DRI´s (FNB, 2001) sugerem valores, para jovens dos 14 aos 18 anos, de consumo de

vitamina A de 900 μg.dia-1 pelo que o valor médio indicado pelos departamentos (2755,5 μg.dia-

1) está bastante acima, porém no estudo de Rico Sanz et al. (1998) foi encontrado um valor

dentro das recomendações (934 μg.dia-1). No entanto, o FNB (2001) aponta o máximo de 2800

μg.dia-1, limite a partir do qual se considera que haja toxicidade para o indivíduo. Contudo, o

valor mais elevado encontrado por nós (4441 μg.dia-1) excede largamente o limite de toxicidade

podendo provocar anorexia, perda de cabelo, hipercalcemia, lesão hepática e renal (Rodrigues dos Santos, 1995; FNB, 2001).

Os valores de ingestão recomendados para a vitamina D são de 5 μg.dia-1 (FNB, 1997)

verificando-se que o nosso valor médio (7,5 μg.dia-1) o ultrapassa ligeiramente, todavia mesmo

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o valor mais alto (13 μg.dia-1), indicado por um dos departamentos médicos, não excede o limite

de toxicidade fixado em 50 μg.dia-1 pelo FNB (1997).

Quanto à vitamina E o valor de ingestão recomendado pela FNB (2000) é de 15 mg.dia-

1, sendo o limite de toxicidade de 800 mg.dia-1. Através destes valores e da análise dos dados recolhidos, verificamos que, relativamente a esta vitamina, o valor recomendado é ultrapassado pelo que encontrámos (19,3 mg.dia-1), mas o valor mais elevado da amplitude de variação (39,8 mg.dia-1) não excede o limite de toxicidade. Contudo, o estudo de Rico Sanz et al. (1998) encontrou um valor médio de 46 mg.dia-1 bastante superior ao nosso.

Em relação à vitamina K, apercebemo-nos através dos dados recolhidos que o valor

médio indicado pelos departamentos médicos (39,1μg.dia-1) não atinge as 75 μg.dia-1

recomendadas pelo FNB (2001) e mesmo o valor mais elevado indicado por um dos

departamentos inquiridos (58,1 μg.dia-1) não atinge o valor desejado. No entanto, Horta (2000)

salienta que a vitamina K não necessita de ser ingerida na dieta, pela simples razão da flora bacteriana intestinal produzir a necessária no dia-a-dia, podendo os défices ser facilmente compensados.

Em jeito de conclusão podemos referir que, mesmo nas situações em que os valores das recomendações diárias não são alcançados não haverá problema, uma vez que segundo Soler e Mesenguer (2001) as vitaminas lipossolúveis têm a característica de não serem eliminadas pela urina ou sudação, ficando armazenadas durante longos períodos de tempo, constituindo reservas para o funcionamento do organismo, sendo as suas necessidades inferiores às recomendações (Olmedilla e Granado, 2000). Assim, apenas deveremos dar atenção aos valores, se realmente ingeridos pelos atletas, que ultrapassam os limites de toxicidade, como sucedeu para a vitamina A com um dos departamentos inquiridos a indicar o valor de consumo

de 4441 μg.dia-1.

4.2.3.1.2. Hidrossolúveis

De acordo com Martins e Martins (2000), as vitaminas hidrossolúveis, encontram-se nos

alimentos ligados a proteínas específicas e diluem-se na água. Devido à sua solubilidade na água as vitaminas hidrossolúveis são excretadas pela urina, de tal forma que raramente se acumulam em concentrações tóxicas (Mcardle et al., 1994), por esta mesma razão o seu armazenamento é limitado pelo que devem ser ingeridas regularmente.

As vitaminas do complexo B influenciam directamente o exercício, tendo duas funções importantes: na produção de energia (tiamina, riboflavina, vitamina B6, niacina, ácido pantoténico

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e biotina) e na produção de eritrócitos, síntese proteica e reparação/manutenção dos tecidos (ácido fólico e vitamina B12). Quanto à vitamina C, está incluída na classe dos anti-oxidantes que desempenham uma função importante na protecção das membranas celulares e na luta contra os radicais livres de O2.

No quadro seguinte (20) são apresentados os valores da estatística descritiva relativos ao consumo de vitaminas hidrossolúveis que, na opinião dos departamentos médicos, deve estar presente na dieta dos jovens futebolistas.

Quadro 20 – Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de vitaminas hidrossolúveis.

Vitaminas hidrossolúveis ξ DP AV

C (mg) 418,1 139,7 175,0 - 575,0

B1 (Tiamina) (mg) 3,4 0,9 1,9 - 4,9

B2 (Riboflavina) (mg) 5,1 1,0 3,4 -6,9

B3 (Niacina) (mg EN) 40,7 9,3 26,3 - 58,4

B6 (Piridoxina) (mg) 4,5 0,9 3,2 - 6,1

B12 (Cianocobalamina) (μg) 29,7 11,2 14,6 - 48,3

Biotina (B8) (μg) 24,9 7,2 15,3 - 33,7

Ácido Fólico (B9) (μg) 897,1 271,9 439,0 – 1319,0

Ácido Pantoténico (B5) (mg) 11,9 2,2 8,1 - 15,9

As DRI´s (FNB, 2000) sugerem valores, para jovens dos 14 aos 18 anos, de consumo de vitamina C de 75 mg.dia-1 pelo que o valor indicado pelos departamentos (418,1 mg.dia-1) está bastante acima, e mais elevado ainda é o encontrado por Rico Sanz et al. (1998) (520 mg.dia-1). No entanto, o FNB (2000) aponta o máximo de 1800 mg.dia-1, limite a partir do qual se considera que haja toxicidade para o indivíduo.

Os valores de ingestão relativos à vitamina B1 são de 1,2 mg.dia-1 (FNB, 1998) verificando-se que o nosso valor médio (3,4 mg.dia-1) é quase o triplo, mas muito semelhante ao de Rico Sanz et al. (1998) (3,91 mg.dia-1), com a agravante de não estar definido um limite a partir do qual se verifica toxicidade.

Quanto às vitaminas B2 e B6 os valores de ingestão recomendados pela FNB (1998) são de 1,3 mg.dia-1 em ambos os casos, mas para a B6 existe o limite de toxicidade que é de 80 mg.dia-1. Através destes valores e da análise dos dados recolhidos, verificamos que, relativamente a estas vitaminas do complexo B, os valores recomendados são ultrapassados em mais do triplo da dose indicada, todavia no caso da vitamina B6 não é ultrapassado o limite de

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toxicidade. O estudo de Rico Sanz et al. (1998) encontrou valores inferiores aos nossos para as vitaminas B2 e B6, 2,48 mg.dia-1 e 3,30 mg.dia-1 respectivamente.

Esta situação ocorre também para a vitamina B3, sendo que através dos dados recolhidos nos apercebemos que o valor indicado pelos departamentos (40,7 mg.dia-1) excede as 16mg.dia-1 recomendadas pelo FNB (1998), ultrapassa o limite de toxicidade (30 mg.dia-1) e também os valores de Rico Sanz et al. (1998) (35,1 mg.dia-1) são inferiores aos nossos.

Relativamente à vitamina B12 o consumo diário recomendado é de 2,4 μg (FNB, 1998),

contudo ao observarmos o valor avançado pelos departamentos (29,7 μg.dia-1) verificamos que

este excede em mais de dez vezes o recomendado, não estando determinado para esta vitamina

o limite de toxicidade. O valor de Rico Sanz et al. (1998) (10,7 μg.dia-1) excede a recomendação

do FNB, mas ainda assim é inferior ao nosso. A ingestão média, indicada pelos departamentos médicos, de ácido fólico e ácido

pantoténico é respectivamente 897,1μg.dia-1 e 11,9 mg.dia-1. A observância destes valores

permite-nos afirmar que a ingestão recomendada pelo FNB (1998) é atingida e excedida

(400μg.dia-1 e 5 mg.dia-1 respectivamente), sendo também ultrapassado o limite de toxicidade

para o ácido fólico (800 μg.dia-1) não estando ainda definido o limite para o ácido pantoténico.

Rico Sanz et al. (1998) encontraram valores de 905 μg.dia-1 e 8,77 mg.dia-1 para o ácido fólico e

ácido pantoténico, respectivamente. Verificamos assim, que nesse estudo os valores do ácido fólico foram superiores ao nosso enquanto que os valores do ácido pantoténico foram inferiores.

Em relação à ingestão média indicada, pelos departamentos médicos, de biotina (24,9

μg.dia-1) esta não ultrapassa o valor recomendado pelo FNB (1998) de 25 μg.dia1, havendo

contudo valores na amplitude de variação que o excedem. Devido à sua solubilidade na água as vitaminas hidrossolúveis são excretadas pela

urina, de tal forma que raramente se acumulam em concentrações tóxicas (Mcardle et al., 1994), por esta mesma razão pensámos que apenas se deverá dar atenção aos valores, se realmente ingeridos pelos atletas, que ultrapassam os limites de toxicidade (vitamina B3 e ácido fólico). Isto porque os restantes valores, apesar de elevados, irão responder à necessidade acrescida de vitaminas devido ao exercício físico e à sua excreção adicional pelo aumento da sudação. Contudo, estes aumentos na excreção poderão causar algumas complicações devido a uma sobrecarga ao nível renal.

4.2.3.2. Minerais

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Apesar das necessidades quantitativas de minerais serem pequenas a sua falta pode-se repercutir gravemente no funcionamento do organismo, já que muitos deles são importantes bioreguladores. Contudo, ingestões excessivas podem induzir situações nefastas para a saúde do indivíduo (Rodrigues dos Santos, 1995).

4.2.3.2.1. Macrominerais

Os macrominerais são aqueles cuja concentração no organismo é superior a 0,005% do

peso corporal e são necessários em quantidades superiores a 100 mg.dia-1 (Krause e Mahan, 1991; Powers e Howley, 1997; Martinez, 1998).

O cálcio tem uma elevada importância no metabolismo do osso (prevenindo as fracturas de fadiga) e dos dentes, na coagulação sanguínea e no funcionamento do sistema nervoso, assim como na contracção muscular. O fósforo também é importante no metabolismo do osso e dos dentes, dos glícidos, lípidos e proteínas a nível muscular, bem como no metabolismo do sistema nervoso. Por sua vez, o sódio tem um papel importante na manutenção do equilíbrio ácido-básico e da pressão osmótica do líquido extracelular. O potássio desempenha uma função essencial na contractibilidade dos músculos estriados e miocárdio. Relativamente ao magnésio, este catião intracelular actua na permeabilidade celular, na excitabilidade neuromuscular, na síntese proteica, lipídica e dos ácidos nucleicos, na contracção muscular e na fosforização oxidativa (Horta, 2000).

No quadro 21 são apresentados os valores da estatística descritiva relativos ao consumo de macrominerais que, na opinião dos departamentos médicos, deve estar presente na dieta dos jovens futebolistas.

Quadro 21 – Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de macrominerais.

Macrominerais ξ DP AV

Cálcio (mg) 2339,7 554,5 1470 - 3045

Fósforo (mg) 3098,4 606,4 1992 - 3872

Magnésio (mg) 740,7 179,5 433 - 943

Potássio (mg) 7989,1 1793,3 5452 - 10120

Sódio (mg) 3697,4 1049,7 1979 - 5232

Para jovens dos 14 aos 18 anos, as DRI´s (FNB, 1997) sugerem valores de consumo de cálcio de 1300 mg.dia-1, pelo que o valor médio indicado pelos departamentos (2339,7 mg.dia-1) está bastante acima, enquanto que o valor de Rico Sanz et al. (1998) (1072 mg.dia-1) fica abaixo

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da recomendação. No entanto, o FNB (1997) aponta o limite de 2500 mg.dia-1, a partir do qual se considera que haja toxicidade para o indivíduo. Contudo, o valor mais alto indicado por um dos departamentos inquiridos (3045 mg.dia-1) excede em larga escala o aconselhado. Vários autores (Amorim Cruz, 2000; Manore et al., 2000; Olmedilla e Granado, 2000) referem que o cálcio é dos principais défices minerais encontrados em atletas e adolescentes em geral, todavia, tal não se passa no nosso estudo. Se os atletas realmente ingerirem as excessivas quantidades de cálcio indicadas pelos departamentos podem sofrer de vários problemas tais como: hipercalcemia e insuficiência renal (Rodrigues dos Santos, 1995).

Os valores de ingestão relativos ao fósforo são de 1250 mg.dia-1 (FNB, 1997) verificando-se que o nosso valor médio (3098,4 mg.dia-1) o supera em mais do dobro, no entanto todos os valores indicados pelos diferentes departamentos não ultrapassam o limite de toxicidade (4000 mg.dia-1) indicado pelo FNB (1997). Rico Sanz et al. (1998) encontraram um valor de 2113 mg.dia-1, inferior ao nosso, mas que também ultrapassa a recomendação.

Quanto ao magnésio o valor de ingestão recomendado pelo FNB (1997) é de 410 mg.dia-1. Comparando essa recomendação com o valor médio por nós encontrado (740,7 mg.dia-1) verificamos que é excedido em mais de 300 mg.dia-1, no entanto, o valor de 500 mg.dia-1 encontrado por Rico Sanz et al. (1998) está mais próximo de cumprir a recomendação. Horta (2000) refere que apenas 1% do magnésio corporal está em circulação e o excesso é eliminado pelo rim, pelo que pensamos que estes valores, a serem seguidos pelos atletas, não serão extremamente prejudiciais provocando apenas uma sobrecarga a nível renal.

Em relação ao potássio apercebemo-nos através dos dados recolhidos que o valor médio indicado pelos departamentos (7989,1 mg.dia-1) excede as 2000 mg.dia-1 recomendadas pelo FNB (1989), bem como todos os valores indicados pelos departamentos inquiridos, o mesmo se passando com Rico Sanz et al. (1998) (5725 mg.dia-1).

O mesmo se passa com a ingestão média de sódio indicada pelos departamentos médicos (3697,4 mg.dia-1). Este valor permite-nos afirmar que a ingestão recomendada pelo FNB (1989) (500 mg.dia-1) é excedida. Rico Sanz et al. (1998) encontraram valores inferiores ao nosso (2721 mg.dia-1) mas que também superam a recomendação. Este excesso de sódio, a ser real, não trará complicações aos atletas, uma vez que será eliminado pela sudação durante a prática desportiva.

4.2.3.2.2. Microminerais

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Os microminerais ou oligoelementos são todos aqueles cuja concentração no organismo é inferior a 0,005% do peso corporal e são requeridos em quantidades menores que 100mg.dia-1

(Krause e Mahan, 1991; Powers e Howley, 1997; Martinez, 1998). O ferro tem um papel importante na actividade física pois participa no transporte do

oxigénio como componente da mioglobina (proteína transportadora do oxigénio no músculo), da hemoglobina (proteína transportadora do oxigénio nos glóbulos vermelhos) e dos citocromos (Horta, 2000). O zinco no exercício físico participa no metabolismo dos glícidos, lípidos e proteínas, intervindo também na reparação tecidular. O cobre colabora na eritropoiése, na regulação das catecolaminas e no metabolismo energético (Rodrigues dos Santos, 1995), apresentando também uma acção antioxidante. Também o selénio e o manganésio desempenham uma acção antioxidante. Relativamente ao iodo, este desempenha um papel importante na formação das hormonas tiroideias (Horta, 2000).

No quadro 22 são apresentados os valores da estatística descritiva relativos ao consumo de microminerais que, na opinião dos departamentos médicos, deve estar presente na dieta dos jovens futebolistas.

Quadro 22 – Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de microminerais.

Microminerais ξ DP AV

Ferro (mg) 31,9 8,5 17,5 - 43,4

Zinco (mg) 23,9 4,8 15,1 – 30,0

Cobre (mg) 4,4 1,1 2,6 – 6,0

Iodo (μg) 246,2 69,1 164,0 – 341,0

Selénio (μg) 230 48,9 144,0 – 310,0

Manganésio (mg) 7,8 2,5 3,7 - 11,5

As DRI´s (FNB, 2001) sugerem valores, para jovens dos 14 aos 18 anos, de consumo de

ferro de 11 mg.dia-1 pelo que o valor indicado pelos departamentos (31,9 mg.dia-1) está bastante acima, no entanto, o FNB aponta o máximo de 45 mg.dia-1, limite a partir do qual se considera que haja toxicidade para o indivíduo. Como tal, todos os valores por nós recolhidos junto dos departamentos médicos não excedem o limite de toxicidade, assim como o valor de Rico Sanz et al. (1998) (22 mg.dia-1). A ingestão média, indicada pelos departamentos médicos, de zinco, cobre, iodo e

selénio são respectivamente 23,9mg.dia-1, 4,4 mg.dia-1, 246,2 μg.dia-1 e 230 μg.dia-1. A

observância destes valores permite-nos afirmar que a ingestão recomendada pelo FNB (1998) é

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excedida (11mg.dia-1, 0,89 mg.dia-1, 150 μg.dia-1 e 55 μg.dia-1 respectivamente), contudo os

limites de toxicidades não são ultrapassados (34mg.dia-1, 8 mg.dia-1, 900 μg.dia-1 e 400 μg.dia-

1 respectivamente), esta mesma situação é verificada por Rico Sanz et al. (1998) para o zinco,

cobre e selénio com valores de 19,7 mg.dia-1, 2,41 mg.dia-1 e 184 μg.dia-1, respectivamente.

Relativamente ao manganésio, apercebemo-nos através dos dados recolhidos que o valor médio indicado pelos departamentos (7,8 mg.dia-1) excede as 2,2 mg.dia-1 recomendadas pelo FNB (2001), mas não ultrapassa o limite de toxicidade (9 mg.dia-1), no entanto o valor mais elevado da amplitude de variação (11,5 mg.dia-1), indicado por um dos departamentos médicos, ultrapassa esse limite podendo provocar neurotoxicidade (FNB, 2001). Embora em termos absolutos não se verifique nos sujeitos ingestão deficitária de minerais é relevante afirmar que as necessidades globais de minerais estão aumentadas no desportista em relação ao sedentário (Horta, 2000). Este aumento verifica-se porque se assiste a uma excreção aumentada de alguns minerais, como é o caso do magnésio e do potássio, e também porque há uma maior perda de outros pela sudação, como é o caso do sódio. De um modo geral, há um maior desgaste físico e consequentemente, uma maior quantidade de perdas de todos os minerais. No entanto, estes serão normalmente repostos se as exigências energéticas acrescidas com o exercício físico forem supridas com uma dieta rica e diversificada.

Em jeito de conclusão, o presente estudo demonstra que os problemas que possam surgir com a alimentação dos atletas, não estão relacionados com défices minerais mas sim com excessos.

4.2.4. Outros nutrientes

As fibras, que actualmente têm sido consideradas importantes na dieta, fazem parte da

constituição estrutural das plantas e ao contrário do amido não sofrem o processo digestivo, sendo assim indigeríveis no organismo (Ha et al., 2000 e Lopes, 2000). Apesar de serem indigeríveis, Horta (2000) refere que diminuem a absorção de outros nutrientes a nível intestinal (açucares e colesterol).

O colesterol é uma componente essencial das membranas estruturais de todas as células e é o principal componente do cérebro e das células nervosas. O organismo utiliza o colesterol para formar ácidos biliares, que intervêm no processo de absorção dos alimentos, na formação das hormonas sexuais e corticais. O restante permanece no sangue sob a forma de lipoproteínas (Falcão, 2000).

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_______________________________________ Apresentação e Discussão dos Resultados

Ricardo M. T. Silva 63

A difusão social do álcool é um facto marcante nos países ocidentais, podendo ser considerado como droga ou como nutriente, já que 1 grama de etanol contém 7 kcal de energia (Rodrigues dos Santos, 1995).

A cafeína é um alcalóide que pertence ao grupo das metilxantinas (Rodrigues dos Santos, 1995) que existe no café e em alguns refrigerantes, estimula o sistema nervoso central, o miocárdio, os rins e algumas glândulas endócrinas. A sua acção parece ser mediada pela adrenalina. Como se distribui pelo organismo em proporção com a água, os músculos muito ricos na mesma recebem largas quantidades de cafeína após a sua ingestão (Horta, 2000).

No quadro 23 são apresentados os valores da estatística descritiva relativos ao consumo de outros nutrientes que, na opinião dos departamentos médicos, deve estar presente na dieta dos jovens futebolistas. Quadro 23 – Valores da média, desvio padrão e amplitude de variação da recomendação do consumo de outros nutrientes (fibra dietética, colesterol, etanol e cafeína).

Nutrientes ξ DP AV

Fibra dietética (g) 61,3 18,7 31,4 - 82,3

Colesterol (mg) 635 136 387 - 787

Etanol (g) 0,3 0,8 0 - 2,5

Cafeína (mg) 18,5 18 0,2 - 61,8

As DRI´s (FNB, 2002) sugerem valores, para jovens dos 14 aos 18 anos, de consumo de fibra dietética de 38 g.dia-1 pelo que o valor médio indicado pelos departamentos (61,3 g.dia-1) está bastante acima, no entanto também se encontram valores abaixo da recomendação (31,4 g.dia-1). Nas sociedades ocidentais, as dietas são pobres em fibras devido à baixa ingestão de alimentos ricos em cereais integrais e de fruta e legumes, daí a existência de elevados índices de diabetes, obstipação, colesterol sanguíneo elevado e tumores intestinais (Horta, 2000). Todavia, caso este consumo fosse real não existiriam quaisquer problemas derivados deste excesso (FNB, 2002) e também não se verificariam os problemas inerentes ao baixo consumo de fibra dietética.

Relativamente ao colesterol, apercebemo-nos através dos dados recolhidos que o valor médio indicado pelos departamentos (635 mg.dia-1) excede as 300 mg.dia-1 recomendadas por vários autores (CNC, 1988; Steen e Brownell, 1993; Seeley et al., 1997; Giovannini et al., 2000) e os valores obtidos por Giada et al. (1996) de 354 mg.dia-1, havendo uma grande amplitude de variação chegando-se a atingir valores bastante elevados (787 mg.dia-1). Contudo, como o colesterol é um componente essencial na reposição das membranas estruturais de todas as

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_______________________________________ Apresentação e Discussão dos Resultados

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células, pensamos que os valores recomendados não trarão complicações aos atletas, devido às necessidades acrescidas provocadas pelo exercício. Também a elevada recomendação de fibra dietética verificada no nosso estudo, que segundo Horta (2000) diminui a absorção de colesterol a nível intestinal, poderá fazer com que os valores deste nutriente no sangue sejam diminuídos.

A ingestão média, indicada pelos departamentos médicos, de etanol é de 0,3 g.dia-1. A observância destes valores permite-nos afirmar que a ingestão recomendada por Horta (2000) não é atingida (0,7 g.kg-1.dia-1). O etanol fornece energia, contudo esta não pode ser metabolizada nos músculos, mas apenas pelas células hepáticas e a uma taxa fixa. O etanol tem um efeito diurético, pois diminui a produção da hormona antidiurética, limitando as possibilidades do organismo actuar contra a desidratação durante e após o exercício físico, quando deveria existir uma retenção de água e não um aumento da sua excreção (Horta, 2000). Também devido à idade de alguns dos atletas, para quem os departamentos fazem estas recomendações (14-18 anos), deve haver algum cuidado com a ingestão de etanol. Isto porque poderá ainda não existir uma maturação total ao nível hepático fazendo com que todo o etanol sem ser metabolizado seja lançado na corrente sanguínea e transportado na sua forma “bruta” para o cérebro provocando dificuldades na motricidade, na coordenação e no equilíbrio.

Finalmente a cafeína, através dos dados recolhidos apercebemo-nos que o valor médio indicado pelos departamentos (18,5 mg.dia-1) não excede as 2 - 10 mg.kg-1 recomendadas por Rodrigues dos Santos (1995), uma vez que um indivíduo de 70 kg de peso corporal poderia ingerir 140 – 700 mg. Assim sendo, pensamos que estes valores de ingestão indicados pelos departamentos não seriam suficientes para provocar nos atletas, caso estes seguissem as indicações, os efeitos esperados de diminuição da sonolência, aumento do estado de alerta, diminuição do tempo de reacção, entre outros. Contudo, também sabemos que se um indivíduo não estiver acostumado à ingestão de cafeína uma quantidade extremamente pequena poderá ter algum efeito, que tende a desaparecer com a habituação.

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________________________________________________________ Conclusões

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55.. CCoonncclluussõõeess

Com o presente estudo pretendeu-se, partindo das informações recolhidas junto dos departamentos médicos dos clubes, identificar o grau de congruência entre o preconizado pela literatura como recomendações nutricionais e dietéticas para jovens futebolistas e o que ocorre na prática corrente nos clubes de futebol. Para tal, e tendo sempre presente a limitação deste estudo (análise das recomendações dos departamentos médicos para as suas equipas e não a real ingestão de um indivíduo) foram estudados alguns parâmetros dos quais concluimos que:

- Dos departamentos médicos inquiridos 50% (5 departamentos) não fornecem indicações aos atletas quanto à quantidade de alimentos a ingerir, no entanto, 80% dos departamentos indicam aos atletas o número de refeições que devem efectuar ao longo do dia.

- Relativamente ao tipo de alimentação que deve anteceder o jogo, 90% dos departamentos médicos inquiridos referiram dar indicações aos seus jogadores.

- Em relação ao tipo de refeição a ingerir logo após o jogo 80% dos departamentos dão informações sobre a mesma. No que se refere à repercussão da alimentação na performance dos atletas, dois departamentos (20%) não dão qualquer informação sobre a mesma.

- Quanto à avaliação dos hábitos nutricionais dos atletas, apenas dois departamentos referiram que é feita uma avaliação dos mesmos.

- O valor médio diário de energia a ingerir, segundo os departamentos médicos, encontra-se acima do valor recomendado pelas RDA’s. No entanto, as RDA’s são elaboradas para adolescentes ligeira a moderadamente activos, não levando em consideração as necessidades energéticas adicionais que os jovens têm devido à sua prática desportiva, uma vez que as equipas do nosso estudo realizam todas entre 4 a 5 treinos semanais mais o jogo.

- Os níveis de ingestão de glícidos aconselhados pelos departamentos médicos apesar de não atingirem, em alguns casos, a % do VET para algumas recomendações, em termos totais (g) satisfazem todas as indicações das várias instituições e autores por nós recolhidas.

- Os departamentos inquiridos recomendam uma correcta ingestão de lípidos aos seus atletas, o mesmo não se passa com as proteínas sendo aconselhada uma elevada ingestão deste nutriente.

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________________________________________________________ Conclusões

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- Em relação às vitaminas (lipossolúveis e hidrossolúveis) podemos afirmar que a maioria dos valores indicados estão dentro das recomendações. Existe um défice na recomendação para a vitamina K, contudo, não é preocupante uma vez que a flora bacteriana intestinal produz a quantidade necessária no dia-a-dia. Verifica-se porém, um excesso na recomendação para a vitamina B3 e ácido fólico sendo este excesso excretado pela urina, de tal forma que raramente se acumulam em concentrações tóxicas.

- No que diz respeito aos macrominerais e microminerais todos os valores indicados encontram-se dentro das recomendações, isto porque, no desportista as necessidades globais de minerais estão aumentadas.

- Os departamento médicos inquiridos sugerem uma ingestão de fibra dietética que excede a recomendação, todavia, não existem quaisquer malefícios derivados deste valor.

- O valor indicado para o colesterol é algo elevado (635mg.dia-1 vs. 300mg.dia-1), contudo, este nutriente é fundamental para repôr as membranas celulares, sendo ainda mais importante no atleta. Por outro lado, a alta recomendação de ingestão de fibra dietética diminui a absorção intestinal do colesterol.

- Relativamente ao etanol e cafeína, a recomendação dos departamentos médicos para estes dois nutrientes fica muito abaixo do limite permitido, sendo a sua possível ingestão por parte dos atletas quase nula. Em síntese, os dados do nosso estudo parecem evidenciar conhecimentos adequados,

por parte da generalidade dos departamentos médicos, relativamente aos padrões alimentares e nutricionais mais ajustados aos jovens futebolistas.

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_____________________________________________________ Recomendações

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66.. RReeccoommeennddaaççõõeess

No sentido de melhorar a alimentação dos nossos jovens atletas, nós enquanto pais, professores, treinadores ou preparadores físicos poderemos ter um papel determinante.

A educação dos jovens sobre as suas necessidades energéticas e sobre a acção dos alimentos no fornecimento de energia para o organismo é essencial para uma boa saúde, prevenção de lesões e performance desportiva.

Assim, parece-nos legítimo deixar algumas recomendações que possam ser úteis na intervenção futura de treinadores e demais pessoas ligados à área da formação no Futebol:

- Os atletas devem ser guiados de encontro a uma dieta rica em glícidos (>55%),

moderada em lípidos (<30%) e proteínas (<15%), que vá de encontro às necessidades energéticas do treino diário.

- A preferência por determinados alimentos deve ser identificada para permitir que pais, treinadores e restantes elementos da equipa técnica possam fornecê-los aos jogadores.

- Pais, treinadores e preparadores físicos devem ser incluídos na educação nutricional dos jogadores, a qual pode incluir aconselhamento dietético, uso de vários meios para monitorizar/controlar a ingestão de glícidos e informação sobre como consultar e ler as tabelas alimentares dos produtos a ingerir.

- Deve-se determinar a dieta adequada para o atleta durante o treino, competição e entre épocas desportivas. Esta avaliação será usada para providenciar recomendações apropriadas ao nível do consumo energético e de nutrientes para manter uma boa saúde, um apropriado peso e composição corporal e uma performance desportiva óptima ao longo do ano. Devem ser fornecidas regras específicas para realizar uma boa selecção ao nível de alimentos e fluídos quando em viagem ou quando os atletas comem fora de casa.

- Todas as recomendações nutricionais para atletas devem ser baseadas em dados científicos actuais e nas necessidades dos atletas como indivíduos. Os profissionais de saúde devem trabalhar em conjunto com os atletas, treinadores e familiares para construir uma boa relação entre todos, providenciando aos atletas o melhor meio possível para atingir os objectivos nutricionais relacionados com o desporto.

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Page 85: Tese Licenciatura

__________________________________________________________ Anexos

Ricardo M. T. Silva 77

AAnneexxooss

Page 86: Tese Licenciatura

__________________________________________________________ Anexos

VII

QQUUEESSTTIIOONNÁÁRRIIOO SSOOBBRREE AA NNUUTTRRIIÇÇÃÃOO NNOO FFUUTTEEBBOOLL JJOOVVEEMM EEMM PPOORRTTUUGGAALL

Clube: Nº de ordem:

Data de aplicação do questionário:___/___/2003

1. Número de treinos por semana:

2. São dadas aos jogadores indicações acerca da alimentação quanto:

2.1. À quantidade de alimentos a ingerir. SIM NÃO

2.2. Ao número de refeições que devem efectuar ao longo do dia. SIM NÃO

2.3. Ao tipo de alimentação que deverá anteceder o jogo. SIM NÃO

2.4. Ao tipo de refeição/suplemento energético a ingerir logo após o jogo. SIM NÃO

3. São dadas informações sobre a repercussão da alimentação na performance dos atletas:

SIM NÃO

3.1. Se sim: de que forma (coloque uma X na(s) opção/opções correcta(s))

Individualmente

Em palestra colectiva

Através de um folheto informativo

Outro

3.2. Que pontos são referenciados, aos jogadores, nas informações fornecidas:

4. É feita uma avaliação sobre os hábitos nutricionais dos atletas?

SIM NÃO

Este questionário enquadra-se num estudo monográfico sobre as necessidades e hábitos nutricionais de jovens futebolistas. Irá ser aplicado a um elemento do Departamento Médico de cada um dos clubes de futebol a estudar. Os dados serão tratados de uma forma confidencial e anónima.

Page 87: Tese Licenciatura

__________________________________________________________ Anexos

VIII

5. Agora, gostaríamos que respondesse a algumas questões sobre os alimentos que considera que os seus

atletas deveriam consumir. Quantas vezes por dia, semana ou mês é que acha que um atleta deveria consumir

cada um dos alimentos que vamos referindo:

1. PRODUTOS LÁCTEOS

Nunca

ou

<1 mês

1-3

por

mês

1

por

sem

2-4

por

sem

5-6

por

sem

1

por

dia

2-

3

por

dia

4-

5

por

dia

6+

por

dia

111 ... Leite gordo (1 chávena, 250ml)

222 ... Leite meio-gordo (1 chávena, 250ml)

333 ... Leite magro (1 chávena, 250ml)

444 ... Iogurte (um, 125 g)

555 ... Queijo Curado, semi-curado ou cremoso (uma fatia, 30 g)

666 ... Sobremesas lácteas: pudim flan, pudim de chocolate, etc.(um)

777 ... Gelados ( um, 2 bolas ou copo)

2. OVOS, CARNES E PEIXES

Nunca

ou

<1 mês

1-3

por

mês

1

por

sem

2-4

por

sem

5-6

por

sem

1

por

dia

2-

3

por

dia

4-

5

por

dia

6+

por

dia

888 ... Ovos ( um)

999 ... Frango (1 porção ou 2 peças, 150 g)

111 000 ... Perú, coelho (1 porção ou 2 peças, 150 g)

111 111 ... Carne vaca, porco, cabrito como prato principal (1 porção, 120 g)

111 222 ... Fígado de vaca, porco, frango ( 1porção 130 g)

111 333 ... Língua, mão vaca, tripas, chispe, coração, rim (1 porção,100 g)

111 444 ... Fiambre, chouriço, salpicão, presunto, etc. ( 1 porção, 20 g)

111 555 ... Salsichas e similares (três médias )

111 666 ... Toucinho, bacon ( 2 fatias, 50 g )

111 777 ... Peixe gordo: sardinha, cavala, carapau, etc. (1 porção, 125 g)

111 888 ... Peixe magro: pescada, faneca, linguado, etc. (1 porção, 125 g)

111 999 ... Bacalhau (1 porção, 125 g)

222 000 ... Peixe conserva: atum, sardinhas, etc. ( 1 lata )

222 111 ... Lulas, polvo (1 porção, 100 g)

222 222 ... Camarão(1 porção, 100g), amêijoas, mexilhão, etc. (1/2 chávena)

3. ÓLEOS E GORDURAS

Nunca

ou

<1 mês

1-3

por

mês

1

por

sem

2-4

por

sem

5-6

por

sem

1

por

dia

2-

3

por

dia

4-

5

por

dia

6+

por

dia

222 333 ... Azeite ( 1 colher sopa )

222 444 ... Óleos: girassol, milho, soja ( 1 colher sopa )

222 555 ... Margarina ( 1 colher chá )

222 666 ... Manteiga ( 1 colher chá )

4. PÃO, CEREAIS E OUTROS FARINÁCEOS

Nunca

ou

<1 mês

1-3

por

mês

1

por

sem

2-4

por

sem

5-6

por

sem

1

por

dia

2-

3

por

dia

4-

5

por

dia

6+

por

dia

222 777 ... Pão branco ou tostas ( 1 ou 2 fatias forma, 40 g )

Page 88: Tese Licenciatura

__________________________________________________________ Anexos

IX

222 888 ... Pão integral ou tostas integrais ( 1 ou 2 fatias forma, 50 g )

222 999 ... Broa, broa de avintes ( 1 fatia, 80 g )

333 000 ... Arroz cozinhado ( ½ prato, 100 g )

333 111 ... Massa cozinhadas: esparguete, macarrão ( ½ prato, 100 g )

333 222 ... Batatas fritas ( 1 porção, 100 g )

333 333 ... Batatas cozidas, assadas ( 2 batatas médias, 160 g )

5. DOCES E PASTÉIS

Nunca

ou

<1 mês

1-3

por

mês

1

por

sem

2-4

por

sem

5-6

por

sem

1

por

dia

2-

3

por

dia

4-

5

por

dia

6+

por

dia

333 444 ... Bolachas tipo maria ou água e sal ( 3 bolachas )

333 555 ... Outras bolachas ou biscoitos ( 3 bolachas )

333 666 ... Croissant ou pastéis (um) ou bolos caseiros ( uma fatia)

333 777 ... Chocolate barra ( 3 quadrados) ou em pó ( 1 colher sopa )

333 888 ... Marmelada, compota, geleia, mel ( 1 colher sobremesa)

333 999 ... Açúcar ( 1 colher sobremesa ou 1 pacote )

6. HORTALIÇAS E LEGUMES

Nunca

ou

<1 mês

1-3

por

mês

1

por

sem

2-4

por

sem

5-6

por

sem

1

por

dia

2-

3

por

dia

4-

5

por

dia

6+

por

dia

444 000 ... Couve branca, couve lombarda cozinhada ( ½ chávena, 75 g )

444 111 ... Penca, tronchuda cozinhada ( ½ chávena, 65 g )

444 222 ... Couve galega cozinhada ( ½ chávena, 65 g )

444 333 ... Bróculos cozinhados ( ½ chávena, 85 g )

444 444 ... Couve-flor, couve-bruxelas cozinhada ( ½ chávena, 135 g )

444 555 ... Grelos, nabiças, espinafres cozinhados ( ½ chávena, 72 g )

444 666 ... Feijão verde cozinhado ( ½ chávena, 65 g )

444 777 ... Alface, agrião ( ½ chávena, 15 g )

444 888 ... Cebola ( uma média)

444 999 ... Cenoura ( uma média )

555 000 ... Nabo ( um médio )

555 111 ... Tomate fresco ( ½ médio, 63 g )

555 222 ... Pimento ( ½ médio, 68 g )

555 333 ... Pepino ( ¼ médio, 50 g )

555 444 ... Leguminosas cozinhadas: feijão, grão de bico ( 1 chávena )

555 555 ... Ervilha grão, fava cozinhada ( ½ chávena )

7. FRUTOS

Nunca

ou

<1 mês

1-3

por

mês

1

por

sem

2-4

por

sem

5-6

por

sem

1

por

dia

2-

3

por

dia

4-

5

por

dia

6+

por

dia

555 666 ... Maça, pêra ( uma média )

555 777 ... Laranjas ( uma média ), tangerina ( 2 média )

555 888 ... Banana ( uma média )

555 999 ... Kiwi ( um médio )

666 000 ... Morangos ( uma chávena )

666 111 ... Cerejas ( uma chávena )

Page 89: Tese Licenciatura

__________________________________________________________ Anexos

X

666 222 ... Pêssego ( um médio ), ameixa ( 3 médias )

666 333 ... Melão, melancia ( 1 fatia média, 150 g )

666 444 ... Diospiro ( um médio )

666 555 ... Figo fresco, nêsperas, damascos ( 3 médios )

666 666 ... Uvas ( 1 cacho médio )

666 777 ... Frutos conserva: pêssego, ananás ( 2 metades ou rodelas )

666 888 ... Frutos secos: amêndoas, avelãs, amendoins, etc. ( ½ chávena )

666 999 ... Azeitonas ( 6 unidades )

8. BEBIDAS E MISCELÂNEAS

Nunca

ou

<1 mês

1-3

por

mês

1

por

sem

2-4

por

sem

5-6

por

sem

1

por

dia

2-

3

por

dia

4-

5

por

dia

6+

por

dia

777 000 ... Vinho ( 1 copo, 125 ml)

777 111 ... Cerveja ( 1 garrafa ou 1 copo, 330 ml )

777 222 ... Bebidas brancas: aguardente, whisky, brandy, etc.(1 cálice, 40ml)

777 333 ... Refrigerantes: sumol, laranjada, etc. (1 garrafa ou 1 copo,330 ml)

777 444 ... Coca-cola ( 1 garrafa ou 1 copo,330 ml)

777 555 ... Café ( 1 chávena café )

777 666 ... Chã preto ( 1 chávena )

777 777 ... Croquetes, rissóis, bolinhos de bacalhau, etc. ( 3 unidades )

777 888 ... Maionese ( 1 colher sobremesa )

777 999 ... Molho de tomate, ketchup ( 1 colher sopa )

888 000 ... Pizza ( ½ pizza – tamanho normal )

888 111 ... Hamburguer ( um médio )

888 222 ... Sopa de legumes ( 1 prato )

Existe algum alimento que não tenhamos mencionado e que acha que os seus atletas deveriam consumir pelo menos

1 vez por semana, mesmo em pequenas quantidades ou numa época particular. Por exemplo: flocos de cereais,

frutas exóticas, farinha de pau, canja, alheiras, farinheiras, produtos dietéticos, rebuçados, cevada, bebidas

espirituosas, etc.

ALIMENTOS

Nunca

ou

<1 mês

1-3

por

mês

1

por

sem

2-4

por

sem

5-6

por

sem

1

por

dia

2-

3

por

dia

4-

5

por

dia

6+

por

dia

6. Existe mais alguma observação que queira fazer acerca da alimentação dos seus atletas?

Obrigado pela colaboração.

Page 90: Tese Licenciatura

__________________________________________________________ Anexos

XI

clube quantity unitmeas gramweig calories protein carbohyd fattotal saturate 1 1 each 3943 2906 146 395 92,9 29,4 2 1 each 4617 4165 204 607 115 36,7 3 1 each 4902 4521 212 660 129 41,3 4 1 each 2683 3065 172 341 116 33,4 5 1 each 3498 3363 206 422 101 28,5 6 1 each 3464 3358 194 429 104 29,8 7 1 each 4988 4800 226 735 118 33,2 8 1 each 4657 5492 244 659 225 58,6 9 1 each 5584 4672 188 698 143 36,9 10 1 each 2727 2441 141 294 83,9 26,4

monofat polyfat choleste dietaryf complexc sugars alcohol caffeine totalvit

39,6 15,8 387 39,1 89,9 240 0 6,04 3417 44,9 22 600 72,9 161 282 0 20,5 5470 50,3 23,9 787 74,4 171 326 0 21,5 5539 54,7 18,1 720 39,5 102 116 0 0,258 6076 41,6 19,3 751 59,2 137 143 0 14,5 7006 43,2 18,8 675 59,9 146 144 0 15 7002 48,8 23 688 82,2 250 286 2,47 32,9 8368 98,5 50,3 755 71,7 171 296 0 4,43 5265 68,9 24,9 516 82,3 174 341 0,814 61,8 5863 32 17,2 471 31,4 74,3 147 0 8,24 3687

aretinol acaroten thiaminb riboflav niacinb3 niacineq vitaminb vitamin1 folate

1138 2270 2,13 3,95 26 26,3 3,66 14,6 515 1869 3566 3,7 5,05 41,4 41,3 4,89 20,7 974 1932 3574 3,88 5,44 41,9 41,8 5,09 21,8 989 4317 1757 2,58 4,46 34,4 35,1 3,18 37,7 671 4254 2743 3,24 5,24 44,1 44 4,33 48,3 1052 4239 2755 3,26 5,19 42,2 42,1 4,23 40,2 1062 4441 3885 4,9 6,93 57,8 58,4 6,08 41,7 1319 1417 3842 4,05 5,55 50,5 50,4 5,34 23,5 937 2188 3668 4,1 5,72 37,5 37,5 5,17 22,2 1013 1760 1907 1,89 3,36 29,1 30,2 3,43 26,5 439

pantothe vitaminc vitamind vitealph vitamink calcium copper iron magnesiu

10,2 276 9,34 15 50,7 2389 2,68 17,5 566 12,4 543 4,11 19 36,6 2491 4,36 34,3 808 13,2 548 5,88 20,1 42,4 2689 4,51 35,9 852 9,74 175 7,99 11,6 36,6 1711 3,65 26,4 557 11,7 405 7,72 15,6 28,3 1935 5,32 36,8 709 11,4 404 5,8 15,4 28,3 1901 4,85 35 686 15,9 575 13 19,6 42,6 2997 6,04 43,4 916 13,5 536 4,07 39,8 38,2 3045 5,35 37 937 12,9 455 10,1 24 58,1 2769 4,67 34,4 943 8,12 264 7,18 12,5 28,9 1470 2,64 18,1 433

Page 91: Tese Licenciatura

__________________________________________________________ Anexos

XII

manganes phosphor potassiu selenium sodium zinc water biotin boron

5,22 2663 7006 156 1988 17,6 3281 31,2 23,1 8,98 3225 8969 243 3928 25,8 3620 25,8 11,5 9,35 3555 9461 262 4124 27,2 3829 31,8 13,4 4,71 2663 5600 217 3449 20,6 1919 21 10,2 7,73 2898 7037 253 3746 25,1 2704 15,3 9,98

8 2732 6829 232 3599 24,5 2689 15,3 9,98 11,5 3735 9702 310 5232 28,5 3857 29,5 14,7 9,25 3872 9715 248 4782 30 3469 28,5 11,1 9,65 3649 10120 235 4147 25 4403 33,7 23,3 3,74 1992 5452 144 1979 15,1 2182 16,8 10,2

chloride chromium fluoride iodine molybden insolfib solublef alanine arginine

1876 . . 339 26,8 23,9 11,3 6,17 7,02 1751 . . 242 17,1 39,4 18,4 8,55 9,76 1999 . . 297 21,8 40,9 18,8 8,97 10,3 1322 . . 192 17,1 15,5 7,09 7,44 8,33 1330 . . 164 13,7 30,4 14,9 9 10,6 1330 . . 164 13,7 31,1 15,2 8,19 9,68 1671 . . 288 21,3 38,7 19 9,37 10,6 2286 . . 256 18,4 43,4 18,2 9,83 12,1 2120 . . 341 29,3 44,4 18,8 7,18 8,88 1048 . . 179 14 18,7 8,94 6,17 6,99

aspartat cystine glutamat glycine histidin isoleuci leucine lysine methioni 13,5 1,6 25,7 5,07 3,89 6,99 11,5 10,5 3,3 17,4 2,26 32,9 7,23 5,03 8,61 14,4 13,3 4,13 18,3 2,41 34,8 7,56 5,27 9,13 15,2 13,9 4,36 14,1 1,88 26,8 6,37 4,37 7,44 12,5 11,8 3,75 17,1 2,25 30,8 7,97 5,01 8,55 14,3 13,3 4,16 15,7 2,12 29,4 7,22 4,72 7,99 13,3 12,2 3,82 17,9 2,7 38,4 8,1 5,38 9,62 16,2 13,8 4,61 20,6 2,62 39,6 8,5 5,94 9,99 16,9 15,5 4,85 16 2,06 31,8 5,96 4,45 7,92 13,5 11,4 3,58

11,8 1,49 21,5 5,25 3,66 6,3 10,3 10,1 3,2

phenylal proline serine threonin tryptoph tyrosine valine n40butri n60capri 6,25 9,87 6,68 5,69 1,71 5,4 8,24 0,809 0,427 8,12 12 8,56 7,28 2,11 6,54 10,1 0,761 0,426 8,58 12,7 9,11 7,55 2,24 6,93 10,7 0,934 0,523 6,85 9,55 7,04 6,35 1,84 5,56 9,37 0,701 0,383 7,93 10,4 8,1 7,51 2,16 6,15 10,5 0,458 0,261 7,5 10,1 7,6 6,95 2,03 5,76 9,92 0,466 0,266 9,17 14,2 9,55 8,04 2,41 7,19 12,1 0,467 0,245 9,61 14,4 10,2 8,38 2,51 8,05 11,7 1,22 0,633 7,61 11,7 8,12 6,57 2,01 6,16 9,44 0,792 0,417 5,5 7,59 5,63 5,41 1,54 4,53 8,64 0,55 0,317

Page 92: Tese Licenciatura

__________________________________________________________ Anexos

XIII

n80capry n100capr n120laur n140myri n160palm n180stea n200arac n220behe n141myri 0,272 0,618 0,669 2,82 14,8 5,34 0,017 0,037 0,001 0,269 0,63 0,723 3,05 18,6 7,67 0,019 0,04 0,002 0,328 0,754 0,877 3,6 21,2 8,69 0,019 0,042 0,002 0,239 0,563 0,605 2,78 18 6,86 0,006 0,012 0,002 0,155 0,38 0,436 2,14 14,9 6,32 0,005 0,01 0,001 0,16 0,393 0,451 2,16 15,3 6,8 0,007 0,015 0,001 0,168 0,391 0,483 2,09 17,7 7,78 0,013 0,024 0,002 0,422 0,962 1,03 4,69 30,7 11,7 0,085 0,177 0,002 0,268 0,614 0,66 2,84 19,1 6,78 0,018 0,038 0,002 0,19 0,45 0,525 2,3 13,6 5,66 0,022 0,04 0,001

n161palm n181olei n201eico n221eruc n182lino n183lino n184stea n204arac n205epa

1,55 34,8 0,292 0,146 12,4 1,54 0,011 0,183 0,124 1,88 37,5 0,273 0,113 15,4 2,77 0,01 0,289 0,105 2,11 42 0,298 0,113 17 2,89 0,01 0,324 0,105 2,13 47,6 0,498 0,513 11,6 1,54 0,038 0,405 0,323 1,73 34,4 0,517 0,517 11,7 2,57 0,051 0,445 0,378 1,7 36,2 0,432 0,336 11,9 2,54 0,026 0,423 0,26 1,71 42,7 0,376 0,291 16,1 3,18 0,024 0,405 0,249 2,54 87,6 0,672 0,069 41,7 4,13 0,017 0,271 0,14 1,59 61,4 0,413 0,108 18,3 1,92 0,012 0,203 0,126 1,59 26,4 0,46 0,459 12,1 1,64 0,036 0,287 0,379

n225dpa n226dha transfa omega3fa omega6fa ash

0,268 0,299 0,853 1,92 12,6 27,1 0,144 0,282 1,76 2,54 16,2 36,3 0,144 0,293 1,73 2,67 17,7 38,3 0,755 0,71 1,49 2,56 12 24,3 0,756 0,792 0,688 3,11 12,7 31,5 0,751 0,628 0,694 2,8 13 30,5 0,754 0,611 1,85 2,92 17,6 47,4 0,04 0,349 1,84 3,51 43 41,8 0,26 0,305 1,69 2,35 18,5 39 1,35 0,865 0,824 2,68 12,6 22,9