TESRF 062015

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www.ondeinvestir.lopesfilho.com.br 05.jun.15 - Pág. 1/4 RELATÓRIO RENDA FIXA TESOURO DIRETO JUNHO DE 2015 NOSSA CARTEIRA Sugerimos mais uma modificação na carteira para junho, passando a alocar 30% dos recursos em títulos pós-fixados atrelados à Selic, 25% dos recursos em ativos prefixados e 45% em ativos atrelados à inflação. Tal alteração se faz necessária visto a percepção de que o ciclo de alta da Selic está próximo ao fim. CENÁRIO ECONÔMICO PERSPECTIVAS Para o mês de junho, é possível algum “desanuviamento” dos ambientes econômico e político, dado o bom encaminhamento das medidas fiscais no Congresso e a melhoria dos vetores de mercado, como o “risco País”, o dólar (menos volátil) e a inflação. No Congresso, a única MP ainda a ser votada é a que trata da desoneração da folha de pagamentos de setores da indústria. Outro tema delicado é a flexibilização do Fator Previdenciário, com a Presidente Dilma devendo vetar. Agora é esperar que os resultados fiscais, e as boas sinalizações dadas pelo governo, no anúncio de uma agenda positiva, surtam efeito sobre as expectativas dos agentes. O plano de safra nacional foi um esforço neste sentido, assim como o pacote de concessões para aeroportos, rodovias e ferrovias, a ser anunciado em breve. Nas últimas sinalizações, o aporte de recursos estaria em torno de R$ 150 bilhões. Risco País. Depois de fechar maio a 286 pontos, há tendência de ligeira queda em junho. Juros futuros. As taxas curtas e longas ainda devem oscilar muito ao sabor dos acontecimentos políticos e das negociações no Congresso. Com o ajuste fiscal evoluindo bem é possível que as taxas curtas recuem um pouco, assim como as longas. Caso contrário, se manterão “esticadas” e voláteis ao longo do mês. Inflação. Depois do repique, a inflação cedeu um pouco em maio. O realinhamento tarifário em curso e o câmbio depreciado, no entanto, continuam como elementos de pressão. Em 12 meses, o IPCA, a 8,2% em maio, deve chegar a 8,5% em julho/agosto, para depois fechar a 8,6% no final do ano, desde que as condições atuais se mantenham. Taxa de Câmbio. O dólar comercial fechou maio próximo a R$ 3,18, depois de recuar a R$ 2,99 em abril. Para junho deve se manter entre R$ 3,10 e R$ 3,20, dadas as tensões políticas no meio do caminho e os movimentos do Fed na “sintonia fina” entre atividade econômica e inflação. A depreciação cambial chega a algo em torno de 20% e, ao fim deste ano, a taxa deve fechar em R$ 3,30. Inflação e Selic Taxa de Câmbio T-Bonds

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    RELATRIO RENDA FIXA

    TESOURO DIRETO

    JUNHO DE 2015

    NOSSA CARTEIRA Sugerimos mais uma modificao na carteira para junho, passando a alocar 30% dos recursos em ttulos

    ps-fixados atrelados Selic, 25% dos recursos em ativos prefixados e 45% em ativos atrelados inflao. Tal alterao se faz necessria visto a percepo de que o ciclo de alta da Selic est prximo ao

    fim.

    CENRIO ECONMICO PERSPECTIVAS

    Para o ms de junho, possvel algum desanuviamento dos ambientes econmico e poltico, dado o

    bom encaminhamento das medidas fiscais no Congresso e a melhoria dos vetores de mercado, como o

    risco Pas, o dlar (menos voltil) e a inflao. No Congresso, a nica MP ainda a ser votada a que

    trata da desonerao da folha de pagamentos de setores da indstria. Outro tema delicado a

    flexibilizao do Fator Previdencirio, com a Presidente Dilma devendo vetar. Agora esperar que os

    resultados fiscais, e as boas sinalizaes dadas pelo governo, no anncio de uma agenda positiva,

    surtam efeito sobre as expectativas dos agentes. O plano de safra nacional foi um esforo neste sentido,

    assim como o pacote de concesses para aeroportos, rodovias e ferrovias, a ser anunciado em breve.

    Nas ltimas sinalizaes, o aporte de recursos estaria em torno de R$ 150 bilhes.

    Risco Pas. Depois de fechar maio a 286 pontos, h tendncia de ligeira queda em junho. Juros futuros. As taxas curtas e longas ainda devem oscilar muito ao sabor dos acontecimentos polticos e das negociaes no Congresso. Com o ajuste fiscal evoluindo bem possvel que as taxas curtas recuem um pouco, assim como as longas. Caso contrrio, se mantero esticadas e volteis ao longo do ms. Inflao. Depois do repique, a inflao cedeu um pouco em maio. O realinhamento tarifrio em curso e o cmbio depreciado, no entanto, continuam como elementos de presso. Em 12 meses, o IPCA, a 8,2% em maio, deve chegar a 8,5% em julho/agosto, para depois fechar a 8,6% no final do ano, desde que as condies atuais se mantenham. Taxa de Cmbio. O dlar comercial fechou maio prximo a R$ 3,18, depois de recuar a R$ 2,99 em abril. Para junho deve se manter entre R$ 3,10 e R$ 3,20, dadas as tenses polticas no meio do caminho e os movimentos do Fed na sintonia fina entre atividade econmica e inflao. A depreciao cambial chega a algo em torno de 20% e, ao fim deste ano, a taxa deve fechar em R$ 3,30.

    Inflao e Selic

    Taxa de Cmbio

    T-Bonds

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    RENTABILIDADE DOS TTULOS NEGOCIADOS EM MAIO

    Indexados ao IPCA Vencimento lt. 30

    dias Ms

    Anterior No ano 12

    Meses

    Tesouro IPCA+ 15/5/2019 0,94% 1,23% 6,88% 11,39%

    Tesouro IPCA+ JS 15/8/2020 0,83% 0,95% 6,94% 11,89% Tesouro IPCA+ 15/8/2024 0,63% 1,12% 7,93% 12,81%

    Tesouro IPCA+ JS 15/5/2035 1,28% 1,79% 9,98% 14,28%

    Tesouro IPCA+ 15/5/2035 1,63% 2,54% 13,12% 16,33%

    Tesouro IPCA+ JS 15/8/2050 1,77% 2,30% 11,90% 15,71%

    Prefixados Tesouro Prefixado 1/1/2017 0,89% 0,89% 4,56% 9,32%

    Tesouro Prefixado 1/1/2018 1,23% 1,30% 5,09% 9,62%

    Tesouro Prefixado +JS 1/1/2025 2,87% 2,87% 5,88% 11,34% Indexados Taxa Selic Tesouro Selic 7/3/2017 1,00% 0,95% 4,79% 11,56%

    *Posio em 01/06

    Em maio as taxas de juros de curto prazo apresentaram avano, enquanto s de prazo mais longo

    recuaram, o que possibilitiou maior rentabilidade aos ttulos prefixados. A maior rentabilidade no ms foi

    do Tesouro Prefixado com juros semestrais, com vencimento em 01 de janeiro de 2025, variao de

    2,87% (ante um DI com variao de 0,98%).

    A perspectiva de que est chegando ao fim o ciclo de elevao da taxa bsica de juros (Selic), aps a alta

    de 0,5 p.p., para 13,75% a.a., na ltima reunio do Copom, deve propiciar a continuidade da queda das

    taxas de juros de longo prazo. Vale lembrar que a ltima Pesquisa Focus apontou que os agentes dos

    mercados estimam que a Selic termine o ano de 2015 em 14,0%.

    TABELA DE INDICADORES DO MERCADO

    Rentabilidade Indicadores de mercado Data Ms Ano

    CDI Mai/15 0,98% 4,81% Selic Over Mai/15 0,99% 4,83% CDB Mai/15 0,94% 4,49% Poupana Mai/15 0,62% 2,99% TJLP Mai/15 0,48% 2,34% IMA-C Mai/15 1,82% 6,74% IMA-B Mai/15 2,57% 8,63% IMA-S Mai/15 0,99% 4,82% IRF-M Mai/15 1,63% 4,84%

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    BALANO MENSAL - MAIO

    Maio foi marcado pela deteriorao das expectativas, dadas as dificuldades na aprovao das medidas

    fiscais. Muitos foram os embates mas, ao fim, grande parte das medidas acabou aprovada. Passada esta

    fase mais crtica, porm, as expectativas se voltam agora para a aprovao das MPs pendentes, e aos

    efeitos sobre o desempenho fiscal, assim como na reverso das expectativas dos agentes.

    Foi um ms de ajustes, de arrumao da casa. A equipe econmica anunciou um mega pacote de R$

    69,9 bilhes, basicamente, sustentado pelo contingenciamento das despesas e a busca de novas fontes

    de arrecadao. Em paralelo, conseguiu-se vencer a batalha do Congresso, para sano presidencial das

    MPs 664, 665 e 668, mesmo com alguns ajustes corretivos no meio do caminho.

    Em funo disto, o ajuste acabou menor do que o esperado, numa economia, pelos clculos do mercado,

    entre R$ 6 bilhes e R$ 7 bilhes neste ano, dependendo das variveis envolvidas.

    Sobre os indicadores econmicos, divulgados em maio, o que se observou foi a economia j em recesso,

    depois da divulgao do PIB recuando 0,2% no primeiro trimestre contra o anterior, devendo afundar

    ainda mais nos prximos dois trimestres; a inflao desacelerando, dada a demanda retrada, com os

    IGPs em 0,4% e os IPCs a 0,6%; taxa de cmbio entre R$ 3,10 e R$ 3,20; taxa de juros elevada

    (13,75%), com o BACEN mantendo-se vigilante e sinalizando juro a 14% ao final do ano; as contas

    externas esboando reao, com dficit em conta corrente ainda elevado, mas a balana comercial se

    recuperando (o dficit, depois de chegar a US$ 6,2 bilhes no primeiro bimestre, foi reduzido a US$ 2,3

    bilhes nos meses seguintes at maio); os dados fiscais tentando se recuperar e o desemprego

    aparecendo com fora (a Pnad Contnua foi a 8% da PEA no trimestre at abril e, pela PME, o

    desemprego foi a 6,4%).

    Nos dados fiscais, importantes no balizamento das expectativas dos agentes, em abril houve alguma

    reao. O setor pblico consolidado veio melhor do que em maro, com supervit primrio de R$ 13,4

    bilhes, ante R$ 239 milhes. No acumulado no ano foi positivo em R$ 32,4 bilhes (1,73% do PIB), mas

    em doze meses deteriorou, com o dficit, de R$ 39,2 bilhes (0,7% do PIB), indo a R$ 42,6 bilhes

    (0,76% do PIB), distante, portanto, da meta de supervit primrio de R$ 66,2 bilhes para o ano, 1,13%

    do PIB, segundo nova metodologia de clculo. Para os prximos meses, o desempenho fiscal deve

    melhorar, havendo dvidas, no entanto, se o suficiente para a meta perseguida. Para isto, o saldo

    primrio mensal precisar ser, na mdia, de R$ 5,1 bilhes.

    Pelo lado das contas externas, o saldo em conta corrente foi negativo em US$ 6,9 bilhes em abril,

    acumulando, em doze meses, perdas de US$ 100,2 bilhes, ou 4,53% do PIB, um pouco abaixo que o

    registrado em maro, US$ 101,6 bilhes, 4,54% do PIB. No ano, o saldo foi negativo em US$ 32,46

    bilhes. Pela conta financeira, as captaes lquidas superaram as concesses lquidas em US$ 6,8

    bilhes, com destaque para investimentos lquidos em carteira, no total de US$ 6,6 bilhes, e

    investimentos diretos, US$ 5,8 bilhes. Em 12 meses, o dficit em conta corrente, 4,53% do PIB, acabou

    parcialmente financiado pelos investimentos externos diretos, em 3,89%.

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    J pelo lado do ritmo da economia, o PIB veio em queda de 0,2% no primeiro trimestre contra o

    mesmo do ano passado. Contra o mesmo trimestre do ano passado, o recuo foi ainda pior, de 1,6%, e

    em quatro trimestres, -1,9%. Boa parte deste recuo decorreu do fraco desempenho dos Investimentos,

    h muitos trimestres em queda, e do Consumo das Famlias, tambm em recuo, dada a deteriorao da

    renda, aumento do desemprego, aperto do crdito e baixa previsibilidade na economia. O desempenho

    do PIB ainda deve ser pior no segundo trimestre, com o aprofundamento do ajuste fiscal em curso.

    Em paralelo, pelos dados da PIM do IBGE, em abril a produo industrial voltou a recuar, -1,2% contra o

    ms anterior, terceiro ms seguido de queda e a maior para o ms abril desde 2011 (-2,7%). Contra

    abril do ano passado, o recuo foi de 7,6%, dcima quarta taxa seguida de queda; no ano chega a -6,3%

    e em 12 meses so -4,8%. Isto reforou o sentimento de que a Indstria deve ser o principal setor da

    economia a derrubar o PIB neste ano. Para o segundo trimestre, o recuo do PIB deve ficar entre 0,8% e

    1,4% contra o anterior.

    No front inflacionrio, passado o ciclo de realinhamento tarifrio, mesmo ainda em curso, no entanto

    mais moderado, as estimativas de inflao passaram a variar entre 0,4% e 0,6%, na mdia mensal, pelo

    menos nos prximos dois a trs meses, dada a entrada da safra agrcola e o aumento da oferta de

    alimentos, reduzindo seu peso. O IGP-M de maio registrou 0,41% e o IPCA-15 0,61%.

    Sobre o comportamento dos mercados em maio, na ata do Copom, o BACEN se mostrou

    especialmente vigilante, mostrando que o ciclo de aperto monetrio ainda no acabou, visto que as

    ltimas elevaes do juro de curto prazo ainda no se mostraram suficientes para amenizar o

    comportamento da inflao.

    Este Relatrio de Anlise foi preparado pela Lopes Filho & Associados, Consultores de Investimentos Ltda. para uso exclusivo do destinatrio, no podendo ser reproduzido ou distribudo por este para qualquer pessoa sem expressa autorizao da Lopes Filho. Este Relatrio de Anlise distribudo somente com o objetivo de prover informaes e no representa, em nenhuma hiptese, uma oferta de compra e venda ou solicitao de compra e venda de qualquer valor mobilirio ou instrumento financeiro. As informaes contidas neste Relatrio de Anlise so consideradas confiveis na data de sua publicao. Entretanto, a Lopes Filho no pode garantir a exatido e a qualidade das mesmas. As opinies contidas neste Relatrio de Anlise so baseadas em julgamentos e estimativas, estando, portanto, sujeitas a mudanas. Sem prejuzo do disposto acima e em conformidade com as disposies da Instruo CVM n 483/10, o(s) analista(s) de valores mobilirios responsvel(eis) pela elaborao deste Relatrio de Anlise declara(m) que: (I) (so) certificado(s) e credenciado(s) pela APIMEC. (II) as anlises e recomendaes refletem nica e exclusivamente suas opinies pessoais, s quais foram realizadas de forma independente e autnoma, inclusive em relao Lopes Filho. (III) sua(s) remunerao(es) (so) fixa(s). Informaes adicionais sobre quaisquer emissores objeto dos Relatrios de Anlise podem ser obtidas diretamente, por telefone, com o(s) analista(s) responsvel(eis). Os Relatrios de Anlise podem ser consultados no website http://www.lopesfilho.com.br, cujo acesso restrito aos assinantes e usurios do servio de Assessoria em Mercado de Capitais da Lopes Filho. Informaes sobre emissores que no so objeto dos Relatrios de Anlise podem ser obtidas atravs de solicitao ao Departamento Comercial.