Teste de Fotónica 14 de Junho de 2017 · Determine as expressões desses coeficientes. Explique a...
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Teste de Fotónica 14 de Junho de 2017
IST | DEEC – Área Científica de Telecomunicações 1
Docente Responsável: Prof. Carlos R. Paiva
Duração: 1 hora 30 minutos Teste de 14 de Junho de 2017
Ano Lectivo: 2016 / 2017 2.º TESTE
1. Considere um acoplador linear de três núcleos idênticos, igualmente espaçados, imersos numa
bainha comum. Seja C o coeficiente de acoplamento entre fibras adjacentes e despreze o
acoplamento entre fibras não adjacentes. Admita que 1 30, 0, 0 B B . Definem-se os
coeficientes 2
2, , 0,j C j Ct L L B B com 1, 2, 3j . Determine as expressões desses
coeficientes. Explique a razão pela qual 1 3, ,C Ct L t L . Represente graficamente 1 ,Ct L
e 2 ,Ct L em função de C BL L para 0 1 . Faça 2 BC L . No intervalo
considerado quais os valores de em que 1 1 3t ? Assinale esses pontos no gráfico.
Solução
A matriz de transferência do acoplador de comprimento CL é
11
11 12 13 22
12 22 12
1213 12 11
13
1cos 2 1 exp
2
cos 2 exp
1sin 2 exp
2
1cos 2 1 exp
2
C C
C C
C C
C C
T C L i L
T T T T C L i L
T T TT i C L i L
T T T
T C L i L
T
de modo que se tem
2 21 12 21 3 12
2 22 22 2
2 223 12 2
1, 0,sin 2
2, 0,
cos 2, 0,
CC
C
CC
Lt t C L
L
t C LL
B T BT
B T B
TB T B
ou ainda, fazendo
2 CC L ,
obtém-se
2
1 3
2
2
1sin
2
cos
t t
t
.
A figura anexa representa a variação destes coeficientes com no intervalo 0 1 .
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2. Numa fibra óptica, operada em regime não-linear, propaga-se um impulso gaussiano da forma
2
, exp 1 2 1 expp p p pU z T a iC T T i
.
em que pa , pC , pT e p são funções de z . Fez-se
1T t z . Nestas condições, mostra-se que
2 2 0202
, 12
p p p z
p
p p p
d T C d C TC P e
d z T d z T T
.
(a) Seja x a meia-largura do impulso para 1 e do valor máximo da sua intensidade espectral
2
,U z . Determine x em função de pT e de
pC .
(b) Escreva as equações diferenciais exclusivamente em termos das variáveis adimensionais
0pT T , Dz L , D NLN L L e DL .
(c) Determine em regime linear , pC e pa . Considere 0 1pa e 00pC C .
Represente estas três funções para 2sgn 1 e 0 2C no intervalo 0 2 . Determine,
ainda, o valor de min em que
min . Qual é o valor de min ?
(d) Considere, agora, 2 0 . Para 50 kmz ,
0 6C , 0 5 mWP , 10.2 dB km e
1 12 W km , calcule o trinado pC . Critique este método no caso do regime linear.
Solução
Comecemos por notar a utilidade do seguinte integral:
4
2exp exp4
ba x b x d x
a a
.
Para calcular o espectro
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, , expU z U z T i T dT
basta, então, ter em consideração que
2 2 2
2
12
2 , exp1 2 1
p
p
ip p
p p
p p
iCa T T
T U z a eiC iC
b i
2 2 2 2
2 22 2
22 2
2 2, exp , exp 1
11 1
p p p
p x p
pp p
T T TU z a U z a
CC C
22 2
2
11
1
px p
x
p p
CT
C T
.
Vamos, agora, reescrever as equações diferenciais em termos de variáveis (adimensionais)
normalizadas.
2
2 2
2 2
sgn
1sgn
2
p
p p
Cd
d
d C C N e
d
Consideremos, de seguida, o regime linear em que 0N . Obtém-se
2
2
2 2
sgn
1sgn
p
p p
Cd
d
d C C
d
2
2 2sgn 2 2 sgnp
p
Cd d dC
d d d
2
20
1 2 sgn pC Z d Z
2 2
2 2
0 2 2 02 2
1 11 sgn sgn 1
p p pC d C CC C
d
22 2 2
0 2 0 2 0sgn 1 1 sgnpC C C C
2
min 2 0 2 0 min2 sgn sgn 1 0C C
2 2 0
2 0 0 min min 2
0
sgn2 sgn 2 1 0
1
CC C
C
2 0 min min 2
0
1sgn 0 0
1C
C
2
2 2 2
02exp 0p p p p
p
Ta dT a T a T
T
E E
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2
00 1pa T E
1pa
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Em regime não-linear com 2 0 (regime não-linear não-dispersivo), obtém-se
00
0
2
p
p z
p
d T
d z
d C TP e
d z T
00p
p
d TT z T
d z
0 1exp
2 2
p z
NL
d C Pe z
d z L
1
exp2
p
NL
C z zL
0 0 0
1 10
2 2p
NL NL
C C C CL L
0
1 exp
2p
NL
zC z C
L
effeff 0
1 11 exp
2p
NL
zz z C z C
L
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Para os dados numéricos considerados, vem sucessivamente 5 12.3026 10 Np m , 100 kmNLL ,
eff 29.6959 kmz , donde se infere que
5.7900pC .
Comentário: A aplicação deste método no regime não-linear é discutível – pelo menos no caso
fortemente não-linear. A explicação é simples: não é possível, em regime não-linear, impor «a priori»
uma forma do impulso que, ao longo da propagação, se conserva como (sempre) gaussiana. Trata-se
de uma hipótese apenas aproximadamente válida se (e só se) a não-linearidade se reduzir a uma (muito)
pequena perturbação (em relação ao regime linear).
3. Num amplificador laser de comprimento 10 cmL a densidade de saturação do fluxo de fotões é
18 2 14 10 cm ss . Sabe-se que a uma entrada de 15 2 10 4 10 cm s corresponde uma
saída de 16 2 14 10 cm sL .
(a) Determine o coeficiente de ganho 0g e o ganho 0G em regime de sinais fracos.
(b) Qual é o valor da relação s para um coeficiente de ganho
0g g f ? E qual é o valor de
0 s X quando o ganho 0G L é 0G G f ? Considere 5f .
(c) Determine sL Y e o ganho do amplificador quando 19 2 10 4 10 cm s . Comece
por indicar um processo gráfico para encontrar a solução e, de seguida, calcule-a
numericamente.
Solução
Em sinais fracos, tem-se ln Y Y e ln X X , donde se infere que
0 0 0 0exp lnG g L a g L G Y
X.
Mas, por outro lado, vem
1
0 0 0ln 2.3116 0.2312 cm 10.0904g L g GL
Y aa Y X
X.
Tem-se, ainda,
0 0 1 5 4
1 s s
s
g gg f
g
.
Por outro lado,
0
0
ln ln ln
1
G G f f
G G f
X
5 1.5809f X .
Como se tem
ln ln Y Y X X a
ln ln X X a Y Y
vem, neste caso,
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10 ln 14.6142 X X X a .
A figura anexa ilustra a obtenção da solução numérica.
12.1194 1.2119G SoluçãoY
YX
4. Considere, neste problema, a questão EPR à luz do dispositivo de Mermin. Trata-se de, usando uma
desigualdade de Bell, mostrar
como os resultados da
mecânica quântica não podem
ser explicados em termos do
realismo local definido por
EPR. Uma fonte C (Charlie)
emite um par de fotões que
pertencem a um estado
quântico entrelaçado (em
inglês: entangled). Dois
observadores distantes entre
si, A (Alice) e B (Bob),
recebem cada qual um dos
fotões desse par. É possível fazer: 01 polarizador 0 a , 2 polarizador 30 b ou
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3 polarizador 60 c . O funcionamento real (i.e., observado) do dispositivo obedece à
mecânica quântica e pode ser explicado sucintamente através dos seguintes factos: (i) Facto 1 –
quando os filtros em A e B têm a mesma configuração as cores ou R red G green coincidem
100% das vezes; (ii) Facto 2 – quando os filtros A e B diferem de 30 as cores coincidem 75%
das vezes; (iii) Facto 3 – quando os filtros A e B diferem de 60 as cores coincidem 25% das
vezes. A mecânica quântica, por sua vez, «coincide» com a lei clássica 2cos de Malus.
(a) Explique e interprete esta coincidência entre a lei de Malus e a mecânica quântica.
(b) Explique os 3 factos descritos em termos da lei de Malus.
(c) Admita, tal como EPR, que o comportamento do dispositivo tem de ser explicado em termos
de instruções transportadas por cada fotão e codificadas na forma XYZ que lhe permitam ter
uma resposta causal e local em relação a qualquer configuração que possa encontrar, a saber:
X,Y,Z R,G , com a X , b Y e c Z . Exemplo: RGG ou RGR implicam (ver
figura) que o caso 21 A em e B em 2 1 produz GR . Demonstre que a explicação EPR é
incompatível com o comportamento observado pelo dispositivo de Mermin (Factos 1, 2 e 3).
(d) Admita que EPR teria de explicar o Facto 1 e, em alternativa aos Factos 2 + 3, apenas mais
um Facto 2 adicional, a saber: os resultados RR e GG têm a mesma frequência que a
prevista pela mecânica quântica. Mostre que, neste caso, existiria compatibilidade total entre
EPR e a mecânica quântica, desde que as instruções GGG e RRR (estratégia A ) fossem
usadas numa percentagem do tempo. Determine .
(e) Determine, à luz da mecânica quântica, a probabilidade P ac de um fotão com polarização
linear arbitrária passar um primeiro filtro do tipo 1a e ser absorvido por um segundo filtro
do tipo c 3 . Compare com P ac , a probabilidade de o fotão passar tanto a como c .
(f) Prove o teorema de Bell usando a notação da alínea anterior: P P P ab bc ac .
Mostre, em seguida, que a mecânica quântica viola este teorema: P P P ab bc ac .
Solução
A lei de Malus corresponde a uma interpretação clássica em termos de campo electromagnético
contínuo: a intensidade óptica transmitida 2I e a intensidade óptica incidente
1I relacionam-se de forma
simples usando o formalismo do vector de Jones. Suponhamos que o campo eléctrico incidente está
polarizado linearmente segundo x e que o polarizador linear está orientado segundo uma direcção que
faz um ângulo com o campo incidente. Neste caso, apenas uma fracção dada por cos é transmitida
e, consequentemente, a potência transmitida é proporcional a 2cos . Na interpretação quântica o
campo electromagnético é constituído por fotões. Um fotão ou passa através do polarizador ou é
absorvido. A sua energia apenas depende da frequência angular , tendo-se E . Existe uma
irredutível probabilidade de o fotão passar através do polarizador que é dada, precisamente, por
2cosP , em que é o ângulo entre a polarização incidente e o eixo do polarizador. A
probabilidade de ele ser absorvido, portanto, é 21 cosP . Quando 2 o campo eléctrico
(na linguagem clássica) à saída é nulo; em termos de fotões podemos dizer que, neste caso, qualquer
fotão é sempre absorvido pelo polarizador. Quando o campo incidente não tem uma polarização
definida, a intensidade transmitida é a média
2
2 2
0
1cos cos
2d
2 2 2 2 1cos 2 cos sin 2 cos 1 cos 1 cos 2
2
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2
2 2
0
1 1 1cos 1 cos 2 cos
2 2 2d
.
Neste caso a probabilidade de o fotão ser transmitido é a mesma que a de ser absorvido, i.e., 50%.
Existem três filtros em cada detector. As suas direcções (i.e., os seus eixos) correspondem a três
direcções do espaço dadas pelos vectores unitários 1a e , 1 2cos sin b e e e
1 2cos 2 sin 2 c e e em que 30 6 .
A lei de Malus diz que a probabilidade de um fotão polarizado na direcção u passar um filtro com eixo
na direcção v é dada por
2 2cos , ,p u v u v u v .
A probabilidade de um fotão ser absorvido será a mesma que a de um fotão passar um filtro na direcção
ortogonal a v e que se designa por v , i.e.,
2 21 1 sinp p u uv v u v .
Quando um par de fotões entrelaçados é criado, a probabilidade de o primeiro fotão passar o filtro u e
o segundo fotão passar o filtro v é dada por
2 21 1
, cos , ,2 2
p u v u v u v .
A probabilidade de o primeiro fotão passar o filtro u e o segundo fotão ser absorvido pelo filtro v é
dada por
2 21 1
, 1 sin2 2
p
u v u v .
A probabilidade de o primeiro fotão ser absorvido pelo filtro u e o segundo fotão passar o filtro v é
dada por
2 21 1
, 1 sin2 2
p
u v u v .
A probabilidade de o primeiro fotão ser absorvido pelo filtro u e o segundo fotão ser absorvido pelo
filtro v é dada por
2 21 1
, cos2 2
p u v u v .
A probabilidade de o primeiro fotão passar o filtro u independentemente do segundo fotão passar ou
não o filtro v é dada por
2 2
1
1 1 1, , cos sin
2 2 2p p p u u v u v .
A probabilidade de o primeiro fotão ser absorvido pelo filtro u independentemente do segundo fotão
passar ou não o filtro v é dada por
2 2
1
1 1 1, , sin cos
2 2 2p p p u u v u v .
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A probabilidade de o segundo fotão passar o filtro v independentemente de o primeiro fotão passar ou
não o filtro u é dada por
2 2
2
1 1 1, , cos sin
2 2 2p p p v u v u v .
A probabilidade de o segundo fotão ser absorvido pelo filtro v independentemente de o primeiro fotão
passar ou não o filtro u é dada por
2 2
2
1 1 1, , sin cos
2 2 2p p p v u v u v .
A probabilidade condicional de o segundo fotão passar através do filtro v sabendo que o primeiro fotão
passou o filtro u é dada por
2
1
,| cos
pp p
p u
u vv u v
u.
A probabilidade condicional de o primeiro fotão passar através do filtro u sabendo que o segundo fotão
passou o filtro v é dada por
2
2
,| cos
pp p
p v
u vu v u
v.
A probabilidade condicional de o segundo fotão ser absorvido pelo filtro v sabendo que o primeiro
fotão passou o filtro u é dada por
2
1
,| sin
pp p
p
u
u vv u v
u.
A probabilidade condicional de o primeiro fotão ser absorvido pelo filtro u sabendo que o segundo
fotão passou o filtro v é dada por
2
2
,| sin
pp p
p
v
u vu v u
v.
Vejamos a interpretação dos três factos que ilustram o funcionamento do dispositivo de Mermin em
termos da lei de Malus.
Facto 1: é óbvio que, como os dois fotões pertencem a um estado quântico entrelaçado, têm o mesmo
comportamento. Ou seja: quando colocados perante a mesma situação (em A e B) devem responder da
mesma forma – ou ambos passam os dois polarizadores ou são ambos absorvidos.
Facto 2: quando a inclinação em A difere da inclinação em B de 30 , a probabilidade de um dado
fotão passar pelo filtro A é 2
2 3 3cos 0.75 75%
6 2 4p
.
A mesma probabilidade seria obtida no caso de um fotão passar pelo filtro B quando a inclinação de B
difere da inclinação em A de 30 .
Facto 3: quando a inclinação em A difere da inclinação em B de 60 , a probabilidade de um dado
fotão passar pelo filtro A é 2
2 1 1cos 0.25 25%
3 2 4p
.
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A mesma probabilidade seria obtida no caso de um fotão passar pelo filtro B quando a inclinação de B
difere da inclinação em A de 60 .
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