TESTE_IIIUNIDADE_1º

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Teste de Língua Portuguesa – 1º ano – III UNIDADE Questão aberta: Texto para a questão 1 e 2 Jacó encontra-se com Raquel Depois disse Labão a Jacó: Acaso por seres meu parente, irás servir-me de graça? Dize-me, qual será o teu salário? Ora, Labão tinha duas filhas: Lia, a mais velha, e Raquel, a mais moça. Lia tinha olhos baços, porém era formosa de porte e de semblante. Jacó amava a Raquel, e disse: Sete anos te servirei por tua filha mais moça, Raquel. Respondeu Labão: Melhor é que eu ta dê, em vez de dá-la a outro homem; fica, pois comigo. Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com ela. Reuniu, pois, Labão, todos os homens do lugar, e deu um banquete. À noite conduziu Lia, sua filha, e a entregou a Jacó. E coabitaram. (...) Ao amanhecer, viu que era Lia, por isso disse Jacó a Labão: Que é isso que me fizeste? Não te servi por amor a Raquel? Por que, pois, me enganaste? Respondeu Labão: Não se faz assim em nossa terra, dar-se a mais nova antes da primogênita. Decorrida a semana desta, dar-te-emos também a outra, pelo trabalho de mais sete anos que ainda me servirás. Concordou Jacó, e se passou a semana desta; então Labão lhe deu por mulher Raquel, sua filha. (...) E coabitaram. Mas Jacó amava mais Raquel do que a Lia; e continuou servindo a Labão por outros sete anos. (Gênesis, 29, 15-30) Bíblia Sagrada, Trad. João Ferreira de Almeida, Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1962. Soneto 88 Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, Que a ela só por prêmio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assi negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida, Começa de servir outros sete anos, Dizendo: – Mais servira, se não fora Pera tão longo amor, tão curta a vida!

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Teste de Língua Portuguesa – 1º ano – III UNIDADE

Questão aberta:

Texto para a questão 1 e 2

Jacó encontra-se com Raquel

Depois disse Labão a Jacó: Acaso por seres meu parente, irás servir-me de graça? Dize-me, qual será o teu salário? Ora, Labão tinha duas filhas: Lia, a mais velha, e Raquel, a mais moça. Lia tinha olhos baços, porém era formosa de porte e de semblante. Jacó amava a Raquel, e disse: Sete anos te servirei por tua filha mais moça, Raquel. Respondeu Labão: Melhor é que eu ta dê, em vez de dá-la a outro homem; fica, pois comigo.

Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com ela. Reuniu, pois, Labão, todos os homens do lugar, e deu um banquete. À noite conduziu Lia, sua filha, e a entregou a Jacó. E coabitaram. (...) Ao amanhecer, viu que era Lia, por isso disse Jacó a Labão: Que é isso que me fizeste? Não te servi por amor a Raquel? Por que, pois, me enganaste? Respondeu Labão: Não se faz assim em nossa terra, dar-se a mais nova antes da primogênita. Decorrida a semana desta, dar-te-emos também a outra, pelo trabalho de mais sete anos que ainda me servirás.

Concordou Jacó, e se passou a semana desta; então Labão lhe deu por mulher Raquel, sua filha. (...) E coabitaram. Mas Jacó amava mais Raquel do que a Lia; e continuou servindo a Labão por outros sete anos.

(Gênesis, 29, 15-30) Bíblia Sagrada, Trad. João Ferreira de Almeida, Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1962.

Soneto 88

Sete anos de pastor Jacó serviaLabão, pai de Raquel, serrana bela;Mas não servia ao pai, servia a ela,Que a ela só por prêmio pretendia.Os dias, na esperança de um só dia,Passava, contentando-se com vê-la;Porém o pai, usando de cautela,Em lugar de Raquel lhe dava Lia.Vendo o triste pastor que com enganosLhe fora assi negada a sua pastora,Como se a não tivera merecida,Começa de servir outros sete anos,Dizendo: – Mais servira, se não foraPera tão longo amor, tão curta a vida!

CAMÕES, Luís Vaz de. Obra completa, Rio de Janeiro: Aguilar, 1963.

1. O racionalismo é uma das características mais frequentes da literatura clássica portuguesa. A logicidade do pensamento quinhentista repercutiu no rigor formal de seus escritores, e no culto à expressão das “verdades eternas”, sem que isso implicasse tolhimento da liberdade imaginativa e poética. Com base nessas observações, releia os dois textos apresentados e:

a. aponte um procedimento literário de Camões que comprove o rigor formal do Classicismo;b. indique o dado da passagem bíblica que, por ter sido omitido por Camões, revela a prática da liberdade poética e confere maior carga sentimental ao seu modo de focalizar o mesmo episódio.

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Seção de questões objetivas

2.

Apesar de diferenças temporais e circunstanciais, o texto poético manteve a essência do texto I (histórico, bíblico), além de apresentar o fato de maneira mais singular e emotiva. Indique abaixo os elementos literários que possibilitaram esse tratamento efetivado pelo poeta.

I. Esse tipo de realização depende exclusivamente da sensibilidade pessoal dos autores de textos poéticos e do conhecimento que eles possam ter do processo histórico. II. Esse feito é conseguido por meio da utilização dos recursos da estilística como o emprego criativo e singular do significado de palavras, das figuras de linguagem, da exploração de aspectos socioculturais.III. O fato de o texto I pertencer ao gênero épico, intimamente ligado à História dos povos, sendo, por isso, base e fonte das manifestações artísticas dos gêneros lírico e dramático e das demais artes em geral.IV. A língua portuguesa oferece vastos recursos por meio do uso da linguagem conotativa, o que propicia a qualquer emissor de texto, considerando os ob-jetivos no momento da criação, fazer uso de subjetividades próprias de nosso idioma e cultura. V. Para esse tipo de execução, basta que o poeta domine as técnicas poéticas como o rigor da metrificação, o emprego de rimas, palavras de sonoridade agradável e que faça uso de vocabulário elegante, clássico.

a. São verdadeiras a I, II e V. b. São verdadeiras a II e IV.c. São verdadeiras a II, III e IV.d. São verdadeiras a I, IV e V.

e. São verdadeiras a III e IV.

3. Ufla-MG

Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer.É um não querer mais que bem querer;É um andar solitário entre a gente;É nunca contentar-se de contente;É um cuidar que ganha em se perder.É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata, lealdade.Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,Se tão contrário a si é o mesmo [Amor?

CAMÕES, Luís Vaz de. Obras completas.

O poeta tenta definir o amor por meio do uso de antíteses, que se seguem umas às outras. Indique a que expressa, com mais ênfase, o tema do texto.

a. "Um contentamento descontente."b. O próprio amor, pois é contrário a si mesmo.

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c. A invisibilidade do amord. O fato de o amor ferir e não causar dor.

e. Querer sempre mais, sem contentar-se.

4. Todos os elementos abaixo compõem a poesia lírica de Camões, exceto:a. Atitude platônica quanto à realização amorosa.b. Tematização do desconcerto do mundo.c. Celebração da história lusitana.d. Lirismo racionalista, pela atitude reflexiva do eu lírico diante do mundo.e. Fugacidade das coisas e dos sentimentos.

5.

Tanto de meu estado me acho incerto,Que em vivo ardor tremendo estou de frio;Sem causa, juntamente choro e rio,O mundo todo abarco e nada aperto.É tudo quanto sinto, um desconcerto;da alma um fogo me sai, da vista um rio;agora espero, agora desconfio,agora desvario, agora acerto.Estando em terra, chego ao céu voando,num’hora acho mil anos, e é de jeitoque em mil anos não posso achar um’hora.Se me pergunta alguém por que assiando,respondo que não sei; porém suspeitoque só porque vos vi, minha Senhora.

O soneto transcrito é de Luís de Camões. Nele se acha uma característica da poesia clássica renascentista.

Assinale essa característica, em uma das alternativas.a. A suspeita de amor que o poeta declara na conclusão.b. O jogo de contradições e perplexidades que atormentam o poeta.c. O fato de todos perguntarem ao poeta porque assim anda.d. O fato de o poeta não saber responder a quem o interroga.e. A utilização de um soneto para relato das suas amarguras.

6. Leia os textos e marque a alternativa incorreta.

Texto I

Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer.É um não querer mais que bem querer;É solitário andar por entre a gente;É nunca contentar-se de contente;É cuidar que se ganha em se perder.

Camões

Texto II

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Amor é fogo? Ou é cadente lágrima?Pois eu naufrago em mar de labaredasQue lambem o sangue e a flor da pele acendemQuando o rubor me vem à tona d’água.E como arde, ai, como arde, Amor,Quando a ferida dói porque se sente,E o mover dos meus olhos sob a cascaVê muito bem o que devia não ver.

Ilka Brunhilde Lauritoa. Os dois textos apresentam o mesmo sistema de rimas.b. “Mar de labaredas” – texto II – é exemplo de antítese.c. “Quando a ferida dói porque se sente” do texto II estabelece um paralelismo com “É ferida que dói e não se sente” do texto I.d. As interrogações presentes no texto II refletem uma discordância de Ilka Lau-rito, relativamente à conceituação feita por Camões. e. Um ponto de contato entre os dois textos é a presença de conflito.

7. A propósito do Renascimento cultural, julgue as afirmações a seguir.I. Um dos seus traços marcantes foi o racionalismo, que atendia às aspirações da burguesia, no sentido de alcançar um domínio mais completo da natureza objetivando aumentar seus lucros.II. O Renascimento retirou da Igreja o monopólio da explicação das coisas do mundo, fato que culminou no empirismo científico dos séculos XVII e XVIII.III. A arte renascentista comprometia-se predominantemente com os valores católicos, pois objetivava legitimar o monopólio religioso católico.

Assinale a alternativa correta.

a. I e III, são verdadeiras.b. Apenas I, é verdadeira.c. Apenas II, é verdadeira.d. Nenhuma.e. Todas as afirmações são verdadeiras.

8. A questão adiante baseia-se no poema épico Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões, do qual se reproduzem, a seguir, três estrofes.

Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)Que ficava nas praias, entre a gente,Postos em nós os olhos, meneandoTrês vezes a cabeça, descontente,A voz pesada um pouco alevantando,Que nós no mar ouvimos claramente,C’um saber só de experiências feito,Tais palavras tirou do experto peito:“Ó glória de mandar, ó vã cobiçaDesta vaidade a quem chamamos Fama!Ó fraudulento gosto, que se atiçaC’uma aura popular, que honra se chama!Que castigo tamanho e que justiçaFazes no peito vão que muito te ama!Que mortes, que perigos, que tormentas,Que crueldades neles experimentas!Dura inquietação d’alma e da vida

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Fonte de desamparos e adultérios,Sagaz consumidora conhecidaDe fazendas, de reinos e de impérios!Chamam-te ilustre, chamam-te subida,Sendo digna de infames vitupérios;Chamam-te Fama e Glória soberana,Nomes com quem se o povo néscio engana".

Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como O velho do Restelo. Nela, o velho:

a. abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à procura de uma vida melhor.b. critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.c. emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares até chegar às Índias.d. destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão im-portante empresa.

e. adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem encontrar para buscar fama em outras terras.

9. Sobre Os lusíadas, é errado afirmar o seguinte:a. Trata-se de um poema de estrito interesse nacionalista, pois celebra fatos gloriosos da história portuguesa, que em nada se relacionam com a situação do mundo em sua época.b. São compostos segundo modelos da epopeia clássica da Antiguidade (Ho-mero, Virgílio) e dos poemas épicos mais recentes do Renascimento italiano (Ariosto, sobretudo).c. O verso utilizado é o decassílabo clássico (especialmente o heroico) e as estrofes, de modelo italiano, são as oitavas--rimas.d. Os dez cantos do poema se dividem em proposição (os feitos heroicos portu-gueses), invocação (às Tágides), dedicatória (a D. Sebastião), narração (da viagem de Vasco da Gama) e epílogo (encerramento, em tom desalentado).

e. Episódios importantes do poema, como os de Inês de Castro e do Gigante Adamastor, incluem-se na longa narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde.

10. Leia a estrofe do Canto X, de Os lusíadas, e responda à questão.No mais, Musa, no mais, que a lira tenhodestemperada e a voz enrouquecida,e não do canto, mas de ver que venhocantar a gente surda e endurecida.O favor com que mais se acende o engenhonão no dá a pátria, não, que está metidano gosto da cobiça e na rudezaduma austera, apagada e vil tristeza.

Analise as afirmações feitas em relação aos versos anteriores e assinale a alternativa correta.

I. Ao contrário do início do poema, Camões mostra-se, nesta estrofe, desa-lentado e aborrecido.II. A gente surda e endurecida é referência à população de Portugal.

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III. A lira destemperada e a voz enrouquecida são resultado do quanto cantou as glórias da pátria.

a. Se apenas uma for correta.b. Se apenas duas forem corretas.c. Se todas forem corretas.

d. Se todas forem erradas.

11. Fuvest-SP

No mar tanta tormenta, tanto dano,Tantas vezes a morte apercebida;Na terra, tanta guerra, tanto engano,Tanta necessidade aborrecida!Onde pode acolher-se um fraco humano,Onde terá segura a curta vida,Que não se arme e se indigne o Céu serenoContra um bicho da terra tão pequeno?

Nessa estrofe, Camões:a. exalta a coragem dos homens que enfrentam os perigos do mar e da terra.

b. considera o quanto o homem deve confiar na providência divina que o ampara nos riscos e nas adversidades.c. lamenta a condição humana ante os perigos, os sofrimentos e as incertezas da vida.d. propõe uma explicação a respeito do destino do homem.e. classifica o homem como um bicho da terra, dada a sua agressividade.

12. Já vai andando a récua dos homens de Arganil, acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão clamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha, não se acabavam as lamentações, tanto que os montes de mais perto respondiam, quase movidos de alta piedade (...)

José Saramago, Memorial do convento.

Em muitas passagens do trecho transcrito, o narrador cita textualmente palavras de um episódio de Os lusíadas, visando a criticar o mesmo aspecto da vida de Portugal que Camões, nesse episódio, já criticava. O episódio camoniano e o aspecto criticado são, respectivamente:

a. O Velho do Restelo; a posição subalterna da mulher na sociedade tradicional portuguesa.b. Aljubarrota; a sangria populacional provocada pelos empreendimentos co-loniais portugueses.c. Aljubarrota; o abandono dos idosos decorrente dos empreendimentos bélicos, marítimos e suntuários.d. O Velho do Restelo; o sofrimento popular decorrente dos empreendimentos dos nobres.

e. Inês de Castro; o sofrimento feminino causado pelas perseguições da Inquisi-ção.

13. Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito(Se de humano é matar ua donzela, Fraca e sem força, só por ter sujeitoO coração a quem soube vencê-la),A estas criancinhas tem respeito,

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Pois o não tens à morte escura dela;Mova-te a piedade sua e minha,Pois não te move a culpa que não tinha.

A estrofe lida faz parte de um episódio de Os lusíadas em que se narra a condenação à morte, de uma donzela, por ordem do rei D. Afonso.

I. O episódio tem o nome de Inês de Castro, no contexto do poema camoniano.II. Apesar de fazer parte de um texto eminentemente épico, nessa estrofe é pos-sível flagrarem-se passagens absolutamente líricas.III. As criancinhas referidas no texto são filhos do príncipe D. Pedro com a ré.

Marque a opção correta.a. Se todas estiverem erradas.b. Se todas estiverem certas.c. Se estiverem certas apenas a I e a II.d. Se estiverem certas apenas a I e a III.

e. Se estiverem certas apenas a II e a III.

14. Leia a estrofe do poema épico Os lusíadas, do português Luís de Camões e, após, indique a alternativa em que se fez observação incorreta sobre ela.

Assim lho aconselhara a mestra experta:Que andassem pelos campos espalhadas;Que, vista dos barões a presa incerta,Se fizessem primeiro desejadas.Algumas, que na forma descobertaDo belo corpo estavam confiadas,Posta a artificiosa fermosura,Nuas lavar se deixam na água pura.

a. Expressões como "desejadas", "belo corpo", "fermosuras" e "nuas", remetem ao episódio Ilha dos Amores.b. A estrofe faz parte da passagem em que lindas mulheres constituem-se em prêmio dos marinheiros, pelas conquistas marítimas.

c. O fragmento revela a deusa Vênus (mestra experta) tentando vencer a re-sistência das ninfas de se entregarem aos rudes marinheiros.

d. Essa estrofe é componente do trecho básico do poema, narração, no qual re-side a maior parte da história dos marinheiros.

e. O episódio do qual a estrofe lida faz parte acontece no retorno dos nave-gantes a Portugal, já próximos do fim da jornada.

15. O poema Os lusíadas traz à tona a descoberta do caminho marítimo para as Índias, apresentando informações que abarcam história, geografia, ciências, astronomia, mitologia etc. O episódio do Gigante Adamastor é um exemplo dessa variedade de assuntos que o poema apresenta e sobre ele não é correto afirmar o seguinte:

a. Adamastor representa os medos de todos os navegadores que passaram, antes de Vasco da Gama, pela costa africana.b. O episódio é uma criação poética em que se destacam referências ao passado e ao futuro das conquistas portuguesas.c. Um dos momentos líricos, no episódio, é aquele do encontro do gigante com Thetys, relatado na estrofe 52.

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d. A “alta esposa de Peleu”, Thetys, cede aos apelos de Adamastor e isso facilita a passagem dos portugueses pelo cabo das Tormentas.

e. O episódio faz menção ao casal amoroso, Sepúlveda e Leonor, o que ressalta a presença do lírico no poema épico

16. Tu só, tu, puro amor, com força cruaQue os corações humanos tanto obriga,Deste causa à molesta morte sua,Como se fora pérfida inimiga.Se dizem, fero Amor, que a sede tuaNem com lágrimas tristes se mitiga,É porque queres, áspero e tirano,Tuas aras banhar em sangue humano.Estavas, linda Inês, posta em sossego,De teus anos colhendo doce fruito,Naquele engano da alma ledo e cego,Que a fortuna não deixa durar muito,Nos saudosos campos do Mondego,De teus fermosos olhos nunca enxuito,Aos montes ensinando e às ervinhas,O nome que no peito escrito tinhas.

Os lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épico na poesia portuguesa, entretanto oferecem momentos em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O episódio de Inês de Castro, do qual o trecho exposto faz parte, é considerado o ponto alto do lirismo camoniano inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como um todo, pode afirmar--se que seu núcleo central:

a. personifica e exalta o amor, mais forte que as conveniências e causa da tragé-dia de Inês.b. celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene e festivo de ambos.c. tem como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima herdeira do trono de Portugal.d. retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o nome que no peito escrito tinha.

e. relata em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono português.

17. Qual das afirmações não corresponde à Carta de Caminha? a) Observação do índio como um ser disposto à catequização.b) Deslumbramento diante da exuberância da natureza tropical.c) Mistura de ingenuidade e malícia na descrição dos índios e seus costumes.d) Composição sob forma de diário de bordo.e) Aproximações barrocas no tratamento literário e no lirismo das descrições.

18. Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que: a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.b) Inicia com Prosopopéia, de Bento Teixeira.c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica.d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e

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pedagógica.e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo.

19. Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede: Dos vícios já desligadosnos pajés não crendo mais,nem suas danças rituais,nem seus mágicos cuidados.

(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110) Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão: a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a CoroaPortuguesa e a Companhia de Jesus.

b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.

c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.

d) Os meninos índios são figura alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.

e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

20. A terraEsta terra, Senhor, me parece que, da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa. [...]Nelas até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho. [...] Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-a nela tudo, por bem das águas que tem.(CAMINHA, Pero Vaz de. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1943, p. 204.)

Carta de Pero Vaz

A terra é mui graciosa,Tão fértil eu nunca vi.A gente vai passear,No chão espeta um caniço,

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No dia seguinte nasceBengala de castão de oiro.Tem goiabas, melancias,Banana que nem chuchu.Quanto aos bichos, tem-nos muitos,De plumagens mui vistosas.Tem macaco até demais.Diamantes tem à vontade,Esmeralda é para os trouxas.Reforçai, Senhor, a arca,Cruzados não faltarão,Vossa perna encanareis,Salvo o devido respeito.Ficarei muito saudosoSe for embora daqui.

(MENDES, Murilo. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991, p. 13.)

No texto de Murilo Mendes, os versos “Banana que nem chuchu”, “Tem macaco até demais” e “Esmeralda é para os trouxas” exprimem a representação literária da visão do colonizador de maneira:a) séria.b) irônica.c) ingênua.d) leal.e) revoltada.

21. Os versos abaixo nos mostram:

Eis os versos que outrora, ó Mãe Santíssima,te prometi em votovendo-me cercado de feroz inimigo.Enquanto entre os Tamoios conjurados,pobre refém, tratava as suspiradas pazes,tua graça me acolheuem teu materno mantoe teu poder me protegeu intactos corpo e alma.

José de Anchietaa) revelam a intenção pedagógica e moral de Anchieta, ao tratar do seu desejo de conversão dos indígenas à religião católica.b) documentam o cronista religioso debruçado sobre a terra e o nativo, desejando informar sobre a natureza e o homem brasileiro.c) são um legado da era colonial brasileira, em que se exprime a religiosidade do nativo da terra recémdescoberta.d) tematizam a paisagem social primitiva da colônia e demonstram a visão pragmática do jesuíta colonizador, preocupado em “dilatar a fé e o império”.e) expressam o sentimento religioso do apóstolo e deixam entrever uma específica experiência sua na paisagem americana.

22. Quando morre algum dos seus põem-lhe sobre a sepultura pratos, cheios de viandas, e uma rede (...) mui bem lavada. Isto, porque crêem, segundo dizem, que depois que morrem tornam a comer e descansar sobre a sepultura. Deitam-nos em covas redondas, e, se são principais, fazem-lhes uma choça de palma. Não têm conhecimento de glória nem inferno, somente dizem que depois de morrer vão

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descansar a um bom lugar. (...) Qualquer cristão, que entre em suas casas, dão lhe a comer do que têm, e uma rede lavada em que durma. São castas as mulheres a seus maridos.

Padre Manuel da Nóbrega

O texto, escrito no Brasil colonial,a) pertence a um conjunto de documentos da tradição históricoliterária brasileira, cujo objetivo principal era apresentar à metrópole as características da colônia recémdescoberta.b) já antecipa, pelo tom grandiloqüente de sua linguagem, a concepção idealizadora que os românticos brasileiros tiveram do indígena.c) é exemplo de produção tipicamente literária, em que o imaginário renascentista transfigura os dados de uma realidade objetiva.d) é exemplo característico do estilo árcade, na medida em que valoriza poeticamente o “bom selvagem”, motivo recorrente na literatura brasileira do século XVIII.e) insere-se num gênero literário específico, introduzido nas terras americanas por padres jesuítas com o objetivo de catequizar os indígenas brasileiros.

23. (ENEM) Uma das funções da arte é fazer crítica social. Aponte, a seguir, a alternativa que contenha trecho com esse tipo de crítica.

a) Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas (...) E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego. Chico Buarque

b) Haviam de ser, por que possa vê-los, que uns olhos tão belos não se hão de esconder; Luís de Camões

c) Você é assim Um sonho pra mim E quando eu não te vejo Eu penso em você Desde o amanhecer Até quando eu me deito... Tribalistas

d) As minhas grandes saudades São do que nunca enlacei Ai, como eu tenho saudades Dos sonhos que não sonhei!... Mário de Sá-Carneiro

e) Tão cedo passa tudo quanto passa! Morre tão jovem ante os deuses quanto Morre! Tudo é tão pouco! Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe E cala. O mais é nada. Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

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24. Eu não tirava os olhos do homem. Sua magreza me fascinava. Contudo, foi Arthur quem chamou atenção para um detalhe:

– Ele está ficando transparente. Assustei-me. Através do corpo do homenzinho viam-se os objetos que estavam no

interior da casa: jarras de flores, livros, misturados com intestinos e rins. O coração parecia estar dependurado na maçaneta da porta, cerrada somente de um dos lados.

RUBIÃO, Murilo. A casa do girassol vermelho Levando em critério os nossos estudos literários, avalie os enunciados e marque o

item incoerente com a teoria literária. a) Muitas vezes, partindo de elementos da realidade, o autor inventa situações que seriam consideradas absurdas fora da literatura, é o caso do fragmento acima, em que o homem é reproduzido de forma mimética. b) Evidentemente, esse fragmento não foi retirado de um documento, de uma notícia, de um texto científico. Trata- -se de um trecho de texto literário. Toda obra de ficção que emprega uma língua pode ser enquadrada como literatura, desde uma narrativa que você tenha inventado até um romance de um escritor muito conhecido. c) A literatura pode ser, de maneira um tanto simplificada, chamada de a arte das palavras segundo alguns estudiosos, é por isso que um escritor como Guimarães Rosa, devido ao intenso trabalho que faz com as palavras, é chamado de alquimista da linguagem. d) As informações contidas num texto não literário podem ser verificadas. O que significa isso? Significa que as palavras do cientista, do jornalista, do historiador não valem por si mesmas: elas referem-se a fatos e seres que estão fora do texto e cuja existência pode ser comprovada ou não. e) Quase todos os campos artísticos trabalham com realidades criadas pelos seus próprios produtores. É por meio da arte que conseguimos apreender a nossa própria essência, afinal é de forma artística que a essência humana mais claramente se manifesta.

25. (ENEM) Avalie as produções culturais abaixo que remetem ao mesmo contexto histórico – Descobrimento do Brasil – e marque o item incorreto na interpretação sobre as mesmas:

Texto I

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Texto II Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijamente sobre o batel e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.

Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa. Deu-lhes somente um barrete* vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha pequena de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas, miúdas, “que querem parecer de aljaveira as quais peças creio que o capitão manda a Vossa Alteza, e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar”.

OLIVIERI, Antonio Carlos; VILA, Marco Antonio. (Org). Cronistas do descobrimento. 3. ed. São Paulo: 2000, p. 20-21)

*Pequeno chapéu usado pelos clérigos.

a) Na pintura mostrada, o artista habilmente inverte a focalização(olhar eurocêntrico) que predominava no século XVI. Na tela o pintor faz ver a perspectiva dos silvícolas. b) No texto I a inversão do observador, deslocado para o continente, ao contrário da ordem estabelecida pelo discurso histórico oficial, produz um efeito crítico. Na tela podemos ver a reação de espanto dos índios (primeiro plano) e a primeira caravela (segundo plano), de hiperbólicas proporções, ameaçadora, numa espécie de atitude denunciadora do comportamento imperialista dos que nela estão. c) O segundo parágrafo do texto II evidencia uma vital relação histórica entre índios e europeus, o escambo, sistema de troca direta de mercadorias, e também de tradições entre os dois povos diversos. Entretanto, essa relação foi colocada em xeque frente à chamada “guerra microbiana”, em que diversas doenças foram trazidas pelo europeu (sarampo, tifo, varíola, malária, gripe etc.), letais para os índios, que não possuíam resistência imunológica a elas. d) O texto II é um fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha, espécie de embrião da nossa literatura (Quinhentismo), que nos revela uma visão de mundo centrada no homem português – aquele que veio para expandir a sua influência no “novo” solo recém-conquistado. e) “Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.” Na visão do europeu, os povos do novo continente são colocados de maneira resignada, aspecto expresso pelo comportamento de indígena de abaixar suas próprias armas.

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GABARITO DE RESPOSTAS:

NOME: _____________________________________________________________________

Questão alternativas2 a b c d e3 a b c d e4 a b c d e5 a b c d e6 a b c d e7 a b c d e8 a b c d e9 a b c d e

10 a b c d e11 a b c d e12 a b c d e13 a b c d e14 a b c d e15 a b c d e16 a b c d e17 a b c d e18 a b c d e19 a b c d e20 a b c d e21 a b c d e22 a b c d e23 a b c d e24 a b c d e25 a b c d e

NOTA

Atenção: Preencha o gabarito com caneta azul ou preta. Preencha todo o espaço da alternativa correspondente Caso exista mais de uma resposta marcada, a questão será anulada Cada questão equivale a 0,4 (quatro décimos) Não é permitido troca de material durante a prova

Resposta discursiva:

1

a)______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b)_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________