Testes diagnósticos
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Testes Diagnósticos
Roberto MedronhoFaculdade de Medicina - UFRJ
Processo de decisão clínica que baseia-se, conscientemente ou não, em probabilidade
DIAGNÓSTICO
Os testes são utilizados no diagnóstico clínico, na triagem e na pesquisa
Um teste de diagnóstico é utilizado para determinar a presença ou ausência de uma doença quando um individuo apresenta sinais ou sintomas da doença
Um teste de triagem identifica indivíduos assintomáticos que podem ter a doença
O teste diagnóstico é realizado após um teste de triagem positivo para estabelecer um diagnóstico definitivo
Uso dos testes diagnósticos na clínica
Identificar ou confirmar a presença de
doença ou situação relacionada à saúde
Avaliar a gravidade do quadro clínico
Estimar o prognóstico
Monitorar a resposta a uma intervenção
Exemplo de testes de screening
Exame de Papanicolaou para displasia cervical ou câncer
do colo do útero
Glicemia de jejum para diabetes
Pressão arterial para hipertensão
Mamografia para câncer de mama
PSA para câncer de próstata
Teste do pezinho em recém-nascidos para fenilcetonúria
Validade vs Confiabilidade Validade: capacidade do teste discriminar os indivíduos
doentes dos não doentes Confiabilidade (precisão): capacidade do teste reproduzir o
mesmo resultado ou ter resultado semelhante, quando repetido
AS APARÊNCIAS PARA A MENTE SÃO DE QUATRO TIPOS
“As coisas são o que parecem ser;Ou são e não parecem ser;Ou não são, mas parecem ser;Ou não são, nem parecem ser”.
Epictetus (53 – 130 a.C.)
A Relação entre Ser e ParecerPa
rece
r
Ser
SIM NÃO
SIM As coisas são
o que parecem ser Não são, mas parecem ser
NÃO São, mas não parecem ser
Não são e nem parecem ser
A Relação entre Doença e TesteTe
ste
Doença
+ -
+ Verdadeiro
positivo Falso
positvo
- Falso
negativo Verdadeiro
negativo
PRESENTE AUSENTE
Total
POS
a verdadeiro
positivo
b falso
positivo a + b
TESTE NEG
c falso
negativo
d verdadeiro
negativo c + d
Total a + c b + d a + b + c + d
DOENÇA*
Sensibilidade = a / (a + c)Especificidade = d / (b + d)
Sensibilidade e Especificidade
*como não se tem certeza da presença ou não da doença, utiliza-se o melhor teste disponível para avaliar um novo teste diagnóstico → teste padrão ouro
Sensibilidade (S): é a probabilidade de um teste dar positivo na presença da doença, isto é, avalia a capacidade do teste detectar a doença quando ela está presente.
S = caa
Especificidade (E): é probabilidade de um teste dar negativo na ausência da doença, isto é, avalia a capacidade do teste afastar a doença quando ela está ausente.
E = dbd
Uso dos testes
Sensíveis Necessário para o
diagnóstico de doença potencialmente grave
Afastar doenças em fase inicial do diagnóstico
O resultado negativo é mais útil: melhor VPN
Específicos Particularmente necessário
quando um resultado falso positivo pode ser muito lesivo
Confirmar um diagnóstico sugerido por outros dados
O resultado positivo é mais útil: melhor VPP
Obs: os testes sensíveis também são úteis no screeningde doenças em grupos populacionais
PRESENTE AUSENTE
Total
POS
a verdadeiro
positivo
b falso positivo a + b
TESTE NEG
c falso negativo
d verdadeiro negativo
c + d
Total a + c b + d a + b + c + d
DOENÇA
VPP = a / (a + b) VPN = d / (b + d)
Valor preditivo
Valor preditivo positivo (VPP): é a proporção de verdadeiros positivos entre todos os indivíduos com teste positivo. Expressa a probabilidade de um paciente com o teste positivo ter a doença.
VPP = ba
a
Valor preditivo negativo (VPN): é a proporção de verdadeiros negativos entre todos os indivíduos com teste negativo. Expressa a probabilidade de um paciente com o teste negativo não ter a doença.
VPN = dc
d
DETERMINANTES DO VALOR PREDITIVO
sensibilidade especificidade
prevalência da doença na população probabilidade pré-teste
valores preditivos positivo e negativo probabilidade pós-teste
P)(1 E)(1 P)(S PS VPP
P)(1 EP S)(1P)(1 EVPN
Teorema de Bayes
0%
20%
40%
60%
80%
100%
0% 10% 20% 30% 40% 50%
VPP
Prevalência
Valor preditivo positivo em função da prevalência
S=99%; E=99%
S=95%; E=95%
S=70%; E=99%
S=99%; E=70%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
VPN
Prevalência
Valor preditivo negativo em função da prevalência
S=99%; E=99%
S=95%; E=95%
S=70%; E=99%
S=99%; E=70%
Valor PreditivoVaria com a prevalência (probabilidade
pré-teste) da doençaPara um mesmo teste, quanto maior a
prevalência maior o VPP e menor o VPNQuanto mais sensível, melhor o VPNQuanto mais específico, melhor o VPP
Prevalência %
Valor Preditivo Positivo Negativo
1,0 8,3 99,9
10,0 50,0 98,8
50,0 90,0 90,0
70,0 95,5 80,0
90,0 98,8 50,0
99,0 99,9 50,0
Variação dos valores preditivos de um teste com sensibilidade e especificidade de 90%, segundo a prevalência da doença
Clínica Probabilidadepré-teste
VP positivo VP negativo
Fem, jovemdor atípica
5% 16% 98%
Masc, 40 anosdor atípica
50% 78% 73%
Masc, 45–55 anosangina típica
90% 97% 23%
TE para diagnóstico DC, metanálise:sensibilidade = 70% e especificidade = 80%
Gianrossi et al, 1989
PRESENTE AUSENTE
Total
POS
a verdadeiro
positivo
b falso positivo a + b
TESTE NEG
c falso negativo
d verdadeiro negativo
c + d
Total a + c b + d a + b + c + d
DOENÇA
Razão de verossimilhança pos: a / a + c
b / b + d
Razão de verossimilhança neg: c / a + c
d / b + d
Chance ou Odds= p / 1-p
Razão de Verossimilhança
RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA É definida como a razão entre a probabilidade de um determinado resultado de um teste diagnóstico em indivíduos portadores da doença e a probabilidade do mesmo resultado em indivíduos sem a doença Para um teste dicotômico (positivo/negativo): Razão de verossimilhança para o teste positivo (RV+): expressa quantas vezes é mais provável encontrar um resultado positivo em pessoas doentes quando comparado com pessoas não doentes
RV+ = E 1
S
Razão de verossimilhança para o teste negativo (RV-): expressa quantas vezes é mais provável encontrar um resultado negativo em pessoas doentes quando comparado com pessoas não doentes
RV- = E
S- 1
PRESENTE AUSENTE
Total
POS
a verdadeiro
positivo
b falso positivo a + b
TESTE NEG
c falso negativo
d verdadeiro negativo
c + d
Total a + c b + d a + b + c + d
DOENÇA
Prevalência: a + c
a + b + c + dAcurácia: a + d
a + b + c + d
Outras medidas
Distribuição dos valores sangüíneos de glicose
em uma população normal e diabéticaHipotética
Real
Efeito da definição de diferentes níveis de glicemia nos resultados falso positivo e falso negativo
Ponto de corte com o mínimo erro possível
Glicemia pós-prandial (2h) mg/100mL
Sensibilidade (%)
Especificidade (%)
70 98,6 8,8 80 97,1 25,5 90 94,3 47,6
100 88,6 69,8 110 85,7 84,1 120 71,4 92,5 130 64,3 96,9 140 57,1 99,4 150 50,0 99,6 160 47,1 99,8 160 47,1 99,8 170 42,9 100,0 180 38,6 100,0 190 34,3 100,0 200 27,1 100,0
Trade-off entre sensibilidade e especificidadeno diagnóstico de diabetes
Curva ROC da glicemia pós-prandial (2h) mg/100mL
Curva ROCSe
nsib
ilida
de(P
ropo
rção
de
verd
adei
ro p
ositi
vo)
1-especificidade(Proporção de falso positivo)
Testes em paralelo Diagnóstico rápido. Ex: situações de emergência O resultado positivo é considerado se um dos dois testes resultar positivo
BATp onde, Tp+ = teste em paralelo positivo A+ = resultado positivo do teste A B+ = resultado positivo do teste B Sensibilidade combinada dos testes em paralelo pode ser calculada utilizando-se as regras para o cálculo da probabilidade para a união de dois eventos independentes:
Sp = SA + SB – SA x SB onde, Sp = sensibilidade combinada dos testes em paralelo SA = sensibilidade do teste A SB = sensibilidade do teste B O resultado negativo dos testes em paralelo somente será considerado se os dois testes resultarem negativos. Assim, utilizando-se as regras para o cálculo da probabilidade condicional, a especificidade combinada dos testes em paralelo pode ser calculada como:
Ep = EA x EB onde, Ep = especificidade combinada dos testes em paralelo EA = especificidade do teste A EB = especificidade do teste B
Teste S (%) E (%) VPP (%) VPN (%)
A 80 70 22,86 96,92
B 90 90 50 98,78
A e B 98 63 22,74 99,65
Sensibilidade, especificidade e valores preditivo positivo e negativo dos testes A, B e da combinação
em paralelo de A e B
Testes em série Processos diagnósticos que não requerem urgência. Ex: pacientes de ambulatórios ou internados para investigação diagnóstica Usados também em casos de testes que são muito caros ou que oferecem risco para o paciente Os testes são aplicados sequencialmente e o segundo teste somente será aplicado se o primeiro resultar positivo
BATp onde, Tp+ = teste em série positivo A+ = resultado positivo do teste A B+ = resultado positivo do teste B A sensibilidade combinada dos testes em série pode ser calculada utilizando-se as regras para o cálculo da probabilidade para a interseção de dois eventos:
Ss = SA x SB onde, Ss = sensibilidade combinada dos testes em série SA = sensibilidade do teste A SB = sensibilidade do teste B A especificidade combinada dos testes em série pode ser calculada, utilizando-se as regras para o cálculo da probabilidade, da seguinte forma:
Es = EA + EB - EA x EB onde, Es = especificidade combinada dos testes em série EA = especificidade do teste A EB = especificidade do teste B
Teste S (%) E (%) VPP (%) VPN (%)
A 80 70 22,86 96,92
B 90 90 50 98,78
A e B 72 97 72,73 96,89
Sensibilidade, especificidade e valores preditivo positivoe negativo dos testes A, B e da combinação em série de A e B