Texto Brasil Republicano

4
O interesse das elites pelo poder é ‘mutante’, com o propósito de toma-lo para si. O autor Sergio Murilo Carvalho, descortina o cenário no final do século XIX, quando ideias do alem mar permeiam o Império brasileiro e traz filosofias como a República e conceitos de liberdade dos antigos e liberdade dos modernos. A primeira seria a participação do coletivo pelo governo; a segunda liberdade vê a participação do povo no governo, mas pela representação. Com a abolição da escravidão em 1888, estas elites que balizavam as estruturas da monarquia se sentiu prejudicada por não receberem indenização e isto foi um marco para deposição da monarquia e a implantação da república com um novo modelo de governo para o Brasil, é o que o autor pontua: De uma coisa, porém, estavam certos os fundadores, ou grande maioria deles: a base filosófica da construção que deveriam empreender a base de novo pacto político, tinha de ser predominância do interesse individual, da busca da felicidade pessoal.” (Carvalho, p.10). Portanto tinham modelos franceses e americanos, mas o predomínio deste segundo, de cunho federalista e ênfase no individualismo, entendendo este último, como definição do público como as somados poderes individuais. Outro pensamento que chega ao país é o Positivismo com a ideia de “Ordem e Progresso” o que Benjamin Constant entende ser viável este sistema de governo para República, principalmente pela ideia embutida de representação na pessoa do ditador: “...o bom ditador comtiano seria aquele que conduzisse as massas. (...)” (Carvalho, p.21). A versão positivista da república veio a se identificar com um grupo social, que em tese o excluía, os militares. O caminho foi à adaptação das ideias de ditadura republicana e ênfase à ciência, pois os militares tinham 1

description

o início da República e suas controversias

Transcript of Texto Brasil Republicano

O interesse das elites pelo poder mutante, com o propsito de toma-lo para si. O autor Sergio Murilo Carvalho, descortina o cenrio no final do sculo XIX, quando ideias do alem mar permeiam o Imprio brasileiro e traz filosofias como a Repblica e conceitos de liberdade dos antigos e liberdade dos modernos. A primeira seria a participao do coletivo pelo governo; a segunda liberdade v a participao do povo no governo, mas pela representao. Com a abolio da escravido em 1888, estas elites que balizavam as estruturas da monarquia se sentiu prejudicada por no receberem indenizao e isto foi um marco para deposio da monarquia e a implantao da repblica com um novo modelo de governo para o Brasil, o que o autor pontua: De uma coisa, porm, estavam certos os fundadores, ou grande maioria deles: a base filosfica da construo que deveriam empreender a base de novo pacto poltico, tinha de ser predominncia do interesse individual, da busca da felicidade pessoal. (Carvalho, p.10). Portanto tinham modelos franceses e americanos, mas o predomnio deste segundo, de cunho federalista e nfase no individualismo, entendendo este ltimo, como definio do pblico como as somados poderes individuais. Outro pensamento que chega ao pas o Positivismo com a ideia de Ordem e Progresso o que Benjamin Constant entende ser vivel este sistema de governo para Repblica, principalmente pela ideia embutida de representao na pessoa do ditador: ...o bom ditador comtiano seria aquele que conduzisse as massas. (...) (Carvalho, p.21). A verso positivista da repblica veio a se identificar com um grupo social, que em tese o exclua, os militares. O caminho foi adaptao das ideias de ditadura republicana e nfase cincia, pois os militares tinham formao tcnica. O novo modelo de governo concede direitos, mas, assim como no imprio esquece os direitos sociais, excluindo deste processo as massas analfabetas e as mulheres, o que no mximo poderiam ter era uma estadania e no a cidadania. A professora Maria Efignia Lage, mais clara ao falar desse novo projeto de poltica, sobre a fragilidade que envolve este, pois o fazer a coisa pblica seria satisfazer aos desejos unilaterais daquelas oligarquias. Ao organizar os Estados vo dar mais autonomia, contudo a participao popular que por lgica liberal seria maior, isso no acontece, pois os interesses privados iram sobrepor ao pblico e para isso impe limitaes para participao dos direitos polticos. Ao analisar a estrutura poltica desta nova repblica, a autora descreve como os acordos polticos direcionam para governabilidade partindo do municpio (Coronel) para chegar a presidncia representando os interesses oligrquicos. Segundo a autora determinados estados (So Paulo e Minas Gerais), eram mais institucionalizados o que fizeram sobressair em detrimento dos demais, devido o estado organizacional em que eles esto dirimindo as tenses locais promovendo acordos entre si, enquanto em outros estados a disputa pelo poder era acirrada a exemplo Pernambuco. As alianas entre municpios para chegada ao poder chama-se Coronelismo, os membros desta oligarquia eram ex-proprietrios de escravos, latifundirios importadores de mo de obra imigrante, os quais se sentiram injustiados por no receber indenizao pelo fim da escravido e por isso queriam garantir atravs do sistema os seus interesses. A violncia a determinadas camadas sociais atravs do controle e um controle legal. Contudo essa massa vai reagir de diversas formas destacando Canudos como um desejo dos mesmos pelo retorno da monarquia, pois via na Repblica um smbolo de excluso social. Aps a guerra do Paraguai, os militares se sentiam no poder salvaguardar e proteger o Brasil. Esses militares tambm queriam a separao entre Igreja e o Estado enquanto as oligarquias polticas preferem um modelo federalista. As oligarquias assumem o poder continuam com o projeto dos militares com a separao da Igreja e Estado. As representaes dos Estados que dar os benefcios e decises mais importantes da poltica da Repblica, o que podemos classificar como o arranjo poltico que denomina poltica dos estados com fins de um legislativo coeso. A constituio republicana de 1891 segue o modelo Norte Americano, ou seja, liberal de organizao federativa que traduz o individualismo poltico e econmico: A centralidade conferida aos direitos individuais, deixando de lado com a preocupao com o bem pblico,... (RESENDE, p. 93). A classe operria, segundo Batalha, no era bem formada, e, portanto, sem conscincia dos seus direitos, pois ainda estavam em um processo de transio em o trabalho era uma associao meramente como atividade de escravo. O desafio agora era valorizar o trabalho e ao mesmo tempo o trabalhador, para o novo projeto de progresso era preciso mostrar que o trabalho dignifica o homem, e ainda, sabendo que esse grupo era heterogneo composto por migrantes de diversas nacionalidades, etnias diferentes que vo passar por lutas que apontaram at a terceira dcada do sculo XX. O simples fato de ter indstria no quer dizer que vamos ter tambm uma classe operria e que o trabalho ainda traz traos anlogos escravido, no seguimento txtil a presena feminina era marcante. Para formao de uma unidade acarretar certo tempo (1930), e envolver outros setores do trabalho assim com como seus atores em lutas constantes. Silvia Costa Couceiro aborda o cenrio recifense durante o incio do sc. XX, as prticas dos gestos cotidianos das camadas populares, que so justamente as mos pobres que no tem recursos econmicos (descendentes de escravos; mestios), os quais no se enquadravam nesse novo projeto de civilizao que tem a ver tambm com o projeto das nossas cidades idealizados pelas elites, o qual, nada deveria lembrar o perodo anterior, um perodo que lembre a escravido que passa ser vota como atraso. Portanto as ruas deveriam ser pavimentadas, saneamento bsico reestruturao do porto e tudo isso para retirar as marcas do perodo passado. Construindo um progresso material tendo com exemplo de modernidade as linhas de ferro que facilitava mobilidade. Mas o progresso imaterial esta atrelado as prticas populares e para reprimir tais, ser feito um controle destas, marcando horas para sair, o samba, os vendedores que falavam auto, etc. tornar mais parisienses as prticas populares era o meio para o progresso, para civilizao.3