Texto de Apoio Cap v Produção Conjunta2015

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Docente: Nataniel Parruque 1 INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE MOÇAMBIQUE CONTABILIDADE DE GESTÃO I Capítulo V - Produção Conjunta Texto de Apoio Conceito Diz-se que uma empresa labora em produção conjunta quando a fabricação de um produto obriga, necessariamente, à fabricação de dois ou mais produtos, isto é, ao proceder-se à transformação de uma ou de várias matérias-primas, se obtém simultaneamente diversos produtos. Exemplos 1) Os óleos alimentares são obtidos a partir de oleaginosas. Inicialmente procede-se à preparação e à prensagem daquelas. Obtendo-se o óleo cru. Este é depois refinado, através de tratamento com soda cáustica, obtendo-se óleo refinado e ácidos gordos. Estes produtos (óleo refinado e ácidos gordos) são pois, produtos obtidos em produção conjunta, sendo designados por produtos conjuntos. 2) No abate de gado, obtêm-se diversos produtos conjuntos: carne, ossos, sangue etc, 3) Na refinação do petróleo bruto obtêm-se igualmente diversos produtos conjuntos: gasolina, gaóleo, fuel-óleo, etc, Designação dos produtos conjuntos Os produtos têm as seguintes designaçãoes consoante a sua importância relativa: Co-produtos, Subprodutos e Resíduos. Co-produtos Designam-se por Co-produtos, os produtos conjuntos que têm idêntica importância relativa. Designa-se também por produtos principais. No abate de perús, por exemplo, podem considerar-se os diversos produtos obtidos (bife, pernas, asas e miúdos, etc) como co-produtos. O mesmo acontece com a gasolina, o gasóleo e o fuel-óleo, produtos derivados da refinação do petróleo. Subprodutos Subprodutos são produtos secundários. Não é o objectivo principal da produção obtê-los, mas sim o produto principal a que estão associados. Este produto secundário de produção pode ser vendido ou utilizado na própria exploração, como matéria-prima. No caso de venda, o montante obtido pode ser encarado como benefício a adiccionar aos resultados da venda dos produtos principais ou como deduções ao respectivo custo

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  • Docente: Nataniel Parruque

    1

    INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE MOAMBIQUE

    CONTABILIDADE DE GESTO I

    Captulo V - Produo Conjunta

    Texto de Apoio

    Conceito

    Diz-se que uma empresa labora em produo conjunta quando a fabricao de um produto

    obriga, necessariamente, fabricao de dois ou mais produtos, isto , ao proceder-se

    transformao de uma ou de vrias matrias-primas, se obtm simultaneamente diversos

    produtos.

    Exemplos

    1) Os leos alimentares so obtidos a partir de oleaginosas. Inicialmente procede-se preparao e prensagem daquelas. Obtendo-se o leo cru. Este depois refinado,

    atravs de tratamento com soda custica, obtendo-se leo refinado e cidos gordos.

    Estes produtos (leo refinado e cidos gordos) so pois, produtos obtidos em produo

    conjunta, sendo designados por produtos conjuntos.

    2) No abate de gado, obtm-se diversos produtos conjuntos: carne, ossos, sangue etc,

    3) Na refinao do petrleo bruto obtm-se igualmente diversos produtos conjuntos: gasolina, galeo, fuel-leo, etc,

    Designao dos produtos conjuntos

    Os produtos tm as seguintes designaoes consoante a sua importncia relativa: Co-produtos,

    Subprodutos e Resduos.

    Co-produtos

    Designam-se por Co-produtos, os produtos conjuntos que tm idntica importncia relativa.

    Designa-se tambm por produtos principais. No abate de pers, por exemplo, podem

    considerar-se os diversos produtos obtidos (bife, pernas, asas e midos, etc) como co-produtos.

    O mesmo acontece com a gasolina, o gasleo e o fuel-leo, produtos derivados da refinao do

    petrleo.

    Subprodutos

    Subprodutos so produtos secundrios. No o objectivo principal da produo obt-los, mas

    sim o produto principal a que esto associados. Este produto secundrio de produo pode ser

    vendido ou utilizado na prpria explorao, como matria-prima.

    No caso de venda, o montante obtido pode ser encarado como benefcio a adiccionar aos

    resultados da venda dos produtos principais ou como dedues ao respectivo custo

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    industrial.Se, para vender o subproduto for necessrio suportar encargos, estes devero ser

    deduzidos ao valor da venda.

    Se o produto for utilizado na prpria explorao poder ser contabilizado, por exemplo, pelo

    preo corrente no mercado.

    Resduos e Desperdcios

    Estes podem resultar da utilizao das matrias-primas ou da prpria transformao (escrias,

    poeiras, ossos no abate de gado, sobras de chapa no aproveitveis numa metalomecnica, etc,).

    Alguns deles no tm qualquer valor. Outros podem ser vendidos ou utilizados na produo.

    Consideremos os seguintes casos:

    1. Valor nulo estes desperdcios e resduos podem no ter qualquer outro valor, mas a sua eliminao ou seja o desaparecimento implicar gastos. Se o montante desses gastos

    for pequeno, poder contabilizar-se como despesas gerais da empresa. Caso contrrio,

    corresponde a um acrscimo do custo de produto principal.

    2. Venda no caso de serem vendidos, tm um tratamento contabilstico idntico ao dos subprodutos, ou seja, o valor da venda poder constituir um acrscimo nos resultados ou

    uma diminuio do custo industrial.

    3. Reutilizao a avaliao e contabilizao dos desperdcios que se utilizam na explorao, regra geral como combustveis, podero ser feitas a preos de mercado ou a

    preos convencionais.

    Apuramento do custo industrial dos produtos conjuntos

    Na produo conjunta, o custeio dos produtos apresenta dificuldades especficas. Com efeito,

    neste tipo de produo, podemos distinguir duas fases principais na fabricao dos produtos:

    Fase da produo conjunta, que a que se verifica at ao ponto de separao dos produtos, ocasionando gastos que se designam por custos conjuntos;

    Fase (s) seguinte (s) que eventualmente pode (m) no existirem que os semi-produtos obtidos no ponto de separao so acabados, em regime de produo disjunta,

    implicando os chamados custos especficos.

    Temos em esquema, admitindo dois produtos (A e B):

    Produtos Produtos

    intermdios Acabado (A)

    Produo Conjunta Ponto de Separao

    Produtos Produto

    Intermdios Acabado (B)

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    Custos Conjuntos Custos Especficos

    No esquema acima, os semi-produtos A e B so obtidos em produo conjunta, que envolve os

    chamados custos conjuntos e termina no ponto de separao. Depois, os semi-produtos so

    ainda submetidos a operaes de transformao, que ocasionam custos especficos, obtendo-se

    os produtos A e B, que so os produtos Acabados. O esquema pode ser aplicado ao exemplo do

    leo atrs apresentado:

    O leo refinado e os cidos gordos separam-se com a refinao do leo cru, constituindo-se aqui o ponto de separao dos produtos:

    Os custos verificados at refinao inclusive, so custos conjuntos dos dois produtos;

    Depois da refinao (ponto de separao), o leo refinado embalado em garrafas de 1 litro e os cidos gordos so acondicionados em embalagens retornveis, implicando

    estas operaes de embalagem custos especficas de cada um dos produtos.

    O problema que a produo conjunta apresenta no que respeita ao custeio dos produtos tem a

    ver com os custos cojuntos. Com efeito, estes so custos comuns aos produtos conjuntos, no

    havendo qualquer possibilidade de conhecer os custos reais de cada um deles. Assim, e tendo

    em conta a necessidade de calcular os custos por produtos, adoptam-se certos critrios para

    repartir os custos conjuntos pelos produtos.

    Critrios de repartio dos custos conjuntos pelos produtos

    Co-produtos

    Na repartio dos custos conjuntos adoptam-se, fundamentalmente, os seguintes critrios para

    repartir os custos conjuntos pelos produtos obtidos:

    1. Das Quantidades produzidas repartem-se os custos conjuntos pelos produtos proporcionalmente s quantidades obtidas de cada um deles;

    2. Do valor de venda da produo consiste em repartir os custos conjuntos pelos produtos proporcionalmente ao respectivo valor de venda da produo;

    3. Do valor de venda da produo reportado ao ponto de separao repartem-se os custos conjuntos pelos produtos proporcionalmente ao seu valor de venda no ponto de

    separao, isto , ao valor de venda da produo deduzido dos custos especficos. Os

    custos especficos a considerar so no s os de produo, mas tambm os no

    industriais (frequentemente so apenas os de distribuio).

    Ilustrao dos critrios

    Consideremos o seguinte exemplo da empresa GAMA, Lda:

    Produto Quant. Produzidas Preo de Venda/Unidade (cts)

    A 12.000 2,0

    B 8.000 2,5

    C 4.000 4,0

    Custos Conjuntos: 48,000 contos.

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    Pede-se a repartio do custo conjunto utilizando os critrios acima referidos.

    1. Critrio das quantidades produzidas

    Produtos Quantidade %da Quantidade Custo Total no ponto

    Produzida Produzida Separao (em Cts.)

    A 12.000 50,0 24,000

    B 8,000 33,33(3) 16,000

    C 4,000 16,66(6) 8,000

    24,000 100,0 48,000

    2. Critrio do valor de venda da produo

    Produtos Quantidade Preo Receita % de Custo total no

    Produzida Venda (cts) Total Receita no P.S.

    A 12,000 2,0 24,000 40,00 19,200

    B 8,000 2,5 20,000 33,33 16,000

    C 4,000 4,0 16,000 26,66 12,800

    24.000 60,000 100,0 48,000

    3. Critrio do valor de venda da produo reportado ao ponto de separao

    Continuando com o nosso exemplo, suponhamos que se verificaram ainda os seguintes custos

    para o acabamento dos produtos B e C:

    Produto B 4,000 cts.

    Produto C 6,000 cts.

    Produtos Quant.

    Prod.

    P.V.

    unit.

    Receita

    Total

    Custo

    posterior

    ao P.S.

    Receita

    Total no

    P.S.

    %

    relativa

    da RT

    no P.S.

    Custo

    Total no

    P.S.

    A 12,000 2,0 24,000 -------- 24,000 48,00 23,040

    B 8,000 2,5 20,000 4,000 16,000 32,00 15,360

    C 4,000 4,0 16,000 6,000 10,000 20,00 9,600

    24,000 60,000 10,000 50,000 100,0 48,000

    Custo Total = Custo no ponto de Separao + Custo posterior ao ponto de separao

    Produto Custo no ponto

    de separao.

    Custo posterior

    ao P.S.

    Custo

    Total

    Quant.

    Prod.

    Custo

    Unitrio

    A 23,040 --------- 23,040 12,000 1,92

    B 15,360 4,000 19,360 8,000 1,42

    C 9,600 6,000 15,600 4,000 3,90

    48,000 10,000 58,000 24,000

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    Subprodutos

    Para a valorizao dos subprodutos podem ser utilizados os seguintes critrios:

    1. Custo Nulo

    Neste critrio, os produtos principais (co-produttos) suportam todos os custos conjuntos

    representando o valor de venda dos subprodutos apos a deduo de todos custos com a sua venda um lucro para a empresa. Os produtos principais ficam por conseguinte, com um custo superior.

    2. Lucro Nulo

    Aqui, os subprodutos no proporcionam qualquer resultado, pelo que o valor de venda deduzido

    dos custos com a venda subtrado dos custos conjuntos. O valor dos custos atribudos aos co-produtos , assim inferior.

    Ilustrao dos critrios

    Os vrios critrios ligados aos subprodutos exercem um efeito sobre os custos totais e unitrios

    dos produtos principais. Vejamos o seguinte exemplo (valores em contos):

    Saldo Inicial ------------

    Custos Correntes

    Matrias- primas 6,000

    Mo de Obra Directa 8,000

    Gastos Gerais de Fabrico 4,300

    18,300

    CIPA (A) : 2,500 unidades?

    CIPA (B) : 2,000 unidades?

    Custo do Subproduto (C) 1,000 unidades?

    Saldo Final ----------

    18,300

    Outros elementos:

    Subproduto (C):

    Valor estimado no mercado 300 cts.

    Despesas de venda 45 cts

    Margem de lucro 15 cts

    Custos de transformao (tratamento adicional) 20 cts

    Pretende-se: o clculo do custo dos produtos principais (A e B) e do Subproduto (C).

    NB: O custo Conjunto repartido com base nas quantidades produzidas (medio

    Quantitativa).

    1. Critrio do custo nulo.

    Considera-se que o subproduto no tem qualquer valor comercial. Neste caso, a totalidade dos

    custos conjuntos repartida pelos produtos principais.

    Produto (A). (2,500/4,500) * 18,300 = 10,167

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    Produto (B): (2,000/4,500) * 18,300 = 8,133

    18,300

    2. Critrio do lucro nulo

    Considera-se o valor estimado no mercado do subproduto deduzido das despesas de venda e custos adicionais como seu custo.

    Custo do Subproduto (C): 300 (45+20) = 235 cts. Custo Conjunto de (A) e (B) : 18,300 235 = 18,065 cts Base de rateio: Medio quantitativa da produo

    Produto (A) : (2,500/4,500) * 18,065 = 10,036

    Produto (B) : (2,000/4,500) * 18,065 = 8,029

    18,065

    Variantes

    1. Considerar o custo do subproduto igual ao seu preo de venda deduzido das despesas de venda:

    Custo do Subproduto (C): 300 45 = 255 cts Custo Conjunto dos co-produtos: 18,300 255 = 18,045 cts Rateio do custo conjunto (medio quantitativa):

    Produto (A): (2,500/4,500)*18,045=10,025

    Produto (B): (2,000/4,500)*18,045= 8,020

    18,045

    2. Considerar o custo do Subproduto igual ao seu preo de venda deduzido das despesas de venda e a margem de lucro e custo adicional de transformao:

    Custo do Subproduto (C): 300 (45+15+20) =220 cts Custo conjunto dos co-produtos: 18,300 220 = 18,080 Rateio do custo conjunto (medio quantitativa):

    Produto (A): (2,500/4,500)*18,080=10,044

    Produto (B): (2,000/4,500)*18,080= 8,036

    18,080

    Resduos

    Quando os resduos tm valor de mercado este conhecido poder adoptar-se um critrio idntico ao referido para os subprodutos, isto , atribuir-lhes um custo igual ao seu valor de

    venda.