Texto de estudo saber e pedir a fé 2013
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Padre Henri Caffarel :
Saber pedir a Fé
O Padre Caffarel convida sempre os casais a retornarem ao Evangelho vivo e criador – seguir Cristo na vida
de cada dia, saber pedir a fé – para que se tornem uma “comunidade de fé viva”.
Apresentamos aqui alguns trechos do “Anneau d’Or”, que nos convidam a penetrar no pensamento de
Cristo.
Anneau d’Or, n. 117-118, 1964.
Palestra “À escuta da Boa Nova” - Excertos
Uma comunidade de fé
Pela fé, o casal, assim como o indivíduo, toma posição em relação a Cristo. É a sua resposta ao
chamamento de Deus. A adesão, não apenas da inteligência mas do seu ser inteiro, de toda a sua vida.
Por uma fé viva o casal penetra cada dia, de forma mais profunda, na visão que Cristo tem de Deus, do
mundo dos acontecimentos. E também sobre todos os problemas que surgem na vida de cada dia:
fecundidade, educação, uso do dinheiro, hospitalidade, convites da Igreja e da cidade... Somente uma
meditação do Evangelho, assídua, inteligente, humilde, leal permite entrar no pensamento de Cristo,
adquirir a sua mentalidade. É preciso ter coragem, pois o Evangelho assusta; tememos ser desalojados das
nossas posições, da nossa rotina, do nosso relativo conforto intelectual e material.
A mudança de perspectiva, ao ter contato com o Evangelho, é o primeiro resultado; reagir, no decorrer da
vida, em conformidade com as normas evangélicas, é a consequência lógica. Tais normas causam com
frequência o risco de pôr o casal em dificuldade com os que o cercam, de provocar contradições, oposição
ou, pior, sorrisos irónicos. Os sábios ficarão indignados, sábios que poderão ser talvez uma sogra, um
irmão, um colega de trabalho... A força do casal estará na certeza de se apoiar na palavra do Senhor.
Essa fé, que leva a ver e agir conforme a perspectiva de Cristo é um rebento, facilmente sufocado, pois a
pressão da mentalidade envolvente é muito forte e a “sabedoria do mundo” insidiosa. Só há um meio de
bloquear o perigo: um incansável retorno ao Evangelho – seguir Cristo pelo pensamento no Evangelho,
para O seguir e observar os seus preceitos nas atividades da vida cotidiana; aceitar reconhecer-se como
homem de pouca fé, pedir a fé. Aos poucos, pelo Evangelho, Cristo levará o casal a entrar na sua maneira
de ver, desvendar-lhe-á tudo o que sabe sobre o Pai e sobre o seu desígnio de amor para os homens. O
casal tornar-se-á uma comunidade de fé viva.
Anneau d’Or, n. 56 – abril 1954
Editorial “Ambiente sufocante”
“O ambiente é sufocante nas vossas famílias cristãs! E quanto mais cristãs, mais o ar é irrespirável.”
Quantas vezes já ouvi essa reflexão feita por não crentes ou meio-crentes.
- “É a mim que você diz isso? (Olham para mim, surpresos: pensam que eu ficaria escandalizado) Mas não
acrescentem ‘quanto mais cristãs...’.”
De fato, muitos casais que creem ser verdadeiramente cristãos vivem apenas um cristianismo truncado. A
Sua religião toda reduz-se à prática da virtude. Os próprios sacramentos são para eles, apenas um meio de
chegar a ela. Quanta energia não gastam para adquirir e conservar as suas virtudes! São também
dedicados, imperturbavelmente dedicados: pode-se bater na sua porta a qualquer hora. Preocupam-se
também com o “compromisso” e com o “testemunho” (Quanto não se disse sobre isto nestes últimos 20
anos!). Mas acima de tudo, é verdade, eles são terrivelmente chatos. E se ninguém lhes recusa admiração –
pois esse tipo de vida tem uma certa grandeza – ninguém, por outro lado, tem vontade de os imitar.
Na sua presença, irresistivelmente, voltam à minha mente as palavras de Charles Péguy: “A moral foi
inventada pelos fracos. E a vida cristã foi inventada por Jesus Cristo.” De fato, se não se tomar cuidado,
qualquer vida religiosa está sujeita à lei de degradação da energia. Depois de algum tempo, da vida cristã só
se conserva a moral cristã. E a própria moral cristã logo se degrada e torna-se uma espécie de moral natural
que transforma as pessoas em puritanas austeras e inflexíveis. Nesta atmosfera de moralismo, o ambiente
torna-se literalmente sufocante.
O cristianismo não é, antes de tudo, uma moral; não é o culto do Deus Dever, uma divindade sem rosto. É
uma religião – e não uma religião qualquer, um simples servir a um Deus distante. É uma vida com Deus,
uma comunidade de amor com ele. “Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo.” “Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha
palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada.” Mais ainda do que uma
comunidade, a vida cristã é uma comunhão. Pela fé – uma fé viva, claro – o cristão entra em comunhão
com o pensamento divino; os teólogos dizem que ele participa do conhecimento que Deus tem de si
mesmo. E pela caridade, ele ama Deus com o próprio Coração de Deus, está vitalmente associado ao ato
pelo qual Deus se ama a si mesmo.
O problema é que estamos tão “habituados” com todas as fórmulas aprendidas no catecismo que nada
mais nos espanta.
Mas há cristãos que levam a sério as realidades sobrenaturais e delas vivem.
A sua fé é uma paixão de querer conhecer – de conhecer Deus e seu pensamento. Esforçam-se para mantê-
lo vivo e progressivo, tanto por meio da meditação da Palavra divina quanto pela atenção ao que Deus quer
lhes dizer nos acontecimentos de cada dia. A sua fé, jovem atenta, penetra cada vez mais nas “inesgotáveis
riquezas de Cristo”. A sua alegria explode com esta palavra de São João, que bem traduz o seu sentimento:
“E reconhecemos o amor que Deus tem por nós, e acreditamos nele.”
Eles trabalham para amar Deus – pois todo amor é um trabalho antes de ser uma posse. Esse amor, aos
poucos, torna-se a mola propulsora de todos os seus atos, a sua razão de viver. “Quem nos separará do
amor de Cristo, escrevia São Paulo: a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo? ... Em
tudo isso somos mais do que vencedores, graças Àquele que nos amou.”
A moral destes cristãos – pois eles têm uma moral, mas não a dos fracos – é a irradiação da vida divina, do
Amor que neles habita. Ela está contida na ordem de Cristo: “Sede perfeitos como vosso Pai celestial é
perfeito... Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso.” São Paulo define-a com estas palavras:
“Sede imitadores de Deus, como filhos bem amados!”
Na casa destes cristãos, vocês não correm o risco de ficar sufocados. Eles não são prisioneiros de um
moralismo, de um legalismo. São livres, livres com a liberdade dos filhos de Deus. Eles fazem-nos desejar
Deus. Em sua casa, respira-se o ar puro do alto mar. O ar puro de Deus.
Anneau d’Or, n. 62– abril 1955
Editorial “Por que tantos fracassos?” - Excertos
…/…Quantos inícios de vida, alegres e cheios de promessas testemunhamos! E vinte anos depois, quantos
fracassos...
…/…Assim como o organismo físico perece quando suas necessidades básicas não são satisfeitas, também o
organismo espiritual frustrado nas suas necessidades vitais apresenta fenômenos análogos...
…/…Para permanecer vivo, o nosso amor de Deus exige uma fé, um conhecimento vivo. “A vida eterna é
que eles Te conheçam, a Ti, único verdadeiro Deus”.
Ora, o meio privilegiado para possuir uma fé viva é deixando penetrar em si a Palavra de Deus viva,
criadora, recriadora. É ela que, ao apresentar-nos as grandes obras do Senhor, as magnalia Dei, tem o
poder de despertar tudo aquilo que em nós tem a capacidade de admiração e de louvor. É ela que, ao
repetir-nos as promessas divinas, faz jorrar a nossa esperança. É ela que, ao revelar-nos o infinito amor de
Deus, faz arder em nós o Fogo que Cristo veio trazer à Terra.
Não há nada de surpreendente no fato que a vida divina – fé, esperança e caridade – definhe e se apague
naquele que esquece de escutar o seu Deus que lhe fala.
Questões para serem respondidas na folha de partilha.
1) Como a vivência de fé, no cotidiano de nossa vida conjugal, tem favorecido o nosso crescimento espiritual?(Dê um testemunho). 2)... "eles fazem fazem-nos desejar a Deus. Em sua casa, respira-se o o ar puro do alto mar. O ar puro de Deus". (Pe. Caffarel). Vocês conseguem ver assim o lar de vocês?Por quê? 3) O que ainda nos falta para nos tornarmos uma comunidade de fé viva?