Texto Guia Aula 13

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Dr. MIGUEL RIET CORREA Jr. SETOR DE EDUCAÇÃO PERMANENTE HU FURG PROF. Dr. EDAIANE BARROS CONCEITO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA, ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE UM PS/SPA classificação de risco Urgência: do latim urgentia significa pressa, rapidez, brevidade, condições que podem progredir para problemas sérios ou necessidade imediata. Ocorrência imprevista de agravo à saúde sem risco de vida, cujo portador necessite de assistência imediata. São atendimentos que necessitam ser realizados em curto espaço de tempo, porém, sem colocar em risco, a vida do individuo. Emergência: do latim emergentia que significa “ocorrência perigosa, situação crítica com risco iminente de perda da vida”. Constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, atendimento imediato. São situações que impliquem risco imediato à vida. Serviço de Pronto Atendimento (SPA): unidade destinada a prestar, dentro do horário de funcionamento do estabelecimento de saúde, assistência a doentes com ou sem risco de vida, cujos agravos à saúde necessitam de atendimento imediato. Todo e qualquer mal-estar repentino, como uma dor de cabeça, uma febre ou uma crise de hipertensão, podem ser tratados em um Pronto Atendimento. Para tanto, nestes locais, o paciente não precisa agendar consulta com antecedência. Um paciente com sintomas de gripe, por exemplo, pode ser atendido, medicado e voltar para casa em poucas horas. Os Pronto-Atendimentos são aptos a tratar pacientes com mal-estar temporário e situações de baixa e média complexidade. Além das consultas propriamente ditas, estas unidades também realizam procedimentos como exames simples, suturas, curativos, injeção e inalação. Também há uma diferenciação na composição das equipes médicas destas unidades. Nos pronto atendimentos, o paciente sempre tem à disposição um médico plantonista, mas não há obrigatoriedade em se manter uma equipe de profissionais em diversas especialidades. Pronto-socorro (PS): estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência a doentes, com ou sem risco de vida, cujos agravos à saúde necessitem de atendimento imediato. Funciona 24 horas e dispõe apenas de leitos de observação. Pronto-socorro deve ser dotado de condições técnicas e humanas suficientes para atender, ininterruptamente, casos graves, com risco potencial ou iminente de vida, contando com suporte avançado de apoio para casos complexos que necessitem de atenção multidisciplinar continuada. exige equipe, em regime de plantão no local, composta, no mínimo, por especialistas em anestesiologia, clínica médica, pediatria, cirurgia geral e ortopedia. Com a crescente demanda e procura dos serviços de urgência e emergência, observou-se um enorme fluxo de “circulação desordenada” dos usuários nas portas do Pronto-Socorro, tornando-se necessária a reorganização do processo de trabalho deste serviço de saúde de forma a atender os diferentes graus de especificidade e resolutividade na assistência realizada aos agravos agudos de forma que a assistência prestada fosse de acordo com diferentes graus de necessidades ou sofrimento e não mais impessoal e por ordem de chegada. A área de Urgência e Emergência consiste em um importante componente da assistência à saúde e tem se transformado numa das mais problemáticas do Sistema de Saúde. A procura por atendimento nos Serviços de Emergência e consequentemente a demanda vem aumentando cada vez mais. Dentre os fatores que geram essa sobrecarga, pode-se citar o crescimento desordenado da população, o aumento na incidência de crimes e violência, o aumento significativo de acidentes, doenças cardiovasculares e até a busca de atendimento para problemas simples. Para que o atendimento possa ser efetivo e resolutivo a enfermeira necessita examinar e diagnosticar os problemas dos pacientes. A partir da avaliação das necessidades do paciente é que o enfermeiro poderá planejar a assistência a ser implementada. Quando o indivíduo chega ao serviço de saúde, ele (todos) passa por um processo de triagem que consiste em avaliar, de maneira breve e imediata, as condições de saúde das pessoas que buscam o serviço para poder estabelecer prioridades de acordo com a gravidade.

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CURSO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL - Texto Guia Aula 13

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Dr. MIGUEL RIET CORREA Jr.

SETOR DE EDUCAÇÃO PERMANENTE HU FURG PROF. Dr. EDAIANE BARROS

CONCEITO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA, ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE UM PS/SPA – classificação de risco

Urgência: do latim urgentia significa pressa, rapidez, brevidade, condições que podem progredir para problemas sérios ou necessidade imediata. Ocorrência imprevista de agravo à saúde sem risco de vida, cujo portador necessite de assistência imediata. São atendimentos que necessitam ser realizados em curto espaço de tempo, porém, sem colocar em risco, a vida do individuo. Emergência: do latim emergentia que significa “ocorrência perigosa, situação crítica com risco iminente de perda da vida”. Constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, atendimento imediato. São situações que impliquem risco imediato à vida. Serviço de Pronto Atendimento (SPA): unidade destinada a prestar, dentro do horário de funcionamento do estabelecimento de saúde, assistência a doentes com ou sem risco de vida, cujos agravos à saúde necessitam de atendimento imediato. Todo e qualquer mal-estar repentino, como uma dor de cabeça, uma febre ou uma crise de hipertensão, podem ser tratados em um Pronto Atendimento. Para tanto, nestes locais, o paciente não precisa agendar consulta com antecedência. Um paciente com sintomas de gripe, por exemplo, pode ser atendido, medicado e voltar para casa em poucas horas. Os Pronto-Atendimentos são aptos a tratar pacientes com mal-estar temporário e situações de baixa e média complexidade. Além das consultas propriamente ditas, estas unidades também realizam procedimentos como exames simples, suturas, curativos, injeção e inalação. Também há uma diferenciação na composição das equipes médicas destas unidades. Nos pronto atendimentos, o paciente sempre tem à disposição um médico plantonista, mas não há obrigatoriedade em se manter uma equipe de profissionais em diversas especialidades. Pronto-socorro (PS): estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência a doentes, com ou sem risco de vida, cujos agravos à saúde necessitem de atendimento imediato. Funciona 24 horas e dispõe apenas de leitos de observação. Pronto-socorro deve ser dotado de condições técnicas e humanas suficientes para atender, ininterruptamente, casos graves, com risco potencial ou iminente de vida, contando com suporte avançado de apoio para casos complexos que necessitem de atenção multidisciplinar continuada. exige equipe, em regime de plantão no local, composta, no mínimo, por especialistas em anestesiologia, clínica médica, pediatria, cirurgia geral e ortopedia. Com a crescente demanda e procura dos serviços de urgência e emergência, observou-se um enorme fluxo de “circulação desordenada” dos usuários nas portas do Pronto-Socorro, tornando-se necessária a reorganização do processo de trabalho deste serviço de saúde de forma a atender os diferentes graus de especificidade e resolutividade na assistência realizada aos agravos agudos de forma que a assistência prestada fosse de acordo com diferentes graus de necessidades ou sofrimento e não mais impessoal e por ordem de chegada. A área de Urgência e Emergência consiste em um importante componente da assistência à saúde e tem se transformado numa das mais problemáticas do Sistema de Saúde. A procura por atendimento nos Serviços de Emergência e consequentemente a demanda vem aumentando cada vez mais. Dentre os fatores que geram essa sobrecarga, pode-se citar o crescimento desordenado da população, o aumento na incidência de crimes e violência, o aumento significativo de acidentes, doenças cardiovasculares e até a busca de atendimento para problemas simples. Para que o atendimento possa ser efetivo e resolutivo a enfermeira necessita examinar e diagnosticar os problemas dos pacientes. A partir da avaliação das necessidades do paciente é que o enfermeiro poderá planejar a assistência a ser implementada. Quando o indivíduo chega ao serviço de saúde, ele (todos) passa por um processo de triagem que consiste em avaliar, de maneira breve e imediata, as condições de saúde das pessoas que buscam o serviço para poder estabelecer prioridades de acordo com a gravidade.

A triagem é considerada como um dos princípios do cuidado de emergência. A palavra triagem origina-se do francês trier, e quer dizer selecionar. A classificação de risco diferencia-se do tradicional conceito de triagem e suas práticas de exclusão, uma vez que todos os clientes serão atendidos. A sala de triagem classificatória de risco é uma área física obrigatória nas unidades de saúde. No momento da triagem é quando se realiza o acolhimento ao paciente. Em determinados atendimentos, quando possível, então a enfermeira obtém a história do paciente, faz o exame físico, aconselha e realiza a educação em saúde com vistas a promoção, prevenção e recuperação da saúde. Um dos métodos de triagem utilizados é o Sistema de Triagem de Prioridades de Manchester, implementado no ano de 1997 em Manchester, Inglaterra. Esse sistema utiliza um protocolo clínico que permite classificar a gravidade da situação de cada doente que recorre ao Serviço de Urgência. Esse método consiste em promover um atendimento de acordo com o critério clínico. Através desse método é definido qual o tempo alvo recomendado até o atendimento médico. O Protocolo utilizado conta com 54 fluxos (possibilidades) abrangendo as possíveis situações previsíveis. Cada fluxo segue com um discriminador que direcionará o funcionário a cor de identificação correspondente a queixa do cliente. São ao todo 5 cores: vermelho, laranja, amarelo, verde e azul. Cada uma representa um grau de gravidade e o tempo ideal em que o doente deverá ser atendido. O fato de haver indivíduos que “passam na frente” pode gerar questionamentos por aqueles que sentem-se prejudicados, no entanto isso pode ser minimizado com divulgação ampla aos usuários na sala de espera do processo utilizado. Como se faz a Triagem de Prioridades Após efetuar a sua inscrição na Admissão de Utentes (recepção) será encaminhado para uma sala de triagem, onde será atendido por uma Enfermeira que lhe fará algumas perguntas sobre o motivo da sua vinda e após uma observação rápida, mas objetiva lhe atribuirá uma "cor". Essa classificação de risco é feita baseada nos seguintes dados:

Situação/Queixa/ Duração (QPD) Breve histórico (relatado pelo próprio paciente, familiar ou testemunhas) Uso de medicações Verificação de sinais vitais Exame físico sumário buscando sinais objetivos Verificação da glicemia, eletrocardiograma se necessário

Se for considerado emergente (vermelho) entrará de imediato e imediatamente será submetido ao tratamento médico, ou seja, este paciente terá um tempo de espera por atendimento de 0 minuto. Se for considerado muito urgente (laranja) ou urgente (amarelo) entrará para uma sala de espera interna onde o enfermeiro e médico irão avaliar e iniciar o tratamento, no momento. O cliente classificado como laranja é considerado muito urgente e tem um tempo de espera por atendimento de no máximo 10 minutos. O cliente classificado como amarelo é considerado urgente e tem um tempo de espera de no máximo 60 minutos. Se for considerado pouco urgente (verde) ou não urgente (azul) aguardará na sala de espera a sua vez, que será quando não houver doentes mais graves para serem tratados. O cliente classificado como verde tem um tempo de espera de no máximo 120 minutos e o cliente classificado como azul tem um tempo de espera de no máximo 240 minutos. Um Exemplo de Protocolo para Classificação de Risco: (Protocolo, 2001) Vermelhos: pacientes que deverão ser encaminhados diretamente devido à necessidade de atendimento imediato: Situação/Queixa

Politraumatizado grave – Lesão grave de um ou mais órgãos e sistemas; ECG < 12. Queimaduras com mais de 25% de área de superfície corporal queimada ou com

problemas respiratórios. Trauma Cranioencefálico grave – ECG <12. Estado mental alterado ou em coma ECG <12; história de uso de drogas. Comprometimentos da coluna vertebral. Desconforto respiratório grave. Dor no peito associada à falta de ar e cianose (dor em aperto, facada, agulhada com

irradiação para um ou ambos os membros superiores, ombro, região cervical e mandíbula, de início súbito, de forte intensidade acompanhada de sudorese, náuseas e vômitos ou queimação epigástrica, acompanhada de perda de consciência, com história

anterior de IAM, angina, embolia pulmonar, aneurisma ou diabetes; qualquer dor torácica com duração superior a 30 minutos, sem melhora com repouso).

Perfurações no peito, abdome e cabeça. Crises convulsivas (inclusive pós-crise). Intoxicações exógenas ou tentativas de suicídio com Glasgow abaixo de 12. Anafilaxia ou reações alérgicas associadas à insuficiência respiratória. Tentativas de suicídio. Complicações de diabetes (hipo ou hiperglicemia). Parada cardiorrespiratória. Hemorragias não controláveis. Infecções graves – febre, exantema petequial ou púrpura, alteração do nível de

consciência. Acidentes com veículos motorizados acima de 35 Km/h. Forças de desaceleração tais como quedas ou em explosões. Perda de consciência, mesmo que momentânea, após acidente. Negação violenta das óbvias injúrias graves com pensamentos de fugas e alterações de

discurso e, ocasionalmente, com respostas inapropriadas. Fraturas da 1. ª e 2. ª costela. Fraturas 9. ª, 10.ª, 11.a costela ou mais de três costelas. Possível aspiração. Possível contusão pulmonar. Óbitos no local da ocorrência.

Amarelos: Pacientes que necessitam de atendimento médico e de enfermagem o mais rápido possível, porém não correm riscos imediatos de vida Situação/Queixa:

Politraumatizado com Glasgow entre 13 e 15; sem alterações de sinais vitais. Cefaléia intensa de início súbito ou rapidamente progressiva, acompanhada de sinais ou

sintomas neurológicos, parestesias, alterações do campo visual, dislalia, afasia. Trauma cranioencefálico leve (ECG entre 13 e 15). Diminuição do nível de consciência. Alteração aguda de comportamento – agitação, letargia ou confusão mental. História de Convulsão – convulsão nas últimas 24 horas. Dor torácica intensa. Antecedentes com problemas respiratórios, cardiovasculares e metabólicos (diabetes). Crise asmática. Diabético apresentando sudorese, alteração do estado mental, visão turva, febre,

vômitos, taquipnéia, taquicardia. Desmaios. Estados de pânico, overdose. História recente de melena ou hematêmese ou enterorragia Epistaxe com alteração de sinais vitais. Dor abdominal intensa com náuseas e vômitos, sudorese, com alteração de sinais vitais

(taquicardia ou bradicardia, hipertensão ou hipotensão, febre). Sangramento vaginal com dor abdominal e alteração de sinais vitais; gravidez confirmada

ou suspeita. Náuseas/Vômitos e diarreia persistente com sinais de desidratação grave – letargia,

mucosas ressecadas, turgor pastoso, alteração de sinais vitais. Febre alta ( 39/40º C). Fraturas anguladas e luxações com comprometimento neurovascular ou dor intensa. Intoxicação exógena sem alteração de sinais vitais, Glasgow de 15. Vítimas de abuso sexual. Imunodeprimidos com febre

Verdes: Pacientes em condições agudas (urgência relativa) ou não agudas atendidos com prioridade sobre consultas simples – espera até 30 minutos.

Idade superior a 60 anos. Pacientes escoltados. Pacientes doadores de sangue.

Deficientes físicos. Retornos com período inferior a 24 horas devido a não melhora do quadro. Impossibilidade de deambulação. Asma fora de crise. Enxaqueca – pacientes com diagnóstico anterior de enxaqueca. Dor de ouvido moderada à grave. Dor abdominal sem alteração de sinais vitais. Sangramento vaginal sem dor abdominal ou com dor abdominal leve. Vômitos e diarréia sem sinais de desidratação. História de convulsão sem alteração de consciência. Lombalgia intensa. Abcessos. Distúrbios neurovegetativos. Intercorrências ortopédicas.

Azuis: Demais condições não enquadradas nas situações/queixas acima.

Queixas crônicas sem alterações agudas. Procedimentos como: curativos, trocas ou requisições de receitas médicas, avaliação de

resultados de exames, solicitações de atestados médicos Após a consulta médica e a medicação o paciente é liberado.

Quando alguém procura um serviço de atendimento em um Pronto Atendimento ou Pronto Socorro, para casos que não se enquadram em urgência ou emergência, pode retardar o atendimento de alguém, que realmente precise de assistência imediata. A orientação é que, para consultas de rotina, o cliente procure as UBS. Referências

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde /Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

SHIROMA, LMB; PIRES DEP. Classificação de risco em emergência – um desafio para as/os enfermeiras/os. Rev Enfermagem em Foco, v.2, n.1, p.14-17, 2011.

SMELTZER, S. C.; BARE, B .G.; BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-cirurgica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara –Koogan, 2009.

SOARES, M.A.M. Enfermagem: cuidados básicos ao individuo hospitalizado. Porto Alegre: Artmed, 2010.

Bom estudo queridos colegas!!! Prof Edaiane

Acad Enf Cristiane Amarijo, Taís Ebling