Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

8
7/24/2019 Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano http://slidepdf.com/reader/full/textos-complementares-de-ajuda-a-unidade-1-filosofia-10o-ano 1/8 A experiência de Asch. Muito do que sabemos sabemo-lo a partir dos outros. O principal veículo transmissor desta interdependência cognitiva é, evidentemente, a linguagem humana, que nos permite partilhar as nossas descobertas e transmiti-las à gera!o seguinte. "omo resultado, olhamos o mundo n!o apenas através dos nossos pr#prios olhos mas também através dos olhos dos outros. Até certo ponto, todos admitimos que isto é assim$ por exemplo, estamos bem cientes de que as nossas ideias acerca de muitas terras e culturas estrangeiras se baseiam no que ouvimos ou lemos. Mas os aspectos partilhados do conhecimento humano v!o mais %undo, pois a nossa pr#pria no!o da realidade %ísica é, pelo menos em parte, uma quest!o de acordo m&tuo. 'ste aspecto acha-se apresentado, de modo impressionante, num estudo cl(ssico levado a cabo por )olomon Asch *Asch, +/. 0a experiência de Asch, levam-se nove ou de1 indivíduos para uma sala de laborat#rio onde se lhes mostram pares de cart2es colocados à sua %rente a uma certa dist3ncia. 0um dos cart2es est( desenhada uma linha preta com uns 45 cms de comprimento. 0o outro, est!o três linhas de comprimentos vari(veis, que podem ter, por exemplo, +, 45 e +6 cm. 7ede-se aos indivíduos que %aam um 8uí1o perceptivo simples. 9êm de indicar qual das três linhas do segundo cart!o é igual em comprimento à linha recta do primeiro. 'm seguida, o experimentador di1 aos indivíduos que este procedimento constitui apenas um pequeno ensaio a outro estudo e, casualmente, pede-lhes, com o ob8ectivo de poupar tempo, que digam os seus 8uí1os em vo1 alta, à medida que os %or chamando *as três primeiras linhas de compara!o s!o designadas pelos n&meros +, 4 e :, inscritos debaixo de cada uma/. 'ste procedimento continua, por mais ou menos uma d&1ia de pares de cart2es. "onsiderando as di%erenas de tamanho entre os estímulos, a tare%a é incrivelmente simples, excepto num pormenor; existe apenas um indivíduo <autêntico=. 9odos os outros s!o aliados secretos do experimentador. 'les sentaram-se segundo uma ordem tal que permitia à maior parte deles ser chamado para pro%erir o seu 8uí1o, antes de chegar a ve1 do indivíduo autêntico >a cobaia da experiência?. Ap#s as primeiras séries de respostas, eles passam, unanimemente, a emitir %alsos 8uí1os em quase todas as séries seguintes. 7odiam, por exemplo, declarar que um segmento de + cm era igual a um de 45 cm, e assim por diante, em mais de uma d&1ia de ensaios. "omo responde o indivíduo <autêntico= a esta situa!o@ Asch descobriu que a percentagem de indivíduos que se mantinham completamente independentes e seguros dos seus 8uí1os, em todas as séries em que o grupo discordava deles, era in%erior a 4 por cento. A maior parte deles aderiu ao grupo, pelo menos em algumas ocasi2es, a despeito da nítida evidência dos seus sentidos >B?. C. Dleitman, 7sicologia, Eunda. "alouste DulbenFian, Gx., +6, pp. H-HI

Transcript of Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

Page 1: Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

7/24/2019 Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

http://slidepdf.com/reader/full/textos-complementares-de-ajuda-a-unidade-1-filosofia-10o-ano 1/8

A experiência de Asch.

Muito do que sabemos sabemo-lo a partir dos outros. O principalveículo transmissor desta interdependência cognitiva é, evidentemente, alinguagem humana, que nos permite partilhar as nossas descobertas e

transmiti-las à gera!o seguinte. "omo resultado, olhamos o mundo n!oapenas através dos nossos pr#prios olhos mas também através dos olhosdos outros. Até certo ponto, todos admitimos que isto é assim$ porexemplo, estamos bem cientes de que as nossas ideias acerca de muitasterras e culturas estrangeiras se baseiam no que ouvimos ou lemos. Masos aspectos partilhados do conhecimento humano v!o mais %undo, pois anossa pr#pria no!o da realidade %ísica é, pelo menos em parte, umaquest!o de acordo m&tuo. 'ste aspecto acha-se apresentado, de modoimpressionante, num estudo cl(ssico levado a cabo por )olomon Asch

*Asch, +/.0a experiência de Asch, levam-se nove ou de1 indivíduos para umasala de laborat#rio onde se lhes mostram pares de cart2es colocados àsua %rente a uma certa dist3ncia. 0um dos cart2es est( desenhada umalinha preta com uns 45 cms de comprimento. 0o outro, est!o três linhasde comprimentos vari(veis, que podem ter, por exemplo, +, 45 e +6 cm.7ede-se aos indivíduos que %aam um 8uí1o perceptivo simples. 9êm deindicar qual das três linhas do segundo cart!o é igual em comprimento àlinha recta do primeiro. 'm seguida, o experimentador di1 aos indivíduosque este procedimento constitui apenas um pequeno ensaio a outroestudo e, casualmente, pede-lhes, com o ob8ectivo de poupar tempo, quedigam os seus 8uí1os em vo1 alta, à medida que os %or chamando *as trêsprimeiras linhas de compara!o s!o designadas pelos n&meros +, 4 e :,inscritos debaixo de cada uma/. 'ste procedimento continua, por mais oumenos uma d&1ia de pares de cart2es. "onsiderando as di%erenas detamanho entre os estímulos, a tare%a é incrivelmente simples, exceptonum pormenor; existe apenas um indivíduo <autêntico=. 9odos os outross!o aliados secretos do experimentador. 'les sentaram-se segundo umaordem tal que permitia à maior parte deles ser chamado para pro%erir o

seu 8uí1o, antes de chegar a ve1 do indivíduo autêntico >a cobaia daexperiência?. Ap#s as primeiras séries de respostas, eles passam,unanimemente, a emitir %alsos 8uí1os em quase todas as séries seguintes.7odiam, por exemplo, declarar que um segmento de + cm era igual a umde 45 cm, e assim por diante, em mais de uma d&1ia de ensaios. "omoresponde o indivíduo <autêntico= a esta situa!o@

Asch descobriu que a percentagem de indivíduos que se mantinhamcompletamente independentes e seguros dos seus 8uí1os, em todas asséries em que o grupo discordava deles, era in%erior a 4 por cento. A

maior parte deles aderiu ao grupo, pelo menos em algumas ocasi2es, adespeito da nítida evidência dos seus sentidos >B?.

C. Dleitman, 7sicologia, Eunda. "alouste DulbenFian, Gx.,+6, pp. H-HI

Page 2: Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

7/24/2019 Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

http://slidepdf.com/reader/full/textos-complementares-de-ajuda-a-unidade-1-filosofia-10o-ano 2/8

Page 3: Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

7/24/2019 Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

http://slidepdf.com/reader/full/textos-complementares-de-ajuda-a-unidade-1-filosofia-10o-ano 3/8

Philosophos e philotheamos  JlosoJa e curiosidade;

- 7orventura n!o diremos também do Jl#so%o que est( dese8oso dasabedoria >sophia?, n!o de uma parte sim e de outra n!o, mas datotalidade@

- K verdade.- Ora daquele que tem avers!o às ciências >mathêmata?, sobretudo sendo 8ovem, e ainda sem discernimento para saber o que é bom e o que n!o é,n!o diremos que gosta da ciência >philomathês? nem da JlosoJa>philosophos?$ tal como daquele que tem avers!o à comida, n!o diremosque tem %ome, nem que est( dese8oso de alimento, nem que é comil!o>philositon?, mas que est( sem apetiteL- ' diremos bem.- Mas àquele que dese8a prontamente provar de todas as ciências e se

atira ao estudo com pra1er e sem se saciar, a esse chamaremos com 8ustia Jl#so%o, ou n!o@' Dl(ucon respondeu; - 'nt!o vais ter muitos Jl#so%os desses, e bemestranhos. ealmente, parece-me que todos os amadores de espect(culos>philotheamones?, uma ve1 que têm pra1er em aprender, s!o dessen&mero$ e h( os amadores de audi2es >philêFooi?, que s!o os maisdi%íceis de agrupar entre os Jl#so%os, que n!o quereriam, de boa vontade,vir ouvir uma discuss!o e uma conversa como esta, mas que andam portoda a parte, como se tivessem alugado os ouvidos para escutar todos oscoros nas Nionísias, sem deixar de ir, quer às rbanas, quer às urais+. Atodos estes, portanto, e a outros que se dedicam a aprender tais coisas eartes de pouca monta >technudrioi?, havemos de chamar-lhes Jl#so%os@- Ne modo algum respondi eu , mas aparências de Jl#so%os >homoiousphilosophois?.- ' a quais é que chamas verdadeiros >alêthinois?@- Aos amadores do espect(culo da verdade >alêtheías philotheamonas? respondi eu.- 'st( certo. Mas que entendes por isso@- 0!o é nada %(cil com outra pessoa. Mas tu, 8ulgo que concordar(s comigo

no seguinte. -'m quê@- ma ve1 que o belo >Falon? é o contr(rio do %eio >aischron?, s!o dois.- "omo n!o@- 7or conseguinte, uma ve1 que s!o dois, também cada um deles é um.- 9ambém.- ' dir-se-( o mesmo do 8usto e do in8usto, do bom e do mau e de todas asideias >eidoi?; cada uma, de per si, é uma, mas devido ao %acto de

1 As principais festas áticas em honra de Dioniso, as Dionísias Urbanas, eram celebradas anualmente em Atenas,no mês de Março. Nelas participavam inmeros coros! três de tra"#dia, cinco de com#dia e vinte de ditirambo

$se aceitarmos a nova interpretaç%o dos dados epi"ráficos, e&posta por 'ohn (ould e D. M. )e*is na se"undaediç%o de A. +icard-ambrid"e, The Dramatic Festivals of Athens, /&ford, 102, p. 345. 6m outras localidadesda 7tica, reali8avam-se as Dionísias 9urais, tamb#m anualmente, mas em De8embro. 6mbora mais anti"as $ecom carácter mais primitivo5 do :ue as outras, eram menos importantes.

Page 4: Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

7/24/2019 Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

http://slidepdf.com/reader/full/textos-complementares-de-ajuda-a-unidade-1-filosofia-10o-ano 4/8

aparecerem em combina!o >FoinPnia? com ac2es, corpos >sPmatos?, eumas com as outras, cada uma delas se mani%esta em toda a parte eaparenta ser m&ltipla >polla?.-Ni1es bem- K nesse ponto que eu estabeleo a distin!o; para um lado os que ainda

agora re%eriste amadores de espect(culos, amigos das artes e homensde ac!o >philotheamonas te FaQ philotechnous FaQ praFtiFous? e paraoutro aqueles de quem estamos a tratar, os &nicos que com ra1!o podemchamar-se Jl#so%os.- Rue queres di1er@- Os amadores de audi2es e de espect(culos encantam-se com as belasvo1es, cores e %ormas >schêmata? e todas as obras %eitas com taiselementos, embora o seu espírito se8a incapa1 de discernir e de amar anature1a >phusis? do belo em si >auton to Falon?.- K assim, realmente.- Mas aqueles que s!o capa1es de subir até ao belo em si >auto to Falon? ede o contemplar na sua essência >horan FathS auto?, acaso n!o ser!omuito raros@- Mesmo muito.- Ora quem acreditar que h( coisas belas >Fala pragmata?, mas n!oacreditar que existe a bele1a em si >auto Fallos? nem %or capa1 de seguiralguém que o condu1isse no caminho do seu conhecimento, parece-te quevive em sonho ou na realidade@ epara bem. 7or ventura sonhar>oneirPttein? n!o é quando uma pessoa, quer durante o sono, quer

desperta, 8ulgar que um ob8ecto semelhante a outro n!o é umasemelhana, mas o pr#prio ob8ecto com que se parece@- 'u, por mim, chamaria sem d&vida sonhar a uma coisa dessas.- Ora poisL Aquele que, ao contr(rio deste, entende que existe o belo em sie é capa1 de o contemplar, na sua essência e nas coisas em que temparticipa!o, e sabe que as coisas n!o se identiJcam com ele, nem elecom as coisas - uma pessoa assim parece-te viver em sonho ou narealidade >hupar?@- "laro que na realidade.

7lat!o, ep&blica, trad. de MT C. da ocha 7ereira, ed. Eund."al. DulbenFian, Gx., +:, U, H6c-H6d6

Os di%erentes géneros de vida como di%erentes philiai, segundo 7lat!o;

>)#c.? >...? Ruantos, por morte dos seus %avoritos, das suas mulheres ouJlhos n!o mais que humanas a%ei2es se dispuseramespontaneamente a procur(-los no Cades, movidos por esta esperana; ade avistar ali os seus entes queridos e reunir-se-lhesL ', na mesma ordem

de ideias, alguém que ame deveras a sabedoria >phronêsis? e sinta em sienrai1ada essa esperana de que s# no Cades, e em mais parte nenhuma,a poder( achar de modo que valha a pena re%erir-se, porventura se aVigir(com a morte e so%rer( de mau grado a sua partida@ 7elo menos, meu caro

Page 5: Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

7/24/2019 Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

http://slidepdf.com/reader/full/textos-complementares-de-ajuda-a-unidade-1-filosofia-10o-ano 5/8

amigo, assim devem pensar os Jl#so%os que o s!o de %acto, pois é nelesque em especial se Jrma esta convic!o de que em mais parte alguma, an!o ser ali, lhes ser( dado alcanar a autêntica sabedoria >phronêsis?. ',se isto é exacto, nada mais absurdo, portanto, como di1ia h( pouco, doque um homem dessa têmpera recear a morte...

>)ímias? Necerto, por WeusL conJrmou. - )eria absurdo. Aí tens, pois, um bom indício; homem que ve8as lamentar-se naiminência da morte é porque n!o era, em Jm de contas, um Jl#so%o>philosophos? >, ou se8a, um amante da sabedoria,? mas sim um amante doseu corpo >philosPmatos? ainda que isso nele %osse concretamente oamor das rique1as >philochrêmatos? ou o amor da gl#ria >philotimos?, ouambas as coisas con8untamente. )em d&vida, é tal como di1es. Ora bem, )ímias prosseguiu , e essa virtude que d( pelo nome decoragem >andreía?, n!o se a8usta ela particularmente aos que secomportam como Jl#so%os@ "laro que sim.

7lat!o, Eédon, trad. de MT 9. )hiapppa de A1evedo, Gisboa 'd.,Gx., +I, Ia:-c6

"oment(rio ao texto de 7lat!o - Eédon;

A ideia original desta passagem do Eédon é acentuar um parentesco entretrês tipos de homem; o philosômatos, o philotimos, e o philochrêmatos;um philosômatos pode ser philochrêmatos ou philotimos, ou os dois aomesmo tempo. 7or outras palavras, aqui a oposi!o essencial é entre o philosômatos e o philosophos, sendo a men!o aos dois >outros? tiposacess#ria. >...?

>...? O género de vida do philosômatos, uma cria!o de 7lat!o,engloba em si mesmo todos o géneros de vida di%erentes do do philosophos$ é o ant#nimo completo do Jl#so%o$ designa aquele que emve1 de se puriJcar, de tender >encaminhar-se? para as Xdeias, mantém-seJxado à matéria, ao corpo e às paix2es; avana em sentido oposto ao que

recomenda e exige a meta%ísica do Eédon.0ote-se um segundo ponto; os ambiciosos s!o aqui designados pelos

dois termos <philarchoi te Fai philotimoi=4$ estas palavras 8untas exprimemque a gl#ria é de nature1a política, concep!o que era a da par(bola dapanegíria:.

. YolZ, Ge 9h[me 7hilosophique des Denres de Uie danslSAntiquité "lassique, pub. da Académie oZale de\elgique Mémoires, \ruxelles, +, pp. 6:-6H

; Nota do trad.! dese<osos do poder =político> e das honras?"l@ria. +lat%o usa esta e&press%o,no se"uimento do diálo"o, em 2;c3.

9eferência ao te&to 3.

Page 6: Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

7/24/2019 Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

http://slidepdf.com/reader/full/textos-complementares-de-ajuda-a-unidade-1-filosofia-10o-ano 6/8

ma lenda sobre 9ales de Mileto segundo 7lat!o;

)#c. - 9al como, quando 9ales observava os astros, 9eodoro, e olhava paracima, caiu num poo. "onta-se que uma bela e graciosa serva tr(cia disseuma piada a prop#sito, visto, na 3nsia de conhecer as coisas do céu,

deixar escapar o que tinha à %rente, debaixo dos pés. 'sta graa servepara todos os que se dedicam à JlosoJa. 7ois, a uma pessoa assim, o quelhe est( pr#ximo, o seu vi1inho, é um desconhecido$ n!o s# o que %a1,como se é mesmo um homem ou qualquer outra criatura. Mas o que é ohomem e o que deve %a1er ou so%rer uma nature1a desse género, di%erentedas outras, é isso que investiga e se preocupa em explorar. )uponho quecompreendes, 9eodoro, n!o@

7lat!o, 9eeteto, *trad. de A. M. 0ogueira e M. \oeri/,

Eund. "alouste DulbenFian, Gx., 455, +6HaH-b

"oment(rio ao texto de 7lat!o - 9eeteto;

>...? <O que é uma coisa@H= >]as ist ein Ning?, isto é uma pergunta com aqual nada se pode comear$ em rigor, nada mais h( a di1er sobre >^ber? apergunta."omo a pergunta é, na verdade, bastante antiga, t!o antiga quanto ocomeo da JlosoJa ocidental, pelos gregos no século UXX A."., ser( bomcaracteri1ar brevemente a pergunta pelo seu lado hist#rico. A prop#sitodesta pergunta chegou até n#s uma pequena hist#ria. 7lat!o conservou-

no-la no seu di(logo 9eeteto *+6Ha e ss./;>...?<Assim, di1-se de 9ales, que caiu num poo, quando se ocupava com

a ab#bada celeste e olhava para cima. Nele riu-se uma espirituosa e belacriada tr(cia, que disse que ele queria com toda a 3nsia >allerGeidenscha%t? tornar-se conhecedor das coisas do céu, quando, porém, lhepermanece oculto o que est( à %rente do nari1 e dos pés.=

7lat!o acrescenta à narrativa a seguinte %rase;>...?<A mesma troa serve a todos aqueles que se metem na JlosoJa.= 9emos, segundo isto, de determinar a pergunta <O que é uma

coisa@=, como uma >pergunta? a prop#sito da qual as criadas se riem. ' oque %a1 rir uma genuína criada, tem mesmo de ter algo para rir.

)em nos apercebermos, alcan(mos uma indica!o sobre o que épr#prio da JlosoJa que coloca aquela pergunta. A JlosoJa é aquelepensamento >NenFen?, com o qual, devido à sua essência, nada se podecomear >nichts an%angen Fann? e a prop#sito do qual as criadasnecessariamente se riem.

'sta determina!o conceptual da JlosoJa n!o é mera brincadeira,

pelo contr(rio, deve-se medit(-la >sie ist 1um 0achdenFen?. Earemos bemquanto a isto, de nos lembrarmos oportunamente que, no nosso percurso,

B 6sta # a per"unta filos@fica :ue a obra, de :ue # retirado este e&certo, procura dirimir C per"unta cu<a resposta @bvia parece votar inutilidade.

Page 7: Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

7/24/2019 Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

http://slidepdf.com/reader/full/textos-complementares-de-ajuda-a-unidade-1-filosofia-10o-ano 7/8

talve1 caiamos num poo, sem chegar por muito tempo a um >qualquer?%undo.

M. Ceidegger, Nie Erage nach dem Ning >...?, DA H+, U. _lostermann,EEM, +IH, pp. 4-:

inven!o da palavra flosofa;

7it(goras %oi o primeiro a inventar a palavra JlosoJa >philosophia? ea chamar-se a si pr#prio Jl#so%o >philosophos?, em )ici!o, ao conversarcom Ge!o, tirano dos sicianos ou dos Vionteanos *como conta Ceraclidesdo 7onto no livro que escreveu sobre uma mulher morta/$ porque nenhumhomem é s(bio >sophos?, a n!o ser Neus. 7ois, antes chamava-se >a isso?sabedoria >sophia?, e s(bio >sophos? ao que a pro%essava, por ter uma

mente aguda e perspica1$ agora chama-se Jl#so%o >philosophos? ao queabraa a sabedoria >sophia?. >X, +4, +-6?

>...? )osícrates na sua >obra? )ucess2es >dos Eil#so%os? conta que>7it(goras?, ao ser questionado por Ge!o, tirano dos Vionteanos, sobre oque era, respondeu >que era? Jl#so%o >philosophos?. ' acrescenta que>7it(goras? comparava a vida >bion? a um %estival >panêguris?. <9al comoalguns v!o a um %estival lutar pelos prémios, outros para %a1er comércio>emporian?, os melhores >beltistoi? v!o como espectadores >theatai?$

também na vida, os de condi!o servil >andrapodPdês?=, di1 >7it(goras?,<nasceram caadores >thêratai? de gl#ria >doxa? e de rique1a >pleonexia?,mas os Jl#so%os nasceram caadores da verdade >alêtheia?. >UXXX, I, -+4?

Ni#genes Gaercio, Uitae 7hilosophorum

"oment(rio ao texto sobre a anedota de 7it(goras;

'xistem, segundo a anedota, três géneros de vida; um tem por Jm arique1a, outro a gl#ria, o terceiro a contempla!o. >...?

>...? numa compara!o, normalmente, h( analogia e n!o identidadeentre os dois termos. K de notar que até o resumo de )osícrates conservoua di%erena entre os dois tipos de contempla!o; n!o h( identidade entreos simples espectadores que se >podem? ver nas panegírias e os`caadores de verdade da vida real.

A ideia de reunir tryphế  a chrếmata é mais original do que sepoderia pensar. Yuntar num &nico género de vida a rique1a e o pra1erprende-se com o trabalho de esquemati1a!o que endoss(vamos >...? àJlosoJa. O Jl#so%o quer englobar em alguns géneros de vida todos osaspectos da actividade humana. 0os Gíricos recordemos o ap#logo dos

4 Nota do trad.! Eau& pan#"FriesG, nos festivais C o autor cria um neolo"ismo :ue retoma oori"inal "re"o panếgyris.

Page 8: Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

7/24/2019 Textos complementares de ajuda à Unidade 1 Filosofia - 10º ano

http://slidepdf.com/reader/full/textos-complementares-de-ajuda-a-unidade-1-filosofia-10o-ano 8/8

dois caminhos do pseudo-9e#gnis a rique1a n!o per%a1 um todo com opra1er. >...?

O segundo género de vida re&ne ac!o e gl#ria; aliana de ideiasque, graas às circunst3ncias hist#ricas, %ar( sucesso. >...?

Muito mais importante, é a constitui!o de um género de vida

pr#prio do Jl#so%o. C( neste texto a aJrma!o nítida de que >essa? é amelhor das vidas >possíveis?.. YolZ, Ge 9h[me 7hilosophique des Denres de Uie danslSAntiquité "lassique, pub. da Académie oZale de\elgique Mémoires, \ruxelles, +, pp. H5-H+