Textos contra favor_ao

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1 http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=40558 Vasco Graça Moura manda suspender Acordo Ortográfico no CCB 3 de Fevereiro, 2012 Recentemente empossado como presidente do Centro Cultural de Belém, Vasco Graça Moura tomou aquela que é, até agora a sua decisão mais polémica. De acordo com o jornal Público, foi emitida uma circular interna com instruções para a suspensão do Acordo Ortográfico (AO). O escritor, que desde a primeira hora se opôs ao AO, ordenou que os conversores – ferramentas informáticas que adaptam os textos para as novas regras – sejam desinstalados de todos os computadores da fundação. Em Setembro de 2011, o anterior conselho de administração adoptara o acordo em toda a documentação. Decisão, essa, que Graça Moura vem agora revogar e que não deixará de provocar controvérsia. A medida terá sido aprovada unanimemente pela nova administração do CCB, à qual foi distribuído um texto do presidente da instituição, no qual este argumenta que o AO «não está nem pode estar em vigor», pois Angola e Moçambique ainda não ratificaram o acordo e, segundo a ordem jurídica portuguesa, «a vigência de uma convenção internacional depende, antes de mais da entrada em vigor na ordem jurídica internacional. Opositor declarado do AO, num extenso documento Vasco Graça Moura justifica a sua decisão com a inconstitucionalidade da aplicação das novas regras. De acordo com o ex- eurodeputado do PSD, estas violam «os artigos da

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http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=40558

Vasco Graça Moura manda suspender Acordo Ortográfico no CCB

3 de Fevereiro, 2012

Recentemente empossado como presidente do Centro Cultural de Belém, Vasco Graça Moura tomou aquela que é, até agora a sua decisão mais polémica. De acordo com o jornal Público, foi emitida uma circular interna com instruções para a suspensão do Acordo Ortográfico (AO).

O escritor, que desde a primeira hora se opôs ao AO, ordenou que os conversores – ferramentas informáticas que adaptam os textos para as novas regras – sejam desinstalados de todos os computadores da fundação.

Em Setembro de 2011, o anterior conselho de administração adoptara o acordo em toda a documentação. Decisão, essa, que Graça Moura vem agora revogar e que não deixará de provocar controvérsia.

A medida terá sido aprovada unanimemente pela nova administração do CCB, à qual foi distribuído um texto do presidente da instituição, no qual este argumenta que o AO «não está nem pode estar em vigor», pois Angola e Moçambique ainda não ratificaram o acordo e, segundo a ordem jurídica portuguesa, «a vigência de uma convenção internacional depende, antes de mais da entrada em vigor na ordem jurídica internacional.

Opositor declarado do AO, num extenso documento Vasco Graça Moura justifica a sua decisão com a inconstitucionalidade da aplicação das novas regras. De acordo com o ex-eurodeputado do PSD, estas violam «os artigos da Constituição que protegem a língua portuguesa, não apenas como factor de identidade nacional mas como valor cultural em si mesmo».

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http://www1.ionline.pt/conteudo/23867-miguel-sousa-tavares-acordo-ortografico-e-acto-

colonial-do-brasil-portugal

Miguel Sousa Tavares: "Acordo ortográfico é acto colonial do Brasil sobre Portugal"Publicado em 20 de Setembro de 2009   

O Acordo Ortográfico é um acto colonial do Brasil sobre Portugal com regras que

não são recíprocas, afirmou à Lusa o escritor e jornalista português Miguel Sousa

Tavares, no Brasil para lançar seu "quase-romance" No Teu Deserto.

“O Brasil é o único país que recebeu a língua de fora e que impõe uma revisão da

língua ao país matriz, como se os Estados Unidos impusessem um acordo

ortográfico à Inglaterra”, afirmou Sousa Tavares, criticando o facto de não ter

havido uma consulta aos profissionais que trabalham com a língua, como os

escritores, jornalistas e professores.

“Ninguém foi ouvido, o acordo foi imposto tanto no Brasil como em Portugal”.

O escritor lembrou que um acordo exige reciprocidade, para afirmar em tom crítico

que a reforma da ortografia foi “cozinhada entre académicos que queriam se reunir

e viajar”.

“Não encontro escritores brasileiros que defendam o acordo”, aponta.

O escritor e jornalista disse que não pretende mudar a sua forma de escrever e

adverte que o Acordo Ortográfico vai “condensar e expurgar” muitos dos detalhes

da diversidade linguística.

Sousa Tavares duvida que os países africanos de língua portuguesa cumpram o

acordo.

“Vão começar a rejeitar o português se nós os obrigarmos a seguir estritamente

uma gramática que não lhes faz sentido nem ao ouvido, nem na escrita”.

“Acho um projecto idiota, e pode ser prejudicial em muitos países. Querem unificar

o português em todo o mundo falante de língua portuguesa. Não vai ser em

Portugal nem no Brasil porque temos 500 anos de trabalho e a nossa língua

efectiva, mas em Angola apenas 10 por cento fala bem português, o resto não fala”,

argumenta.

Miguel Sousa Tavares é também muito crítico sobre o conceito de lusofonia e a

actuação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Gastam imenso dinheiro aos contribuintes de Portugal e do Brasil e não é por aí

que a lusofonia vai funcionar. Nós nunca faremos uma ‘commonwealth’ nas

relações económicas. Na hora da verdade, o Brasil vai entrar em disputa com

Portugal”.

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Para Sousa Tavares, a única forma de construir laços na lusofonia é a aproximação

a partir de afinidades entre os povos, o que vai passar pela língua (…).

http://www.ciberduvidas.com/articles.php?rid=1612

D´Silvas Filho As pessoas que se opõem ao novo acordo insistem em argumentos novos, alguns sem grande justificação ou nos quais há nítida intolerância (…).

Defensor do novo acordo, isso não significa que o considere absolutamente perfeito. Penso que, quando se altera a língua, a mudança deve ser profunda (como a de 1911), para evitar novos ajustamentos a curto prazo (o que aconteceu logo em 1971 depois do acordo de 1945, mudança que obrigou na mesma à alteração das impressões). Nesta ideia, alinho com o ilustre linguista brasileiro Evanildo Bechara. Eu preferiria que tivesse ido avante o projecto de 1986, que era radical por exemplo nos acentos (acabava com as diferenças António/Antônio) e nas regras do hífen. Lembra-me que, depois de ter lido todo o longo preâmbulo desse projecto, só no fim reparei que estava escrito com a nova norma proposta, o que demonstra bem como é muitas vezes desnecessária a grande complicação da norma ortográfica que ainda nos rege.

A língua precisa de ser simplificada. Sem abandonar a sua matriz etimológica, para que se adapte às várias pronúncias, deve, no entanto, expurgar-se de elementos presentemente inúteis, só mantidos para conservar a história das palavras, defendida teimosamente pelos eruditos do grego e do latim (por exemplo, teimam que em baptistério se exige um p, porque a palavra vem do grego βαπ τιστήριον, pelo latim `baptisteriu-´…; mas há muito que a pronúncia da palavra eliminou o p, letra que, assim, só serve agora para complicar a escrita). Uma coisa é o respeito pelo passado, outra é o sacrifício do presente a um passado obsoleto.

As novas gerações da informática, porque sentem a língua inutilizável tal e qual é nos processos expeditos da comunicação actual, estão, por isso, a dar-lhe uma faceta de simplificação excessiva, o que também é mau.

O novo acordo simplifica alguma coisa, não o suficiente. Defendo-o porque traz a outra vantagem que há muito os especialistas de boa-fé de Portugal e Brasil perseguem: a unificação duma língua portuguesa no universo da lusofonia. Foi a unificação fraca possível, depois da rejeição do projecto de 1986. Repito que o Brasil considera a sua língua como sendo de Machado de Assis, mas que também a considera de Camões. Não está nos seus propósitos designá-la por brasileira. Só que essa emergência pode ser natural e inelutável, se o Brasil se vir obrigado avançar sem Portugal para o novo acordo, como já pode, com Cabo Verde e são Tomé, e, logo a seguir, com Angola, que parece estar receptiva à mudança.

Que fique bem claro que, no espírito com que estudo a língua, as pessoas que se opõem ao novo acordo e que lhe apontam defeitos me merecem o maior respeito. Não quero duvidar das suas boas intenções na defesa da língua, segundo os princípios em que acreditam. Algumas, porém, usam argumentos que podem iludir as pessoas mais mal informadas, e daí eu ter sentido necessidade de voltar ao assunto.

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http://www.filologia.org.br/pereira/textos/AOLP.pdf

O ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1995SEUS ANTECEDENTES, SEUS PONTOS POSITIVOSE NEGATIVOS, SUAS POSSÍVEIS CONSEQÜÊNCIAS

Afrânio da Silva Garcia (UERJ)

Este trabalho pretende fazer um estudo do Acordo Ortográfico de

l995 e seu impacto sobre a ortografia atual do português. Para tanto,

apresentaremos igualmente um levantamento de seus antecedentes

históricos, além de fazermos uma análise crítica dos pontos positivos e

negativos do Acordo.

Em primeiro lugar, devemos justificar a escolha do título, o Acordo

Ortográfico de l995. Embora o Acordo Ortográfico ainda não tenha sido

posto em vigor e várias versões do Acordo já tenham sido propostas, a

Acordo Ortográfico para a Lusofonia foi efetivamente assinado em abril de

l995 pelos sete países envolvidos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,

Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

A razão da escolha do assunto como tema deste artigo foi o fato de

consideramos o assunto extremamente atual e importante, visto que as

mudanças decorrentes do referido Acordo afetarão todos os países de

língua portuguesa, seus sistemas educacionais, suas indústrias editoriais e

seu setor cultural, aumentando em muito o intercâmbio cultural entre os

países pertencentes à comunidade lusófona e propiciando uma maior

difusão da produção cultural dos países de língua portuguesa no mercado

internacional.

Por outro lado, a unificação da ortografia dos países de língua

portuguesa proposta pelo Acordo será de grande importância para evitar a

fragmentação da língua portuguesa, uma vez que as modalidades lusitana e

brasileira da língua estão num processo de deriva diferenciado, o que

poderá levar, em última instância, à separação da língua portuguesa em

dois dialetos estanques (e isso sem levar em conta as possíveis

diferenciações entre as demais modalidades do português ultramarino).

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A unificação da ortografia faria com que tivéssemos uma norma culta

escrita única, dificultando, sobremaneira, esse processo de dispersão da

língua portuguesa

http://www.publico.ptAcordo Ortográfico: Editoras de ferramentas informáticas divididas sobre necessidade de novos programas

21.04.2008

"Estamos atentos ao tema, há alguns anos, mas não vamos precipitar-nos, pois o Acordo ainda nem foi ratificado", afirmou Carlos Amaral, um dos administradores da empresa “Priberam Informática”, que tem no mercado ferramentas como o “Flip”, corrector ortográfico e de sintaxe com dicionário de sinónimos e auxiliares de tradução. (…). O empresário destacou também o facto de em Portugal estar previsto um período de transição de seis anos, “enquanto no Brasil o período deverá ser de apenas dois anos" (…) Para Carlos Amaral "pode até fazer sentido criar dois correctores - um para o período de transição e outro para depois de o Acordo entrar em vigor - tanto para Portugal como para o Brasil". 

O administrador da “Priberam Informática” assinalou ainda que, "como o Acordo não vai estabelecer uma forma única, exclusiva, de escrever o português, os novos programas terão de permitir a personalização por parte do utilizador e a fidelização de termos, para que não surja, num texto, uma mesma palavra com grafias diferentes". Carlos Amaral descreveu os futuros programas, como “um produto informático flexível mas cuja base seja clara, de modo a não confundir o utilizador, pois este tipo de ferramentas serve para esclarecer dúvidas, não para as agravar”. Carlos Amaral revelou ainda que outra das possibilidades em estudo é a de "os novos programas permitirem que um texto em português actual possa ser convertido automaticamente para o português do acordo". 

Para a Porto Editora, o Acordo é “uma penumbra que vai cair sobre a língua portuguesa", Atenta ao Acordo Ortográfico está também a “Porto Editora”, que disponibiliza em CD-ROM a linha "PROfissional", onde se incluem o Dicionário da Língua Portuguesa, os Dicionários de Português-Inglês e Inglês-Português e os de Português-Francês e Francês-Português. "Estamos preparados para alterar as ferramentas à sombra do Acordo e digo à sombra e não à luz porque o Acordo é uma penumbra que vai cair sobre a língua portuguesa", afirmou Paulo Gonçalves, do gabinete de comunicação da Porto Editora. Assegurando que "a base de dados da editora está a postos" e que as hipóteses cobertas pelo Acordo "já estão previstas", o responsável adiantou que "a Porto Editora tem sempre uma equipa de 12 linguistas a trabalhar a tempo inteiro e em parceria com os programadores informáticos". 

A data de lançamento dos novos produtos ainda não se conhece, porém Paulo Gonçalves assegurou que se o Acordo avançar, em menos de seis meses terão as ferramentas no mercado.O responsável descreve esse processo de mudança como "tranquilo e gradual", salientando que "tudo vai depender da procura que se registar e isso só pode ser analisado no momento". "Quase todos consideram que o acordo é um disparate, embora também tenham consciência da sua inevitabilidade", revelou.

Para a editora Verbo o acordo "não é uma preocupação"

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(…)"Ainda nem se sabe se ele sempre entra em vigor e quando é que os professores vão ensinar a nova grafia aos alunos", assinalou. "A Editorial Verbo tem no mercado uma enciclopédia em CD-ROM e não tenciona mudá-la tão cedo", assegurou.