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A importância do limite Saber dizer “não” é, segundo os especialistas, um dos aspectos importantes e saudáveis da educação de crianças e adolescentes. Uma das maiores dificuldades na educação de uma criança consiste na tarefa de saber dosar amor e permissividade com limite e autoridade. Todos têm consciência da importância de impor limites, mas o fato de saber disso não é suficiente para fazer desta uma tarefa fácil. Os pais freqüentemente se deparam com muitas dúvidas: Estou agindo certo? Onde eu errei? Por que ele não me obedece? É importante analisar como a noção do proibido vai se constituindo ao longo do desenvolvimento infantil para compreender melhor o comportamento da criança. Ela, até o fim do primeiro ano de vida, obedece ao princípio primordial da vida humana: o princípio do prazer. Por isso procura apenas fazer o que lhe causa satisfação e tenta fugir do que é vivido como algo desprazeroso. Nesse estágio, ela age por impulso instintivo. Esse é o primeiro sistema de funcionamento mental, o mais primitivo e existente desde o nascimento do indivíduo, que é denominado pela psicologia de id. O id é essencialmente impulsivo – age primeiro e pensa depois. É imperioso, intolerante, egoísta e amoral; é agressivo, sexual, destrutivo, ciumento, enfim, é tudo que existe de selvagem em nossa natureza. Assim, a criança quer fazer tudo o que lhe vem à mente: deseja o que vê, imita o que fazem ao seu redor e tem permanentemente insaciável e ativa a sua curiosidade que, freqüentemente, aborrece, preocupa e constrange as pessoas. Ao mesmo tempo, essa impulsividade é uma das necessidades mais prementes em seu desenvolvimento, que, quando reprimida, gera crianças sem brilho, apáticas, desinteressadas e rigidamente bem

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A importância do limite

Saber dizer “não” é, segundo os especialistas, um dos aspectos importantes e saudáveis da

educação de crianças e adolescentes. Uma das maiores dificuldades na educação de uma criança

consiste na tarefa de saber dosar amor e permissividade com limite e autoridade. Todos têm

consciência da importância de impor limites, mas o fato de saber disso não é suficiente para fazer

desta uma tarefa fácil. Os pais freqüentemente se deparam com muitas dúvidas: Estou agindo

certo? Onde eu errei? Por que ele não me obedece? É importante analisar como a noção do

proibido vai se constituindo ao longo do desenvolvimento infantil para compreender melhor o

comportamento da criança. Ela, até o fim do primeiro ano de vida, obedece ao princípio

primordial da vida humana: o princípio do prazer. Por isso procura apenas fazer o que lhe causa

satisfação e tenta fugir do que é vivido como algo desprazeroso. Nesse estágio, ela age por

impulso instintivo. Esse é o primeiro sistema de funcionamento mental, o mais primitivo e

existente desde o nascimento do indivíduo, que é denominado pela psicologia de id. O id é

essencialmente impulsivo – age primeiro e pensa depois. É imperioso, intolerante, egoísta e

amoral; é agressivo, sexual, destrutivo, ciumento, enfim, é tudo que existe de selvagem em nossa

natureza. Assim, a criança quer fazer tudo o que lhe vem à mente: deseja o que vê, imita o que

fazem ao seu redor e tem permanentemente insaciável e ativa a sua curiosidade que,

freqüentemente, aborrece, preocupa e constrange as pessoas. Ao mesmo tempo, essa

impulsividade é uma das necessidades mais prementes em seu desenvolvimento, que, quando

reprimida, gera crianças sem brilho, apáticas, desinteressadas e rigidamente bem comportadas. A

necessidade de tocar, apalpar, mexer, demonstrar, destruir, desfazer e tentar reconstruir objetos

são atividades importantíssimas e fazem parte de sua forma de entrar em contato com o mundo

externo. A partir dos 18 meses, a criança começa a se opor para afirmar-se e existir por si

mesma. É o início da fase do não, tão temida pelos pais, e que termina, na melhor das hipóteses,

por volta dos três ou quatro anos. Nessa fase, trata-se de uma oposição sistemática, porém

necessária à estruturação e organização de sua personalidade. Basta substituir o "não" por "eu"

para se ter a chave do problema. Para uma criança, dizer "não" significa apenas: "Eu acho que

não! E você?" Ela quer simplesmente uma resposta dos pais que, favorável ou não, terá, pelo

menos, o mérito de indicar os limites. A partir dos três ou quatro anos, a criança passa, pouco a

pouco, do "não" sistemático – modo de comunicação arcaico, mas necessário ao seu

desenvolvimento – para o "não" refletido, que afirma seus gostos e escolhas.

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Culpa e castigo

Desde cedo, a criança percebe que seu comportamento impulsivo, em vez de satisfação,

freqüentemente acarreta uma censura por parte do mundo externo. Ela passa, assim, a dominar

suas atividades instintivas. Como, acima de tudo, a criança deseja o apoio e a aprovação dos

adultos e necessita imensamente deles, especialmente do pai e da mãe, começa a compreender

que precisa controlar melhor seus desejos e impulsos. Ao conformar-se gradualmente com as

imposições do meio ambiente (educação), controlando ou repelindo os desejos que não podem

ou não devem ser satisfeitos, vai se estruturando o sistema moderador ou filtrador, o ego. O ego

faz com que a criança troque o princípio do prazer, que orientava suas atividades instintivas, pelo

princípio da realidade, mediante o qual consegue adiar ou anular os impulsos que não são

adequados ao meio em que vivem. O ego coloca-se como intermediário entre o id e o mundo

externo, entre as exigências impulsivas e as restrições do meio. A parte moral ou ética da

personalidade se manifesta quando julgamos nossos atos na categoria de bom ou mau. Essas

considerações dependem de um sistema de autocensura, denominado superego. O superego

desenvolve-se a partir do ego, mediante a internalização ou incorporação dos modelos externos,

das advertências e censuras. O superego passa a atuar sobre a criança da mesma maneira que os

pais: punindo-a quando se comporta mal e dando-lhe a sensação de bem-estar quando age

corretamente. A punição assume um aspecto de sentimento de culpa ou de inferioridade, de

angústia ou inquietação. A recompensa proporciona, por sua vez, orgulho, realização ou

sensação de cumprimento do dever, ou seja, uma virtude. Até dois ou três anos, a noção do

proibido não lhe faz ainda muito sentido. Será preciso repetir-lhe muitas vezes o que ela pode ou

não pode fazer, explicando-lhe em poucas palavras a razão dessa proibição. Somente depois dos

três ou quatro anos a criança passa a compreender, cada vez melhor, as ordens dadas, começando

a entender as noções de bem e de mal. E, a princípio, ela procurará obedecer aos pais somente

para satisfazê-los. As crianças, ao contrário do que se pensa, são muito preocupadas com regras.

Parece que agir dentro de limites, cuidadosamente estabelecidos, oferece-lhes uma estrutura

segura para lidar com uma situação nova e desconhecida. É fundamental que os adultos tenham

clareza de suas convicções e sejam fiéis a elas, pois, para os pequenos, eles são modelos vivos a

serem seguidos. É por meio do convívio com essas fontes de referências que eles vão

estruturando a sua própria personalidade. A criança que não aprende a ter limite cresce com uma

deformação na percepção do outro. As conseqüências são muitas e, freqüentemente, bem graves

como, por exemplo, desinteresse pelos estudos, falta de concentração, dificuldade de suportar

frustrações, falta de persistência, desrespeito pelo outro – por colegas, irmãos, familiares e pelas

autoridades. Com freqüência, essas crianças são confundidas com as que têm a síndrome da

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hiperatividade verdadeira, porque, de fato, iniciam um processo que pode assemelhar-se a esse

distúrbio neurológico. Na verdade, muito provavelmente trata-se da hiperatividade situacional,

pois, de tanto poder fazer tudo, de tanto ampliar seu espaço sem aprender a reconhecer o outro

como ser humano, essa criança tende a desenvolver características de irritabilidade, instabilidade

emocional, redução da capacidade de concentração e atenção, derivadas, como vimos, da falta de

limite e da incapacidade crescente de tolerar frustrações e contrariedades. O pediatra e

psicanalista britânico Donald Winnicott dizia: “É saudável que um bebê conheça toda a extensão

da sua raiva. Na vida, existe o princípio do desejo e o princípio da realidade. Uma criança a

quem se cede em tudo imediatamente, ‘a quem nunca se recusou nada’, como dizem os pais,

suporta mal a frustração. Muitos desses pais que cedem sempre vêem o filho no presente, ao

passo que aqueles que sabem dar sem mimar vêem o filho no tempo e no futuro. Eles lhe

oferecem perspectivas, lhe mostram o valor do desejo e da espera, para melhor saborear o que é

obtido.” MariaGuimarãesDrumondGrupi - Psicóloga, pedagoga e diretora da Escola de Educação

Infantil Ponto Omega,em São Paulo

Meu filho é mau-humorado: como mudar isso

Seu filho que era um “doce” se transformou em uma criança bem chatinha. Imediatamente, surge

aquela velha indagação: onde é que eu errei? Fique tranqüila, não é falta de carinho nem de

atenção. Esse mau-humor faz parte do desenvolvimento infantil. As várias mudanças impostas

pelo crescimento, pelo desenvolvimento da personalidade e pela conquista da independência são

fatores para as crianças ficarem emburradas, entediadas, birrentas e negativas. “Toda mudança

de fase desestabiliza a criança, seja aos 8 meses, aos 3 anos, aos 6 ou aos 12, porque ela entra em

novo momento de conquistas”, relata a pedagoga Patrícia Victo. Nos primeiros 3 anos de vida, a

rebeldia é mais evidente, já que nesta fase a personalidade começa a ser definida e a criança

ainda está voltada para si e para o seu prazer. Qualquer contrariedade dos pais é motivo de

frustração e, por não ter experiência e muito menos vocabulário para expressar o que sente, o

choro, a birra, as manhas e as mordidas são as maneiras que utilizam para a manifestação. Nesse

caso, Patrícia Victo orienta. “Os pais devem dar atenção, porque a criança precisa de carinho

para se sentir segura. Os acessos de mau humor são boas oportunidades para ensinar o filho a

encontrar alternativas e superar frustrações. É cansativo, dá trabalho, mas faz parte da educação e

do crescimento”. A frustração é a palavra para traduzir o mau-humor do seu filho. Quando a

frustração existe, a criança não consegue dizer que está triste, então, faz birra. O melhor a fazer é

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trocar a “brincadeira” proibida por outra novidade: trocar o giz e os rabiscos na parede por um

instrumento musical. O mau-humor passa rapidinho. Ajudar seu filho com todo esse sentimento

novo é difícil, mas é o começo para que os pequenos aprendam sobre suas emoções e que as

outras pessoas também passam por isso.A fase entre os 5 e 7 anos é um outro período de

mudança comportamental, chamada de “adolescência da primeira infância”. De acordo com a

pedagoga, nesta fase há alterações físicas, psíquicas e sociais. Para completar, a criança enfrenta

uma das principais barreiras (senão a maior!) rumo ao mundo adulto: ler e escrever. Tudo isso

torna o humor da criança instável, que começa a questionar as regras, aprendendo que neste

mundo precisa ter jogo de cintura. A partir dos 8 anos, a rebeldia dos 3 anos volta à tona, mas os

ataques de mau humor parecem mais intensos. A criança espera ter todas as respostas, todos os

desejos atendidos, toda a atenção do mundo. Esse período costuma durar até o fim da puberdade.

Os pais precisam ter muita calma e paciência para ensinar, argumentar e perceber o que está

ocorrendo. “Quando não há o que acalme seu filho, o melhor é impor limite dizendo para parar

com o mau-humor” orienta a Patrícia Victo. Se nada mudar o comportamento instável do seu

filho, a conversa com um profissional especializado em desenvolvimento infantil pode ajudar.

Mas é preciso cuidado, pois é comum dizer que a criança é hiperativa ou deprimida. Casos de

mau-humor que levam à depressão são raros. Motivo de preocupação somente quando esse

baixo-astral atrapalhe nas atividades que dão prazer a criança e isso se mantenha por pelo menos

seis meses. Bruno Thadeu

Filhos que manipulam os pais

Que chato dizer “não” para o meu filho. Certamente você já deve ter seguido essa linha de

raciocínio pelo menos uma vez na vida. Mas saiba que esse “não”, futuramente, pode ser uma

tacada certeira para o decorrer da relação pai e filho. O problema mora justamente aí. Muitos

pais acham que dizer sim ou aceitar tudo que as crianças pedem irá compensar a ausência

enquanto trabalham fora. Ou simplesmente porque dizer sim é mais fácil, estão cansados para

escutar as reclamações e choradeiras dos pequenos. Aceitar tudo o que o querido de casa

determina é a porta de entrada para uma má educação por parte dos pais. Quem alerta é a

pedagoga Varuna Viotti.

“Na preocupação de não frustrar as crianças, de satisfazerem todos os seus desejos, os pais vão

perdendo o domínio da disciplina familiar, que é o respeito básico para que a criança e mais

tarde o adolescente e o jovem aceitem regras e normas na escola e na vida”, diz a profissional.

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O reflexo disso é visto não tão somente dentro de casa, mas o falso autoritarismo da criança é

transportado para o mundo externo, ou seja, à escola e também nas relações com outras crianças.

É cada vez maior o número de queixas de professores em relação à indisciplina e à falta de

limites de crianças, fruto de uma educação refém das normas e determinações do filho. O novo

dono da casa - Com apenas três anos de idade já é possível detectar traços de dominação no

ambiente familiar. Na base do condicionamento, ela vai se acostumando a executar determinadas

ações que nem sempre são aconselháveis para uma boa formação educacional. E isso é ruim para

a criança, pois, sem saber, terá enorme dificuldade de convivência com os demais. Inicialmente,

pelos pais permitirem tudo, a criança tende a não se sentir amada. Excesso de tolerância pode

significar indiferença e falta de amor. Conseqüentemente, esse ambiente centralizador gera

insegurança e até mesmo agressividade no comportamento infantil. Já em um ambiente estranho,

a criança terá grandes dificuldades para agir, pois não será a “dona do pedaço”, fazendo com que

a insegurança e a agressividade se transformem em autodefesa.

“Disciplinar os filhos faz parte do processo de amor dos pais e mesmo que a princípio eles reajam e não

aceitem prontamente a disciplina, certamente no futuro irão reconhecer que foi esta disciplina que

sedimentou tudo o que conseguem na vida”, informa Varuna Viotti.

Os pais devem ser bons exemplos. Cortar passeios ou outras atividades caso a criança volte a

apresentar um comportamento inadequado pode ser uma boa maneira de coibir os abusos. Agir

sempre de forma moderada.

Não há como cuidar dos filhos “sob uma redoma” onde tudo é permitido. A sociedade vai cobrar

limites e nem tudo que a criança quiser vai conseguir, assim sendo por toda a vida. Estabelecer

limites e disciplina requer paciência e firmeza.

Os pais precisam entender que poupar o filho de situações difíceis, super protegendo-o, abrindo

mão dos limites, é o primeiro passo para problemas mais sérios na adolescência. Criança que

cresce achando que tudo pode e que só terá coisas boas na vida terá mais propensão a ser

seduzido por outros fatores, que funcionam como “iscas” para fugir da realidade que encontrará,

entre os quais a bebida e as drogas. Portanto, pense duas mil vezes antes de dizer um “sim” ou

“não”. Em breve, seu filho agradecerá por isso. Bruno Thadeu

Adaptação na escola

O período de adaptação na escola é uma etapa bastante delicada pela qual pais e crianças

passam.Para tentar entender e tranqüilizar a todos a respeito dessa fase vamos discorrer sobre

algumas situações. Tente imaginar, você adulto, ao enfrentar o primeiro dia em um novo trabalho

ou ainda sozinho em uma festa, onde todos são seus desconhecidos. Sensação ruim essa, não é?

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Pois é. A adaptação da criança na escola pode demorar de um dia a meses dependendo da idade e

do tipo de relação que tem com as pessoas mais queridas. No berçário, até uns cinco ou seis

meses de idade costumamos dizer que a adaptação é mais dos pais, que não sem razão, ficam

apreensivos em ter que delegar os cuidados que até então eram feitos só por eles a outras

pessoas. Até essa idade, apesar de poder estranhar um pouco a nova rotina o bebê, via de regra,

ainda não estranha as pessoas e essa transição costuma ser muito tranqüila. Dos seis ou sete

meses até quase três anos de idade é a idade mais trabalhosa, pois a criança já estranha e não

consegue elaborar um raciocínio para compreender o que significa a escola, o que está fazendo lá

e principalmente que os pais continuam a existir mesmo quando não estão diante de sua vista.

Por isso é preciso ter muita tranqüilidade, paciência e principalmente confiança na sua escolha. É

importante que a mãe, o pai, avós ou alguém com quem a criança tem um vínculo afetivo forte a

acompanhe nos primeiros dias. Essa pessoa deve ficar em algum espaço que a escola tenha

reservado para isso enquanto que a criança reúne-se com a professora e os novos amiguinhos.

Sempre que a ansiedade, insegurança ou choro resolverem aparecer, a criança vai ao aconchego

desta pessoa para que saiba que tem um respaldo e que não foi abandonada. É imprescindível

que os pais permitam essa aproximação, pois ela precisa formar vínculos com a professora e os

novos amigos. Se os pais ficam dentro da sala de aula é claro que a criança vai ficar o tempo

todo debaixo da proteção e não conseguirá estabelecer um relacionamento. Aos poucos ela vai

percebendo como é gostosa essa nova vida e entendendo o que significa a escola, aonde ela vai

se socializar, desenvolver a coordenação, aprender a lidar com tempo, espaço, lateralidade,

percepção, desenvolver a linguagem, pensamento lógico, aprender músicas, fazer artes plásticas,

além de outras artes, lidar com a diversidade e elevar sua auto-estima além de muitos outros

aspectos. É claro que ela não quer nem saber que está desenvolvendo tudo isso, pra ela é pura

brincadeira e é isso o mais divertido, desenvolver todos esses aspectos de forma lúdica e

saudável. A partir dos quatro anos a adaptação costuma ser bem mais tranqüila, pois a criança já

verbaliza bem e compreende o que está acontecendo. Neste caso um ou dois dias já costumam

ser suficientes para que a criança se integre. É comum neste início que a criança fique ansiosa,

proteste para evitar enfrentar essa situação. Afinal a casa dela é um espaço onde já domina tudo e

todos. Conhece tudo e sabe como conseguir as coisas com cada adulto que ela convive desde que

nasceu. A escola irá lhe parecer em um primeiro momento um desafio que ela não está com

vontade de enfrentar, o receio do novo. Por mais que os pais estejam apreensivos é importante

procurar não passar essa preocupação à criança, mas sim ressaltar os pontos positivos, falando

bem da escola, das novidades, dos amigos e brincadeiras. Os pais devem ainda tentar evitar falar

sobre as preocupações na frente da criança o que a deixará mais apreensiva. Dorzinhas de

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barriga, sono, manhas são esperadas nesse contexto. Um aspecto difícil é muitas vezes o

sentimento de culpa que passa pela cabeça dos pais de não poderem estar o tempo todo com seu

filho, principalmente para as crianças que ficam no período integral. Não há porque se sentirem

assim, pois as crianças crescem, amadurecem e precisam de novas experiências com outros da

mesma idade. Não é necessário se preocuparem, pois essa experiência, por mais longa e cheia de

lágrimas dos dois lados que seja, não traumatiza. Todos superam e certamente no futuro nem se

lembrem desses primeiros dias na escola.

Essa fase pode parecer dolorosa, mas aos poucos, pais e criança começam a confiar na escolha

que fizeram e a lidar com mais tranqüilidade e prazer com essa etapa que é fundamental na

construção da personalidade da criança. KarenKaufmannSacchetto - Pedagoga e diretora da

escola São Gabriel - São Paulo - SP