Textos Sobre Eckhart Na Scintilla

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    Textos sobre Eckhart na Scintilla

    DA PESSOA

    INTRODUO

    bem conhecida a definio de pessoa, de Bocio: persona es naturaerationalis individua substantia!" Pessoaa#$i se refere ao indivduo humano,porano ao ser do homem"

    % respeio dessa definio, Tom&s de %#$ino di' ser e(a ap(ic&)e( ambm *sr+s pessoas da an-ssima Trindade, conano #$e se enenda rationaliscomointellectualise individuacomo incommunicabilis2" Nessa perspeci)a a definiosoaria: persona es naturae intellectualis incommunicabilis substantia"./essoaa#$i se refere *spessoasda an-ssima Trindade, Pai, Filho e Esprito Santo./orano ao ser de Deusn$m senido odoprprio, a ser e0p(iciado mais arde,no fim do comen&rio"

    % se1$ir, enemos comenar a !23 con)ersao espiri$a(4de 5esre 6c7har,ini$(ada:Como deve o homem manter-se em Paz, uando n!o se encontraem penoso labor e"terno, ue Cristo e muitos santos tiveram# como ohomem,$ent!o%&deve se'uir a Deus8.9 #$e o #$e se1$e como comen&rioem po$co a )er com coment(rio, pois o se$ modo de proceder em )&riasref(e0es #$e so e0c$rsos, a modo de hip9eses, como $m di)a1ar paradenro de press$posies, pres$mi)e(mene pr;nicas"

    5as, diane desse e0o de 6c7har, per1$na;se de imediao: o #$e em a )eresse e0o com a definio de pessoa de Bocio e de o" Tom&s? %imp(icao desse e0o com a definio de pessoa, embora 6c7har no $se apa(a)rapessoano e0o em #$eso, es& pres$mi)e(mene

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    se1$idores de @riso de)e se1$i;(o a seu modo, no modo prpriode cada $m"%#$i o modo prpriose refere ao prpriode cada $m de n9s, a saber, ao #$eh& de mais As$bsancia( em mim, * Apessoa de mim o$ a()e' di1amos n9s,ho

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    ri1oroso eor de )ida da#$e(es sanos" De)es ceramene amar a( modo, e e(e e podea1radar, sem #$e $ precises se1$i;(o"

    5as poderias di'er: Nosso enhor Mes$s @riso inha sempre o s$premo modoF ao #$a(de)emos se1$ir consanemene por ca$sa da reido"

    Iso ceramene bem )erdade" % Nosso enhor de)emos se1$ir como con)m e, noenano, no em cada modo" 6(e, Nosso enhor

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    fora, ao (ado, para a(m o$ para a#$m De(e em se dando a si todo, nada h$e se

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    pro(on1ameno de De$s" % cria$ra $m ene in se, no in alio, embora se

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    Indivisibilidade ou incomunicabilidade se re"erem ao uno

    /ara #$e a#$i possamos )er a diferena enre substantia individuae subst*ntiaincommunicabilis necess&rio e)iar r+s e#$-)ocos" O primeiro de idenificaro indivduodo pensameno medie)a( como $m momeno pon$a(i'ado de

    f$nes de $m con

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    ordenao das esferas dos enes, s$bs=ncias composas, se esca(a, iniciandode bai0o em:

    ! a subst*nciados enes simp(esmene ocorrenes o$ no )i)os Pcoisas f-sico;maeriais f-sicas, p" e0" pedra, mea( ec": S espcie-nfima subst*ncia#$e

    ambm 'neropara a espcies$perior pr90ima vivente e o se$ modo de ser:ocorrerF H a subst*nciados enes vivosPcoisas)e1eais, p" e0" p(anas: Sespcieviventee ao mesmo empo 'neropara espcie s$perior pr90imaanimal e o se$ modo: viver vivere/" %#$i se inc($i de al'um modoa s$bs=nciados enes sensveisPcoisasanimais, p" e0" 1aos, p&ssaros S espcieanimal eao mesmo empo'neropara espcie s$perior pr90imo homem e o se$ modo:S )i)enciar o$ senirF . a subst*nciados enes racionaisPcoisash$manas, p"e0" homens, m$(heres, crianas ec" S espcies$premo homem e o se$ modo:S conhecer" Nas r+s moda(idades de Aser subst*nciaJ s$bs=ncia coisa( P!,s$bs=ncia )i)ene PH, s$bs=ncia raciona( P. J o ermo subst*nciaparece ser$n-)oco, mas se bem e0aminado em cada n-)e( na esca(ao da ordenao,

    diferene essencia(mene" Na passa1em de $m n-)e( para o$ro, no se d&apenas $m acrscimode $ma #$a(idade diferencia( espec-fico, a $mas$bs=ncia;b(oco, fi0a, mas se d& $ma ransm$ao s$bsancia( #$a(ificai)ano ser, a modo de As$bs$no da ordem inferior pe(a s$perior" E& a(i naesca(ao das ordenaes em diferenes n-)eis ascendenes e descendenes,$m mo)imeno da din=mica de #$a(ificao do ser"!4%ssim, a s$bs=ncia;coisada espcie;-nfima ocorre como 1+nero na espcie s$perior;)i)ene, para ser#$a(ificada por diferena espec-fica;)i)ene, embora na descrio da s$aAcomposio soe como a

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    para o 1era( o mais e0enso na abran1+ncia, com o m-nimo de coneKdo"/orano, na esca(ao da ordenao das esferas das s$bs=ncias composasa modo porfiriano, no pensameno medie)a(, raa;se de $m mo)imeno deessencia(i'ao #$e conin$a na ordenao das esferas das s$bs=nciassimp(es a c$(minar no 6ne, #$e em si e a parir de si simp(esmene a

    p(eni$de do ser, denominado De$s" Traa;se, pois, do mo)imeno daconcreo din=mica da imensido, prof$ndidade e da )ia(idade, denominadope(os medie)ais de Obra m&0ima da @riao"

    Denro dessa perspeci)a o #$e si1nifica substantia individua, o indi)-d$o?

    0ndivduo si'ni)ica propriamente indivisvel.% essa impossibi(idade de di)idir,opomos a di)isibi(idade, a possibi(idade de di)idir" 6 enendemos por di)idir,parir, separar $ma pare da o$ra, fa'er em pedaos" 6ssa ao de di)idirpare do #$e aparenemene $no, em se$s componenes, e se no foremcomponenes, em pedaos, a #$e no se possa mais di)idir, pois se che1o$

    ao K(imo e(emeno n$c(ear, ao derradeiro A&omo"!

    %#$i podemos (o1operceber #$e esse modo de di)isibi(idade e indi)isibi(idade perence ao modode ser acima descrio como o primeiro e#$-)oco" O se1$ndo e#$-)oco era depensar #$e esse modo de ser f-sico;maem&ico fosse $ma )ersomoderni'ada, cienificamene mais (impa do modo de ser f-sico;corpora(, aindas$b

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    do do 'eral o$comumpara com o individualo$particular.Traa;se de o$roeor do ser" %#$i preciso ser )isa a diferena no eor do ser, porano adiferena do senido do ser operane em cada n-)e( da inensificao do ser naesca(ada da ordenao dos enes no se$ ser" %#$i, #$ano mais e(e)ado for on-)e( do eor do ser na dimenso a #$e perence $m ene, ano maior o eor

    da imensido, prof$ndidade e (iberdade do se$ ser, #$e aparece na densidade,en)er1ad$ra e na #$a(ificao do modo de ser de $ma Aoa(idade,denominada unoem se raando do $ni)erso criadoF e no Amodo de ser denroda )ida inerna de De$s $no;e;rino de 1m, por 6c7har, c$re P? se es)anecera"V T$do a#$i(o #$e me disra-a doraba(hoVDesaparecera"V 6$ me reco(hera ao Knico pensamenoVDa armao do sino"ADepois, f$i * f(oresaVYer as &r)ores em s$a pr9pria condio na$ra("V W$ando a&r)ore cera aparece$ a me$s o(hos,V % armao do sino ambm aparece$,niidamene,V em #$a(#$er dK)ida"V T$do o #$e inha a fa'er era esicar a moV6comear" e e$ no ho$)esse enconrado essa deerminada &r)oreVNoha)eriaVW$a(#$er armao para o sino"AO #$e aconece$?V 5e$ pr9prio pensameno

    1CAqui dee0se eitar a com*reens5o classiicat)ria usual a modo EsemiJ0l)ico0matemtico de Ea*edraJna ace*"5o de E*edra em eralJ, e de Eesta ou a#uela*edraJ na ace*"5o de Euma das *edras, em

    *articular, indiidualJ. Dee0se eitar tambm a com*reens5o de a*edra como a re*resenta"5o abstraHdaa modo indutio das *edras indiiduais.

    1F%&TM, Tomas,% via de Chuang &'u . 4Q edi"5o, Petr)*olis+ ozes, 19F4, *. 1F01:. -(uan0Tzusiniica %estre -(uan. eu nome -(uan -(ou. Pouco se sabe da sua ida. R um dos maiores

    *ensadores c(ineses do TaoHsmo, do sculo IIISI antes de -risto. Matural de un, ieu *ouco de*oisde %8n0Tzu. eus escritos est5o reunidos no liro intitulado Chuang(&'u! nei! wai p)ien !&scritasinternas e eternas de -(uan0Tzu$. A Tradi"5o atribui a autoria de nei p)iena -(uan0Tzu e de wai(p)ien aseus discH*ulos. -.

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    $nificadoV6nconro$ o poencia( escondido na madeiraFV Dese enconro ao )i)o s$r1i$ aobraVW$e )oc+ arib$i$ aos esp-rios PCIC, !"

    Todo fa'er do areso era desprender-sede $do #$ano no era apenas ap$ra disposio de dei0ar ser" %ssim, orno$;se (-mpida e p$ra ranspar+nciado receber" 6sse )a'io, essa s$spenso, p(ena de aco(hida, opensamento!"Nessa abera do receber se d& o #$e os medie)ais chama)am de materiao$potentia23Pa &r)ore cera e sim$(aneamene )orma o$ actusPo aparecer daarmao do sino niidameneH!" 4ateria e )orma epotentia e actus na s$asim$(aneidade modo de e0pressar a din=mica A$na do )is($mbre daoa(idade Pe5dos #$e se manifesa como ar#$ipo, como e0emp(ar, $ni;)ersa(de oda e #$a(#$er indi)id$ao desse pro9ipo" %#$i, porano, a espciePeidos )is($mbre da oa(idade, c$

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    como crescimeno na inensificao do ser, percebemos #$e a#$i, os ermosintensi)ica+!o, intensidadeno podem ser com ri1or enendidos comosin>nimos de a$meno #$aniai)o, 1rad$ao, poencia(ia'ao ener1ica o$esca(ada de fora" 5as como enender o a$meno, a inensificao de o$romodo? @os$mamos responder: raas;se no de #$anidade, mas sim de

    #$a(idade do ser" @omo, porm, enender o a$meno, a 1rad$ao, a esca(adade #$a(idade? poss-)e( co(ocar as #$a(idades a modo de $ma esca(ao dea$meno o$ de dimin$io a modo #$aniai)o? W$a(idades no consi$emcada #$a( $ma oa(idade de a( modo #$e no poss-)e( fa(ar de a$meno1rad$a( de $ma #$a(idade para $ma o$ra? %$meno o$ dimin$io s9 poss-)e(, no enre as #$a(idades, passando;se de $ma para a o$ra1rad$a(mene, mas apenas h& a$meno o$ dimin$io denro de $ma mesma#$a(idade, no no senido de #$anificao, mas no senido de (impide',c(aridade e p$re'a do #$i(ae de #$a(idade em ornar;se e(a mesma, semmis$ra com $ma o$ra dimenso #$e no se

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    p(anaF desa, maior do #$e no anima(, dese maior do #$e no homem"H4Isosi1nifica #$e #$ano menos pre1n=ncia da presena do $ni)ersa( no indi)-d$o,ano mais $ni)ersa( e indi)-d$o aparecem por assim di'er Aseparados, e o$ni)ersa( como 'erale o indi)-d$o comoparticular.6 #$ano menos pre1nane,o$ mais rarefeia a presena do $ni)ersa( no indi)-d$o, ano mais a

    indi)isibi(idade o$ incom$nicabi(idade, o$ me(hor, a $nicidade, a sin1$(aridadedo indi)-d$o re(ai)a e rarefeia, poss$i menos Aassenameno em si mesma, menos As$bsancia(" O #$e e#$i)a(e a di'er #$e #$ano mais pre1nane,mais coerene a presena do $ni)ersa( no indi)-d$o, ano mais aincom$nicabi(idade o$ a $nicidade sin1$(ar do indi)-d$o abso($a, es& maisassenada em si mesma, mais s$bsancia(" e conin$armos esse modo de)er a coincid+ncia do $ni)ersa( e indi)-d$o, da mais re(ai)a para cada )e'menos re(ai)a a * abso($a, a1ora para denro da re1io das s$bs=nciassimp(es, porano no reino dos esp-rios, podemos di'er #$e #$ano mais seascende na ordenao da inensidade do ser e se apro0ima do ser pore0ce(+ncia #$e se chama De$s, ano mais inensa a idenidade do $ni)ersa(

    com indi)-d$o Psin1$(ar, de a( sore #$e na re1io das s$bs=ncias simp(esno h& mais nem $ni)ersa( #$e de a(1$ma forma saiba * 1enera(idade, nemindi)-d$o #$e saiba * paric$(aridade o$ indi)id$a(idade, mas a(i o ene cada)e' oa(idade, p(eni$de do se$ ser, porano simp(esmene $ni;)erso o$ $ni;)ersa(, o #$e e#$i)a(e a di'er simp(esmene sin1$(ar, Knico, cada )e'" %#$i, oene o em;sendo;cada )e' totalidade,Hodo $m m$ndo ab;so($o na$nicidade, no $no da s$a propriedade, Knica, p(ena, cons$mada"

    Recordemos a#$i a definio de Bocio da pessoa:naturae rationalis individuasubstantia. 6 a s$a ap(icao *s pessoas da an-ssima Trindade naform$(ao s$1erida por ano Tomas : persona naturae intellectualisincommunicabilis substantia. 6 denro da perspeci)a do #$e )iemos fa(andonos 60;c$rsos, per1$nemos como de)emos enender a indivisibilidade e aincomunicabilidade.

    Us$a(mene enendemos o car&er pr9prio do indi)-d$o como indi)is-)e(" 6enendemos o pr;fi0o incomo n!o, como ne1ao" %ssim n!o-divisvel o$n!o-divididoinsin$a $ma represenao de a(1o compaco a modo de $m b(ocod$ro, dif-ci( o$ imposs-)e( de ser parido" 6ssa compacidade s$1ere adific$(dade o$ impossibi(idade departilhar, de dar ao o$ro a(1o de si, poranode n!o-comunic(vel, de incom$nicabi(idade" 6ssa ima1em de compacidade#$aniai)a coisa( pro

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    %s co(ocaes acima feias nos 60;c$rsos, porm, nos mosram #$e #$anomais se cresce na inensidade do ser, di1amos, A#$a(iai)amene, cresce acompreenso da oa(idade em odas as direes, no senido de imensido,prof$ndidade, ori1inariedade, )ia(idade, sensibi(idade, inerioridade e (iberdade"%ssim, em )e' de fi0ao e d$re'a compaca sem )ida de coisa, a$mena o

    )o($me e a #$a(ificao na mobi(idade, fin$ra, comp(e0idade, diferenciao deesr$$rao, na coer+ncia inerna, possibi(idade da 1enerosa e cordia( pari(ha,(i)re, sem consran1imeno" @om o$ras pa(a)ras #$ano mais se ascende naesca(a da ordenao dos enes em direo * re1io das s$bs=ncias simp(es osi1nificado do indivduose afasa da acepo de d$ro, im9)e(, compacidadede amonoao, de no;pari(h&)e(, para indicar cada )e' mais a inensidade, a1rande'a, a s$bi(e'a e )i1+ncia criai)a e (i)re de ser, porano o a$meno da$nidade da din=mica de dif$so 1enerosa e (i)re, porano o a$meno dacom$nicabi(idade" Dio de o$ro modo, iso si1nifica #$e #$ano mais seinensifica na #$a(ificao do ser, ano mais a indi)isibi(idade si1nificainensidade, coer+ncia, $nidade da fide(idade e a$ocompromeimeno na

    doao de si, na com$nicao, porano da com$nicabi(idade" Tenemosenender nessa perspeci)a a definio: Persona est naturae rationalisindividua substantia.

    2.2 O racional e o intelectual

    Os ad

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    O(hemos, a1ora n$ma )iso panor=mica o odo da ordenao do $ni)erso nopensameno medie)a(, esr$$rado em d$as 1randes re1ies dos enes naesca(ada da inensificao #$a(iai)a do se$ ser, a saber em re1io dasesferas das s$bs=ncias simp(es e composas" 6 enemos (oca(i'ar o Eomemnessa esca(ao" De imediao percebemos #$e e(e oc$pa o ($1ar de desa#$e,

    no meio, enre as d$as re1ies" O Eomem, na direo ascendene daesca(ao na inensificao do ser, iniciando;se da s$bs=ncia;mora, perence* re1io das s$bs=ncias composas, e oc$pa a esfera s$prema dessa re1ioAinferior, onde a )i1+ncia do ser dessa re1io a mais inensa" 6 ao mesmoempo, na s$a idenidade #$e o diferencia de o$ros enes da re1io dass$bs=ncias composas, perence ao e se orna, di1amos, par-cipe do modo deser da s$bs=ncia simp(es, no propriamene * s$a esfera -nfima, mas di1amosa $m fei0e )erica( ascendene de imp(icao enificane #$e parindo daAs$bs=ncia;nadaH2, coisa, )ira )ida, depois =nimo;sensibi(idade e a(ma, e porfim =nimo;raciona(, e na raciona(idade, se adenra para denro da re1ioAs$perior das s$bs=ncias simp(es, perfa'endo;se na esca(ao ascendene de

    inensificao no ser da s$a raciona(idade como a(ma, esp-rio, ine(eco emene Pmens, ara)s da #$a( penera para denro do abismo da possibi(idadede ser denominado De$sHQ" Iso si1nifica #$e o Eomem se esende no se$ serdesde a maria;prima a De$s, no apenas somene at, mas m$io mais, asaber para denro do abismo do ser de De$s, para denro do abismo da )ida-nima, para denro da inerioridade de De$s #$e nos )em ao enconro, i" , sedes)e(a como a din=mica da esr$$rao do eni1ma das r+spessoas e $manaturezade De$s, porano do 5isrio da sana $nidade;rina" Iso si1nifica pors$a )e' #$e no Eomem, pe(o Eomem e ara)s do Eomem #$e )em * ($' a)i1+ncia da p(eni$de do ser #$e se orna presena em De$s;Eomem;Uni)erso,denominada pe(os medie)ais de pus ma"imum: Creatio, obra m&0ima da@riao" e porm o Eomem per;fa' o espao (i)re, a abera #$e perpassadesde a rea(idade e rea(i'ao -nfima a para denro da s$prema e para a(mda s$prema rea(i'ao da rea(idade, ne(e podemos enconrar $m fio cond$or

    *ortanto diz res*eito G ida do (omem, G sua ess8ncia, ao seu ser, a saber+ dis*osi"5o de acol(ida,*rontid5o obediente e iel de rece*"5o. Dentro dessa *ers*ectia *odemos inter*retar o intellectus do*ensamento medieal como *ot8ncia ou dis*osi"5o, o nimo cordial de intelligere.5ntelligerese l8 inter(legeree de imediato siniicaler entre linhas.Ma *alara *ortuuesa ler !em alem5o lesen$ est a mesmaraiz do erbo reo l1gein !Xleg0+ a/untar, col(er$. & Eentre lin(asJ conota o m1dium, o inter0meio, asaber, o Ees*a"oJ lire, a aberta, a *artir e dentro da qual se estruturam as EcoisasJ que nos 8m ao

    encontro. Messe sentido, intelligere, intellectus, intellectualis siniicam acol(er, acol(ida, receber,rece*"5o da abertura a *artir e dentro da qual nasce, cresce e se consuma a totalidade de um mundo. Porisso o destaque que se d aqui na deini"5o da *essoa, da nature'a racional e intelectualn5o tem muito aer com racionalismo ou intelectualismo, muito menos com EcartesianismoYJ, mas com um determinadonHel da intensidade do ser. &m ez de questionar se aqui se trata da *rioridade do intelecto ou da ontadeou do cora"5o, osse talez mais Ktil *eruntar+ nesse nHel da intensidade do ser denominado nature'ahumana!aqui nimo racional ou intelectual X l2gos, nus$ como seria onticamente o que denominamosna *sicoloia *o*ular de raz5o, ontade e sentimento como aculdades da almaL

    2CA saber, matria0*rima como nada EcriadaJ como *ura *ossibilidade dapotentia ooedientialis.

    2F-. uma e*ress5o como a da obra de 5o Uoaentura+ 5tinerarium mentis in Deum. & obseremostambm o seuinte+ o que denominamos a rei5o das substncias com*ostas n5o outra coisa do que o

    (omem e seu mundo ital circundante, que nele, atras dele e *ara ele ali est como elementosconstituintes do (omem, e nessa *erten"a, como seu *rolonamento, *artici*ando da sua sorte e da suarealiza"5o.

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    #$e perpassa oda a @riao e adenra o abismo da inerioridade do ser deDe$s" 6sse fio cond$or se chama natura rationalise #$ando se s$bs$midopara denro da inerioridade do ser de De$s se ransforma em naturaintellectualis, ermos $sados pe(a definio dapessoa em Bocio e da s$aap(icao *s pessoas da $nidade rina de De$s" No e0remo -nfimo desse fio

    cond$or enconramos a maria;prima #$e se denominapotentiaoboedientialis" 6 no Ae0remo s$premo denro do abismo da inerioridadedi)ina enconramos o Yerbo, a pessoa Zi(ho, c$mios es#$erda;direia, em cima;embai0o, des)e(ado;)e(ado" 6 na Tradio cris, na #$a(6c7har se acha como medie)a(, o bin>mio receber;dar, $ma )e' referido aDe$s e ao se$ opus ma"imum, a @riao, es& inimamene (i1ado a Zi(iaodi)ina e esa ao Nascimeno do Zi(ho Uni1+nio do /ai, porano, * processodas pessoas di)inas" 6 o #$e procede do /ai e Zi(ho se chama 6sp-rio ano,#$e caraceri'ado como6mor" Nessa Tradio medie)a( @riao si1nifica nof$ndo Zi(iao, e Zi(iao si1nifica comunh!o no 6mor" %ssim, se1$indo a $s$a(Tradio cris, ambm 6c7har define a ess+ncia, o =ma1o )iscera( de De$s,a deidade, como amor" O ermo $sado no a(emo medie)a( de 6c7har para;iebePamor 4inne" % pa(a)ra 4inneposs$i parenesco com o 1re1o mnosPS senido, mimns

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    4inne".Ori1inariamene, 4inne desi'nava amor misericordioso, de dili'entecuidado, i. , o amor de predile+!o e benevolncia interpessoal de tu para tu. %ssim 4inneera $ma pa(a)ra boa para indicar a inimidade do nobreenamorameno em oa( doao ardene de corpo e a(ma no enconro enreEomem e 5$(her: o amor esponsa(" 6 da(i 4innecomeo$ a ser $sada na

    Am-sica dos ca)a(eiros medie)ais do sc$(o CIIVCIII, para indicar o pro9ipo dapai0o nobre de dedicao no amor de $m ca)a(eiro para com a m$(heramada, a s$a dama" 6ra o mais inenso m9)e( de b$sca para $m ca)a(eiromedie)a( a inceni)&;(o a rea(i'ar aos her9icos a ser)io e para a honra da s$asenhora, a #$em doa)a a )ida e o ser como * s$a Rainha e enhora".!% parirdessa acepo ca)a(eiresca do amor, a pa(a)ra 4inneenra no $so da 5-sicamedie)a( cris, n$ma acepo ainda mais radica(i'ada de doao, nobre'a einimidade, pai0o e fin$ra como =ottesminne.He se orno$ a on=ncia de f$ndoda assim chamada >rautm?sti< Pa m-sica esponsa("..

    /orano, o car&er com$m e $ni&rio do fio cond$or #$e perpassa odo o

    $ni)erso medie)a( assina(ado h& po$co como receberde)e ser compreendidooa(mene na sonoridade do o#$e, da perc$sso da rea(idade disso #$e6c7har denomina de 4inne. 6ssim a 4inne, o amor misericordioso, dedili'ente cuidado, i. , o amor de predile+!o e benevolncia inter-pessoal deencontro, tu a tu, a 4isericrdia mdium, onde se de)e enender o #$+ e ocomo da Adefinio da pessoa" %#$i odas essas pa(a)ras referenes ao %mor,principa(mene * 5iseric9rdia,

  • 8/13/2019 Textos Sobre Eckhart Na Scintilla

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    1ra$idade e 1enerosidade de ser" %cima dissemos #$e receber corre(ai)oao dar" Na esca(ao dessa ordenao do $ni)erso medie)a(, no enano,parece e0isir somene o receber em poencia(i'ao e #$a(ificao cada )e'mais imensa, prof$nda e criai)a, de a( sore #$e sempre de no)o nos )em *mene a per1$na: receber, pois noF mas receber o #$e e de #$em? %

    enao esabe(ecer $ma (91ica de ordenao no receber e no dar di'endo:a esfera de bai0o recebe da esfera pr90ima s$perior a s$bir para denro dadimenso De$sF e a parir de De$s, descendo, a dimenso de cima, d& *dimenso pr90ima inferior" 5as d& e recebe o #$+? /or#$e acima dissemos#$e a on=ncia, a sonoridade na #$a( se d& o receber o %mor;5iseric9rdia, a4inne, a end+ncia (91ica da resposa seria: d& e recebe no %mor, )ida, ser,1raa, fi(iao, e0is+ncia ec" @omo odas essas pa(a)ras a essa a($ra daref(e0o eso como #$e s$spensas no o#$e da perc$sso do senido do serdo %mor, da 4inne, dei0emos a#$i $do s$spenso, a modo de $m ($sco;f$sco,e nos concenremos n$ma hip9ese #$e nos fa' s$speiar #$e a#$i, nesse$ni)erso medie)a(;criso ano dar como receber, porano o bin>mio dar;

    receber, eso em s$spenso no mdi$m do receberodo Knico e sin1$(ar,acenado no modo de ser do Zi(ho Uni1+nio do /ai, encarnado em e comoMes$s @riso, e ne(e, por e(e e ara)s de(e, Are;encarnado em odos, i", emcada $m dos enes h$manos, e ne(es, por e(es e ara)s de(es Are;re;encarnado em odos os enes sens-)eis, )i)enes, e coisais, esa$indo oReino $ni;)ersa( da disponibi(idade 1raa, 1enerosa do receber, como da pr;fer+ncia do receber como (iberdade de ser" 6ssa (iberdade de ser se di', nopensameno de 6c7har, o Desprendimeno, em a(emo6b'eschiedenheit"5esmo #$e a#$i #$ase $do ese

  • 8/13/2019 Textos Sobre Eckhart Na Scintilla

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    a$onomia abso($a de a$oca$sao como causa sui, a pono de no ha)ermais composio bin>mica do receber e dar, mas apenas o dar, p$ra esimp(esmene, de modo #$e o pr9prio dar;se dado, n$m mo)imenoassin9ico de #$erer o #$erer do se$ #$erer" 6sse modo de ser p$ro ao arib$-do * s$bs=ncia simp(es" %#$i a pessoa coincide com o e$ s$per;

    acionado como s$

  • 8/13/2019 Textos Sobre Eckhart Na Scintilla

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    5as o #$e em $do isso a )er com pessoa? @om naturae rationalis individuasubstantia? @om naturae intellectualis incommunicabilis substantia? erad$'irmos a1ora os ermos natura, substantia, rationalis, intellectualis,individua, incommunicabilise substantia, conforme o #$e a a1ora nessasref(e0es )iemos des)iada e inde)idamene amonoando sobre e(es, podemos

    a()e' #$em sabe circ$m;scre)er de $m modo $m ano esdrK0$(o e enro(ado adefinio de Bocio e de o" Tom&s mais o$ menos da se1$ine maneira: noser h$mano fa(amos de pessoa #$ando a s$a na$re'a, i" , o se$ ser din=micona s$a nasci)idade, se orna p$ra e (impidamene e(a mesma, )indo a si comoo #$e e(a sempre foi, e ser&, a saber, a p$ra disponibi(idade de ser o receber,e assim s$r1e, cresce e se cons$ma n$ma p(eni$de de aco(hida, bemassenada ne(a mesma, no a)oada, no espKria, mas rea, de p naconsis+ncia da s$a idenidade como p$ra recepo, porano como s$bsiseneem si, sem fra1menao, sem parcia(i'ao, mas na $nidade em si semdi)iso: naturaPnasci)idade rationalisPp$ra recepi)idade e aco(hida no sersubstantiaPassenameno na pr9pria idenidade indi)isa o$ incommunicabilis

    Pdesacada como perfi(ao e niide' da a$o;idenidade" Za(amos de /essoasno ser di)ino, #$ando nos referimos na )ida da inimidade abissa( da s$adeidade * niide' e perfi(ao da s$a s$bsis+ncia consane, oda pr9pria nanasci)idade Knica e na sin1$(ar no)idade da Zi(iao Di)ina, da processo doZi(ho do e no /ai e processo do 6sp-rio ano do e no dar;se e receber;se deambos na concreo do mo)imeno do dar e receber #$e se manifesa namK$a imp(icao das pessoas di)inas" 5as nessa concreo cada )e' maisinensa, cordia( e 1ra$ia de receber #$e na mK$a imp(icao das r+spessoas di)inas se perde n$m reraimeno cada )e' mais prof$ndo para ainerioridade de si mesma, se des)e(ando como a din=mica $nii)a cada )e'mais $na a se oc$(ar como Um, na (in1$a1em de 6c7har se acena para $mreceber c$

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    direamene comenado, para apenas pinar a(1$ns ermos, a1ora

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    ins&)eis" O #$e $m modo e pode dar, iso podes ambm a(canar no o$ro modo,en#$ano e(e bom e (o$)&)e( e em somene a De$s em )isa" %(m disso, no odosos homens podem se1$ir $m caminho" %ssim o ambm com o e1$imeno dori1oroso eor de )ida da#$e(es sanos" De)es ceramene amar a( modo, e e(e e podea1radar, sem #$e $ precises se1$i;(o"

    5as poderias di'er: Nosso enhor Mes$s @riso inha sempre o s$premo modoF ao #$a(de)emos se1$ir consanemene por ca$sa da reido"

    Iso ceramene bem )erdade" % Nosso enhor de)emos se1$ir como con)m e, noenano, no em cada modo" 6(e, Nosso enhor,

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    Nin1$m,

  • 8/13/2019 Textos Sobre Eckhart Na Scintilla

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    finio, c$

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    Deidade: o Desprendimento da Liberdade (sermo 32 de Eckhart)37

    A *resente rele5o comentrio da tradu"5o da *rimeira *arte do serm5o 32 das

    *rea"#es alem5es do %estre &c'(art38

    .Mela &c'(art caracteriza o (omem *obredizendo+ ER (omem *obre, quem nada #uere nadasaee nada temJ.A *rimeira *arte

    do serm5o contem somente a *rimeira das tr8s caracterHsticas do (omem *obre, a saber+

    *obre , quem nada #uer 39

    Texto

    7eati pauperes spiritu! #uoniam ipsorum est regnum caelorum 89atth. :!;tte, er m?sse sic( noc( me(r lassen. Der %ensc(en ibt es =enie, die das rec(t

    beac(ten und darin best>di sind. &s ist ein leic(=ertier Austausc( und ein erec(ter @andel+ o =eit

    du ause(est aus allen Dinen, so =eit, nic(t =enier und nic(t me(r, e(t Bott ein mit all dem einen,daern du in allen Dinen dic( des Deinen lli ent>usserst. Damit (eb an, und lass dic( dies alles'osten, =as du auzubrinen ermast. Da indest du =a(ren

  • 8/13/2019 Textos Sobre Eckhart Na Scintilla

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    *or ser imensid5o e *roundidade de enolimento *r0/acente, a *artir e dentro da qual

    surem, crescem, se consumam e sucumbem multirios *lanos e *ro/etos que nos

    ocu*am e nos *reocu*am. Todos n)s, nos nossos aazeres, estamos em uso e em ida,

    como que de antem5o sob o toque de um enio imenso, *roundo e oculto, no qual

    somos usados e nos usamos, tornando0nos todas as coisas. Talez *ossamos c(amar

    esse toque do uso de utilidade oriinria de todas as coisas. Todas as nossas a"#es, o

    >now(howdas nossas atiidades, recebem *or im sua orienta"5o e a *ossibilidade de

    sua criatiidade renoada, a *artir dessa utilidade oriinal. R o a *artir de onde que

    constitui o sentido do ser de n)s mesmos e do nosso mundo. &ssa orienta"5o *ria que

    em do toque e enio do uso oriinrio se c(ama em &c'(artsaer.Trata0se aqui do

    sabor anterior, do a priori, que nos abre todo um mundo no seu surir lire, como lance

    da *ossibilidade de ser. Todas as reer8ncias de um saber assim a priorise torna um

    deer, uma res*onsabiliza"5o da tarea *ara o @omem. Por isso diz %estre &c'(art+ E&u

    deves saer #ueJ. & o que deemos assim saber com res*onsabilidade de ser que+ o

    toque deselante da *ossibilidade de ser da e*ocalidade medieal se c(ama deixar.

    A *alara alem5, usada *or %estre &c'(art *ara deiar, lassen.assen siniica

    deiar, no sentido de abandonar, larar, aastar0se de. %as, o que deio ou laro ica,

    *or assim dizer, entreue a si mesmo, desliado de mim. R deiado ser ele nele mesmo.Por isso, a orma *artici*ial *assia de lassen,gelassensiniica solto, lire, G ontade,

    na identidade de si mesmo. & esse estado de se ser a *r)*ria identidade de si mesmo

    ser reto,justoou estar em.& o que est bem consio mesmo sereno. Por isso

    gelassenquer dizer tambm sereno, e *elassenheit, serenidade. R nessa ace*"5o que

    lassensiniica deixar ser. & como deiar ser eoca alo ou alum lire de, lassen

    *ode ser ouido tambm como soltar o que est *reso, des*render, desliar, desatar ou

    libertar. & enquanto ato em que a alma se liberta de seus a*eos Gs coisas, Gs criaturas, a

    si mesma, ao que n5o a sua *r)*ria ess8ncia, lassenoi traduzido como desapegar(se,

    despojar(se, renunciar,se anegar,se expropriar.Traduzido assim, o erbo lassen

    recebeu uma orte conota"5o asctica de renKncia e abnea"5o, de e*ro*ria"5o ou

    esaziamento de si. Por isso, na *rimeira leitura do teto de &c'(art acima citado, o

    deixarsoa de imediato como se des*render na renKncia e abnea"5o de tudo que

    criatura, *ara tornar0se lire, azio *ara Deus. -om*reender a &c'(art dentro dessa

    coloca"5o asctica da &s*iritualidade crist5 usual correto. ) que com isso, talez se

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    *asse *or cima de um momento essencial na com*reens5o da *elassenheitdo

    Pensamento %edieal.

    %estre &c'(art diz+ E&o longe tu sais de todas as coisas, tanto assim, no menos e no

    mais,Deus entra com todo o seu, at1 lI onde, em todas as coisas, tu te expropriasdo

    teuJ. A *alara usada *or &c'(art aqui traduzida *or expropriar em alem5o ent(

    ussern.Pussernquer dizer eternar, ou tornar0se eterior.=nt( um *reio que indica

    abertura de surimento+ o moimento de ir a ser. que siniica aqui tornar(se ou ser

    exterior, ir *ara ora, abrindo0se como surimentoL eria *ermitido inter*retar esse

    e*ro*riar0se que sich ent(usserncomo oltar a ser aquilo que se era antes de o

    (omem ser enrolado como alo, em0si0mesmado, isto , im0*licado como em0si mesmo,

    internado, entocadoL Aqui e0*ro*riar0se seria irar0se de aesso na reers5o, na e0*lica"5o, se desdobrando, se eternando e oltando a ser ele mesmo totalmente aberto

    *ara$ora, isto , aertocomo apura aerturaque nada 1L Wual uma mola que, como

    uma c(a*a reta de a"o, EdesnaturalizadaJ a se enrolar, uma ez deiada ser ela mesma,

    se estende, se desenrola, deiando de ser em si, *ara ali abrir0se sim*lesmente

    estendidaL Wue tal, se as coisas ao redor de mim como isto ou aquilo, inclusie eu

    mesmo, comocoisa em si, surem somente, quando eu estou enrolado em mim mesmo e

    a *artir dessa im*lica"5o im*lico com isso e aquilo, me a*eando a mim e a outra coisacomoalos, *rolonamento e re*eti"5o de mim mesmo, enrolado tambm como aloL

    que acontece, se eu me desa"o e me eteriorizo, oltando0me a estender como a

    abertura do nada, isto , se eu saio de todas as coisas e de mim mesmo, me e0

    *ro*riando do que meu, do meu eu, totalmenteL Todas as coisas em si mesmas como

    alo n5o se libertariam da *ris5o da coisiica"5o0alo, em se estendendo como

    momentos da lu8ncia da imensid5o do aberto do nada que sou eu mesmoL & %estre

    &c'(art res*onde+ EDeus entra com todo o seu at1 lI, onde em todas as coisas tu te

    exproprias totalmente do teuJ. %as, como *ode Deus entrar com o seu em, se n5o (

    mais nada dentro, nem eu, nem o meu, se tudo nadaL

    De re*ente sure uma sus*eita+ %estre &c'(art c(ama esse *rocesso do enc(imento de

    mim *or Deus V na medida em que eu saio de mim mesmo 0, de troca de igual valor.

    ne)cio de eu sair e na medida em que eu saio Deus entrar em mim troca de igual

    valorno sentido de aqui se tratar de igual coisa, de iual causa, de iual

    valBncia...Portanto, n5o que eu saia de mim e Deus entra. %as sim, quando olto a medesenrolar e me torno o que era antes de ser alo, isto , nada, esse nada 1 igual a Deus.

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    Pois se nada nada, e Deus EentraJ em mim com todo o seu, isto siniica que o nada,

    ou mel(or, o nada de mim iual a Tudo, n5o outra coisa do que Deus com tudo que

    seu. R daH que *odemos com*reender a %estre &c'(art, quando diz+ e alum assim

    nada, natural, im*eratio que ele comece ali mesmo, no e como nada, *ois esse nada

    oriinariamente, *ro*riamente, o come"o e elemento dele mesmo. & *ermanecendo

    sem*re noo e de noo nesse come"o, a/a G ontade como *ode, isto , como vermag, a

    saber, como osta, em ser natural e nascio na *lena liberdade de ser nada, e deie0se

    deustar de tudo isso que assim nessa abertura lire l(e em G tona. &m sendo assim,

    somos, *or no ser, o *r)*rio Deus+ Deus sendo, aindo como n)s mesmos...&ssa

    niilidade a ess8ncia da Pobreza, a que &c'(art descree, ao deinir quem o @omem

    *obre como+ quem nada #uer, e nadasae! e nada tem !&-^@AT, 19:9, *. 33$.

    &ntrementes, soam ambHuos os erbos riados+ nada #uer, nadasae, nada tem. Pois

    nada aqui *ode siniicar n5o, noquer, nosabe, notem. %as *ode tambm

    siniicar quer, sabe e tem o nada. %as, se o nada nada, o *r)*rio modo de querer,

    saber e ter dee se nadiicar a seu modo *r)*rio do nada#uerer, nadasaere nadater,

    na ace*"5o do nada *ressu*osto *or &c'(art. &m que consiste esse querer, saber e ter o

    nada no modo do nadaL u antes, em que consiste esse nada que nadiica o querer,

    saber e ter, a modo do nada todo *r)*rioL A essa *erunta %estre &c'(art nos conida a

    entrarmos mais *roundamente no seu serm5o 1, comentando o teto de %t 21, 12

    E5ntravit Kesus in templum et coepit eicere vendentes et ementesJ !&-^@AT, 19:9,

    *. 1301F$. eundo &c'(art, o tem*lo onde Oesus entrou a alma (umana. &sse

    tem*lo, a alma (umana Deus a ormou t5o iual a ele e a criou como diz o en(or nas

    &scrituras+ E

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    aqui dee ser nada mesmo, a tal *onto de s) (aer Deus, o *r)*rio ser, o ser em si e o

    ser a se, ab0soluto, Tudo.

    a*roundamento dessa quest5o se d, quando %estre &c'(art tenta e*licar quem s5o

    os que estaam no tem*lo, ocu*ando indeidamente a casa do en(or. s que oram

    e*ulsos como endil(#es s5o os crist5os que eitam cometer *ecados rosseiros e s5o

    de boa ontade, diamos ente de bem, crist5os que azem suas boas obras *ara a (onra

    de Deus, como *. e. /e/uns, iHlias, ora"#es etc. %as o azem *ara que o en(or l(es

    d8 ou a"a em troca o que eles ostam. &stes s5o neociantes e s5o e*ulsos do tem*lo,

    *orque no tem*lo de Deus n5o *ode (aer ne)cios. Pois tudo recebemos de Deus, a tal

    *onto que, a"am o que izer, o *r)*rio azer, a *r)*ria *ossibilidade de azer, querer e

    buscar, eles os receberam ratuitamente de Deus. Assim, Deus n5o l(es dee nada.Aqui, o modo neociante n5o coaduna com a lim*idez do tem*lo, isto , da alma

    (umana no seu estado nascio e oriinal. & mesmo que, com toda essa boas ontade, o

    @omem, em todas as suas boas obras, busque alo que quer e ostaria de dar a Deus,

    tambm ele n5o *assa de neociante. &, assim, &c'(art nos eorta+ EQueres livrar(te

    totalmente do neg2cio,de tal modo #ue Deus te deixe nesse templo,ento deves $a'er

    tudo #ue podes em todas as tuas oras,limpidamente,apenas para o louvor e

    permanecer to desprendido como o nada 1 desprendido. =le no estI nem a#ui nemali. &u em asoluto no deves coiar nada por isso. Se tu assim atuas, ento as tuas

    oras so espirituais e divinos, e os negociantes so enxotados para sempre do templo

    e Deus,somente ele, ali estarI! pois este omem tem somente Deus em menteJ

    !&-^@AT, 19:9, *. 1401$.

    &c'(art ala tambm dos que n5o oram e*ulsos do tem*lo, mas que receberam de

    Oesus a amel ordem de recol(erem as suas mercadorias do tem*lo. &stes s5o os

    endedores de *ombas. eundo &c'(art, Oesus l(es ala bondosamente+ Eetirai isto

    daquiYJ, como se quisesse dizer+ EIsto qui" n5o mau, traz, no entanto im*edimentos

    *ara a *ura erdadeYJ. Wuem s5o essa enteL 5o a oa ente, os que azem suas obras

    lim*idamente somente *or causa de Deus, nada buscando como recom*ensa !o que de

    Deus$ e, no entanto, o azem em lia"5o ao *r)*rio eu, a tem*o, a nKmero, a antes e

    de*ois. Messas coisas eles s5o im*edidos de alcan"ar a su*rema erdade, a saber+ que

    deem ser lires e azios como oi lire e azio o nosso en(or Oesus -risto. &le que, a

    cada momento, sem cessar e sem tem*o se recebe noo do seu Pai celeste e no mesmoin0stante, sem interru*"5o, renasce com louor c(eio de ratid5o, *ara dentro da

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    sublimidade do Pai, na iual dinidade. Inteiramente assim, deeria e0sistir o @omem

    que se torna rece*tio G su*rema erdade e ostaria de ier sem antes e sem de*ois e

    sem im*edimento, atras de todas as obras e de todas as coniura"#es, das quais ele se

    tornou cada ez ciente e azio e recebendo liremente o dom diino nesse in0stante

    como louor *leno de ratid5o, renascendo em nosso en(or Oesus -risto !c.

    &-^@AT, 19:9, *. 1$.

    Deiar ser o nada de n)s siniica, *ortanto, tornar0se inteira e radicalmente *ura

    rece*"5o. &sse ser *uro nada de rece*"5o c(amado *or &c'(art de ser Elivre de todos

    os impedimentos, isto , da eu(ligao e nesciBnciaJ. Temos assim a *ura rece*"5o

    obediente que sabe ao Esabor do nadaJ.

    -omo , *orm, esse nada que somos n)s mesmos na nossa *ro*riedade a mais *r)*ria,

    a saber, sem eu0lia"5o, inteiramente cientes de n)s mesmosL -omo , *ois, o (omem

    do nadaL es*onde &c'(art+

    ele Ees*lende t5o belo e bril(a t5o *uro e claro *or sobre tudo e atras de tudo que Deus criou,

    que ninum *ode l(e ir de encontro com iual bril(o, a n5o ser unicamente o Deus IncriadoJ. &

    radicaliza+ EA esse tem*lo, ninum iual a n5o ser somente o Deus IncriadoJ. ETudo que

    debaio dos an/os, de modo alum iuala a esse tem*lo. %esmo os su*remos an/os se

    assemel(am a esse tem*lo da alma nobre s) at certo rau, mas n5o com*letamente. Wue eles se

    assemel(em numa certa medida G alma, isto ale *ara o con(ecimento e o amor. A eles, *orm,

    colocada uma consuma"5o+ *or sobre si *ara alm n5o *odem ir. A alma, no entanto, *ode sim ir

    *or sobre si *ara alm. e a alma V e qui" a alma de um (omem que iesse ainda na

    tem*oralidade V estiesse G mesma altura do an/o su*remo, este (omem *oderia ainda sem*re

    mais no seu *oder lire alcan"ar *or sobre o an/o *ara alm, mais alto, incomensuraelmente em

    cada in0stante, noo e sem nKmero, isto , sem modo, e *or sobre o modo dos an/os e de toda a

    raz5o criada. omente Deus lire e incriado, e daH, ele somente iual G alma, seundo a

    liberdade, n5o, *orm, em ista da n5o0criaturidade, *ois ela criada. e a alma em G luz semmistura, ent5o ela re*ercute *ara dentro do seu nada no nada t5o lone do seu alo criado que ela

    *ela *r)*ria or"a n5o *ode *or nada oltar ao seu alo criado. & Deus se coloca com a sua

    incriabilidade debaio do nada dela e mantm a alma no seu aloJ !&-^@AT, 19:9, *. 1:$:

    :Briamos as Kltimas rases dessa cita"5o, deido G sua im*ortnia. &is o teto oriinal dessas rasesriadas na sua ers5o, do alem5o medieal *ara o alem5o atual+ Bott allein ist rei und unesc(aen, undda(er ist er allein i(r leic( der t sie in i(r Mic(ts so =eit =eon i(rem esc(aenen &t=as in dem Mic(ts, dass sie aus eiener ^rat mitnic(ten zur?c''ommenerma in i(r esc(aenes &t=as. Nnd Bott stellt sic( mit seiner Nnesc(aen(eit unter i(r Mic(ts und(>lt die eele in seinem &t=as.

    s termos Ungescha$$en, Ungescha$$enheit oram traduzidos *or incriado, incriabilidade. Incriabilidadediz reer8ncia ao ser de Deus, G Deidade na sua %geschiedenheit. termo Unerscha$$enheit !que noalem5o oriinal Ungescha$$enheit, *ortanto se ac(a somente na ers5o *ara o alem5o atual$ oi

  • 8/13/2019 Textos Sobre Eckhart Na Scintilla

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    &ssa estran(a reer8ncia do Tudo e do Mada como Deus e alma uma ariante do

    ErelacionamentoJ entre Deus e a criatura, assinalado *elos medieais no bin]mio ens a

    see ens a alio. Assim a descri"5o eita acima se reere certamente ao (omem, mas

    enquanto ens a alio, isto , criatura, ente que n5o em a si, n5o subsiste a *artir de si e

    em si, mas do outro, a saber, de Deus. Pois *ara o Pensamento %edieal o ser

    somente de Deus, ou mel(or, o ser o *r)*rio Deus+Deus est esse ipsum. Assim, se

    dio Deus, / disse ser, se dio ser, / disse Deus. Deus todo o ser, tudo do ser, Knico

    ser e totalmente, unicamente ser, ser ab0soluto, a *artir de si, ens a se.

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    *ossa orientar na com*reens5o do que se/a esse nada criado enquanto reerido G criatura

    (umana.

    Acabamos de dizer Ena com*reens5o do que se/a esse nada criado enquanto reerido G

    criatura (umanaJ. Isto siniica que ( com*reens5o do que se/a nada criado enquanto

    n5o reerido Gs criaturas que n5o s5o (omemL Talez os medieais diriam nada

    en#uanto re$erido Js criaturas racionais!(omem e es*Hritos$ e nada en#uanto re$erido

    Js criaturas no racionais.ecordemos, aqui, o que obseramos bem no inHcio da

    rele5o como uma sus*eita, na *erunta+ que tal, se as criaturas como esta coisa em si,

    como isto ou aquilo, s) surem e a*arecem quando o @omem est enrolado em si

    mesmo e, a *artir dessa im*lica"5o, se a*ea Gs criaturas como a alos, *rolonamentos

    e re*eti"#es desse modo da sua enrola"5o como aloL Dito com outras *alaras, essaariante da ala que se reere a Deus e G alma (umana sob o bin]mio ens a see ens a

    alio, sob o bin]mio &udoe3ada, *rinci*almente a ace*"5o usual do nada, / n5o est

    sob a com*reens5o de$icientedo sentido do ser, e a *artir dali tambm do nada, *or se

    enrolar sem*re de noo na com*reens5o do ser iual a alo, ente iual G coisaL M5o

    dessa *r0com*reens5o / estabelecida do que se/aser e nadaque surem a*orias

    ormalistas como as mencionadas acima sobre nada que ora de Deus, nada que

    criado, nada que t5o nada que nem sequer nadaL & que a com*reens5o do que se/a acria"5o, o -riador, a criatura e criatural n5o orientada *ara entender tudo isso reerido

    / de antem5o a um azer, *roduzir, emitir alos, a modo de uma causa"5o e eetia"5o

    de coisas, atras da coisa c(amada a"5o *or uma coisa c(amada DeusL & n5o G base

    dessa *osi"5o do sentido do ser como de alo que sure a dieren"a entre o nada, oa

    alioreerido Gs criaturas racionais e o nada, o a alioreerido Gs criaturas n5o racionaisL

    -om outras *alaras, as usuais com*reens#es de tudo, nada, ser, ente, Deus e @omem,

    sim de todas as *alaras na sua siniica"5o, l onde se constitui o seu sentido *r)*rio,

    n5o est5o / de antem5o ocu*adas *or um determinado sentido do ser, como seser

    siniicasse obiamente alo, coisa, o em si nKcleo, isto ou aquiloL & a *r)*ria

    dissolu"5o e liquida"5o desse alo nKcleo *ara o nada n5o resulta num *osicionamento

    do nada como alo ao, indeterminado, assim es*al(ado como es*a"o azio, mas

    sem*re ainda um aloL

    A *artir dessa indaa"5o, oltemos ao teto do serm5o 1 de &c'(art *ara nos

    a*roimarmos da com*reens5o do nada que ali *oderia estar sub0/acente, aora commais cuidado. Ali, o deiar de ser da alma, o seu tornar a ser nada, lone de ter a

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    conota"5o de aniquila"5o ou destrui"5o ou redu"5o G acuidade coisiicada, *arece

    siniicar *elo contrrio a liberta"5o do auto0enrolamento da indeida solidiica"5o de

    uma lu8ncia num alo io coisiicado como eu. u mel(or, no nada descrito *or

    &c'(art no serm5o *arece tratar0se da liberta"5o de uma alsa com*reens5o do que se/a

    a alma (umana que deia de se com*reender como ser ela mesma, no momento em que

    se com*reende, reduzida de aluma orma ao sentido do ser que n5o az /us ao *r)*rio

    doseusercomo eu. il5o aqui n5o *ro*riamente o eu, mas sim a redu"5o do eu J

    coisa, ao alo, ao nKcleo em si, a tal *onto que o eun5o mais a*arece como ele , n5o se

    tornando solto, G ontade na sua erdadeira identidade. Assim, a dissolu"5o desse eu

    em*acotado como nKcleo em si, o des*rendimento dessa eu(ligaoequiale a deiar

    ser a alma na sua, a mais Hntima identidade, o nada. &sse nada seria a *ura *ossibilidade,

    c(amadapotentia ooedientialis. %as se *ossibilidade, ent5o *ossibilidade de serL M5o,

    *ossibilidade de deiar de ser. %as como, nesse deiar de ser, ser nada siniica deiar

    ser, isto , *ossibilidade de obedecer, esse deiar de ser se torna deiar ser no sentido de

    *ura rece*"5o. Ma niilidade dessa *ura rece*"5o, na qual a *r)*ria *ossibilidade de

    receber dada, tanto a *r)*ria rece*tiidade como a sua *ossibilidade s5o recebidas. A

    alma nada no sentido de *ura abertura, *ura dis0*osi"5o e e0*osi"5o de si mesma, a

    =nt(usserunge *elassenheit.Messe sentido, n5o ( nen(um ente criado que no seu

    *r)*rio se/a t5o0dis*osto, t5o e0*osto, t5o e0*ro*riado, t5o im*renado de nada, t5o

    absolutamente des*o/ado noseuserdos mHnimos resquHcios do ser e da *ossibilidade de

    ser do que a alma (umana. Tudo isso quer nos dizer que, em %estre &c'(art no serm5o

    1, a Erela"5oJ entre Deus e alma e a eorta"5o G alma de deiar de ser *ara se deiar ser

    e ser ca*az de Deus V e /untamente todas as *alaras como tudo e nada, ser e ente,

    -riador e criatura, dentro e ora V deem ser com*reendidas nelas mesmas, sem reduzi0

    las G com*reens5o do ser e nada a modo do ser como alo, coisa, nKcleo do em si

    ocorrente. R isto que se quer dizer, quando obseramos acima que deemoscom*reender o nada n5o a *artir do material, mas sim o material a *artir do nada.

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    A niilidade acima descrita o que c(amamos de$initude:C. &ssa initude t5o nada que

    c(am0la de limitada atribuir0l(e demasiadamente *osi"5o de ser. R decisio, *orm,

    estran(ar e, no estran(amento, islumbrar o que %estre &c'(art nos quer dizer, quando

    destaca essa niilidade no meio de todas as criaturas, *rinci*almente contrastando0a com

    a randeza do an/o su*remo e diz+ Deus o Knico ser que *ode se iualar a essa

    niilidade, *ortanto, *ode unir0se G alma que deiou de ser e oltou a ser nada. que (

    de decisio nessa coloca"5oL decisio *erceber com *recis5o o matiz todo *r)*rio

    da niilidade. R que um nada assim nadiicado $ra#ue'a, isto , n5o um mundo

    insensHel no modo de uma imensid5o azia, ocorrente ali estendida como es*a"o

    sideral ou matria dissolida, mas sim um EnadaJ como que inura da t8nue ibra"5o do

    tremor da sensibilidade, como sentimento, como recato, como *udor do mistrio da

    ida. %as, a ida diz *ouco, *or dizer demais, *ois a *ura rece*"5o, apotentia

    ooedientialis, se reere G ida na sua ace*"5o a mais (umana, a mais *r)*ria, a mais

    Hntima, a que os medieais denominaam de espiritualou divina:F. De noo, aqui

    deemos com*reender ida es*iritual, ida diina nela mesma, sem coloc0la na

    *ers*ectia da *r0com*reens5o do sentido do ser como alo, coisa, ocorrente em si.

    Talez, (o/e, *ossamos a*enas acenar *ara essa com*reens5o imediata, cor*o a cor*o

    do que &c'(art c(ama de es*iritual e diino, recorrendo a i8ncia da e*eri8ncia de

    encontro, a alo como a sensibilidade, delicadeza e intimidade da rece*"5o e doa"5o

    EentreJpessoas, numa reer8ncia toda *r)*ria, caracterizada como relacionamento eu(e(

    tu.Alis, toda essa linuaem do encontro soa intimista, carola *ara n5o dizer sem

    *udor e banal, *ois todos esses termospessoais! intersujetivost8m o sabor ecessio

    de uma coisiica"5o *sico0italizada de atos comunicatios e e*ressios de um su/eito0

    aente [eu\ e de um outro su/eito0aente [tu\:9. &c'(art tenta acenar *ara a siniica"5o

    :CA siniica"5o deHinitude, $initoem eral contra*osta G de5n$initude, in$initodentro do sentido do

    ser, cu/a *re0com*reens5o bsica a de [alo\, [coisa\. Portanto como cateorias ]nticas de umaontoloia tradicionalista, esquecida da quest5o do ser, oculta na raiz do seu surir. Aqui, nas [coisas\ da&s*iritualidade a siniica"5o de Hinitude, $initon5o est contra*osta G de5n$initude, in$inito, mas simcom0*reende tanto uma como outra dentro e a *artir da siniica"5o do ser, cu/o (lito, cu/o so*ro italderia de um salto ontal do sentido do ser, mais asto, mais *roundo e mais oriinrio assinalado, *. e.no Ser e &empo !%artin @eideer$ de ontol2gico(existencial. [&istencial\ aqui n5o coincide comexistencialista, nem com psicol2gico(moral, nem com vivencial, *ois aqui se trata de cateoriaundamental de uma ontoloia undamental noa, onde se *re*ara a coloca"5o da quest5o do sentido doser mais asta, mais *rounda e mais oriinria, a *artir de uma retomada da com*reens5oontoloicamente dierente do ser do (omem enquanto anterior e mais undamental do que o sentido do serda tradicionalista ontoloia do ser como de [alo\, como de [coisa\.:FWuanto mais *uro e lHm*ido, quanto mais intenso e denso no seu ser, quanto mais *oderoso e oriinrio,mais criatio e ontal tanto mais recatado, modesto, retraHdo *ara a interioridade abissal de si mesmo,

    tanto menos es*al(aatoso e isHel no seu a*arecer, 1 o ser dos seres.:9Nm [encontro\ entre um su/eito0aente [eu\ e um su/eito0aente [tu\ na sua estrutura"5o uma es*ciede [encosto\ entre ele0alo e outro ele0alo, ou mel(or, /usta*osi"5o+ isto e isto. Aqui n5o se d nem eu,

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    *r)*ria da ida es*iritual e diina, c(amando o EnadaJ da *ura rece*"5o de *urolouvor,

    c(eio de ratid5o. & usa continuamente a qualiica"5o lautere ledig*ara insinuar o

    matiz todo *r)*rio do nada da ratid5o.+autersiniica *uro, mero, claro, e se reere G

    clareza, G lim*idez do som !c$. clarim$, G aina"5o, mas n5o somente no sentido de estar

    alin(ado, correto, mas muito mais no sentido do rescor, da *lenitude enerosa, da

    cordialidade da liberdade da *ercuss5o, *ortanto, do ior da ratuidade lire do toque.

    +edig(o/e siniica solteiro, mas *ro*riamente diz lire, n5o *reso, desim*edido, na

    *lenitude solta da italidade. &c'(art usa tambm a *alara virgem*ara caracterizar

    essa liberdade como aleria lHm*ida, contida de uma italidade ainda n5o desastada ou

    ressentida.

    &sse ser nada, a que &c'(art tambm c(ama de lierdade, *or ser *uro, ele mesmo enada mais, s) *ode ser com*reendido nele mesmo. Isto siniica que o nada assim

    ratiicante, araciado e aradecido lim*idez ab0soluta da identidade consio mesma

    lauter e ledig. nada, assim, retraHdo em si mesmo, se*arado de tudo quanto n5o

    ele mesmo, na dis*onibilidade da sua identidade. R o que em &c'(art se c(ama

    agesciheden,%geschiedenheit, e que os medieais desinaam mutatis mutandis

    tambm com a e*ress5o ens a se, aseitas. eina aqui a *lenitude. %as essa *lenitude

    n5o ser, no sentido de atua"5o, *resen"a, de ior c(eio, mas a ab0soluta contin8nciada idelidade da ratuidade a si mesma, na Hntima e lHm*ida obedi8ncia G sensibilidade e

    delicadeza do *udor da liberdade. er ageschieden retraimento do deiar ser o n5o

    ser, n5o como nea"5o ou airma"5o da nea"5o do ser, mas sim como liberdade da

    *ura dis*onibilidade de si na (umilde e rata doa"5o de si, e na (umilde e rata

    rece*"5o dessa doa"5o, ambas ao sabor da ratuidade. Aqui se doar e receber dizem o

    mesmo como ao sabor da lierdade do louvor e da gratido. nada a *artir do qual

    brota a liberdade do louor e da ratid5o se c(ama%geschiedenheit. Abesc(ieden(eit

    1 a graa, a ele'a da continBncia da lierdade de Deus! a *elassenheit. -om *recis5o

    diz %estre &c'(art+ ESomente Deus 1 livre e incriado, e daH! ele somente 1 igual J alma,

    segundo a lierdade, no,por1m,em vista da no(criaturidade! pois, ela 1 criadaJ Isto

    quer dizer+ a alma o nada da n5o0criaturidade, nada araciado como *ossibilidade de

    ser sustentado *ela Incriabilidade+ initude ininita no mistrio do encontro e amor da

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    mesmidade da dieren"a, cu/a identidade se retrai *ara dentro do mistrio do encontro

    da