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1 Encontro Nacional de Pesquisa em Comunicação e Imagem - ENCOI 24 e 25 de novembro de 2014 • Londrina, PR The Beatles e o design do Pimenta: a inovação do Stg. Pepper’s 1 Diogo Xavier Saes 2 Rosane Fonseca de Freitas Martins 3 Resumo: O estudo aqui proposto debruça-se nos conceitos de inovação e design para lançar mão de um olhar analítico direcionado ao álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, da banda britânica The Beatles. O presente artigo dialoga com os elementos visuais da capa e as características inovadoras pertinentes à produção de todo material do disco. Como resultado, foi possível trazer às margens do esclarecimento as principais razões que colaboraram para o Sargento Pimenta poder ser considerado um dos mais inovadores álbuns da história do rock, tanto pelo seu conteúdo visual como sonoro. Palavras-chave: Design; Inovação; The Beatles; Sgt. Pepper’s. Abstract: The study presented here focuses on the concepts of innovation and design to make use of an analytical point of view directed to the album Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, by the British band The Beatles. This paper discusses the visual elements of the cover art and the innovative features concerning the LP’s production. As a result, it was possible to understand the main reasons that contributed to the Sgt. Pepper’s can be considered one of the most innovative albums in rock history, as much for its visual content as sound. Keywords: Design; Innovation; The Beatles; Sgt. Pepper’s. Introdução A inovação somada à criatividade pode ser considerada uma virtude que poucos profissionais portam. Apresentar algo novo, desconhecido, fazer diferente e romper padrões exige uma fuga da zona de conforto e o emprego de um esforço extra nas atividades a serem desempenhadas. O “ter algo a mais” é o detalhe que pode representar a diferença entre o sucesso e o fracasso. Em todos os campos é possível visualizar algo de uma perspectiva diferente, tentar enxergar através de uma lente ainda não utilizada. Verdade esta que se 1 Trabalho apresentado no GT 4- Abordagens Analíticas em Comunicação Visual, do Encontro Nacional de Pesquisa em Comunicação e Imagem - ENCOI. 2 Mestrando em Comunicação Visual (UEL Universidade Estadual de Londrina). MBA em Marketing, Comunicação e Mercado (UniCesumar). Bacharel em Publicidade e Propaganda (UniCesumar). Bacharel em Administração (UEM Universidade Estadual de Maringá). Email: [email protected]. 3 Doutora em Engenharia de Produção/Gestão Integrada do Design (UFSC Universidade Federal de Santa Catarina). Docente no Programa de Mestrado em Comunicação (UEL) Email: [email protected].

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The Beatles e o design do Pimenta: a inovação do Stg. Pepper’s1

Diogo Xavier Saes2

Rosane Fonseca de Freitas Martins3

Resumo: O estudo aqui proposto debruça-se nos conceitos de inovação e design para

lançar mão de um olhar analítico direcionado ao álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts

Club Band, da banda britânica The Beatles. O presente artigo dialoga com os elementos

visuais da capa e as características inovadoras pertinentes à produção de todo material

do disco. Como resultado, foi possível trazer às margens do esclarecimento as principais

razões que colaboraram para o Sargento Pimenta poder ser considerado um dos mais

inovadores álbuns da história do rock, tanto pelo seu conteúdo visual como sonoro.

Palavras-chave: Design; Inovação; The Beatles; Sgt. Pepper’s.

Abstract: The study presented here focuses on the concepts of innovation and design to

make use of an analytical point of view directed to the album Sgt. Pepper's Lonely

Hearts Club Band, by the British band The Beatles. This paper discusses the visual

elements of the cover art and the innovative features concerning the LP’s production.

As a result, it was possible to understand the main reasons that contributed to the Sgt.

Pepper’s can be considered one of the most innovative albums in rock history, as much

for its visual content as sound.

Keywords: Design; Innovation; The Beatles; Sgt. Pepper’s.

Introdução

A inovação somada à criatividade pode ser considerada uma virtude que

poucos profissionais portam. Apresentar algo novo, desconhecido, fazer diferente e

romper padrões exige uma fuga da zona de conforto e o emprego de um esforço extra

nas atividades a serem desempenhadas. O “ter algo a mais” é o detalhe que pode

representar a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Em todos os campos é possível visualizar algo de uma perspectiva

diferente, tentar enxergar através de uma lente ainda não utilizada. Verdade esta que se

1 Trabalho apresentado no GT 4- Abordagens Analíticas em Comunicação Visual, do Encontro Nacional

de Pesquisa em Comunicação e Imagem - ENCOI. 2 Mestrando em Comunicação Visual (UEL – Universidade Estadual de Londrina). MBA em Marketing,

Comunicação e Mercado (UniCesumar). Bacharel em Publicidade e Propaganda (UniCesumar). Bacharel

em Administração (UEM – Universidade Estadual de Maringá). Email: [email protected]. 3 Doutora em Engenharia de Produção/Gestão Integrada do Design (UFSC – Universidade Federal de

Santa Catarina). Docente no Programa de Mestrado em Comunicação (UEL) Email: [email protected].

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aplica, também, ao design e na indústria musical. Então, como relacionar inovação,

criatividade, design e música? A resposta pode ser encontrada nos discos dos Beatles.

Assim, o presente artigo toma como objeto de estudo o álbum Sgt.

Pepper’s Lonely Hearts Club Band, lançado em 1967, e procura estabelecer as

principais características presentes no envolto design-inovação-criatividade que este

disco apresenta. O Sgt. Pepper’s, entre tantos outros materiais produzidos pelos Beatles,

foi o escolhido como recorte porque, além de possuir um rico conteúdo imagético, tem

uma influência monumental na história do Rock’n’Roll, sendo considerado pela Revista

Rolling Stone (2005) como o melhor álbum de rock de todos os tempos, ocupando o

primeiro lugar em uma lista de quinhentos relacionados.

Além disso, Levy (2005, p.9, tradução livre) comenta que “Sgt. Pepper’s

Lonely Hearts Club Band é o album de rock’n’roll mais importante que já foi feito, uma

aventura sem igual em conceito, composições, capa e tecnologia de estúdio feita pelo

melhor grupo de rock de todos os tempos”. Em complemento à relevância e poder de

influência deste trabalho apresentado ao mundo em uma época conturbada e trêmula,

Poirer (apud HEYLIN, 2012, p. 182) afirma que com o Sargento Pimenta os Beatles

“existem não apenas como um fenômeno do entretenimento, mas como uma força de

consequências históricas”.

Derogatis e Kot (2011) indagam se já não foi comentado tudo sobre The

Beatles, por serem um grupo de extrema midiatização e um dos principais da cultura

pop. No decorrer de suas pesquisas os autores respondem à própria questão,

confirmando que muito ainda se tem a ser extraído e descoberto sobre o quarteto, como

uma fonte insaciável de possibilidades. E são essas possibilidades de novos

desdobramentos, assim como a representatividade histórica e marcante do álbum, que

fomentaram a investigação desta pesquisa.

Inovação e criatividade

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Inovar incide em trazer às margens do vislumbre algo que ainda não foi

realizado de determinada forma. O termo está fortemente ligado a rendimentos

empresariais, resultados organizacionais, produtos e serviços, diferencial de mercado e,

geralmente, sua contemplação carrega agudamente um teor administrativo e

corporativo. Contudo, este fato não limita, de modo algum, seu emprego e compreensão

alheios à esfera hierárquica de um conglomerado de executivos, podendo ser notada

com facilidade no cenário musical, o qual também disponibiliza produtos para a

comercialização.

Conforme ensina Drucker (2012, p. 39), a inovação “é o ato que

contempla os recursos com a nova capacidade de criar riqueza. A inovação, de fato, cria

um recurso”. Assim, entende-se que o homem reconhece o valor de algo a partir do

momento em que se encontra uma aplicabilidade para tal. A convergência do inútil para

o útil adere importância e um destino para algo que, até então, não tinha notoriedade. A

inovação, assim, influencia também a percepção do homem, que repensa seus valores de

juízo de acordo com as novas condições.

O mesmo autor ainda contempla em sua obra (2012, p.187-189) a

capacidade de uma pessoa inovadora associar ingredientes distintos e resultar em uma

invenção, a capacidade de melhorar uma ideia inicial e deixá-la definitivamente

aplicável e funcional. Estes melhoramentos podem ocorrer em épocas diferentes do

surgimento do pensamento inicial, dada a tecnologia disponível ou mesmo o grau de

conhecimento daquele que concebeu o feito. A articulação de ideias requer um pensar

ativo, que busca soluções exclusas do rol inicial.

Mas, como é possível salientar algo que se encontra camuflado na

penumbra da rotina do homem? A resposta pode ser observada na criatividade, que dá

os passos para o andar inovador. Estes dois conceitos – inovação e criatividade –

possuem uma relação sinérgica ao ponto de, algumas vezes, serem confundidos ou

tratados como sinônimos. Para inovar é preciso fazer algo diferente, e para fazer algo

diferente é preciso ser criativo e pensar em possibilidades peculiares. A palavra

inovação tem um verbo para si só: inovar; que implica em uma ação. Já a criatividade

pode ser empregada como um substantivo ou adjetivando a característica de uma

pessoa, por exemplo. Há o verbo “criar”, mas este estaria mais próximo do conceito de

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“criação” do que do de “criatividade”. Este modo de encarar as palavras ajuda a

entender que a inovação demanda uma atitude, um movimento, e que a criatividade

tange a esfera lúdica e subjetiva, mostrando modos de como o movimento requerido

pela inovação pode ser desempenhado.

A criatividade, por sua vez, bebe da fonte da imaginação, flui através do

Capital da Imaginação, que exige a quebra de paradigmas e conceitos ortodoxos, o

famoso “pensar fora da caixa”. Conforme dialoga Hamel (2002), quando uma pessoa se

deparou pela primeira vez com um microscópio e observou através de suas lentes, ela

não se tornou mais inteligente naquele momento, mas sim viu as coisas de um jeito

diferente e, com isso, abriu um leque de novas possibilidades. Encarar as coisas de outro

ponto de vista alimenta o pensamento cognitivo e exercita a criatividade, criando uma

ponte entre o onírico e o aplicável, desbravando alguns horizontes e pavimentando as

trilhas para as soluções. A criatividade permite uma abordagem diferenciada das coisas

e, consequentemente, uma interpretação distinta dos fatos. Assim, o encontro de

soluções alternativas se torna plausível e alcançável.

Ainda sobre o “pensar fora da caixa”, De Bono (1997) traz o conceito de

Pensamento Lateral explicando metaforicamente que uma pessoa não conseguirá cavar

em lugares diferentes se continuar a cavar cada vez mais fundo no mesmo local. Assim,

o autor destaca a importância de procurar maneiras alternativas para realizar tarefas, ao

invés de acreditar ceticamente que o padrão e usual são as práticas mais indicadas. A

rotina pode se mostrar como uma bela armadilha para censurar o olhar abrangente,

condicionando o indivíduo a um processo metódico tradicional e atrofiando a

flexibilidade do pensar inteligente.

Design gráfico

A parte gráfica é uma área segmentada dentro da jurisdição abrangente

que o design enlaça. Conforme aponta Gruszynski (2008), ela é responsável pela

elaboração de uma mensagem, uma narrativa, uma enunciação que lança mão de

significações junto às técnicas e procedimentos para a coesão do que se deseja propagar.

É um sistema que opera para melhorar a situação atual, estreitando a relação entre

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emissor e receptor de modo que a conexão estabelecida entre as partes seja robusta. O

desgin gráfico trabalha para entregar um conteúdo visual agradável, prazeroso,

funcional e significativo, podendo, também, evocar um legado emocional perceptivo

através dos sentidos humanos.

Lupton (apud Gruszynski, 2008) aponta uma das definições de design

que é apresentada como uma forma de articulação e colagem de elementos existentes, o

que denota a habilidade do profissional em edificar um todo com o emprego de

elementos distintos, de aplicar a associação de recursos diferentes para a solidificação

do impacto almejado. O design gráfico solda partículas singulares para apresentar uma

peça que possibilite a decodificação do mote pretendido. É possível dialogar esta

abordagem de design com o conceito de inovação que Drucker (2012) aponta em sua

obra, conforme supracitado. É importante que um designer possua as características

inovadoras aguçadas e que exercite sua capacidade criativa na busca por alternativas.

Esta questão dos links e pontes construídos pelo design pode ser

visualizada de maneira mais prática ao tomar-se como exemplo as capas de discos que

as bandas produzem. Algumas delas são apenas ilustrações dos artistas representados

em fotografias e sem profundidade de conteúdo. No entanto, outras são elaboradas de

forma a dialogar com as músicas do álbum e com a realidade (ou momento) que os

artistas atravessam. A combinação de diversos elementos e recursos resulta no conjunto

do todo, que ganha corpo, personalidade, forma e exclusividade.

Não obstante, segundo Neves (2011), o design gráfico também possui um

papel de engajamento social o qual o foco não é direcionado ao mercado, difundindo

ideologias que poderão resultar em uma mobilização da sociedade. Ainda conforme

indica a autora (2011, p. 45), uma de suas principais funções “é a de tangibilizar ideias

visualmente”, adotando carga estratégica e capacidade agregadora de valores. É possível

visualizar o contexto social no objeto de análise deste artigo e sua influência em toda

uma geração, características estas que serão expostas posteriormente. Por ora, é

interessante ressaltar as peculiaridades do design na década de 1960 – período em que

foi lançado o Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band – e os anseios históricos que o

período trouxe para a humanidade, que se tem na sequência.

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Design retrô dos anos 1960

Para entender a forma de pensar dos profissionais que atuavam nesta área

entre 1960 e 1969, vale ressaltar sumariamente alguns dos principais fatos que

incorporavam o ensejo social da época demarcada. A segunda metade dos famosos

“anos dourados” estava turbulenta, carregada de acontecimentos e movimentou

intensamente a postura e modo que seus protagonistas encaravam o mundo.

Foi uma época de emancipação social, uma década de liberdade, de

permissividade e, mais importante, de progresso. Além do mais, foi a década

em que uma nova geração, nascida no pós-guerra, que agora entrava na

adolescência e na vida adulta, assumiu o controle (RAIMES e

BHASKARAN, 2007, p. 136)

Naquela década, a busca pela liberdade cognitiva liderava os desejos de

uma juventude apreensiva, que questionava os padrões patriarcais tomados como

espelhos de conduta pela sociedade. Para colaborar com o caos presente na década de

60, conforme apontam Goffman e Joy (2007), o presidente norte-americano Kennedy

foi assassinado a tiros durante um desfile em carro aberto pelas ruas de Dallas, em 1963;

as ações bélicas dos EUA durante a guerra do Vietnã chegaram a ser classificadas como

genocídio; conflitos e brigas por questões raciais eram frequentes e violentos; os altos

impostos praticados no Reino Unido aumentavam a insatisfação dos ingleses. Assim, os

jovens se reuniam em protesto pelas ruas dos Estados Unidos.

Estes acontecimentos despertaram o interesse de muitos jovens

estudantes que criticavam o estilo de vida da classe média (mesmo sua maioria estando

inclusos nela). Os cabelos longos, as indumentárias coloridas, os estilos musicais

diferentes, um certo fetiche por misticismo, entre outras características, juntas com o

LSD (que até então era lícito) encorpavam a tônica de rebeldia que foi estereotipada na

segunda metade do anos 1960. As inquietações acerca das desventuras que menearam

este período estimularam a sede e degusta dos jovens por novos tônus de percepções,

promovendo uma migração do estado de latência para a maturação do pensar.

Este processo transitório de estágio da mente daqueles jovens passou,

inevitavelmente, pelos campos artísticos, que foram representados em vanguarda por

Kubrick nas telonas, por Roy Lichtenstein nos desenhos com seu efeito reticulado

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característico e “com suas formas ousadas e cores brilhantes” (RAIMES e

BHASKARAN, 2007, p. 136), e por Bob Dylan na música. A arte se solidificava como

um canal de propagação dos sentimentos pertinentes ao movimento jovem.

O design colaborou com a exteriorização do pensar revolucionário dos

anos 60, possibilitou uma explosão de cores e elementos que correspondia à cacofonia

mental dos jovens e que traduzia, de forma lúdica, o que era presenciado no onírico dos

indivíduos participantes deste período histórico. Assim, a identificação com a bandeira

hasteada pelo movimento contracultural era como um combustível de adesão à causa,

uma vez que sua representação era verossímil com as condições as quais atravessavam,

criando elos fortes e sólidos entre os participantes.

Essa linguagem utilizada pautou-se em alguns elementos técnicos do

design. Segundo Raimes e Bhaskaran (2007, p. 138), as cores eram inspiradas nos tons

vibrantes do arco-íris, “causando efeitos ópticos dissonantes”. As formas e linhas

simples adotadas indicavam que a arte estava longe de ser elitista, mostrando que era

acessível e compreensível para todos, incluindo uma gama de indivíduos que, outrora,

foram esquecidos pelo requinte e sofisticação da classe tradicional burguesa. A

tipografia tendenciou para uma nova roupagem e os trabalhos passaram a apresentar, ao

invés de manuscritos, fontes curvilíneas, ornamentadas, geralmente ondulantes e com

formas livres, remetendo ao psicodélico. Algumas dessas características do design

gráfico nos anos 1960 podem ser observadas na Figura 1.

Figura 1 – Capa da Revista Punch, 9 de Abril de 1969

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Fonte: Raimes e Bhaskaran (2007, p. 138)

A figura 1 é uma representação da confusão de ideias que os jovens

adultos atravessavam principalmente entre 1965 e 1969; uma representação da colagem

de pensamentos que se sobrepunham uns aos outros, da sensação de não conseguirem

expressar com exatidão o que estavam sentindo, uma manifestação caótica e

peculiarmente subjetiva que, em sua própria maresia, descobria a coesão para àqueles

que estavam na jornada em busca de mudanças.

The beatles

Tocando, então, a proximidade do objeto de estudo desta pesquisa, é

primordial uma breve contextualização do grupo que foi responsável pela criação do

disco aqui analisado.

The Beatles foi uma banda inglesa fundada na cidade de Liverpool que

conquistou sucesso mundial na década de 1960. A formação que emplacou diversos

sucessos nas rádios era escalada com Paul McCartney (contrabaixista e vocalista),

George Harrison (guitarrista), John Lennon (vocalista e guitarrista) e Ringo Starr

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(baterista). O quarteto consolidou um impacto de dimensões oceânicas com suas

músicas, estilos e mensagens, originando a beatlemania, que foi a nomenclatura adotada

para designar o frenesi do público.

A banda gravou diversos discos até a sua separação. Os trabalhos deste

período produtivo na carreira dos rapazes de Liverpool podem ser observados em ordem

cronológica na figura 2, que traz da esquerda para a direita e de cima para baixo: Please

Please Me (1962), With The Beatles (1962), A Hard Day’s Night (1963), Beatles For

Sale (1963), Help! (1964), Rubber Soul (1965), Revolver (1966), Sgt. Pepper’s Lonely

Hearts Club Band (1967), Magical Mistery Tour (1967), The Beatles (ou “The White

Album”, como ficou conhecido, 1968), Yellow Submarine (1969), Abbey Road (1969) e

Let It Be (1970, lançado após a separação oficial do grupo).

Ao longo dos anos o trabalho da banda foi ganhando amadurecimento e o

teor das mensagens transmitidas em suas músicas, consequentemente, ficou mais denso

e complexo. Esta evolução também ocorreu com as capas dos discos, que passaram por

um processo gradativo de evolução estética e conceitual, chegando à elaboração de

composições visuais e entrelinhas tênues que podem não ser percebidas em um primeiro

momento. Ainda, os Beatles incorporaram elementos jamais trabalhos em um encarte e,

a partir de 1967, reinventaram o modo de tratar e lidar com os lançamentos dos novos

projetos.

Um dos principais marcos da carreira do quarteto de Liverpool é o Sgt.

Pepper’s Lonely hearts Club Band, lançado em 1967. O investimento, preocupação e os

cuidados únicos e inéditos com o design gráfico deste produto ajudaram o disco a ser

considerado como o melhor álbum de rock’n’roll de todos os tempos, conforme

mencionado anteriormente. Assim, tem-se na sequência a imersão no objeto de estudo

desta pesquisa.

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Figura 2 – Capas dos discos de The Beatles de 1962 até 1970

Fonte: TheBeatles.com (adaptado pelos autores)

O sargento pimenta

Os dois antecessores do Sgt. Pepper’s já deixaram indícios do universo

psicodélico o qual os garotos ingleses viriam a assumir de uma vez por todas. Com uma

rápida observação na figura 2 é possível perceber que o Rubber Soul apresenta uma

tipografia diferenciada e uma distorção na foto que sugere o início da nova fase. Já no

Revolver a diferença é mais significativa, com a utilização de ilustração e sobreposição

de fotografias. O disco de 1966 já é considerado um trabalho de rock psicodélico, mas

foi com o Sargento Pimenta que a banda se realizou neste campo desbravado em meio à

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contracultura dos anos 1960 e foi capaz de inovar e reinventar a indústria da música. A

figura 3 traz a capa de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band em detalhe.

Figura 3 – Capa de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band

Fonte: TheBeatles.com

A capa criada pelo quarteto de Liverpool, mais especificamente

idealizada por Paul McCartney, é um reflexo do conteúdo sonoro que ela resguarda, um

composto que traz uma colagem áudio-visual carregada, uma sobreposição sonoplástica

e iconográfica que, acoplados, contam uma história que pode ser interpretada como o

grito de uma geração que ansiava algo novo, por mudanças. Contudo, antes de

direcionar os olhares analíticos para a embalagem do maior álbum de rock de todos os

tempos, é interessante elencar algumas das inovações sonoras que ajudaram a dar este

título ao Sargento Pimenta.

Durante as gravações “foram testados até posicionamentos diferentes de

microfones para captar o áudio com efeitos revolucionários para a época” (SILVA,

2013). Isto mostra que os Beatles queriam um som único e original. Um dos grandes

desafios, além de ser algo que as pessoas não estavam acostumadas a fazer, era a

limitação técnica dos aparelhos e equipamentos utilizados para as gravações.

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[O disco contém] rock misturado com musica [sic] clássica; musica [sic]

indiana entremeada a cravos renascentistas e climas circenses; uma orquestra

de 40 músicos comandada por Paul McCartney; sons inusitados como um

despertador; animais; o som de uma hipotética plateia [utilizando apenas] 4

canais de som (SILVA, 2013).

Já por volta dos anos 70, com o avanço tecnológico e mais recursos à

disposição dos produtores, era possível realizar gravações em dezesseis canais, doze a

mais do que os garotos de Liverpool tinham acesso. No entanto, esta mobilidade técnica

não ocasionou um salto criativo por parte de outras bandas que se equiparasse ao

resultado do Pimenta (HEYLIN, 2012). Isto comprova uma das revoluções inovadoras

que The Beatles realizou em 1967 e que não pode ser repetida posteriormente, mesmo

com o arsenal de aparelhos renovado nos estúdios de todo o mundo.

A percepção que se tem ao ponderar os esforços do quarteto é que a

banda queria entregar um conteúdo que não se limitasse a apenas um dos sentidos

humanos. A música por si só ativa a audição, mas era preciso ir além. Assim, a

preocupação com todo o conjunto do Sgt. Pepper’s faz este trabalho ser encarado como

um álbum, e não um disco. Um disco toca músicas. Um álbum conta histórias. E é

dialogando todas as partes do álbum que os Beatles conseguem este resultado, pois

apresentaram um propósito maior presente no entorno.

Os fãs foram capazes de estabelecerem laços com o álbum, se

identificando com os detalhes que se encaixavam em suas vidas, gerando empatia do

público com o trabalho realizado. Fazendo referências às canções do Sgt. Pepper’s, tem-

se:

É a menina que foge de casa (She’s Leaving Home), é a volta por cima depois

de uma juventude cerceada por regras intransponíveis (Getting Better), é a

manifestação da felicidade de se ter opinião própria e brigar por ela (Fixing a

Hole), é a vontade de dizer o quanto a gente precisa dos outros (With a Little

Help From My Friends) (COTTA, Felipe, 2013).

Tanto Tavares (2013) como Nardini (2013) completam que os Beatles

realizaram uma síntese da cultura pop, tocando em temas muitas vezes não comentados,

embora presentes na sociedade dos anos 60, dando voz para uma geração desgastada,

tratando de revolução sexual, fuga da realidade e celebração do indivíduo; afinal, o Sgt.

Pepper’s foi um desenvolvimento de alter egos, ideia que partiu de Paul McCartney e

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que ilustrou The Beatles como uma terceira banda, fato que facilitaria empregar a voz

ativa que se propagava através de um “pseudo” Beatles. Ou seja, esta roupagem

facilitou para que os garotos tentassem se expressar, uma vez que a sensação de

dificuldade de ser ouvido era presente entre todos os jovens. A “banda dos corações

solitários do Sargento Pimenta” foi a ponte que representou um dos anseios sufocantes

daquela geração.

Com isso, tem-se a exteriorização imagética dos alter egos desenvolvidos

pelos quatro britânicos, uma manifestação concreta do lúdico. O colorido vibrante, o

excesso de informações visuais e o caos imagético reverberam a colagem sonoplástica

gravada nos estúdios. O design da capa dá corpo e forma para a narrativa que as

músicas deste álbum sustentam. A apresentação visual do Sgt. Pepper’s é tão intensa e

carregada quanto suas músicas. As diferentes personalidades colocadas na capa ao redor

dos Beatles, desde figuras políticas até astros de cinema, pode ser entendida também

como uma forma de mostrar que eles são acessíveis nos mais diversos meios. Conforme

já mencionado, isto era uma das marcas da época, a difusão da arte fora do eixo elitista.

A coloração saturada reforça a atmosfera popular e “grita” junto com as músicas.

Este álbum também foi o primeiro disco a trazer as letras impressas no

encarte. Até então esta não era uma prática dos músicos. Assim, houve um reforço das

mensagens cantadas nas músicas e uma efetivação do verbal em documento, aderindo

maior legitimidade às histórias descritas nas canções, dando forças para as ideias

elaboradas e aumentando o impacto na percepção dos receptores. Com isso, há uma

facilidade no processo de memorização das músicas pelos fãs que adquiriram o LP

(Long Play). Uma ideia que pode ser vista como ligeiramente simples, mas que trouxe

diversos benefícios para o álbum. Atualmente, é extremamente comum encontrar discos

de intérpretes dos mais variados estilos musicais com todas as letras das músicas

impressas nos encartes.

Ainda sobre o encarte, esta foi a primeira vez que um grupo trabalhou

conceitos na capa de um álbum e, para isto, foram investidas aproximadamente 1.500

libras, um valor que chega a ser 300 vezes mais elevado do que a média do orçamento

aplicado para esta finalidade nos anos 60 (TERRON, 2007). A influência da inovação

do material gráfico do álbum trazida pelos Beatles é visível e perdura. Heylin (2012, p.

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10) aponta que “a natureza do triunfo do Sargento foi tal que os Beatles conseguiram

transformar a produção de álbuns – e não apenas os deles – numa maratona”.

Consideraçoes finais

O presente artigo percorreu os caminhos da inovação e design em busca

de amparo e respaldo teórico para uma análise da capa do álbum Sgt. Pepper’s Lonely

Hearts Club Band, lançado em 1967 pela banda britânica The Beatles.

A pesquisa realizada possibilitou compreender a importância deste álbum

para o cenário global. Ao incorporarem inúmeros detalhes inovadores, como a mega

produção da capa, letras no encarte, técnicas de gravação em estúdio não produzidas

antes, entre outras, os Beatles sintetizaram um marco na indústria musical e

reinventaram a forma de apresentar, produzir e vender discos. A sincronia entre as

canções, cores, capa, indumentárias, as condições que viviam e outros, soldou elos

significativos na relação banda-fãs.

A inovação perante a escassa tecnologia disponível somada aos cuidados

gráficos (inéditos) e visuais fizeram do Pimenta um Sargento condecorado. Heylin

(2012, p. 247) compartilha um depoimento dado por Paul McCartney quando, já em

2004, comentou sobre o impacto que o Sargento Pimenta teve na sociedade no final dos

anos 1960, destacando a relevância do projeto ao dizer que o Sgt. Pepper’s Lonely

Hearts Clube Band “tocou as notas certas, na época certa. [...] Mais do que marcar

época, foi um álbum que sintetizou uma época... Pepper era algo de uma inevitabilidade

absoluta. Tinha de acontecer. Quando finalmente aconteceu, foi apocalíptico...”.

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