Tipos de argumentos

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Colégio Militar do Corpo de Bombeiros - CMCB

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Titulo: antecipa ao leitora questão que será analisada

no texto ( exclusão social)

Por que considerar "excluídos" aqueles que nunca estiveram de fato "incluídos"?

Olho: explicita a perspectiva analítica que será defendida pelo autor. No caso, Ferreira Gullar discorda do uso do termo “excluídos” para fazer referencia a moradores de bairros carentes.

Exclusão social, o que é isso?

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O autor do olho não costuma ser o articulista e sim o

editor do jornal ou revista onde o texto será publicado.

DE ALGUM tempo para cá, a parte da sociedade que moraem favelas e bairros pobres é qualificada como "excluída".Ou seja, os moradores da Rocinha e do Vidigal, porexemplo, não vivem ali porque não dispõem de recursospara morar em Ipanema ou Leblon, e sim porque foramexcluídos da comunidade dos ricos.

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E eu, com minha mania de fazer perguntas

desagradáveis, indago: mas alguma vez aquelepessoal da Rocinha morou nos bairros de classemédia alta e dos milionários? Afora um ou outro quepossa ter se arruinado socialmente ou que tenhaoptado por residir ali, todos os demais foram levadosa isso por sua condição econômica ou porque alinasceram. Então por que considerá-los "excluídos",se nunca estiveram "incluídos"?

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1º parágrafo: contextualização da questão que será

analisada. Início da análise do autor pelo uso determos associados a 1ª pessoa do singular.

O parágrafo termina com a explicitação de umapergunta retórica que define a questão central a serrespondida pela análise argumentativa apresentadano texto.

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É interessante observar como a argumentação

construída por Ferreira Gullar se apoia em sua série de perguntas retóricas.

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No meu pouco entendimento, excluído é quem pertenceu a umaentidade ou a comunidade e dela foi expulso ou impedido denela continuar. Quem nunca pertenceu às classes remediadas ouabastadas não pode ter sido excluído delas. Mais apropriadoseria dizer que nunca foi incluído. Ainda assim, se não meequivoco, incorreríamos em erro. Senão, vejamos: a Rocinha, oVidigal, o Borel e a favela da Maré fazem parte da cidade do Riode Janeiro, não fazem? Seria correto afirmar, então, quer seja doponto de vista urbanístico, quer do demográfico e social, que oRio são apenas os bairros em que reside a parte mais abastada dapopulação? Se fizermos isso, então, sim, estaremos excluindoparte considerável do território e da gente que constitui a cidadedo Rio e que, portanto, pertence a ela.

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2º Parágrafo: Ferreira Gullar começa a desenvolver sua

argumentação por meio do raciocínio: analisa o sentido que o termo excluído tem originalmente, para demonstrar que não é possível considerar “excluído” quem nunca foi “incluído”.

Uma nova pergunta retórica é introduzida, para que oleitor compreenda melhor as razões que levam o autor arejeitar a designação de excluídos para os moradores debairros pobres.

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A análise é retomada, para dar prosseguimento à

argumentação por raciocínio lógico iniciada nesteparágrafo.

Argumentação por raciocínio lógico: o autor do textobusca demonstrar, por meio da criação de nexos causais( relações de causa e efeito ) que a conclusão a quechegou é necessária, e não fruto de uma interpretaçãopessoal facilmente contestável.

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Consideremos agora a questão de outro ponto de vista. Nosmorros e favelas da cidade residem cerca de 1 milhão depessoas, que têm vida social ativa, poistrabalham, estudam, participam de organizações comunitárias erecreativas. A maioria delas trabalha fora de sua comunidade, nocomércio, na indústria, no serviço público, ou desenvolveatividade informal. Logo, participa da vida econômica, cultural eesportiva da cidade. Em que sentido, então, essa gente estariaexcluída? Não resta dúvida de que as famílias faveladas, na suaampla maioria, vivem em condições precárias, tanto no que serefere ao conforto domiciliar quanto à alimentação, às condiçõesde higiene e saneamento, educação, saúde e segurança. Mas nãoestão excluídas da preocupação dos políticos que, na época daseleições, vão até lá em busca de votos

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Há, nessa comunidade, cabos eleitorais, pessoas que atuamem associações de bairro e fazem a ligação com os centrospolíticos de poder. É certo que a grande maioria dessagente não participa da vida política, mas isso ocorretambém com as demais pessoas, morem onde morarem.Por todas essas razões, somos obrigados a concluir que ospobres e favelados estão incluídos na vidaeconômica, social e política da sociedade.

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3º parágrafo: proposição de uma nova perspectiva de

análise. Ferreira Gullar continua a recorrer aconstrução de relações de causa e consequência paraconvencer o leitor, baseando-se em novo argumentopor raciocínio lógico: se, nos bairros onde moram osditos “excluídos”, há quase 1 milhão de pessoas queparticipam da vida econômica, cultural e esportivada cidade, então não podem ser consideradasexcluídas.

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Uma terceira pergunta retórica aparece no texto, agora

para fazer com que o leitor chegue à mesma conclusãodo articulista sobre a participação intensa dessas pessoasem todas as esferas da vida na cidade. A argumentaçãopor raciocínio lógico é retomada e inclui algunsexemplos de aspectos que a vida dos moradores debairros de periferia carece de condições semelhantes àsdesfrutadas por moradores de outros bairros.

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Essa concessão argumentativa é feita para evitar um possível contra-argumento que procure justificar considerá-los “excluídos” por que não vivem nas mesmas condições das pessoas que moram em bairros de maior prestígio.

O parágrafo termina com a afirmação da tese inicial.

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No entanto, isso não significa que estejam em pé deigualdade com as pessoas das classes médias e ricas. Nãoestão e, na sua grande maioria, descendem de gerações debrasileiros que tampouco gozaram dessa igualdade. Muitosdescendem de antigos escravos e de brancos pobresque, pela carência de meios e pela desigualdade que rege oprocesso social, jamais tiveram possibilidade de ascendereconômica e socialmente. Eles não foram excluídossimplesmente porque jamais estiveram incluídos entre osmais ou menos privilegiados.

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4º parágrafo: o autor do texto expande a análise que

faz das diferenças entre moradores de bairros maispobres e mais ricos. Introduz, como argumento parasustentar o raciocínio apresentado, informações denatureza histórica. É possível observar, portanto, quea argumentação por raciocínio lógico pode se apoiarem exemplos.

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(como no 3º§) ou recorrer ao resgate de informações

históricas a serem apresentadas ao leitor como “prova” do que se afirma. É com base nessas informações que a tese inicial, referida no olho, é reafirmada.

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Por que, então, cientistas políticos, sociólogos e jornalistas,entre outros, falam de exclusão social? Por ignorância nãoserá, já que todos eles estão a par do que, bem ou mal,tentei demonstrar aqui. Creio que, consciente ouinconscientemente, procura-se levar a sociedade a pensarque a desigualdade social não é consequência de fatoresobjetivos, do sistema econômico, mas sim resultado dadeliberação de pessoas cruéis que empurram os mais fracospara fora da sociedade e os condenam à miséria.

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5º parágrafo: introduzido pela quarta perguntaretórica, que encaminha à reflexão do leitor do textopara aquilo que Ferreira Gullar vai apresentar comoverdadeira razão para o uso da expressão “exclusãosocial”. A análise continua a ser desenvolvida por meiode raciocínio lógico.

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Em vez de admitir que esse sistema, por visar acima de tudo olucro e ser, por definição, concentrador da riqueza, é quedificulta, ainda que não impeça, a ascensão dos maispobres, procura-se fazer crer que a desigualdade é fruto dedecisões pessoais. Ignora-se que, no sistema capitalista, quemnão tem emprego também está incluído nele, como exército dereserva de mão-de-obra, com a função de pressionar otrabalhador e limitar-lhe as reivindicações. A eliminação damiséria beneficia o sistema pois amplia o mercado consumidor.O empresário pode ser, como você ou eu, bom ou mau, generosoou sovina, mas, como disse Marx, "o capital governa ocapitalista". O problema está no sistema, não nas pessoas.

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6º parágrafo: o autor identifica os fatores que mantêm adesigualdade social observada no país. Está preparando oterreno em termos argumentativo, para trazer ao texto acontribuição, por meio de um argumento por citação, deuma autoridade no estudo das relações de poder ao longoda história da humanidade: Karl Marx. Com base nessacitação e no raciocínio desenvolvido até este momento,Ferreira Gullar expõe a tese principal de seu artigo:

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O problema da sociedade não está nas pessoas (“excluídas”) e sim no sistema capitalista que produz tal exclusão para favorecer o ganho de capital.