Tipos de Discurso

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Tipos de discurso Nos textos narrativos, é através da voz do narrador que conhecemos o desenrolar da história e as ações das personagens, mas é através da voz das personagens que conhecemos as suas ideias, opiniões e sentimentos. A forma como a voz das personagens é introduzida na voz do narrador é chamada de discurso. Através de uma correta utilização dos tipos de discurso, a narrativa poderá assumir um caráter mais ou menos dinâmico, mais ou menos natural, mais ou menos interessante, mais ou menos objetivo, contribuindo decisivamente para o sucesso do texto narrativo. 1

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Tipos de discurso

Nos textos narrativos, é através da voz do narrador que conhecemos o desenrolar da história e as ações das personagens, mas é através da voz das personagens que conhecemos as suas ideias, opiniões e sentimentos. A forma como a voz das personagens é introduzida na voz do narrador é chamada de discurso.

Através de uma correta utilização dos tipos de discurso, a narrativa poderá assumir um caráter mais ou menos dinâmico, mais ou menos natural, mais ou menos interessante, mais ou menos objetivo, contribuindo decisivamente para o sucesso do texto narrativo.

Existem três tipos de discurso, ou seja, três formas de introdução das falas das personagens na narrativa: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre.

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Discurso direto

É o mais natural e comum dos tipos de discurso. Através de sua utilização, o narrador permite que as personagens se exprimam livremente, ganhando vida própria na narração. Caracteriza-se por ser uma transcrição exata das falas das personagens, sem a participação do narrador.

Exemplos de discurso direto:

Mariana perguntou: - O que posso fazer para ajudar? Descartes afirmou: “Penso, logo existo.” E a menina perguntou - o que fazer numa situação como esta? - já sem saber como reagir.

Como podemos verificar nos exemplos supracitados, o discurso direto é, normalmente, introduzido por verbos de elocução (dicendi) que anunciam o discurso como os verbos: dizer, perguntar, responder, comentar, falar, observar, retrucar, replicar, exclamar, aconselhar, gritar, murmurar, entre outros. A seguir a estes verbos aparecem os dois pontos, havendo mudança de linha para o início da voz da personagem.

A voz da personagem é iniciada, geralmente, por um travessão, que indica não só o começo da fala de uma personagem, mas também a mudança de interlocutores e a mudança da voz da personagem para a voz do narrador.

Além do travessão, o discurso direto pode ser também colocado entre aspas ou travessões, indicando assim uma citação ou transcrição.

Discurso indireto

No discurso indireto, as falas das personagens são apresentadas pelo narrador, sendo ele o responsável por falar na vez da personagem, utilizando suas próprias palavras para reproduzir a essência das falas delas, bem como suas reações e personalidade. Assim, o discurso indireto é sempre feito na 3.ª pessoa, nunca na 1.ª .

Exemplos de discurso indireto:

Mariana perguntou o que podia fazer para ajudar. Descartes afirmou que pensava, logo, existia.

Como podemos verificar nos exemplos supracitados, o discurso indireto é também introduzido por verbos de elocução que anunciam o discurso. A seguir a esses verbos aparecem conjunções que marcam a separação da fala do narrador da fala da personagem, como as conjunções que e se.

Discurso indireto livre

É o mais difícil e o mais dinâmico dos tipos de discurso, visto que as falas das personagens se encontram inseridas no discurso do narrador.

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Exemplo de discurso indireto livre:

Então Paula corria, corria o mais que podia para tentar resolver a situação. Logo a mim, logo a mim isso tinha que acontecer! Ela não sabia se conseguiria chegar a tempo e resolver aquela confusão. Tomara que eu consiga!

Como podemos verificar no exemplo supracitado, o discurso indireto livre não é introduzido por verbos de elocução, nem sinais de pontuação ou conjunções, sendo assim difícil delimitar o início e o fim do discurso da personagem, uma vez que se confunde, por vezes, com o discurso do narrador, que é onisciente de todas as falas e sentimentos das personagens.

Foco Narrativo

Tendo em vista que o narrador representa um ser fictício do qual o autor se utiliza para nos repassar

sua habilidade inventiva, torna-se imprescindível compreender os pontos que demarcam o chamado

foco narrativo. O foco narrativo se define pela perspectiva por meio da qual esse narrador opta para

relatar os acontecimentos inerentes ao enredo. Ele participará da história, será ele um mero

espectador, enfim, como tudo isso decorrerá?

De acordo com seu posicionamento, o foco assume distintas funções, entre as quais podemos citar:

* Foco narrativo de terceira pessoa – nele o narrador não participa ativamente dos fatos relatados.

Nessa condição podemos afirmar que a narrativa assume um caráter mais objetivo, tendo em vista

que ele permanece “do lado de fora”, limitando-se somente a nos repassar o que vê. Assim sendo,

manifesta-se sob dois aspectos:

- Narrador onisciente – é o tipo de narrador que conhece toda a história, até mesmo o pensamento

dos personagens.

- Narrador observador – ele não conhece toda a história, apenas se limita a narrar os fatos à medida

que eles acontecem. Assim sendo, o narrador se abstém de quaisquer intervenções, ou seja, não é

concedida a ele nenhuma atitude que porventura possa nos adiantar o que ocorrerá.

* Foco narrativo de primeira pessoa – nesta modalidade, como o próprio nome nos indica, o

narrador se torna também um personagem, assumindo a condição de narrador protagonista ou

narrador coadjuvante. Por essa razão, afirma-se que traços subjetivos tendem a se manifestar, tendo

em vista o envolvimento emocional mediante o desenrolar dos fatos. (narrador personagem).

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