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OBS: Algumas observações referentes a aplicação da peça ao final. Um homem chamado amor. -a história do nosso Chico Xavier- baseada nas obras: “As vidas de Chico Xavier” de Marcel Souto Maior. “Chico de Francisco” de Adelino da Silveira. “Lindos Casos de Chico Xavier” de Ramiro Gama. “Chico Xavier – Mandato de Amor” da União Espírita Mineira. “Palavras de Chico Xavier” de Emmanuel. “Parnaso de Além Túmulo” de Emmanuel. CENA 1 (Chico criança) MÚSICA 1 em som alto ao início até começo de fala, onde continua em tom baixo até Rita chamar Chiquinho. BRANCO Chico brinca ao centro, falando “sozinho”. Chiquinho: Mas onde está seu papai?… O meu está trabalhando… Mamãe falou que ia dormir mas já voltava, agora estou morando com a Tia Rita… Passa uma vizinha e vê Chico brincando e falando sozinho. Chama Rita. M1 (vizinha): Rita! Rita! M2 (Rita): O que houve? M1 (vizinha): Esse seu afilhado… Vê se dá um jeito nisso… Toda a cidade fica comentando, só deve mesmo estar com o diabo no corpo pra ficar falando com o invisível o dia inteiro… Esse Chico é maluco! M2 (Rita): Eu sei disso… Já falei com João, mas o pai anda sempre muito ocupado trabalhando…mas pode deixar que dou um jeito nisso. Esse menino vai ter que aprender de uma maneira ou de outra. A vizinha vai embora e Rita de Cássia chama Chico que continuava brincando. 1

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OBS: Algumas observações referentes a aplicação da peça ao final.

Um homem chamado amor.-a história do nosso Chico Xavier-

baseada nas obras: “As vidas de Chico Xavier” de Marcel Souto Maior.“Chico de Francisco” de Adelino da Silveira.“Lindos Casos de Chico Xavier” de Ramiro Gama.“Chico Xavier – Mandato de Amor” da União Espírita Mineira.“Palavras de Chico Xavier” de Emmanuel.“Parnaso de Além Túmulo” de Emmanuel.

CENA 1 (Chico criança)

MÚSICA 1 em som alto ao início até começo de fala, onde continua em tom baixo até Rita chamar Chiquinho. BRANCO

Chico brinca ao centro, falando “sozinho”.

Chiquinho: Mas onde está seu papai?… O meu está trabalhando… Mamãe falou que ia dormir mas já voltava, agora estou morando com a Tia Rita…

Passa uma vizinha e vê Chico brincando e falando sozinho. Chama Rita.

M1 (vizinha): Rita! Rita!

M2 (Rita): O que houve?

M1 (vizinha): Esse seu afilhado… Vê se dá um jeito nisso… Toda a cidade fica comentando, só deve mesmo estar com o diabo no corpo pra ficar falando com o invisível o dia inteiro… Esse Chico é maluco!

M2 (Rita): Eu sei disso… Já falei com João, mas o pai anda sempre muito ocupado trabalhando…mas pode deixar que dou um jeito nisso. Esse menino vai ter que aprender de uma maneira ou de outra.

A vizinha vai embora e Rita de Cássia chama Chico que continuava brincando.

M2 (Rita): Chicooo! Venha cá!

Chiquinho: O que foi tia?

M2 (Rita): Com quem você estava falando?

Chiquinho: Era um amiguinho meu tia…

Mal Chico termina de falar, Rita já bate com violência várias vezes no menino gritando:

VERMELHO

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M2 (Rita): Você é maluco mesmo… Tem é que apanhar cada vez mais pra aprender… Onde já se viu; amiguinho; ora…tá é com o diabo no corpo!!!

Rita tira um garfo do avental e enfia na barriga do menino…

M2 (Rita): Isso é pra você aprender a ser um garoto normal.

Rita sai e Chico sofrendo muito vai até o quintal (centro do palco). No quintal, sua mãe aparece.

AZUL

Chiquinho: Mamãe, não me deixe aqui, me carregue com a senhora.

M3 (Mãe): Não posso filho! Tenha paciência. Você precisa crescer mais forte para o trabalho. E quem não sofre não aprende a lutar. Se você parar de reclamar e tiver paciência, Jesus ajudará para que estejamos sempre juntos.

Maria João de Deus se vai e Chiquinho fica ao centro chorando.Entram os 3 homens cantando.

MÚSICA CANTADA 1

Os 3 homens saem, Chiquinho continua ao centro, agora brincando novamente…Entra Rita do lado esquerdo e D. Ana do outro.

CENA 2 (Simpatia)

BRANCO

M2 (Rita): Que bom que veio Ana, como bem sabe, meu sobrinho Moacir traz de longa data uma grande ferida na perna…

M1 (D. Ana): Onde está o menino?

M2 (Rita): Está lá dentro?

Rita aponta para a entrada do lado esquerdo e as duas vão conferir fora do palco a ferida de Moacir. Chiquinho continua brincando.

M1 (D. Ana): É Rita, a coisa tá feia mesmo…tá saindo até pús…aqui só uma simpatia dará resultado.

M2 (Rita): Qual?

M1 (D. Ana): Uma criança deve lamber a ferida por três sextas-feiras continuadas, pela manhã, em jejum.

Rita apontando Chico fala:

M2 (Rita): Chico serve?

M1 (D. Ana): Muito bem lembrado.

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Chiquinho sai, D. Ana se dirige ao canto do palco de onde saiu, vira às costas para o público e fica imóvel, assim como Rita do outro lado…M3 se dirige ao centro do palco de onde fala:

M3 (Narradora): Chico, com medo, perguntou a sua mãezinha o que fazer. A resposta como não poderia deixar de ser era pra ser paciente e aguardar tempos melhores. A paciência e resignação de Chico acalmaram sua madrasta D. Rita de Cássia no episódio da simpatia que resultou na cura “milagrosa” (faz aspas com as mãos indicando metáfora) de Moacir.

M1 (Narradora): As surras foram constantes, até que João Cândido se casou com Cidália Batista que resolveu juntar os 9 filhos do primeiro casamento do marido, que estavam espalhados por Pedro Leopoldo.

M2 (Narradora): O menino não sabia, mas passaria a vida lambendo feridas alheias.

CENA 3 (Na quitanda)

MÚSICA 2 alta enquanto Chico “arruma” cenário (quitanda) até S. José chegar quando fica em tom baixo até Sr. Hermínio entrar.AMARELO

As 3 saem, Chico, já adulto, entra varrendo o chão da quitanda, antes ele próprio coloca um amostrador de madeira à esquerda onde se vê arroz, linguiça, e feijão pendurados. Quando música abaixa ouve-se uma voz:

BRANCO

H1 (S. José): Chico, vou à padaria e já volto, quando voltar quero ver tudo arrumado…combinado?

Chico: Pode deixar S. José.

Entra um freguês.

H2 (Freguês): Bom dia Chico!

Chico: Bom dia S. Antônio. O que vai ser hoje?

H2 (Freguês): Hoje só quero um pedaço de touçinho, a patroa vai fazer uma feijoada…

Chico embrulha a linguiça num plástico que estava no seu avental e a entrega ao freguês.

Chico: São somente dois tostões S. Antônio.

Freguês entrega o dinheiro e sai falando:

H2 (Freguês): Obrigado Chico! Inté!

Enquanto o freguês sai, entra o S. José Felizardo cumprimentando o freguês e falando à Chico:

H1 (S. José): Voltei Chico! Vou arrumar as coisas lá dentro…

Chico: Sim senhô!

Entra o Sr. José Hermínio Perácio.

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Chico: Olá S. Hermínio… queria lhe falar…

H3 (S. Hermínio): Não precisa Chico, minha esposa Carmem é médium, e ela falou que sua irmã Maria não está doente, mas gravemente obsediada…precisamos realizar algumas reuniões mediúnicas em sua casa…

Chico olha esperando a aprovação de S. José que havia entrado em cena pouco tempo antes.

H1 (S. José): Sem problema Chico, contanto que não atrapalhe na quitanda…Chico afirma com a cabeça e sai.

H3 (Narrador): Foi assim que Chico Xavier foi apresentado aos livros “O Evangelho segundo o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos” e foi em uma dessas reuniões que uma voz imponente e ao mesmo tempo doce fala a D. Carmem:

Emmanuel fala de fora do palco:

H2 (Voz de Emmanuel): Irmã, fale ao Chico para ele tomar papel e lápis.

H1 (Narrador): Estava começando a tarefa mediúnica de Francisco Cândido Xavier.

H1 sai.

H3 (Narrador): Sua irmã Maria foi curada após algumas sessões mediúnicas, o primeiro centro espírita de Pedro Leopoldo foi fundado com a ajuda do Sr. José Felizardo, Sr. José Hermínio, D. Carmem e é claro, Chico, que nunca mais seria o mesmo.

VERDE

Sai H3, entra Chico de um lado, se ajoelha e começa a rezar, entra Emmanuel do outro lado após um tempo.

CENA 4 (Emmanuel)

MÚSICA 3 alta enquanto Chico reza até Emmanuel chegar quando música se extingue.

H2 (Emmanuel): Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?

Chico: Sim, se os bons espíritos não me abandonarem.

H2 (Emmanuel): Você não será desamparado, mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem.

Chico: O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?

H2 (Emmanuel): Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço.

Chico: Qual o primeiro ponto?

H2 (Emmanuel): Disciplina.

Chico: E o segundo?

H2 (Emmanuel): Disciplina.4

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Chico: E o terceiro?

H2 (Emmanuel): Disciplina, é claro.

FOCO BRANCO À MESA

Emmanuel sai calmamente… Chico se encaminha até a mesa e começa a psicografar.Entram M1, M2 e M3. Uma distante da outra, as 3 agaixadas…

CENA 5 (Parnaso)

MÚSICA 4 alta até M3 começar quando fica em tom baixo até o final da cena.FOCO AZUL À ESQUERDA (continua foco branco)

M3 se levanta e entusiasmada diz:

M3 (Narradora):

“Ponte silenciosaNo esforço fiel e ativoÉ um apelo à lei de amor,Sempre novo, sempre vivo.

Vendo-a nobre e generosa,Servindo sem altivez,Convém saber se já fomosComo a ponte alguma vez.”

Casimiro Cunha

FOCO AMARELO AO CENTRO (continua foco branco)M3 sai. M2 se levanta e entusiasmada diz:

M2 (Narradora):

Juventude linda e ardente,Mocidade querida que eu exorto,Meu coração de carne, esse está morto,Ma minhalma que é eterna está presente.Zelai pelo plantio, ó juventude,Das flores perfumadas da virtude,Porque depois dos sonhos terminadosEm nossosermos e últimos caminhos,Ai! Como nos ferem os espinhosDas belas rosas rubras dos pecados!

Carmem Cinira

FOCO VERDE À DIREITA (continua foco branco)

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M2 sai. M1 se levanta e entusiasmada diz:

M1 (Narradora):Constelação da Cruz, cheia de graças,Transfundi numa só todas as raças,No país da esperança e da bondade.

Que o Brasil, sob a luz da tua glória,Possa escrever, no mundo, a grande históriaDas epopéias da Fraternidade.

Pedro de Alcântara.

M1 sai. Entram Crítico 1 e Crítico 2.

CENA 6 (Críticas ao Parnaso)

BRANCO

H1 (Crítico 1): “Parnaso de Além Túmulo” é quase um sacrilégio, é um absurdo como aquele caipira pode inventar tamanho absurdo, e o pior, ainda atribuir esta obra a autores tão consagrados.

H3 (Crítico 2): É verdade, Augusto dos Anjos, Casimiro de Abreu, Carmem Cinira… mas não penso que Chico faz por mal, fiquei sabendo que ele é leitor compulsivo, incorpora somente o estilo dos poetas, inconscientemente.

H1 (Crítico 1): Não acredito, deve ser somente mais um embusteiro, que logo logo vai admitir a própria autoria das poesias…além do mais, 59 poemas de 14 defuntos ilustres é muito estilo de poeta pra um caboclo só, não acha não cumpadre?

H3 (Crítico 2): Pode ser, mas se for dele mesmo a autoria de todas aquelas lindas mensagens, ele conseguiu imitar muito bem o estilo de todos, não se excluindo um sequer. Vamos dar tempo ao tempo…

Sai Crítico 1 e Crítico 2 , entram Amiga e Crítico 1 (com o Parnaso na mão), entra Chico do outro lado. Se cumprimentam.

B.O. 2 seg.BRANCO

CENA 7 (Besta espírita)

M1 (Amiga): Esse é o médium de quem lhe falei.

H1 abrindo o livro e lendo-o fala:

H1 (Crítico 1): Sonetos de Augusto dos Anjos, poemas de Casimiro Cunha, quadras de João de Deus…Isto tudo é bobagem!

Olhando o Chico diz:

H1 (Crítico 1): Esse rapaz é uma besta!

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M1 (Amiga): Mas, doutor, o rapaz tem convicções e abraça o Espiritismo como Doutrina.

H1 (Crítico 1): Pois, então, deve ser uma besta espírita. Passar bem!

Os três se despedem. Amiga e Crítico 1 saem. Quando Chico vai saindo entra Mãe.

Chico: A senhora viu como fui insultado?

M3 (Mãe): Não vejo insulto algum. Creio até que você foi muito honrado. Uma besta é um animal de trabalho.

Chico: Mas o homem me apelidou por “besta espírita”.

M3 (Mãe): Isso não tem importância, imagine-se como sendo uma besta em serviço do Espiritismo. Se a besta não dá coices, converte-se num elemento valioso e útil … você não acha que é bem assim?

Chico: … É… pensando bem, é isso mesmo.

AMARELO

Chico e Mãe saem. Entram as 3 mulheres cantando.

MÚSICA CANTADA 2

Saem as três, Chico entra.

BRANCO

CENA 8 (Fluidos)

Chico anda depressa em direção à saída oposta a que ele entrou, quando já ia sair, aparece na entrada uma moça muito aflita falando:

M2 (Aflita): Chico, Chico…Podes me ajudar?

Chico: Estou atrasado para o serviço, mas na hora do almoço passo aqui.

Deu mais alguns passos e aparece Emmanuel:

H2 (Emmanuel): Cinco minutos não vão prejudicá-lo.

Emmanuel sai, Chico volta e fala:

Chico: Sim, minha irmã.

M2 (Aflita): Chico, Bezerra receitou outro dia esse remédio, mas estou em dúvida em quantas vezes devo tomá-lo por dia.

Chico: Ah, esse são 2 vezes ao dia, uma pela manhã e outra de noite.

M2 (Aflita): Obrigada Chico, Deus lhe pague. Vá com Deus.

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M2 sai, Emmanuel volta.

H2 (Emmanuel): Veja quantos fluidos luminosos saem de nossa irmã e o atingem, agora imagine se, em vez de “Vá com Deus”, ela dissesse “vá com o diabo” ou algo parecido. De seus lábios estariam saindo cinzas, ciscos, algo pior.

Chico balança a cabeça e os dois saem. Entra Manuel com uma bíblia na mão e uma cadeira que põe do lado da escrivaninha , espera um pouquinho até Chico aparecer.

CENA 9 (Pancada de Evangelho)

H3 (Manuel): Olá S. Chico, sou Manuel, José foi viajar e pediu que viesse lhe ajudar na reunião.

Chico: Sem problemas, muito obrigado; então podemos nos sentar…vamos começar?

S. Manuel afirma com a cabeça e os dois começam a orar. Chico dá passividade a um “espírito amigo”.

AZUL

Chico (espírito amigo): Quando o perseguidor se apossar do médium, aplique o Evangelho com veemência.

H3 (Manuel): Pois não, a sua ordem será obedecida.

Entram os dois em prece novamente e Chico dá passividade a um espírito menos esclarecido.

VERMELHO & AMARELO

Chico (espírito menos esclarecido): Pedro Leopoldo merece desordem…não posso aceitar tanta moral correndo solta nessa cidadezinha…

BRANCO (com rapidez, assim que Manuel começa a falar)

H3 (Manuel): Ah é! Pois então, tome Evangelho, tome Evangelho!

Chico volta a si, apalpando o pescoço com dor, mas continua na escrivaninha. H3 vira narrador:

H3 (Narrador): As histórias se espalhavam, viravam lenda… De Belo Horizonte e até de mais longe, começavam a aparecer os curiosos e os necessitados de palavras de conforto…Logo, logo, Chico iria arranjar novo emprego, na Fazenda Modelo e também nova morada, Uberaba.

H3 sai levando a cadeira. Entra M1. Chico não resiste e se levanta para atender as pessoas.

CENA 10 (No Centro Espírita)

MÚSICA 5 em tom baixo desde o começo da cena até entrada de criatura.

M1 (mártir): Chico, descobri… Fui mártir. Morri na arena devorada por um leão. E você Chico?

Chico: Ah, eu fui a pulga do leão.

M1 sai, entra M3 se ajoelhando aos pés de Chico.

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M3: Chico, muito obrigada, muito obrigada…nada seria sem você, você me fez enxergar a vida com outros olhos…

Chico encabulado e levantando a moça fala:

Chico: Não me elogie assim. É desconcertante. Não passo de um verme no mundo.

Emmanuel entra e fala, M3 fica nos ombros de Chico sendo consolada por ele:

H2 (Emmanuel): Não insulte o verme. Ele funciona, ativo, na transmutação dos detritos da terra, com extrema fidelidade ao papel de humilde e valioso servidor da natureza. Ainda nos falta muito para sermos fiéis a Deus em nossa missão.

Emmanuel sai, sai também M3. Entra M2 muito nervosa e dá um tapa em Chico.

M2: Está pensando que tenho tempo para andar atrás de você para cima e para baixo? Vá já para aquela sala. Você vai me dar um passe agora cachorro.

Emmanuel entra e fala. M2 vai se dirigindo pra saída…

H2 (Emmanuel): Converse com ela, mostre compreensão.

Chico: A senhora me perdoe por ser uma pessoa tão ocupada. Não pude atendê-la em meu emprego porque meu chefe não permite. A senhora compreende. Estou ali para servir à empresa que me paga. Não posso ser demitido porque tenho irmãos para ajudar.

M2 começa a chorar, se desculpa e sai. Chico se volta novamente para Emmanuel quando este lhe fala:

H2 (Emmanuel): Você está com a razão, mas ela está com a necessidade.

SÓ STROBBLE

Chico vai voltando à mesa quando avista uma criatura arrepiante.

H1 (criatura): Você me chamou?

FOCO VERDE À DIREITA (strobble continua)

Emmanuel (em frente ao foco) fala:

H2 (Emmanuel): Diga que sim.

Chico: Chamei, sim, senhor.

H1 (criatura): E o que você quer?

Chico: É que a vida está tão difícil que eu queria que o senhor me abençoasse em nome de Deus ou em nome das forças em que o senhor crê.

H1 (criatura): Você não tem jeito Chico. É só a gente aparecer que você cai de joelhos.

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BRANCO

H1 sai, H2 sai. Entram M1 e Deficiente com os braços para dentro da camisa e um pouco atordoado.

M1 (mãe do deficiente): Meu filho nasceu surdo, mudo, cego e sem os dois braços. Agora está com uma doença nas pernas e os médicos querem amputar as duas para salvar a vida dele. O que faço Chico?

Emmanuel cochicha ao ouvido de Chico e sai.

Chico: Emmanuel me diz que seu filho suicidou-se nas dez últimas reencarnações e pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se matar novamente. Agora que está aproximadamente com 16 anos, procura um rio, um precipício para se atirar. Os médicos estão com a razão. As duas pernas serão amputadas, em seu próprio benefício.

M1 agradece chorando a Chico, auxilia o filho e os dois saem.Chico volta à mesa, começa a psicografar. H1, H2, H3, M1, M2 E M3 entram e cantam:

FOCO BRANCO À MESA & VERDE

MÚSICA CANTADA 3

Todos saem, Chico fica um tempo mais na escrivaninha para dar tempo de troca de roupa, após um tempo Chico sai, a música inicia e todos vão entrando.

BRANCO

Entram Dercy Pires (M3), espírita, com duas cadeiras, João de Scantimburgo, o católico (H2), a jornalista Helle Alves (M2), o jornalista Reali Júnior (H1) e o apresentador (H3), cada um com sua cadeira…Formam um semi-círculo.

CENA 11 (O pinga-fogo)

MÚSICA 6 alta quando Chico sai e enquanto todos começam a chegar com suas cadeiras, fica em tom baixo quando o apresentador começa a falar e permanence assim até o final da primeira fala.

O apresentador empolgadíssimo fala ao público em pé.

H3 (apresentador): Boa noite amigos da Rede Tupi! Hoje, dia 28 de julho de 1971, diretamente ao vivo dos estúdios televisivos em São Paulo, eu Almir Guimarães e meus convidados de honra começamos mais um PINGA-FOGO…Como convidados neste programa especial temos o Padre João de Scantinmburgo, a espírita Dercy Pires, a nossa querida jornalista da rede Tupi Helle Alves, Reali Júnior também da nossa equipe jornalística e a pedidos de todos da platéia e telespectadores em comemoração ao aniversário do nosso programa Pinga Fogo o respeitadíssimo médium Francisco Cândido Xavier!!!

Entra Chico sob aplausos.

H3 (apresentador): Boa noite Chico, e então, o que o senhor espera dessa noite?

Chico: Estou confiante no espírito de Emmanuel, que prometeu assistir-nos pessoalmente.

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H3 (apresentador): Então, de acordo com a nossa já famosa roda viva, começaremos com as perguntas de nossos convidados que podem se manifestar a qualquer momento, para depois passarmos para nossa platéia. Quem será o primeiro? Então, começando com Dercy Pires…

M3 (Dercy Pires): Bem Chico, acho que muitos desconhecem o que o Espiritismo pensa sobre o homossexualismo e atualmente muito se discute sobre a condição dos homosexuais. O que o senhor pensa sobre isso?

Chico: O homosexualismo e a bisexualidade são condições da alma humana que não deveriam ser encaradas como “fênomenos espantosos, atacados pelo ridículo da sociedade”.

H2 (João): Os que não crêem nos seus dotes defendem a tese de que o senhor registra no papel, por meio de escrita automática, ou inconsciente, reminiscências de leituras. Não terá o senhor repetido de Augusto dos Anjos, por exemplo, os versos que leu e reteve na memória?

Chico: Se eu disser que estes livros pertencem a mim, estarei cometendo uma fraude pela qual vou responder de maneira muito grave depois da partida deste mundo.

H3 (apresentador): Com a palavra Realy Júnior…

H1 (Reali Júnior): Eu não entendo Chico, como pode o Espiritismo ser tão passível nos problemas referentes à distribuição de renda. Dom Hélder Câmara projeta-se na batalha contra os problemas sociais e enfrenta com coragem à resistência de militares e conservadores. Pelo que vejo Chico, você se limita a promover campanhas beneficentes, distribui roupas, sopas, remédios e só. Por que o senhor, como líder religioso que é, não cobra uma política mais eficiente do governo em vez de apenas acenar com paliativos? Os espíritas são adeptos do conformismo?

Chico: Emmanuel pede pra mencionar que o Espiritismo pede paciência para esperar os processos da evolução e as ações dos homens dignos que presidem os governos.

M2 (Helle Alves): Chico, pra começar gostaria de lhe falar que sou sua fã, que leio muitos dos seu livros apesar de não ser espírita e que lhe adoro de coração, bem, a pergunta é: Qual o melhor antídoto contra a falta de confiança em nós mesmos?

Chico: Gostaria de agradecer a nossa amiga Helle Alves pelos elogios, porém não passo de um burrinho que carrega e escreve em papéis, não passei da quarta série primária, mas respondendo a pergunta, nossos Amigos da Vida Maior nos ensinam que na prática da humildade e na caridade adquirimos esse antídoto, de vez que aprenderemos que o bem verdadeiro na humildade procede de Deus e não de nós.

H3 (apresentador): João de Scantimburgo, sua vez novamente…

H2 (João): O senhor é um homem que tem grande fluência ao falar. O senhor constrói com perfeição a frase, o senhor tem lógica na exposição da sua doutrina. Logo, o senhor é um autodidata, que se compenetrou da doutrina que esposou e a estudou profundamente e passou a exercer o seu trabalho expondo essa doutrina.

Chico: Qualquer estrutura fraseológica mais feliz de que eu possa ser portador se deve à influência de Emmanuel junto a mim, compreendendo a responsabilidade de um programa como este.

H1 (Reali Júnior): Mas Chico, fugindo um pouco do assunto do padre João, eu gostaria que você esclarecesse um pouco mais pra mim com a visão espírita a questão da cremação…

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Chico: Emmanuel, que está presente, diz que a cremação é legítima para todos aqueles que a desejam, desde que haja um período de pelo menos 72 horas de expectação para a ocorrência em qualquer forno crematório, o que poderá se verificar com o depósito de despojos humanos em ambiente frio.

H3 (apresentador): Chico, os telefones não param de tocar aqui na nossa estação, e um telespectador do Rio de Janeiro mandou esta pergunta: No livro Cartas de uma Morta, Maria João de Deus tinha descrito Marte como um planeta habitado, mas as sondas americanas desmentiram esta notícia. O espírito da mãe de Chico Xavier teria se enganado?

Chico: Sabemos que o espaço não está vazio, mas precisamos esperar o progresso científico na descoberta mais ampla e na definição mais precisa daquilo que chamamos anti-matéria. Então, devemos aguardar que a ciência possa interpretar para nós a vida em outras dimensões, outros campos vibratórios.

H2 (João): Chico Xavier, fico me perguntando, por que filósofos como Platão, Aristóteles e Kant não enviam do além obras para os médiuns? Será difícil demais “traduzir” as idéias deles?

Chico: Com todo respeito ao senhor e a Igreja Católica em cujo seio formei minha fé, eu me permitiria perguntar se eles também não seriam médiuns.

João se irritando fala:

H2 (João): Este programa é de perguntas e não de debate.

H3 (apresentador): Bem, são quase três horas da manhã, o nosso programa chega ao fim. Muito obrigado a Reali Júnior, Dercy Pires, João de Scantimburgo, Helle Alves e a Chico Xavier… Chico, gostaria de terminar nosso programa com algum dizer?

MÚSICA 7 em tom baixo enquanto Chico faz a prece.AZUL (quando Chico começa a prece)

Chico: Se me permite Almir, gostaria de lembrar a oração que minha mãezinha me ensinou:Pai nosso que estás no céuSantificado seja seu nomeVenha a nós o vosso reinoSeja feita a vossa vontadeAssim na Terra como nos CéusQue o pão nosso que cada dia nos dai hojeNão nos deixai cair em tentaçãoMas nos livrai do mau…Assim seja!

Saem todos, ficam somente Chico que se dirige à mesa e H1 e H3 que entram novamente depois de levar as cadeiras, cochichando ao centro.

BRANCO

CENA 12 (Chico e os animais)

Chico se levanta e diz:

Chico: O que os senhores estão escondendo hem?

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H3 (vizinho): Chico, estava conversando com o cumpadre aqui, e achamos melhor comprar veneno pra estas formigas, estão acabando com sua horta, e esta serve para alimentar os mais necessitados, não é mesmo?

H1 (vizinho 2): Chico, Formicida Tatu é o melhor pra essas ocasiões…

Chico: Calma, nos dêem 3 dias.

Saem H1 e H3. Chico se dirige a um canto e diz para as formigas:

Chico: Minhas irmãs formigas, embora admire muito o seu trabalho, é preciso que deixem esta residência, pois uma tempestade vai desabar sobre vocês; ao lado desta modesta horta (apontando) tem um enorme terreno todo plantado das mais variadas gramíneas, uma grande mata que a natureza colocou à disposição de todos. Mudem-se e nos deixem em paz. Está bem?

Chico se levanta e sai, entram H1 e H3.

H1 (narrador): No dia seguinte sobraram apenas algumas formigas, as “subversivas” segundo Chico.

H3 (narrador): Chico tinha um imenso amor aos animais, quantas vezes não chegava às três horas da manhã, após haver atendido mais de mil pessoas, pra ainda pegar seus gatos e cachorros no colo, acariciá-los, para depois preparar-lhes a comida com imenso carinho.

Sai H1 e H3. Entra Chico e se senta à mesa.

CENA 13 (Nos tribunais)

Entra M3 e espera Chico falar-lhe. Chico afirma com a cabeça e ela fala:

M3 (auxiliar): Chico, quem bate à nossa porta são os pais de Maurício Garcez Henriquez, aquele menino que morreu com um tiro de seu amigo José Divino… esse caso apareceu no jornal, já fazem uns 2 anos… eles querem notícias do filho.

Chico: Faça-os entrar minha irmã.

Sai M3, entram H1 e M2.

M2 (mãe de Maurício): Graças a Deus Chico, conseguimos finalmente falar com você.

H1 (pai de Maurício): Chico, como já deve saber, nosso filho morreu de forma trágica, 2 anos atrás, por conta de uma briga em que se envolveu com um de seus amigos inconsequentes…

Chico: Meus queridos, o telefone só toca de lá pra cá… porém…

Chico se debruça sobre a mesa tentando se concentrar…

Chico: O querido filho está presente e beija-lhe o coração materno. O filho agradece as preces e lembranças.

Os pais chorando copiosamente saem, Chico se levanta e amparando-os sai também.Entra H2 fala, sai e entra H3 falando após.

H2 (narrador): A primeira carta veio em 1978. O morto pedia “resignação e coragem” e garantia:

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H3 (Maurício): O José Divino nem ninguém teve culpa em meu caso. Brincávamos a respeito da possibilidade de ferir alguém pela imagem no espelho. Sem que o momento fosse para qualquer movimento meu, o tiro me alcançou, sem que a culpa fosse do meu amigo ou minha mesmo. O resultado foi aquele. Se alguém deve pedir perdão sou eu, porque não devia ter admitido brincar em vez de estudar. Estou vivo e com muita vontade de melhorar.

Sai H3, entram os pais dele com a carta em mãos:

H1 (pai de Maurício): É impressionante, a assinatura é a mesma do nosso Maurício…

M2 (mãe de Maurício): Será que não vê Marcos. Foi ele mesmo quem escreveu…Não devemos mais perseguir José Divino, ele deve ser solto o mais breve possível…

Saem os pais, entra o juíz, se senta à mesa com martelo.

FOCO BRANCO À MESA

H2 (juíz): Temos que dar credibilidade à mensagem, apesar de a Justiça ainda não ter merecido nada igual, em que a própria vítima, após sua morte, vem revelar e fornecer dados ao julgador para sentenciar. Ela isenta de culpa o acusado, fala da brincadeira com o revólver e o disparo da arma, coaduna este relato com as declarações prestadas pelo acusado.

O juíz bate o martelo e sai.BRANCOEntra Glória Perez chorando dicretamente, esperando Chico.

CENA 14 (Daniela Perez)

Chico chega.

M1 (Glória Perez): Chico Xavier… preciso de um consolo, preciso de notícias, como que foi acontecer essa tragédia? Por que a Daniela morreu desse jeito? Por que Chico? Como está a Daniela? Aonde ela está?

Chico: Glória…Calma. Daniela está passando por um período de descanso. As notícias vão vir, quando forem necessárias. Ainda sabendo que a morte vem de Deus, quando nós não a provocamos, não podemos, por enquanto na Terra, receber a morte com alegria porque ninguém recebe um adeus com felicidade, mas podemos receber a separação com fé em Deus, entendendo que um dia nos reencontraremos todos numa vida maior e essa esperança deve aquecer-nos o coração.

M1 (Glória Perez): Deus te abençoe Chico, Deus te abençoe.

Glória Perez sai e Chico continua ao palco levando às mãos à cabeça se lamentando. Emmanuel entra.

VERDE & AZUL

CENA 15 (Aliviai e sereis aliviado)

H2 (Emmanuel): Chico! Por que choras?

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Chico: Não vê Emmanuel? São tantas pessoas desesperadas, centenas me procurando dia e noite à procura de consolo, como se eu fosse resolver os problemas…Penso que a mensagem já está dada, são tantos livros, basta que leiam…

H2 (Emmanuel): Chico, as pessoas necessitam de ajuda tanto quanto você e além do mais, inegavelmente tens uma missão com os livros porém isso não te impede que ajudes de outras formas.

Chico: Essas crises de angina não me deixam, estou ficando quase sem visão Emmanuel, e ainda tenho problemas constantes com queda de pressão…

H2 (Emmanuel): Chico, Chico… Aliviai e sereis aliviado.

Emmanuel sai, Chico se senta enquanto música toca (sai após um tempo reanimado).

BRANCO

MÚSICA 8 alta por um tempo até narradora entrar quando esta fica em tom baixo, extinguindo-se quando Chico entra.

CENA 16 (No presídio)

Entra M3.

M3 (Narradora): Chico seguia a risca os conselhos de Emmanuel, para combater a doença: caridade. Em 1978 foi buscar forças na Penitenciária de São Paulo.

Sai M3. Entram Chico e diretor do presidio.

Chico: Quero sair daqui, mas, antes, desejo abraçar e beijar a todos.

H3 (Diretor do presídio): Deus me livre. Não senhor. Você não vai abraçar nem beijar ninguém.

Chico: Não senhor, doutor. Eu não viria aqui fazer prece para depois me distanciar dos nossos irmãos. Não está certo.

H3 (Diretor do presídio): Neste salão, outro dia, mataram um guarda de 23 anos. Afiaram a colher até ela virar punhal. Aqui há criminosos com sentenças de duzentos a trezentos anos. Eles podem te matar.

Chico: Pouco importa, vim aqui para o encontro e o senhor não me permite abraçar?

H3 (Diretor do presídio): Está bem Chico, está bem….porém algumas providências terão que ser tomadas, não quero ser capa de jornal amanhã. Terá que abraçá-los de trás da mesa e dezoito baionetas ficarão apontadas para o grupo de criminosos.

Chico afirma com a cabeça e se dirige para a mesa. Entra a música ao fundo. O diretor. Quando o primeiro criminoso chega para apertar sua mão ele sai de trás da mesa e o abraça efusivamente.

MÚSICA 8 alta até o primeiro criminoso chegar, fica em tom baixo até o “Vai com Deus” de Chico.

H1 (Criminoso 1): Obrigado Chico.

Chico: Por nada meu filho.

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Criminoso 1 sai, entra Criminoso 2 e cochicha ao ouvido do médium.

H3 (Criminoso 2): somente cochicha.

Chico: Vai com Deus!

Sai Criminoso 2, entra Criminoso 3 que fica estático em frente ao médium olhando fixamente ao que Chico pergunta:Chico: O senhor quer que eu o abraçe?

H2 (Criminoso 3): Perfeitamente.

Após abraçar o corpo rígido:

Chico: O senhor deixa que eu o beije?

H2 (Criminoso 3): Pode beijar.

Chico o beija de um lado e de outro. O criminoso começa a chorar e diz:

H2 (Criminoso 3): Muito obrigado.

Sai Criminoso 3 e Chico. Entram M3, M2 e M1.

M3 (Narradora): Em 80, Vanucci convidou o maior fenômeno espírita do país a participar de um programa em homenagem ao médium baiano Divaldo Pereira Franco. Chico teria de gravar no Teatro Globo.

M3 sai.

M2 (Narradora): Uma das artistas convidadas, Glória Menezes, teve uma crise de choro ao se deparar com aquele senhor sorridente. No roteiro, personalidades como Lima Duarte, Tony Ramos, Paulo Figueiredo e Roberto Carlos declamavam poemas e depoimentos ao próprio Chico Xavier.

M1 (Narradora): Seu amigo Vanucci tinha mentido. Chico iria participar de um programa dedicado a si mesmo, “Um homem chamado amor”. Era o lançamento de sua campanha para o Prêmio Nobel da Paz.

M2 (Narradora): A campanha serviu para divulgar a Doutrina Espírita. Chico não ganhou. Naquele ano foram vendidos 700 mil livros com o nome de Chico estampado na capa, e ele nada ganhava com todos os direitos autorais, doava tudo e vivia somente com o dinheiro de sua aposentadoria da Fazenda Modelo.

Sai M1 e M2.

CENA 17 (Chico?)

Entram M3, H1 e H3. Conversam um tempo, logo após entra Chico.

H1 (discrente): Queria tanto ver esse Chico Xavier de quem vocês tanto falam…

M3: Ah cumpadre, ele é muito ocupado com suas psicografias, mas vire e mexe ele está por aqui.

H3: Chico é uma pessoa muito boa, aqui nos arredores todos gostam muito dele.

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Chico entra. Todos o cumprimentam efusivamente e M3 fala:

M3: Não querias tanto saber quem é o Chico, aí está…

H1 pergunta em tom irônico…

H1 (discrente): Você que é o Chico?

Chico afirma com a cabeça.

H1 (discrente): Quem me dera você fosse o Chico, quem me dera…

H1 sai para um lado, H3 sai com ele tentando esclarecê-lo, M3 e Chico se dirigem ao outro lado do palco. Chico sorrindo diz:

Chico: É, quem me dera…

B.O. 3 seg.BRANCO

M3 e Chico só vão pegar duas cadeiras e a colocam em semicírculo no centro do palco.Velhinha 1 e D. Josefina saem da outra entrada com mais duas cadeiras formando um semicírculo completo. Todos sentam com uma colher na mão.

CENA 18 (A barata na sopa)

M1 (Velhinha): Ai Chico, D. Josefina sempre o estimou muito, seu maior desejo era que viesse jantar um dia com ela, não é mesmo D. Josefina?

M3 (Amiga): D. Josefina sempre fala de você Chico, ela o adora…

M2 (D. Josefina): É veradade meu filho… Mas então Chico, está gostando da minha sopa? Olhe que a fiz com cuidado e carinho em sua homenagem.

Chico olha a sopa, toma um susto, tira os óculos pra vê-la melhor e fala meio surpreso:

Chico: Está ótima minha irmã, está ótima…Sou muito grato pela sua bondade. Não mereço tanto…

Continuam conversando, H2 entra:

H2 (Narrador): D. Josefina, que era uma senhora cega muito estimada nos arredores ria de contente, adorava o Chico, e este por sua vez para agradar a amiga continuava comendo a sopa, mesmo com uma barata no meio do prato.

B.O. 2 seg.

Saem todos com as cadeiras ficando somente H2, entram H1 e H3.Uma distante do outro, os 3 agaixados…

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CENA 19 (Palavras de Chico)

MÚSICA 9 alta até H3 começar a falar, fica em tom baixo até o final da cena.

FOCO VERDE À DIREITA

H3 se levanta e entusiasmado diz:

H3 (Narrador): Quando cada um de nós transformar-se em livro atuante e vivo de lições para quantos nos observam o exemplo, as fronteiras da interpretação religiosa cederão lugares à nova era de fraternidade e paz que estamos esperando.

Chico Xavier

FOCO AZUL À ESQUERDA

H3 se agaixa novamente. H2 se levanta e entusiasmado diz:

H2 (Narrador):A vida está repleta da beleza de Deus, e por isso não nos sera lícito entregar o coração ao desepero, porque a vida vem de Deus, tal qual o sol maravilhoso nos ilumina.

Chico Xavier

FOCO AMARELO AO CENTRO

H2 se agaixa novamente. H1 se levanta e entusiasmado diz:

H1 (Narrador):O amor é o clima em que as menores expressões da vida, em todos os planos, crescem nos laboratórios do tempo, para a divina glorificação.

Chico Xavier

BRANCO

H1 se agaixa novamente. Entram M1, M2 e M3 e cantam junto com H1, H2 e H3 e Chico que entra após um tempo.

MÚSICA CANTADA 4

H1, H2, H3, M1, M2, M3 e Chico ao centro dos seis ficam de frente para o público a narrar.

CENA 20 (Dados estatísticos e final)

MÚSICA 10 alta por um tempo, permanecendo em tom baixo até o final de cena.

H1 (narrador): 92 anos de vida, 74 dedicados a servir de ponte entre vivos e mortos…

M1 (narradora): Chico escreveu 412 livros…

H2 (narrador): vendeu quase 25 milhões de exemplares…

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M2 (narradora): muitos traduzidos para línguas estrangeiras, entre elas o grego, tcheco, japonês, e até mesmo em esperanto e braile…

H3 (narrador): doou TODA a renda, em cartório, a instituições de caridade.

Fala Chico em tom de brincadeira, meio narrador, meio Chico:

Chico: Os livros não me pertencem. Eu não escrevi. “Eles escreveram”.

M3 (narradora): Em fevereiro de 2000, Chico foi eleito o mineiro do século, acumulando mais votos que personalidades como: Pelé, Betinho, Carlos Drumond de Andrade e Juscelino Kubitschek.

H1 (narrador): No ano seguinte fora internado com pneumonia dupla em estado grave… um cinegrafista registrou o momento em que um ponto luminoso vindo do céu se deslocou em alta velocidade na direção da janela do quarto onde Chico estava…

M1 (narradora): As imagens foram exibidas no programa “Fantástico”… Reflexo na lente da câmera? Fraude? Ajuda espiritual? Milagre?

H2 (narrador): Fora descartada a opção de fraude por especialistas e logo após a aparição, Chico, tinha alta, devido a melhora repentina.

M3 (narradora): Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico, desencarnou no dia 30 de junho de 2002…

B.O. para vídeo e/ou mensagem de Chico.Todos se sentam, assistem ao vídeo com fotos de Chico (se possível) e ouvem à mensagem de Chico.

FIM

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OBS 1: A peça contará com 8 atores, sendo Chico Xavier, Chiquinho e mais 3 homens e 3 mulheres que se intercalarão entre os diversos personagens.

OBS 2: Contará também com uma pessoa responsável pela iluminação e direção e outra pelo som, figurino e cenário contabilizando 10 pessoas ao total.

OBS 3: Cenário básico fixo - mesa com uma cadeira ao centro.

OBS 4: A peça contará com 2 grupos que se revezarão nas apresentações.

OBS 5: Os 6 atores que interpretarão vários personagens também serão narradores em certos momentos, se dirigindo diretamente ao público informalmente.

OBS 6: Iluminação fixa – 2 cores pra cada lado, 1 branco pra cada lado, um foco pequeno branco na escrivaninha vindo de uma luminária instalada na própria, 1 foco pequeno de azul à esquerda de baixo pra cima, 1 foco pequeno de amarelo ao centro de baixo pra cima, 1 foco pequeno de verde à direita de baixo pra cima, além do strobble em um dos pés.

OBS 7: Sugestão de figurino de cada personagem & papéis durante a peça:

Chiquinho: Bermuda de pano, camisa de malha (pequena e fina), chinelo de dedo.

Chico: Cena 3- Calça de pano, camisa de malha bege, chinelo de dedo e avental de açougueiro. Cena 4- Calça de pano, camisa de malha, sapato.

Cena 8- Calça de pano, camisa de malha, sapato.Cena 11- Calça de pano diferente, camisa de malha de outra cor, sapato e peruca. Cena 13- Calça de pano, camisa de malha de outra cor desbotada, sapato, boina e óculos meio-escuro.Cena 16- Calça de pano, camisa de malha de outra cor desbotada, sapato, boina e óculos escuro.Cena 19- Calça de pano, camisa de malha, sapato e boina.

M1: Vizinha (cena 1)- saia comprida, camiseta, chinelo e avental.D. Ana (cena 2)- vestido comprido e sandalha.Narradora (cena 2)- vestido comprido e sandalha.Narradora (cena 5)- vestido comprido e sandalhaAmiga (cena 7)- saia, camiseta e sandalha.Música (cena 7)- saia, camiseta e sandalha.Mártir (cena 10)- bermuda, camisa e sandalha.Mãe do deficiente (cena 10)- outra saia, outra camisa e sandalha.Música (cena 10)- outra saia, outra camisa e sandalha.Glória Perez (cena 14)- calça jeans, camisa, sapato.Narradora (cena 16)- calça jeans, camisa, sapato.Velhinha (cena 18)- saia, camisa, sandalha e peruca.

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Música (cena 19)- saia, camisa, sandalha.Narradora (cena 20)- saia, camisa, sandalha.

M2: Rita (cena 1)- saia, camiseta, chinelo, avental, lenço na cabeça.Rita (cena 2)- saia, camiseta, chinelo, avental, lenço na cabeça.Narradora (cena 2)- saia, camiseta, chinelo, avental, lenço na cabeça.Narradora (cena 5)- saia, camiseta, chinelo.Música (cena 7)- vestido, sandalha. Aflita (cena 8)- vestido, sandalha.M2 (cena 10)- saia, sandalha.Música (cena 10)- saia, sandalha.Helle Alves (cena 11)- calça, camisa, sapato.Mãe de Maurício (cena 13)- calça jeans, outra camisa e sapato.Narradora (cena 16)- calça jeans, outra camisa e sapato.D. Josefina (cena18)- saia, camisa e sandalha, cabelos brancosMúsica (cena 19)- saia, camisa e sandalha, cabelos brancosNarradora (cena 20)- saia, camisa e sandalha, cabelos brancos

M3: Mãe (cena 1)- descalça com túnica verde.Narradora (cena 2)- vestido compridoNarradora (cena 5)- vestido compridoMãe (cena 7)- descalça com túnica verde.Música (cena 7)- descalça com túnica verde.M3 (cena 10)- saia, camisa, sandalha.Música (cena 10)- saia, camisa, sandalha.Dercy Pires (cena 11)- calça social, camisa e sandalha.Auxiliar (cena 13)- saia, camisa e sandalha.Narradora (cena 16)- vestidoM3 (cena 17)- vestido e lenço na cabeça.Amiga (cena 18)- vestido e sandalha.Música (cena 19)- vestido e sandalha.Narradora (cena 20)- vestido e sandalha.

H1: Música (cena 1)- calça de pano, camisa de pano e sapato.S. José (cena 3)- calça de pano, camisa de pano e sapatoNarrador (cena 3)- calça de pano, camisa de pano e sapatoCrítico 1 (cena 6)- calça jeans, camisa e sapato.Crítico 1 (cena 7)- calça jeans, camisa e sapato.Criatura (cena 10)- túnica preta e máscara.Música (cena 10)- calça jeans, camisa e sapato.Realy Júnior (cena 11)- calça social, camisa social e sapato.Vizinho 2 (cena 12)- calça de pano, camisa de malha e chinelo.Narrador (cena 12)- calça de pano, camisa de malha e chinelo.Pai de Maurício (cena 13)- calça de pano, camisa de malha e sapato.Criminoso 1 (cena 16)- calça jeans velha, camisa desbotada.Discrente (cena 17)- calça jeans, camisa e sapato.Narrador (cena 19)- calça jeans, camisa e sapato.Música (cena 19)- calça jeans, camisa e sapato.Narrador (cena 20)- calça jeans, camisa e sapato.

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H2: Música (cena 1)- calça jeans, camisa e sapato.Freguês (cena 3)- calça jeans, camisa e sapato.Emmanuel (cena 3)- só vozEmmanuel (cena 4)- descalço com túnica azulEmmanuel (cena 8)- descalço com túnica azulEmmanuel (cena 10)- descalço com túnica azulMúsica (cena 10)- calça de pano, camisa de pano e sapato.João de Scantimburgo (cena 11)- batina e sapato preto.Narrador (cena 13)- calça jeans, camisa e sapato.Emmanuel (cena 15)- descalço com túnica azulCriminoso 3 (cena 16)- shorts e camisa com chinelo.Narrador (cena 18)- calça jeans, camisa e sapato.Narrador (cena 19)- calça jeans, camisa e sapato.Música (cena 19)- calça jeans, camisa e sapato.Narrador (cena 20)- calça jeans, camisa e sapato.

H3: Música (cena 1)- calça de pano, camisa de pano e sapato.S. Hermínio (cena 3)- calça de pano, camisa de pano e sapato.Narrador (cena 3)- calça de pano, camisa de pano e sapato.Crítico 2 (cena 6)- calça jeans, camisa e sapato.Manuel (cena 9)- calça de pano, camisa de pano (mais folgada) e sapato.Narrador (cena 9)- calça de pano, camisa de pano (mais folgada) e sapato.Música (cena 10)- calça de pano, camisa de pano (mais folgada) e sapato.Apresentador (cena 11)- calça social, camisa social e sapato.Vizinho (cena 12)- calça de pano, camisa de pano e sapato.Narrador (cena 12)- calça de pano, camisa de pano e sapato.Maurício (cena 13)- calça jeans, camisa e sapato.Diretor do presidio (cena 16)- calça jeans, camisa social e sapato.Criminoso 2 (cena 16)- calça jeans, camisa velha e chinelo.H3 (cena 17)- calça de pano, camisa de malha e sapato.Narrador (cena 19)- calça de pano, camisa de malha e sapato.Música (cena 19)- calça de pano, camisa de malha e sapato.Narrador (cena 20)- calça de pano, camisa de malha e sapato.

Organização nos camarins é fundamental. O figurino é responsabildade de cada um, porém, todos contarão com a ajuda da pessoa responsável pelo figurino.

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