Título do trabalho: Butilenos e Butadienoprojfeup/submit_15_16/uploads/relat_Q1... · A...
-
Upload
duongnguyet -
Category
Documents
-
view
213 -
download
0
Transcript of Título do trabalho: Butilenos e Butadienoprojfeup/submit_15_16/uploads/relat_Q1... · A...
BUTILENOS E BUTADIENO 1
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Título do trabalho: Butilenos e Butadieno
Projeto FEUP : 2015-MIEQ
Equipa 8032:
Supervisor: João Bastos Monitor: Tiago Vilas Boas
Estudantes & Autores:
Ana Rita Rola de Jesus ([email protected]) Hélder Miguel Carvalho Vieira ([email protected])
Ana Sofia Torres Silva ([email protected]) Maria Estanque Brogueira ([email protected])
Daniela Santos da Silva ([email protected])
Luísa Torres Vieira de Castro ([email protected])
BUTILENOS E BUTADIENO 2
RESUMO:
Butilenos e butadieno são importantes percursores da indústria petroquímica.
No presente trabalho, fazemos uma abordagem aos aspetos históricos da sua descoberta,
utilização e produção ao longo dos tempos. Descrevemos os processos de produção/fabrico do
butadieno e do etil-t-butil éter(ETBE), caraterizando as várias etapas e a tecnologia que é
utilizada, nomeadamente do processo de steam cracker.
Posteriormente, referimos os usos e aplicações que estes percursores têm, apresentando
dados estatísticos sobre esta temática.
Abordamos, também, a questão ambiental, indicando os danos que estes compostos
podem causar ao ambiente e os cuidados que se deve ter quando são manuseados.
Por fim, caraterizamos o mercado/indústria nacional e internacional, apresentando uma
reflexão baseada em dados estatísticos relacionados com a produção, comercialização e consumo.
BUTILENOS E BUTADIENO 3
PALAVRAS-CHAVE:
Petroquímica; Indústria; Butenos; Butadieno; ETBE; Mercado; Hidrocarbonetos; Steam
Cracker; Petróleo; Fórmula molecular; Propriedades Físicas e Químicas; Isómeros;
Polímeros; Monómeros; Reações de Síntese; Borracha; Cadeia Reacional; Esterificado;
Pirolisado; Olefínicos.
BUTILENOS E BUTADIENO 4
AGRADECIMENTOS:
A realização de um trabalho consistente e rigoroso só foi possível, graças às diversas
palestras a que assistimos ao longo da semana intensiva do projeto FEUP que nos deram as
competências necessárias e úteis para que a elaboração deste projeto fosse mais fácil, deste modo,
queremos agradecer a todos os docentes e funcionários que as tornaram possíveis.
Queremos também fazer um especial agradecimento ao nosso monitor e supervisor que
acompanharam passo a passo todo o nosso projeto disponibilizando o seu tempo e conhecimento
e aconselhando-nos para que este trabalho se tornasse melhor.
BUTILENOS E BUTADIENO 5
2
3
4
6
7
8
8
9
9
9
10
10
11
12
12
12
13
13
14
14
14
15
18
18
18
18
19
19
19
19
20
20
21
22
23
ÍNDICE:
Resumo . . . . . . . . . . . . . .. . .. . . . . . .. . . . .. . . . .. . . . .. . . . . .. .. . . . . . .. . . . .. . . . .. . . . .. . . . . .. .. . . . . . .. . . . .. . . .
Palavras-chave…………………………………………………………………………
Agradecimentos……………………………………………………………………… . .
Glossário………………………………………………………………………………..
Introdução……………………………………………………………………… . . . . . . ..
1. Butilenos…………………………………………………………………………… . .
1.1. História dos butilenos………………………………………………… .
1.2. Propriedades: ……………………………………………………………
1.2 .1 . Físicas…………………………………………………………… . .
1.2 .2 . Qu ímicas………………………………………………………… . .
1.3. Aspetos económicos: ……………………………………………………
1.3.1. usos e aplicações…………………………………………
1 . 3 . 1. 1 . E TB E………………………………………………
1 . 3 . 1. 2 . Re st an te s Pr od uto s……………………………….
1.3.2. Imp actes Ambientais…………………………………….
1.4. Segurança e saúde……………………………………………………….
1.5. Mercados Mundiais……………………………………………………….
1.6. Mercados Nacionais………………………………………………………
2. Butadieno: ……………………………………………………………………………
2.1 História do butadieno……………………………………………………
2.2. Propriedades………………………………………………………………
2.3. Processos de formação……………………………………………………
2.4. Importância económica e social……………………………………...
2.4 .1Usos e aplicações……………………………………………………
2 . 4 . 1. 1 SBR…………………………………………………………
2 . 4 . 1. 2 . AB S………………………………………………………..
2 . 4 . 1. 3 . NBR………………………………………………………..
2 . 4 . 1. 4 . BR…………………………………………………………
2 . 4 . 1. 5 . Ou tr a s a pli c açõ es…………………………………………
2 . 4 . 2. Imp ac te s am bi e nt ai s………………………………………..
2.5. Segurança e saúde……………………………………………………….
2.6. Mercados Mundiais………………………………………………………
2.7. Mercados nacionais…………………………………………………… . .
Conclusão …………………………………………………………………………….
Referências …………………………………………………………………………….
BUTILENOS E BUTADIENO 6
GLOSSÁRIO:
DIOLEFINAS- são hidrocarbonetos alifáticos insaturados por duas ligações duplas.
MISCÍVEL- Que se consegue misturar; que consegue ser misturado; misturável.
REAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO- reação que dá origem a um polímero em que uma molécula inicial (monómero) se agrupa sucessivamente com outras.
EFEITO ESTÉRICO- advém do fato de cada átomo dentro de uma molécula ocupar uma determinada quantidade de espaço. Se os átomos forem colocados demasiado próximos, há um custo em energia associado devido à sobreposição das nuvens eletrónicas, e esta pode afetar a forma final da molécula e a sua reatividade.
HIDROGENAÇÃO- reação química que ocorre quando uma molécula é obtida pela adição de hidrogénio a uma cadeia de carbono insaturada normalmente na presença de um metal catalisador como níquel, platina ou paládio e dando origem a um alcano.
ÍNDICE OCTANO- percentagem de isoctano (C8H18) e de heptano (C7H16) contidos num combustível.
DESIDROGENAÇÃO- reação química que envolve a eliminação de hidrogénio (H2).
ESTERIFICAÇÃO- reação química reversível na qual um ácido carboxílico reage com um álcool produzindo éster e água.
PIRÓLISE- reação de análise ou decomposição que ocorre pela ação de altas temperaturas. Ocorre uma rutura da estrutura molecular original de um determinado composto pela ação do calor em um ambiente com pouco ou nenhum oxigénio.
OLEFINAS- hidrocarboneto alifático, ou seja, de cadeia aberta, apresentando pelo menos uma ligação dupla entre os carbonos.
EMULSÃO- mistura entre dois líquidos imiscíveis em que um deles (a fase dispersa) encontra-se na forma de finos glóbulos no seio do outro líquido (a fase contínua), formando uma mistura estável[4].
BUTILENOS E BUTADIENO 7
INTRODUÇÃO:
O presente relatório, realizado no âmbito da unidade curricular “Projeto FEUP”, aborda a
temática dos produtos da indústria petroquímica, mais precisamente os butilenos e o butadieno,
que são ambos produtos importantes neste ramo.
O 1-buteno (IUPAC) ou α-butileno (nome comum) é um hidrocarboneto insaturado, cuja
fórmula molecular é C4H8, que possui vários isómeros, tais como: cis-2-buteno, trans-2-buteno e
2-metilpropeno. Nem o buteno, nem os seus isómeros são encontrados na natureza, apesar disso,
são conhecidos há mais de cem anos.
Inicialmente este composto tinha uma importância e utilização limitadas, pois a sua
disponibilidade era reduzida. Com o passar dos anos, devido ao aumento dos mecanismos
utilizados na refinação do petróleo e na produção de etileno, os butenos tem sido produzidos em
grandes quantidades como coproduto. O principal obstáculo à sua utilização é a sua natureza
química.
O 1,3-butadieno é um composto da família das diolefinas cuja fórmula molecular é C4H6.
A sua grande importância industrial deve-se sua cadeia dupla C=C conjugada, ou seja, nas
posições 1,3. Distinguem-se de outras moléculas com cadeia dupla pelas suas diferentes
propriedades reacionais, sobretudo pela sua alta reatividade.
Há algumas décadas que o butadieno tem sido usado em larga escala, principalmente nas
indústrias da borracha e de utensílios do género da fita-cola. Em termos de produção, o butadieno
começou a ser produzido em grande escala pela Alemanha ainda antes da segunda guerra
mundial e pelos Estados Unidos da América durante a mesma.
BUTILENOS E BUTADIENO 8
1. BUTILENOS (Butenos):
Existem 4 isómeros de alcenos com a fórmula química C4H8. Denominam-se de butilenos ou
butenos, cujos nomes de IUPAC são: cis-2-buteno, trans-2-buteno, isobuteno e 2-metilpropeno
que apresentam as seguintes fórmulas estruturais:
Figura 1-Butilenos
1.1. História dos butilenos
Apesar de nenhum destes compostos aparecer espontaneamente na natureza, são
conhecidos há mais de 100 anos.
Os butenos tinham uma importância e utilização limitadas, principalmente, devido à sua
baixa disponibilidade. Porém, com o aumento do processo de refinação do petróleo e da produção
de etileno, estes compostos têm sido obtidos em grandes quantidades como coprodutos.
Até meados dos anos 80, a produção de misturas que continham buteno era muito maior
do que a produção específica dos seus isómeros. No entanto, o aumento acentuado do valor de
mercado dos hidrocarbonetos acelerou o desenvolvimento de processos de separação
economicamente mais rentáveis, o que abriu portas ao uso apropriado e melhorado dos
butenos[1].
BUTILENOS E BUTADIENO 9
1.2. Propriedades
1.2.1. Físicas
Os butenos são gases incolores e inflamáveis à temperatura ambiente e pressão
atmosférica ambiente. São completamente miscíveis com álcoois, éteres e hidrocarbonetos. As
propriedades termodinâmicas dos 4 isómeros são similares como pode ser verificado na tabela
1.1 abaixo representada[1].
Tabela 1.1 – Propriedades Físicas dos Butenos
1-BUTENO CIS-2-BUTENO TRANS-2-BUTENO ISOBUTENO
Ponto fusão (101,3 × 10−3Pa) K 87,80 134,23 167,62 132,81
Ponto de ebulição (101,3 × 10−3Pa) K 266,90 276,87 274,03 266,25
Temperatura Crítica (K) 419,40 435,58 428,63 417,90
Pressão Crítica (Pa) 4,02 × 10−6 4,20 × 10−6 4,10 × 10−6 4,00 × 10−6
Densidade (25ºC) (𝒈/𝒄𝒎𝟑) 0,5888 0,6154 0,5984 0,5879
1.2.2. Químicas
A ligação C=C é uma caraterística peculiar dos butenos e que controla as suas
propriedades químicas. Esta ligação permite que atuem como monómeros na formação de
polímeros.
Dos quatro isómeros, dois apresentam propriedades químicas diferentes dos restantes,
são eles:
O cis-2-buteno é o isómero mais pequeno e sem ligações duplas terminais, mostra uma
menor atividade química;
O isobuteno é o menor isómero de cadeia ramificada, apresenta uma maior reatividade,
especialmente nas reações de polimerização e de adição.
Esta diferença na reatividade permite a separação do isobuteno dos outros isómeros
utilizando reações seletivas. As diferenças na atividade devem-se às diferentes
densidades eletrónicas, polaridades e efeitos estéricos.
BUTILENOS E BUTADIENO 10
1.3. Aspetos económicos e sociais:
Os EUA, Japão e Europa Ocidental perfazem cerca de 90% do mercado dos butenos. Em
2001, 32x106 toneladas de buteno foram consumidas nestas 3 regiões.
O mercado petrolífero é responsável pela maior parte da utilização dos butenos. O
isobuteno é matéria-prima de MTBE (éter metil-terc-butílico) e ETBE (éter etil-terc-butílico).
Também são utilizados, embora em menores quantidades, como percursores na produção de 2-
butanol e do 1,3- butadieno.
Verifica-se um lento crescimento do mercado no mundo.
1.3.1. Usos e aplicações:
O consumo e a produção de diferentes butenos, que são usados em diversas áreas,
diferem consideravelmente entre si, uma vez que grandes quantidades destes compostos são
usados como um meio para fixar e reciclar materiais usados no processo de cracking, após a
hidrogenação.
Baseado num estudo realizado em 2010, podemos afirmar que a produção e em
simultâneo o consumo atingiram, aproximadamente 48.8x106 toneladas[1].
Os principais produtos que derivam dos butenos aparecem representados no seguinte
esquema:
Gasolina Alquilada
Cerca de 60 %
Compostos usados na aditivação de gasolina (MTBE/ETBE)
Cerca de 25 %
Borrachas e Químicos
Cerca de 15 %
BUTILENOS E BUTADIENO 11
1.3.1.1. O ETBE:
O ETBE, ou o éter etil-terc-butílico, é um composto
produzido através do butileno e dos seus isómeros, com a
função de reforçar o índice octano (IO) em produtos usados na
petroquímica, como a gasolina (indicador da resistência da
gasolina à detonação quando comprimida com o ar). É um
liquido que pode variar de tonalidades incolores até
tonalidades de um amarelo claro e, devido a sua composição
apresenta um cheiro muito associado aos éteres.
Todavia, o ETBE não foi o primeiro composto a ser produzido para realizar esta função,
mas sim o MTBE (metil-terc-butílico). Como o uso de MTBE apresentava diversos efeitos
secundários nocivos para homem foi criado o ETBE, que combinava os efeitos do aumento dos
octanos, com o desejo de melhorar as indústrias, fazendo uma espécie de upgrade à indústria para
que esta tivesse como base fontes renováveis, por exemplo, biocombustíveis.
E apesar de ser mais caro, o seu uso tem vindo sempre a aumentar, o ETBE foi promovido
ao composto mais usado como reforço do IO, principalmente, no mercado europeu (apesar, de,
atualmente, também ser usado em mercados americanos e de se estar a expandir para o resto do
mercado mundial da produção de gasolina).
O ETBE é formado a partir do butileno, mais especificamente, do isobutileno, que através
de uma adição ativada por uma catalisador ácido, se mistura com o etanol.
Figura 3 - Reação de Síntese do ETBE
Figura 2 - Fórmula molecular do ETBE
BUTILENOS E BUTADIENO 12
1.3.1.2. Restantes produtos :
Em relação à produção de borrachas , estas são feitas através da copolimerização entre o
mais puro isobuteno com pequenas quantidades de isopreno (um composto orgânico tóxico que
é utilizado como monómero para a fabricação de borrachas), que é utilizado essencialmente como
um forro interno devido á sua excelente impermeabilidade.
O butadieno produzido através da desidrogenação de butilenos, é o menos importante
comparativamente ao butadieno obtido a partir do processo de cracking. No entanto , devido
à mudança que houve relativamente à qualidade e quantidade da matéria prima especialmente
nos Estados Unidos da América, a propósito da produção do butadieno a partir do butileno, este
processo tem vindo a ganhar bastante relevo.
1.3.2. Impactes Ambientais
Os butenos são compostos com elevada volatilidade, enquanto que a sua solubilidade em
água é reduzida. Desta forma, se ocorrer uma libertação deste composto para o meio ambiente a
sua maioria será degradada pelo efeito fotoquímico. Devido a estes dois aspetos característicos
dos butenos, obter quantidades significativas destes no meio aquático que poderiam causar danos
nos organismos que nele habitam não são tecnicamente possíveis de se obter (de acordo com
testes realizados). Os dados comprovam que os butenos não perduram muito tempo no ambiente
e, por isso, não são considerados prejudiciais.
1.4.Segurança e saúde
No manuseamento de butenos não são conhecidos os efeitos de longa exposição, porém
recomenda-se uma manipulação cuidadosa, visto que são voláteis e asfixiantes.
O 1-Buteno, cis 2-buteno e trans 2-buteno são facilmente inflamáveis.
O 1-Buteno é moderadamente explosivo.
O 2-Buteno emite vapores quando aquecido.
Devido à inflamabilidade deve-se tomar precauções para evitar derrames. O seu
manuseamento requer uma ventilação adequada para evitar altas concentrações no ar.
Água e extintores de dióxido de carbono podem ser utilizados em caso de incêndio.
Figura 4 - Símbolos de Segurança
BUTILENOS E BUTADIENO 13
1.5. Mercados Mundiais
Estima-se que 80 a 90% do consumo mundial de butilenos é feito pelos mercados de
combustíveis. O objetivo deste estudo é o mercado mundial dos butilenos, para avaliar o
fornecimento e consumo destes compostos para a produção de químicos e componentes que
misturam a gasolina.
A principal aplicação nos combustíveis é através da produção dos componentes que
misturam a gasolina, como gasolina alquilada. Os butilenos podem também ser misturados
diretamente com gasolina para controlo de volatilidade. E existe, ainda, a possibilidade de serem
adicionados ao propano e butano comercializados, constituindo o gás do petróleo liquefeito
(GPL).
Nas regiões industrializadas, como os Estados Unidos, o oeste da Europa e o Japão, o
mercado químico para n-butenos é mais desenvolvido do que em regiões pouco desenvolvidas,
tais como a América Latina.
No gráfico abaixo encontra-se representado o consumo mundial dos butilenos em
2013[5].
Gráfico 1 – Mercado Mundial
1.6. Mercados Nacionais
O buteno é um derivado da indústria petroquímica pelo que os maiores produtores de buteno
do nosso país são as duas refinarias existentes em Portugal. Ambas pertencem à empresa Galp
Energia, uma situa-se em Sines sendo esta uma das maiores a nível europeu e a outra situa-se no
Porto mais propriamente em Matosinhos e está interligada ao terminal para petroleiros no porto
de Leixões por vários oleodutos com cerca de dois quilómetros de extensão[3].
EUA37%
Europa17%
China10%
América Central e Sul
8%
Resto da Ásia 7%
Japão6%
Médio Oriente
México4%
Canadá3%
África2%
Oceânia1%
BUTILENOS E BUTADIENO 14
2. BUTADIENO
2.1. História do butadieno
Joseph Caventou foi o primeiro cientista a isolar
o butadieno, através da decomposição por meios de
elevadas temperaturas do álcool amílico. O método de
obtenção de butadieno foi melhorado por Marcellin
Berthelot, que consegui produzir este composto
através da passagem de uma mistura de acetileno e etileno por um tubo quente de ferro. Mas só
em 1895, é que a estrutura do butadieno foi claramente descrita por Ciamician e Magnaghi.
Em 1886, Armstrong e Miller descobriram butadieno em produtos obtidos no cracking do
petróleo.
Todavia, só em 1910 é que o butadieno (e os seus derivados) começaram a receber
interesse mais práticos, pois fora descoberto que este composto formava polímeros similares à
borracha[2].
Atualmente, o composto pode ser produzido por diversas vias, nomeadamente pela
desidratação do etanol ou fermentação do amido em 2,3- butanediol que, por sua vez, é
esterificado em diacetato e depois pirolisado em butadieno.
Contudo a via mais direta é por desidrogenação do n-butano.
2.2. Propriedades
O 1,3-butadieno é um gás não corrosivo, incolor e inflamável à temperatura ambiente e
pressão atmosférica.
O 1,2-butadieno é um gás inflamável à temperatura ambiente e pressão atmosférica , é
muito menos estudado que o 1,3 butadieno[2].
Tabela2- Propriedades físicas do 1,3 butadieno
Fórmula molecular C4H6
Massa Molecular (gmol-1) 54,092
Ponto de ebulição (101.325 kPab , K) 268,74
Ponto de fusão (K) 164,25
Temperatura crítica (K) 425,15
Pressão crítica (MPAc) 4,32
Volume crítico (cm3/mol) 221
Figura 5 - Fórmula molecular do butadiano
BUTILENOS E BUTADIENO 15
2.3. Processos de produção
Mais de 95% do butadieno é produzido como subproduto da produção de etileno, através
do processo de steam cracking. Neste processo, a nafta líquida é aquecida gerando uma corrente
designada por raw gas (gás bruto), que consiste numa mistura constituída por vários
hidrocarbonetos que têm entre 1 a 10 átomos de carbono.
Após várias operações, a fração C4 (constituída por hidrocarbonetos com 4 átomos de
carbono) é isolada, sendo depois vaporizada. Em seguida, é enviada para uma coluna de
destilação (1ª destilação extrativa) onde, com a intervenção do solvente dimetilformamida, é
separada em duas frações: uma constituída por butenos/butanos e outra por
butadienos/acetilenos.
A corrente constituída por butenos/butanos (fração menos solúvel) sai pelo topo da
coluna de destilação, sendo depois arrefecida e condensando resultando no refinado I, que é
armazenado. A corrente composta por butadienos/acetilenos sai da coluna de destilação
extrativa pela base e segue para a 1ª extração, na qual ocorre a separação entre os
hidrocarbonetos e o solvente. O solvente limpo sai pelo fundo, ao passo que o solvente
contaminado segue para a linha de regeneração do solvente onde é purificado.
Os hidrocarbonetos seguem para o compressor, sofrendo compressão e dirigem-se para
o destilador sob a forma de gás comprimido, onde vão ser sujeitos à 2ª destilação extrativa na
qual o gás comprimido proveniente do compressor (corrente butadienos/acetilenos), com a
intervenção da dimetilformamida é separado em butadieno bruto, que sai pelo topo da coluna, e
em componentes mais solúveis, sobretudo acetilenos, que saem pelo fundo da coluna de
destilação e que irão ser encaminhados para a coluna de recuperação de butadieno, onde é
possível recuperar butadieno que, à pressão atmosférica, é separado da restante corrente. O
butadieno sai pelo topo da coluna, na forma gasosa, seguindo para o condensador da primeira
extração, onde será reciclado. A corrente de fundo é encaminhada para a segunda extração, na
qual o solvente purificado é enviado para a linha de reciclagem de solvente e o contaminado vai
para a linha de regeneração.
Segue-se a secção de purificação do butadieno, que é constituída por 2 processos de
fracionamento. O primeiro fracionamento consiste na remoção dos hidrocarbonetos leves do
butadieno. Assim, a corrente de butadieno bruto que sai pelo topo da coluna da segunda
destilação é sujeita a uma primeira operação de fracionamento gerando-se uma corrente de topo
designada por gás de saída (“off-gas”). Esta corrente é constituída pelo gás que não condensou,
que pode ser reciclada na fábrica de olefinas ou descarregada para ser queimada na flare. Pode
ainda ser enviada para a central térmica para ser utilizada como gás combustível, juntamente com
a corrente de gás de saída proveniente da segunda extração.
BUTILENOS E BUTADIENO 16
No 2º fracionamento a corrente de fundo que sai do primeiro fraccionamento é
constituída por butadieno bruto líquido. Esta corrente entra num segundo fracionamento onde
através de uma operação de destilação é possível promover a separação de impurezas do
butadieno, que ainda não tenham sido eliminadas (e que acompanham o butadieno na corrente
de fundo), obtendo-se assim o 1,3 – butadieno[9].
No esquema seguinte encontramos o diagrama processual da produção do composto:
BUTILENOS E BUTADIENO 18
2.4. Importância Económica e Social:
2.4.1 Usos e aplicações
O butadieno tem uma grande importância industrial . Em ambas as guerras mundiais foi
elaborado uma ampla investigação e um rápido desenvolvimento, especialmente na Alemanha,
dos procedimentos de obtenção deste monómero. O aumento da disponibilidade deste composto,
ao longo dos últimos tempos, implicou que passasse a ser utilizado como matéria-prima para
produzir outros compostos químicos mais complexos.
Nas indústrias, o monómero extrai-se a partir da fração C4 produzida na fábrica de etileno.
O butadieno é utilizado principalmente em polímeros por várias industrias na produção de
borracha, tais como:
● SBR – styrene-butadiene rubber;
● ABS -acrylonitrile butadiene rubber;
● NBR -nitrile-acrylo-butadiene;
● BR -butadiene rubber.
2.4.1.1. SBR:
SBR, borracha de butadieno-estireno, é a borracha sintética mais produzida no mundo. O
butadieno e o estireno são os seus monómeros de base, ou seja, a matéria-prima da produção
deste material.
A maior parte desta borracha, cerca de 85% a 90%, é polimerizada por emulsão e as restantes
10 a 15% são polimerizadas em solução.
2.4.1.2. ABS:
A ABS, acrilonitrila-butadieno-estireno, é um tipo de
borracha constituído por polímeros como a acrilonitrila, que
são produzidos através da polimerização na presença do
polibutadieno. Este processo é realizado por emulsão ou
massa[6].
A sua grande resistência ao impacto e a sua rigidez são
as características de maior importância deste tipo de
borracha.
Figura 6- Fórmulas químicas dos monómeros de ABS
BUTILENOS E BUTADIENO 19
2.4.1.3. NBR:
A NBR, borracha de acrilonitrila-butadieno, cujo denominação mais comum é o de borracha
nitrílica, é obtida através da polimerização dos monómeros que lhe deram o nome, acrilonitrila e
o butadieno[8].
A reação de produção desta borracha está representada na seguinte figura:
2.4.1.4. BR:
A borracha do tipo BR, butadiene rubber, corresponde a 27% dos consumos totais do
butadieno.
Em termos de aplicações mais concretas, as borrachas são utilizadas para produzir pneus,
mais especificamente na zona das bandas de rodagem.
2.4.1.5. Outras aplicações :
Todavia, não é só na borracha que o butadieno é usado. Este composto é usado na produção de
produtos como a fita-cola e os seus derivados, revestimentos para cabos, arames, solas de sapatos
(em conjunto com o polímero estireno). E ainda na produção de adiponitrila, um composto
químico com formula molecular (CH2)4CN, utilizado no fabrico de nylon[7].
2.4.2. Impactes Ambientais:
Os processos industriais que envolvem a transformação do
butadieno em polímeros complexos para a obtenção destes
produtos libertam grandes quantidades de gases que são lançados
para a atmosfera contribuindo para a sua poluição, aumentando o
efeito estufa e consequentemente do aquecimento global.
Estes problemas podem ser muito graves para o nosso planeta.
Figura 7 - Copolimerização de butadieno e acrilonitrila para obtenção do NBR
Figura 8 - Poluição Atmosférica
BUTILENOS E BUTADIENO 20
2.5. Segurança e Saúde
O butadieno é considerado um composto pouco tóxico, no entanto, como outros
hidrocarbonetos tem alguns efeitos nocivos após a inalação de elevadas concentrações dos
mesmos. São exemplos de alguns efeitos provocados, a hiperventilação e ansiedade.
Foram realizadas experiências em laboratório utilizando como cobaias um conjunto de
ratos, em que se verificou que as doses letais (por inalação) rondam um valor 12,5% (V/V). CL50=
12,5% (V/V).
A partir de algumas experiências, os cientistas não puderam concluir se o composto tem
algum efeito nocivo, no entanto a longo prazo a exposição ao butadieno poderia culminar no
aparecimento de uma neoplasia, ainda que benigna e não comparável com alguns cancros, como
é o caso do cancro da mama.
Através dos contributos de um grupo de voluntários que se expuseram a um ambiente
com elevadas concentrações de butadieno, ficámos a conhecer alguns efeitos deste composto (em
grandes concentrações) no ser humano. Dos efeitos mais significativos podemos referir: irritação
dos olhos, visão turva, tosse, congestão nasal e sonolência.
Todavia, verificou-se que os efeitos não são cumulativos.
2.6. Mercados Mundiais:
Os produtos provenientes do uso de butadieno podem ser encontrados por todo o mundo,
mas os principais mercados mundiais são: a China, os EUA, o Japão, a República da Coreia e a
Alemanha.
Contudo, nem sempre a indústria global de butadieno esteve nos seus melhores
momentos, principalmente em zonas como a América do Norte e Europa entre 2003 e 2013.
Figura 9 - Regiões de produção de borracha
BUTILENOS E BUTADIENO 21
2.7 Mercado nacional
O butadieno, tal como o buteno, é um subproduto da indústria petroquímica pelo que para
ambos os compostos os maiores produtores do nosso país são as duas refinarias existentes em
Portugal, uma situa-se em Sines e a outra situa-se no Porto, mais propriamente em Matosinhos[3].
O butadieno é a principal matéria-prima da borracha de butadieno-estireno e em Portugal
existem várias fábricas que produzem este tipo de borracha, algumas dessas empresas são a
Resinex, a componit, LDA, entre outras sendo as referidas as mais importante.
Figura 10 - Petrogal Sines Figura 11 - Petrogal Matosinhos
BUTILENOS E BUTADIENO 22
Conclusão:
Butilenos e butadieno são importantes derivados do petróleo. A relevância destes
percursores da indústria petroquímica reside no seu vasto leque de aplicações. O butileno é
principalmente usado na alquilação da gasolina e na produção de ETBE/MTBE. O butadieno é
essencialmente utilizado na produção de borrachas. Esta versatilidade confere-lhes importância
económica e social.
Estes compostos são produzidos maioritariamente pelas grandes potências industriais,
tais como o Japão e os Estados Unidos da América, sendo consumidos fundamentalmente em
regiões como América do Norte, Ásia Oriental e Europa Ocidental. Em Portugal, a produção é
escassa e encontra-se num estado pouco desenvolvido.
BUTILENOS E BUTADIENO 23
Referências:
[1]Frank M.A. Geilen, Guido Stochniol, Stephan Peitz, Ekkehard Schulte-Koerne, 2013. “Butenes” in Ullmann's Encyclopedia of Industrial Chemistry (January) DOI: 10.1002/14356007.a04_483.pub3 http://onlinelibrary.wiley.com/store/10.1002/14356007.a04_483.pub3/asset/a04_483.pdf?v=1&t=ig9gkb96&s=53d2c5cbe55ffc9064b4ed5b09f0f9f5b157002c
[2]Joachim Grub, Eckhard Löser, 2011. “Butadiene” in Ullmann's Encyclopedia of Industrial
Chemistry (October) DOI: 10.1002/14356007.a04_431.pub2
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14356007.a04_431.pub2/pdf
[3]Galp Energia, http://www.galpenergia.com/PT/agalpenergia/os-nossos-
negocios/Refinacao-Distribuicao/ARL/Refinacao/Paginas/Home.aspx acedido a 12/10/2015
[4]Infopedia, http://www.infopedia.pt/ acedido a 24/10/2015
[5]IHS, https://www.ihs.com/products/butylenes-chemical-economics-handbook.html acedido
a 15/10/2015
[6]Resinex, http://www.resinex.pt/tipos-de-polimeros/abs.html acedido a 10/10/2015
[7]Repsol,https://www.repsol.com/sa/herramientas/CatalogoQuimica/TransFichero.aspx?ruta
=&archivo=BUTADIENO&tipo=NT acedido a 16/10/2015
[8]Scielo, http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
14282007000400009 acedido a 14/10/2015
[9] Ecogestão,
http://ecogestao.com.pt/documentos/Guia%20Tecnico%20dos%20Petroleos%20e%20Petroq
uimica.pdf acedido a 14/10/2015