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Título: Eventos privados como produtos de contingências de reforçamento. Title: Private events as contingencies of reinforcement products. Autores: - Luciano de Sousa Cunha 1 Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, Bolsista da CAPES. - Elizeu Batista Borloti 2 Doutor em Psicologia pela PUC-SP, Especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva pela USP e em Terapia Comportamental de Grupos pela PUC-SP. Professor Pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da mesma Universidade. Endereço completo do autor responsável pela submissão do artigo: Luciano de Sousa Cunha R. Prof. Elpídio Pimentel 250, apto. 304. Ed. Parintins. Bairro Jardim da Penha. Vitória – ES. CEP: 29060-170. Fax: (27) 3335-2501 (Secretaria do Programa de Pós Graduação UFES) E-mail: [email protected] 1 E-mail para correspondência: [email protected] 2 E-mail para correspondência: [email protected]

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Título: Eventos privados como produtos de contingências de reforçamento.

Title: Private events as contingencies of reinforcement products.

Autores:

- Luciano de Sousa Cunha1

Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade

Federal do Espírito Santo, Bolsista da CAPES.

- Elizeu Batista Borloti2

Doutor em Psicologia pela PUC-SP, Especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva

pela USP e em Terapia Comportamental de Grupos pela PUC-SP. Professor Pesquisador

da Universidade Federal do Espírito Santo e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia

da mesma Universidade.

Endereço completo do autor responsável pela submissão do artigo:

Luciano de Sousa Cunha

R. Prof. Elpídio Pimentel 250, apto. 304. Ed. Parintins. Bairro Jardim da Penha. Vitória –

ES. CEP: 29060-170.

Fax: (27) 3335-2501 (Secretaria do Programa de Pós Graduação UFES)

E-mail: [email protected]

1 E-mail para correspondência: [email protected]

2 E-mail para correspondência: [email protected]

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Eventos privados como produtos de contingências de reforçamento

Resumo

Este experimento investigou o controle de contingências programadas sobre eventos

privados do tipo sentir, empregando um procedimento que eliciou tais eventos e evocou o

tacto dos mesmos, elucidando como as contingências de reforçamento programadas se

relacionam com tactos de eventos privados. Participaram 20 estudantes, de ambos os sexos

(11-14 anos) que executaram tarefas do software Psychotacto2.0. O software simulou

quatro contingências básicas (reforço e punição, positiva e negativa) coletando relatos

verbais sobre sentimentos em cada contingência. Resultados: Em cada fase, predominaram

os relatos: Reforçamento Positivo: contentamento, ansiedade, satisfação e alegria; Punição

Negativa: frustração, desapontamento, tristeza e apreensão; Punição Positiva: raiva,

aborrecimento, ansiedade, apreensão e medo; Reforçamento Negativo: ansiedade,

apreensão e alívio. Conclui-se que a exposição às contingências pode eliciar eventos

privados do tipo sentir e produzir tactos que coincidem em grande parte com os tactos

“esperados” em cada contingência, de acordo com análises teóricas dos estudos em Análise

do Comportamento.

Palavras-Chave: Análise do Comportamento, Tacto de Eventos Privados, Contingências

Programadas, Software.

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Private events as contingencies of reinforcement products

Abstract

The aim of this experiment was to investigate the control of programmed contingencies on

private events (fellings), using a procedure that caused those events and evoked the tact of

them (feelings), explaining how programmed contingencies of reinforcement are linked

with the tacts of private events. Twenty students (both sex aged between 11 and 14 years

old) executed the assignments from the software PsychoTacto 2.0. The software simulated

four basic contingencies (positive and negative reinforcement, positive and negative

punishment), and at the end of each step the students told what they felt. Answers were

measured. Results: In each phase predominated reports: Positive Reinforcement:

contentment, anxiety, satisfaction and joy reports. Negative Punishment: frustration,

disappointment, sadness and apprehension reports. Positive Punishment: anger, disgust,

anxiety, apprehension and fear. Negative Reinforcement: anxiety, apprehension and relief.

It follows that data indicate that the exhibition to contingencies can eliciate private events

(feelings) and produce tacts of them, according to theoretical analysis of Behavior Analysis

studies.

Keywords: Behavior Analysis, Tact of Private Events, Programmed Contingencies,

Software.

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Eventos privados como produtos de contingências de reforçamento

No final da década de 80, Skinner (1989/2003c) defendeu a relevância de uma

análise funcional do comportamento operante relatar eventos privados (pensamentos ou

sentimentos). Na visão dele, mesmo que outras ações metodológicas sejam feitas para a

condução dessa análise, o pesquisador terá que perguntar às pessoas o que elas estão

sentindo ou pensando (ou o que sentiram ou pensaram), ou seja, se estão experimentando

ou experimentaram os eventos privados que relatam. A partir das respostas das pessoas é

possível inferir algo sobre o impacto das suas histórias (genética e pessoal) naquilo que

sentem. De fato, fazer tais perguntas é, freqüentemente, a única forma de que os analistas

do comportamento dispõem para investigar o impacto de uma dada história pessoal sobre

eventos privados. Faltam-lhes, ainda, recursos metodológicos necessários para

investigações diretas.

Lidando com esta limitação de acesso direto ao sentir ou ao pensar, algumas

estratégias metodológicas foram empregadas na análise desses eventos (por exemplo,

Lubinsky & Thompson, 1987; Hayes, White & Bisset, 1998; Simonassi, Tourinho & Silva,

2001) e o presente trabalho se inclui neste grupo de investigações ao produzir e discutir

dados experimentais acerca do comportamento verbal tacto sob controle dos estímulos

privados do tipo sentir (Baum, 1999) que acompanham o comportamento operante no

desempenho diante de um software que foi elaborado especialmente para o estudo de

relatos verbais acerca de eventos privados do tipo sentir eliciados por diferentes

contingências de reforçamento.

O objetivo deste estudo foi investigar o controle de contingências programadas

sobre eventos privados do tipo sentir, empregando um procedimento que eliciou tais

eventos e evocou o tacto dos mesmos (sentimentos) de modo a elucidar como as

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contingências de reforçamento programadas no software se relacionam com os tactos dos

eventos privados do tipo sentir. Considerou-se como parâmetro para a análise os tactos

cuja emissão seria “esperada” para cada contingência, segundo indicado em estudos

teóricos e conceituais.

Eventos privados, sentimentos e relatos de sentimentos.

A questão da privacidade ou da subjetividade teve força no behaviorismo quando

Skinner (1945) introduziu o conceito de evento privado como sendo aquele evento

inacessível à observação pública direta (os termos interno/externo referem-se à localização

do evento, ou seja, se ocorre dentro ou fora do organismo, Tourinho, 1995/2001c). Desde

então o termo tem sido usado por analistas do comportamento para referir-se a

sentimentos, pensamentos, emoções, cognições e outros tantos processos psicológicos

básicos tradicionalmente abordados pela Psicologia a partir de referenciais mentalistas ou

cognitivistas. Assim, o pensar, o atentar, o ver e tantos outros fenômenos são até admitidos

pelos psicólogos mentalistas como forma de ação do indivíduo, mas raramente são

interpretados com os conceitos de uma Ciência do Comportamento (Tourinho,

1995/2001b).

Em geral, quando trata dos fenômenos chamados neste artigo de eventos privados, a

abordagem tradicional estabelece dicotomias epistemologicamente problemáticas. Uma

delas, a dicotomia físico-mental, foi rejeitada por Skinner (1945) quando discutiu a

natureza dos eventos privados e o critério de verificação pública como atestado da sua

existência. Em outro de seus escritos posteriores, Skinner (1969/1984; 1971) reafirmou que

seria tolice negar a existência de um mundo privado, mas que também seria tolice afirmar

que, por ser privado, ele teria uma natureza diferente da do mundo público. Deste modo,

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ele interpretou os fenômenos psicológicos que ocorrem nesse mundo como respostas com

uma especificidade única: sua propriedade privada ou encoberta. Com isto ele apontou a

diferença básica entre o seu behaviorismo e o de Watson, ou dos positivistas lógicos,

definindo a função do sentimento em seu sistema explicativo do comportamento humano e

não se limitando aos fenômenos que são publicamente observáveis, pois acreditava que o

“como as pessoas se sentem é, geralmente, tão importante quanto o que elas fazem”.

(Skinner, 1989/2003c, p.3). Isto implica afirmar que eventos privados são dotados de

dimensões físicas e funcionalmente relacionados a contingências de reforçamento

presentes no ambiente (físico e social) com o qual o organismo interage. Nesse sentido, o

pensar, como operante privado, é um fenômeno comportamental tanto quanto (e sujeito às

mesmas leis) que qualquer outro operante público.

Em vários trechos de sua obra, Skinner (1953/2003a, 1957/1978, 1974/2003b)

define os eventos privados como estímulos ou respostas acessíveis de modo direto apenas

ao próprio indivíduo que os experiência introspectivamente. No caso dos eventos privados

do tipo sentir torna-se necessária uma distinção entre o que é sentido e o que é relatado

como sentimento (Abib, 1982; Cunha & Borloti, 2005).

Aquilo que é sentido é uma condição corporal e “não é uma causa inicial ou

iniciadora” (Skinner, 1989/2003c, p.15) do comportamento. Como um evento privado, o

sentido é outro produto da relação ambiente-organismo, ou seja, outro produto das

contingências que atuam sobre o comportamento e também sobre o funcionamento

fisiológico do organismo em sua totalidade. Como um produto, pode ser concomitante,

paralelo ou contíguo ao comportamento, tornando o aspecto temporal irrelevante.

Entretanto, este aspecto temporal tem conduzido leigos e alguns teóricos a confundirem o

que se sente ao agir com “causa” da ação.

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O que é sentido pode ser interpretado como um comportamento respondente,

eliciado por uma determinada contingência presente na história de vida, imbricada numa

história filogenética e cultural. No entanto, sua análise não termina aí. Tourinho (2006a,

2006b) acrescenta que o sentido passa a ter uma função discriminativa para uma resposta

verbal, e que, por esta razão, não é apenas uma condição corporal qualquer. Além de

adquirir essa função, o sentido pode alterar a função discriminativa de certos estímulos aos

operantes a ele relacionados. Jogando com as palavras, pode-se dizer, por isto, que, nesta

relação entre operante e respondente, o sentido muda o “sentido” do contexto.

É assim que emerge o que será definido como sentimento: o sentido passa a ser

experimentado sob controle das contingências do contexto e sob controle das contingências

verbais mantidas por uma comunidade. O sentido é discriminado, ou experimentado

corporalmente, e nomeado como um sentimento.

A dor é um exemplo de fácil compreensão desta distinção, pois os papéis dos

ambientes passado e presente atuando sobre ambos (o que é sentido e o sentimento) são

mais óbvios. Em geral as pessoas sabem o que é ou foi doloroso em suas histórias

(ontogenética e filogenética) e sabem o quanto foi importante em suas vidas aprender dos

(e dizer aos) outros que sentem dor. Em casos não tão óbvios a direção da análise

permanece a mesma. Ao invés de procurar atribuir “causas” do comportamentos a

sentimentos, a melhor estratégia é observar o comportamento, os estados do corpo e o

contexto ambiental comum do qual ambos são função e, assim, descrever a função dos

respondentes sobre os operantes. Só assim encontram-se as explicações para a ação e,

portanto, para sentir o que se sente ao agir.

No exemplo da dor, essas explicações levam em conta o modelo selecionista do

comportamento humano em seus três níveis: a filogênese, a ontogênese e a cultura

(Skinner, 1989/2003c), a partir do qual duas análises científicas concomitantes são

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pertinentes: a do sentido e a do relato sobre o sentido. Num processo no qual “a

singularidade do indivíduo é incontestável” (Skinner, 1959, p.17), o primeiro nível é

responsável pelo organismo (o locus do sentido, produto da seleção natural), o segundo,

pela pessoa (possível pelas contingências de reforçamento na interação com o que

aconteceu e acontece enquanto ocorre o sentido), e a terceira, pelo eu (a referência à

função discriminativa do sentido e do seu relato, por exemplo, quando a pessoa diz “Eu

sinto medo”). Este modelo tem sido base para a análise de vários tipos de sentimentos e

outros eventos privados: ciúme e/ou inveja (De Silva, 1997; Grice & Seely, 2000; Leite,

2000; Marazziti, et al., 2003; Pines & Aronson, 1983; Pines, 1992; Costa, 2005; Mathes,

1993), culpa (Guilhardi, 2002), preguiça e procrastinação (Kerbauy, 1997; 2000), sonhos

(Bachtold,1999; Borloti, 2006; Chandra, 1976; Callaghan, 1996; Delitti, M. & Meyer,

1995; Delitti, 1997; Delitti, 2000; Dixon & Hayes, 1999; Guilhardi, 1995; Melo e Silva,

2000; Vandenberghe, 2004), alucinações e delírios (Britto, 2004; Córdova & Medeiros,

2003; Staats & Staats, 1973), percepção (Blough, 1975; Costall, 1984; Fields, Matneja,

Varelas, Belanich, Fitzer & Shamoun, 2002; Goto & Lea, 2003; Kirkpatrick-Steger,

Wasserman & Biederman, 1996; Lopes & Abib, 2002; McFadden & Wild, 1986; Reed,

Howell, Sackin, Pizzimenti, & Rosen, 2003).

Devido à interação entre os três níveis, a discussão sobre eventos privados aparece

sempre mesclada à discussão dos processos verbais que se dão no contato entre a pessoa

que sente e a sua comunidade verbal. Portanto, a compreensão do sentimento depende da

compreensão das relações verbais envolvidas na discriminação do sentido.

Skinner (1957/1978) apresentou o conceito de comportamento verbal

diferenciando-o do comportamento não verbal. As diferenças apontadas por ele foram

discutidas em detalhes por Catania (1986) e a principal delas diz respeito ao fato de o

comportamento verbal afetar o ambiente físico somente pela mediação de outro repertório

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(de outra pessoa ou do próprio falante). Assim, os operantes verbais agem indiretamente

sobre o ambiente físico, já que sua conseqüência definidora é dada por esse outro

repertório mediador (genericamente chamado de ouvinte). Essa mediação confere o caráter

social do comportamento verbal, especialmente daquele relacionado à função

discriminativa dos eventos privados, uma vez que “só quando o mundo privado de uma

pessoa se torna importante para as demais é que ele se torna importante para ela própria”

(Skinner, 1974/2003b, p.31).

Excetuando as propriedades dinâmicas (relacionadas à mediação que caracteriza o

episódio verbal e que modula o nível de energia, a velocidade e/ou a repetição da resposta)

e topográficas (relacionadas à forma da resposta, que pode ser escrita, falada ou

gestualizada) que conferem um status especial ao comportamento verbal, o termo refere

um comportamento também modelado e mantido por um controle de estímulos

antecedentes e conseqüentes (Skinner, 1957/1978). Quando sob controle de

discriminativos não verbais presentes na hora ou pouco antes da resposta, ela é um tipo de

tacto: “um operante verbal, no qual uma resposta de certa forma é evocada (ou pelo menos

reforçada) por um objeto particular ou um acontecimento ou propriedade do objeto ou

acontecimento” (Skinner, 1957/1978, p.108).

De Rose (1995/2001) explicita que a característica do tacto é, portanto, o controle

singular que algum aspecto do mundo exerce sobre a forma da resposta. Quando o evento

do mundo que controla o tacto é público, ele pode ser compartilhado pelo participante e

pelo experimentador, mas quando tais eventos são privados, não é isto o que ocorre.

Nessas situações, o experimentador precisa pedir que o participante fale sobre os mesmos

(De Rose, 1995/2001). Ao falar, o participante fica sob controle do sentido (um estímulo

privado com função discriminativa) e deste controle emerge a relação de tacto que é

propriamente o relato do sentido a partir de um nome de sentimento. .

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O sentimento propriamente dito, então, ao mesmo tempo em que está sob o controle

discriminativo do sentido, também está sob controle da relação de tacto. Por esta razão há

uma diferenciação das tarefas do fisiologista e do analista do comportamento nesse campo

de estudo: “tanto as condições sentidas quanto o que é feito ao senti-las deve ser confiado

ao fisiologista. O que fica para o analista comportamental são as histórias genética e

pessoal responsáveis pelas condições que o fisiologista descobrirá” (Skinner, 1989/2003c,

p.24). Portanto, o estudo experimental dos sentimentos deve focar 1) as contingências de

reforçamento que controlam o sentido e 2) as contingências verbais que controlam o relato

do sentido (Skinner, 1989/2003c). Estes dois focos diferem a abordagem comportamental

do sentimento das abordagens tradicionais (Tourinho, 2006b) opondo-a a quaisquer

concepções internalistas acerca do sentimento (Tourinho, 1995/2001a). No behaviorismo

radical, as relações funcionais entre as contingências de reforçamento os processos de agir,

sentir e relatar o sentir são aquelas que devem ser buscadas para explicar esses processos.

Ao focar as contingências,

(...) a Análise do Comportamento evidenciou progresso significativo na

compreensão do fenômeno comportamental. Isso sugere que um progresso científico

na direção de uma maior capacidade de previsão e produção do comportamento pode

independer da análise do que eventualmente esteja ocorrendo no interior de cada um

(Tourinho, 1995/2001a, pág.176).

Esta previsão e produção do comportamento deve levar em conta o ambiente

cultural que mantém as contingências verbais que controlam o tacto do sentido. Engelmann

(1978) diz que o vocabulário das línguas naturais compreende um grande número de

“nomes de sentimentos”. Entretanto nomear ou referenciar um sentido não é o mesmo que

tacteá-lo: a nomeação ou a referência enfocam o sentido; o tato enfoca a relação entre a

resposta verbal e o sentido (Skinner, 1957/1978). Ou seja, “O tacto é uma relação, e não

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apenas uma resposta e, na ausência de um estímulo controlador não se poderá estabelecer

nenhuma relação” (Skinner, 1957/1978, p.135).

A importância cultural do conhecimento alheio sobre eventos privados (por

exemplo, na educação de crianças, na resolução de problema ou na psicoterapia) permitiu

que vários autores (Holland & Skinner, 1961/1973; Millenson, 1967/1973; Skinner,

1974/2003b; Skinner, 1989/2003c; Lubinsky & Thompson, 1987; Hayes, Jacobsom,

Follette & Dougher, 1994; Banaco, 1999; Simonassi, et al. 2001, dentre outros)

discutissem as relações entre tactos e contingências específicas. Todos afirmam que

diferentes contingências de reforçamento controlam diferentes sentidos (respondentes) e

diferentes tactos (operantes).

Entretanto, apesar desta diversidade verbal, Cunha, Chequer, Martinelli & Borloti

(2005) catalogaram da produção científica de vários analistas de comportamento os

principais nomes de sentimentos produzidos em cada uma das quatro contingências

básicas: reforçamento (positivo e negativo) e punição (positiva e negativa). Concluíram

que os operantes fé, confiança, segurança, interesse, ambição, determinação, obstinação,

perseverança, excitação, entusiasmo, dedicação, compulsão (Skinner, 1974/2003b),

alegria, prazer, satisfação (Skinner, 1989/2003c), elação e êxtase (Millenson, 1967/1973)

parecem estar relacionados à contingência de reforçamento postitivo. Em contrapartida,

frustração (Holland & Skinner, 1961/1973), depressão, incerteza, desapontamento,

impotência, desencorajamento, inibição, timidez, embaraço (Skinner, 1974/2003b),

tristeza (Hayes et al., 1994; Banaco, 1999), alívio, sossego e calma (Banaco, 1999)

parecem estar relacionados à contingência de punição negativa

Ansiedade (Hayes, et al., 1994), vergonha, culpa (Skinner, 1974/2003b), raiva

(Banaco, 1999), medo (Holland & Skinner, 1961/1973), cólera e aborrecimento

(Millenson, 1967/1973) parecem estar relacionados à punição positiva. Em contrapartida,

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ansiedade, fuga, agressividade, vergonha (Skinner, 1974/2003b), terror, apreensão, alívio

(Millenson, 1967/1973) e aversão (Holland & Skinner, 1961/1973) parecem estar

relacionados ao processo de reforçamento negativo.

Se forem considerados como relações de tacto, os operantes acima, de certa forma,

apontam a importância de se enfatizar o que é sentido como função das contingências

envolvidas na sua produção. Entretanto, grande parte desta defesa – como atestam as

referências catalogadas pelos autores – é produto de análises interpretativas em estudos

conceituais ou teóricos. Supostamente, se essas contingências forem arranjadas em

condições experimentais planejadas, elas possibilitarão uma análise detalhada das variáveis

envolvidas na produção dos estados sentidos e do relato desses estados, bem como de

outras respostas não verbais e verbais que acompanham esses estados e relatos.

Método

Base teórica do delineamento

Na configuração do delineamento descrito adiante, considerou-se uma,

contingência como sendo a relação existente entre eventos comportamentais e/ou

ambientais (De Souza, 1995/2001). Assim, contingência é a probabilidade de um evento

ser afetado a partir da ocorrência de outro. Tal relação define operações entre respostas e

estímulos (como no caso de uma resposta de tacto diante de um estímulo privado sentido).

Este experimento examinou apenas os efeitos das operações básicas de

reforçamento (positivo e negativo) e punição (positiva e negativa). Catania (1998/1999)

refere estes termos da seguinte maneira: “um estímulo é reforçador positivo se sua

apresentação aumenta o responder que o produz, ou um reforçador negativo se sua

remoção aumenta o responder que o suspende ou o adia” (p.418); e “um estímulo é um

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punidor positivo, se sua apresentação reduz a probabilidade de respostas que o produzem

ou um punidor negativo, se sua remoção reduz a probabilidade de respostas que o

terminam” (p.416).

Segundo Sidman (1989/1995), no reforçamento positivo a ação de uma pessoa é

seguida pela adição, produção ou aparecimento de algo novo; algo que não estava lá antes

do ato. No reforçamento negativo uma ação subtrai, remove ou elimina algo, fazendo com

que uma condição ou coisa que estava lá antes do ato desapareça. Quando o

comportamento é reforçado positivamente obtém-se algo; quando reforçado negativamente

remove-se algo, foge-se ou esquiva-se de algo. Ambos os tipos de conseqüências tornam

mais provável que se faça a mesma coisa outra vez. Ambos são, portanto, reforçadores.

Ao contrário do reforço, a punição envolve punidores que têm como efeito suprimir

a possibilidade de emissão futura de uma resposta. Cada tipo de reforçamento tem uma

contraparte espelhada em cada tipo de punição:

Algumas vezes fazemos coisas que terminam reforçadores positivos, algumas vezes

produzimos reforçadores negativos. Estas contrapartes simétricas de reforçamento

positivo e negativo constituem a punição. Punição pode, portanto, assumir uma de

duas formas. Um tipo de punição confronta-nos com o término ou retirada de alguma

coisa que comumente seria um reforçador positivo, o outro tipo confronta-nos com a

produção de algo que normalmente seria um reforçador negativo (Sidman,

1989/1995, p.59).

Esta definição de contrapartes informa que depois da apresentação de reforçadores

positivos, sua retirada constitui a operação chamada de punição negativa; e, após a

apresentação de estímulos aversivos (punição positiva), a sua retirada constitui

reforçamento negativo. Como descrito adiante, esta definição justifica o procedimento

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experimental adotado neste estudo, uma vez que tais apresentações e retiradas produzem

sentidos a serem discriminados e tacteados pelos participantes.

Participantes

Foram selecionados 20 estudantes, com idade entre 11 e 14 anos, que cursavam o

ensino fundamental em uma escola particular de Vitória-ES, em igual número em relação

ao sexo. Seus responsáveis concordaram com a participação assinando um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Instrumentos e material

As sessões experimentais foram realizadas no ambiente do laboratório de

Psicologia Experimental da Universidade Federal do Espírito Santo, livre de interferências

externas, equipado com um computador notebook, com um processador de 2.0 Ghz, 512

Mb Ram, disco rígido de 40 Gb, monitor colorido de 15’’, mouse e caixas acústicas com

potência de 1500 watts pmpo.

O software utilizado contém um programa específico para o estudo dos efeitos de

diferentes contingências programadas sobre o comportamento verbal tacto – Psychotacto

(Cunha, Chequer, Cunha, Martinelli & Borloti 2004), em sua versão 2.0. O programa é

executado em ambiente Windows e apresenta janelas para o cadastramento dos dados do

participante (identificação, idade, sexo, naturalidade e escolaridade). Durante o

procedimento, o computador apresenta em sua tela inicial quatro estímulos similares a

cartas, sendo uma localizada na parte superior central da tela (estímulo modelo) e as

demais alinhadas horizontalmente, na parte inferior da tela (estímulos de comparação). À

direita do estímulo modelo há um display de contagem de pontos (ou de cupons para o

sorteio de cinqüenta reais, R$ 50,00, cuja função é descrita a seguir). Respostas (cliques)

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em uma das cartas inferiores disponibilizam na tela uma conseqüência (pontos

acrescentados ou retirados do display, dependendo da contingência em vigor; e desenho de

um rosto feliz ou triste), que indica se a resposta dada pelo participante está “certa” ou

“errada”, respectivamente. O número de “acertos” e “erros” já está programado, e estes são

randomizados, de modo a ocorrerem de acordo com a programação prévia.

Procedimento

Cada participante foi encaminhado ao laboratório e solicitado a sentar-se diante do

computador. Após o participante ser cadastrado no programa, o procedimento iniciou-se

com a seguinte instrução na tela: “Você terá a sua frente uma tela de computador com 4

cartas, sendo que uma estará à mostra (carta modelo), e outras três ocultas. Sua tarefa será

tentar acertar, através de um clique com o mouse, qual das três cartas ocultas é igual à carta

modelo. Ao clicar em uma das cartas, o computador informará se sua resposta está certa ou

errada e o número de cupons que você terá direito para concorrer ao sorteio de cinqüenta

reais. Você receberá esses cupons ao longo da tarefa, de acordo com o número exibido na

parte superior direita da tela. Tente acertar o máximo possível, pois quanto mais cupons

você ganhar, mais chance terá que ganhar o sorteio de cinqüenta reais. Quando a tarefa

terminar você será avisado. Compreendeu? Caso seja necessário, poderá consultar o cartão

que está ao seu lado. Clique em iniciar para começar a tarefa”. Após ler a instrução geral, o

participante clicava no botão “iniciar a tarefa” e, então, aparecia a tela inicial.

Cada participante ganhava cupons (que foram iguais para cada participante) para

participar do sorteio de R$ 50,00 (cinqüenta reais), um reforçador condicionado potencial.

Portanto, o participante se comportava e, durante o desenrolar do procedimento, seus

“acertos” e “erros” eram convertidos em números de cupons no display para concorrer ao

sorteio do dinheiro. Critchfield, et al. (2003) verificaram que o dinheiro era um reforçador

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efetivo, assim como a perda de dinheiro era também um punidor efetivo, sendo esse o

critério adotado para a utilização do dinheiro ao invés de outros reforçadores. De fato, o

valor reforçador generalizado dos cupons (associados à possibilidade de ganhar dinheiro)

tornou mais efetivo o efeito das contingências.

As quatro contingências (Reforçamento Positivo, Reforçamento Negativo, Punição

Positiva e Punição Negativa) foram agrupadas e compuseram dois procedimentos

compostos por duas fases cada: Procedimento 1) Reforçamento Positivo (fase 1) e Punição

Negativa (fase 2), e Procedimento 2) Punição Positiva (fase 1) e Reforçamento Negativo

(fase 2). Este agrupamento se deveu ao fato de que para se garantir que o participante seja

exposto à Punição Negativa, ele deve passar por uma história de Reforçamento Positivo e,

para ser exposto ao Reforçamento Negativo, deve passar por uma história de Punição

Positiva (Sidman, 1989/1995). Deste modo, cada procedimento possuiu um total de cem

telas, sendo cinqüenta telas para cada agrupamento de contingência.

A distribuição dos reforçadores (cupons) se deu de maneira intermitente, visando

evitar que o participante discriminasse que o procedimento envolvia resultados

programados. Este tipo de esquema de reforçamento também foi utilizado para dificultar a

discriminação da contingência em vigor por Jacobs & Hackenberg (2000).

Portanto, os “acertos” e “erros” foram variáveis controladas ao longo do

procedimento, a partir de uma contingência específica com esquemas específicos. Os

critérios para escolha do número de “acertos” e “erros” estiveram ligados ao tipo de

contingência à qual os participantes foram expostos. A contagem de cupons durante o

procedimento foi cumulativa.

Os 20 participantes foram divididos em 2 grupos iguais, com 10 participantes cada, sendo

5 meninos e 5 meninas. Cada grupo foi submetido a um procedimento. No Procedimento 1,

os 10 participantes clicavam, “acertavam” e recebiam cupons para o sorteio (Reforçamento

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Positivo); ou clicavam, “erravam” e perdiam os cupons que haviam recebido (Punição

Negativa). Durante o procedimento 2 as contingências incluíram eventos “que, no linguajar

comum, chamamos de `irritantes´, `desconfortáveis´, `dolorosos´, `desagradáveis´,

`nocivos´ e assim por diante” (Millenson, 1967, p. 383). Assim, na contingência de

Punição Positiva houve um ruído incômodo (som de choque na potência máxima do

amplificador do equipamento), que foi apresentado por 3 segundos toda vez que houve a

ocorrência de uma resposta “errada”. Na contingência de Reforçamento Negativo houve a

presença do mesmo ruído, porém, esse foi contínuo até que uma resposta “certa” o

interrompesse por 3 segundos. (Uma pergunta poderia surgir diante da utilização da

punição: como manter o responder numa operação de punição, se uma das características

da punição é a supressão de respostas? Uma pista da resposta é fornecida por Skinner,

1989/2003c, que diz que a programação para o responder, em um esquema de

reforçamento intermitente produz a manutenção de comportamentos resistentes à extinção

na ocasião em que reforçadores ocorrerem infreqüentemente. Por isso, durante a fase na

qual o participante foi exposto à punição positiva, foi usado um esquema de reforçamento

intermitente, no qual o sujeito teve acesso a reforços esporádicos).

Na metade de cada fase do procedimento, o desempenho dos participantes era

interrompidos e aparecia na tela uma mensagem na qual se lia “Você está na metade da

tarefa. Agora responda, qual dos sentimentos corresponde mais precisamente ao que você

sentiu durante esta primeira metade da tarefa? Marque sua resposta na folha ao lado”. Ao

final do experimento o participante também respondia uma pergunta semelhante: “Você

terminou a tarefa. Agora responda, qual dos sentimentos abaixo corresponde precisamente

ao que você sentiu durante esta segunda metade da tarefa?”. Junto com essa mensagem,

tanto na metade quanto no final dos procedimentos, a tela disponibilizou uma questão de

múltipla escolha com doze (12) opções de respostas de “nomes de sentimentos” para que o

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participante escolhesse uma opção e a assinalasse com um “x”. As perguntas foram feitas

na metade e após cada procedimento para aumentar a validade do relato, a partir da

afirmação de Engelmann (1978) e Kritch & Bostow (1993): quanto maior a proximidade

temporal entre o relato e o sentido, maior a probabilidade de o participante emitir um relato

fidedigno (ou com maior correspondência com o sentido).

As opções disponíveis para os participantes foram: Alegria, Satisfação,

Contentamento, Frustração, Desapontamento, Tristeza, Medo, Raiva, Aborrecimento,

Ansiedade, Apreensão e Alívio. Tais opções descrevem os principais, e mais típicos,

estados corporais supostamente eliciados por cada contingência. Esse critério obedeceu à

probabilidade de uma resposta à opção com maior probabilidade de reforçamento prévio

por uma parte da comunidade verbal dos participantes. Para certificação da validade desse

critério, durante um estudo piloto foi feita a seguinte pergunta: “Os sentimentos

disponíveis nas opções de respostas do questionário representam adequadamente o que

você sentiu? Você acha que sentiu algo que não estava escrito? Em caso de resposta

positiva, enumerar os sentimentos”. Todos os participantes (N=30) do estudo piloto

consideraram que os sentimentos disponíveis no questionário eram suficientes para

descrever os estados corporais que eles observaram introspectivamente. Oliveto, et al.

(1992) também utilizaram relatos com opções em um questionário.

Resultados e discussão

No Figura 1, verifica-se a freqüência absoluta e relativa dos relatos de sentimentos

dos participantes em cada contingência.

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Tactos de eventos privados de acordo com contingência - Figura 1

3 2

5 2

3 1 2

4

2

3

3

2

1

3

2

2

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Reforçamento

Negativo

Punição Positiva

Punição Negativa

Reforçamento

Positivo

Satisfação

Contentamento

Alegria

Frustração

Desapontamento

Tristeza

Raiva

Medo

Aborrecimento

Ansiedade

Apreensão

Alívio

Tactos de eventos privados de acordo com contingência - Figura 1

3 2

5 2

3 1 2

4

2

3

3

2

1

3

2

2

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Reforçamento

Negativo

Punição Positiva

Punição Negativa

Reforçamento

Positivo

Satisfação

Contentamento

Alegria

Frustração

Desapontamento

Tristeza

Raiva

Medo

Aborrecimento

Ansiedade

Apreensão

Alívio

A partir das informações contidas no Figura 1, pode-se perceber que os

participantes expostos ao Procedimento 1 (N=10), após a fase Reforçamento Positivo,

relataram que durante essa fase sentiram contentamento (N=3, 30%), ansiedade (N=3,

30%), satisfação (N=2, 20%) e alegria (N=2, 20%). Por outro lado, quando expostos à fase

Punição Negativa do mesmo Procedimento 1, relataram que sentiram frustração (N=5,

50%), desapontamento (N=2, 20%), tristeza (N=2, 20%) e apreensão (N=1, 10%).

Já os participantes expostos ao Procedimento 2 (N=10), durante a fase Punição

Positiva, relataram que sentiram raiva (N=3, 30%), aborrecimento (N=2, 20%), ansiedade

(N=2, 20%), apreensão (N=2, 20%) e medo (N=1, 10%). Já durante a fase Reforçamento

Negativo, desse mesmo Procedimento 2, os participantes relataram que sentiram ansiedade

(N=4, 40%), apreensão (N=3, 30%) e alívio (N=3, 30%).

Considerando que no questionário as opções de nomes de sentimentos foram

divididas em blocos, os sentimentos relatados pelos participantes foram informados na

Figura 1 divididos em blocos, de acordo com a inclusão de um nome de sentimento como

“esperado” para cada uma das quatro contingências.

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Desta forma, de acordo com a Figura 1 e a divisão dos sentimentos em blocos,

pode-se perceber que no Procedimento 1 – fase Reforçamento Positivo os relatos de

sentimentos inferidos como produtos do reforçamento positivo foram respondidos por 70%

(N=7) dos participantes. Por outro lado, nessa mesma fase houve 30% (N=3) de relatos de

sentimentos que estariam relacionados ao Reforçamento Negativo. Ainda durante o

Procedimento 1 – fase Punição Negativa, os relatos de sentimentos inferidos como

produtos da punição negativa foram respondidos por 90% (N=9) dos participantes.

Entretanto, nessa mesma fase houve 10% (N=1) de relatos de sentimentos

convencionalmente relacionados ao Reforçamento Negativo.

No Procedimento 2 – fase Punição Positiva os sentimentos que estariam

relacionados à punição positiva foram respondidos por 60% (N=6) dos participantes.

Entretanto, 40% (N=4) dos participantes relataram também sentimentos relacionados ao

Reforçamento Negativo. Já no Procedimento 2 – fase Reforçamento Negativo os

sentimentos que estariam relacionados ao Reforçamento Negativo foram respondidos por

100% (N=10) dos participantes.

Ao fazer uma análise dos nomes de sentimentos relatados pelos participantes

podemos inferir que as contingências programadas produziram os estados corporais

descritos pelos participantes, por meio do relato verbal, que se aproximou de forma

correspondente aos sentimentos descritos como produto de cada uma das quatro

contingências programadas nos procedimentos. De acordo com muitos dos analistas de

comportamento (aqueles citados na compilação feita por Cunha, Chequer, Martinelli &

Borloti, 2005, e mencionados anteriormente) considera-se que, em geral, os relatos de

sentimentos em cada contingência programada no software são relatos “esperados”, e isto

pôde ser produzido nas contingências programadas.

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Durante o Procedimento 2, na Fase Punição Positiva, 60% (N=6) dos participantes

relataram que sentiram medo, raiva e aborrecimento, enquanto os relatos de ansiedade e

apreensão tiveram freqüência de 60% (N=6). Esses relatos também podem ser

considerados “esperados”, a partir das afirmações de Millenson (1967/1973) e Sidman

(1989/1995), que dizem que o uso de estimulação aversiva pode estar relacionado a esses

tipos de sentimentos. Já durante a Fase Reforçamento Negativo predominaram os relatos

de ansiedade, apreensão e alívio (100%; N=10), considerados “esperados”, o que denota

que o ruído, estímulo antes neutro, passou a ser um aversivo condicionado ao ser pareado

com o “erro”; ou então, que esses sentimentos estiveram associados a uma sensação

produzida pela remoção da estimulação aversiva.

Mesmo os relatos que tradicionalmente deveriam ser produto de outra contingência

podem ser considerados “esperados”. Nas fases Reforçamento Positivo e Punição

Negativa, por exemplo, os relatos de ansiedade e apreensão são “esperados”. As

ocorrências desses relatos se devem ao fato de os participantes estarem em um tipo de

jogo, o que pode indicar que ansiedade e apreensão se aproximam de “excitação” ou

“emoção”. Há algumas explicações para isto. Skinner (1974/2003b) afirma que todos os

sistemas de jogos se baseiam em esquemas de reforço intermitente, embora seus efeitos

sejam geralmente atribuídos a sentimentos. Para Skinner, freqüentemente, as pessoas

dizem jogar pela excitação (que exerce a função de reforçador interoceptivo), mas este

sentimento é entendido como um produto das contingências de reforçamento que definem

o jogo. Então, de acordo com a análise de Skinner, os relatos de ansiedade e apreensão

poderiam ocorrer nessas fases.

De todo modo, considerando ou não a análise funcional das respostas supostamente

“não esperadas”, a comparação entre os relatos de sentimentos dos participantes e as

descrições de sentimentos catalogadas por Cunha, Chequer, Martinelli & Borloti (2005)

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sugere uma considerável correspondência entre a resposta emitida pelo participante e

aquelas consideradas “esperadas”. As respostas “não esperadas” podem ser consideradas

como variações nos relatos “esperados” e podem ser interpretadas pelo que propõe

Millenson (1967/1973). Segundo ele algumas emoções, aparentemente diferentes, podem

ser consideradas correspondentes a diferenças na intensidade do reforçador positivo ou

negativo em que estão baseadas, de acordo com a história do participante e a intensidade

da contingência atual operando sobre seu comportamento. Portanto, a variação desses

relatos “esperados” sugere que a sua emissão pode ter sido determinada por idiossincrasias

da história ontogenética dos participantes, como já havia sido sugerido por Ono (2004),

que demonstrou o quanto à história prévia interfere, de modo decisivo, na resposta de

escolha. Por exemplo, um dos participantes, um menino de 11 anos, realizava a tarefa

pensando em como o seu pai ficaria orgulhoso de seu desempenho e isto pode ter

adicionado um valor potencial ao reforçador empregado. Essa história prévia também pode

ter exercido controle sobre o seu comportamento de escolha quando, na fase 2, ele tentou

“acertar” variando a ordem de seqüência das cartas clicadas.

Conclusão

Pode-se concluir, a partir dos resultados apresentados, que a exposição às

contingências (programadas em um software) pode eliciar eventos privados do tipo sentir e

produzir tactos dos mesmos. Esses tactos cincidem em grande parte com os tactos

“esperados” ocorrerem em cada uma das contingências, de acordo com as análises teóricas

dos estudos em Análise do Comportamento.

Embora a validade desses tactos seja questionada na Análise do Comportamento,

por se tratar de tactos de eventos acessíveis apenas à própria pessoa que os experimenta,

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esses poderiam estar relacionados a algum propósito (a exemplo do que ocorre na mentira),

ou poderiam ter sido aprendidos com falhas, pois ensinar o tacto de evento privado é mais

difícil do que ensinar o tacto de um objeto ou evento público qualquer. Considerando estes

dois aspectos, e também o fato de que o acesso aos eventos privados é indireto, uma dúvida

poderia surgir a partir dos resultados deste estudo: ele é, de fato, um estudo sobre

sentimentos?

As discussões epistemológicas de Abib (1982) dizem que sim. E esta é a razão do

interesse por este estudo. Para ele, uma Psicologia que do ponto de vista de uma análise

experimental, ou mesmo interpretativa, nada a tenha a propor sobre o conhecimento da

experiência subjetiva, não deve despertar o menor interesse, além, talvez, de mera

curiosidade técnica ou intelectual. Uma psicologia (pode-se citar como exemplo aquela de

base no behaviorismo metodológico) que afirma a existência de estados subjetivos, mas

por critérios metodológicos os relega a planos secundários, deixa espaço em seu interior

para a sobrevivência da questão metafísica da relação dualista entre alma e corpo.

Segundo Abib (1982), estados e condições corporais internas são eventos privados

acessíveis através de instrumentos, mesmo supondo que estes instrumentos ainda não

existam. Entretanto, isso não constitui obstáculo a sua acessibilidade, uma vez que este

acesso seria possível com o progresso técnico-científico. Não existe então impossibilidade

lógica ou empírica, pois é imaginável teoricamente e realizável empiricamente. Nesse

sentido, talvez, a diferença entre eventos privados e públicos pudesse ser definida em

termos de graus de acessibilidade e jamais de diferença de natureza. Assim como não faz

sentido afirmar que o vermelho que eu vejo é igual ou diferente do vermelho que outra

pessoa experiencia (vê), também não faz sentido descrever sentimentos de outra pessoa.

Nunca existirão instrumentos para medir essas experiências, por isso, elas são privadas

para sempre.

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Resta, então, aos pesquisadores, lidar com essa limitação de um modo

metodologicamente criativo, arranjando as contingências que poderiam eliciar supostos

eventos privados, e registrando possíveis correlatos comportamentais públicos desses

eventos.

Um ambiente controlado permite a definição e a medida de alguns correlatos de

eventos privados e, portanto, ainda é mais adequado que o ambiente cotidiano para

identificação das contingências diretas que controlam tanto a eliciação destes eventos

quanto o tacto dos mesmos. Entretanto, de acordo com a afirmação de Friman, Hayes &

Wilson (1998), uma explicação sobre eventos privados considerando apenas contingências

diretas é válida, mas insuficiente para explicar o fenômeno porque outras análises podem

ser requeridas na medida em que respostas verbais podem participar de relações derivadas.

De modo superficial estas outras análises poderiam ser apontadas a partir de

estudos ou dados relativos à história de vida dos participantes. Possivelmente, extensões

deste estudo são necessárias. Outras variáveis (ou indicadores de variáveis) também

poderiam ser alteradas. Por exemplo, uma variabilidade regional-geográfica e um número

maior de participantes poderia garantir história culturais distintas, cuja função sobre o

relato de sentimentos poderia ser analisado em estudos correlacionais nos quais a

significância de certas diferenças poderia ser verificada com ferramentas estatísticas

apropriadas.

Em síntese, é possível adicionar a seguinte consideração final à conclusão deste

estudo: a ocorrência de eventos privados é função das contingências de reforçamento; as

propriedades das relações entre os eventos comportamentais e ambientais definidores de

cada uma das quatro contingências se relacionam aos sentidos. Esses são tateados como

“sentimentos” diferentes em função da relação de tacto específica para cada contingência,

mediada pelas perguntas do procedimento / experimentador como audiência. Esta relação é

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que dá “sentido” ao sentido, tornando-o um sentimento. Aos olhos do experimentador, os

eventos privados são acessíveis apenas indiretamente, via correlatos verbais e não-verbais

correspondentes ao evento privado e à contingência da qual todos esses eventos

comportamentais adquirem funções diferentes, porém interligadas.

Desta forma, pode-se dizer que o software se mostrou eficiente, e adequado para

novas pesquisas, possibilitando o planejamento de outros delineamentos experimentais, à

medida que um ambiente controlado possibilita a identificação de variáveis importantes

que afetam os eventos privados do tipo sentir.

De toda a discussão que motivou a pergunta reflexiva à conclusão, seguem as

palavras de Skinner:

“Ao invés de concluir que o homem só pode conhecer sua experiência subjetiva – e

que ele está limitado para sempre ao seu mundo privado e que o mundo externo é

apenas um constructo – uma teoria comportamental do conhecimento sugere que é o

mundo privado que, embora não seja inteiramente desconhecido, não pode,

provavelmente, ser tão bem conhecido como o mundo externo” (Skinner, 1969/1984,

p.228).

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