Todo Ser Que Respira

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Todo Ser Que Respira

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  • 2 minha me, uma mulher de f que sempre acreditou no propsito de Deus para minha vida. Sua dedicao aos seus filhos o seu maior legado. Tudo o que alcanamos tambm uma conquista sua, obrigado por seu amor dedicado a mim e minha irm. Ns te amamos.

  • 3SUMRIO

    01. Agradecimentos 09

    02. Apresentao 11

    03. Introduo: Minha jornada de louvor e adorao 13

    04. Flego 19

    05. Sacrifcio 23

    06. Gratido 29

    07. Louvor e Adorao 33

    08. A batalha do adorador 43

    09. Em esprito e em verdade 51

    10. O Ministrio de Louvor 58

    11. Devoo: 7 dias de disciplina espiritual 67

  • 4AGRADECIMENTO

    Aos meus irmos de clula, a inspirao inicial para a criao do documentrio Todo ser que Respira, sem o qual esse livro no existiria.

    Ao meu amigo e mentor Marcos Guerreiro, que me in-centivou a escrever meus pensamentos. Sua amizade e incentivo me ajudam a ser uma pessoa melhor.

    A todos que participaram do documentrio meu muito obrigado. Aprendi muito com vocs! Hoje sou um cristo e um adorador mais maduro graas a nossa comunho.

    minha famlia, por todo incentivo e apoio. Em espe-cial aos meus pais, minha amada irm Ana e ao Chico, nosso yorkshire snior.

    minha amiga de muitos anos Michelle Otani Cenci, por sua meticulosa e paciente correo em meu manuscrito. Obriga-do por sua dedicao e apoio.

    Por ltimo e mais importante: ao Deus Eterno, meu Pai. Nele vivo, movo e existo. Dele, por Ele e para Ele so todas as coisas. A Ele toda a glria!

  • 5CRDITOS

    Capa - Lucas Moreira

    Foto - Priscila Santos

    Reviso - Michelle Otani Cenci

    Diagramao - Vanny Santos

  • 6APRESENTAO

    Diego Gomes, apesar de muito jovem, apresenta carac-tersticas imprescindveis a um candidato ao ministrio: um co-rao disposto a servir e o amor pela Palavra de Deus. Esses dois elementos podem ser percebidos ao longo de seu primeiro livro. Em Todo ser que Respira o autor apresenta de forma simples e direta os princpios fundamentais para uma vida de louvor e adorao, um tema essencial vida crist.

    Apesar de ser um tema central na Palavra de Deus, o as-sunto ainda motivo de confuso para muitos. O autor apresenta a adorao como uma escolha de vida, a escolha de glorificar a Deus com cada atitude e, de ir alm das melodias e canes para viver de fato sua adorao. comumente visto em msicos e cantores uma atitude inacessvel e encenada, entretanto em seu livro Diego apresenta justamente o contrrio. Com sinceridade, como se espera de um cristo, apresenta alm das palavras sua vida como exemplo, ensinando no apenas com seus acertos, mas tambm com seus erros.

    Baseado em experincias pessoais com Deus e, em sua vivncia como ministro de louvor, o autor oferece ao leitor rela-tos prticos e uma leitura contempornea da Bblia. Ele acredita que a Bblia deve ser aplicada a vida diria de cada seguidor de Jesus Cristo. O livro apresenta louvor e adorao como atitudes acessveis a todos, no apenas uma responsabilidade destinada a ministros de louvor. A Bblia afirma que Deus procura adora-dores que o adorem em esprito e em verdade, algo que deve ser levado em conta por cada um de seus filhos.

    Todo ser que Respira um livro para ser lido em medita-o. Atravs de cada captulo o leitor recebe princpios bblicos que devem ser aplicados em sua vida cotidiana. Ao longo de sua escrita o autor apresenta momentos de pausa e reflexo, que de-

  • 7vem ser respeitados para que o leitor possa absorver em orao a revelao de Deus atravs de Sua Palavra. Em Todo ser que Respira Diego Gomes nos brinda, com objetividade e compromisso com o ensino bblico, um manual moderno para que cada cristo pos-sa avaliar e ampliar sua vida de louvor e adorao.

    Os Editores.

  • 8INTRODUOMinha Jornada de Louvor e Adorao

    Nunca vou me esquecer da primeira vez que entrei em uma igreja protestante e ouvi uma banda de louvor e adorao tocando. Lembro-me que a cano entoada era bem alegre, falava sobre graa (tinha at uma coreografia para fazer com as mos durante o refro!). As pessoas que estavam cantando pareciam muito felizes, suas feies demonstravam uma alegria to sin-cera que imediatamente capturou minha ateno. Era um culto de domingo e me senti to bem vindo que voltei na quinta-feira seguinte, minha vida mudou radicalmente! Naquela quinta-feira entreguei minha vida Cristo e o reconheci como meu Senhor e Salvador. Com apenas treze anos de idade tive minha vida com-pletamente transformada, em todos os aspectos. O amor que recebi de Deus, as experincias que tive com Ele, o amor que recebi das pessoas naqueles primeiros dias conquistaram meu co-rao pra sempre.

    Desde muito pequeno a msica ocupou um espao sig-nificativo em meu mundo, sou filho de um DJ que se aposentou precocemente para se casar e ter seu primeiro filho. Meus pais gostavam muito de msica e minha infncia foi cercada por m-sica pop e rock da melhor qualidade. Sempre gostei de artes, mas nunca imaginei que um dia eu teria algum envolvimento com msica. Minha infncia tambm foi marcada pela literatura, sem-pre fui um leitor voraz e aprendi a escrever muito mais rpido do que as crianas da mesma idade. Lembro-me que na primeira srie fiquei em terceiro lugar em um concurso de frases da escola, com uma frase sobre paternidade. A comisso julgadora ficou surpresa com a minha frase, pois as outras crianas que ficaram entre os finalistas eram da quarta srie.

    Em meu primeiro ano frequentando a Igreja fui me apai-

  • 9xonando pelo momento de louvor nos cultos, o que me cha-mava ateno no era a msica em si, mas o poder que aqueles momentos exerciam sobre as pessoas. Eu era extremamente en-volvido e afetado pela msica, contudo sabia que no era apenas pela msica, tinha algo mais! Aos poucos fui aprendendo que o que me cativava era a presena de Deus e entendi que Ele era atrado pelo louvor e adorao. Comecei a me dedicar ento na busca pela presena de Deus e a ador-lo o mximo que eu pu-desse.

    Eu frequentava todos os cultos possveis, no perdia qua-se nenhum. Passei a ser assduo ao ensino bblico aos domingos pela manh, pois queria aprender mais sobre Deus. Meu momen-to favorito da semana era a viglia de sexta-feira noite. Toda semana esperava por aquele perodo to precioso de louvor e adorao, ali na pequena sala de orao tive minhas primeiras experincias com a presena de Deus. Foi nesse pequeno grupo de orao e adorao que comecei a entender meu propsito dentro do Reino.

    Com catorze anos comecei a integrar os ensaios do coral da igreja, sem muitas expectativas de cantar de fato no ministrio de louvor. Comecei a estudar canto e, embora eu estivesse pas-sando pela mudana vocal (rapazes vo me entender!) demostra-va afinao nata. Antes que me desse conta fui convidado para fazer um teste de aptido vocal e comecei a cantar na equipe de louvor como backing vocal. Aos poucos fui aprendendo mais so-bre prtica musical em conjunto e fui convidado para comear a ministrar o louvor. Confesso que tive medo, porm a expectativa de ser usado por Deus o superou. Ainda me pergunto o que aquele primeiro lder de louvor viu em um garoto to inexperien-te, mas hoje creio que foi a mo de Deus guiando sua deciso e afetando o meu futuro.

    Com apenas catorze anos tornei-me o mais jovem minis-tro de louvor da histria daquela congregao e tive o privilgio

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    de conduzir o povo de Deus at sua presena semana aps se-mana. Ali, em um lugar de aceitao e compreenso meu dom comeou a florescer, sou grato a Deus por aquela congregao que aceitou pacientemente meus erros musicais, acreditou que um jovem pudesse ser usado por Deus e me viu dar os primeiros passos ministeriais.

    Foi como membro de um ministrio de louvor tambm que aprendi quase tudo que sei sobre relacionamentos, sobre o ser humano. Lidar com pessoas em um contexto de trabalho em equipe um grande desafio, lidar com artistas ento lidar com as emoes humanas em seu estado mais exacerbado. Ns artis-tas somos exagerados e dramticos por natureza, a nossa maior qualidade, porm tambm o nosso maior defeito. Deus nos fez assim: para poder criar precisamos estar em constante contato com nossas emoes, ns precisamos sentir para poder expres-sar. Criar arte genuna passa pelas emoes, arte emoo!

    Quando uma pessoa chora diante de um belo quadro, se emociona ouvindo um concerto clssico ou assistindo um filme est se conectando com a emoo do artista ao criar aquela obra. A arte quando utilizada para a glria de Deus e ungida pela pre-sena dele se torna o caminho mais rpido para alcanar o cora-o humano (at mesmo os mais resistentes). Toda vez que cria-mos algo estamos mais prximo do divino, Deus o criador de todas as coisas e nos fez sua imagem e semelhana. Creio que essa a razo pela qual muitos artistas se perdem pelo caminho, pois quando voc cria algo e v isso influenciar a vida de outras pessoas, se voc no tiver a conscincia de que tudo vem dele, por Ele e para Ele, voc pode comear a se sentir divino. Muitos artistas acabam caindo no engano de acreditar que so deuses e, infelizmente isso no passa muito longe de nossas igrejas.

    Servindo ao corpo de Cristo ao longo dos anos, integran-do equipes de louvor e adorao e convivendo com centenas de pessoas, aprendi que Deus busca muito mais do que msica e

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    msicos, Ele busca homens e mulheres dispostos a servir. Quan-do a Bblia diz que Deus procura adoradores porque eles so difceis de serem encontrados (vamos fazer como o salmista e tirar uma pausa para reflexo? Sel1)...

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    Quando estava terminando de cursar o Ensino Mdio, minha famlia se mudou para o litoral do estado de Santa Cata-rina e foi um tempo muito importante para o meu desenvolvi-mento ministerial. Desde que comecei a dar os primeiros passos no ministrio sempre admirei os compositores da igreja, entre-tanto nunca me imaginei compondo uma cano, visto que eu no tocava nenhum instrumento. Lembro-me do dia em que es-tava caminhando na praia e comecei a receber minha primeira cano. Digo receber, pois ela veio praticamente pronta, o dom de composio foi algo que veio como um download do cu para mim. Foi surpreendente! Nos meses seguintes foi como se meu crebro tivesse recebido uma nova capacitao, comecei a enten-der instintivamente a estrutura meldica das canes, a potica das letras e compor canes tornou-se uma constante.

    O perodo aps o Ensino Mdio foi muito difcil para mim. Influenciado por decepes na nova cidade e sem ter en-contrado uma igreja local, eu ficava cada vez mais afastado de Deus. Era poca de vestibular e parecia impossvel encontrar uma profisso que me possibilitasse cumprir as expectativas de todos e agradar a Deus. Fui fortemente desestimulado a estudar msica e decidi buscar uma profisso que envolvesse arte, porm que fosse rentvel. Eu estive muito em dvida sobre Publicidade ou Moda, contudo minha regio de origem era um polo de con-feco e me levou a decidir por moda. 1Sel uma palavra usada com frequncia na Bblia hebraica. Geralmente empregada em Salmos, possui um conceito de difcil traduo. uma instruo para a leitura do texto, algo como Reflita sobre, ou Medite. Muitos Salmos incluem a palavra Sel como um registro de pausa na msica e, tem um propsito similar ao Amm na medida em que ressalta a importncia da passagem anterior.

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    Aps passar no vestibular na universidade de minha cida-de natal, estava pronto para fazer minha matrcula (e as malas), quando decidimos visitar uma igreja que no conhecamos. Mais uma vez Deus interviu em meu futuro e ali publicamente usou um pastor para profetizar que eu no deveria estudar o que tinha planejado, mas dedicar-me ao ministrio, pois para Deus eu era um msico. Lembro-me de Deus dizendo como fui escolhido e capacitado para isso e revelando-me promessas relacionadas ao meu futuro. Naquele dia tomei uma deciso: eu ia servir a Deus e ador-lo com toda minha vida, meu alvo era a partir daquele momento compartilhar sua Palavra atravs de canes.

    Foi de forma bem singela que comeou o ministrio que Deus tinha reservado para mim. Foi nessa poca que lancei meu primeiro CD Rei da Glria, produzido com poucos recursos e uma experincia de muito aprendizado. Foi tambm nessa poca que me matriculei na faculdade de Teologia. A jornada que estava diante de mim seria muito mais rdua do que eu imaginava, toda-via nessa jornada estou aprendendo os princpios fundamentais para uma vida de louvor e adorao. Algum tempo depois desse episdio da profecia foi meu aniversrio de dezoito anos. At hoje no sei explicar como, mas um amigo me levou para uma viglia de lderes e pastores que aconteceu de madrugada em um morro com vista para o mar. Eu no deveria estar l, pois no era nem lder, nem pastor. No escuro, entre centenas de pessoas fui ajoelhar-me em um canto afastado para orar. A pessoa que liderava aquela viglia veio profetizar sobre minha vida, e prova-velmente no sabe at hoje para quem foi aquela profecia. Recebi naquele momento mais instrues de Deus sobre a misso que Ele estava me confiando.

    Naquela noite fui ungido por Deus para pastorear ado-radores, e daquele dia em diante tenho vivido para influenciar a vida de todos que Deus coloca em meu caminho. Minha busca como servo de Deus a de abenoar os meus irmos, tenho o sonho de que cada pessoa viva um verdadeiro relacionamento

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    com Deus.

    Se Deus procura adoradores e tem parmetros para a adorao que Ele espera receber, precisamos aprender sobre isso. Voc pode ser a resposta para a procura de Deus, basta estar dis-posto. Nas prximas pginas vamos estudar um pouco a respeito do que a Bblia diz sobre louvor e adorao.

    No entanto, est chegando a hora, e de fato j chegou, em que os verdadeiros adoradores adoraro o Pai em esprito e em verdade. So estes os adoradores que o Pai procura. (Joo 4:23)

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    FLEGO

    Adorao o ato de simplesmente devolvermospara Deus o flego que Ele nos deu.

    (Louie Giglio)

    O ato de respirar uma das coisas mais importantes que fazemos, e infelizmente quase passa despercebido. Acabamos nos esquecendo de que se nossa respirao falhar tudo acaba ra-pidamente. A Bblia relata em Gnesis que foi Deus quem deu ao homem o flego de vida: Ento o Senhor Deus formou o homem do p da terra e soprou em suas narinas o flego de vida, e o homem se tornou um ser vivente. (Gnesis 2:7) Deus criou o homem para ter comunho eterna com Ele, o desejo dele ao criar a humanidade era se rela-cionar com ela. A Bblia nos relata que diariamente ao pr do sol, Deus vinha passar um tempo com sua criao: Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim na virao do dia (...) (Gnesis 3:8).

    Quando a humanidade - representada na Bblia por Ado e Eva - pecou, essa comunho perfeita foi quebrada. Engana-do pelo Adversrio e, iludido pela cobia de ser igual a Deus, o homem passou a experimentar o efeito do pecado. Um dos maiores artifcios do Inimigo desde ento a de nos enganar e nos impedir de enxergar que a vida o maior privilgio que rece-bemos. Recebemos o flego de vida como um presente, contudo o diabo veio para roubar, matar e destruir nossa capacidade de viver. Cada dia mais passamos pela vida sem nos dar conta dela e Jesus falou que os ltimos dias seriam abreviados. Todos ns percebemos que os dias esto mais curtos.

    Desde nossos primeiros dias como cristos apreendemos que Cristo veio para nos dar vida em abundncia. Ele o ca-minho, a verdade e a vida e Nele encontramos plenitude, mas

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    por que ento temos vivido uma vida to mesquinha e sem dire-o? Creio que todos precisam descobrir para que foram criados. Descobrir o propsito especfico de Deus para cada um de ns traz direo e determinao s nossas vidas. Em Jeremias 29:11 Deus diz: Porque sou eu que conheo os planos que tenho para vocs, diz o Senhor, planos de faz-los prosperar e no de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperana e um futuro.

    Cada um de ns foi criado para um propsito especfico (por favor, leia o Salmo 139 e Jeremias 1:4 e 5). Mas, existe um propsito que universal em que todos fomos criados para ado-rar. Em Isaas 43:21 na verso NTLH a Bblia diz: Este o povo que criei para que fosse meu a fim de que desse louvores ao meu nome. Eu acredito profundamente que cada pessoa no planeta foi criada para adorar a Deus.

    Temos a necessidade de adorar! Antroplogos conclu-ram que pessoas em todas as culturas adoram alguma coisa. um desejo inato que foi colocado em nossos coraes para que cada fibra do nosso ser ansiasse por Deus, em Eclesiastes 3:11 a Bblia diz que o prprio Deus colocou em ns o anseio pela Eternidade. Recentemente tive a oportunidade de conduzir o es-tudo Bblico na clula que participo e achei que seria uma boa oportunidade compartilharmos sobre adorao. Ao invs de pregar, decidi passar um vdeo de ensino bblico australiano que tinha guardado em casa e fiquei surpreso com o resultado.

    Nossa clula um grupo bem heterogneo, temos desde cristos com anos de Igreja a queridos que comearam a cami-nhada com Cristo h pouco tempo. Foi interessante perceber que todos tinham dvidas sobre o tema e foram muito abenoados pelo vdeo. Comecei a considerar a possibilidade de produzir um material brasileiro em vdeo sobre louvor e adorao. O fato de estar concluindo uma graduao na rea de rdio e televiso me deu mais estmulo. Ento, com uma cmera e uma ideia na cabe-a decidi produzir um documentrio sobre adorao.

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    No primeiro momento quando estava escrevendo o ro-teiro, um texto saltou aos meus olhos nas escrituras, era o verso 6 do Salmo 150: Todo ser que respira louve ao Senhor. Decidi batizar o documentrio baseado neste verso e assim surgiu Todo ser que Respira Um filme sobre flego, f e amor. Em uma das gravaes de depoimento surgiu durante conversa uma frase que me marcou profundamente: cada flego de vida uma oportunidade para adorar. Comecei a pensar sobre essa verdade e percebi a pro-fundidade do significado dela. Estamos to acostumados a viver e agir de forma automtica, que no nos damos conta do pre-sente que recebemos diariamente, a vida. A cada manh quando abrimos os olhos ao acordar, recebemos uma nova chance. Cada manh traz sobre ns graa e misericrdia renovadas.

    No podemos viver aleatoriamente, mas ao exemplo de Paulo, precisamos ter a revelao de que a nossa vida no nos pertence: porque para mim o viver Cristo e o morrer lucro. (Filipen-ses 1:21). O Salmista fez uma orao que eu repito a cada aniver-srio: Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso corao alcance sabedoria. (Salmo 90:12).

    (Creio que um bom momento para fazermos mais uma pausa e refletirmos sobre isso. Sel)...

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    Algum j disse que apenas quando perdemos algo da-mos valor naquilo, entretanto com a vida no temos uma segunda chance. Precisamos ter essa revelao! O objetivo dessa verdade no o de nos desanimar, mas o de nos estimular a utilizar cada flego de vida, cada momento como oportunidade de glorificar a Deus. O apstolo Paulo nos ensina que: Assim, quer vocs comam, bebam, ou faam qualquer outra coisa, faam tudo para a glria de Deus. (1 Corntios 10:31). Esse um desafio que tenho experimentado em minha jornada crist, isto , a de vivenciar a mesma glria

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    de Deus em minha vida cotidiana que vivencio em um culto de domingo. Graas a Deus no estou sozinho, esse desafio no s meu, de todos ns. Lembre-se sempre que Jesus no morreu na cruz por ns apenas pelo culto de domingo, Ele pagou o preo por tudo. Quando ns O aceitamos, entregamos tudo a Ele. A cada novo flego, uma nova oportunidade...

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    SACRIFCIO

    Adorao a sade interior que pode ser ouvida(C.S Lewis)

    Adorao parte fundamental na histria do povo de Deus e do cristianismo. De Gnesis a Apocalipse o louvor e a adorao permeiam a vida do povo de Deus. Ao longo dos anos pude perceber que, para boa parte dos cristos, adorao sinnimo de a msica que tocamos em nossos cultos. um grande erro reduzirmos o louvor e a adorao msica, embo-ra ela tenha um papel importante em nosso louvor e em nossa adorao, esses atos so muito mais profundos do que apenas msica.

    Em minha adolescncia, Deus abriu meus olhos para o texto de Romanos captulo 12 que um ensino riqussimo do Apstolo Paulo sobre louvor e adorao: Portanto, irmos, rogo--lhes pelas misericrdias de Deus que se ofeream em sacrifcio vivo, santo e agradvel a Deus, este o culto racional de vocs. Gosto muito da tradu-o de Eugene Peterson, A Mensagem desse texto em particular:

    Portanto, com a ajuda de Deus, quero que vocs faam o seguinte: entreguem a vida cotidiana dormir, comer, trabalhar, passear a Deus como se fosse uma oferta. Receber o que Deus fez por vocs o melhor que podem fazer por ele.

    Eu gosto muito dessa palavra empregada na traduo dessa verso: oferta. O dicionrio de lngua Portuguesa define oferta como ddiva ou presente. Outra palavra didtica quan-do estudamos adorao partindo de Romanos 12 sacrifcio. O dicionrio define sacrifcio como: renncia, abrir mo de algo em favor de outro, holocausto, entrega. No Antigo Testamento o povo de Israel era representado diante de Deus pela figura do

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    sumo sacerdote. Apenas ele tinha acesso sazonalmente ao san-tssimo lugar, ou santo dos santos: o lugar onde ficava a arca da aliana. A arca representava a presena de Deus no meio de seu povo e era extremamente valorizada pelo povo. Antes de Cristo era necessrio o sacrifcio, ou holocausto de animais para expia-o dos pecados. O sumo sacerdote era responsvel por execu-tar os sacrifcios diante de Deus e o culto era restringido a uma classe de pessoas e o servio no tabernculo era executado pelos levitas. Esse termo virou sinnimo nos dias de hoje de msico de igreja, mas na verdade os levitas eram responsveis por mui-to mais do que msica.

    Com a vinda de Jesus tudo mudou! Na cruz Ele fez no-vas todas as coisas, retirou a separao entre ns e a presena de Deus: o sol deixara de brilhar. E o vu do santurio rasgou-se ao meio. (Lucas 23:45). Jesus instituiu um novo tempo, o tempo da graa. O sacrifcio que Ele fez foi perfeito, suficiente para nos purificar de todos os nossos pecados. Jesus o sumo sacerdote da Igreja, no precisamos de homens como mediadores entre ns e Deus. Ele basta!

    Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os cus, Jesus, o filho de Deus, apeguemo-nos com toda firmeza f que professamos, pois no temos um sumo sacerdote que no possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim algum que, como ns, passou por todo tipo de tentao, porm, sem pecado. Assim, aproximemo-nos do trono da graa com toda confiana, a fim de recebermos misericrdia e encontrarmos graa que nos ajude no momento da necessidade (Hebreus 4:14-16).

    Na antiga aliana as pessoas precisavam ir at o santurio para adorar a Deus, na nova aliana ns somos o santurio. A essncia das religies consiste no homem tentando, por esforos humanos ir at Deus. Em Jesus, foi Deus que veio at ns (Joo 1). fundamento do cristianismo: receber e reconhecer o que Cristo fez: Ns amamos porque Ele nos amou primeiro (1 Joo 4:19).

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    O texto de Hebreus nos deixa claro que todos os filhos so bem vindos diante do trono da graa, no apenas um grupo de indi-vduos com talentos especiais. Todos ns temos o que oferecer, afinal, o texto de Romanos nos ensina que o culto que Deus es-pera de ns que ofereamos a ele todos os momentos de nossas vidas. Todos podem adorar, pois se a adorao que Deus espera de ns nossa vida entregue em sacrifcio, todos tm algo para oferecer.

    Vai muito alm da msica produzida em nossos cultos, embora ela seja importante. O ministrio de louvor no uma classe especial de pessoas que podem adorar a Deus, todos no somente podem como devem adorar. Os dons so diferentes, mas o objetivo de todos servir ao corpo de Cristo. Quando estamos conduzindo um perodo de louvor dentro do culto, ns estamos adorando a Deus, mas tambm estamos servindo a Igre-ja. Embora os dons musicais talvez chamem mais ateno que outros dons, Jesus disse que Deus procura adoradores, no m-sicos. Todos ns podemos ser adoradores!

    O sacrifcio que Paulo descreve vivo, santo e agrad-vel, e assim tambm deve ser nossa adorao. Sacrifcio vivo a entrega da nossa vontade para cumprir a dele. No depende de termos ou no vontade de adorar, mas de obedecermos. Ado-ramos porque Ele digno, independente das circunstncias Ele continua sendo o mesmo Deus, digno de toda a nossa adorao. O maior mandamento que recebemos de Cristo tem tudo a ver com adorao: Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu corao, de toda a sua alma, de todas as suas foras e de todo o seu entendimento e Ame o seu prximo como a si mesmo (Lucas 10:27).

    A parte do sacrifcio santo me faz lembrar a viso de Isaas quando teve um encontro pessoal com Deus: Santo, santo, santo o Senhor dos exrcitos. A terra inteira est cheia da sua glria (Isaas 6:3). O profeta de lbios impuros viu os anjos declarando a santidade

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    de Deus. s vezes, a rotina nos faz perder esse assombro que Isaas experimentou e todos ns um dia tivemos tambm. Esse temor diante da glria e da grandeza de Deus fundamental, de-vemos preserv-lo. Gosto de uma msica do meu amigo Andr Bereta que tem um verso em que diz: Quebrantado estou, pois no quero perder Deus o primeiro amor. Eu no quero deixar de temer o seu santo nome. uma deciso que comea com o quebrantamento, no podemos nos esquecer do que a Bblia diz sobre os que tm corao quebrantado: um corao quebrantado e contrito, Deus, no desprezars (Salmo 51:17).

    Na orao do Pai nosso, quando Jesus nos ensina a pe-dir que o nome de Deus seja santificado precisamos entender algo importante: Deus santo, contudo as pessoas que ainda no o conhecem no tm esse entendimento. O que torna o nome de Deus santo para aqueles que ainda no o conhecem a vida dos seus filhos, chamados de santos no Novo Testamento. Nossa adorao envolve a nossa santidade, portanto imposs-vel adorarmos plenamente um Deus santo se decidirmos delibe-radamente permanecer em nossa vida de pecados. Mas as suas maldades separaram vocs do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocs o rosto dele, e por isso ele no os ouvir (Isaas 59:2).

    Quando Paulo diz que nosso sacrifcio deve ser agrad-vel, imediatamente me lembro do Salmo 51. Davi, o homem que recebeu do prprio Deus um ttulo que nenhum outro homem recebera at ento: um homem segundo o meu corao havia pecado. Depois de anos de preparao ele havia alcanado a pro-messa de ser rei de Israel. Creio que Davi no pecou repentina-mente, mas foi deixando de fazer tudo quilo que ele praticava desde menino, tudo aquilo que o fez chegar aonde chegou. Davi era um homem segundo o corao de Deus, pois era um homem cheio da presena de Deus, um adorador. O que nos faz homens e mulheres que agradam a Deus a presena de Cristo que vive em ns e nos tornou novas criaturas. Contudo, em um momento

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    de fraqueza Davi pecou, tornou-se um adltero e homicida.

    No Salmo 51 vemos um Davi que finalmente se arrepen-deu. Quando falamos de arrependimento, um termo mais fami-liar a ns hoje cair em si. A Bblia emprega o termo caindo em si em relao ao filho prdigo, revelando a ao do Esprito Santo gerando arrependimento. No existe mudana sem um genuno arrependimento! Davi fora confrontado pelo profeta Natan e finalmente se arrependera. A dor do arrependimento familiar a todo aquele que um dia esteve muito prximo do peca-do. Naquele momento Davi finalmente entendeu que ele poderia sacrificar todos os animais do mundo e isso no seria suficiente para reestabelecer sua comunho com Deus, pois no era isso o que Deus esperava dele: No te deleitas em sacrifcios nem te agradas em holocaustos, se no eu os traria. Os sacrifcios que agradam a Deus so um esprito quebrantado; um corao quebrantado e contrito, Deus, no desprezars (Salmo 51:16 e17).

    O sacrifcio agradvel a Deus sempre nossa obedincia. Uma vida de adorao uma vida de obedincia. Lembre-se de Abrao, outro heri da f que era um homem e pai como mui-tos de ns. Ele escolheu obedecer a Deus e sacrificar seu ni-co filho como prova de sua fidelidade, quando lemos a histria dele conhecendo o final muitas vezes menosprezamos a atitude primorosa de Abrao. Ele foi um homem de f que escolheu obedecer custe o que custasse, contudo em todos os momentos ele confiou que Deus iria prover uma segunda opo. E esse o resultado da nossa obedincia: Deus sempre envia proviso ao nosso encontro.

    No podemos nos esquecer de Jesus se preparando para cruz. Que a orao dele seja tambm a nossa sempre que tivemos uma escolha difcil para fazer: Pai, se queres, afasta de mim este clice; contudo, no seja feita a minha vontade, mas a tua (Lucas 22:42). Por-tanto, em todos os momentos temos a oportunidade de adorar.

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    Essa a adorao que Deus espera de ns: nossa vida cotidiana consagrada a Ele. Talvez voc seja um publicitrio, ou uma dona de casa, um bombeiro, uma professora, no importa! Se voc exercer sua profisso para a glria de Deus voc est adorando!

    Esta separao: santo x profano no autorizada pela B-blia. uma leitura religiosa que separa reas de nossa vida como pertencentes a Deus e outras no, para um filho de Deus tudo o que ele faz deve ser santo. Seu trabalho to espiritual quando sua vida de orao, pois como Paulo nos ensinou em tudo o que fazemos Deus deve ser glorificado. Adoramos a Deus quando cumprimos com nossa palavra, quando somos fiis em nossos compromissos. Adoramos a Deus ao cuidar dos nossos fami-liares, ao administrar nosso dinheiro. Em tudo o que fizermos devemos ter uma atitude de sacrifcio de louvor.

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    GRATIDO

    A gratido o nico tesouro dos humildesWilliam Shakespeare

    Uma atitude de adorao comea com um corao grato. O salmista diz no Salmo 100, verso 4: Entrem por suas portas com aes de graas, e em seus trios, com louvor, deem-lhe graas e bendigam o seu nome. O dicionrio define gratido como: reconhecimento por ato ou favor recebido. Vivemos em um tempo em que valo-res esto deturpados, cada dia que passa v-se mais atitudes de deslealdade e ingratido. No incomum ouvirmos crianas na escola dizendo petulantemente a seus professores: meu pai que paga seu salrio com os impostos!. Infelizmente essas crianas recebem em casa um exemplo de ingratido, mas no mundo de hoje em que todos querem estar no topo, atitudes de gratido so consideradas um sinal de fraqueza?

    Minha me uma mulher cheia de gratido. Ela des-cendente de italianos e indgenas brasileiros, o que ocasionou em toda sua famlia personalidades muito fortes e barulhentos. Se tem algo que deixa minha me indignada perceber pessoas que se consideram autossuficientes. A teoria dela que somos to-dos interligados por nossa dependncia. Algo bem didtico o exemplo do po que aprendi com ela: voc s come o po porque algum o colocou a venda. Essa pessoa s pode vend-lo porque tiveram funcionrios dispostos a faz-lo, tiveram fornecedores diversos que o abasteceram para que esse po pudesse ser feito. Os fornecedores dependeram dos agricultores que venderam a matria prima, no caso o trigo. E nada acontece sem a ao direta ou indireta de Deus, no caso do pozinho nosso de cada dia, sem a chuva e as condies climticas necessrias no existiria o trigo.

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    uma bela forma de enxergar o mundo ao seu redor.

    Talvez nossas famlias estejam cada vez mais ingratas, pois estamos nos esquecendo de um ensino elementar deixado por Cristo: o ato de nos reunirmos para comermos juntos e dar-mos graas pelo alimento. Sou grato a Deus pela criao que recebi, pois sempre que reclamava quando criana do cardpio do almoo ou do jantar minha me sempre bradava: e d graas, pois tm crianas iguais a voc morrendo de fome!. Chocante e didtico! Sempre quando reclamava de algo ouvia dela: em tudo dai graas Diego. E com isso, em meu corao foi sendo forjado o valor da gratido.

    Talvez se os pais de hoje estivessem mais engajados em ensinar valores relacionados ao ser e no ao ter aos seus filhos, as pessoas seriam mais gratas. Gosto sempre de parar um instante antes de dormir e agradecer a Deus por elementos comuns que fizeram parte do meu dia. Pode ser pelo fato de eu ter gua en-canada e poder tomar um bom banho, ou uma comida diferente que experimentei. Talvez uma pessoa que conheci ou um pre-sente recebido. O simples fato de estarmos vivos uma razo e tanto para agradecer.

    Vejo a gratido e a ingratido como dis culos diferen-tes. A gratido um culos com uma lente de cor diferenciada, como o filtro certo no Instagram: deixa tudo mais atraente e vivo. A ingratido uma lente em preto e branco, faz tudo parecer acinzentado e comum. A realidade a mesma, o que muda a forma como voc a encara!

    Vamos dar uma olhada no Salmo 103: Bendiga o Senhor a minha alma! Bendiga o Senhor todo o meu ser! Bendiga o Senhor a minha alma! No esquea nenhuma de suas bnos! (verso 4). A chave para no sermos ingratos no nos esquecermos dos benefcios que recebemos. Quando vou ministrar o louvor, gosto sempre de me lembrar da imagem que tenho em minha mente de Jesus na cruz,

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    traz uma perspectiva saudvel ao meu comportamento. s vezes, o dia simplesmente no foi bom, ou voc tem que lidar com rea-lidades difceis que os msicos entendem muito bem: talvez um tcnico de som que parece que a boa vontade ficou em casa (s o corpo veio para a igreja), um msico que no ensaiou ou perdeu a passagem de som. Pode parecer situaes pequenas, mas quan-do se est exposto diante de pessoas, qualquer oscilao pode nos deixar vulnerveis. So elementos importantes na msica que fazemos, mas no pode definir a nossa adorao.

    Centenas de vezes eu precisei ministrar o louvor com equipe incompleta, ou acompanhado apenas de um violo e, por mais difcil que seja abrir mo do nosso planejamento inicial, pre-cisamos sempre crer que Deus est no controle. Lembre-se de Jesus na cruz: por causa dele que fazemos o que fazemos!

    Creio que se nossas equipes de louvor estivessem mais comprometidas em escrever sobre gratido e se nossos cultos refletissem essa genuna gratido pela graa que recebemos, nos-sas igrejas e nossas vidas seriam diferentes. Precisamos, como a Bblia nos ensina, trazer memria o que nos d esperana. Em cada culto em que lideramos a igreja at a presena de Deus, exis-tem pessoas vindas das mais diferentes realidades. Cada pessoa em nossas igrejas um indivduo, com uma histria de vida, com suas prprias batalhas e dificuldades. Precisamos ajudar essas pessoas a perceberem a bondade de Deus.

    Entristece-me quando vejo um ministro de louvor que no se preparou espiritualmente e se vale de chaves e frases de efeito para entreter o povo. Precisamos ser o exemplo na gra-tido. muito perigoso quando o povo de Deus abre mo da gratido, um povo murmurador e que reclama de tudo afasta a presena de Deus. A constante murmurao do povo de Israel durante a travessia no deserto fez com que ela durasse mais tem-po. A ingratido atrasa as bnos de Deus em nossas vidas. Se

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    voc deseja ser um adorador e agradar ao corao do Pai comece praticando a gratido em sua vida diria.

    Recentemente nossa igreja local acompanhou a batalha de uma jovem contra o cncer, cujo nome era Larissa. Tive o privilgio de ser amigo de Larissa e conhec-la antes do cncer e acompanh-la durante ele. A batalha foi extenuante e muito in-tensa e, em todos os momentos vi que minha amiga permaneceu a mesma pessoa. O cncer no foi capaz de mud-la!

    Muitas vezes vendo a jornada que ela estava trilhando, eu imaginava se em seu lugar eu aguentaria. Durante todos os mo-mentos a vimos dando graas a Deus pela vida, ela sempre falava a todos de Jesus. Quando me lembro de Larissa sorrio em saber que ela vivenciou em todos os seus dias a alegria da salvao, le-vando muitos a conhecerem a Cristo atravs de seu testemunho. No dia do seu velrio foi interessante perceber que uma multi-do foi prestar uma homenagem a ela, uma pessoa comum. Espreitei por entre os corredores prestando ateno no que as pessoas falavam sobre ela e hoje, graas vida dela tenho mais certeza de que a gratido atrai as pessoas.

    Ningum gosta de ficar perto de algum que reclama de tudo e todos. Creio que se somos o perfume de Cristo a gratido um dos componentes centrais dessa essncia. Larissa foi um perfume que alcanou muitas pessoas, que o exemplo dela nos motive a sermos filhos mais fiis. Fiquemos com as palavras de nosso amigo Paulo: No se preocupem com nada, mas em todas as ora-es peam a Deus o que vocs precisam e orem sempre com o corao agrade-cido. E a paz de Deus, que ningum consegue entender, guardar o corao e a mente de vocs, pois vocs esto unidos com Cristo Jesus (Filipenses 4:6 e 7). Amm? (Mais uma vez: Sel)...

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    LOUVOR E ADORAO

    A verdadeira adorao acontece quando seu esprto responde a Deus, e no a alguma melodia musical.

    (Rick Warren)

    LOUVOR

    Embora exeram o mesmo propsito e tenham funes parecidas, louvor e adorao so atitudes distintas. importante entender a particularidade de cada um para podermos experi-mentar os benefcios que ambos trazem s nossas vidas. O lou-vor uma atitude ou reao festiva diante da presena de Deus. Louvor significa elogio, aplauso, glorificao. Quando louvamos estamos exaltando a Deus pelo que Ele faz, celebrando sua pre-sena em nosso meio. O louvor uma festa, ou pelo menos de-veria ser. Gosto quando Marcos Witt diz que nossos cultos tem que parecer mais com uma festa do que com um funeral. Darlene Zschech diz que se a boate da esquina for mais festiva que nossa igreja significa que ns temos um problema.

    Voc j reparou a festa que seu cachorro faz quando voc chega depois de um dia de trabalho? uma atitude espontnea, uma demonstrao pblica de amor. Louvor muito parecido com isso, quando nosso amor pelo Senhor rompe com os pro-tocolos da religio e se expressa livremente. Os salmos convo-cam ao louvor, muitos deles so belssimas expresses de louvor. Gosto muito de como o salmo 100 o retrata:

    Aclamem o Senhor todos os habitantes da terra! Prestem cultos ao Senhor com alegria, entrem na sua presena com cnticos alegres. Reconhe-am que o Senhor nosso Deus. Ele nos fez e somos dele, somos o seu povo e

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    rebanho do seu pastoreio. Entrem por suas portas com aes de graas, e em seus trios, com louvor. Deem-lhe graas e bendigam seu santo nome. Pois o Senhor bom e o seu amor leal eterno, a sua fidelidade permanece por todas as geraes.

    Os termos hebraicos empregados no Salmo 100 nos aju-dam a entender mais sobre o louvor: ruwa (aclame) e renahnah (com alegria). Ruwa significa bradar, gritar, aclamar ou fazer grande barulho e Renahnah quer dizer cntico de festa, grito de alegria, voz de triunfo. O louvor a expresso do jbilo de um povo, voc j foi a um estdio de futebol? Como brasileiro estou acostumado com a viso de multides celebrando em altos decibis por causa de um gol realizado por outro ser humano igual a eles. Muitas vezes, vemos pessoas literalmente louvando um time de futebol, ou um atleta. incrvel como muitos brasi-leiros sabem louvar no estdio de futebol, porm quando vem Igreja mudam completamente de atitude, tornando-se contritos e circunspectos e infelizmente acreditando estarem agradando a Deus por uma postura exterior de seriedade.

    Precisamos entender que est tudo bem em festejar, na verdade Deus gosta de festa. No Antigo Testamento vemos que Deus instituiu festas para o seu povo: Festa da Pscoa, Festa dos Pes zimos, Festa das Primcias, Festa de Pentecostes, Dia do Perdo, Festa de Tabernculos. No Novo Testamento vemos que o primeiro milagre de Jesus foi realizado em uma festa de casa-mento. Amo lembrar que o apocalipse a grande festa da noiva encontrando-se com o noivo!

    Ainda no me casei, estou esperando com pacincia no Senhor (solteiros me entendero!), entretanto amo festas de ca-samento. Minha prima Gleice casou-se recentemente, foi uma festa to linda. O mais belo para mim em que pude acompanhar todo o processo anterior aquele dia, foi ver o resultado da pre-parao de dois jovens, que guardaram dinheiro e se prepararam

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    para oferecer a melhor festa que puderam. A maior festa ain-da est por vir, ser nosso casamento eterno com nosso ama-do, nunca se esquea disso. Assim como aquele jovem casal de noivos se preparou ns devemos nos preparar para festejarmos eternamente com nosso amado e Rei.

    A festa que mais me chama a ateno aquela que acon-tece no cu, quando um pecador se arrepende: Eu lhes digo que, da mesma forma, haver mais haver mais festa no cu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que no precisam arrepender-se (Lucas 15:7). Ser que nossas igrejas tm celebrado corretamente os perdidos sendo salvos em nossos cultos? Ser que nosso lou-vor reflete essa festa que acontece nos cus? No podemos nos esquecer de que Deus habita em meio aos louvores (Salmo 22:3).

    Sabemos que Deus onipresente, ou seja, Ele est em todos os lugares. Entretanto, o emprego do termo habitar em algumas verses descreve um Deus ativo, que se move e se des-loca. A palavra habitar me lembra de uma casa, o nosso lugar de refgio e intimidade. Voc pode ir a vrios lugares e at ser bem vindo em muitos, mas em nenhum lugar voc vai ficar to vontade quanto em sua prpria casa.

    Embora Deus esteja em todos os lugares ele escolhe es-tar em meio aos louvores, existe uma grande diferena entre a onipresena e a presena manifesta de Deus. Quando louvamos estamos criando um ambiente agradvel a Deus e ali Ele se ma-nifesta, existe cura, transformao, restaurao.

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    O louvor uma poderosa expresso coletiva de autorida-de. Nosso louvor uma arma de guerra. No Salmo 149:6 a Bblia diz: Altos louvores estejam em seus lbios e uma espada de dois gumes em

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    suas mos. Quando louvamos a Deus uma guerra se desenrola no mundo do esprito. O inimigo retrocede, no pelo poder da msica, mas pela manifestao da autoridade da igreja e do se-nhorio de Cristo sobre ela! Altos louvores me dizem respeito a uma expresso celestial de louvor, entregamos de volta aquilo que recebemos dEle. A espada a Palavra de Deus, nossas can-es devem ser baseadas na Palavra.

    Quando cantamos a plenos pulmes as verdades da B-blia no apenas o inimigo derrotado, mas Cristo entronizado. O louvor um cntico de f, independe das circunstncias. Na verdade, por pior que estejam s coisas para voc aproveite a oportunidade e louve a Deus, o verdadeiro sacrifcio de louvor oferecer honra e glria ao nosso Deus a despeito de como nos sentimos, porque Ele merece.

    Muitos homens e mulheres da Bblia romperam em lou-vor diante de Deus em momentos importantes de suas trajet-rias. Gosto muito do cntico de Moiss em xodo 15, pois ele resultado do grande milagre de libertao que aquele povo ex-perimentou. Aps atravessarem o mar em terra seca (voc pode imaginar como foi isso? Aleluia!) aquele povo conduzido por Moiss simplesmente irrompeu diante da presena de Deus em gratido e festa. Pare por um minuto e leia xodo 15:1-21 (Va-mos meditar sobre isso? Sel)...

    ADORAO

    Acredito que a adorao seja um passo a mais em rela-o ao louvor. Ela vai alm da ao de graas e do louvor, um passo em direo intimidade. Quando penso em adorao tem uma cena da Bblia que vem minha mente e que sempre me comove. Ela est descrita em Lucas 7, a partir do verso 36. Jesus foi convidado para jantar na casa de Simo, um religioso (fariseu)

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    que estava muito curioso para conhecer esse homem de quem to-dos estavam falando. Durante o jantar algo inusitado aconteceu, uma mulher com fama de pecadora adentrou naquele ambiente e comeou a chorar sobre os ps de Jesus e enxug-lo com seus cabelos. Ela ouviu falar que Jesus estaria naquele lugar e ignorou todos os protocolos sociais para estar ali, trazendo um perfume carssimo e derramando nos ps de Jesus para ungi-lo. Ali estava algum que era conhecida na cidade, uma notria pecadora e o anfitrio no se agradou em t-la interrompendo sua festa.

    Jesus no se importou, ele permitiu que a pecadora o adorasse, mas o dono da casa comeou a questionar em seu cora-o se Jesus realmente era tudo aquilo que ele ouvira falar, afinal ele estava permitindo uma pecadora estar perto dele! Jesus ob-viamente respondeu com a sinceridade que lhe peculiar: aquele homem no se importava com Jesus, apenas queria ter algum famoso jantando em sua casa. Ele nem recebeu Jesus segundo a etiqueta da poca, imagino que estava to ansioso em conhecer o famoso Jesus que se esqueceu dos bons modos. J a pecadora amou a pessoa de Jesus e entregou no apenas um presente para ele, mas uma oferta carssima.

    Os vasos de alabastros eram caros e continham essncias que custavam uma fortuna. Aquela mulher foi movida de um desejo ntimo de estar perto do Salvador. Ela nos oferece um retrato que nos ajuda a entender o que adorao. Segundo o di-cionrio, adorar : render culto, venerar, dedicar amor excessivo. No hebraico a palavra adorao tem um sentido de prostrar-se, ou render-se. Essa mulher descrita em Lucas 7 um exemplo, pois naquele momento ela no prostrou apenas seu corpo, ela rendeu sua vida por completo diante da presena de Jesus. Todo o seu passado e tambm seu futuro. Ela dedicou amor excessivo e isso refletiu em sua vida como perdo e salvao.

    Adorao a nossa oferta de amor diante de um Deus que amor e digno de ser amado. a sua entrega, o ato de

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    prostrar-se demonstra reverncia e submisso. Nunca tive a oportunidade de estar diante de uma realeza em carne e osso, mas sei que voc precisa prestar uma reverncia curvando seu corpo. Deus o Rei de todo o universo, o Rei sobre reis e Senhor sobre senhores, no seria Ele digno de nossa reverncia?

    Quando nos submetemos a Ele estamos demonstrando a nossa confiana de que como nosso Deus e nosso Pai, Ele sabe o que melhor para ns. Na orao do Pai Nosso Jesus nos ensinou que deveramos pedir: venha o teu reino, seja feita a tua vontade aqui na terra como no cu. De fato existe uma vontade perfeita, o projeto original de Deus para ns. Quando vivermos em submisso a Cristo experimentamos o cu na terra.

    Quando adoramos estamos cumprindo a vontade de Deus. Adorar quando a criatura est em conexo com seu Cria-dor, cumprindo o propsito original do Criador para ela. Adorar viver a vontade de Deus para nossas vidas, uma vontade boa, perfeita e agradvel. Voltemos ao texto de Romanos 12, porm agora vamos ler tambm o verso 2: Portanto, irmos, rogo-lhes pelas misericrdias de Deus que se ofeream em sacrifcio vivo, santo e agradvel a Deus; este o culto racional de vocs. No se amoldem ao padro deste mundo, mas transformem-se pela renovao da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradvel e perfeita vontade de Deus.

    Darlene Zschech diz que a adorao deve tocar os cus a ponto de comov-lo, para que possa ento transformar a terra! uma grande revelao do propsito da adorao! (Mais uma vez vamos refletir. Sel!)...

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    Um fato que me atrai ao louvor e adorao a presena de Deus. No Salmo 22:3 a Bblia diz: Contudo, tu s santo entro-nizado em meio aos louvores do teu povo. Quando o adoramos Ele

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    se aproxima ainda mais de ns. Gosto de saber que no existe um pedgio at a presena de Deus, ela disponvel e acessvel o tempo todo graas ao sacrifcio de Jesus. Quando voc adora verdadeiramente, tudo em redor desaparece, de repente apenas ele e voc.

    Tive uma experincia assim no ano de 2013. Aps um longo processo de produo eu estava pronto para lanar um novo lbum intitulado Eletro-Acstico. Decidi lan-lo em primei-rssima mo em minha igreja local, escolhi uma data dentro das que estavam disponveis e comecei a trabalhar. Foram longas ma-drugadas de ensaio com a banda, pois era o nico horrio em que todos estavam disponveis ao mesmo tempo. Preparamos um desenho de palco muito moderno, com um telo de LED muito grande. Gastamos uma semana preparando vdeos para serem exibidos em sincronia com a msica, foi o evento mais detalhado que j organizei.

    No dia do evento eu trabalhei tanto na preparao de tudo que no tive tempo nem de almoar. Ento, a grande noi-te chegou. Estvamos ensaiados e com o corao pronto para oferecer nosso melhor a Deus. Tnhamos a expectativa de ver a igreja sendo abenoada e pessoas sendo salvas. Quando es-tava prximo da hora do evento e cheguei ao local percebi que tinham poucas pessoas. Em um local com capacidade para no-vecentas pessoas tinha pouco mais de cinquenta pessoas. Desci com a banda para orarmos em um lugar reservado, que ficava literalmente embaixo do palco e percebi os olhares de apreenso. Um casal de intercessores veio orar conosco e percebi o olhar deles de pobre Diego. Todos demonstravam muita preocupa-o comigo. Confesso que at aquele momento eu no tinha me preocupado com a quantidade de pessoas, contudo os olhares de misericrdia que recebi comearam a me incomodar. Estimulei a todos a focarem em Cristo, nosso alvo naquela noite. Falei algu-mas palavras de incentivo e injetei nimo nos coraes dos msi-

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    cos e ento eles subiram para ajustar os ltimos detalhes. Fiquei sozinho. Eu tinha uma deciso a tomar naquele momento, olhar para as pessoas ou olhar para Cristo, fiquei com a segunda opo.

    Quando subi ao palco tinham pouco mais de cem pes-soas no local. Ento ns comeamos a tocar e a adorar sem nos importarmos com a quantidade de pessoas. Lembro-me que t-nhamos um vdeo de introduo em que o palco ficou todo no escuro e naquele momento eu estava orando pedindo para que Deus guardasse meu corao. E comecei a exalt-lo com as mi-nhas palavras, fora do microfone. Declarando que era tudo dele, por Ele e para Ele.

    Quando as luzes acenderam e comeamos a tocar a pri-meira msica, eu literalmente senti a presena de Deus me abra-ando! Foi uma noite gloriosa em tudo o que essa palavra repre-senta. Marcou a minha vida pra sempre, ali fui provado em tudo o que sempre acreditei em relao adorao: no sobre ns, sobre Ele. No importa o local, as pessoas envolvidas, Ele o alvo!

    Aparentemente naquele final de semana todos que eu conheo tinham algum compromisso inadivel, vrios eventos foram marcados no mesmo dia e eu no sabia. Foi realmente como se a mo de Deus tivesse trabalhado para que fossemos eu e Ele. Pouco tempo depois do evento, Deus usou duas pessoas diferentes para falarem para mim o que de fato aconteceu naque-la noite. No tivemos nenhuma cadeira vazia naquele ambiente quela noite. Os anjos de Deus estavam l adorando junto conos-co! Aquele abrao de Deus mudou a minha forma de adorar pra sempre. Nunca se esquea: Jesus o Emanuel, Deus conosco. Ele est sempre perto! Toda vez que voc o adora, um trono construdo em seu corao para que Ele possa reinar sobre tudo! (Um bom momento para avaliar nossos coraes. Sel)...

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    Imagino o efeito que aquele perfume teve no ambiente, transformou tudo ao seu redor, na verdade incomodou o dono da casa. A adorao produz uma essncia impossvel de igno-rar, quando algum est adorando de verdade isso vai envolver aqueles que esto ao seu redor de uma forma ou de outra: ou as pessoas sero compelidas a adorarem junto, ou sero incomoda-das em sua religio. Essa questo do aroma tem tudo a ver com adorao, vamos dar uma olhada no que diz Gnesis 8: Depois No construiu um altar dedicado ao Senhor e, tomando alguns animais e aves puros, ofereceu-os como holocausto, queimando-os sobre o altar. O Se-nhor sentiu o aroma agradvel e disse a si mesmo: Nunca mais amaldioarei a terra por causa do homem, pois o seu corao inteiramente inclinado para o mal desde a infncia. E nunca mais destruirei todos os seres vivos como fiz desta vez (versos 20 e 21).

    No foi um verdadeiro adorador! Ele adorou atravs da obedincia e sua adorao no apenas foi agradvel a Deus como tambm alterou o futuro da humanidade. H poder quando um adorador se entrega a Deus, quando nos derramamos diante dele tudo muda ao nosso redor. Minha amiga Daniela Oliveira, uma soprano cheia da presena de Deus tem um testemunho muito interessante sobre isso. Dani, como a chamamos, uma cantora e compositora muito talentosa, ela ministra de louvor em nossa igreja local. Recentemente ela se formou em letras e foi lecionar pela primeira vez para adolescentes (professores entendero!). Em um dia particularmente catico, nada do que ela tentava acal-mou aqueles adolescentes, a sala de aula estava insuportvel, e ento sem mais recursos humanos disponveis ela decidiu adorar a Deus. Naquela sala de aula ela comeou a cantar e de repente tudo mudou, a presena de Deus invadiu aquele lugar e a paz reinou nos coraes. Estimulante no?

    Quando no souber o que fazer, simplesmente adore. Quando adoramos, a realidade ao nosso redor pode mudar, ou pode permanecer a mesma, no importa. Toda vez que adora-

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    mos ns somos transformados, passamos a ver as coisas pela perspectiva do cu. Simplesmente adore, e em todos os momen-tos sua vida ser completamente diferente.

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    A BATALHA PELA ADORAO

    Castelo forte o nosso Deus, amparo e fortaleza:com seu poder defende os seus, na luta e na fraqueza.

    (Martinho Lutero)

    O primeiro relato de um ato de adorao na Bblia est em Gnesis captulo 4 e envolve uma batalha. Abel e Caim eram filhos de Ado e Eva, Abel era pastor de ovelhas e Caim um agri-cultor. Um dia, eles estavam ofertando ao Senhor, Caim trouxe uma oferta do fruto da terra, j Abel ofereceu as partes gordas das primeiras crias do rebanho. Da forma como a Bblia apre-senta a situao podemos entender que Caim escolheu aleatoria-mente sem pensar e Abel preparou sua oferta separando o me-lhor. Deus agradou-se da oferta de Abel e a aceitou, entretanto ele rejeitou a oferta de Caim. A Bblia nos mostra que Caim ficou inconformado com a rejeio e assassinou seu irmo. extre-mamente chocante pensar na reao de Caim, mas vamos nos ater a um contexto mais amplo: existe uma batalha pela nossa adorao.

    Quando Deus criou Ado e Eva deu a eles o governo so-bre a terra, porm ao pecarem eles entregaram o governo a Sata-ns. A Bblia chama Satans de o deus desta era, ou o deus deste sculo: O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que no vejam a luz do evangelho da glria de Cristo, que a imagem de Deus (2 Corntios 4:4). O mundo em que vivemos est sob o controle do mal: Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo est sob o poder do Maligno (1 Joo 5:19). Desde que foi expulso do cu por querer se igualar a Deus, Satans luta para receber adorao. Essa batalha fica mais explcita em Mateus captulo 4, quando Jesus foi levado ao deserto para ser tentado. Ali ele travou uma batalha que cada um de ns ou enfrentou, ou vai enfrentar.

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    Vamos relembrar o que aconteceu antes de Jesus ser le-vado ao deserto ele foi ao encontro de Joo Batista para ser ba-tizado. O objetivo de Jesus era cumprir as escrituras e obedecer ao que se esperava dele. No podemos nos esquecer de que ele estava se preparando para cumprir seu ministrio e trinta anos de sua vida haviam se passado. A morte de cruz j estava no horizonte e o senso de urgncia guiou os passos de Jesus em todo seu ministrio. O Deus que se fez carne era completamente divino e completamente humano, duas naturezas que coexisti-ram. Em Jesus temos o exemplo de que, quando um homem cheio de Deus possvel ter uma vida vitoriosa e plena, em Jesus somos restaurados para viver o propsito original de Deus para ns como humanidade.

    Quando Jesus estava sendo batizado, algo marcante acontece - O Esprito Santo desce sobre ele na forma de uma pomba e todos naquele lugar ouvem a voz de Deus declarar: este o meu filho amado, nele eu tenho muito prazer! (Mateus 3:17). Quando Deus est afirmando isso publicamente, ele est preparando o lado humano de Jesus para o que viria pela frente.

    Jesus ento foi guiado para o deserto e jejuou por qua-renta dias e quarenta noites. Ento o diabo veio para tent-lo. No negligenciemos o fato de que ali estava um homem que fi-cou por quarenta dias sozinho, jejuando e orando, com o corpo debilitado pela fome. Qual a primeira coisa que o diabo fala para ele? Se voc o filho de Deus transforme essas pedras em po (Ma-teus 4: 3). A questo no era a capacidade de Jesus para operar o milagre, ou a capacidade de Deus para livr-lo, o diabo estava questionando a paternidade de Deus sobre Jesus. A tentao no foi o suficiente para parar Jesus, pois ele mantinha no corao a palavra que recebera antes: este o meu filho amado, nele eu tenho muito prazer. No momento final da tentao o diabo revela seu verdadeiro propsito: Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe

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    disse: Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares. Jesus lhe disse: Retire-se, Satans! Pois est escrito: Adore ao Senhor teu Deus, e s a ele preste culto (Mateus 4: 8-10).

    IDENTIDADE

    O primeiro ataque que recebemos com o objetivo de parar nossa adorao em nossa identidade. Precisamos ter a identidade de filhos gravada em nosso corao, assim como Jesus ns tambm somos filhos amados em quem Deus tem prazer. O sacrifcio de Cristo na cruz visava nos tornar filhos: Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se torna-rem filhos de Deus (Joo 1: 12). Como filhos precisamos entender que a batalha central no mundo por adorao. Basta olhar ao redor para percebermos: idolatria, hedonismo, culto ao ego, to-dos esto buscando uma divindade para preencherem o vazio em seus coraes e, por trs de todas elas est o diabo pronto para receber adorao. Ele o deus desta era e est sempre pronto para enganar, mesmo que uma pessoa tenha boa inteno, ao idolatrar algo ou algum Satans adorado. Quando uma ima-gem venerada, ou algum idolatra seu prprio corpo, seu curr-culo acadmico, seja o que for, Satans adorado.

    O diabo financia todos aqueles que esto dispostos a re-ceber glria, para que ele fique com essa glria para ele, vemos isso claramente na indstria do entretenimento. O homem foi criado para dar glria, no para receber glria. Os artistas que experimentam toda a fama do mundo e, ainda assim so vazios e sozinhos, com frequncia morrem de overdose, ou se suicidam. Eles comprovam que no estamos preparados para a glria.

    Nossa adorao define a qual reino pertencemos, quan-do voc se prostra diante de Deus todo o mundo espiritual sabe de qual reino voc faz parte. De Gnesis a Apocalipse a batalha

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    pela adorao explcita, somos atacados por Satans para calar nosso louvor e nossa adorao, precisamos estar preparados para reagirmos. Sabemos que nossa luta espiritual: pois a nossa luta no contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os domina-dores deste mundo de trevas, contra as foras espirituais do mal nas regies celestiais (Efsios 6:12). No podemos levar nossa vida de adora-o de qualquer forma, precisamos estar vigilantes e equipados com as armas que Deus nos deu para guerrearmos: Pois, embora vivamos como homens, no lutamos segundo os padres humanos. As armas com as quais lutamos no so humanas; pelo contrrio, so poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destrumos argumentos e toda pretenso que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torn-lo obediente a Cristo (2 Corntios 10:3-5).

    REAS EM QUE PRECISAMOS VIGIAR

    Algumas reas de nossa vida so atacadas para nos envol-ver em questes menores e tirar o nosso foco de Deus, impedin-do-nos assim de ador-lo. Uma pessoa sbia administra bem sua vida de acordo com os princpios da Palavra de Deus, protegen-do-se assim dos ataques do inimigo. Precisamos nos resguardar quanto ao tempo, a nossa vida de orao, nossos recursos, o cn-tico que Deus nos deu e o nosso futuro.

    Tempo

    No sabemos quanto tempo de vida teremos e a velha mxima viva como se hoje fosse seu ltimo dia de fato se apli-ca a todos ns. A Bbliz diz em Efsios 5:15,16: Tenham cuidado com a maneira como vocs vivem, que no seja como insensatos, mas como sbios, remindo o tempo, porque os dias so maus. Aquela velha frase tempo dinheiro levada a srio em nosso mundo atual. A

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    maior ddiva que algum pode ter hoje o tempo.

    s vezes, estamos combatendo o pecado, mas nos esque-cemos de que existem outras coisas que roubam nossa qualidade de vida. Precisamos estar atentos para no termos nada atrapa-lhando nosso caminho, pois precisamos ser livres para cumprir o chamado de Cristo:

    Portanto, tambm ns, uma vez que estamos rodeados por to grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverana a corrida que nos proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa f. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se direita do trono de Deus (Hebreus 12:1,2).

    Devemos planejar nossos dias em orao, dando sempre espao para que vontade de Deus se estabelea acima da nossa em tudo, para que assim possamos cumprir o propsito de Deus para nossas vidas. Inclusive com nossa agenda!

    Orao

    Nossa vida de orao fundamental e por isso, muito atacada pelo inimigo. Deus no espera de ns momentos de ora-o, mas uma vida de orao: Alegrem-se sempre. Orem continuamen-te. Deem graas em todas as circunstncias, pois esta a vontade de Deus para vocs em Cristo Jesus (1 Tessalonicenses 5:17). A orao nossa linguagem de f, atravs dela exercemos nossa dependncia do Pai e expressamos nossa confiana Nele.

    Em minha vida percebo que, quando sou mais constante em orao, vivo melhor, a vida se desenvolve em uma dinmica em que as coisas vo se encaixando umas nas outras. Mesmo com problemas e dificuldades percebo que estou capacitado para vencer cada um deles. Quando relaxo em minhas disciplinas es-

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    pirituais, tudo comea a dar errado e assim que acontece: quan-do abaixamos a guarda, o inimigo avana e ganha territrio em nossas vidas.

    Jesus orou com frequncia, sempre que era preciso ele se retirava para estar em orao. Que o exemplo do mestre seja praticado por seus discpulos, no queremos ser os discpulos displicentes que foram pegos dormindo quando deveriam estar vigilantes. A Igreja avana de forma triunfante quando forma-da por intercessores. Cada cristo tem o chamado universal orao.

    Finanas

    Dizem que, se voc quer conhecer como o carter de uma pessoa , deve dar dinheiro a ela. Ditados populares parte, Deus nunca demonstrou ter problema com dinheiro, ou com ri-quezas. A Bblia diz que o amor ao dinheiro (e no o dinheiro) a raiz de todos os males (1 Timteo 6: 10). Como filhos de Deus somos abenoados para viver uma vida prspera, ou seja, au-sente de necessidades, tendo proviso de tudo o que precisamos para uma vida digna.

    No o propsito de Deus que a motivao de nossa vida seja ganhar dinheiro ou ajunt-lo. Nosso foco sempre deve ser a eternidade, nosso corao deve ser missionrio e voltado para ajudar o prximo. O dinheiro um meio necessrio para nossa vida aqui na terra, mas no pode passar disso. No existe nenhum problema em enriquecer, desde que seja fruto de um trabalho honesto que abenoado por Deus e desde que reas mais importantes de nossas vidas como famlia, relacionamento com Deus e propsito ministerial sejam respeitadas. No pode-mos ser escravos do dinheiro, muito menos deixar que ele ocupe um lugar em nosso corao, tornando-nos assim, adoradores do

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    dinheiro. Nossos recursos devem servir ao Reino e o nosso co-rao ser generoso, no nos esqueamos de que na matemtica financeira de Deus, melhor dar do que receber.

    Cntico

    Outra tentativa do diabo de parar nossa adorao rou-bando nosso cntico. Em Efsios 5:18-20 vemos o seguinte tex-to: No se embriaguem com vinho, que leva libertinagem, mas deixem-se encher pelo Esprito, falando entre si com salmos, hinos e cnticos espirituais, cantando e louvando de corao ao Senhor, dando graas constantemente a Deus pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Os cnticos fazem parte determinante da histria e cultura de um povo e com o povo de Deus no diferente. O Esprito Santo est constantemente trazendo o novo cntico, o cntico do cu sobre sua noiva.

    O cntico espiritual a msica que traz esperana e con-solo, que fortalece o povo ao longo da caminhada. incrvel perceber que nossa histria como indivduos e tambm nossa histria como igreja pode ser contada atravs de nossos cnti-cos. Msicas como Castelo Forte, Aclame ao Senhor, en-tre outras, parecem carregar esse elemento universal e eterno de equipar a Igreja para o louvor. No deixe que o diabo roube seu cntico, esteja sempre cheio do Esprito desfrutando da plenitu-de espiritual atravs da adorao: Preparas um banquete para mim vista dos meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha cabea com leo e fazendo transbordar o meu clice (Salmo 23: 5).

    Futuro

    O que o diabo mais quer minar em nossas vidas o nos-so futuro. O inimigo sabe o que nos espera l, as promessas e

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    propsitos de Deus que esto preparados para ns. Somos cons-tantemente atacados por causa disso e no podemos esmorecer. Uma das tticas mais comuns do diabo nos enredar em nosso passado, para que fiquemos presos l e no possamos avanar rumo ao futuro.

    Muitos vivem presos em lembranas dolorosa, ou ver-gonhosas e consumidos pelo remorso. O fato que precisamos romper com o passado, sabendo que existe redeno para o nos-so passado na cruz de Cristo: Ele levou sobre si as nossas dores, nossa vergonha, nossos pecados. O castigo que nos trouxe paz estava sobre Ele. (Isaas 53). Decida-se hoje por romper com o passado e avanar triunfante rumo ao futuro glorioso que Deus tem preparado para ns. Lembro-me de uma frase do cantor Andr Valado que me marcou profundamente: se o diabo tentar te lembrar do seu passado lembre-o do futuro dele: o lago de fogo debaixo dos nossos ps!.

    O inimigo tambm tenta nos atacar no presente nos en-chendo de preocupaes referentes ao futuro. No podemos dar espao para essa ansiedade em nossos coraes, pois ela no tem fim. Quando nos preocupamos com o futuro demostramos nos-sa incredulidade em relao capacidade de Deus de trabalhar por ns, a dvida no combina com os filhos de Deus: Mas o meu justo viver pela f. E, se retroceder, no me agradarei dele (Hebreus 10: 38). Existe cura no ensino de Jesus sobre o futuro basta a cada dia o seu mal (Mateus 6: 34). O fato de hoje voc se preo-cupar com o amanh no vai alter-lo. Lance sobre Ele a sua ansiedade e viva no descanso de seu cuidado, adorando-o sem preocupaes.

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    EM ESPRITO E EM VERDADE

    O resultado desse glorioso encontro entre o humano e o divino a adorao.

    (Darlene Zschech)

    A MULHER SAMARITANA

    O texto bblico sobre o qual tenho me debruado h anos, buscando entender mais sobre adorao est em Joo captulo 4. a conhecida histria da mulher samaritana, Jesus desviando-se de sua rota original decide passar pela cidade de Samaria, um povo que no era muito afeito ao povo judeu. Mais uma vez em seu ministrio, Jesus quebra todos os protocolos da religio encontrando-se luz do dia com uma mulher do povoado de Samaria. O fato de aquela mulher estar ao meio-dia retirando gua do poo muito significativo, pois as mulheres buscavam gua de manh para no precisarem enfrentar o sol do meio-dia. Ela estava evitando encontrar outras pessoas, afinal logo depois, descobrimos que ela era uma mulher adltera que tivera vrios maridos, algo que considerado abominvel na cultura da poca.

    Jesus ento decide falar com aquela mulher, o que a deixa completamente surpresa. Creio que aquela pobre mulher repre-senta todos ns: estava sedenta e tinha uma necessidade natural, contudo sua maior necessidade era de algo que pudesse preen-cher seu corao. Estava frustrada e cansada de ser marginali-zada socialmente, encontrara mais incompreenso e julgamento do que mos estendidas para ajud-la. Ela tinha uma dvida que inerente a todo ser humano: ela queria saber como adorar. A religio dissera a ela onde deveria adorar, contudo aqueles ritos no preencheram o vazio em seu corao.

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    Voc j conhece a histria, Jesus se revela a ela como o Messias, a gua viva que pode saciar a sede dela. Ento, aquela mulher antes perdida no pecado encontra sua direo e vai anun-ciar o Messias aos outros. incrvel como Deus gosta de trans-formar pecadores notrios, pessoas julgadas e excludas pela so-ciedade (e at mesmo pela igreja) e transformar essas pessoas em missionrios das boas novas. Creio que a frase de D.L Moody se aplica aqui: Evangelismo um miservel ensinando ao outro onde encontrar o po.

    Vamos nos ater ao rico ensino de Cristo sobre adorao: Disse a mulher: Senhor, vejo que s profeta. Nossos antepassados adora-ram nesse monte, mas vocs, judeus, dizem que Jerusalm o lugar onde se deve adorar. Jesus declarou: Creia em mim, mulher. Est prxima a hora em que vocs no adoraro o pai nem neste monte, nem em Jerusalm. Vocs, samaritanos, adoram o que no conhecem, ns adoramos o que conhecemos, pois a salvao vem dos judeus. No entanto, est chegando a hora, e de fato j chegou, em que os verdadeiros adoradores adoraro o Pai em esprito e em verdade. So estes os adoradores que o Pai procura. Deus esprito, e necessrio que os seus adoradores o adorem em esprito e em verdade (Joo 4: 19-24).

    A primeira coisa que me chama ateno nesse texto que Jesus diz que Deus procura adoradores. Ele poderia ter usado a palavra adorao, mas disse adoradores. Adorao est dispon-vel para Deus no cu, em sua forma mais sublime, afinal existem anjos adorando incessantemente. Essa busca do Pai por adora-dores me revela muito sobre o carter dele, afinal Deus no um ser egocntrico sentado em um trono dizendo para a humanida-de: me adorem, no fui suficientemente adorado. O desejo do corao do nosso Pai por adoradores demonstra um interesse genuno em se relacionar conosco, ningum procura o que no precisa. Deus completo, no precisaria do homem, mas Ele nos ama tanto que nos criou. O Deus completo escolheu sentir-se incompleto sem sua criao.

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    EM ESPRITO

    Existem parmetros divinos para a adorao que Deus espera receber de cada um de ns: ela deve ser em esprito e em verdade. Adorar em esprito diz sobre nosso esprito, aquele que foi soprado dentro de cada um de ns pelo prprio Deus. mais do que apenas msica, atitudes emocionais, expresses exteriores, uma atitude espiritual. Richard Foster em seu livro Celebrao da Disciplina diz algo interessante sobre adorao:

    Sua realidade central se expressa em esprito e em verdade. Ela se ascende dentro de ns somente quando o esprito de Deus toca nosso esprito humano. Liturgias e ritos no produzem adorao, tampouco cultos e rituais arcaicos. Podemos usar todos os mtodos e tcnicas adequados, podemos ter a melhor liturgia possvel, mas no termos adorado ao Senhor at que o seu Esprito toque o nosso esprito.

    A adorao em esprito exige todas as esferas de nosso ser: Respondeu Jesus: Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu corao, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento (Mateus 22: 37). Ela exige de ns a expresso fsica, intelectual, emocional e espiritual. Co-mea com nosso corpo fsico, entregue ao servio de Deus sem reservas, muitas vezes sacrificando nossa vontade carnal. Paulo diz em Romanos 8 verso 13: Pois se vocs viverem de acordo com a carne, morrero, mas, se pelo Esprito fizerem morrer os atos do corpo, vivero. Passando pela rea do intelecto e entendimento, sabe-mos que nosso culto deve ser racional, tendo conscincia do que estamos fazendo, pois assim estamos escolhendo prestar culto.

    Deus espera de ns um culto de todo corao. Essa expresso muito utilizada na Bblia, um dos textos que mais me chama a ateno em Jeremias 29:13 quando Deus diz: Vocs me procuraro e me acharo quando me procurarem de todo o corao. Co-nheo telogos que tem muita dificuldade de aceitar expresses emocionais de adorao. Eles acusam as pessoas que se expres-sam emocionalmente de desequilibradas, empolgadas, volveis,

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    j ouvi toda sorte de adjetivos. Entretanto, muitos desses estu-diosos da Bblia, se esquecem das reaes descritas nela sobre quando homens e mulheres tiveram um encontro pessoal com Deus.

    Somos seres emocionais, est tudo bem em se emocionar diante da presena de Deus, no estamos dizendo com isso que nosso culto baseado em emoes, contudo Deus espera que exista esse elemento nele. impossvel algum adorar de verdade sem se emocionar, s de pensar na cruz de Cristo deveramos tremer e nos render em devoo.

    Nossas emoes devem estar sempre cativas a Cristo, so-mos responsveis pelo nosso equilbrio emocional. Os salmos tm bons exemplos sobre isso, no Salmo 42 os coratas coloca-ram um verso em seu cntico que nos ajuda a entender como de-vemos controlar nossas emoes: Por que voc est assim to triste, minha alma? Por que est assim to perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperana em Deus! Pois ainda o louvarei, ele o meu salvador e o meu Deus (verso 5).

    Existe um elemento final em nossa adorao espiritual que a f: andamos no pelo que vemos, mas pelo que cremos: Ora, a f a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que no vemos (Hebreus 11:1). Um exemplo de adorador que se moveu pela f Habacuque. Encorajo voc a ler o livro de Habacu-que, esse profeta que estudiosos acreditam que era tambm um cantor tinha perguntas realmente difceis para Deus. O profeta viu muita maldade ao seu redor, no sabemos ao certo se Deus respondeu todas as questes dele, mas sabemos que em determi-nado momento ele decidiu no olhar mais para as circunstncias e sim para Deus. A orao de Habacuque uma das mais belas da Bblia em minha opinio e j inspirou canes mundo afora: Mesmo no florescendo a figueira, e no havendo uvas na videira, mesmo falhando a safra de azeitonas, no havendo produo de alimento nas lavou-

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    ras, nem ovelhas no curral, nem bois nos estbulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvao. O Senhor, o Soberano, a minha fora, ele faz os meus ps como os do cervo, faz-me andar em luga-res altos (Habacuque 3:17-19). (Vamos meditar sobre isso? Sel)...

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    EM VERDADE

    O elemento verdade da nossa adorao inicia em Cristo. Ele o caminho, a verdade e a vida. Atravs dele, nosso sumo sacerdote, somos aceitos para a comunho com o Pai. Jesus abriu o caminho para que pudssemos ser bem vindos diante do trono, Ele o nosso intercessor diante do Pai. A adorao que agrada a Deus tambm bblica - adoramos baseados no que Ele nos dei-xou nas escrituras. O verdadeiro adorador algum que apaixo-nado pela Palavra e dedica-se mais em conhec-la.

    Vejo muitas pessoas falando que no conseguem receber e vivenciar o amor de Deus e creio profundamente que a B-blia a maior carta de amor j escrita. Vemos um Deus buscan-do insistentemente se relacionar com sua criao, por isso creio que quanto mais conhecemos da Bblia, mais somos inspirados a adorar. Nosso repertrio de palavras aumenta, Jesus disse que deveramos nos engajar na busca pela verdade, pois quando co-nhecemos a verdade somos livres, inclusive para adorar.

    A verdade o que mais vai exigir nosso emprego de for-as na adorao, pois ela diz respeito a nossa sinceridade. Adorar em verdade ser honesto diante de Deus, oferecendo a Ele quem voc realmente sem mscaras. No podemos nos esquecer de que somos bem vindos e aceitos por Deus como somos. A antiga cano Eu venho como estou uma verdade, jamais seremos bons o suficiente, jamais vamos merecer, mas pela graa que

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    somos salvos e aceitos. Jesus nos justificou diante de Deus, ns no somos mais pecadores lutando para sermos santos, somos santos lutando contra o pecado. uma perspectiva totalmen-te diferente: somos santos, porque o Santo nos justificou! Amo aquele verso da cano Quebrantado que diz: Trouxe-me a vida, eu estava condenado, mas agora pela cruz eu sou reconci-liado. Aleluia!

    Adorar em verdade confiantemente adentrar na pre-sena de Deus. O diabo por vezes tenta nos condenar, apontar nossas falhas para dizer que no podemos adorar, contudo o que Deus pensa sobre isso o que realmente importa: Aproximem--se de Deus, e Ele se aproximar de vocs! Pecadores, limpem as mos, e vocs, que tm a mente dividida, purifiquem o corao (Tiago 4:8). A primeira parte desse verso uma promessa que injeta confiana diretamente em nossa corrente sangunea: se eu me aproximar dele, Ele vai se aproximar de mim! na presena dele que os pecadores so limpos e transformados. Precisamos apenas ser sinceros, pois Deus no espera de ns perfeio, Ele sabe que somos imperfeitos. Ele espera que venhamos at Ele, o nico que pode nos curar.

    No deixe o diabo, o mundo ou nada mais separar voc da presena de Deus. Na presena dele existe vida abundante e plena. Lembremo-nos da mulher samaritana, ela foi aceita e ama-da, ela recebeu o Salvador e finalmente pode entender e vivenciar a adorao. Ed Rene Kivitz tem uma leitura muito interessante desse encontro, est descrita em seu livro Talmidim:

    O que importa mesmo que Deus seja adorado em esprito e em verdade. Jesus est nos ensinando que Deus prescinde de todo aparato da religio. A partir de Jesus, que nos recomenda um jugo suave e um fardo leve, aqueles que desejam se relacionar com Deus esto livres de cumprir rituais religiosos, frequentar lugares sagrados, guardar dias ou se submeter a ativi-

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    dades e pessoas consideradas sagradas. Aprendemos com Jesus que quando se trata de adorao o mais importante o corao.

    Adorar em esprito e em verdade para mim permitir que cada flego de vida volte para Deus, em forma de honra, glria e louvor. Adorar em esprito e em verdade dedicarmos toda a nossa vida para nos relacionarmos com o nosso Deus. Adoramos com sinceridade e paixo, crendo na promessa de que quando nos aproximamos dele, Ele se achega a ns. Esse o tipo de adorador que nosso Pai est procurando.

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    O MINISTRIO DE LOUVOR

    No poderia encerrar esse livro sem dedicar um cap-tulo em especial aos ministros de louvor. A palavra ministrio atualmente tem uma carga de significado um pouco diferente do empregado pela Bblia no Novo Testamento. No Brasil especial-mente, estamos acostumados a ter a palavra ministrio associa-da poltica. Em Braslia, nossa capital poltica, um ministro uma pessoa de classe privilegiada, muitas vezes comportando-se como algum acima da lei e em alguns casos, envolvida com cor-rupo e trfico de influncia. Todavia, essa palavra de origem grega tem um significado muito mais nobre: servo. Um ministro um servo, assim como um ministrio um servio prestado em benefcio de outro.

    A Igreja organizada em ministrios para que a viso do corpo de Cristo seja colocada em prtica. Paulo nos ensina em 1 Corntios 12:4-7: H diferentes tipos de dons, mas o Esprito o mesmo. H diferentes tipos de ministrios, mas o Senhor o mesmo. H diferentes formas de atuao, mas o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A cada um, porm, dada a manifestao do Esprito, visando ao bem comum. Precisamos ter o entendimento de que os dons que recebemos no visam nosso prprio benefcio, mas o do outro, ser um mi-nistro significa ser algum que vive para servir ao prximo. Lem-bremo-nos do exemplo de Jesus: ... quem quiser tornar-se importante entre vocs dever ser servo, e quem quiser ser o primeiro dever ser o escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Marcos 10: 43-45).

    Fazer parte do ministrio de louvor no nos torna pes-soas especiais, ou uma classe superior dentro da igreja. Ter ta-lentos musicais no nos autoriza a termos um comportamento diferente dos demais. Infelizmente, tenho visto ao longo dos

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    anos msicos e cantores que demonstram com sua atitude acre-ditarem justamente no contrrio. So pessoas crists que tratam os demais como se estes vivessem para servi-los, pessoas arro-gantes que acreditam serem essenciais para o sucesso dos cultos e insubstituveis para o ministrio. Mais alarmante perceber que muitos pastores e lderes de ministrio fazem vista grossa diante desse comportamento, especialmente quando se trata de componentes do ministrio com talento acima da mdia.

    Eu e minha irm temos uma brincadeira secreta sobre pessoas com atitude assim. Quando percebemos um compor-tamento do tipo, nos comunicamos com uma piada interna: o ambiente est apertado, certo? Parece que no tem espao sufi-ciente. Isso significa que detectamos uma pessoa com um gran-de ego, minha irm gosta de afirmar que s vezes, o ego to grande que no cabe dentro da igreja. Seria cmico se no fosse trgico! Ao longo da jornada vi muitas pessoas com essa atitude, em sua grande maioria no so os bebs na f, mas sim pessoas com longos anos de caminhada crist.

    O orgulho algo muito perigoso na vida de um cristo, pois pode fazer com que Deus se afaste dele: Sejam todos humildes uns para com os outros, porque Deus se ope aos orgulhosos, mas concede graa aos humildes. Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mo de Deus, para que ele os exalte no tempo devido (1 Pedro 5: 5, 6). Pedro en-tendia muito bem sobre orgulho, apesar de ser alertado por Jesus acerca de seu temperamento volvel, ele sempre confiou em sua prpria fora e no fim foi aquele que negou ao seu mestre pu-blicamente trs vezes. Demorou para que o apstolo aprendesse sua lio, mas deixou nele profunda transformao.

    O exemplo de Pedro nos ensina que no devemos confiar em nossa prpria fora, pois somos homens e mulheres cheios de falhas, que precisam desesperadamente de Deus para acertar o alvo: Confie no Senhor de todo o seu corao e no se apoie em seu

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    prprio entendimento, reconhea o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitar as suas veredas (Provrbios 3:5,6). Quando um ministro de Deus tem seu corao cheio de arrogncia e autossuficincia, est inapto para exercer sua misso, na verdade quando agimos assim estamos preparando nossa prpria queda: O orgulho vem antes da destruio; o esprito altivo, antes da queda (Provrbios 16: 18).

    Entendo que o termo ministro no se refira apenas pes-soa que est dirigindo o louvor naquele momento, mas a todos os componentes da equipe. Todos somos ministros, afinal todos ns estamos servindo a Deus e Igreja. No Brasil, tornou-se comum associar o dirigente do louvor ao termo Ministro de Louvor. Nos pases de lngua inglesa o termo utilizado Wor-ship Leader, ou em uma verso brasileira Lder de Louvor. Essa pessoa a responsvel por liderar aquele perodo de louvor do culto, porm ela tambm um servo como todos os demais. Esse entendimento inclui a todos da equipe como ministros de louvor e adorao.

    A humildade uma caracterstica fundamental de todo aquele que deseja ser til ao servio no Reino de Deus. Muitas pessoas associam humildade pobreza ou modstia, todavia o significado dessa palavra muito mais profundo e revela o car-ter que Deus espera em cada um de seus filhos. A palavra humil-dade, na verdade derivada da raiz hmus, que significa terra, bar-ro. Ela nos lembra de que todos ns viemos do p e voltaremos para ele, ou seja, no somos nada de mais comparado grandeza do nosso criador: Com o suor do seu rosto voc comer o seu po, at que volte terra, visto que dela foi tirado; porque voc p e ao p voltar (Gnesis 3: 19).

    A palavra humildade em sua origem tambm nos remete a algo malevel, algo que pode ser moldado. Entendemos melhor sobre essa qualidade quando lemos Jeremias 18. A passagem nos compara ao barro nas mos do oleiro (Deus). Para podermos ser

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    usados por Ele em sua obra precisamos estar dispostos a sermos moldados de acordo com a vontade Dele, abrimos mo de nossa prpria vontade quando optamos por sermos seguidores de Je-sus. A orao do Pai Nosso nos ensina que precisamos viver de acordo com a vontade do Pai e no a nossa.

    Precisamos entender que dentro do corpo de Cristo, temos uma funo que voltada para as pessoas. J presenciei discusses em reunies de ministrio de louvor sobre viso pes-soal, sobre estilo musical, sobre repertrio, a maioria delas seria resolvida facilmente com uma viso adequada sobre nosso pro-psito. Deus no nos chamou e nos capacitou com dons apenas para que O adorssemos, pois se fosse assim Ele poderia nos promover a anjos facilmente. O objetivo de todos os dons na Igreja a edificao do outro. A lgica do Reino bem simples: voc recebeu um dom para servir ao outro. Nossos dons musi-cais apenas encontram plenitude quando exercidos em benefcio do corpo de Cristo.

    Utilize essa informao como crivo para uma autoanlise: suas atitudes como servo de Deus em um ministrio de louvor visam o bem do corpo, ou o seu? Sua motivao no ministrio egosta ou altrusta? Voc disse eis-me aqui para servir ou para ser visto? Gosto de um ditado que diz que no Reino de Deus, se voc no est disposto a servir, voc simplesmente no serve para o ministrio. radical! Como ministros ou lderes de louvor precisamos ter muito cuidado no que diz respeito humildade, pois a nica pessoa expulsa do cu foi um lder de louvor! Tire um momento para sondar seu corao em orao e reconhecer com a ajuda do Esprito Santo os traos de orgulho que ainda existam em seu corao. Arrependa-se deles e confesse seu pe-cado, existe esperana e restaurao para cada um de ns: Quem esconde os seus pecados no prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericrdia (Provrbios 28: 13). (Creio que um bom mo-mento para tirarmos tempo e meditarmos sobre isto Sel)...

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    H algum tempo fui convidado para escrever um artigo em um portal dos Estados Unidos sobre louvor e adorao. O tema era livre e aps um tempo de reflexo escrevi um artigo intitulado Celebrity Culture (em portugus Cultura de Celebrida-des). O artigo em questo comparava a atual indstria do entre-tenimento e o culto s celebridades com o tratamento dado s figuras mitolgicas no perodo da mitologia grega. Nossa cultura atual est infectada por esse modelo diablico em que pessoas so elevadas ao status de mitos, pelo simples fato de exercerem uma funo profissional de visibilidade. O artigo teve uma gran-de repercusso no portal, ficando at mesmo em primeiro lugar no ranking de mais acessados, algo que eu, um simples brasilei-ro no esperava. Pude perceber, entretanto, que o tema chamou muita ateno na nao de Hollywood.

    Essa cultura de celebridades hoje no passa longe de nos-sas igrejas, porm precisamos combate-la. Em Romanos 12:2 o apstolo Paulo nos ensina: No se amoldem ao padro deste mundo, mas transformem-se pela renovao da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradvel e perfeita vontade de Deus. No vontade de Deus que pastores e lderes comportem-se como astros e cantores e msicos comportem-se como estrelas do rock. Esse tipo de comportamento totalmente contrrio cultura do Reino e diablico. Ns no fomos chamados para sermos celebridades da igreja local, nosso chamado celestial para sermos discpulos de Cristo, aqueles que andam pelos mes-mos passos do mestre.

    Em Glatas 5:13 a Bblia nos ensina: Irmos, vocs foram chamados para a liberdade. Mas no usem a liberdade para dar ocasio vontade da carne; pelo contrrio, sirvam uns aos outros mediante o amor. Se o que nos motiva no o amor no estamos desenvolvendo um ministrio e sim estamos servindo nossa prpria carne. Tal-vez voc nunca tenha se dado conta de como a cultura do mun-do afetou sua mente, mas ainda tempo de renovar sua mente

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    com a Palavra de Deus. Somente com uma mente transformada seremos capazes de experimentar plenamente a vontade de Deus para ns.

    Um bom exerccio para colocar nosso corao no prumo uma leitura corrida dos Evangelhos. Leia em sequncia e com muita ateno os livros escritos por nossos irmos Mateus, Mar-cos, Lucas e Joo. Dedique sua ateno pessoa de Jesus e deixe que o exemplo dele transforme sua mente e te ensine como um ministro deve se portar.

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    Vamos refletir um pouco sobre o que Paulo nos relata no captulo 2 de Filipenses: Se por estarmos em Cristo, ns temos algu-ma motivao, alguma exortao de amor, alguma comunho no Esprito, alguma profunda afeio e compaixo, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um s esprito e uma s atitude. Nada faam por ambio egosta ou por vaidade, mas humildemente con-siderem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, no somente dos seus interesses, mas tambm dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocs a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, no considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente at morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou mais alta posio e lhe deu o nome que est acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no cu, na terra e debaixo da terra, e toda lngua confesse que Jesus Cris