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T odos têm d i reit o ao sig i lo méd ico EDITORIAL Carlindo Machado e Silva Filho Presidente da SOMERJ A 03 ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA recente polêmica, envolvendo um possível dopping do jogador Dodô, nos remete a algumas reflexões. Dodô, assim como qualquer cidadão, tem direito ao sigilo médico. Tal sigilo, porém, inexiste quando estão envolvidos jogadores de futebol. Quantas vezes ouvimos que o jogador A sofreu tal e qual lesão e está com a carreira ameaçada ou que o jogador B tem uma cardiopatia que pode levar à morte súbita, se continuar jogando? Acompanhando futebol há mais de quarenta anos, me lembro da entrevista de um antigo médico de clube a um repórter: “descobrimos que o fulano vem tendo problemas musculares porque está com gonorréia.” Sempre que um exame anti-dopping dá positivo, o fato é amplamente divulgado pela mídia, de maneira sensacionalista, antes do resultado da contraprova ou que se confirme a culpa do atleta. Especialistas e “pseudo- especialistas” comentam o caso, citando a substância que teria sido ingerida, independente de ser esta proibida apenas a atletas ou, mesmo, uma droga ilícita. Considero o atleta, que se submete ao exame, um paciente e como tal, os profissionais envolvidos no procedimento, são obrigados ao sigilo. É preciso reavaliar o conceito de dopping. Não é possível continuar considerando dopantes substâncias que em nada melhoram o desempenho atlético de quem as usa. Trata- se de um equívoco técnico e científico. No caso de Dodô, ouvi dizerem que “não acho que ele tenha culpa, mas tem que ser punido para dar exemplo aos jovens”. Ora, Dodô é ídolo de milhares de jovens, inclusive dos meus filhos, e não é mau exemplo para ninguém. Mau exemplo para os nossos jovens é a impunidade de alguns políticos envolvidos em corrupção, sem compromisso com o bem público e com a população. Ouvi, ainda, a seguinte pérola “tem que ser punido mesmo que não tenha tido culpa, porque o jogador é responsável por tudo o que ingere.” Acho que qualquer pessoa deva ser responsável por tudo o que ingira conscientemente ou por irresponsabilidade. Agora, poderá ser acusada quando ingere uma substância que lhe informam permitida ou que não sabe que contém substâncias além das que foram informadas? Será que um jogador de futebol deverá ser processado se por acaso for envenenado? Está mais do que na hora de garantirmos o sigilo médico a todos, famosos ou anônimos.

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Todos têm direito ao sigilo médico

EDITORIAL

Carlindo Machado e Silva FilhoPresidente da SOMERJ

A

03

ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

recente polêmica, envolvendo um possível

dopping do jogador Dodô, nos remete a

algumas reflexões. Dodô, assim como

qualquer cidadão, tem direito ao sigilo

médico. Tal sigilo, porém, inexiste quando

estão envolvidos jogadores de futebol.

Quantas vezes ouvimos que o jogador A

sofreu tal e qual lesão e está com a carreira

ameaçada ou que o jogador B tem uma

cardiopatia que pode levar à morte súbita,

se continuar jogando?

Acompanhando futebol há mais de quarenta

anos, me lembro da entrevista de um antigo

médico de clube a um repórter: “descobrimos

que o fulano vem tendo problemas

musculares porque está com gonorréia.”

Sempre que um exame anti-dopping dá

positivo, o fato é amplamente divulgado pela

mídia, de maneira sensacionalista, antes do

resultado da contraprova ou que se confirme

a culpa do atleta. Especialistas e “pseudo-

especialistas” comentam o caso, citando a

substância que teria sido ingerida,

independente de ser esta proibida apenas a

atletas ou, mesmo, uma droga ilícita.

Considero o atleta, que se submete ao exame,

um paciente e como tal, os profissionais

envolvidos no procedimento, são obrigados

ao sigilo.

É preciso reavaliar o conceito de dopping.

Não é possível continuar considerando

dopantes substâncias que em nada melhoram

o desempenho atlético de quem as usa. Trata-

se de um equívoco técnico e científico.

No caso de Dodô, ouvi dizerem que “não

acho que ele tenha culpa, mas tem que ser

punido para dar exemplo aos jovens”. Ora,

Dodô é ídolo de milhares de jovens, inclusive

dos meus filhos, e não é mau exemplo para

ninguém. Mau exemplo para os nossos

jovens é a impunidade de alguns políticos

envolvidos em cor rupção, sem

compromisso com o bem público e com a

população.

Ouvi, ainda, a seguinte pérola “tem que ser

punido mesmo que não tenha tido culpa,

porque o jogador é responsável por tudo o

que ingere.” Acho que qualquer pessoa deva

ser responsável por tudo o que ingira

conscientemente ou por irresponsabilidade.

Agora, poderá ser acusada quando ingere

uma substância que lhe informam permitida

ou que não sabe que contém substâncias

além das que foram informadas? Será que

um jogador de futebol deverá ser

processado se por acaso for envenenado?

Está mais do que na hora de garantirmos o

sigilo médico a todos, famosos ou anônimos.

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OPINIÃO

06

O

JUL/AGO 2007

Fernando da Silva Moreira, Secretário-Geral daSOMERJ

Movimento associativo: momento

atual e perspectivas

s médicos sempre procuraram se unir em

associações com o propósito de lutar pela

classe. Assim, em 14 de fevereiro de 1886,

foi fundada a Sociedade de Medicina e

Cirurgia do Rio de Janeiro, a mais antiga

Associação Médica brasileira, com o objetivo

de congregar os médicos, defender a classe

em todos os níveis e lutar pela melhoria da

medicina, das condições de trabalho e do

atendimento à população. Naquela época, e

por mais de cerca de oitenta anos, isto é,

até o início da sétima década do século

passado, os médicos eram realmente

profissionais liberais, exercendo plenamente

a profissão e dela tirando o sustento para a

sua família.

Seguindo o exemplo da pioneira Sociedade

de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em

todo o Estado e pelo país a fora, novas

associações médicas foram fundadas. Muitas

destas deram origem a outras entidades

importantes como a Faculdade de Medicina

de Campos e, mais recentemente, a maioria

das Unimeds surgiram de associações

médicas, onde os profissionais cansados

de serem explorados pelos “convênios”

vislumbraram na cooperativa de trabalho

médico a alternativa para tentar exercer

dignamente a profissão recebendo

honorários dignos.

Assim fica muito claro, através da história, a

importância destas associações para os

médicos brasileiros. Estas tinham suas

despesas custeadas com as contribuições

associativas que, além de serem suficientes

tanto para cobri-las, permitiram adquirir um

invejável patrimônio. Infelizmente, a partir

da sétima década do século passado, a

classe médica passou a padecer de um

terrível mal que a assola até os dias atuais: a

redução dos seus ganhos, tanto no setor

privado como no público, vendo seus

consultórios tornarem-se inviáveis pelo alto

custo e o desequilíbrio entre receita e

despesas. As associações médicas iniciaram

uma luta, da qual outras entidades médicas

também participaram, como os conselhos

regionais, sociedades de especialidades e

sindicatos, para a melhoria das condições

de trabalho e remuneração. Todavia, apesar

de todas estas lutas os médicos passaram a

ter que trabalhar cada vez mais para manter

o seu padrão de vida, ficando cada vez

menos junto à família e, diante da pesada

carga de impostos, viram-se obrigados a

cortar custos, entre os quais a contribuição

associativa, já que outras despesas, tais

como a anuidade dos conselhos regionais,

imposto sindical, impostos e taxas municipais

são fundamentais para o funcionamento de

seus consultórios. Sem falar na grande fatia

da remuneração levada pelo imposto de

renda.

O médico ficou exaurido e começou a

questionar o que receberia em troca de sua

contribuição associativa. O médico está

desiludido e sem esperanças. No interior, estas

entidades, além do caráter científico, têm o

cunho social e este funciona muito bem,

quando os médicos se encontram em festas,

coquetéis, almoços, etc. Quanto à educação

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OPINIÃO07

ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

médica continuada, esta é oferecida aos

médicos através dos conselhos regionais,

sociedades de especialidades e internet. No

caso do Rio de Janeiro, o CREMERJ tem

realizado esta tarefa de forma brilhante,

oferecendo todos os anos, gratuitamente a

toda classe, atualização médica de altíssimo

nível em várias especialidades e áreas de

atuação; as sociedades de especialidades o

fazem através de cursos e publicações e a

internet permite que o médico acesse os mais

variados sites de informação médica de todo

o mundo.

Desta forma, as associações médicas que

antes tinham receita suficiente para manter-

se e criar patrimônio viram-na minguar de

forma importantíssima com a saída de seus

associados e hoje, em nosso Estado, muito

poucas são capazes de cumprir com suas

obrigações junto à SOMERJ e AMB. Será o

fim do movimento associativo? Para que

este não seja encerrado, tornam-se

necessárias mudanças urgentes. Hoje, o

médico exaurido, como já foi dito

anteriormente, paga a sua sociedade

municipal, à estadual e à nacional e o que ele

recebe em troca? Encontros sociais. Para

recuperar a receita, é necessário atrair novos

associados, manter os atuais e fazer retornar

os que abandonaram o movimento. Para

isto, é preciso conscientização da

impor tância do movimento médico

associativo através de maior participação

nas lutas do dia-a-dia da classe médica, tanto

no setor privado como no público, e oferecer

serviços que o médico necessite tais como:

assessoria contábil e serviço de despachante

e assessoria jurídica. Tais serviços poderiam

ser contratados pela filiada, com apoio da

SOMERJ, e outros serem oferecidos através

da SOMERJ, com apoio da filiada, como

cartão de fidelidade com descontos em

congressos médicos e no comércio em

geral; seguros e previdência privada; e Guia

Médico do Estado do Rio de Janeiro, que

seria um catálogo com os médicos

associados de todas as filiadas com as

respectivas especialidades e os planos de

saúde que atendem.

Buscar auxílio junto a outras entidades médicas

é uma alternativa, entretanto resta saber se

estas têm como colaborar. O CREMERJ já

colabora de forma importante na estrutura

da Central Médica de Convênios, assim como

as sociedades de especialidades, porém é

muito importante para o movimento que pelos

menos os componentes de sua diretoria sejam

associados da SOMERJ. As Unimeds também

enfrentam dificuldades financeiras devido a

problemas que não cabem ser aqui discutidos,

mas podem colaborar muito com o

movimento associativo transformando cada

cooperado em um associado.

Para que o movimento associativo não

pereça, é necessário devolver ao médico a

esperança, encantando-o com as vantagens

de ser associado. Basta de lamentos,

passemos para as ações. O caminho é

íngreme, contudo não podemos sentar à

sua beira e lamentar, a classe tem força mais

que suficiente para percorrê-lo. Não

desanimemos! E ao seu final, teremos a

sensação do dever cumprido.

“ ... é preciso

conscientização

da importância

do movimento

médico

associativo

através de maior

participação nas

lutas do dia-a-dia

da classe

médica, tanto no

setor privado

como no

público...”

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JUL/AGO 2007

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ARTIGO CIENTÍFICO

08

Diagnóstico diferencial e condutas

nas demências

– Demência – Demência – Demência – Demência – Demência

Definição - Demência é considerada uma

síndrome (um grupo de sinais físicos e

sintomas) que apresenta três características

principais:

a – alterações de compor tamento

(agitação, insônia, choro fácil, atitudes

inadequadas);

b – perda das habilidades adquiridas

(dirigir, vestir a roupa, gerenciar vida

financeira, cozinhar, andar na rua); e,

c – esquecimentos ou problemas com a

memória.

2 - Epidemiologia da demência2 - Epidemiologia da demência2 - Epidemiologia da demência2 - Epidemiologia da demência2 - Epidemiologia da demência

Ocorre em cerca de 10% da população

geral, acima de 65 anos.

3 - Tipos mais comuns de demência3 - Tipos mais comuns de demência3 - Tipos mais comuns de demência3 - Tipos mais comuns de demência3 - Tipos mais comuns de demência

- Doença de Alzheimer (DA)

- Doença de Pick (DP)

- Demência Vascular (DV)

- Demência Fronto Temporal (DFT)

- Demência Arteriosclerótica

- Demência Senil (DS)

- Outras causas (Demência Alcoólica,

Demência Esquizofrênica)

4 - Doença de Alzheimer4 - Doença de Alzheimer4 - Doença de Alzheimer4 - Doença de Alzheimer4 - Doença de Alzheimer

Alois Alzheimer descreveu a doença, que

leva seu nome, em 1907 e é considerado o

quadro mais freqüente de demência. A

incidência da Doença de Alzheimer aumenta

com o avançar da idade, mas pode atingir

pessoas mais novas. A Doença de Alzheimer

(DA) é uma doença progressiva do Sistema

Nervoso Central, sendo sua etiologia

desconhecida.

Foram constatados alguns fatores que

aumentam o risco do desencadear do mal,

a saber : tr auma craniano, fatores

genét icos, h istór ia fami l iar, idade,

aumento da Homocisteína, diminuição da

Vitamina B12/ácido fólico, entre outros.

Outros fatores diminuem o risco do

surgimento da doença, tais como: nível

de educação, vida intelectual ativa,

ocupação laborativa.

O diagnóstico é estabelecido pelo exame

clínico criterioso do paciente, utilizando-se

recursos complementares para excluir

outros distúrbios. Não existe um teste

laboratorial capaz de identificar a doença.

Até o momento, a única confirmação da

Paulo Cesar Geraldes, Conselheiro doCREMERJ, Médico Psiquiatra, Doutor em SaúdeMental, Mestre em Saúde Pública e Presidentedo CREMERJ (2005-2007)

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ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

ARTIGO CIENTÍFICO09

doença é feita através de necropsia do

tecido cerebral.

No quadro clínico, identifica-se a perda

insidiosa das funções mentais superiores,

alterações progressivas no humor e

compor tamento, perda de memória,

desorientação e dificuldade para falar. A

evolução é lenta, e, em geral, dura de cinco

a 15 anos, levando a uma profunda

demência.

Do ponto de vista clínico podemos dividir a

DA em três estágios:

a - Estágio Inicial / Leve (1-3 anos)

b - Estágio Intermediário / Moderado (2 –

10 anos)

c - Estágio Avançado / Grave (8-12 anos)

Estágio In ic ia l / LeveEstágio In ic ia l / LeveEstágio In ic ia l / LeveEstágio In ic ia l / LeveEstágio In ic ia l / Leve - a

manifestação clínica inicial é o déficit da

memória recente que, ao longo de meses

ou anos, se associa a dificuldades de

lembrar o nome de pessoas ou objetos,

dificuldade de expressão, e na localização

espacial e temporal. O espectro das

alterações da personalidade varia de

apatia e isolamento social até desinibição

e irritabilidade. A depressão é bastante

comum, sendo que algumas vezes pode

preceder às manifestações iniciais da

doença.

Estágio InterEstágio InterEstágio InterEstágio InterEstágio Intermediário / Modermediário / Modermediário / Modermediário / Modermediário / Moderadoadoadoadoado

- além das dificuldades da vida diária,

como controle das finanças, compras e

transpor te, os pacientes necessitam ser

lembrados para o cuidado com a higiene

pessoal e escolha da vest imenta

apropr iada. Os s intomas neuro-

psiquiátricos são mais proeminentes em

alguns casos, com a presença de delírio,

alucinação e paranóia. Outros sintomas

como distúrbios do sono, dificuldades

de linguagem e o não reconhecimento da

própria casa são freqüentes. Nesta fase,

em geral, os indivíduos permanecem em

casa com aux í l io de fami l iares ou

cuidadores.

Estágio Avançado / GraveEstágio Avançado / GraveEstágio Avançado / GraveEstágio Avançado / GraveEstágio Avançado / Grave - o

comprometimento substancial da memória

para eventos, dificuldade de linguagem,

perda do reconhecimento dos familiares,

como também a perda do controle dos

esfíncteres leva à necessidade de supervisão

continuada. A menos que haja uma estrutura

domiciliar compatível com as necessidades

do paciente, nesta fase a institucionalização

se torna necessária.

Achados patológicos na Doença de

Alzheimer: atrofia cerebral, alterações

neuronais, emaranhados neuro-fibrilares,

placas neuríticas, degeneração grânulo-

vacuolar, angiopatia amilóide, perda

neuronal, acúmulo de lipofuscina neuronal,

hiperplasia astrocítica.

“Alois Alzheimer

descreveu a doença,

que leva seu nome,

em 1907 e é

considerado o

quadro mais

freqüente de

demência. A

incidência da Doença

de Alzheimer

aumenta com o

avançar da idade,

mas pode atingir

pessoas mais novas.“

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JUL/AGO 2007

ARTIGO CIENTÍFICO10

doença de Alzheimer, por exemplo,

observa-se níveis baixos de acetilcolina e

elevados do glutamato.

a - acetilcolina e demência - na fase inicial da

doença, ocorre principalmente a perda de

neurônios que usam como mensageiro a

acetilcolina, uma substância importante no

processo de memória e aprendizado.

Depois de utilizada como mensageiro

químico entre os neurônios, a acetilcolina é

degradada pela enzima acetil-colinesterase,

transformando-se novamente em colina.

b - glutamato e demência - O glutamato é o

neurotransmissor excitatório principal das

regiões associadas com a cognição e

memória, o córtex cerebral e hipocampo.

Estruturas cor ticais e sub-corticais que

contém os receptores glutamatérgicos

estão lesadas estruturalmente durante o

curso da DA. O glutamato age como uma

excitotoxina causando mor te neuronal

quando níveis excessivos são cronicamente

liberados. Os sintomas clínicos da demência

correlacionam-se com déficits nas fibras

de associação glutamatérgica.

Portanto, os objetivos farmacológicos se

desdobram em dois mecanismos principais,

que são:

a - inibir a ação da acetilcolinesterase,

aumentando assim o nível plasmático-

cerebral de acetilcolina; e,

b - diminuir o nível de glutamato, impedindo

o influxo de cálcio através de receptores

NMDA (N-metil-D-aspartato), preservando

a ativação fisiológica, não interferindo nas

funções do SNC.

8 - 8 - 8 - 8 - 8 - TTTTTrrrrraaaaatamento das demênciastamento das demênciastamento das demênciastamento das demênciastamento das demências

Atualmente, não existe tratamento eficaz, no

sentido da cura, para as demências. Existem,

entretanto, alguns meios para atenuar os

sintomas e melhorar a qualidade de vida dos

pacientes, familiares e cuidadores. O tratamento

das demências pode ser dividido em:

tratamento farmacológico e tratamento não

farmacológico, que consiste nos tratamentos

multiprofissionais e multidisciplinares que

envolvem procedimentos e técnicas de

enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia,

psicologia, nutrição e outros.

O tratamento farmacológico pode ser

dividido em:

a - Inespecífico: o tratamento das síndromes

compor tamentais das demências

(depressão, ansiedade, psicose e agitação

psicomotora) deve ser baseado nos sintomas

clínicos de cada paciente. Os antidepressivos

e antipsicóticos são as drogas mais

indicadas. Entre os antidepressivos, a

fluoxetina e a sertralina são utilizadas na

agitação e a paroxetina, na ansiedade.

b - Específico: cloridrato de donepezila que é

5 - Demência 5 - Demência 5 - Demência 5 - Demência 5 - Demência VVVVVascular (Dascular (Dascular (Dascular (Dascular (DV)V)V)V)V)

O diagnóstico da demência vascular se baseia

em critérios específicos que incluem: história

clínica, avaliação neuropsicológica, exames

de neuroimagem (tomografia compu-

tadorizada e ressonância nuclear magnética).

Os critérios clínicos para o diagnóstico da

Demência Vascular são: presença de

demência; declínio cognitivo associado ao

comprometimento das atividades da vida

diária (AVD); evidência de uma ou mais

isquemias cerebrais, identificadas pela

história; sinais neurológicos e/ou estudos

de neuroimagem; relação temporal clara

entre um único acidente vascular cerebral e

o início da demência.

6 - Demência Frontotemporal6 - Demência Frontotemporal6 - Demência Frontotemporal6 - Demência Frontotemporal6 - Demência Frontotemporal

(DFT)(DFT)(DFT)(DFT)(DFT)

O início dos sintomas clínicos ocorre a partir

dos 50 anos. Caracteriza-se por alterações

do compor tamento, personalidade e

afetividade, com preservação relativa da

memória e orientação espacial. As

alucinações são incomuns, contrastando

com os sintomas da Doença de Alzheimer.

7 - Neuroquímica das demências7 - Neuroquímica das demências7 - Neuroquímica das demências7 - Neuroquímica das demências7 - Neuroquímica das demências

Dois neurotransmissores ganharam muita

importância no tratamento sintomático das

demências: a acetilcolina e o glutamato. Na

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ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

ARTIGO CIENTÍFICO1 1

inibidor reversível da acetilcolinesterase (IAchE)

e o cloridrato de memantina que é antagonista

dos receptores NMDA – fases moderadas e

graves e bloqueia os efeitos de níveis tônicos,

patologicamente elevados de glutamato, que

podem levar à disfunção neuronal.

Quanto à posologia da donepezila, a dose

recomendada é de 5 mg ao dia, podendo

ser elevada até 10 mg ao dia. Entretanto, o

aumento para além de 5 mg só deve ser

utilizado após o uso da dose diária de 5

mg, por no mínimo quatro a seis semanas,

intervalo de tempo necessário e suficiente

para proporcionar a detecção de eventuais

efeitos colaterais.

Por sua vez, a dose recomendada da

memantina é de 20 mg ao dia, sendo

administrado 1 cpr. a cada 12 horas. Para

reduzir o risco de efeitos colaterais, essa dose

é gradualmente alcançada com o seguinte

esquema terapêutico: 1ª semana:1/2 cpr.

(manhã), nenhum cpr. (noite); 2ª semana:1/2

cpr. (manhã), 1/2 cpr. (noite); 3ª semana: 1

cpr. (manhã), 1/2 cpr. (noite); 4ª semana em

diante: 1 cpr. (manhã), 1 cpr. (noite).

9 – Conclusão9 – Conclusão9 – Conclusão9 – Conclusão9 – Conclusão

As demências ainda se constituem em quadros

graves, caracterizados por sintomatologia

que provoca a perda notória da qualidade

de vida. Até há bem pouco tempo, após

iniciado o processo de demenciação, já se

sabia de antemão que o cursar da doença

era progressivo, permanente, inexorável,

levando o demenciado à vida vegetativa. O

progresso da doença, acompanhava passo

a passo as alterações de memória, inicialmente

uma hipomnésia de fixação, a seguir a

hipomnésia de evocação e o apagamento

irreversível de todos os engramas, através

da degenerescência neuronal, principalmente

de suas conexões da rede mnêmica.

Isto se traduzia pelo apagamento da vida

psíquica até a escuridão do mundo, a mudez,

a perplexidade, a ausência psíquica, e por

fim a indiferença, pois quem não tem memória

não existe. Hoje, já é possível, através da

intervenção farmacológica, lentificar o curso

da doença, proporcionando aos pacientes

uma sobrevida como pessoa, cada vez mais

substancial. Não temos ainda a cura, mas é

possível aliviar o sofrimento de quem no

passado começaria por não se recordar do

que se alimentou no café da manhã, depois

não reconheceria os filhos e, por derradeiro,

não saberia mais o código alfabético o que

bloqueava definitivamente o contato com as

outras pessoas e com o mundo.

Com certeza, apesar de nossas incer tezas

sobre os mistérios do cérebro, em algum

momento da história, seremos capazes de

restituir a estes pacientes tudo que lhes foi

subtraído de sua existência, devolvendo-

lhes a plenitude da vida passada e presente,

legando-lhes a esperança do futuro.

“Atualmente, não

existe tratamento

eficaz, no sentido da

cura, para as

demências. Existem,

entretanto, alguns

meios para atenuar os

sintomas e melhorar a

qualidade de vida dos

pacientes, familiares e

cuidadores.“

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Programação do EspaçoCultural AMF/UNIMED

em Setembro

Teatro Eduardo KraicheteAv. Roberto Silveira, 123, Icaraí, NiteróiTel.: (21) 2710-1549

SOCIEDADES FILIADAS

12

JUL/AGO 2007

Descontos

A peça exibe com maestria os maneirismos, o palavreado as angustias

e anseios deste povo que tanto sofre mas sorri na mesma proporção.

Calcada no humor, aborda a maneira como os moradores da periferia

interagem com suas dificuldades. São seis esquetes: No pagode, No

trem, No ponto, No motel, Na praia e No Hospital. A ambientação fica

por conta do acompanhamento, ao vivo, de um conjunto de pagode.

Com o texto e direção assinados por Rodrigo Sant’anna, que também

atua ao lado de Thalita Carauta e Isabelle Marques, “Os Suburbanos”

surge num momento em que montagens vêm alcançando sucesso ao

trazerem à tona vestígios do carioquíssimo besteirol dos anos 80.

Piatã precisa demonstrar valentia para tornar-se cacique de sua

tribo e, para isso, sai em busca de um dente de onça pintada e

de peixes para sua mãe. Um imprevisto carrega Piatã para um

lado desconhecido da floresta, onde conhece Débora, Juvenal e

Henriqueta — uma família vinda da cidade. O contato das duas

culturas nos oferece uma nova visão sobre o Brasil, questionando

costumes do povo dito civilizado, que sofre hoje conseqüências

ambientais de suas próprias ações. Um espetáculo cheio de

indagações a respeito da preservação da natureza e da diferença

dos povos, repensando inclusive a colonização.

PIAPIAPIAPIAPIATÃ - TÃ - TÃ - TÃ - TÃ - TTTTTANTANTANTANTANTOS ENCONTROS ENCONTROS ENCONTROS ENCONTROS ENCONTROS E OS E OS E OS E OS E TTTTTANTANTANTANTANTOS ENCANTOS ENCANTOS ENCANTOS ENCANTOS ENCANTOSOSOSOSOS8, 9, 15, 16, 22, 23, 29 e 308, 9, 15, 16, 22, 23, 29 e 308, 9, 15, 16, 22, 23, 29 e 308, 9, 15, 16, 22, 23, 29 e 308, 9, 15, 16, 22, 23, 29 e 30Sábados e domingos, às 17hIngresso: R$ 16Classificação etária: livreDuração: 50 minutos

Inspirado no filme “Fame” (ganhador de cinco Oscars), o texto do diretor Raul Tolledo

marca a estréia nacional da Cia. de Teatro Máscaras, com 16 integrantes. A peça convida

a uma viagem aos bastidores do maravilhoso ‘mundo dos espetáculos’, desde os

estressantes testes de elenco até os exercícios de preparação teatral. Aborda o universo

das artes cênicas, dos preconceitos, assim como a vida dos atores e as dificuldades

inerentes aos desejos de cada um. A narrativa é pontuada pelo romance de um jovem

casal, Jean e Fernanda, e pela descoberta da homossexualidade de Mike.

FFFFFAME,AME,AME,AME,AME, SUCESSO SUCESSO SUCESSO SUCESSO SUCESSO AAAAAQQQQQUI UI UI UI UI VVVVVOU EU!!!OU EU!!!OU EU!!!OU EU!!!OU EU!!!21 e 2821 e 2821 e 2821 e 2821 e 28Sextas-feiras, às 18h30minIngresso: R$ 30Classificação etária: 14 anosDuração: 70 minutos

20% Associados e médicos cooperados da Unimed, patrocinadores das cadeiras do teatro,

assinantes TVA e Parceiros da Cultura (informe-se).

50% Estudantes de ensino fundamental, médio e superior, maiores de 60 anos,

menores de 21 anos e portadores de deficiência física.

Os descontos só serão concedidos mediante a apresentação de car teira e/ou documento de identificação na entrada do teatro.

OS SUBURBANOSOS SUBURBANOSOS SUBURBANOSOS SUBURBANOSOS SUBURBANOS7, 8 ,9, 14, 15, 16, 21, 22, 23, 28, 29 e 307, 8 ,9, 14, 15, 16, 21, 22, 23, 28, 29 e 307, 8 ,9, 14, 15, 16, 21, 22, 23, 28, 29 e 307, 8 ,9, 14, 15, 16, 21, 22, 23, 28, 29 e 307, 8 ,9, 14, 15, 16, 21, 22, 23, 28, 29 e 30Sextas e sábados, às 21h; domINGOS às 20hIngresso: R$ 30 (sextas) e R$ 40 (sábados e domingos)Classificação etária: 14 anosDuração: 1h20min

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A importância da SOMERJ

e suas filiadas

SOCIEDADES FILIADAS

13

E

ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

m outubro, vou completar dois anos à frente

da Associação Médica de Nova Iguaçu

(AMNI). Toda a diretoria está empenhada na

valorização dos associados, procurando

sempre mostrar a importância da união da

classe médica. Conseguimos resgatar vários

associados que deixaram de fazer parte da

AMNI, uma das principais metas de nossa

campanha de eleição. Estamos mostrando

aos novos médicos e estudantes de medicina

a importância de se associarem à AMNI e à

SOMERJ. O investimento é de apenas uma

consulta de convênio por mês.

A SOMERJ tem sido impor tante nas

reivindicações de melhorias com os

convênios e tem atuado de forma exemplar

junto ao CREMERJ na defesa do médico, tanto

na remuneração que continua muito ruim,

quanto na defesa dos processos contra

médicos.

Já começamos a trabalhar para a realização

do próximo Congresso Médico da Baixada

Fluminense, que será realizado em Nova

Iguaçu de 20 a 23 de agosto de 2008.

Durante o evento, serão abordados os mais

variados temas, conferências e mesas-

redondas. Além disso, estamos pleiteando a

realização do Congresso Estadual da

SOMERJ para Nova Iguaçu em 2009.

O Congresso Médico da Baixada Fluminense

já faz parte do calendário de eventos de

educação médica continuada da SOMERJ e

vem sendo organizado pelas sociedades

filiadas de Nova Iguaçu, Duque de Caxias e

São João de Meriti.

Os primeiros congressos aconteceram em

Nova Iguaçu, em 2002; em Duque de Caxias,

em 2004; e em São João de Meriti, em 2006.

Todos foram um sucesso e contamos com a

classe médica da região para a realização

de um evento de alto nível em 2008.

Nos dias 30 de novembro e 1º de

dezembro, vamos realizar a Jornada Médica

de Nova Iguaçu. Na ocasião, ainda

acontecerá o Espaço Cultural do CREMERJ,

um evento de grande importância.

Estamos acompanhando a proposta da

senadora Patrícia Saboya (PSB/CE) sobre a

ampliação da licença-maternidade de quatro

para seis meses em todo o país.A proposta

inclusive conta com o apoio do Ministro da

Saúde, José Gomes Temporão e de toda a

classe médica. A votação no Congresso está

prevista para acontecer até o final do ano.

Prestigie a nossa associação, tornando-se

sócio e prestigiando nossos eventos.

Hildoberto Carneiro de Oliveira, Presidente daAssociação Médica de Nova Iguaçu

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ados interessantes sobre a medicinaados interessantes sobre a medicinaados interessantes sobre a medicinaados interessantes sobre a medicinaados interessantes sobre a medicina

do espordo espordo espordo espordo espor tetetetete

A Federação Internacional de Medicina do

Espor te foi a primeira associação

internacional de médicos fundada no mundo,

em 1928, por ocasião dos II Jogos Olímpicos

de Inverno de Saint-Moritz, na Suíça.

Atualmente, conta com 120 países afiliados

e mais de 250.000 médicos especialistas.

No Brasil, a medicina do espor te é

especialidade médica reconhecida pelo

Conselho Federal de Medicina (CFM),

Associação Médica Brasileira (AMB) e

Comissão Nacional de Residência Médica.

Sua legítima representante é a Sociedade

Brasileira de Medicina do Esporte (SBME),

que realiza o congresso brasileiro da

especialidade anualmente e elabora seus

posicionamentos oficiais e diretrizes, que

estão disponibilizados gratuitamente no site

www.rbme.org.br. Sua mais recente

realização foi o Congresso Médico do Pan-

2007, realizado de 2 a 5 de maio que se

constituiu em grande sucesso.

O título de especialista em medicina do

esporte é concedido pela SBME e AMB

mediante prova escrita anual, sob normas

elaboradas pelas duas entidades. Seu órgão

oficial é a Revista Brasileira de Medicina do

Esporte, classificada como nível “A” pela

Capes e indexada na base de dados Bireme,

Lilacs e Scielo – estando em processo de

admissão no Medline. A Sociedade de

Medicina do Esporte do Rio de Janeiro,

fundada em 1948, é considerada a mais

atuante do país e dela partiu a idéia da criação

da Câmara Técnica de Medicina Desportiva

do CREMERJ, a primeira do país ligada à

especialidade.

Um pouco sobre a história da SociedadeUm pouco sobre a história da SociedadeUm pouco sobre a história da SociedadeUm pouco sobre a história da SociedadeUm pouco sobre a história da Sociedade

de Medicina do Esporde Medicina do Esporde Medicina do Esporde Medicina do Esporde Medicina do Esporte do RJte do RJte do RJte do RJte do RJ

1 – Generalidades1 – Generalidades1 – Generalidades1 – Generalidades1 – Generalidades

Fundada em 28 de setembro de 1948, a

Sociedade de Medicina do Esporte do Rio

de Janeiro (SMERJ) é uma entidade

eminentemente científica, sem fins lucrativos,

filiada à Sociedade Brasileira de Medicina do

Espor te e legítima representante dos

especialistas em medicina do esporte do

Rio de Janeiro. A entidade tem como principais

objetivos: congregar os médicos do Estado

do Rio de Janeiro especialistas em medicina

do espor te ou de médicos de outras

especialidades com interesse em medicina

do esporte; contribuir para a elaboração da

política de saúde e aperfeiçoamento do

sistema médico-assistencial do Estado do

Rio de Janeiro, estimulando a prática da

atividade física regular como instrumento

de promoção à saúde; elaborar programas

de educação médica continuada através de

congressos, simpósios, jornadas, reuniões

científicas, com o objetivo de manter seus

afil iados em constante processo de

atualização e reciclagem; colaborar, no que

for possível, com a Câmara Técnica de

Medicina Despor tiva do CREMERJ, na

apreciação de questões éticas e técnicas

ligadas à especialidade.

SOCIEDADES DE ESPECIALIDADES

14

D

SMERJ: a caminho do seu

jubileu de diamente

*Marcos Aurélio Brazão de Oliveira

JUL/AGO 2007

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ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

2 – Principais atividades2 – Principais atividades2 – Principais atividades2 – Principais atividades2 – Principais atividades

A SMERJ tem tido atuação destacada dentre

as regionais da Sociedade Brasileira de

Medicina do Esporte em vários aspectos.

Entre eles poderíamos citar:

- A assessoria ao CREMERJ na criação da

primeira Câmara Técnica de Medicina

Desportiva do Brasil;

- É a única sociedade regional da

especialidade que mantém um jornal científico,

que circula desde 1992 sem interrupção, o

“Jornal de Medicina do Exercício”;

- É a única sociedade regional da especialidade

que realizou um curso de atualização durante

nove anos em que já passaram mais de 1500

alunos. Posteriormente, esse curso se

transformou em jornada (anos ímpares) e

congresso (anos pares).

- Realiza, desde 1992, reuniões científicas

mensais com o intuito de se discutir assuntos

ligados aos diversos segmentos da medicina

do esporte.

CurCurCurCurCurso de aso de aso de aso de aso de atualização em medicinatualização em medicinatualização em medicinatualização em medicinatualização em medicina

do espordo espordo espordo espordo espor tetetetete

Em 1992, foi criado por mim, o “Curso de

Atualização em Medicina Desportiva da

SMERJ”, que teve nove edições consecutivas

SOCIEDADES DE ESPECIALIDADES15

até o ano de 2000, com mais de 1200

alunos. No ano seguinte, por iniciativa do Dr.

José Kawazoe Lazzoli, então presidente da

entidade, o curso se transformou em

“Jornada de Atualização” nos anos ímpares

e congresso nos anos pares.

JJJJJororororornal de Medicina do Exnal de Medicina do Exnal de Medicina do Exnal de Medicina do Exnal de Medicina do Exererererercíciocíciocíciocíciocício

Criado e lançado por mim, em 1992, o Jornal

de Medicina do Exercício (JMEx), órgão

oficial da SMERJ, veio a substituir o antigo

“Boletim da SMDRJ” que se ocupava mais

especificamente da divulgação de notícias

ligadas à especialidade e à entidade. O JMEx

se transformou num órgão científico,

abordando assuntos relacionados com os

diversos segmentos da medicina do esporte,

com uma concepção editorial dinâmica e

contando com a colaboração dos maiores

especialistas do Brasil. O JMEx tem se

mantido como um periódico com 14 anos

de publicação regular e ininterrupta e fonte

obrigatória de referência na área.

Como se observa, indubitavelmente, a

Sociedade de Medicina do Esporte do Rio

de Janeiro que, em 2008, estará completando

60 anos de existência, desponta como a

regional mais atuante da Sociedade Brasileira

de Medicina do Esporte, dignificando a

medicina de nosso Estado.

*Especialista em Medicina do Esporte pelaSociedade Brasileira de Medicina do Esporte/AMB, Secretário Executivo do CongressoMédico dos Jogos Panamericanos de 2007,Diretor Científico da Sociedade de Medicina doEsporte do Rio de Janeiro, Ex-Presidente daSociedade Brasileira de Medicina do Esporte eda Sociedade de Medicina do Esporte do RJ eCriador e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Medicina do Esporte daUniversidade Veiga de Almeida.

“A Sociedade de

Medicina do Esporte

do Rio de Janeiro,

fundada em 1948, é

considerada a mais

atuante do país e

dela partiu a idéia

da criação da

Câmara Técnica de

Medicina Desportiva

do CREMERJ, a

primeira do país

ligada à

especialidade.”

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Avaliador: novo mercado

para o médico

ATUAÇÃO PROFISSIONAL

A

16

gestão dos serviços de saúde, o aumento

crescente dos custos dos cuidados médicos,

a necessidade de atender aos direitos do

consumidor dos serviços de saúde, as

expectativas crescentes quanto às “boas

práticas” médicas e hospitalares são alguns

dos fatores que estão levando, instituições

públicas e privadas, a se preocuparem mais

com a melhoria da qualidade do atendimento

prestado. Na busca de maior eficiência e

efetividade do atendimento, cada vez mais

são implementados processos de

acreditação internacional nestas instituições.

E, neste sentido, o mercado de trabalho

para avaliador e técnico especializado em

acreditação internacional está em franca

expansão no país.

- No Brasil, a proposta de acreditação é

completamente inovadora, constituindo-se

em uma alternativa moderna de avaliação

do desempenho de serviços de saúde e de

aplicação dos preceitos da qualidade. Além

de estarmos vivendo a expansão do

processo de acreditação, o país ainda está

vivendo um momento econômico melhor e,

com isso, as instituições têm conseguido

investir mais na área de acreditação.

Instituições essas que não são apenas

privadas. No Rio de Janeiro, temos dois

hospitais públicos certificados: o HEMORIO

(Instituto Estadual de Hematologia Arthur

de Siqueira Cavalcanti) e o INTO (Instituto

Nacional de Traumatologia e Ortopedia) –

afirmou Heleno Costa Júnior, Coordenador

de Educação do Consórcio Brasileiro de

Acreditação (CBA).

A procura por avaliadores e técnicos em

acreditação, acrescentou Heleno Costa, tem

sido cada vez maior. O CBA, composto pelo

Colégio Brasileiro de Cirurgiões, pela

FIOCRUZ, pela UNIRIO e pela Fundação

Cesgranrio, é a única instituição no Brasil

autorizada a acreditar instituições de saúde,

de acordo com os padrões internacionais

da Joint Commission International. A

demanda por este tipo profissional é tanta

que o CBA criou um Curso de Introdução

em Acreditação Internacional, que tem como

objetivo introduzir a metodologia de

acreditação internacional para a seleção e

formação inicial de técnicos em educação

para acreditação e aval iadores de

acreditação.

- Avaliadores e técnicos do Programa de

Acreditação Internacional têm ganhos

proporcionais as horas dedicadas às

avaliações, projetos ou atividades que

desenvolvem. Com duração média de quatro

dias de trabalho, a remuneração média de

um avaliador chega R$ 4 mil reais, por

atividade, em hospital de médio por te.

Heleno Costa Júnior, Coordenador deEducação do CBA

JUL/AGO 2007

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ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

ATUAÇÃO PROFISSIONAL17

Embora o salário seja promissor, há carência

de profissionais para atuar nesta área face à

especificidade que requer a atividade. Além

da formação em medicina, o candidato tem

que ter formação mínima comprovada de

10 anos e ter atuado por cinco anos em

instituições de saúde, em atividades clínicas,

técnicas ou gerenciais. Além disso, é preciso

ter fluência em inglês e domínio de informática

- explicou.

CurCurCurCurCurso seleciona o perfso seleciona o perfso seleciona o perfso seleciona o perfso seleciona o perfil de ail de ail de ail de ail de atuaçãotuaçãotuaçãotuaçãotuação

do profissionaldo profissionaldo profissionaldo profissionaldo profissional

Segundo Heleno Costa, no Curso de

Introdução em Acreditação Internacional,

é feita a seleção dos profissionais e é

apresentado todo o h is tór ico , a

metodolog ia , os conce i tos , os

princípios, os ciclos de acreditação, o

manua l e o per f i l de t raba lho. O

profissional conhece todo esse processo

e, ao final do curso, numa entrevista, a

coordenação do curso decide qual é o

perfil de atuação daquele profissional,

se de técnico ou de avaliador.

- Do técnico em educação, nós precisamos

de uma disponibilidade de tempo maior, pois

em geral ele precisa ir semanalmente à

instituição e realizar de duas a quatro horas

de atividades. Para o avaliador, a atuação é

mais pontual. Hoje, por exemplo, eu já tenho

o mapa de avaliação até o mês de

dezembro. Com mais de um mês de

antecedência, o avaliador sabe onde estará

trabalhando e por quanto tempo. Atualmente,

temos 33 profissionais atuando em avaliação

e apenas um deles é aposentado. Todos os

outros têm atividades profissionais próprias

e se organizam para atuar em acreditação.

No final do curso, até mesmo o profissional

nos diz qual a disponibilidade de tempo que

ele tem para desenvolver o trabalho. Depois

da entrevista, fazemos uma análise do

currículo e o profissional entra na fase de

formação – relatou.

Nessa fase, continuou Heleno Costa, ele

participa de atividades teóricas específicas

e, depois, começa a acompanhar as

atividades dos nossos profissionais,

primeiramente como obser vador e

posteriormente como trainee. Essa fase

acontece até o momento em que

identificamos que o profissional esteja

satisfatoriamente atendendo aos nossos

requisitos. Ele não passa menos de seis a

oito meses nessa fase de formação. E, a

vinculação do profissional ao CBA não é

direta, é de natureza jurídica.

Informações sobre o Curso de Introdução

em Acreditação Internacional podem ser

obtidas pelo telefone (21) 2223-0761 ou

no site www.cbacred.org.br

“No Brasil, a

proposta de

acreditação é

completamente

inovadora,

constituindo-se em

uma alternativa

moderna de

avaliação do

desempenho de

serviços de saúde e

de aplicação dos

preceitos da

qualidade. “

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Congresso aborda temas

das quatro áreas básicas

CONGRESSO DA SOMERJ

19

Carlindo Machado e Silva Filho, Presidente daSOMERJ

C

ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

om uma programação científica voltada

tanto para médicos experientes quanto para

recém-formados e acadêmicos de Medicina,

a SOMERJ vai realizar o seu VIII Congresso

de 3 a 6 de outubro, em Teresópolis, no

campus da Faculdade de Medicina da

UNIFESO – Centro Universitário Serra dos

Órgãos. A conferência de aber tura do

congresso, a ser realizada no dia 3, às 20h,

abordará o tema células-tronco.

De acordo com Carlindo Machado e Silva

Filho, Presidente da SOMERJ, uma das

obrigações da Associação é levar educação

médica continuada aos seus sócios e aos

médicos do interior do Estado.

- A cada dois anos, a SOMERJ realiza o seu

congresso e as outras edições foram um

sucesso. Para este congresso, esperamos

contar com a presença de 1.000 a 1.300

inscritos. A programação científica vai

abordar temas das quatro áreas básicas:

clínica médica, cirurgia geral, pediatria e

ginecologia e obstetrícia, com a participação

de renomados professores dando aulas –

ressaltou.

Entre os assuntos que serão apresentados

durante o VIII Congresso da SOMERJ, estão

imunizações, aleitamento materno, o

adolescente e o esporte, pneumonias na

Infância, reanimação neonatal, hipertensão

arterial sistêmica, gastrite, úlcera péptica,

acidente vascular encefálico, asma, sinusite,

enxaqueca, trauma abdominal, apendicite,

trombose venosa profunda, hipertensão

intracraniana, fraturas no idoso,

antibioticoterapia profilática em cirurgia,

vacina anti-HPV, câncer de mama, mioma

uterino, hiper tensão e gravidez,

endometriose lesões de baixo e alto grau

do colo uterino, entre outros. Na ocasião

ainda acontecerão os cursos pré-congresso

sobre suporte avançado de vida em trauma,

educação médica e internet na saúde.

- Os temas escolhidos estão entre os mais

relevantes da prática médica diária. Além da

programação científica, vamos ter durante

o congresso, em cada uma das quatro áreas

básicas, a discussão de assuntos ligados à

ética médica. E, no último dia do evento,

ainda vamos ter uma mesa-redonda política,

que terá a participação de várias entidades

médicas – enfatizou o Presidente da

SOMERJ.

Veja toda a programação científica do

VIII Congresso da SOMERJ nas páginas

20 e 21.

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JUL/AGO 2007

CONGRESSO DA SOMERJ20

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CONGRESSO DA SOMERJ21

ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

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DESTAQUES

22

SOMEDUC completa 13 anosSOMEDUC completa 13 anosSOMEDUC completa 13 anosSOMEDUC completa 13 anosSOMEDUC completa 13 anosA SOMEDUC – Associação Médica de Duquede Caxias completou 13 anos de fundação.Fundada em 29 de junho de 1994, atendeuaos anseios dos médicos caxienses e,hoje, é uma das mais atuantes do Estadodo Rio de Janeiro.Para comemorar seu aniversário, aSOMEDUC promoveu uma conferência,ministrada por Samuel Kierszenbaum,Diretor Cient í f ico da SOMERJ, queapresentou um painel sobre astransformações do exercício da medicina,desde o passado até os dias de hoje. Oevento, que contou com uma platéia seletae interessada no assunto.

Decisões da assembléia de convêniosDecisões da assembléia de convêniosDecisões da assembléia de convêniosDecisões da assembléia de convêniosDecisões da assembléia de convêniosOs médicos estiveram reunidos em assembléia,no dia 21 de agosto, para discutir asirregularidades cometidas pelas operadoras deplanos de saúde. O CREMERJ, a SOMERJ, a CentralMédica de Convênios e as sociedades deespecialidades, informam a seguir as decisõesque foram tomadas durante o encontro.Os médicos decidiram:· Apontar como possíveis planos-alvo, paraaprovação na próxima assembléia, aBRADESCO SAÚDE, a CASSI/BANCO DO BRASILe a DIX;· Cobrar R$ 46,00 a consulta, com recibopara o devido reembolso, dos planos quenão enviarem as guias da TISS em papelcarbonado aos médicos, como CASSI/BANCODO BRASIL, GAMA, AGF, FURNAS,MEDISERVICE, GEAP, entre outras;· Não aceitar glosas e atrasos de pagamentosdos honorários, como está acontecendo

SOMERJ e filiadas se reúnemSOMERJ e filiadas se reúnemSOMERJ e filiadas se reúnemSOMERJ e filiadas se reúnemSOMERJ e filiadas se reúnemO Conselho Deliberativo da SOMERJ realizou sua reunião mensal nos dias 13 e 14 de julho, emNova Friburgo. Na ocasião, ainda aconteceu um evento do Espaço Cultural do CREMERJ.No dia 4 de agosto, a SOMERJ e suas filiadas voltaram a se reunir em Volta Redonda.

com a BRADESCO SAÚDE;· Exigir o envio dos extratos detalhados eem papel dos pagamentos aos médicos;· Exigir o reajuste anual dos honorários(conforme previsto nos contratos) para omês de agosto;· Exigir a equiparação dos valores doshonorários tanto para os planos individuaisquanto para os coletivos;· Denunciar à justiça os planos que exigirema colocação da CID (diagnóstico dospacientes) nas guias da TISS e nasautorizações.Nova assembléia será realizada no dia 4 desetembro, às 20h, no auditório do CREMERJJúlio Sanderson.

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A CPMF e a saúde pública

SAÚDE PÚBLICA

23

ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

m 24 de outubro de 1996, o então presidenteda República, Fernando Henrique Cardoso,assinou a Lei 9.311, instituindo a ContribuiçãoProvisória sobre Movimentação ouTransmissão de Valores e de Créditos e Direitosde Natureza Financeira, conhecida como CPMF.No artigo 18, está escrito que “o produto daarrecadação da contribuição de que trata estaLei será destinado integralmente ao FundoNacional de Saúde, para financiamento dasações e serviços de saúde (...)”.

Infelizmente, o que se viu nesses onze anos deprorrogação de uma contribuição como opróprio nome diz, provisória, não foi isso. Osrecursos deveriam ser destinadosintegralmente à área de saúde, mas o governotem liberdade de realocar 20% daarrecadação dessa contribuição.

O cenário que levou à criação da CPMF serepete dia após dia. Nesses onze anos, apopulação continuou sofrendo, sematendimento adequado na rede pública. Osmédicos, por sua vez, continuam trabalhandosem as devidas condições, desde a falta deestrutura aos baixos salários.

A atual situação salarial dos médicos no setorpúblico é muito difícil, o que tem desestimuladoa fixação do profissional na rede. Não se podeaceitar um salário de R$ 1.500,00, depois detantos anos de esforços e estudos, incluindoum curso de graduação de 7.200 horas.Chegamos ao cúmulo de os médicos do Estadodo Rio receberem reajuste salarial parcelado,como se fosse um carnê de eletrodomésticopago em 24 vezes. Temos cobrado dosgestores públicos na esfera municipal, estaduale federal melhorias das condições gerais detrabalho e a valorização do trabalho médico.E aí, a CPMF poderia se apresentar como umaalternativa a mais de financiamento.

É preciso fazer com que a população conheçao principal objetivo da criação da CPMF, a Saúde.Porque mesmo pagando os 0,38% sobre todasua movimentação financeira, além dos outrosimpostos, as pessoas ainda não contam comos serviços que são deveres do Estado.

Como exemplo, de acordo com a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS), os países devem ter,no máximo, uma taxa de incidência de

E

Marcia Rosa de Araujo. Presidente doCREMERJ

tuberculose de cinco habitantes em cada 100mil, mas o Brasil tem 57. Onde está sendoempregada a quantia arrecadada pela CPMFse nem a tuberculose, que tem tratamento,nós conseguimos combater? No Brasil, o atualgoverno priorizou o controle da tuberculosee definiu metas de descobrir pelo menos 70%dos casos – o que já foi atingido – e curarpelo menos 85% dos casos tratados – metanunca alcançada, principalmente devido aoabandono do tratamento. A CPMF tambémdeveria ser destinada para informar àpopulação sobre as doenças, em campanhasde saúde pública. O Brasil ocupa o 15º lugarentre os 22 países responsáveis por 80% dototal de casos de tuberculose no mundo.

Também é preciso ressaltar nesse universo dedesvios de recursos a Emenda Constitucional29, que ainda não foi regulamentada. A medida,que vincula os recursos federais, estaduais emunicipais à Saúde, seja sobre o PIB Nominal ousobre as receitas correntes, já está sendodesvirtuada. Levantamentos mostram que odescumprimento da emenda é generalizado. Até2005, a União deixou de aplicar na Saúde R$ 1,6bilhão. Este ano, esse valor aumentou em maisR$ 3,5 bilhões. Já os Estados, no mesmo período,deixaram de cumprir a lei em R$ 11 bilhões.

É alarmante, também, que as prefeituras estejamencontrando formas de driblar a lei e usar odinheiro, por exemplo, em cheque cidadãocomo se fosse em saúde. Isso tudo leva a crerque só a regulamentação da Emenda 29 vaidefinir com clareza o que são ações e serviçosespecíficos de saúde. Hoje, existem brechas nalei que permitem que os governos desviemdinheiro da Saúde e invistam em outras áreas.Se for regulamentada na forma do Projeto deLei 01/03, mudando-se a correção orçamen-tária feita pelo PIB Nominal - inflação mais ocrescimento da economia – para que sejabaseada nas Receitas Correntes (arrecadaçãode tributos e contribuições), o orçamento dosetor teria um acréscimo de R$ 10 bilhões.

Independentemente do que ficar acertado sobrea CPMF ou a Emenda 29, precisamos de leisclaras, que definam objetivamente o destinodos recursos e com fiscalização. Isto seriaum bom e necessário começo para termosuma Saúde realmente de qualidade, comodireito de todos e dever do Estado.

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Um bom começosempre é importante

MARKETING MÉDICO

24

O

JUL/AGO 2007

atendimento ao cliente começa muito antes

do momento em que ele está frente a frente

com o médico. Entretanto, muitos

profissionais se esquecem do que isso

significa e negligenciam a atenção que deve

ser dada a esses momentos, quando

organizam a dinâmica do ser viço de

recepção em seus consultórios ou clínicas.

É possível que um pouco mais de atenção a

essas questões possa ajudar a entender

absenteísmos e “buracos” na agenda.

Vamos começar entendendo todo o

processo que envolve a chegada do paciente

ao consultório:

- Primeiro vem a identificação daidentificação daidentificação daidentificação daidentificação da

necessidadenecessidadenecessidadenecessidadenecessidade (que pode advir de um

sintoma, ou de um questionamento do próprio

paciente ou de alguém próximo a ele);

- O segundo passo é a busca porbusca porbusca porbusca porbusca por

infinfinfinfinfororororormaçõesmaçõesmaçõesmaçõesmações sobre os prof issionais

disponíveis (a principal fonte de informações

ainda é a indicação e o conhecimento de

outros profissionais de saúde ou pessoas

próximas, como parentes e amigos);

- Em seguida, as informações recolhidas

são processadas pelo cliente, em função de

diversas questões, sendo a mais importante,

a possibil idade de acessopossibil idade de acessopossibil idade de acessopossibil idade de acessopossibil idade de acesso: o

credenciamento ao plano de saúde, o valor

da consulta, a localização do consultório;

- Feita a seleção prévia, chega o momento

do contatocontatocontatocontatocontato, telefônico, na maioria das

vezes, para buscar mais informações ou

agendar o atendimento;

- Finalmente, o cliente se dirige até o serviço

para a consulta ou exameconsulta ou exameconsulta ou exameconsulta ou exameconsulta ou exame.

Detenhamos-nos aqui aos dois últimos

momentos: telefonar e ir até o consultório.

Em ambos, o cliente espera encontrar

atendimento rápido, cortês e profissional.

Se podemos entender o que o cliente

espera, devemos ser capazes de buscar

meios de atender às suas expectativas. A

equação é bastante lógica, mas o que

vemos no mercado é que ela carece de

simplicidade.

Hoje, já se percebe em diversos serviços

de saúde a tendência de separar o

atendimento telefônico da recepção. Ela

segue uma lógica clara: é impossível, em

um mesmo ambiente, dar atenção ao cliente

que busca informação ao telefone e àquele

que está à frente do atendente,

simultaneamente.

A telefonia na recepção representa:

- Expor a quem espera todo o trânsito de

ligações: muitas? poucas?

- Recados de pacientes irritados com a

demora ao retorno de suas ligações?

- Telefones que tocam insistentemente, sem

que as ligações sejam atendidas?

- Gerar um ambiente de trabalho tenso, pela

dificuldade de gerenciar, a cada momento, a

quem atender: o paciente à sua frente ou o

telefone que toca insistentemente?

- Induzir ao erro nas informações oferecidas,

em função da distração?

Dar ao atendimento telefônico um espaço

diferente do que é usado para o atendimento

de recepção significa otimizar o processo,

Alice Selles. Mestre em Administração,Diretora da Selles & Henning Comunicaçãoe Assessora de Marketing da SOMERJ

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MARKETING MÉDICO25

evitar er ros de agendamento e de

preenchimento de guias e ainda oferecer um

atendimento de melhor qualidade, que se

traduz também em maior aproveitamento

do trabalho da equipe.

Isso nos remete à outra questão: o espaço

físico para o atendimento telefônico. Não

adianta tirar a telefonia da recepção e

relegá-la a um espaço inadequado (sem

condições para a realização do trabalho),

pois isso gerará um atendimento sem

qualidade.

Para serviços de saúde de maior porte,

uma boa alternativa é a terceirização (da

mão-de-obra ou de todo o contact center),

pois ela reduz encargos com a contratação

de pessoal e garante que eventuais faltas

de profissionais prejudiquem o andamento

do atendimento.

Para serviços de menor porte, a otimização

é a saída natural: ao invés de duas

atendentes na recepção, uma fica na

telefonia. Outra opção é a montagem de

um contact center, com utilização de

estagiários para o atendimento telefônico

(esta opção requer que o serviço conte

com uma pessoa da área de comunicação

como supervisora).

Para implantar uma mudança deste porte,

o fundamental é perceber que ela pode

representar ganhos também financeiros, já

que permite que se consiga um serviço de

marcação e confirmação de consultas mais

seguro e confiável.

“Se podemos

entender o que o

cliente espera,

devemos ser capazes

de buscar meios de

atender às suas

expectativas.”

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EVENTOS

27

IX JIX JIX JIX JIX Jororororornada de Clínica Médicanada de Clínica Médicanada de Clínica Médicanada de Clínica Médicanada de Clínica MédicaII Simpósio de Medicina de UrgênciaII Simpósio de Medicina de UrgênciaII Simpósio de Medicina de UrgênciaII Simpósio de Medicina de UrgênciaII Simpósio de Medicina de Urgência13 a 15 de setembro - Búzios - RJInformações: www.sbcmrj.org.br

II Congresso da Comunidade Médica de LínguaII Congresso da Comunidade Médica de LínguaII Congresso da Comunidade Médica de LínguaII Congresso da Comunidade Médica de LínguaII Congresso da Comunidade Médica de LínguaPPPPPororororor tuguesatuguesatuguesatuguesatuguesa27 a 29 de setembro - Costa do Sauípe - BAInformações: www.reuniao.com.br/amb/hotsite

IX Congresso Brasileiro de Clínica MédicaIX Congresso Brasileiro de Clínica MédicaIX Congresso Brasileiro de Clínica MédicaIX Congresso Brasileiro de Clínica MédicaIX Congresso Brasileiro de Clínica Médica10 a 13 de outubro - Curitiba - PRInformações: www.sbcmpr.com.br/brasileiro2007

XXXVI Congresso Brasileiro de RadiologiaXXXVI Congresso Brasileiro de RadiologiaXXXVI Congresso Brasileiro de RadiologiaXXXVI Congresso Brasileiro de RadiologiaXXXVI Congresso Brasileiro de Radiologia11 a 13 de outubro - Salvador – BAInformações: www.radiologia2007.com.br

14ª Hospital Business14ª Hospital Business14ª Hospital Business14ª Hospital Business14ª Hospital Business16 a 18 de outubro - Centro de Convenções Rio Cidade Nova - RJInformações: (21) 2532-0540 - www.hospitalbusiness.com.br

XIV Congresso Brasileiro de MastologiaXIV Congresso Brasileiro de MastologiaXIV Congresso Brasileiro de MastologiaXIV Congresso Brasileiro de MastologiaXIV Congresso Brasileiro de Mastologia17 a 20 de outubro - Fortaleza - CEInformações: www.mastologia2007.com.br

XV Congresso Brasileiro de OncologiaXV Congresso Brasileiro de OncologiaXV Congresso Brasileiro de OncologiaXV Congresso Brasileiro de OncologiaXV Congresso Brasileiro de Oncologia31 de outubro a 3 de novembro - Belo Horizonte - MGInscrições: www.sboc.org.br/congresso.site

ENDOPENDOPENDOPENDOPENDOPANANANANAN1 a 3 de novembro - Hotel Inter-Continental – Rio deJaneiroInformações: (21) 2266-9150 - www.jz.com.br/endopan

54º Congresso Brasileiro de Anestesiologia54º Congresso Brasileiro de Anestesiologia54º Congresso Brasileiro de Anestesiologia54º Congresso Brasileiro de Anestesiologia54º Congresso Brasileiro de Anestesiologia10 a 14 de novembro - Natal - RNInformações: (11) 5084-8966/ 3586-9877 - www.astreaventur.com.brE-mail: [email protected]

44º Cong44º Cong44º Cong44º Cong44º Congrrrrresso Bresso Bresso Bresso Bresso Brasileirasileirasileirasileirasileiro de Ciro de Ciro de Ciro de Ciro de Cir urururururgia Plásticagia Plásticagia Plásticagia Plásticagia Plástica14 a 17 de novembro - Curitiba - PRInformações: (11) 3826-1499 - www.cirurgiaplastica.org.brE-mail: [email protected]

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A lagarta, a semente e o Supremo

BIOÉTICA

28

D

JUL/AGO 2007

Olinto A. Pegoraro, Professor de Filosofia daUERJ.

espertou muito interesse o debate públicoentre cientistas e juristas promovido peloSupremo Tribunal Federal, em abril. Trêseram as questões básicas: que é a vida?Quando começou em nosso planeta?Quando começa o embrião humano? Atéhoje, nenhuma delas teve resposta definitiva.E nisto não há surpresa, pois a realidadeda vida é misteriosa e de infinitas dimensões.No livro de Metafísica, Aristóteles afirmaque “a vida é o ato essencial de Deus”; emtodas as suas páginas, a Bíblia proclamaque “Deus é a vida eterna”; e na aurora dafilosofia, dizia Heráclito, “a verdadeira dascoisas ama ocultar-se”.

Tudo o que as ciências fazem é tentardesocultar este mistério. A biologia, afilosofia, o direito, a teologia e a éticaestudam a vida sabendo, de antemão, que“nenhuma detém o saber exaustivo dela;todas dizem apenas alguma coisa a partirde um ponto de vista. Lamentável seria seum desses saberes se ar rogasse oconhecimento exaustivo da vida e, pior ainda,tentasse impô-lo como a verdade. Feita estaobservação geral vejamos como podemosentrar nos vários modos de debater a vidahumana.

Quando começa a vida no embrião humanoé a principal questão discutida peloscientistas perante ministros do Supremo. Apergunta refere-se diretamente ao “uso decélulas-tronco embrionárias em pesquisascientíficas visando o tratamento de gravesenfermidades”. Aqui um problema sério secoloca pois para fazer pesquisa em célulasembrionárias é preciso destruir o embrião.

Em 2005, os pesquisadores receberam oapoio da Lei de Biossegurança que libera,para a pesquisa científica, embriõeshumanos “fertilizados in vitro, inviáveis paraa reprodução ou congelados há três oumais anos”. Trata-se, portanto, de umaliberação que deve respeitar três condições:pesquisa em embriões produzidos in vitro,inviáveis para ser implantados ou queestejam congelados há três ou mais anos.Porém alguns juristas, liderados pelo então

Procurador de Justiça, Cláudio Fontelles,argüiu esta lei de inconstitucionalidade porferir o artigo 5 da Carta Magna que garanteo “direito universal à inviolabilidade da vida”.

Há biólogos que apóiam a tese jurídica deFontelles; argumentando que “a vida humanaplena começa no instante da concepção; nomomento da fusão do esperma com o óvuloestá posta toda a carga energética do serhumano que se desdobrará nas fasesseguintes até a vida adulta”.

A estes juristas e biólogos juntam-se osdefensores da “ética da vida desde aconcepção, ou seja, o valor moral doembrião é igual ao valor moral da pessoaadulta”. Por isso, destruir um embrião,como permite a Lei de Biossegurança, é“feticídio”, um crime igual ao “homicídio deum adulto”. Acrescentam que “a vidaembrionária deve ser protegida incon-dicionalmente mesmo que o preço seja onão tratamento de graves enfermidades”.Confirmam estes argumentos com umaanalogia sugerida pela biologia: a pequeninalagar ta que se esconde nas folhas dasárvores, na fase seguinte, será a borboletaadulta que voa nos jardins e prados. Isto é,lagar ta e borboleta são uma só indivi-dualidade em dois momentos distintos esucessivos. Do mesmo modo, o embriãohumano desdobra-se em feto, criança eadulto. Por isso, eliminar um embriãohumano é o mesmo que eliminar um adultoporque embrião e adulto são a mesmaindividualidade.

A argumentação destes juristas, biólogos eeticistas cai como uma luva na mão dateologia católica que, há mais de 15 séculos,defende esta posição baseada na tesemetafísica do conceito de pessoa, comoveremos adiante.

Um segundo grupo de biólogospronunciou-se a favor do uso científico dascélulas embrionárias nas condiçõesestabelecidas pela Lei de Biossegurançaacima citadas. A base científica destaafirmação está em que “a vida humana não

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BIOÉTICA29

começa na fusão do esperma com o óvulomas no início do sistema nervoso, 14 diasapós a concepção”. Consideram que, atéaquele momento, não há vida humana mas a“preparação das condições para que elaaconteça”. Ora, como a Lei da Doação deÓrgãos permite a coleta de par tes doorganismo só após a morte cerebral, assim,por coerência, também não há vida antesdo início do sistema nervoso no embrião.Este é só um ser humano em preparação;ainda não aconteceu.

Segundo estes cientistas, não há nenhumarazão para preservar embriões inviáveis oucongelados há três anos visto que aprobabilidade científica de tornar-se um serhumano é praticamente zero. É o que ocorreem clínicas de reprodução assistida, ondeos médicos adotam critérios científicos paraestimar o grau de viabilidade de um embriãoproduzido in vitro: numa escala A B C D, osembriões classificados em D são os quereúnem chances mínimas de gestação; razãopela qual nunca serão implantados e acabarãodescartados. Ora, a ciência e o bom sensosugerem que sejam usados em pesquisa quebeneficiará milhares de pessoas que esperamcurar graves enfermidades como Alzheimere Parkinson. A ciência é portadora destaesperança: seria anti-humano frustrá-la. Alémde beneficiar enfermos, a pesquisa comcélulas-tronco é uma excelente maneira dehonrar, dignificar e conferir sentido aoembrião inviável: prestar um inestimávelserviço à comunidade humana.

Em apoio a sua tese, também estes cientistasrecorrem a uma analogia, desta vez tiradada botânica: no embrião produzido in vitrotemos apenas a semente de uma nova vida.Uma semente de laranja não é um pé delaranjeira. Para que isso aconteça, éindispensável que seja plantada na horta;guardada no celeiro, nunca medrará e ficarásempre e só uma semente de laranja.Aplicando esta imagem ao embrião: ele é asemente de um novo ser; semente formadapelas células seminais masculina e feminina:é o embrião da nova existência; nele estápresente toda a carga genética que evoluiráaté o nascimento, infância e vida adulta.Porém, se esta semente não for implantada

num útero nunca se desdobrará emexistência e permanecerá sempre umasemente humana.

São duas posições científicas legitimamentedivergentes e que, por isso, não podemoferecer ao juiz uma solução com exclusãoda outra; mas é da competência dos juízesdo Supremo decidir, num ato de direitopositivo, se os embriões congelados dotipo D, sem viabilidade de desenvolver-senum útero, podem ser usados na pesquisabiomédica. Trata-se portanto de arbitragem,de escolha jurídica entre duas posiçõescientíficas, uma que protege a vidaembrionária mesmo que inviável e a outraque visa o bem da saúde da populaçãousando embriões congelados que nuncaserão implantados.

Como acabamos de ver, os cientistas tentamresponder às perguntas o que é a vida equando ela surge, na concepção ou noaparecimento das células nervosas. Apergunta filosófica coloca-se assim: que éa pessoa? Quando começa a pessoa? Duassão as teorias mais significativas a esterespeito. A primeira foi elaborada naantiguidade medieval. Severino Boécio crioua seguinte definição: “pessoa é um indivíduosubsistente numa natureza racional”. Todosos termos desta definição têm pesofilosófico que, muito sinteticamentepodemos resumir assim: cada indivíduohumano é uma realidade singular, única,irrepetível, dotada de uma característicaabsolutamente específica: a naturezaracional, única capaz de entender-se eentender a ordem e o sentido do mundo.Por isso, a racionalidade é algotranscendente, “uma centelha divina”, é almaespiritual num corpo humano, como jáensinava Platão.

A teologia católica “batizou” esta teoriametafísica. A alma espiritual é simples, nãodivisível e por isso incorruptível, imortal:ela é uma criatura de Deus especialmente“feita à sua imagem e semelhança”. Aconseqüência ética desta doutrina é evidente;o homem será sempre intocável desde omomento da concepção quando Deus lheinfunde a alma espiritual imortal. Qualquer

tentativa de manipulação do embrião é umato criminoso, imoral e pecaminoso. Estaposição milenar, metafísica e teológica,recebe hoje o apoio de um grupo decientistas e juristas, como vimos acima.

A segunda teoria da pessoa é de nossosdias, inspirada nas teses da fenomenologiae do existencialismo tendo muito presentesa teoria da evolução da vida, os enormesavanços das ciências biológicas e a culturalaica, plural ista e independente deconcepções religiosas. A par tir destareal idade histór ica, os f i lósofoselaboraram o seguinte conceito: “pessoaé uma existência humana temporal,relacional e potencial”. Explicitando estainterpretação: o homem é, em primeirolugar, uma existência (e não uma essênciadefinitivamente dada desde a concepção);uma existência que vai se desdobrandocomo um processo temporal de acontecerda concepção até a mor te. Nós vamosconstruindo nossa personalidade atravésde relações vivas desde o útero até avelhice; nunca terminamos de construirnossa pessoa. Em síntese, o ser humano éo único ser vivo capaz de“transcendência”; ele transcendeautomaticamente seus estágios biológicoscomo qualquer animal; transcendesobretudo suas etapas históricas pordecisão de sua liberdade. Numa palavra, épela liberdade que construímos nossapersonalidade e, na bela proposição deSartre, “somos um projeto de existência”.

Esta teoria filosófica coincide com a posiçãodo segundo grupo de cientistas para osquais um embrião fer tilizado in vitro aindanão é vida humana mas apenas “a semente”da futura existência. Por seu turno o filósofoconsidera o embrião humano como“existência potencial, um projeto, umapossibilidade de vir a ser uma pessoa”. Aconclusão ética desta teoria filosófica éespontânea: como no embrião ainda não hápersonalidade pode, nos termos da Lei daBiossegurança, ser usado para pesquisacientífica. Nesta conclusão, por tanto,encontram-se os biólogos do segundogrupo, os filósofos contemporâneos e aética fenomenológica.

ASSOCIAÇÃO MÉDICA EM REVISTA

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JUL/AGO 2007