Topofilia à Beira Do Rio-27!08!12

download Topofilia à Beira Do Rio-27!08!12

of 13

Transcript of Topofilia à Beira Do Rio-27!08!12

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    1/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    TOPOFILIA BEIRA DO RIO: BOA VISTA EM BEIRAL , DE ZECA PRETO1

    Ctia Monteiro Wankler(UFRR)2Carla Monteiro de Souza (UFRR)3

    A existncia de mltiplas culturas, distribudas em tribos e

    faces, regies, cidades e bairros, ou at na esquina ou no

    condomnio, cada uma com sua especificidade e necessidades,

    determina uma alterao radical no campo dos estudos

    literrios.

    Maria da Glria Bordini , 2006

    A cidade, o templo, ou mesmo as habitaes podem se tornar

    um smbolo da totalidade psquica, um microcosmo capaz de

    exercer uma influncia benfica sobre os seres humanos que

    entram no lugar ou que a vivem.

    Yi-Fu Tuan. Espao e Lugar.

    RESUMO

    O livro de poemas Beiral, do poeta Zeca Preto, paraense radicado em Roraima, canta a cidade

    de Boa Vista a partir de imagens que se constroem em torno do rio Branco, enfocando o local

    conhecido como Beiral, cujo cotidiano envolve pescadores, lavadeiras, prostitutas e outros

    personagens. O Beiral de Zeca Preto traz a observao de uma Boa Vista ribeirinha a partir de

    um olhar que transita entre a subjetividade e a objetividade, mas que, em certa medida,

    apaixonado e revela fortes sentimentos topoflicos. Para tratar da topofilia, tomamos como

    base a obra homnima de Yi-Fu Tuan, que, atravs de conceitos e pontos de vista da

    Geografia Cultural, subsidia as discusses acerca da percepo do lugar pelo(s) sujeito(s)

    potico(s).

    Palavras-chave:Poesia de Roraima; Literatura e lugar; Topofilia e Poesia

    A Literatura de Roraima um tema de estudos novo, cujo corpusainda est se delineando.

    Verifica-se, recentemente, um significativo crescimento na quantidade e na qualidade

    editorial das obras literrias publicadas e um crescente interesse por elas como temas de

    1Trabalho vinculado ao Projeto de Pesquisa Subjetividade, Identidade e Percepo da Natureza na Poesia deRoraima da Dcada de 1980 aos Dias Atuais, financiado pelo CNPq atravs da Chamada MCTI /CNPq/MEC/CAPES N 07/2011-Cincias Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas.2Doutora em Letras. Professora do Curso de Letras e do Programa de Ps-Graduao em Letras da UniversidadeFederal de Roraima-PPGL/UFRR.3 Doutora em Histria. Professora do Curso de Histria e do Programa de Ps-Graduao em Letras da

    Universidade Federal de Roraima-PPGL/UFRR.

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    2/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    pesquisa. Com isso, algumas obras esgotadas, que tiveram publicao precria e/ou com

    pouqussimos exemplares no passado esto sendo reeditadas, alguns autores comeam a

    lanar suas antologias, como o caso de Eliakin Rufino, um dos expoentes da poesia

    roraimense, que recentemente trouxe a lume Cavalo Selvagem.

    Infelizmente, esse ainda no o caso do volume de poemas Beiral, do poeta, compositor e

    cantor Zeca Preto. Publicado em 1987, esgotado e, at o momento, no reeditado, o livro vem

    mostrar ao seu leitor um pouco da cidade de Boa Vista da dcada de 1980 atravs de uma

    poesia topoflica, fortemente comprometida com os ideais do Movimento Roraimeira.

    Este trabalho tem como objetivo, justamente, dar a conhecer um pouco do que seja esta

    marcante, sensvel e rarssima obra. Para isto, dividimos nosso texto em trs momentos: 1-

    Zeca Preto e seu lugar na cultura Roraimense; 2- Beiral, o lugar; 3- Beiral, o livro.

    1- Zeca Preto e seu lugar na cultura Roraimense

    Jos Maria de Souza Garcia, o Zeca Preto, nasceu em Belm do Par e vive em Boa Vista,

    Roraima, h cerca de 30 anos. um compositor, cantor e poeta cuja produo fortemente

    vinculada vida amaznica. J se apresentou em vrias cidades de norte a sul do Brasil, alm

    da Venezuela e da Sua.

    No campo musical, Zeca conquistou o segundo lugar no FEMUR-Festival de Musica de

    Roraima, em 1980 e 1984, com as canes Macuxana e Roraimeira, respectivamente. Em

    1995, foi premiado pelo melhor arranjo musical no XVII FEMUCIC-Festival de Msica

    Cidade Cano, em Maring, no Paran e, na XVIII edio desse mesmo festival, em 1996,

    conquistou o primeiro lugar com a msica Canto das Pedras, em parceria com Neuber Ucha.

    Juntamente com os demais integrantes do Trio Roraimeira, Eliakin Rufino e Neuber Ucha,

    participou do Projeto Pixinguinha em 2009.Nos terrenos literrios, Zeca possui apenas um livro publicado, Beiral, de 1987, e, mais

    recentemente, seu texto Paixo Roraimeira foi escolhido para integrar a Agenda da Caixa

    Econmica Federal.

    Provavelmente, o maior destaque atribudo publicamente a Zeca Preto ainda vem do fato de

    ele ser o autor da cano Roraimeira, que, como referido anteriormente, obteve o segundo

    lugar no FEMUR de 1984, fato que se configurou como marco inicial de um movimento

    cultural de mesmo nome Roraimeira comprometido com a definio/afirmao de uma

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    3/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    identidade roraimense atravs da produo de uma arte referenciada pelos elementos da vida e

    da natureza roraimense:

    seu trao comum a forte ligao com as marcas da vida neste universo fronteirio,habitado por ndios e no-ndios, incrustado entre a Venezuela, a Repblica

    Cooperativista da Guiana e o resto do Brasil, que recebe essa enorme gama deinfluncias. Um universo marcado pelo exotismo e pela exuberncia da natureza,muito diferente do restante do Brasil e cheio de peculiaridades at em relao

    prpria Amaznia, j por si peculiar.A localizao geogrfica, a forte presena de migrantes e o isolamento em relaoao resto do pas, contriburam para influenciar diretamente tanto na postura polticaquanto na musicalidade do movimento. (OLIVEIRA; WANKLER; SOUZA, 2009,

    p. 29.)

    Tendo em vista que a msica foi a forma de arte que mais se popularizou no Roraimeira, Zeca

    acaba sendo considerado um dos lderes do movimento, juntamente com Eliakin Rufino e

    Neuber Ucha, conhecidos como Trio Roraimeira. Devido importncia do Movimento nocenrio cultural roraimense, ele foi tema do DOCTV IV da TV Educativa, em 2009, com o

    documentrio Roraimeira Uma expresso amaznica, do jornalista Thiago Briglia.

    O Movimento Cultural Roraimeira, iniciado na dcada de 1980, aglutinou msicos,escritores, danarinos, poetas, fotgrafos, entre outras expresses artsticas, voltados

    para construo cultural de uma identidade para o povo de Roraima, calcado,sobretudo, nos elementos da cultura e da paisagem natural existentes no estado. (...)Inspirados pela pluralidade cultural existente em Roraima e, sobretudo, pelas fortesinfluncias caribenhas, criaram um ritmo batizado como makunaimeira, sendo esta afuso de distintos ritmos e instrumentos amaznicos e latinos. (...) Vale ressaltar quea expresso "Roraimeira" surgiu a partir da msica do cantor e compositor paraenseZeca Preto que considerada, entre os artistas do estado, como a primeira canoque fala do povo e da paisagem de Roraima. (OLIVEIRA; WANKLER; SOUZA,2009, p. 28-29.)

    Do trio, Zeca Preto o nico que no natural de Roraima, o que no compromete em nada o

    olhar apaixonado de sua poesia em relao ao estado e, sobretudo, cidade de Boa Vista. A

    comprovao disso est no conjunto de sua obra, bem como no fato de seu nico volume de

    poemas publicado se chamar Beiral.

    2- Beiral, o lugar

    Beiral como conhecida popularmente uma poro da cidade de Boa Vista que se estende

    beira do Rio Branco e que integra o seu centro histrico. Chamado tambm de bairro

    Francisco Caetano Filho4 uma comunidade ribeirinha como o nome sugere , cuja

    formao remonta, provavelmente, s origens da cidade.

    4Segundo o relato de Laucides Oliveira, o velho Antnio, velhinho conhecido por sua mansido, matou a tiros

    de revlver o magarefe Chico Caetano, no calor da disputa eleitoral para deputado territorial no ano de 1958(2007, p. 138). Sousa informa que no incio da dcada de 60, o ento prefeito, em consonncia com a populao

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    4/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    A cidade de Boa Vista se originou da vila de Nossa Senhora do Carmo, localizada s margens

    do rio Branco, que forma a principal bacia hidrogrfica de Roraima, e funcionou como sede

    do antigo municpio amazonense de Boa Vista do Rio Branco, que foi criado em 1890, em

    pleno alvorecer do perodo republicano5. Em 1926, a vila foi elevada categoria de cidade, e,

    em 1943, a capital do Territrio Federal do Rio Branco, que passou a se chamar Territrio

    Federal de Roraima em 1962.

    Segundo Andrade, a rea do Caetano Filho compreende parte de pelo menos trs outros

    bairros, o Centro, o So Vicente e o Calung (2011). A origem do Beiral se confunde com a

    origem de Boa Vista, pois nesta rea localizava-se a antiga fazenda Boa Vista, ncleo

    populacional embrionrio da antiga vila de Nossa Senhora do Carmo, e cuja implantao

    marca a presena dos no ndios na regio. Neste aspecto, Oliveira ressalta que,anteriormente, existiram na rea malocas das etnias Macuxi, Wapichana e de alguns

    Paravilhana ou Parvianas (2010, p. 63).

    A ocupao da rea ribeirinha que se estende ao sul da sede da antiga fazenda Boa Vista

    antiga. Segundo Willame Sousa, os primeiros moradores da regio criavam gado e

    praticavam a agricultura de subsistncia, alm de pescarem no rio Branco. Nos anos 1930,

    com o aumento da explorao de diamantes em Roraima, houve um impulso no processo de

    ocupao destas margens do rio, pois, quando os garimpeiros desistiam de garimpar,migravam para a Capital, surgindo outras atividades de sobrevivncia como as olarias.

    Inclusive, Olaria foi a primeira denominao da rea. Ainda segundo ele, os bares que

    exploravam a prostituio so antigos e remontam ao surgimento do povoado, desde os

    tempos do auge do garimpo de diamantes na Serra do Tepequm. Hoje, boa parte deles est

    desativada.(Sousa, 2009). Segundo observaes de Pimentel, no inicio da dcada de 1950, o

    Beiral se confundia com o bairro Calung e se prolongava at o bairro Olaria, lugar

    praticamente desabitado, pois era apenas um imenso baixado (2010).

    As modificaes operadas na cidade por ocasio da instalao da sede administrativa do

    Territrio Federal do Rio Branco, a partir de 1946, com a implantao do novo plano

    urbanstico da capital, no alteraram muito a geografia do Beiral. A parte nova da cidade foi

    edificada a partir das suas bordas, que j existiam s margens do Rio Branco. Apesar de

    do local, modificou o nome (do Beiral) para Caetano Filho, em homenagem a um dos que fazem parte dohistrico da localidade, Francisco Caetano Filho, que foi assassinado em 1958 por sua posio poltica (2009).

    5

    O Decreto Lei n. 49 criou o municpio de Boa Vista do Rio Branco e elevou a Freguesia de Nossa Senhora doCarmo categoria de Vila de Boa Vista do Rio Branco. Na Diviso Administrativa de 1911, o municpio de BoaVista do Rio Branco compunha-se unicamente da sua sede (Vale, 2007, p. 94)

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    5/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    algumas benfeitorias realizadas na cidade pr-existente, o traado em formato de leque (radial

    concntrico) se orientava e foi efetivado para o interior, projetando o crescimento da cidade

    de costas para o rio Branco (Souza e Marvalha, 2010).

    Os estudos sobre a ocupao de Boa Vista, assim como vrios relatos existentes sobre a vidaurbana, do conta de que a rea do Beiral foi habitada por pescadores, oleiros, lavadeiras e

    outros trabalhadores braais sem qualificao. Ainda que, at o incio da dcada de 1960,

    fosse uma cidade de populao acanhada onde todos se conheciam, na opinio dos

    memorialistas Laucides Oliveira e Walmir Pimentel segundo Andrade, historicamente,

    observa-se o processo de periferizao e consequentemente segregao de algumas famlias,

    j que estes no faziam parte das grandes famlias locais e estavam a margem dessas famlias

    e da sociedade (2011).Vale afirma que, at o final dos anos de 1960, a evoluo urbana da cidade de Boa Vista teve

    um crescimento lento e gradativo.Junto a isso, a autora afirma que no incio dos anos de

    1970, ocorreu uma nova etapa da evoluo urbana ligada abertura das rodovias, ocorrendo

    uma expanso da rea perifrica da cidade e a intensificao da ocupao das reas dos atuais

    bairros Mecejana, Aparecida, So Pedro, So Vicente, 13 de Setembro, Jardim Floresta, So

    Francisco, 31 de Maro e Canarinho (2007, p. 107-109)

    Veras informa que, no final dos anos de 1970 e nos anos 1980, no que tange a distribuio

    espacial por bairro, o Centro apresentava-se como o mais populoso, com 26% da populao

    total, seguido pelo bairro So Vicente, com 15,3% (2009, p. 157), este, contguo ao Caetano

    Filho. Com a intensa atividade migratria para Roraima nos anos de 1980, com a corrida do

    ouro nos garimpos de Roraima (Vale, 2007, p. 117), sobretudo nas reas indgenas, Boa

    Vista dobrou o nmero de habitantes, verificando-se uma espcie de inchao populacional

    nas reas menos nobres da cidade.

    O Beiral certamente recebeu trabalhadores oriundos dos garimpos e toda sorte de migrantes

    que buscaram atividades econmicas que lhes pudessem garantir a subsistncia lcitas,

    como a pesca, a lavagem de roupa e a olaria, ou marginais, como a prostituio e o trfico de

    drogas. Neste contexto, verifica-se tambm a ocupao de reas cada vez mais distantes do

    centro e da beira do rio e o incio de um processo de crescimento ininterrupto da cidade nas

    direes norte e oeste.

    Hoje, o Caetano Filho (Beiral), rea urbana criada pela Lei Municipal N. 1.117, de dezembro

    de 2008, ocupa uma rea de cerca de 1.300.000 metros quadrados. Segundo Andrade, que

    realizou estudo na rea da segurana pblica, hoje se verifica a falta de infraestrutura e a

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    6/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    degradao ambiental em parte da rea do Caetano Filho. O autor informa que nos ltimos

    anos foram elaborados projetos voltados para oferecer uma melhor condio de vida aos

    moradores do Caetano Filho, com intuito de tornar aquela uma rea com servios de

    drenagem, recuperao e expanso da rede de iluminao pblica, urbanizao e

    recapeamento de diversas vias, alm da construo de 54 unidades habitacionais, com

    recursos do Programa de Acelerao do Crescimento PAC. Ressalta, contudo, que estes

    investimentos so visveis apenas em parte da rea Caetano Filho, afastado do espao onde

    se concentra os altos nveis de violncia, localizado a margem do rio, onde est a rea que

    concentra as chamadas bocas de fumoe bares (2011).

    No mesmo caminho, Sousa afirma que hoje, as mudanas estruturais no foram

    significativas e a rea ainda conta com construes antigas, principalmente de madeira, queesto deterioradas. Observa que as enchentes durante o inverno, a infraestrutura precria, a

    violncia e o trfico de drogas so pontos que fazem parte do dia -a-dia dos moradores de

    uma das regies mais antigas de Boa Vista (2009).

    No entanto, o autor ressalta que a comunidade local faz questo de lembrar que a maioria dos

    moradores formada por trabalhadores honestos. Muitos ainda vivem da pesca, cultivam

    pequenos animais e tm hortas nos quintais das casas, um contraste entre o urbano e o rural

    numa das reas mais centrais da cidade (Sousa, 2009). A comunidade do Beiral conta comuma das mais antigas escolas de samba de Boa Vista, a Unidos do Beiral, tradicional

    agremiao no carnaval roraimense, mas que padece de uma crnica falta de recursos.

    Tradicionalmente, o Beiral segue sendo um bairro de pescadores e lavadeiras, mas que acaba

    sendo mais conhecido como zona de bomia, de prostituio e, mais recentemente, de trfico

    de drogas. a paisagem do Beiral da dcada de 1980, poca de crescimento e de

    modificaes na vida de Boa Vista, incluindo seus tipos humanos (porque no chama-los

    personagens?), que acabam por constituir o eixo temtico do livro de poemas Beiral.

    3- Beiral, o livro

    Beiral formado por com 59 poemas intercalados com fotos do local, de autoria de Jorge

    Macdo de Souza, fotografo tambm ligado ao Roraimeira , dentre os quais figuram textos

    erticos, lricos, alguns de carter poltico/ideolgico, mas a maioria deles gira em torno do

    cotidiano do bairro. Ressalte-se que o livro foi publicado na segunda metade da dcada de

    1980, perodo de intensa atividade mineradora, a qual atraa pessoas de todas as partes do

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    7/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    Brasil e do exterior, em que o aeroporto de Boa Vista chegou a ser o mais movimentado do

    Brasil.

    Somado ao cenrio supramencionado, destacamos dois outros pontos para melhorcontextualizar a situao vivida na cidade de Boa Vista e no estado de Roraima a

    partir da dcada de 1980: acentuam-se os conflitos entre garimpeiros e ndios, hajavista que as principais zonas garimpeiras esto situadas no cerne das reasindgenas, e os roraimenses que j viviam em Roraima, sobretudo em Boa Vista,comeam a presenciar a chegada de levas de migrantes das mais diversas origens,especialmente nordestinos, trazendo tambm seus costumes e tradies.(OLIVEIRA; WANKLER; SOUZA, 2009, p. 31.)

    Trata-se de um tempo de grande movimentao da economia do estado, sem, contudo, que

    isso significasse investimentos em qualidade de vida, pois a euforia do Eldorado aponta

    para a satisfao rpida, o consumo impulsivo e prazer efmero. um tempo tambm de

    muitos conflitos fundirios e tnicos, tendo em vista, sobretudo, a garimpagem em terras

    indgenas e toda a violncia e implicaes polticas advindas de tais conflitos.

    Uma das marcas desta efervescncia dos anos 1980 em Roraima foi o surgimento do

    Roraimeira, anteriormente apresentado. O Movimento profundamente marcado por todas as

    condies aqui arroladas, na medida em que foi gestado a partir da sensibilizao dos artistas

    locais diante das novas condies de vida que vo se configurando:

    Na dcada de 1980, quando surge o Movimento Roraimeira, a cidade de Boa Vistapassa a sofrer um "boom" populacional ocasionado pelo significativo fluxo depessoas motivadas pelo garimpo de ouro e o sonho do enriquecimento rpido. Ofluxo de garimpeiros ir se refletir diretamente na estrutura e fisionomiaorganizacional da cidade de Boa Vista.Entre o perodo de 1987 e 1990, foi registrado o maior fluxo migratrio em direo aBoa Vista. A populao da cidade quase dobrou o nmero de habitantes, de 72.758,em 1987, para 115.247, em 1990, segundo dados do IBGE/RR. O referidocrescimento vai suscitar o surgimento de diversos bairros... (OLIVEIRA;WANKLER; SOUZA, 2009, p. 31.)

    A reao desses artistas vai justamente no sentido do estabelecimento do que seria uma

    identidade roraimense, da busca das origens deste povo, frente diversidade de culturas queaportam no seu lugar. Nessa busca, os povos indgenas so apontados como o elemento

    ancestral por excelncia e a natureza, fortemente associada a ele, como paisagem primordial.

    No movimento Roraimeira ns tentamos esboar uma fisionomia cultural pra c,porque at ento se dizia que aqui no tinha cultura, isso era um comentriorecorrente. O grupo Roraimeira vai reconhecer na cultura indgena a nossa culturamais ancestral, nossa base, porque a elite local racista, anti-ndio, eles passaram300 anos escravizando os ndios. Ns somos consumidos pelo povo, porque aelite rejeita, porque ns somos pr-ndio. Talvez a nossa grande contribuio, do

    Roraimeira, acabar com a crise de identidade que Roraima padecia. Eu acho queat o Roraimeira no havia uma arte local mesmo: a dor e a delcia de ser pioneiro.

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    8/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    (RUFINO, Eliakin. Entrevista realizada em 09/07/2006. Apud WANKLER,SOUZA, OLIVEIRA e SOUZA, 2010, p. 43)

    Consonante a isso, Beiral uma obra em que a relao que se coloca em primeiro plano a

    do homem com o lugar, esclarecendo-se que Do ponto de vista da Geografia Cultural,

    espao e lugar so conceitos diferentes. O primeiro sugere impessoalidade, falta de

    relaes afetivas, enquanto o segundo se estabelece a partir da subjetividade, do

    estabelecimento de relaes afetivas. (WANKLER; SOUZA; OLIVEIRA e SOUZA, 2010,

    p. 44).

    Cada poema do livro traz o lugar Beiral atravs da apresentaoda vida simples, do cidado

    comum, dos indivduos marginalizados dentro daquela nova configurao da sociedade em

    Boa Vista. As personagens pescadores, lavadeiras, crianas que brincam em torno do rio, as

    prostitutas, os bomios passeiam pelos poemas, seja de forma indireta, como em Rio

    Branco (p. 11) e Minha gente (p. 15), seja diretamente, como em Gensio (p. 20),

    Chico Ribeiro (p.23) ou Xiquinha (p. 24). Na orelha inicial do livro, o prprio Zeca

    Preto quem diz que

    BEIRAL, por sua prpria essncia, revela sem dvida que a verdade no pode serrepresentada apenas pela alta roda social. Por tudo isso, procurei deixar em BEIRALuma interpretao da natureza, da existncia de pessoas simples que marcaram eainda marcam o belo azul da vida com o tom de gente. No podemos em hiptese

    alguma, transformar em realidade apenas as idias (sic.) certas, porm devemostransformar tambm em realidades as coisas que realmente existem e que soabandonadas, desprezadas, simplesmente por serem humildes. No valer a pena, eutenho certeza caro leitor, comprar este exemplar apenas para l-lo, coma-o. (1987)

    Com este introito, o autor adverte o leitor acerca do ponto de vista que orienta o livro,

    esclarecendo que este deseja dar voz aos excludos pela elite corroborando o que diz

    Eliakin Rufino (entrevista supra-citada) de que o Roraimeira era consumido pelo povo,

    porque a elite local seria racista e anti-ndio. Ao encerrar seu texto com um convite

    para que o leitor coma o livro ao invs de simplesmente l-lo, Zeca Preto dialogando com

    o princpio da antropofagia artstica do Modernismo brasileiro.

    Alm disso, o autor ressalta que o que procurou deixar em Beiral foi uma interpretao da

    natureza, da existncia de pessoas simples que marcaram e ainda marcam o belo azul da vida

    com o tom de gente. Logo, de forma geral, a paisagem o que se destaca nos poemas, tendo

    em vista a integrao entre homem e lugar, porque este ltimo no apenas um pano de

    fundo, mas ganha subjetividade, na medida em que um lugar adquire sentidos especficos de

    acordo com as experincias humanas associadas a ele, mas, ao mesmo tempo, o lugar onde seest define, em grande parte, a vivncia humana.

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    9/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    Alm das diversas compreenses e significados que as pessoas extraem da paisagemao associar o evento visualizado vivncia, de suma relevncia destacar a carga designificados que a paisagem j traz em si mesma. Berque (1998)6aponta o carterespecular da paisagem: por um lado, apresenta-se como marca, impresso indelvel,que revela traos, vestgios de uma sociedade; por outro, atua como matriz, porque,de certo modo, interfere na existncia humana, ao servir de ponto de origem para o

    entrelaamento das relaes de uma dada sociedade com o espao e com a natureza.(WANKLER; SOUZA; OLIVEIRA e SOUZA, 2010, p. 42)

    Tendo isso em mente, possvel afirmar que a paisagem o sujeito por excelncia de Beiral,

    na medida em que a inter-relao do homem com o rio, as casas, os barcos, a pesca etc.

    permeiam praticamente todos os textos. E essa relao carregada de sentimentos topoflicos.

    Segundo Yi-Fu Tuan (1980), topofilia a manifestao do amor humano pelo lugar (p.

    106), considerando que

    A palavra "topofilia" um neologismo, til quando pode ser definida em sentidoamplo, incluindo todos os laos afetivos dos seres humanos com o meio ambientematerial. Estes diferem profundamente em intensidade, sutileza e modo deexpresso. A resposta ao meio ambiente pode ser basicamente esttica: em seguida,

    pode variar do efmero prazer que se tem de uma vista, at a sensao de beleza,igualmente fugaz, mas muito mais intensa, que subitamente revelada. A resposta

    pode ser ttil: o deleite ao sentir o ar, gua, terra. Mais permanentes e mais difceisde expressar, so os sentimentos que temos para com um lugar, por ser o lar, o locusde reminiscncias e o meio de se ganhar a vida.A topofilia no a emoo humana mais forte. Quando irresistvel, podemos estarcertos de que o lugar ou meio ambiente o veculo de acontecimentosemocionalmente fortes ou percebido como um smbolo. (TUAN, 1980, p. 107)

    O sentimento topoflico est profundamente vinculado a um certo grau de intimidade dohomem com o lugar, o que significa que o apego no simplesmente o gostar de

    depende de todo um conjunto de experincias vivenciadas. Desse ponto de vista, pode-se

    gostar de um espao qualquer, mas s se pode amar o lugar, aquele com o qual se tem

    vinculaes afetivas. Literariamente, tal processo normalmente resulta em uma imagtica

    laudatria ou at exacerbada. Se examinarmos o primeiro poema de Beiral, Hrcuxi,

    perceberemos como isto ocorre.

    Hrcuxi

    Me levo pelo vento mais brandoEstrela amaznica me guiaPlanto na lua ps de caimbTropeo na luz do relmpagoEscorrego pelo arco-risgua viva longa liberdadeSinto cheiro da madeira queimadaO peso do ltimo tijoloVirou homem o macaco

    6

    BERQUE, Augustin. Paisagem marca, paisagem matriz: elementos da problemtica para uma geografiacultural. In: ROSENDAHL, Zeny & CORRA, Roberto Lobato (orgs.). Paisagem, tempo e cultura. Rio deJaneiro: EdUERJ, 1998.

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    10/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    O futuro vem chorando (PRETO, Zeca. 1987, p. 7)

    O ttulo amalgama o nome do heri mtico clssico Hrcules (modelo de fora, de

    perseverana, de superao) com o nome do povo Macuxi, ao qual o poema atribui, de forma

    sutil e simblica, algumas caractersticas heroicas de Hrcules. At o sexto verso, o poemadestaca a interao equilibrada do homem com a natureza, que o guia e que o faz sentir-se

    livre. A partir do stimo verso, esse equilbrio se rompe e aparecem os efeitos danosos da

    ao do homem sobre a natureza, qual destri e explora, encerrando o texto com uma

    perspectiva pessimista de futuro que vem chorando em que os animais ditos

    irracionais, simbolizados pelo macaco, seriam mais racionais que os humanos. Assim, o texto

    aponta para a ruptura do modo de vida do ndio, baseado no equilbrio com a natureza,

    reconhecendo a simbiose entre eles, pela interferncia do branco, o que, processo anlogo ao

    que acontecia em Roraima na dcada de 1980, conforme descrito anteriormente.

    Assim como o poema inaugural, os dois ltimos textos do livro definem muito dele. O

    penltimo deles o que lhe d nome:

    Beiral

    Manhvento, sol e banzeirosescova, gua e sabo

    batida de roupa escovadana tbua da beira do rioespumas que descemligeiras na correnteza

    bolhas que explodemsonhos, ilusestarde

    brisa, sombra, e remansoanzol, linha e minhocafisgadas erradasespertos mandisnoite

    batom perfume e somunhas pintadascorpo gracioso

    paixo amorosadelriosfemininamulher (PRETO, Zeca. 1987, p. 74)

    O poema Beiral gira em torno de um dia no cotidiano do bairro, a comear pela manh, com

    a atividade das lavadeiras (escova, gua e sabo / batida de roupa escovada / na tbua da beira

    do rio), passando pela pesca da tarde (anzol, linha e minhoca / fisgadas erradas / espertos

    mandis) e chegando bomia da noite (batom perfume e som / unhas pintadas / corpo

    gracioso).A noite o momento que rene homens e mulheres, personagens que habitam o

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    11/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    universo ribeirinho, que alegoriza, nesse contexto, os excludos de Boa Vista, de Roraima, dos

    que saem perdendo no processo de crescimento econmico do estado.

    Fechando o livro vem o j referenciado poema Roraimeira

    Roraimeira

    Te achei na grande Amrica do sulquero atos que me falem s de tie em tua forma bela e selvagementre os dedos o teu barro o teu choe em tuas frteis terras enraizara semente do poeta Eliakimnos seus versos inerentes ao amoraves ruflam num arribe musicalo teu importante rio chamado brancosem preconceito em um negro ele afluis Alice neste pas tropical,

    de um cruzeiro norteando as estrelasnorte forte macuxi roraimeirada coragem, raa, fora garimpeiracunhant roceira, to faceiradiamante ouro, amo-te poeira, poeiraos teus seios grandes serras,grandes lagos so os teus olhostua boca dourada, Tepequm, Suapiterra do Caracaran, do caju, seriguelado buriti, do caxiri, Bem- Quererdos arraiais, do meu HI-FI,da morena bonita do aroma de patchully (PRETO, Zeca. 1987, p. 75)

    Roraimeiraprojeta Roraima para fora de si, situando-a no mundo, ao mesmo tempo em que

    d conta do fato de que o eu do poema no pertence originalmente a esse lugar (Te achei na

    grande Amrica do Sul). No entanto, ele quer particulariz-lo atravs de atos que me falem

    s de ti / em tua forma bela e selvagem, buscando enraiz -la nas sementes do poeta Eliakin

    / nos seus versos inerentes ao amor.

    atravs da msica que a voz local se lana no ar e se difunde (aves ruflam num arribe

    musical), numa analogia com o prprio Movimento Roraimeira, e segue o fluxo do rio

    Branco, que sem preconceito em um negro ele aflui, apontando para a diversidade tnica de

    Roraima: o rio alegoriza o lugar no seu aspecto de aceitao, de acolhimento dos diversos

    povos e das diversas identidades que o habitam.

    O poema faz ainda uma analogia entre Roraima e Alice, personagem de Lewis Carroll,

    aproximando a imagem do pas das maravilhas de Carroll a do pas tropical, aludindo ao

    propalado exotismo amaznico, associado ao maravilhoso, ao elemento mgico, mtico,

    normalmente atribudo Amaznia: como se o passeio por Roraima que o poema prope

    propiciasse ao leitor uma viagem fantstica como aquela realizada pela Alice, num tom que

    hesita propositalmente entre a exaltao e a ironia.

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    12/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, FranciscoBento da; NASCIMENTO, Luciana Marino do. Cartografias Urbanas: Olhares, narrativas e representaes. Rio de Janeiro: Letra Capital,2013. p. 210-224.

    Assim, considerando a escolha do ttulo do livro como um ato consciente, possvel inferir

    que, de alguma forma, a obra se prope a apontar o Beiral como uma espcie de alegoria da

    prpria Boa Vista, qui de Roraima, em sua diversidade, sua pluralidade tnica, cultural,

    social, artstica, o exotismo que lhe atribudo. E, perpassando tudo isso, ficam a paixo, os

    sentimentos topoflicos que marcam essa Beiral, o lugar, o livro.

    ________________________________

    REFERNCIAS

    ANDRADE, J. P. P. de. Processo de Formao da rea Francisco Caetano Filho (beiral) e osProblemas de Urbanizao e Segurana Pblica. Aspectos Sociolgicos. Disponvel em:http://aspectossociologicos.blogspot.com.br/2011/12/processo-de-formacao-da-area-francisco.html. 2011. Acesso em 05/04/2012.

    BORDINI, Maria da Glria. Estudos culturais e estudos literrios.Letras de Hoje. PortoAlegre, v. 41, n. 3, p. 11-22, setembro, 2006. p. 12.

    OLIVEIRA, Laucides. Boa Vista 1953, uma aventura Ah, dias de minha juventude...Boa Vista: Grfica Real, 2007.

    OLIVEIRA, Rafael da Silva; WANKLER Ctia Monteiro e SOUZA, Carla Monteiro de.Identidade e Poesia Musicada: Panorama do Movimento Roraimeira a Partir da Cidade de

    Boa Vista como uma das Fontes de Inspirao. Revista Acta Geogrfica, Boa Vista-RR, anoIII, n6, p.27-37, jul./dez. de 2009.

    OLIVEIRA, Reginaldo Gomes de (Org.). Projeto Kuwai Kr: a experincia amaznicados ndios urbanos de Boa Vista-Roraima. Boa Vista: Editora UFRR, 2010.

    PIMENTEL, Walmir. Boa Vista 1950: uma histria que quero contar. Boa Vista: GrficaReal, 2010.

    PRETO, Zeca. Beiral. Boa Vista: s.ed., 1987. (Lei 7.505 de Incentivo Cultura)

    SOUSA, Willame. Beiral resiste ao tempo e ao preconceito. Folha de Boa Vista. Boa Vista-RR, 13/04/2009. Disponvel em: www.folhabv.com.br. Acesso em 03/04/12.

    SOUZA, Carla Monteiro de; MARAVALHA, Patrcia M. Rodrigues. Eu e a cidade: a BoaVista dos anos de 1950 nas memrias de Laucides Oliveira. In: NASCIMENTO, FranciscoAlcides do (org.). Sentimentos e ressentimentos em cidades brasileiras. Teresina-Imperatriz/MA: EDUFPI/tica, 2010. p. 69-96

    VALE, Ana Lia Farias. Migrao e Territorializao: as dimenses territoriais dosnordestinos em Boa Vista/RR. Presidente Prudente/SP, 2007. 268f. Tese (Doutorado emGeografia Humana) - UNESP/Presidente Prudente.

    VERAS, Antnio Rezende Tolrino. A produo do espao urbano de Boa VistaRoraima. So Paulo, 2009. 235f. Tese (Doutorado em Geografia Humana)FFLCH,

    Universidade de So Paulo.TUAN, Yi-Fu. TopofiliaUm Estudo da Percepo, Atitudes e Valores do MeioAmbiente. So Paulo: Difel, 1980.

  • 7/25/2019 Topofilia Beira Do Rio-27!08!12

    13/13

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro. Topofilia beira do rio: Boa Vista em Beiral, de Zeca Preto. In: SILVA, Francisco

    WANKLER, Ctia Monteiro; SOUZA, Carla Monteiro de; OLIVEIRA, Rafael da Silva eSOUZA, Glaciele Haar de. Paisagem e identidade na poesia de Roraima das dcadas de 1980e 1990. MOTA, Sheila da Costa; Bispo, Raquel Alves Ishii; NASCIMENTO, FrancemildaLopes do (Orgs.). Linguagens e identidades da/na Amaznia Sul-Ocidental - 3/. RioBranco: EDUFAC, 2010.