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Dedicado a...Adélia Prado, Adriana Calcanhoto, Alice Ruiz, Augusto de Campos, Bertolt Brecht, Chico César, Crânio, Elisa Lucinda, Felipe Arruda, Francisco Brennand, Friedrich Nietzsche, Hélio Oiticica, Itamar Assumpção, Jorge Emil, José Martí, Lauro Henriques, Manoel de Barros, Marcelino Freire, Nelson Leirner, Oscar Niemeyer, Oswald de Andrade, Peter Knapp, Raul de Souza... e às pessoas de alma bem grande.

“Quando me fazes alegrePenso por vezes:Agora poderia morrerEntão seria felizAté o fim” - Bertolt Brecht

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Minha mensagem:

Escreverei algo, rápido. Digo: é livro para navegar. Sair pescando versos, como bem diz o autor. Jogar-se na rede. Para balançar. É coisa para ler em um toque. Um clique. Em um piscar de dedos. Poesia na ponta do mouse. Ave! Sem medo. Puro divertimento. De mansinho amanhecendo. Gosto disto. De quem não fica adiando o sentimento. De quem, como Merije, solta o verbo, a luz, o flash. Deixa a poesia fácil.

Nada de nadar difícil. Mergulha e acontece. “Dei meu nome ao impossível”. É assim, pois, que se escreve.

Marcelino Freire é escritor. É autor, entre outros, dos livros “Angu de Sangue” (Ateliê Editorial), “Contos Negreiros” (Editora Record – Prêmio Jabuti 2006), “Amar

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É Crime”(Edith, 2011). Em 2004, idealizou e organizou a antologia “Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século” (Ateliê). Criou a Balada Literária.

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Comunique-se rápidoO tempo é curto O espaço reduzidoPoesia é precisoSe toque. CompartilheSiga em frenteSer breve e lírico com menos caracteres

Esse livro é uma experiência lírica e suprasensorialComo torpedosVocê pode ler cada poema separado ou entrar no livro como um canto interconectado.Curta! Reprocesse!

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“Quem ri quando gozaÉ poesia até quando é prosa” - Alice Ruiz

“A voz de um passarinho me recita” - Manoel de Barros

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Sejam realistas:Peçam sempre o impossível!

Com poucos caracteres se escreve o que é precisoPalavra de Narciso

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.................................Vivo sorrindoNão vivo só ......................................

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O amor acorda cedoE com gestos docesTenta ninarQuem tem pesadelo

Quem ama cuidaE faz o que tem que fazer Quem ama machucaMesmo sem querer

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Enquanto o coração baterVai haver amor para dizer

Nenhum amor é vago ou vãoMesmo o amor mais fraco é revolução

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Depois daquele beijoTudo ficou mais vivoAté te comprei um vestido Depois daquele beijoTudo parece divertidoTudo está fazendo mais sentido Foi um novo batismo Foi um novo aviso

(Ela) Ri de minha solidãoAcho bom! Acho graça!Antes eu chorava

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O que esperar d alguém q não acredita no amor?

Cara de dor!

Quem é que diz o que é felicidade, meu amor ?Felicidade verdadeira fica sempre de bobeiraEsperando a hora certa de te encontrar

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Quando ela gozaÉ como se deus gozassePor quê, então, mesmo assimMe sinto culpado?Que deus é esse que distribuiCulpa, chicote,Como moedinhas de troco?

E se a gente não desse ouvidos a Deus...Seria um adeus?

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O rio chega na praiaCom beijos molhadosA areia recebe o rioSedenta

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A água do rio chega e invadeA maré baixa separaA cheia consome

Sonho é tão grão de areiaA estrada cheia de pedrasAs coisas se misturam.

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Vivo pescando versosComo quem reza um terçoE conta certoCom um milagre

Se eu fosse um rioEu seria Francisco Se acelerasse o passoPassaria o passarinho

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A praia cresce num preamar loucoA praia transbordaDos afluentesDo além-marDas estradasDo arDe todo lugar vemÉ 31 de dezembroEncontro do céu e da terraVirada de ano Do lado de baixo do Atlântico

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Não mato leõesConvivo com as cobrasLei do cãoFomos nós que invadimos a selva

Cidade duraNão dura muitoCara dura Dura até o luto

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A dor está em toda parteAmador, sonhador, aparador, babador, ventilador, armador, jogador, preparadorOnde estará a cura?

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Choro pelo que não fuiO que dói é deusSua imagem e semelhançaParecem tão distantesDa perfeição que almejo

ChoroNo fim de tardeNo dia primeiroNo encontro das águasSou interseçãoHeranças e sonhosImpossíveis

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Lido todo diaCom sol e neveVivo cada diaComo instante breve

Hipnotizo palavrasDomo frases selvagensEscrevo com tinta de constelaçõesFalo pelo indizívelPoesia chamaPoesia é chama

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O tempo velozNão tolera linha longaA vida é brevePoesia é creme

Deixa... deixa eu me revoltar... quem sabe assim eu ou algo saia do lugar... Deixa, deixa o tsunami se formar... quem sabe assim a gente aprenda a amar...

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o futuro é de ...................... quem sonhainspiração ......................... que pensaquem sonha ....................... vive no futurorazão .................................. que cria

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Entre a manhãE o choro da criança

A mãe

De mansinhoO amanhecerFaz seu caminho

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PoesiaAve de barroPlumas de terra

Aventura RitualFormas etéreasOlhos em poros

PoesiaVoz flamejanteDe tudo que existe

em nós

O poeta penaPara escrever com o que possaMemórias vibrantes

Para a vida

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Faço poesia como quemConstrói cidadesCada palavra-tijoloSustenta sua importânciaSua verdade

De repente você está num lugar diferentee perguntacomo é que eu vim parar nesse lugar...Tome o volanteSeja o seu choferSiga o caminho que lhe convier

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Corpo é fortaleza...

vírus invademMas nunca vão virar realeza!

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Corpo, para quê?Para abrigar e tratar a alma?Enquanto vivemosEm fantasiaDei meu nome ao impossívelVesti com minha alma o tal

Enquanto issoNo Vale do SilícioCastelos de areia são erguidosPara durarem até o limiteQue em Wall Street não existe

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Alegria eu senti, alegria cultivei Alegria eu vi, alegria sonheiAlegria sofri, alegria nem sei Alegria me fez rir, alegria me fez reiAlegria vivi, alegria adieiAlegria perdi, alegria acheiAlegria por aí, alegria que inventei por mim e por ti

Corpo não é aeroporto... é avião... voa sem sair do chão.

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De que vale agoraEssa sabedoriaSe a lágrima vemDe noite ou de dia

Guardei no inconscienteMemórias que não quero lembrarConsciente de que tudo estáNo seu devido lugar

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Cada prédio duro de roerCada asfalto difícil de engolirO cardápio do progressoÉ muito indigesto

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Quanto mais frágil mais forteQuanto mais forte mais capazDe fazer outras pessoas felizes

Cada bala que parteMe parte em mil mártiresBendito e maldito tempo de combate Cada ato contra a humanidade Instiga os Mandelas, Marighelas, Chico MendesE os Ghandis...que mobilizam as pessoas O Deus em mim tem várias nacionalidades Cada um lutando por sua comunidade

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Vejo a estrada coloridaVejo por outra perspectivaMinha vida é pela vida

Se você for filho de YemanjáPode ver versos no caminhoA caminho do mar

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Louvre futuristaFavelaUma telaUma terraOlhos de sentinela

Livros nos observam Para depois contar históriasLembrar lembranças

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Vida sem rédeaExistência poética

Divina comédiaPop sem média

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Canto, cantoProcurando quem me escuteDeus já me ouve

Mas se ninguém mais dançasseA vida seria um disfarce?

A vã filosofiaEncontrou o sonho realPara conversar sobre semióticaRiram até umas horas

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Todo dia recito cem versosPara que o dia fique bem diverso

Quando a palavra encontra rimaUma estrofe pode virar obra-prima

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O menino leva o balãoO balão leva o meninoLeve-za

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Preciso de aventuraPreciso de loucuraDoçuraMinha cura

Com a pele do meu coração Fiz um tamborPara tocar para ti, paixãoSambas de amor

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Não demoraAuroraNosso tempoÉ agora

Ondas ondasLinhas brancas soltasTempo e espaço Mar

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Tudo passa tão rápidoTudo é tão efêmeroViva rápidoSeja eternoOs idealistas vivemSonhandoOs realistas vivem

Simplesmente

Acredito na completaImperfeiçãoSua, minhaEm todos os vícios e pecadosSe a redenção vierVai voltar para casa sozinha

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As palavras carregam Histórias dos séculosEscrevo para testemunharO que não vivi

Caminho equilibrandoEstrada desnível brita soltaÉ mais fácil cair do que chegarA direção é outra

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No final do dia, depois de juntar ramo por ramo pro ninhoDescanso Como um passarinho

Caminho com prazer,

Tiro os sapatos,Experimento areia, pedra, barro.

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MinérioCorpo da terraArrancado a forçaPobre Minas

E lá vai o tremLevando prá foraPedaços de Minas

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MinasO sangue negroO ouro pretoA mama da terra

O mundo moderno Começa em MinasTudo que há no mundoTem um pouco de Minas

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Daqui sai a matéria-primaDo progressoAqui ficaO resto

Aqui DeusNão tem alma! Até quando?Não há gargantaNem força nos pulsosImpulsos

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MinérioE diamantes de sangueGanância levada a sérioAlma em retrocesso

Extraia! Explore!Aqui DeusNão tem alma!Não precisa de calmaE nem os mortos são seus

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Os corpos-mentesQue habitam o séc. XXIEnfrentam o inevitávelMedo de que seus errosSejam julgados aqui na terraA natureza nunca erra

Os rios que vêm da montanhaAs veias da terraViraram estradas de asfaltoCorte no meu coraçãoNavalhas de dinheiroO progresso não é nada diante do desespero

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Pra não dizerQue não faleiDe cidadaniaDói verTanta covardia

O amor era puro e ingênuoAté que resolveram complicarInventaram o veneno e o revólverMas não precisa nada disso Para matá-lo

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A dúvida é minha CompanheiraMais certaNo caminho que escolhi

A dúvida assaltaChega tocando o terrorA dúvida arrebataAté quem se sentia seguroNo amor

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Se não houvesse dúvidaNão haveria preces pela vidaPara criarTem que ter esperançaUma boa dose de coragemE coração de criança

A dúvida atacaQuando menos se esperaE parece feraAté para quem duvidaTe paralisaTe põe para correrNão facilitaA dúvida é tempero do prazer

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EuIndivíduoExistoPorque pertençoAo coletivoE vice-versaVivoEnquanto existo

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Meu museu é meu corpoMinhas memórias relíquiasO tempo é superlativoNessa museologiaPoesia é um estado de coisas! Sou do estado da poesia!

Desliguei-me da lógica racionalFaz tempoSou poeta, laboratóriotranspessoal, expressãoContratempo

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Eis os meus haikaissem sê-losUma flechaUm torpedoPoesiaNas teclasNa ponta dos dedos

Era um terreno pedregosoRemovi pedras e escorpiõesE dei o nome de rua da poesia

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Voa, Pedro, voa Os pássaros estão te chamandoVoa, Pedro, voaQuem é filho de ÍcaroNasceu para se arriscar

Quando pinta rotinaÉ hora de abrir cortinaOlhar para foraViver o agora

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Ele vai, ele voltaO sol, sua ronda nos ciclos dos olhosDourando a TerraIluminandoA vida e seu contínuoDespertar

Gira a terraGiro o solEncontro no reencontroNo pôr-do-solTudo se reinventaNessa horaA terra, o ventreA roda

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Celebrar A alegria de viverO mais Como tem que ser

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Wagner Merije é criador múltiplo, multimídia, se expressa através da literatura, da música, do vídeo e da fotografia.Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, tem trabalhos lançados no Brasil e no exterior, parcerias com grandes artistas e alguns prêmios na bagagem.É autor dos livros “Turnê do Encantamento” (2009), “Torpedos” (2012), “Cultura e Educação Mobile” (2012), e integrante-fundador dos saraus Sumário Poético e Bienal de Poesia de Minas Gerais e dos grupos de poesia performática Tripa de Mico Estrela e Panela de Expressão. Editou por dois anos a coluna “Bom de Ler” na Revista BHS.Na música lançou os discos autorais “Coletivo Universal” (2004), “Peopleware” (2009), “Se você perder a voz” (2011), “suprasensorial” (2012) e o DVD “Coletivo Universal ao vivo na Paulista” (2008, selo Itaú Cultural), participou de coletâneas internacionais, produziu CDs e DVDs de artistas amigos e tem composições gravadas por outros músicos.Dentre os trabalhos audiovisuais que realizou destacam-se os vídeos “Sweet São Paulo”, “Peopleware”, “Coragem”, “Sambampler” e o documentário “Beyond Ipanema”, que conta com sua música.É idealizador e gestor do projeto cultural e educativo Minha Vida Mobile – MVMob.Como jornalista, trabalhou para veículos no Brasil (Revista Palavra, Rede Minas, TV Horizonte, TV Senac, O Tempo, Vivo Music Tones, Rádio Inconfidência, Savassi FM) e no exterior (Folha de São Paulo/Ilustrada, Euro Brasil Press, ambos em Londres).

www.merije.com.br

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Dados bibliográficos

TorpedosMerije, Wagner – 2012Literatura brasileira; poesia; memórias; viagens; mobile; suprasensorial; movimento; audiovisual; título

Textos, projeto gráfico e fotos: MerijeProjeto gráfico e design: Rodrigo GuimarãesPrefácio: Marcelino Freire

Impresso no BrasilVerão 2012

Meus sinceros agradecimentos a Marcelino Freire e

Roberta Scatolini

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