Trabalho Cultura Visual I (2)
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5/12/2018 Trabalho Cultura Visual I (2) - slidepdf.com
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O Trabalho AlienadoArte Multimédia*
FBAUL 2010
Resumo:É explorado o conceito de «Trabalho Alienado» analisado por Marx na sua obra Manuscritos
Económico Filosóficos. Serão enunciados os principais conceitos da obra e mostrar-se-á como asociedade capitalista altera a vida do homem.Palavras chave: alienação, trabalho, homem.
Introdução:
Neste trabalho expõem-se as principais noções problematizadas por Karl Marx em
relação ao «Trabalho Alienado».Marx analisou na obra de Hegel a teoria da alienação. Assim sendo, inicia-se o
presente trabalho com uma breve comparação entre a teoria da alienação nestes dois
autores. Depois disso, será exposta a maneira como o trabalhador se relaciona com o seu
objecto de trabalho e também como se torna alienado do produto através do sistema
capitalista. Por fim, será mostrada a forma como o trabalho alienando leva a outros tipos de
alienação, sobretudo à alienação do homem em relação à sua vida e à alienação do homem
relativamente ao homem.
Desenvolvimento:
Marx encontrou na Fenomenologia do Espírito, de Hegel, a noção filosófica de
alienação mas desde logo lhe deu um novo sentido: um sentido concreto, prático e humano.
O termo alienação é usado pela primeira vez por Hegel, mestre de Marx. Na teoria
hegeliana é a Ideia que se aliena e o Homem apenas se aliena como suporte da Ideia, sendo
esta puramente espiritual. Para Hegel a Ideia aliena-se nas «coisas»: primeiro nas coisas,em seguida no Homem e, por último, nas mais variadas obras do Homem, sobretudo nas
materiais. O objecto, o corpo e o produto são sempre o inimigo, ou seja, a realização do
Homem em obras e produtos é ao mesmo tempo a separação de si próprio (Lefebvre, 1966,
155/156).
Hegel faz uma leitura positiva do trabalho no seu livro Fenomenologia do Espírito
na passagem “O Senhor e o Escravo”, conseguindo este último a liberdade através de todo
o conhecimento que tem da Natureza devido a todos os trabalhos que realizou para o
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Senhor e faz com que o Escravo progrida e evolua. Assim, o trabalho surge como a
expressão da liberdade reconquistada pelo escravo.
Marx retoma esta temática hegeliana mas critica a visão optimista que Hegel tem
do trabalho ao mostrar como o produto gerado surge como um ser estranho ao produtor e
que não mais lhe pertence. Ele utiliza pela primeira vez a expressão “Trabalho Alienado”
ao aperceber-se da sociedade capitalista e da economia política que estava então a surgir na
sua época.
O conceito de alienação tem para Marx um sentido pejorativo e é utilizado para
designar um conjunto de circunstâncias em que o homem não se reconhece a si próprio, em
que se perde de si. Para ele, a alienação no trabalho é a principal forma de alienação que
confina o operário à fábrica, retira da posse dele o produto do seu trabalho e leva à
exploração do homem pelo seu semelhante.
A sociedade capitalista leva à desumanização do homem devido à forma alienada
como produz e, consequentemente, ao empobrecimento, à miséria e ao embrutecimento
espiritual e material do trabalhador.
O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto
mais a sua produção aumenta em poder e em extensão. O trabalhador torna-se
uma mercadoria tanto mais barata, quanto maior numero de bens produz. Com a
valorização do mundo das coisas aumenta em proporção directa a desvalorizaçãodo mundo dos homens. O trabalho não produz apenas mercadorias; produz-se
também a si mesmo e ao trabalhador como uma mercadoria, e justamente na
mesma proporção com que produz bens (Marx, 1844/1993, 159).
Com este excerto, Marx demonstra como os produtos realizados pelo trabalhador
estão inversamente proporcionais à sua condição e valorização como ser humano. Ou seja,
quanto mais riqueza produzir, mais o trabalhador se desumaniza, convertendo-se o próprio
homem em mercadoria. Assim sendo, o objecto produzido aliena-se do trabalhador,
tornando-se num objecto estranho e independente deste. O trabalho do produtor fixa-se no
objecto e este transforma-se em coisa física (“objectivação do trabalho”). Desta forma, “a
realização do trabalho aparece na esfera da economia política como desrealização do
trabalhador” (Marx, 1844/1993, 159). Entende-se assim que a mercadoria adquire um valor
superior ao Homem, já que se privilegiam as relações entre as «coisas», e que vão definir
relações materiais entre as pessoas.
Para Marx, “o trabalhador nada pode criar sem a Natureza” (Marx, 1844/1993,
160), sem o mundo exterior sensorial. É nesta que surge o trabalho, onde este se realiza, ou
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seja, com a qual e por meio da qual ele produz coisas. É ainda nela que o trabalhador existe
fisicamente. A Natureza torna-se, por isso, o resultado da acção transformadora do homem,
segundo os seus projectos. Nela o homem desenvolve as suas habilidades e imaginação,
conhece as suas forças e limitações e aprende a desfiá-las. Portanto, se por um lado a
Natureza se apresenta ao Homem como destino, será, mais tarde, a razão da sua angústia
Assim, quanto mais o trabalhador apropria da natureza sensorial pelo seu trabalho,
tanto mais se despoja de meios de existência: primeiro, o mundo exterior sensorial
converte-se cada vez menos num meio de existência de seu trabalho; segundo, torna-se
cada vez menos um meio de existência na acepção directa. Assim sendo, o trabalhador
torna-se escravo do objecto pois vive porque tem trabalho e trabalha para receber meios de
subsistência. “Deste modo, o objecto capacita-o para existir, primeiramente como
trabalhador, em seguida, como sujeito físico” (Marx, 1844/1993, 160). A escravização
atinge o seu apogeu na medida em que o sujeito físico só o é “enquanto trabalhador e só é
trabalhador enquanto sujeito físico” (Marx, 1844/1993, 160). Ou seja, se não trabalhar não
recebe meios de subsistência e não pode assegurar a sua existência física, por outro lado, se
não a assegurar, não trabalha.
Chega-se à conclusão de que o homem (o trabalhador) só se sente livremente
activo nas suas funções animais – comer, beber e procriar, quando muito, na
habitação, no adorno, etc. –
enquanto nas funções humanas se vê reduzido a
animal. O elemento animal torna-se humano e o humano animal (Marx,1844/1993, 162).
Existe, assim, uma inversão entre actividades humanas e animais no próprio
Homem. Comer, beber e procriar são também actividades humanas, embora, comparadas
com outras actividades, torna-as, em última análise, funções animais.
“O homem é um ser genérico” (Marx, 1844/1993, 163), não apenas no sentido em
que é ele que faz a comunidade, é ele que cria os seus objectos com a sua criatividade ehabilidade, mas também no sentido em que se a si próprio com espécie viva, universal e,
consequentemente, livre.
O homem vive da natureza como parte de si, do seu corpo. Já os objectos
científicos e artísticos devem entender-se como prazer e continuidade. A natureza é o
próprio corpo do homem e, como tal, ele deve garantir o seguimento da sua relação para
garantir a sua própria vida. Esta é interdependente, pois “interrelaciona[-se] consigo
mesma, já que o homem é uma parte da natureza” (Marx, 1844/1993, 164).
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O trabalhador encontra-se alienado da sua vida no geral. O trabalho faz com que as
pessoas se alienem da natureza e de si próprias. A sua actividade surge então como motivo
de sofrimento: o homem tem de trabalhar para existir mas o trabalho obriga-o à alienação.
“A vida revela-se simplesmente como meio de vida” (Marx, 1844/1993, 164). O trabalho
passa a ser a única forma de existência física.
A actividade vital é o que distingue o homem dos animais pois é um ser genérico e
consciente que tona a sua actividade vital num objecto. O homem produz mais do que
aquilo que necessita, produz mesmo “quando se encontra livre da necessidade física e só
produz verdadeiramente na liberdade de tal necessidade” (Marx, 1844/1993, 165), o
homem produz universalmente e para toda a natureza, produz aquilo que deseja e cria
padrões de beleza. Esta é a forma como o homem se mostra verdadeiramente como um ser
genérico: não se reproduz apenas intelectualmente, mas também activamente. Assim, ao
ver o mundo por ele criado, o homem aliena-se completamente e transforma tudo aquilo
que cria, a sua vida numa simples existência, em meio de vida.
A alienação modifica a consciência que o homem tem da própria espécie, sendo o
trabalho a capacidade que o homem tem de criar coisas, de transformar a natureza, torna-se
afinal numa forma individual de satisfação das necessidade se subsistência (Marx,
1844/1993, 166).Uma das consequências do trabalho alienado que surge no trabalhador é a alienação
do seu próprio corpo, da sua vida e da visão que ele tem da natureza, tornando-as num ser
estranho. O trabalho alienado altera ainda a relação entre os homens, levando à “alienação
do homem relativamente ao homem” (Marx, 1844/1993, 166). Esta relação surge quando o
homem alienado no seu trabalho se confronta com outros homens também alienados.
Então, um trabalhador encontra-se alienado de outro dado que esse outro também se
encontra alienado do seu trabalho. Dessa forma, olham de uma maneira alienada para o seutrabalho e para o dos outros. Ou seja, o que sentem em relação ao seu trabalho e ao seu
produto é o mesmo que sentem quando olham para o trabalho e para o produto dos outros.
De um modo geral, a afirmação de que o homem se encontra alienado da sua
vida genérica significa que o homem está alienado dos outros, e que cada um dos
outros se encontra igualmente alienado da vida humana (Marx, 1844/1993, 166).
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Conclusão:
Desta forma, conclui-se que o trabalho alienado separa o homem de tudo o que é
seu, tendo como consequência a sua total desumanização, já que a mercadoria adquire
valor superior ao homem, sendo este transformado também em mercadoria.
Para Marx, o trabalho tem a função de possibilitar o desenvolvimento das
potencialidades humanas. Além disso, o próprio mundo do ser humano é construído
através da sua relação, pelo trabalho, com a natureza. Assim sendo, o trabalho é essencial
ao capitalismo e impede o desenvolvimento do ser humano enquanto tal. A sociedade
capitalista obriga a uma transformação do homem, uma inversão entra as funções humanas
e animais, ao embrutecimento e angústia do próprio ser humano, influenciando a visão que
o homem tem do mundo e da sua vida genérica. A alienação torna-se universal quando o
homem alienado se confronta com outros homens também alienados e é de uma forma
alienada que olham para o seu trabalho e para o trabalho dos outros.
Referências:
Lefebvre, H. (1966) Para Compreender o Pensamento de Karl Marx. Lisboa, Edições 70.
Marx, K. (1993) «O Trabalho Alienado» in Manuscritos Económico Filosóficos. Lisboa: Ed. 70.