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Trabalho de Conclusão de Curso Servitização na Indústria Química Proponente: Andrea Gazoli Siqueira Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira Lorena-SP-Brasil 2015

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Trabalho de Conclusão de Curso

Servitização na Indústria Química

Proponente: Andrea Gazoli Siqueira

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira

Lorena-SP-Brasil

2015

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Andrea Gazoli Siqueira

Servitização na Indústria Química

Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo como requisito parcial para obtenção de título de Engenheira Química.

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira

Lorena-SP-Brasil

2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Rita Maria e Carlos Alberto,

por toda dedicação e apoio em todas etapas da vida. A minha irmã Alessandra,

por estar sempre ao meu lado. Ao Eduardo,

pelo carinho e suporte que me deu sempre que precisei. Aos meus amigos,

pelo companheirismo e compreensão em todos momentos da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me proporcionar oportunidades para tudo em minha vida e por guiar para o melhor caminho. Aos meus pais Rita Maria e Carlos Alberto, que sempre fizeram tudo para me proporcionar o melhor. Me ensinaram tudo que sei hoje, sempre me deram todo suporte tanto psicológico como financeiro e nunca me deixaram desistir.

A minha irmã, que sempre me deu todo carinho e amizade, que esteve ao meu lado em todas as decisões que tomei e que me ensinou que o companheirismo é essencial para chegar mais longe.

Ao Eduardo, que me apoiou, que sempre me ajudou quando mais precisei e que me acalmou nos momentos mais difíceis durante todo esse trabalho e boa parte da minha vida pessoal e profissional.

A todos os meus amigos, especialmente as meninas que moraram comigo durante todos esses anos de faculdade sendo a minha nova família. Aos amigos que durante os piores momentos estiveram ao meu lado encorajando e dando o suporte que eu precisava.

Ao Prof. Dr. Marco Antonio, que foi um orientador presente e comprometido, que sempre me auxiliou tanto durante a realização desse trabalho quanto durante todo o período de faculdade e que teve grande influência na escolha do tema dessa monografia.

A todos aqueles que disponibilizaram um tempo para responderem a pesquisa que foi fundamental para conclusão desse trabalho.

A minha família americana e a todos amigos que estiveram ao meu lado no período do intercâmbio que foi essencial no aprendizado da língua inglesa e de business.

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EPÍGRAFE

‘É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada.’ William Shakespeare

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RESUMO

A globalização e o capitalismo são fatores chaves para o aumento de consumo de produtos em escala

mundial. Esse consumo exacerbado teve como consequência o aumento da produção e maior

rentabilidade por parte das empresas manufatureiras. No entanto, com o passar dos anos a obtenção

de lucros através da venda de produtos se estagnou. Esse fator, bem como o aumento da

competitividade e a necessidade de inovação, fizeram com que as empresas passassem a procurar

novas formas de atrair clientes e, assim, obter aumento nos lucros. Uma forma que as empresas têm

praticado, atualmente, consiste na venda, não apenas de produtos, mas também de serviços. Esse

processo de transformação de vendas apenas de produtos físicos para vendas de produtos mais

serviços tem sido chamado de Servitização. A servitização tem papel significativo na economia atual e

tem transformado empresas no âmbito operacional assim como em termos de valores. Esse assunto

vem sendo abordado na literatura recentemente, abrangendo alguns setores. Essa monografia

estudou o processo de servitização e suas vantagens e desvantagens na indústria química. Tal trabalho

foi realizado através do método de um estudo de caso. A coleta de dados foi feita através de

entrevistas com oito profissionais de sete indústrias diferentes. Ademais, os websites das empresas

foram utilizados como uma fonte adicional de pesquisa, acrescentando informações ao presente

trabalho. Os principais resultados encontrados estão relacionados aos grupos de serviços específicos

identificados como servitização e à importância do processo de servitização para as indústrias

químicas.

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ABSTRACT

Globalization and capitalism are key factors for the increase in products’ consumption worldwide. This

exacerbated consumption resulted in increased production and greater profitability by the manufacturing

companies. However, over the years the profit made by selling just products got stagnated. This factor,

combined with the increase in competition and the need for innovation, made the companies started to

look for new ways to attract customers and thus get an increase in their profits. One way that companies

have practiced currently consists in selling, not just products, but also services. This process of

transforming the sales of only physical products into sales of products plus services has been called

servitization. The servitization plays a significant role in today's economy and has transformed

companies’ operations and values. This subject has been discussed in recent literature, covering some

sectors. This work studied the process of servitization and their advantages and disadvantages in the

chemical industry. This paper presents a case study. Data collection was done through interviews with

eight professionals from seven different industries. Moreover, the websites of the companies were used

as an additional source of research, adding information to this work. The main results are related to

specific service groups identified as servitization and the importance of servitization process for

chemical industries.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Proporção de emprego em alguns setores nos EUA..............................................................18

Figura 2 – Relação do PIB per capita e da % do setor no PIB................................................................19

Figura 3 – Motivos estratégicos para servitização...................................................................................24

Figura 4 – Condução do Estudo de caso.................................................................................................29

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Caracterização do serviço por diferentes autores.................................................................16

Quadro 2 – Diferenças entre produtos e serviços....................................................................................17

Quadro 3 – Definição de servitização por diversos autores.....................................................................20

Quadro 4 – Nomenclaturas dadas ao processo de oferecer serviços para agregar valor ao

produto.....................................................................................................................................................21

Quadro 5 – Motivos em termos de marketing por diversos autores.........................................................25

Quadro 6 – Definição e características do estudo de caso por diferentes autores..................................29

Quadro 7 – Vantagens e desvantagens da entrevista.............................................................................30

Quadro 8 – Perfil dos entrevistados.........................................................................................................35

Quadro 9 – Perfil da empresas................................................................................................................36

Quadro 10 – Produtos e serviços.............................................................................................. ..............37

Quadro 11 – Síntese das entrevistas.......................................................................................................38

Quadro 12 – Classificação dos serviços..................................................................................................40

Quadro 13 – Ocorrência dos serviços nas empresas..............................................................................43

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Ocorrência de cada tipo de serviço.......................................................................................44

Gráfico 2 – Ocorrência de servitização....................................................................................................45

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 13

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................................... 13

1.2. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 14

1.3. OBJETIVO GERAL ................................................................................................................. 15

1.4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................... 15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................. 16

2.1. SERVIÇO: DEFINIÇÕES ........................................................................................................ 16

2.1.1. Dicotomia entre serviços e produtos ...................................................................................17

2.1.2. O papel dos serviços na economia .....................................................................................18

2.2. SERVITIZAÇÃO: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ........................................................... 19

2.3. MOTIVOS PARA A SERVITIZAÇÃO ...................................................................................... 22

2.3.1. Motivos em termos estratégicos .........................................................................................22

2.3.2. Motivos em termos financeiros ...........................................................................................23

2.3.3. Motivos em termos de Marketing ........................................................................................24

2.4. DESAFIOS E CUSTOS NA ENTREGA DE SERVIÇOS ......................................................... 25

3. METODOLOGIA ..................................................................................................................... 27

3.1. MÉTODO DE PESQUISA ....................................................................................................... 27

3.2. UNIVERSO E AMOSTRA ....................................................................................................... 29

3.3. COLETA DE DADOS .............................................................................................................. 29

3.3.1. Elaboração do questionário ................................................................................................31

3.3.2. Definição dos entrevistados ................................................................................................31

3.3.3. Entrevistas ..........................................................................................................................32

3.3.4. Pesquisa das empresas em outras fontes ..........................................................................32

3.4. ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................................. 32

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................. 34

4.1. PERFIL DOS ENTREVISTADOS E DAS EMPRESAS ........................................................... 34

4.1.1. Perfil dos entrevistados .......................................................................................................34

4.1.2. Perfil das empresas ............................................................................................................35

4.1.3. Produtos e serviços ............................................................................................................37

4.2. RESULTADOS DAS ENTREVISTAS ..................................................................................... 38

4.3. ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................................... 39

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4.3.1. Classificação dos serviços ..................................................................................................39

4.3.2. Ocorrência dos serviços nas empresas ..............................................................................42

5. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 48

APÊNDICE A – Questionário (Versão 1) ................................................................................................ 51

APÊNDICE B – Questionário (Versão 2) ................................................................................................ 52

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1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Desde o final do feudalismo em meados do século XIII, o capitalismo é o sistema econômico

dominante no mundo ocidental. O termo capitalismo, o qual teve suas primeiras definições criadas

entre o final do século XIX e o início do século XX, descreve um sistema econômico em que a

propriedade privada é predominante, o principal meio de troca é o dinheiro, prioriza-se o trabalho

assalariado, tem-se como base a lei de oferta e procura como guia de negócios, a sociedade divide-se

em diferentes classes e, principalmente, tem-se como objetivo primordial a constante obtenção de

lucros.

A globalização, tema polêmico nos dias atuais, tem a sua origem indefinida, uma vez que

diversos estudiosos acreditam que seu início se deu em tempos modernos, enquanto que diversos

pensadores defendem que a globalização teve seu início muito antes da era das descobertas e viagens

ao novo mundo pelos europeus. As divergências da globalização não se findam apenas em sua origem,

os conceitos e definições relacionados à globalização ainda são muito discutidos atualmente e diversas

são as teorias que coexistem no mundo atual. De um ponto de vista geral, a globalização pode ser

definida como um conjunto de transformações econômicas, sociais, culturais e políticas que criou

pontos em comum entre tais vertentes a ponto de tornar o mundo interligado.

O processo de globalização, quebrando fronteiras e, consequentemente, integrando mercados

e aproximando pessoas e mercadorias, deu margem à expansão capitalista. Com a consolidação do

capitalismo em escala quase que global, tem-se o surgimento de um novo conceito: o consumismo. O

consumismo consiste na compra exagerada de produtos, muitas vezes em situações em que não há

necessidade. Esse consumo em larga escala, hoje com uma conotação negativa, teve um grande

impacto no crescimento econômico, uma vez que teve como consequência o aumento do giro de

capital e o desenvolvimento acelerado de indústrias. Um exemplo positivo de tal consumismo

exacerbado que pode ser citado é o caso dos Estados Unidos, em que o alto consumo leva a um

aumento de vendas. Para suprir tal crescimento no número de vendas, é necessário um aumento na

produção, o qual conta com um aumento no número de trabalhadores e maior quantidade de matéria

prima, gerando ainda mais empregos. Sendo assim, forma-se um ciclo, em que as pessoas físicas e

jurídicas passam a ter maior poder de barganha.

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Esse crescimento econômico perdurou por alguns anos, porém pode ser considerado como o

propagador da desigualdade social. Isso se de deu em função de que poucas pessoas passaram a ter

muito poder de compra, enquanto que muitas pessoas permaneceram com um baixo poder aquisitivo.

Com base no fato de que muitas pessoas passaram a comprar poucos produtos, a comercialização

teve uma queda, bem como a economia e a produção industrial. Com a queda no consumo e,

consequentemente, na venda e com a alta competitividade do mercado houve uma estagnação na

demanda de produtos, sendo que o lucro gerado na venda de produtos foi reduzido.

Tal estagnação fez com que as empresas buscassem novas alternativas para aumentar vendas

e gerar lucros. Isso se deve ao fato de que as empresas dificilmente sobrevivem se oferecerem apenas

produtos em seus portfólios (KARLSSON, 2007). Com o intuito de melhorar a competitividade a

agregar maior valor ao negócio, as empresas passaram a oferecer serviços como uma maneira atrativa

de atender bem seus clientes no pós-venda, garantindo a satisfação e fidelização de seus

consumidores.

Um novo conceito foi criado para definir a oferta de serviços e soluções e teve o nome de

“servitization” (VANDERMERWE; RADA, 1988). O novo termo criado aborda a idéia de que a

incorporação de serviços agrega valor aos produtos da empresa (BAINES et al., 2009; MARTINEZ ET

al., 2010; ALMEIDA, MIGUEL E SILVA, 2011).

De acordo com Baumgartner e Wise (1999), para oferecer serviços de qualidade as empresas

devem rever seus pensamentos em relação às estratégias e suas operações de maneira geral. Elas

devem se preparar tecnicamente e também estruturalmente para oferecer serviços que realmente

agreguem valor aos seus produtos e os tornem referencias em um mercado competitivo. Além disso,

elas devem buscar reconhecimento não somente por produtos que ofereçam qualidade aos seus

consumidores, mas também por serviços que irão satisfazer as necessidades dos clientes.

1.2. JUSTIFICATIVA

A servitização está imersa de maneira positiva no cenário econômico atual. A estagnação no

lucro sob a venda de produtos, por empresas manufatureiras, foi a principal causa do início da

servitização. Estudiosos apontam que o processo de vender serviços, além de produtos, garante

diversas vantagens às empresas tais como fidelização do cliente, maior valor agregado e destaque na

competição com outras empresas.

Este trabalho busca mostrar a importância da servitização na indústria química e como esse

processo pode auxiliá-la na busca de um maior valor agregado ao seu negócio por meio de serviços. A

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principal justificativa se dá uma vez que a servitização pode proporcionar parcerias estratégicas entre

empresas, melhorar o fluxo de caixa do fornecedor, aprimorar processos de manutenção preventiva e

corretiva, e em consequência destes fatores, dentre outros, contribuir para o crescimento dos lucros de

uma indústria química.

1.3. OBJETIVO GERAL

Analisar o processo de servitização, bem como seus motivos, vantagens e desvantagens para

sua utilização na indústria química.

1.4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Obter uma visão geral do processo de servitização nas empresas, incluindo seu raio de

alcance de melhorias e sua relação com a economia;

Analisar os motivos para a aplicação de servitização;

Entender como a servitização pode agregar valor a indústria química;

Contribuir com a indústria química brasileira ao estudar um tema relevante, inovador e que

vem fazendo parte da agenda das empresas há menos de uma década.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. SERVIÇO: DEFINIÇÕES

Do latim servitĭum, a definição geral da palavra serviço se refere ao ato de servir. Na área da

economia ou marketing o serviço pode ser considerado como uma combinação de atividades

realizadas pela empresa de modo a atender as necessidades de seus clientes. (SAMPSON;

FROEHLE, 2006). Segundo Ramaswamy (1996, p.3) a definição de serviço é dada por: “as transações

de negócio que acontecem entre um provedor (prestador de serviço) e um receptor (cliente) a fim de

produzir um resultado que satisfaça o cliente”. Outra definição bem ampla do termo é:

[…] incluem toda atividade econômica cujo resultado não seja um produto físico ou construção, que é geralmente consumido no momento de sua produção e provê valor agregado em formas (tais como conveniência, diversão, conforto ou saúde) que são essencialmente intangíveis e relacionados com o comprador […] (QUINN et al., 1987, p. 55).

De acordo com Hytönen (2005), os serviços normalmente fazem referência a um grupo de

atividades amplo e heterogêneo. Os serviços abordam uma natureza de certa forma intangível e são

oferecidos como uma solução devido a uma demanda de um cliente (GRÖNROOS, 2000). Isso não

resulta na aderência do item em questão por parte do cliente (KOTLER, 2001).

Quadro 1 – Caracterização do serviço por diferentes autores

Autores Características dos serviços

Kerin et al. (2003, p. 323) Há quatro elementos únicos aos serviços: intangibilidade,

inconsistência, inseparabilidade e impossibilidade de estoque.

Kotler (2003, p. 446) Serviços têm quatro características principais: intangibilidade,

inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade.

Pride e Ferrell (2003, p. 325) Serviços têm seis características principais: intangibilidade, inseparabilidade da produção e consumo, perecibilidade,

heterogeneidade, relações baseadas no cliente e contato com o cliente.

Solomon e Stuart (2003) Todos os serviços compartilham quatro características: intangibilidade,

perecibilidade, inseparabilidade e variabilidade.

Fonte: Lovelock e Gummenson (2004).

As características abordadas pelos diferentes autores (vide Quadro 1) caracterizam de maneira

geral todo e qualquer serviço. No entanto, atualmente apontam-se quatro características exclusivas dos

serviços, ou seja, que diferenciam os serviços dos produtos. Essas são de extrema importância, uma

vez que trazem implicações no gerenciamento de serviços.

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2.1.1. Dicotomia entre serviços e produtos

A maioria dos autores utiliza o termo produto para se referir a bens tangíveis e concretos. No

entanto, muitas vezes o termo “produto” é utilizado quando se trata de serviços. A diferença entre

produtos e serviços, bem como a influência dessas diferenças dentro e fora de uma empresa vem

sendo discutida por muitos anos (ALMEIDA et el, 2011). Para entender melhor o termo serviço, não

basta defini-lo, o mais importante é saber diferenciar os conceitos de serviço e produto. É de grande

importância conhecer as características específicas atreladas ao termo serviço e as suas implicações

na gestão de operações, conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 2: Diferenças entre produtos e serviços

Produtos Serviços

Tangível Intangível

Homogêneo Heterogêneo

Produção e distribuição separadas do consumo

Processo de produção, distribuição e consumo simultâneos

Um objeto Uma atividade ou processo

Valor principal produzido em uma

Fábrica

Valor principal produzido nas

Interações cliente-vendedor

Os clientes (normalmente) não

participam do processo de produção Clientes participam na produção

Pode ser estocado Não pode ser estocado

Transferência de propriedade Não há transferência de propriedade

Fonte: Grönroos (2000).

Algumas características específicas dos serviços são essenciais para sua diferenciação. A

intangibilidade, por exemplo, coloca que, diferente dos bens manufaturados, os serviços não podem ser

tocados ou possuídos, o cliente apenas vivencia o serviço que lhe é prestado. A heterogeneidade (ou

variabilidade) se da na medida em que o cliente faz parte da produção do serviço, isto é, normalmente,

uma organização tem pouco ou nenhum controle sobre as ações e atitudes que o cliente assume ao

participar da produção do serviço. Além disso, os funcionários e os outros recursos que interagem com

o cliente podem varias significativamente em diferentes ocasiões para um mesmo tipo de serviço. A

inseparabilidade (ou simultaneidade) aborda a ideia de que nos serviços a produção, distribuição e

consumo ocorrem simultaneamente. Ao contrário dos bens manufaturados, os serviços não podem ser

fabricados, estocados, distribuídos e, posteriormente, consumidos. Ademais, a perecibilidade é a

característica que coloca que os serviços não podem ser estocados. Com uma demanda de serviços

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estável, a sua realização pode ser considerada fácil, já que se torna possível antecipar sua prestação;

já com uma demanda flutuante, as empresas enfrentam certa dificuldade na prestação.

2.1.2. O papel dos serviços na economia

Os serviços representam uma parcela cada vez mais importante na economia. Com a

hegemonia da economia industrial, os serviços passaram a ser mais significativos no PIB dos países

desenvolvidos e emergentes (MATTOS, 2012). Nos países desenvolvidos, a participação média dos

serviços no PIB é de 63%, enquanto que 68% da mão de obra estão empregadas neste setor.

Ademais, a oferta de serviços tem grande contribuição na criação de renda e de empregos, se tornando

um setor dominante na economia (LOVELOCK; GUMMENSON, 2004; SAMPSON; FROEHLE, 2006).

Figura 1: Proporção de emprego em alguns setores nos EUA

Fonte: CIA (2008).

A Figura 1 representa a evolução de mão de obra nos EUA em alguns setores como

agricultura, manufatura e serviços. Pode-se observar que a porcentagem de empregos na área de

serviços vem crescendo anualmente, sendo o setor predominante no ano de 2000. Na Figura 2, pode-

se observar outro fator importante da representação de serviços na economia, à relação entre o PIB

per capita e a proporção dos setores (mesmos setores da Figura 1). Nota-se que quanto maior a

participação se serviços na economia, maior é o PIB per capita. O PIB não é o melhor indicador

econômico para determinar a qualidade de vida de certo lugar, no entanto através dele percebe-se que

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a produção média per capita tem uma tendência de ser maior quando há uma maior oferta de serviços

na economia (ALMEIDA et el., 2011).

Figura 2: Relação do PIB per capita e da % do setor no PIB

Fonte: CIA (2008)

O crescimento dos serviços não está apenas relacionado com as áreas mais comuns como

saúde e educação, os serviços passaram a dominar, em grande medida, o pensamento estratégico dos

negócios. As empresas de manufatura buscam, cada vez mais, agregar serviços ao seu pacote de

valor com o intuito de conquistar a fidelidade de seus clientes e criar vantagens perante a

competitividade atual. No entanto, esse processo não é tão simples, as empresas mudam não apenas

a geração de receitas, como também o foco do negócio, sendo que os serviços passam a ser a

principal fonte de renda, utilizando a maior parte dos recursos da empresa (BAINES et al., 2009;

VANDERMERWE; RADA, 1988).

2.2. SERVITIZAÇÃO: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS

O serviço tem sido utilizado há certo tempo pelas empresas, no entanto não se agregava muito

valor a sua venda, as empresas acreditavam que o lucro maior vinha da comercialização de produtos.

Os serviços eram considerados apenas um diferencial para facilitar a venda de produtos. Muitas

empresas iniciaram suas atividades com a manufatura de seus produtos e também com o reparo dos

mesmos como forma de garantir que o cliente tenha suporte após a compra do produto (ALVAREZ,

2012). Esse movimento de agregar serviços à cadeia de valores de uma empresa manufatureira,

criando serviços ou pacotes de produtos e serviços, passou a ser chamado Servitization ou

Servitização.

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Quadro 3: Definição de servitização por diversos autores

Autores Definição

Vandermerwe e Rada (1988)

Aumento da oferta de pacotes com combinações de produtos, serviços, suporte, self-service e conhecimento, com foco no cliente.

Ren e Gregory (2007)

Um processo de mudança em que uma empresa manufatureira abraça a orientação para serviços e/ou desenvolve mais e melhores serviços, com o objetivo de satisfazer as necessidades dos clientes, criar vantagem competitiva e melhorar o desempenho da empresa.

Baines et al. (2009) Inovação das capabilidades e processos de uma organização através de uma mudança de vender produtos para vender sistemas de produto-serviço para aumentar a criação de valor (product-service systems).

Fonte: MATTOS (2012).

O Quadro 3 apresenta o conceito do processo de servitização por diferentes autores. Esses

autores, ao definirem o termo servitização, colocam que as empresas agregam os serviços aos seus

produtos como uma forma estratégica tendo em vista a competição com outras empresas. “Já Morelli

(2003) a definiu como a evolução da identidade do produto baseada em conteúdo material para uma

posição em que o componente material é inseparável do sistema de serviços.” (ALMEIDA et el., 2011,

p. 346).

Gronroos (2000) afirma que todo negócio está relacionado a um serviço e que um produto

torna-se apenas um elemento no todo a fim de garantir a oferta do serviço. Já do ponto de vista de

Goedkoop et al. (1999) o PSS é um conjunto de produtos e serviços capaz de satisfazer as

necessidades do cliente (ALVAREZ, 2012). O Product Service-System (ou PSS, em português:

Sistemas Produtos-Serviços) é o pacote de produtos e serviços, que juntos atendem às necessidades

dos clientes.

O Quadro 4 apresenta as nomenclaturas do movimento da oferta de serviços pelas empresas

manufatureiras bem como as suas características e conceitos, na visão de vários autores na literatura..

De acordo com o Baines et al. (2007), o PSS pode ser considerado como um caso especial de

servitização que consiste na utilização do produto sem necessária propriedade do mesmo.

Esse processo de servitização adotado pelas indústrias tem como principal característica a

centralidade do cliente (BAINES et al., 2007, p. 556; GALBRAITH, 2002, p. 196; OLIVA e

KALLEMBERG, 2003; WISE e BAUMGARTNER, 1999). De acordo com Oliva e Kallenberg (2003), o

processo de implantação da servitização ocorre em etapa pelas empresas. As etapas ilustram a

importância na elaboração da estratégia para produtos e serviços.

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Quadro 4: Nomenclaturas dadas ao processo de oferecer serviços para agregar valor ao produto

Nomenclatura

Português/Inglês Significado atribuído ou características Autores

Servitização ou Servitization

Criação de valor por meio da adição de serviços ao produto. Servitizar permite inibira entrada de novos competidores na carteira de clientes da empresa e aumenta seu grau de diferenciação frente aos concorrentes

Vandermerwe e Rada (1988)

Serviços inovadores atrelados ao produto por empresas tipicamente manufatureiras. Mudança na cadeia de produção de valor, de aproximando do cliente.

Schmenner (2009)

Valor agregado por meio da adição de serviços Quinn, Doorley e Paquette (1999)

Inovação de processos e competências da empresa por meio da adição de serviços

Neely (2009)

Criação de valor ao produto por meio da adição de serviços Baines et al. (2009ª)

Empresas manufatureiras que se movem a entregáveis mais lucrativos por meio de serviços associados ao produto

Wise e Baumgartner (1999)

PSS ou Product Service-System

Integração entre service e produto que adicione maior valor ao cliente Neely (2009)

Produto como responsabilidade do cliente e serviço como responsabilidade do fabricante

Hockerts e Weaver (2002)

Potencial de melhoria de competitividade das empresas, identificando novas oportunidades e novos centros de custo rentáveis e estabelecendo um relacionamento mais próximo aos clientes

Mont (2000)

Mesmo conceito de servitização, mas desenvolvido na Escandinávia e com foco maior na sustentabilidade e redução de impactos ambientais.

Baines et al. (2009ª)

Conjunto de produtos e serviços capaz de satisfazer as necessidades do cliente. Sistema de produtos, serviços, redes de usuários e uma infraestrutura de suporte que busca continuamente ser competitiva, satisfazer às necessidades dos clientes e ter um baixo impacto ambiental quando comparado aos modelos de negócio tradicionais.

Goedkoop et al. (1999)

Service Science

Mais aplicado ao universo de TI prevê a integração entre pessoas, tecnologia e negócio.

Chesborough e Spohrer (2006)

Serviços que permitem a integração entre tecnologia, processos e organização. Inclui uma série de disciplinas como ciências da computação, engenharia, economia, entre outras. Tem por objetivo estudar a integração de diversas áreas por meio da ciência de serviços

Baines et al. (2009ª)

Compatibilização de sistemas diversos, de fornecedores diferentes, de maneira que o cliente possa utilizá-los de maneira integrada. Deve “assegurar que o valor do sistema integrado seja maior do que a soma dos valores das partes”. Diante da complexidade tecnológica dos sistemas, empresas fornecedoras de tecnologia que servitizam suas ofertas dessa forma têm se apoiado na sua competência técnica e gerencial, no que diz respeito à gestão de grandes projetos e de gestão de redes de fornecedores e clientes.

Davies, Brady e Hodbay (2007)

Fonte: Alvarez (2012).

De acordo com Valermerwe e Rada (1988), as empresas sempre ofertaram serviços, o

processo de servitização está ligado a venda de serviços engajados a um produto específico,

vendendo o conhecimento e atividades relacionadas ao mesmo.

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2.3. MOTIVOS PARA A SERVITIZAÇÃO

2.3.1. Motivos em termos estratégicos

Os serviços eram incluídos apenas na etapa pós venda de um produto, sendo considerados

como um “mal necessário”. No entanto, atualmente os serviços passaram a ser essenciais em termos

estratégicos para que uma companhia possa manter sua vantagem competitiva (MATHIEU, 2001;

PARASURAMAN et al., 1985; SPRING; ARAUJO, 2009; VANDERMERWE; RADA, 1988). Ideias novas

e produtos diferenciados passaram a ser fatores escassos no mercado atual. Há algumas décadas, o

lançamento de produtos novos e de alta tecnologia era assíduo, no entanto com o passar dos anos,

ocorreu uma desaceleração no desenvolvimento tecnológico, ocasionando uma estagnação nas

novidades do mercado. As empresas passaram a variar características físicas de seus produtos, mas

essas são limitadas, voltando-se a mesmice. Essa ideia pode ser esclarecida com um exemplo de

produto clássico vendido nos dias de hoje: o aparelho celular. A princípio, os primeiros aparelhos eram

grandes, pesados e suas funções eram limitadas, tinham como opção de utilização apenas receber e

efetuar chamadas. Em questão de anos, viu-se uma mudança significativa na qualidade dos aparelhos,

tanto fisicamente como as configurações internas e capacidade do celular. Porém, atualmente, as

novidades estão ficando limitadas, a compra de aparelhos mais novos garante ao consumidor apenas

uma diferença pequena na qualidade da câmera ou uma cor mais atraente, por exemplo. Essas

diferenças nos produtos passam a não ser tão atraente aos olhos do consumidor, o qual acaba

permanecendo com o seu produto antigo por mais tempo, sem a necessidade de comprar o novo.

Sendo assim, o processo de servitização agrega valor no sentido em que diferencia a oferta da

empresa, sendo uma motivação estratégica para implantação de tal processo. (MATHIEU, 2001). Com

o objetivo de inovação, as empresas têm estudado e dado relevância a implantação da servitização em

suas unidades de produção. Outro fator que ressalta a diferenciação ocasionada pelo processo de

servitização é que os serviços, pelas suas características heterogêneas, não são facilmente copiados,

ao contrário dos produtos (GEBAUER et al., 2008; HESKETT et al., 1997; MATHIEU, 2001; OLIVA;

KALLENBERG, 2003).

Existem outros três motivos estratégicos pelo quais as empresas devem agregar a servitização

ao seu processo de produção: criação de barreiras à entrada de novos concorrentes e, inclusive, à

entrada de seus próprios clientes e criação de dependências.

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A instalação de uma determinada empresa que ofereça serviços em certo mercado torna mais

complexo e custoso à entrada de seus concorrentes naquele mercado. Isso seria um grande atraente

para as empresas na medida em que dificulta a competitividade no mercado inserido. Por fim, os

clientes podem acabar tendo seu poder de barganha limitado a uma empresa, uma vez que essa

oferece um pacote de produtos e serviços combinados, sendo que o cliente passa a depender desses

serviços oferecidos por tal empresa (VANDERMERWE e RADA, 1988; MATTOS, 2012).

Um resumo dos motivos estratégicos pelos quais as empresas devem aderir ao processo de

servitização é encontrado na Figura 3, construída a partir do conceito do modelo das 5 Forças de

Porter (PORTER, 1985), que é um dos mais relevantes modelos para análises de estratégia e

competição.

Figura 3 – Motivos estratégicos para servitização

Fonte: Mattos (2012)

2.3.2. Motivos em termos financeiros

A implementação do processo de servitização em uma empresa pode trazer diversos

benefícios financeiros, os quais incluem: crescimento das receitas, maiores margens de lucro e

estabilidade das receitas e lucros (GEBAUER et al., 2008; MATHE; SHAPIRO, 1993; MATHIEU, 2001).

De acordo com Baines et al. (2006), nota-se que as empresas que vendem pacotes, que

atrelam serviços aos produtos, tendem a ter menor sensibilidade em competições de preço, podendo

ter um nível mais elevado de rentabilidade quando comparado com a venda de produtos físicos.

“Empresas como GE, IBM, Siemens e Hewlett-Packard tiveram sucesso em manter suas receitas

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estáveis com a venda de serviços, mesmo com a queda significativa na venda de produtos” (HESKETT

et al., 1994).

Segundo Lanzi (2012), em certas indústrias manufatureiras, as quais têm uma grande base de

produtos instalada (como setor aeroespacial, locomotivo e automobilístico, por exemplo), encontra-se

potencial para aumentar as receitas através da oferta de serviços. De acordo com Oliva e Kallenberg

(2003), o potencial de vendas de serviços é igual ou, até mesmo, o dobro do que a venda de novos

produtos. Além disso, esses dois autores afirmam que há grande potencial para aumentar as receitas

através da venda de mais serviços para a base instalada de produtos.

Vale ressaltar que a característica anticíclica dos negócios garante estabilidade de receitas e

lucros. Isto é, a venda de serviços é menos variável de acordo com os ciclos econômicos, quando

comparado com a venta de produtos. Em momento de baixa na economia, empresas de transporte, por

exemplo, optam por oferecer serviços ao invés de comprar novos veículos (BRAX, 2005; GEBAUER et

al. 2008; OLIVA; KALLENBERG, 2003; MATTOS, 2012).

2.3.3. Motivos em termos de Marketing

Em termos de marketing, vale ressaltar que os serviços influenciam na hora da decisão de

compra dos clientes, aumentando as vendas de produtos de uma empresa (MATHE; SHAPIRO, 1993;

LEVITT, 1972).

Quadro 5 – Motivos em termos de marketing por diversos autores

Autores Motivos de Marketing

Levitt (1972); Mathe e Shapiro (1993); Gebauer et al. (2008); Mathieu (2001).

Vender mais produtos por influenciar a decisão de compra

Heskett et al. (1994); Davies et al. (2006); Vandermerwe e Rada (1988).

Atender a demanda dos clientes que exigem cada vez mais serviços

Baines et al. (2006); Mathieu (2001). Repetir venda de produtos e facilitar a adoção de novos

produtos; Acesso a informações sobre necessidades dos clientes para oferta customizada

Heskett et al. (1994); Mathieu (2001);

Oliva e Kallenberg (2003). Aumenta a satisfação e a lealdade dos clientes

Fonte: Mattos (2012).

O quadro 5 apresenta diversas motivações para a utilização de serviços na área de marketing.

A importância em termos de marketing está relacionada com o fato que os clientes buscam cada vez

mais serviços (HESKETT et al, 1994; DAVIES et al. 2006). O cliente procura obter valor no momento de

efetuar a compra e esse valor está cada vez mais relacionado com o pacote de produtos e serviços. Se

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o produto comprado vir a gerar qualquer tipo de problema para o cliente, esse busca uma garantia da

qualidade do reparo. A melhor forma de manutenção e reparo de certo produto é feita pela empresa

manufatureira que o produziu, uma vez que essa tem conhecimento de todo processo de produção, do

início ao fim.

2.4. DESAFIOS E CUSTOS NA ENTREGA DE SERVIÇOS

Ao aderir o processo de servitização em sua cadeia produtiva, uma empresa enfrenta desafios

culturais e corporativos e necessita de um investimento inicial que envolve altos custos. Isso envolve o

projeto dos pacotes de produtos e serviços combinados (BRAX, 2005; MATHIEU, 2001; OLIVA;

KALLENBERG, 2003; VANDERMERWE; RADA, 1988; WISE; BAUMGARTNER, 1999).

No âmbito cultural, os desafios enfrentados pelas empresas estão relacionados a uma

mudança na mentalidade, atitudes e comportamentos de todas as partes da empresa. Os paradigmas

devem ser quebrados: a mentalidade deve estar voltada para o desenvolvimento de serviços, as

atitudes e comportamentos devem focar a criação de pacotes que agreguem valor ao produto, visando

sempre aos interesses do cliente. Durante esse processo de mudança, algumas dificuldades podem

ser encontradas, visto que alguns grupos podem não compreender a importância dos serviços ou

simplesmente não estar suscetível a mudanças organizacionais (GALBRAITH, 2002; WINDAHL et al.,

2004). Mathieu (2001) denomina os custos gerados por essa resistência organizacional como “custo

político” da adoção da servitização.

Outro custo gerado pela oferta de novos pacotes de produtos e serviços é o custo competitivo.

Com a adoção do processo de servitização, a empresa entra em um novo campo de competição,

sendo necessária a criação de vantagem competitiva. Essa criação pode gerar custos, uma vez que

conta com a construção de uma nova área, incluindo a organização de serviços e o desenvolvimento

de novas competências (DAVIES et al., 2006; GEBAUER et al. 2008; MATHIEU, 2001; OLIVA ;

KALLENBERG, 2003; WISE; BAUMGARTNER, 1999; MATTOS, 2012).

No âmbito da produção, deve ser feito um ajuste na disposição de maquinário, nas estruturas e

processos. Essas empresas manufatureiras que buscam implantar a servitização precisam adaptar

suas estruturas organizacionais e seus processos (BRAX, 2005; DAVIES et al., 2006; GEBAUER et al.

2008; GAIBRAITH, 2002; MATHIEU, 2001). Esse ajuste engloba um grande desafio, tendo em vista

que as empresas manufatureiras tinham suporte apenas para a oferta de produtos. De acordo com

Shepherd e Ahmed (2002), a maioria dos desafios e custos citados envolve a dicotomia entre os

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conceitos de produtos e serviços, um exemplo é o design e desenvolvimento de serviços, que é

diferente do desenvolvimento de produtos. Por assumir algumas responsabilidades antes realizadas

pelo cliente, há possibilidade de que inicialmente os custos superem os ganhos, algo que se torna um

outro desafio a ser enfrentado (OLIVA e KALLENBERG, 2003; VANDERMERWE; RADA, 1988).

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3. METODOLOGIA

O intuito dessa seção é descrever a metodologia e os procedimentos realizados nesse

trabalho.

3.1. MÉTODO DE PESQUISA

A pesquisa pode ser conceituada como um conjunto de ações relacionadas a busca por novos

conhecimentos sobre um determinado assunto. Ademais, tem como objetivos familiarizar com um

fenômeno ou conseguir uma nova compreensão sobre ele; apresentar informações sobre uma dada

situação, grupo ou entidade; verificar a frequência com que algo ocorre ou como se liga a outros

fenômenos; verificar uma hipótese de relação causal entre variáveis. Geralmente, as pesquisas

apresentam características dos quatro tipos anteriores (MIGUEL; SOUSA, 2012).

A metodologia de uma pesquisa pode ser baseada em diferentes estratégias, tais como

levantamento, estudo de caso, experimento, pesquisa bibliográfica, entre outras. Para Yin (2001),

escolher essa estratégia depende de condições como

O tipo de tema abordado;

O limite de controle obtido pelo pesquisador sobre os eventos comportamentais efetivos;

O foco em acontecimentos históricos em oposição a acontecimentos contemporâneos.

A pesquisa pode ser classificada quanto à abordagem do problema, sendo dividida em duas

vertentes, a qualitativa e a quantitativa; e quanto aos objetivos pretendidos, podendo ser exploratória,

descritiva ou explicativa. Do ponto de vista da abordagem do problema, essa pesquisa pode ser

classificada como qualitativa, uma vez que apresenta um caráter descritivo analisando particularidades

e traços de um assunto específico. No quesito dos objetivos, vale ressaltar o caráter exploratório da

pesquisa, já que essa é focada em um aprofundamento sobre o tema, a partir do desenvolvimento de

perguntas e respostas, aproximando-se assim do assunto tratado.

Ainda, tendo em vista os procedimentos técnicos, essa pesquisa é classificada como um

estudo de caso. O estudo de caso tem diversas definições e características criadas por diversos

pensadores, como mostra o Quadro 6. De maneira geral, o estudo de caso realiza análise e

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documentação, agregando o melhor detalhamento possível, de uma atividade em uma entidade como

uma empresa ou organização.

O estudo de caso tem sido muito abordado nos últimos anos como método de pesquisa. Além

disso, é um método que pode ser aplicado a um contexto atual, que possibilita com notoriedade o

conhecimento amplo sobre um determinado assunto e, também, a criação de novas teorias para o

tema abordado. A Figura 4 mostra um esquema de como conduzir um estudo de caso.

Quadro 6 – Definição e características do estudo de caso por diferentes autores

Autores Caracterização da metodologia: estudo de caso

Cauchik e Sousa (2012) Um trabalho empírico que investiga um dado fenômeno dentro de um contexto real contemporâneo por meio de análise profunda de um ou mais objetos de análise (casos).

Yin (2001)

A principal tendência em todos os tipos de estudo de caso, é que estes tentam esclarecer o motivo pelo qual uma decisão ou um conjunto de decisões foram tomadas, como foram implementadas e quais resultados alcançados.

Leonard-Barton (1990)

O estudo de caso é uma pesquisa qualitativa, de caráter empírico, que investiga um determinado fenômeno, através de análises detalhadas. É, na verdade, uma espécie de histórico do fenômeno, extraído de múltiplas fontes de evidência.

Martins e Lintz (2010) Para, este método é um dos meios mais importantes de pesquisa em gestão de operações, especialmente no desenvolvimento de novas teorias.

Miguel e Sousa (2012)

O estudo de caso é um estudo empírico que investiga um determinado fenômeno, geralmente contemporâneo (atual), dentro de um contexto real, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto em que ele se insere não são claramente definidas.

Huber (1995)

È que se trata um estudo detalhado de um histórico de fatos ocorridos no passado ou fatos correntes que possuam evidências de seus acontecimentos, lembrando-se que o contexto em que ocorrem é importante para análise posterior dos dados coletados.

Fonte: autora.

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Figura 4 - Condução do Estudo de caso

Fonte: Miguel, 2007

3.2. UNIVERSO E AMOSTRA

Nessa monografia, o universo estudado consistiu em indústrias químicas. A área de

abrangência das empresas, nas quais foi realizado o estudo de caso, abrangeu dois importantes

estados brasileiros: São Paulo e Rio de Janeiro. A maioria das empresas pesquisadas é multinacional

e, portanto, têm plantas no Brasil e em diversas outras localidades do mundo. A amostra desse estudo

de caso é constituída de uma pesquisa realizada com oito entrevistados de sete indústrias químicas,

sendo seis multinacionais e apenas uma nacional.

3.3. COLETA DE DADOS

Existem diversas formas de coletar dados para realização de um estudo de caso. De acordo

com Yin (2001), a entrevista é uma das mais importantes fontes de dados. Outras fontes de dados

podem incluir a observação pessoal, conversas informais e a participação em reuniões e eventos

(VOSS at al., 2002). A entrevista pode ser definida como uma técnica de pesquisa que visa obter

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informações de interesse a uma investigação e apresenta vantagens e desvantagens como mostrado

no Quadro 7.

Quadro 7 – Vantagens e desvantagens da entrevista

Vantagens Desvantagens

• obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos do tema em evidência;

• obtenção de dados em profundidade a partir de uma pessoa que vivencia a situação em questão;

• os dados obtidos podem ser classificados e quantificados;

• não exige que o respondente saiba ler ou escrever;

• maior flexibilidade no trabalho de investigação (pode-se explicar o significado das perguntas, captar expressões corporais, tonalidade de voz e ênfase das respostas)

• falta de motivação do entrevistado para responder;

• facilidade de fornecimento de respostas falsas e/ou induzidas pelo entrevistador;

• inabilidade ou incapacidade do entrevistado para responder (memória fraca, vocabulário insuficiente, problemas psicológicos);

• questões mal elaboradas promovendo uma visão tendenciosa sobre o assunto;

• influência das opiniões do entrevistador: o entrevistado dá as respostas que o entrevistador quer ouvir.

Fonte: autora.

As classes de entrevistas podem ser divididas em duas vertentes: estruturadas e não

estruturadas. A diferença entre essas duas metodologias encontra-se na utilização ou não de um

questionário pré-estabelecido. No caso desse trabalho, foi utilizado o método estruturado, o qual conta

com uma relação padronizada e fixa de perguntas, cuja ordem e redação permaneceram invariáveis

para todos os entrevistados. Esse questionário foi formulado com base na revisão bibliográfica

realizada, de forma a obter dados sobre o processo de servitização nas indústrias químicas. Esse

relatório de perguntas visava à obtenção de respostas como: o quão importante à venda de serviços é

para a indústria; o quanto os colaboradores da empresa sabem sobre esse assunto; em que áreas e

setores da indústria a oferta de serviços é válida; entre outras.

Segundo Voss at al. (2002), no processo de definição das pessoas a serem entrevistadas,

sobressaem aqueles que têm mais informações sobre os dados que estão sendo pesquisados.

Portanto, foram entrevistadas pessoas que estavam inseridas e/ou já estiveram em uma indústria

química. A importância de entrevistar essas pessoas está ligada às suas experiências e ao fato de que

elas estão em contato com o processo como um todo, cotidianamente.

Uma entrevista pode ser realizada de diversas maneiras. A forma como essa entrevista deve

ser realizada depende de alguns fatores, como relevância do método escolhido e disponibilidade e

acessibilidade do entrevistado. Nesse trabalho, as entrevistas foram realizadas ‘face to face’, ou via

vídeo conferência, de acordo com a preferência e disponibilidade do entrevistado.

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Além das entrevistas, buscou-se outra forma de pesquisar o tema abordado no trabalho. Os

websites de cada empresa foram utilizados como fonte secundária de pesquisa. Neles buscou-se

confirmar alguns dados obtidos durante as entrevistas e, também, acrescentar mais alguma informação

relevante, que os entrevistados não tivessem mencionado.

3.3.1. Elaboração do questionário

A partir de toda informação obtida durante o processo de revisão bibliográfica e da análise de

alguns parâmetros que seriam de grande importância para a realização desse estudo de caso,

elaborou-se um questionário para realização das entrevistas. Esse questionário foi elaborado de modo

a obter informações do entrevistado e da empresa em que ele trabalha. Desse modo, seria possível,

após a entrevista, analisar o conteúdo obtido de uma maneira geral. As perguntas com relação a

empresa tinham como intuito obter informações sobre o perfil da empresa, mas, principalmente, sobre

os serviços que ela oferece, uma vez que esse é o tema abordado nesse trabalho.

A princípio criou-se o primeiro questionário, que pode ser visto no APÊNDICE A. Com base

nesse questionário foi realizado pré-teste de modo a confirmar a eficácia das perguntas. Duas pessoas

foram entrevistadas com base nesse primeiro questionário. As respostas foram analisadas e, após

reunião com o orientador, viu-se a necessidade de algumas alterações, uma vez que algumas

informações necessárias para a análise dos dados não haviam sido obtidas. Dessa maneira, elaborou-

se um segundo questionário, o qual obtinha maior foco no assunto desse trabalho. Essa versão final do

questionário pode ser vista no APÊNDICE B.

3.3.2. Definição dos entrevistados

Após a elaboração do questionário, fez-se necessário selecionar os entrevistados. Nessa etapa

do trabalho, muitas pessoas foram contatadas, dentre elas: amigos, familiares e colegas de faculdade.

Dentre todos, foram selecionadas oito profissionais, de acordo com disponibilidade e relevância deles.

Todos eles estão, atualmente, inseridos na indústria química, porém em diferentes setores, algo que

enriquece o estudo de caso.

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3.3.3. Entrevistas

Definido os entrevistados, foram agendadas as datas das entrevistas. Dentre as entrevistas

realizadas, cinco foram feitas pessoalmente e as outras três foram realizadas através de vídeo

conferência, de acordo com a disponibilidade do profissional. Para evitar um viés na pesquisa, devido a

tipos diferentes de obtenção de dados, as entrevistas realizadas via vídeo conferência foram bem

analisadas, e concluiu-se que praticamente não havia diferença entre realizar a entrevista face-to-face

ou por vídeo conferencia, uma vez que o instrumento de pesquisa utilizado foi exatamente o mesmo e

na mesma sequência.

Todas as entrevistas tiveram como base o mesmo questionário (APÊNDICE B). Além disso, as

informações fornecidas eram anotadas no momento em que o entrevistado falava e desse modo foi

possível registrar as informações para que pudessem ser analisadas futuramente.

3.3.4. Pesquisa das empresas em outras fontes

As entrevistas realizadas forneceram informações sobre as sete empresas pesquisadas. Para

garantir a qualidade dos resultados obtidos, foi realizada outra técnica de pesquisa, a busca de

informações no website de cada empresa. Portanto, através da pesquisa de cada empresa fez-se uma

nova coleta de dados. Os dados obtidos através das entrevistas foram comparados e analisados

juntamente com aqueles obtidos através da pesquisa diretamente ao website. Essa forma secundária

de pesquisa trouxe informações relevantes, uma vez que apresentava as informações da empresa,

com relação tanto ao perfil da empresa quanto aos serviços oferecidos pela mesma, de maneira

impessoal, pela visão da própria empresa.

3.4. ANÁLISE DE DADOS

Após a coleta de dados, foi feita uma análise do conteúdo obtido. Tal análise consistiu em

revisar, examinar, categorizar e organizar os dados através de meios que permitam fácil visualização e

entendimento.

Esta etapa de revisão consistiu em garantir que a coleta de dados havia sido feita com

eficiência e que dados não foram esquecidos ou perdidos durante o processo. Como a coleta foi feita

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através de um questionário, foi verificado que todas as perguntas foram respondidas por todos os

entrevistados e que essa documentação estava devidamente arquivada.

As respostas obtidas foram analisadas visando conferir a eficácia das mesmas em relação à

pesquisa. Analisar os dados de forma a colocá-los em categorias, consistiu na terceira etapa. Nessa

etapa, foram criados textos e quadros de acordo com as entrevistas e o tema servitização.

Primeiramente, criou-se um quadro que descrevia o perfil dos profissionais entrevistados. Esse quadro

incluía algumas características pessoais e alguns dados do cargo e empresa na qual o entrevistado

trabalha. Em seguida, fez-se um quadro sobre as empresas, em que os entrevistados trabalham. Esse

quadro apresenta algumas características da empresa, como ano de fundação e localização. Por fim,

fez-se um quadro síntese de todas as entrevistas realizadas. Os quadros foram criados para facilitar a

visualização e interpretação dos dados. Dessa forma, o material obtido foi solidamente organizado para

estudar o assunto abordado.

Após organização dos dados, fez-se uma busca em outras fontes sobre as empresas, incluindo

tanto os dados de tal empresa, quanto algumas características de produtos e serviços. Os dados

obtidos nas entrevistas foram comparados ao referencial teórico estudado. A revisão bibliográfica feita

no início do trabalho, também foi utilizada para melhor compreender as entrevistas e poder analisar os

dados obtidos. Foi feita uma análise crítica sobre a implementação do processo de servitização nas

indústrias químicas bem como suas vantagens. Finalmente, foi feita uma conclusão com base em toda

a análise feita durante a realização do projeto.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. PERFIL DOS ENTREVISTADOS E DAS EMPRESAS

Com o intuito de analisar todas as informações possíveis obtidas através das entrevistas, foram

feitos alguns quadros para melhor visualização dos dados. Das entrevistas realizadas, as informações

foram destacadas em três diferentes quadros. O primeiro deles sintetiza o perfil das pessoas

entrevistadas, o segundo aborda o perfil das empresas em que os entrevistados trabalham e o último

quadro é uma síntese das informações obtidas sobre o tema do trabalho. Com relação à pesquisa

realizada em outras fontes, foi feito um quadro com os dados obtidos sobre as empresas através do

respectivo website. Todos esses quadros estão apresentados e explicados ao longo do texto.

4.1.1. Perfil dos entrevistados

O quadro 8 apresenta informações referentes aos profissionais entrevistados. Todos os dados

relatados neste quadro foram obtidos durante as entrevistas. Ele traz informações relevantes referentes

à formação e ao cargo que o entrevistado ocupa na empresa. A partir desses dados pôde-se analisar

de uma maneira geral o perfil dos entrevistados.

O quadro 8 está dividido em três partes: dados pessoais, formação e dados do emprego. Na

primeira parte, destacou-se apenas a idade e o sexo dos entrevistados. Dentre os dados de formação,

incluiu curso, instituição e ano de formação de cada pessoa. Na última parte, fez-se referência à

empresa em que o profissional trabalha, o cargo que ele ocupa na empresa, bem como a cidade da

planta em que ele trabalhou.

Ao analisar o perfil dos candidatos entrevistados, pode-se notar que há uma grande

semelhança entre eles. A idade tem uma variação de apenas sete anos, sendo que o entrevistado mais

novo tem 23 anos e o mais velho 30. Dentre os oito entrevistados, seis deles são engenheiros, sendo

apenas dois deles formados em cursos diferentes. A maioria das pessoas entrevistadas fez o curso na

Universidade de São Paulo (USP). Ademais, todos são, praticamente, recém-formados. A maior

diferença entre os entrevistados encontra-se nos dados do emprego, tanto no cargo ocupado como na

região em que trabalha. O quadro 8 mostra que os entrevistados apresentam uma base

significativamente semelhante e um perfil consideravelmente parecido. Isso faz com que as

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informações, por eles fornecidas, sejam provenientes de fontes similares, facilitando o entendimento

das entrevistas e aproximando o resultado obtido.

Quadro 8 – Perfil dos entrevistados

Ent

revi

stad

o Dados Pessoais Formação Dados do Emprego

Idade Sexo Curso Instituição1 Ano Empresa Cargo na Empresa Cidade da

Planta

1 24 M Engenharia Industrial Química

EEL-USP 2014 A Engenheiro de

Produção

Yantai, Shandong

(China)

2 29 M Geologia UNESP-Rio Claro 2007 B Coordenador Petrópolis

3 25 M Ciências

Econômicas PUC-Campinas 2014 C Analista Financeiro Jaguariúna

4 30 M Engenharia

Química EEL-USP 2010 B

Trainee Mestre Cervejeiro

Petrópolis

5 23 F Engenharia de

Materiais FEI 2012 D Analista São Paulo

6 25 M Engenharia

Química EEL-USP 2012 E

Engenheiro de Campo

Rio de Janeiro

7 29 M Engenharia

Química EEL-USP 2009 F Supervisor Barueri

8 29 M Engenharia

Química EEL-USP 2010 G Gerente Industrial Jacareí

Fonte: autora.

4.1.2. Perfil das empresas

As entrevistas proporcionaram algumas informações básicas sobre as empresas, conforme

mostrado no Quadro 9. Foi perguntado aos entrevistados a respeito do ano de fundação da empresa e

sua localização. A maioria citou apenas a localidade da planta, em que trabalhou. Outros entrevistados

citaram o local da origem da empresa e outros lugares em que a empresa possui plantas ao redor do

mundo. No quadro 9, foi colocado o país de origem da empresa, ou seja, o local onde a empresa foi

fundada e, também, alguns outros locais onde elas possuem fábricas. O quadro 9 também apresenta

1 Siglas Utilizadas no Quadro 8 EEL-USP: Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo UNESP-Rio Claro: Universidade Estadual Paulista – Rio Claro PUC-Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas FEI: Fundação Educacional Inaciana – Centro Universitário

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informações como segmento, porte e classificação. As informações apresentadas no quadro 9 foram

obtidas através das entrevistas e complementadas e confirmadas através do website de cada empresa.

Quadro 9 – Perfil das empresas

Empresa Ano de

Fundação Segmento

País de Origem

Plantas

A 1978 Polímeros,

Petroquímica China

China, Brasil, EUA, Turquia, Hungria, Índia, etc.

B 1994 Alimentos, Bebida Brasil Brasil (Boituva, Petrópolis,

Teresópolis e Rondonópolis).

C 1999 Alimentos, Bebidas Brasil Brasil, Chile, Argentina,

Canadá, Peru, Equador, etc.

D 1860 Metalúrgico Alemanha Alemanha, Brasil, etc.

E 1914 Catalisadores,

Tecnologias para Offshore

EUA EUA, Brasil, Inglaterra, etc.

F 1802 Produtos Químicos,

Polímeros EUA EUA, Brasil, etc.

G 1897 Químicos, Plásticos e

Agropecuários EUA

EUA, Brasil, Espanha, Inglaterra, etc.

Fonte: autora.

Observou-se que todos os entrevistados trabalharam apenas em plantas situadas no Brasil,

exceto por duas pessoas: o entrevistado 1 trabalha em uma das plantas da empresa A, a qual fica

localizada na China e o entrevistado 8 trabalhou em duas plantas da empresa G, uma nos Estados

Unidos e, atualmente, na planta localizada no Brasil.

Foi perguntado aos entrevistados o ano de fundação da empresa em que trabalham, no

entanto, conforme pesquisado posteriormente notou-se que alguns entrevistados mencionaram o ano

de instalação da empresa no Brasil. No quadro 9, apresentou-se apenas o ano de fundação da

empresa em seu país de origem. Pode-se observar que três empresas foram fundadas no século XIX,

enquanto quatro empresas foram fundadas durante o século XX. O ano de instalação das empresas no

Brasil também foi consultado, viu-se que todas as empresas foram instaladas durante o século XX com

exceção da empresa D, a qual veio ao Brasil no inicio do século XXI. Percebe-se que as empresas

estão consolidadas no Brasil e no mundo, que são empresas de grande porte e que atuam em

segmentos de extrema importância, enriquecendo o universo do estudo de caso.

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4.1.3. Produtos e serviços

A fonte primária dos dados coletados para esse trabalho são as entrevistas, uma vez que os

websites das empresas apresentam poucas informações relacionadas ao tema estudado. No entanto,

vale ressaltar que a utilização de outro meio de pesquisa agrega valor ao estudo de caso. Por esse

motivo, a pesquisa realizada através dos websites de cada empresa teve como intuito, além de

confirmar os dados obtidos pelos entrevistados, adicionar algumas informações não fornecidas pelos

mesmos. O quadro 10 apresenta uma síntese das informações coletadas através da internet. Esse

quadro aborda os principais produtos e serviços fornecidos por cada empresa.

A pesquisa nos websites proporcionou informações similares e, também, complementares às

entrevistas. Foi observado que as indústrias de bens de consumo (empresas B e C) fornecem maiores

informações com relação aos produtos em seus websites. As demais indústrias, além de apresentarem

um portfólio de produtos, apresentam alguns serviços proporcionados, principalmente relacionados a

soluções e consultorias.

Quadro 10 – Produtos e serviços

Empresa Principais Produtos Principais Serviços

A Poliuretano termoplástico (TPU),

petroquímicos e químicos especiais Soluções e P&D

B Cerveja, chopp, energético, água,

refrigerante, isotônico e vodka Atendimento ao cliente

C Cerveja, chopp, refrigerante, chá, isotônico e

energético Atendimento ao cliente

D Barras de aço

Feiras e congressos

Assistência técnica

Desenvolvimento de novos produtos para o cliente

E Catalisadores, adsorventes e petroquímicos.

Soluções de processos nas áreas de refinaria, petroquímicos, gás e hidrogênio, biocombustíveis e água

Design, otimização e treinamentos.

F Produtos agrícolas, aditivos, alimentícios,

polímeros para diversos segmentos e biomateriais

Soluções de energia

Inovação científica e Consultoria

G

Plásticos, resinas, water solutions, monômeros, crackers de destilação, oil and

gases, agrícolas (herbicidas, pesticidas, sementes transgênicas), entre outros

Soluções nas áreas de agricultura, energia, transporte e infraestrutura.

Fonte: autora.

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4.2. RESULTADOS DAS ENTREVISTAS

A parte essencial das entrevistas para esse trabalho foi a referente às perguntas relacionadas

aos serviços fornecidos pelas empresas. O quadro 11 descreve os principais serviços mencionados

pelos profissionais entrevistados e detalha cada um deles, da forma que o entrevistado colocou durante

a entrevista.

Quadro 11 – Síntese das entrevistas

Entrevistado / Empresa

Principais Serviços Serviços Detalhados

1/A 1 – P&D

2 – Suporte Técnico

1 - Soluções de problemas dos clientes e desenvolvimento de novas tecnologias que atendam às expectativas de um mercado cada vez mais

exigente e inovador.

2 - Atendimento das necessidades, dúvidas e resolução de possíveis problemas em relação ao processamento dos produtos na fábrica do cliente.

2/B

1 – Assistência Técnica

2 – Assepsia das Chopeiras

3 – Auxilio a Novos Estabelecimentos

1 - É feita uma manutenção das chopeiras, caso ela esteja com algum defeito, uma chopeira nova é instalada no lugar.

2 - Limpeza interna e externa das chopeiras.

3 - A empresa auxilia o novo estabelecimento e em troca o novo estabelecimento vende o produto da empresa.

3/C

1 – Instalação e Manutenção de Geladeiras

2 – Apoio a Eventos

1 – Instalação e manutenção de geladeiras para acondicionamento adequado de seu produto.

2 – Organização de eventos como: Circuito Facul, Patrocínio a eventos esportivos, etc.

4/B

1 – Assepsia de Chopeiras

2 – Assistência Técnica

3 – Desenvolvimento de Chopeiras

4 – Novos Estabelecimentos

1 - É feito quinzenalmente em todos os estabelecimentos clientes limpeza interna e externa das chopeiras.

2 – Conserto de chopeiras defeituosas e troca de chopeiras muito antigas.

3 - Algumas chopeiras são feitas sob encomenda para os clientes. Elas são personalizadas e trazem um atrativo a mais para o estabelecimento.

4 – Auxilio para novos estabelecimentos.

5/D

1 – Desenvolvimento de Novos Produtos no Projeto

do Cliente

2 – Assistência Técnica

1 – Desenvolvimento quando o cliente possui alguma dificuldade em seu processo.

2 - Quando o cliente possui alguma dificuldade com o material.

6/E

1 – P&D

2 – Projetos de Engenharia

3 – Assistência Técnica Remota e em Campo

1 – Serviços de pesquisa e desenvolvimento para clientes.

2 – Projetos na área de engenharia voltados para a necessidade do cliente.

3 - Assistência técnica durante todo processo de construção e partida das unidades

7/F Serviços de Consultoria em Segurança e Produtividade

Aplica seus conhecimentos e conceitos desenvolvidos ao longo de mais de duzentos anos em serviços de consultoria. Os principais temas oferecidos nas consultorias são relacionados à melhoria da segurança e produtividade.

8/G Atendimento e Suporte ao

Cliente

Produtos de especialidades requerem atenção avançada aos clientes (market driven). Dessa forma especialistas suportam desenvolvimento, aplicações e suporte técnico aos clientes em loco. Ademais uma das unidades possui entrega com prazo mínimo diferenciado do mercado.

Fonte: autora.

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O quadro 11, portanto, é um quadro síntese das informações relevantes obtidas durante todas

as entrevistas. Ele é constituído por três colunas, a primeira delas identifica o entrevistado e a empresa

em que ele trabalha, a segunda coluna indica os principais serviços oferecidos pelas empresas e a

terceira coluna explica de forma mais detalhada o que são esses serviços que as empresas fornecem

ao consumidor. As informações disponíveis nesse quadro foram a principal fonte de dados para a

conclusão do trabalho. As informações foram analisadas criteriosamente e comparadas com aquelas

obtidas durante a revisão bibliográfica. Com toda essa análise, procurou-se compreender melhor o

processo de servitização e a sua importância nas indústrias químicas.

As entrevistas foram realizadas de modo a obter algumas informações importantes sobre os

produtos e serviços oferecidos por cada empresa. De acordo com a revisão bibliográfica feita

previamente, notou-se que os serviços vêm sendo oferecidos pelas empresas de modo a

complementar o lucro, uma vez que esse tem ficado estagnado com a oferta apenas de produtos,

processo conhecido como servitização. O intuito das entrevistas foi entender o papel da servitização

nas Indústrias Químicas. Por esse motivo, definiram-se as perguntas do questionário baseando na

ideia de servitização. A síntese das informações relevantes obtidas durante as entrevistas está

mostrada no Quadro 11.

4.3. ANÁLISE DOS DADOS

4.3.1. Classificação dos serviços

A primeira etapa da análise dos dados constituiu na elaboração de um quadro, que visava

esclarecer se os serviços oferecidos pelas empresas poderiam ser classificados como servitização. O

quadro 12 aborda todos os serviços oferecidos pelas empresas, tanto aqueles mencionados durante as

entrevistas como os serviços encontrados na pesquisa nos websites. As informações obtidas durante

todo o processo de coleta de dados foi analisada tendo como base a revisão bibliográfica. Desse modo,

de acordo com as definições de servitização descritas na revisão bibliográfica dividiram-se os serviços

oferecidos pelas empresas em três colunas, respondendo a pergunta: ‘É servitização?’. Na primeira

coluna foram selecionados todos os serviços que se enquadram no conceito de servitização, na

segunda, por outro lado, foram selecionados aqueles que não se enquadram nesse conceito e, por fim,

na última coluna foram selecionados os serviços que podem ou não ser classificados como

servitização, dependendo da forma que a empresa oferece tal serviço.

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Quadro 12 – Classificação dos serviços

É servitização?

Serviços oferecidos pelas empresas Sim Não Depende

Pesquisa e Desenvolvimento X

Assistência Técnica X

Assepsia e Desenvolvimento de Chopeiras X

Auxílio a Novos Estabelecimentos X

Instalação e Manutenção de Geladeiras X

Apoio a Eventos X

Auxílio no Desenvolvimento de Produtos e Projetos X

Consultoria X

Feiras e Congressos X

Fonte: autora.

Pesquisa e Desenvolvimento: este serviço foi categorizado como depende, uma vez que pode

ser oferecido de duas formas. Pode ser constituído pelo desenvolvimento de novos produtos

ou tecnologias para melhoria do produto a ser vendido. A empresa fabricante busca melhorar o

seu produto para conseguir mais clientes e/ou fidelizar clientes antigos. No final do processo a

empresa continua vendendo o produto fabricado, por esse motivo esse serviço não se encaixa

no processo de servitização, uma vez que a empresa não vende o serviço, mas sim o produto

com maior valor agregado. No entanto, o serviço de pesquisa e desenvolvimento pode ser

também considerado como um aprimoramento de um produto e/ou serviço comprado pelo

cliente. O cliente necessita de uma melhoria em um produto ou serviço que compra da

empresa, dessa forma essa empresa fornece esse desenvolvimento agregando valor ao

produto/serviço vendido.

Assistência Técnica: este é um tipo de serviço complexo para analisar, uma vez que cada

empresa tem diferentes conceitos para assistência técnica ou suporte técnico. Por esse motivo,

esse quesito foi classificado como ‘Depende’, já que é um serviço que engloba diferentes

conceitos. Algumas empresas consideram como assistência técnica o atendimento, o

esclarecimento de dúvidas, entre outros; nesse caso, não há servitização, uma vez que não há

nenhum produto e/ou serviço comprado pelo cliente. É apenas um serviço adicional que a

empresa oferece para satisfazer o cliente e com essa satisfação, manter credibilidade e

fidelidade para com o mesmo. No entanto, algumas empresas definem assistência técnica

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como um serviço oferecido ao cliente após a compra de seu produto, alguma manutenção e/u

conserto que possa vir a ser necessário. Nesse caso, se o cliente está adquirindo o serviço de

manutenção do fabricante junto com o produto em si, a assistência técnica é um tipo de

servitização, podendo ser categorizada dessa maneira. De acordo com as entrevistas

realizadas, as empresas A e D não se enquadram na servitização por se enquadrarem na

primeira descrição feita previamente. Por outro lado, as demais empresas engajam-se no

segundo processo descrito previamente podendo ser definidas no quadro de servitização.

Assepsia e Desenvolvimento de Chopeiras: a empresa oferece duas maneiras de se adquirir o

produto. Na primeira delas, o cliente pode adquirir uma chopeira personalizada de acordo com

o design do seu estabelecimento, além de assistência técnica à chopeira, a empresa também

oferece o serviço de assepsia que deve ser feito rotineiramente. A segunda maneira é através

da locação de chopeiras, onde a empresa também oferece assistência técnica e serviço de

assepsia. Ambos os contratos ainda colocam que a empresa contratante deve vender o chopp

da empresa fabricante por um determinado período, o que de garante a fidelização do cliente

ao fabricante. O valor a ser pago pelo cliente inclui o produto e os serviços adquiridos. Desse

modo, esse serviço enquadra-se no conceito de servitização, uma vez que a empresa vende

um serviço que agrega valor ao seu produto principal.

Auxílio a Novos Estabelecimentos: para novos estabelecimentos a empresa oferece um serviço

de avaliação do local onde vai ser aberto o novo estabelecimento, verifica-se também o tipo de

cliente que irá frequentar o estabelecimento e também como é o bairro e a comunidade local.

Com isso, a empresa consegue fidelizar esses novos clientes e estabelecer vários tipos de

contrato, com oferecimento de produtos, geladeiras, copos, mesas, cadeiras, entre outros

produtos. Esse serviço representa um maior valor agregado aos produtos que a empresa

oferece e, por esse motivo esse caso engaja-se na definição de servitização.

Instalação e Manutenção de Geladeiras: a empresa oferece a opção de vender apenas o

produto (a cerveja) ou vende o produto com o serviço de refrigeração. Nesse caso, a empresa

fornece a geladeira ao cliente e realiza qualquer manutenção necessária durante o período de

vigência do contrato. A compra apenas do produto, não encaixa-se na servitização, no entanto,

a compra do produto e do serviço oferecido pela empresa, enquadra-se no processo de

servitização, uma vez que a o cliente adquire não apenas um produto, mas também um serviço

ocasional.

Apoio a Eventos: a empresa fornece apoio e patrocínio a eventos e jogos esportivos como

forma de divulgação. Esse serviço não pode ser considerado como servitização, uma vez que

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não gera lucro para a empresa e não há alguém comprando tal serviço. É apenas uma forma

de marketing, em que a empresa divulga suas marcas e seus produtos.

Auxilio no Desenvolvimento de Produtos e Projetos: o cliente precisa de algumas modificações

e melhorias pontuais no produto fornecido pelo fabricante, portanto o fabricante desenvolve

projetos relacionados a melhoria desse produto e vende ao cliente. Esse serviço vendido

juntamente com a venda do produto entra no conceito de servitização, porque o fabricante está

vendendo um serviço juntamente com a venda do produto requisitado pelo cliente.

Consultoria: a empresa vende produtos, a consultoria de seus produtos vem como um serviço

adicional que o cliente pode adquirir ou não. Dessa forma, quando a empresa não é uma

empresa apenas de consultoria, ou seja, ela vende produtos e oferece a consultoria como um

serviço adicional, a consultoria acaba entrando na definição de servitização. Esse serviço tem

grande valor para o cliente, uma vez que a empresa fabricante do produto tem grande

conhecimento sobre o mesmo, o que facilita o processo de consultoria e garante melhores

resultados ao cliente.

Feiras e Congressos: a participação em feiras e congressos traz para a empresa diversos

benefícios em termos comerciais. A empresa consegue divulgar a marca e simultaneamente

negociar e até fechar contratos com as empresas do ramo. Essas atividades, no entanto, não

são vendidas ao cliente e por isso não se enquadram na definição de servitização.

Através dessa análise pontual de cada serviço oferecido pelas empresas, pode-se perceber

que alguns se enquadram no conceito de servitização, porém outros estão engajados a outros

conceitos. Sendo assim, não é todo e qualquer serviço prestado por uma empresa que pode ser

considerado como servitização, existem definições para esse termo que devem ser analisadas no

momento de categorizar os serviços.

4.3.2. Ocorrência dos serviços nas empresas

A análise dos serviços que foram categorizados como servitização levou a formação do quadro

13, o qual apresenta os serviços prestados e em quais empresas esse serviço é considerado como

servitização. Portanto, mesmo que haja algum serviço oferecido por uma empresa apresentado no

quadro 11, pode ser que esse serviço não esteja marcado na mesma empresa no quadro 13, uma vez

que nessa empresa esse serviço não é fornecido como forma de servitização. O motivo pelo qual os

serviços foram categorizados ou não como servitização está descrito ao longo do item 4.3.1. Vale

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ressaltar que o quadro 13 enfatiza a importância da servitização nas indústrias químicas, já que

apresenta uma amostragem dos serviços mais oferecidos pelas empresas, podendo expandir a análise

qualitativa para uma análise quantitativa. Através dos dados obtidos no quadro 13, fez-se uma análise

percentual do fornecimento de serviços pelas empresas com o intuito de quantificar a importância da

servitização.

Quadro 13 – Ocorrência dos serviços nas empresas

Grupo Serviços Indústria

A B C D E F G

I

P&D X X X X X

Desenvolvimento de Choppeiras X

Auxilio no Desenvolvimento de Produtos e Projetos X X

II

Assistência Técnica X X X X X

Assepsia de Choppeiras X

Instalação e Manutenção de Geladeiras X

III Auxilio a Novos Estabelecimentos X

IV Consultoria X

Fonte: autora.

O quadro 13 foi dividido em quatro grupos, com tipos de serviços comuns agrupados entre si.

Isto é, notou-se que alguns serviços foram nomeados de maneira diferente pelos entrevistados e/ou

empresas, mas, no entanto, representam um mesmo serviço. O grupo I, representado pela cor lilás, é

composto por pesquisa & desenvolvimento, o desenvolvimento de chopeiras e o auxilio no

desenvolvimento de produtos e projetos e, de forma geral, se enquadram no mesmo serviço, o qual

consiste no desenvolvimento de produtos, projetos ou tecnologias para o cliente. Esse serviço é

nomeado de pesquisa e desenvolvimento. O grupo II agrupa os serviços de assistência técnica,

assepsia de chopeiras e instalação e manutenção de geladeiras, representado pela cor laranja, que

são formas específicas de assistência técnica que a empresa fornece ao cliente e, por esse motivo,

passam a ser denominadas apenas de Assistência Técnica. Por fim, os serviços de auxilio a novos

estabelecimentos (verde - grupo III) e consultoria (azul - IV) são serviços diferenciados que as

empresas oferecem e, portanto, constituem por si só um grupo específico de serviço, cada um deles.

A análise do quadro 13 leva a elaboração de dois gráficos. O gráfico 1 mostra a porcentagem

em que os serviços podem ser encontrados nas empresas pesquisadas. Esse gráfico aborda os quatro

grupos de serviços oferecidos pelas empresas que se enquadram no conceito de servitização e a

ocorrência dos mesmos nas empresas. O gráfico 2 evidencia com que frequência as empresas

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oferecem serviços relacionados à servitização. Ambos os gráficos foram feitos tendo como base de

cálculo a porcentagem. Para a construção do gráfico 1 selecionou uma linha do quadro 13 e dividiu a

quantidade de vezes que aquele serviço é oferecido pela quantidade total de empresas. Já na

contrução do gráfico 2, uma coluna do quadro 13 foi selecionada e dividiu a a quantidade de vezes que

aquela empresa oferece algum tipo de serviço pela quantidade total de serviços, sendo que foram

considerados os quatro serviços principais como base de cálculo.

Gráfico 1 – Ocorrência de cada tipo de serviço

Fonte: autora.

Com base no gráfico 1, pode-se perceber que a pesquisa e desenvolvimento e a assistência

técnica são os serviços mais oferecidos pelas empresas, sendo que de sete empresas analisadas,

cinco fornecem esses serviços. Por outro lado, o auxílio a novos estabelecimentos e a consultoria são

serviços menos assíduos, sendo que o primeiro é oferecido apenas pela empresa B e o segundo é

oferecido apenas pela empresa F. Isso ocorre devido ao fato de que a pesquisa e desenvolvimento e a

assistência técnica podem ser oferecidos de diversas maneiras de acordo com o produto que a

empresa fornece. Já o auxilio a novos estabelecimentos e consultoria são serviços mais específicos, o

primeiro não pode ser fornecido por empresas de qualquer segmento, necessita que o cliente seja

algum tipo de estabelecimento para que possa dar o auxílio, já o segundo é um serviço que a empresa

precisa ter pessoal qualificado para poder oferecer, isso reduz o número de empresas que oferecem tal

serviço.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

P&D Assistência Técnica Auxílio a NovosEstabelecimentos

Consultoria

Porcentagem dos Serviços Oferecidos pelas Empresas

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O gráfico 2 mostra, em termos de porcentagem, quantos serviços são oferecidos por cada

empresa. Nota-se que nenhuma empresa oferecido os quatro tipos de serviços e apenas uma empresa

não oferece serviços relacionados a servitização.

Gráfico 2 – Ocorrência de servitização

Fonte: autora.

É visível que as empresas B e F apresentam o maior número de serviços relacionados à

servitização dentre as empresas pesquisadas, oferecendo três dos quatro serviços classificados como

servitização. A empresa G oferece dois serviços, ou seja, oferece 50% dos serviços. As empresas C e

D oferecem cada uma um (25%) serviço. E por fim, a empresa A não oferece serviços relacionados à

servitização.

Com a análise das entrevistas e de todos os dados obtidos durante a monografia, entende-se

que a servitização é um processo que vem sendo adotado pelas empresas como um meio de agregar

valor ao produto vendido. A construção dos gráficos 1 e 2 propicia uma facilidade visualmente a análise

dos dados e garante uma clara visão da importância da servitização nas empresas. Nota-se também

que as grandes empresas que enfrentam grandes concorrências são as empresas que estão

adquirindo servitização em seu portfólio, uma vez que esse processo aumenta lucratividade, expande o

quadro de clientes e fideliza clientes antigos. Dessa maneira, as empresas tendem a se diferenciar e

trazer maiores vantagens ao cliente, podendo ganhar sua preferência. Por esse motivo e conforme

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

A B C D E F G

Porcentagem de Servitização em Cada Empresa

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mencionado por muitos profissionais durante as entrevistas, acredita-se que a oferta de serviços é

muito positiva tanto na visão do cliente como pelo lado da própria empresa.

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5. CONCLUSÃO

O presente trabalho fez uma análise do processo de servitização em indústrias químicas.

Tendo em vista o cenário competitivo encontrado nos dias de hoje, a implementação do processo de

servitização é vantajoso para as empresas, pois agrega valor aos produtos já vendidos e garante uma

clientela fiel e duradoura, uma vez que a venda dos serviços inclui contratos com determinado tempo

de vigência.

Todos os dados apurados na coleta foram esquematizados em quadros e gráficos, os quais

propiciaram uma visão mais clara enfatizando os pontos principais para análise. Com isso, conclui-se

que a utilização do processo de servitização é de extrema importância para aumentar os lucros,

garantir a fidelização de clientes antigos e expandir o quadro de clientes. Ademais, foi possível

identificar quatro grupos específicos de serviços que podem ser caracterizados como servitização para

a indústria química sendo eles: pesquisa e desenvolvimento, assistência técnica, auxílio a novos

estabelecimentos e consultoria. Concluiu-se, também, que as empresas vêm utilizando esses grupos

específicos de serviços com assiduidade.

Conclui-se, por fim, que a oferta de serviços atrelados ao processo de servitização é muito

positiva do ponto de vista da empresa e do cliente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE A – Questionário (Versão 1)

Questionário

Nome

Idade

Nome da empresa em que trabalha

Setor da empresa

Cargo que ocupa na empresa

Localização da empresa

Você sabe qual a diferença entre produtos e serviços?

Quais os produtos que a empresa produz?

Quais serviços que a empresa oferece?

Como você enxerga a contribuição dos serviços para os negócios da empresa? Em sua opinião a

oferta de serviços é positiva?

Com relação às empresas do mesmo setor, elas oferecem os mesmos serviços? Quais os diferenciais

da empresa em que você trabalha?

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APÊNDICE B – Questionário (Versão 2)