Trabalho de Hanseniase
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Introdução
A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica, causada por uma bactéria denominada
micobaterium leprae, que atinge pessoas de todas as idades, principalmente aquelas na faixa
etária economicamente ativa, tendo assim grande importância para a saúde pública, devido à
sua magnitude e seu alto poder incapacitante.
Conhecida pelo nome de Lepra durante sua história, a hanseníase é uma doença muito
antiga, que tem uma terrível imagem na história e na memória da humanidade, pois desde
tempos remotos tem sido considerada uma doença contagiosa, mutilante e incurável,
ocasionando rejeição, discriminação e exclusão do doente na sociedade. As pessoas
acometidas pela hanseníase foram confinadas e tratadas em leprosários durante muitos anos, o
que deu origem ao estigma da doença e ao preconceito contra o doente. O estigma ligado à
hanseníase ocorre desde tempos imemoráveis, sendo por isso uma condição complexa, que
exige um processo de mudança gradativo através dos anos. Nesse sentido, muitas ações foram
e ainda estão sendo desenvolvidas com o objetivo de amenizar esse estigma. Uma dessas
ações foi a mudança do nome lepra para hanseníase, mas nem todos os países adotaram esta
nomenclatura. O Brasil teve a iniciativa pioneira de substituir oficialmente o termo lepra por
hanseníase, contribuindo para a redução do preconceito e o estigma que envolve a doença.
A transmissão da hanseníase se dá por meio de uma pessoa doente e sem tratamento,
que elimina os bacilos pelas vias áreas superiores, infectando outras pessoas suscetíveis.
Estima-se que somente uma parcela da população que entra em contato com a bactéria
manifeste a doença, que acomete principalmente a pele e os nervos periféricos, mas também
se manifesta de forma sistêmica, comprometendo articulações, olhos, testículos, gânglios e
outros órgãos. O diagnóstico da hanseníase é realizado essencialmente nos serviços de
Atenção Básica de Saúde, por meio do exame dermatoneurológico, com o objetivo de
identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade ou comprometimento de
nervos periféricos.
Grande esforço global tem sido empregado, sob orientação da Organização Mundial
de Saúde (OMS), com o objetivo de eliminar a hanseníase como problema de saúde pública.
Mesmo na atualidade, apesar dos significativos avanços, a hanseníase continua sendo uma
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doença estigmatizante, que acarreta transtornos físicos e psicológicos às pessoas em
tratamento.
A hanseníase tem cura e o tratamento é extremamente eficaz quando são
diagnosticados os primeiros sintomas cedo. Quanto mais precoce for o tratamento mais seguro
e eficaz será a cura da doença, no entanto alguns fatores sociais colocam certa dificuldade
para as pessoas quanto ao conhecimento da doença, por falta de informação algumas pessoas
não chegam a procurar o tratamento precoce e deixa a doença evoluir causando vários danos
que às vezes chegam a ser irreparáveis, portanto alertar sobre o perigo da hanseníase e levar o
conhecimento sobre a doença a população é muito importante para a redução dos casos de
hanseníase no mundo.
Através deste trabalho nós iremos apresentar uma visão geral do que é a hanseníase,
sua ampla história no mundo antigo e contemporâneo, os principais ricos e danos que ela pode
causar ao individuo, as formas de transmissão da doença, o diagnóstico, prevenção e
tratamento, os aspectos epidemiológicos, fatores de risco e demais fatores importantes para
um bom conhecimento prévio sobre este mal que aflige a população mundial a milhares de
anos.
História
A Hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças que acomete o homem,
existindo referências mais remotas datadas de 600 a.C, e precede da Ásia que, juntamente
com a África, podem ser consideradas o berço da doença.
Há relatos de casos desde os tempos bíblicos, com o nome de lepra, como era
conhecida antigamente e que, ao longo dos anos, se disseminou por todo o mundo,
inicialmente através dos movimentos das Cruzadas, peregrinações e, posteriormente, com os
processos de colonizações. Desta forma, tornou-se endêmica graças à associação de fatores
como as más condições de higiene, alimentação e moradia, originadas do rápido crescimento
da população e sua concentração no confinado espaço das cidades medievais e colônias.
Dos tempos bíblicos ao período moderno, a hanseníase foi descrita como uma
doença que causava horror por conta da aparência física do doente não tratado – lesões
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ulcerantes na pele e deformidades nas extremidades e associada a estigma, os mais diversos.
Esta marca de desonra fisicamente presente nas feridas e nos membros desfigurados do
"leproso" e incorporada à sua identificação lançou a doença no lado mais obscuro da
sociedade. Ela significou, ainda, ao longo de anos, exclusão do convívio social devido à única
forma de tratamento existente até meados do século XX, que era o isolamento nos leprosários.
A criação dos leprosários em todo o mundo foi uma medida utilizada para tentar
conter a disseminação da doença, onde os pacientes eram isolados e obrigados a usar
vestimentas características que os identificassem e portar sinos ou matracas que alertassem as
pessoas sadias sobre sua aproximação. Entretanto, tais medidas não foram eficientes no
controle da doença, ao contrário, apenas contribuíram para aumentar o medo e o preconceito
contra seus portadores associados à imagem do pecado, das impurezas da alma e do castigo
divino, aumentando o estigma da doença.
Ao longo dos anos, a Hanseníase começou a diminuir gradativamente em todo o
mundo devido, provavelmente, à melhoria das condições de vida da população com relação
aos aspectos sanitários e socioeconômicos, havendo a necessidade inclusive de mudança dos
esquemas terapêuticos e dos hábitos de confinamento. Além disso, a adoção de novas
políticas voltadas para a educação em saúde, acompanhamento de comunicantes e aplicação
da BCG, detecção de casos novos, tratamento dos doentes e prevenção de incapacidades
físicas que a doença pode causar, favoreceram a sua redução de casos.
Aspectos epidemiológicos
A Hanseníase é causada pelo M. leprae, ou bacilo de Hansen, nome dado em
homenagem ao pesquisador que o descobriu em 1873, o médico norueguês Gerhard Henrik
Amauer Hansen. Trata-se de um parasita intracelular obrigatório que se aloja principalmente
nas células de Schwann e na pele. Seu longo período de incubação – 2 a 7 anos – e sua
reprodução lenta resultam em uma evolução clínica insidiosa da doença, que se manifesta
principalmente através de lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos,
mãos e pés.
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O contágio dá-se por contato direto com o indivíduo não tratado, através da eliminação
dos bacilos pelas vias aéreas superiores do trato respiratório. Deve-se, portanto, haver um
contato íntimo, prolongado e uma predisposição para adquirir a doença. Sendo assim, a
Hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, no entanto, raramente
em crianças. Observa-se uma maior incidência da doença nos homens do que nas mulheres,
na maioria das regiões do mundo. Admite-se que as vias aéreas superiores constituem a
principal porta de entrada e via de eliminação do bacilo. A pele erodida, eventualmente, pode
ser porta de entrada da infecção. As secreções orgânicas como leite, esperma, suor, e secreção
vaginal, podem eliminar bacilos, mas não possuem importância na disseminação da infecção.
Embora a hanseníase hoje se mantenha nos países mais pobres e nestes nos estratos de
população menos favorecidos, não se sabe ao certo o peso de variáveis como moradia, estado
nutricional, infecções concomitantes (HIV e malária), e infecções prévias por outras
microbactérias. O papel de fatores genéticos tem sido avaliado há muito tempo, a distribuição
da doença em conglomerados, famílias ou comunidades com antecedentes genéticos comuns
sugere esta possibilidade.
A prevalência (casos em registro) tem declinado no mundo e a meta de eliminação
vem sendo alcançada em vários países. O número de casos novos registrados no ano tem se
mantido estável, mostrando que muitos casos novos irão surgir nos próximos anos. Outro
aspecto que preocupa é a prevalência oculta, definida como os casos novos esperados que não
esteja sendo diagnosticados ou o são tardiamente. Enquanto a doença se torna mais rara em
alguns países ou regiões, quinze países com mais de 1 milhão de habitantes foram
considerados endêmicos pela Organização Mundial da Saúde ao final de 2000. No mundo
existiam 597.232 casos registrados, e foram diagnosticados 719.330 casos novos.
Para se combater a doença, é prioritário que o diagnóstico seja feito o mais
precocemente possível, antes da instalação das incapacidades físicas e da eliminação de
bacilos, o que possibilita a cura do paciente sem seqüelas físicas e interrompe a cadeia
epidemiológica da infecção. Cerca noventa por cento (90%) da população tem resistência ao
bacilo de Hansen (M. leprae), e conseguem controlar a infecção. As formas contagiantes são a
virchowiana e a dimorfa. Nem toda pessoa exposta ao bacilo desenvolve a doença, apenas
cerca de 5%. Acredita-se que isto se deva a múltiplos fatores, incluindo a genética individual.
Indivíduos após 15 dias de tratamento ou já curados não transmitem mais a doença.
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Sintomas
Os sintomas mais freqüentes nos casos de Hanseníase são o aparecimento de
manchas hipocrômicas, com alteração de sensibilidade e presença de cãibras, formigamentos,
choques, que evoluem para dormência; formação de pápulas, infiltrações, tubérculos e
nódulos, normalmente sem sintomas; diminuição ou queda de pêlos, localizada ou difusa,
especialmente nas sobrancelhas e falta ou ausência de sudorese no local. Além destes, outros
sintomas menos comuns podem ser perceptíveis como: dor e/ou espessamento de nervos
periféricos; diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados, edema de
mãos e pés; febre e artralgia; entupimento, feridas e ressecamento de nariz; mal estar geral e
ressecamento dos olhos.
A hanseníase pode ser classificada em quatro formas clínicas deiferentes:
Indeterminada é a forma inicial, caracterizada por uma ou poucas lesões hipocrômicas
e planas, sem espessamento de nervos;
Tuberculóide resulta da evolução da doença em indivíduos não tratados que
apresentam resistência natural ao bacilo. É caracterizada por lesões limitadas, em
placa, com a presença de pápulas (tubérculos), podendo haver o comprometimento de
nervos;
Virchowiana é conseqüência do desenvolvimento da doença em indivíduos não
tratados que não apresentam resistência ao M. leprae. Apresenta manchas eritematosas
e infiltradas, de limites imprecisos, podendo surgir pápulas, tubérculos, infiltrações em
placas e lesões circunscritas denominadas hansenomas. Geralmente apresentam
comprometimento neural lento e insidioso;
Dimorfa apresenta características transitórias entre as formas tuberculóide e
virchowiana, com lesões neurais importantes.
Diagnóstico
O diagnóstico da hanseníase é realizado através do exame clínico, quando se busca os
sinais dermatoneurológicos da doença. É feito através do exame físico onde procede-se uma
avaliação dermatoneurológica, buscando-se identificar sinais clínicos da doença. Antes,
porém, de dar-se início ao exame físico, deve-se fazer a anamnese colhendo informações
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sobre a sua história clínica, ou seja, presença de sinais e sintomas dermatoneurológicos
característicos da doença e sua história epidemiológica, ou seja, sobre a sua fonte de infecção.
O roteiro de diagnóstico clínico constitui-se das seguintes atividades:
• Anamnese - obtenção da história clínica e epidemiológica;
• avaliação dermatológica - identificação de lesões de pele com alteração de sensibilidade;
• avaliação neurológica - identificação de neurites, incapacidades e deformidades;
• diagnóstico dos estados reacionais;
• diagnóstico diferencial;
• classificação do grau de incapacidade física.
Para definir-se como caso de Hanseníase, a pessoa deverá estar apresentando no
momento da consulta médica, um ou mais critérios listados a seguir, com ou sem história
epidemiológica, sendo: lesão(ões) de pele com alteração de sensibilidade; espessamento do(s)
nervo(s) periférico(s); acompanhamento de alteração de sensibilidade; e baciloscopia positiva
para o bacilo de Hansen.
O diagnóstico da Hanseníase é feito através do exame físico, onde é realizada uma
avaliação dermatológica que visa identificar lesões na pele com alterações da sensibilidade
térmica, dolorosa ou tátil, típicas da Hanseníase. Faz-se também a avaliação neurológica que
consiste na inspeção dos olhos, nariz, mãos e pés, palpação dos troncos nervosos periféricos,
avaliação da força muscular e avaliação de sensibilidade nos olhos, membros superiores e
inferiores. A palpação dos nervos periféricos tem o objetivo de verificar se há espessamento
dos nervos que inervam os membros superiores e inferiores, visando prevenir lesões neurais e
conseqüentes incapacidades.
A Hanseníase pode ser confundida com outras doenças dermatológicas ou
neurológicas, que apresentam sinais e sintomas semelhantes aos seus. Portanto, o profissional
médico, deve fazer o diagnóstico diferencial em relação a essas doenças. Exames diagnósticos
como baciloscopia e reação de Mitsuda devem ser realizados como forma complementar ao
exame clínico.
De acordo com o número de lesões que o portador de Hanseníase apresenta, ele
pode ser classificado operacionalmente sob duas formas, para fins de tratamento específico,
sendo:
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Paucibacilares(PB) , onde o indivíduo apresenta até cinco lesões cutâneas,
representando o estágio não transmissível da doença e;
Multibacilares(MB), onde o indivíduo apresenta mais de cinco lesões, estes pacientes
são considerados de alto poder de transmissão e da forma de disseminação da doença.
Tratamento
A hanseníase tem cura. O tratamento é feito nas unidades de saúde do SUS e é
gratuito. A cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce for o diagnóstico. O tratamento é
por via oral, constituído pela associação de dois ou três medicamentos.
O tratamento da Hanseníase é ambulatorial, padronizado pela OMS e indicado
pelo Ministério da Saúde, feito através da Poliquimioterapia, constituída de rifampicina,
dapsona e clofazimina acondicionados em quatro tipos de cartelas, com a composição e
esquemas terapêuticos prescritos de acordo com a classificação operacional de cada caso.
O esquema de tratamento para os pacientes com poucas lesões é constituído por
uma dose mensal de rifampicina e doses diárias auto-administradas de dapsona, com duração
de 6 doses mensais. Já o esquema com pacientes com muitas lesões consiste em uma dose
mensal de rifampicina e doses diárias auto-administradas de dapsona e clofazimina, em um
total de 12 doses mensais. Em alguns casos, pacientes em tratamento com a doença muito
avançada necessitam de varias doses adicionais.
Os pacientes em tratamento devem possuir agenda de consultas de rotina a cada 28
dias para receberem, além das orientações e avaliações, a administração da dose
supervisionada e nova cartela com os medicamentos para doses auto-administradas no
domicílio.
Prevenção
É importante que se divulgue junto à população os sinais e sintomas da doença e a
existência de tratamento e cura, através de todos os meios de comunicação. A prevenção
consiste no diagnóstico precoce de casos e na utilização do BCG. Para tal recomenda-se o
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exame dermato-neurológico de todos os contatos intra-domiciliares do caso diagnosticado.
Considera-se os conviventes do domicílio nos últimos cinco anos. Depois do exame clínico o
contato será encaminhado para a aplicação da BCG por via intradérmica. Os contatos sem
cicatrizes prévias receberão duas doses de BCG, com intervalo de seis meses entre elas.
Aqueles com uma cicatriz irão receber uma dose da BCG.
A partir do diagnóstico de um caso de hanseníase deve ser feito de imediato a
investigação epidemiológica de todo caso novo objetivando romper a cadeia epidemiológica
de transmissão da doença. Deve-se procurar identificar a fonte de contágio do doente,
descobrir novos casos de hanseníase entre os conviventes no mesmo domicílio e realizar
exame dos contatos intradomiciliares (toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido
com o doente nos últimos cinco anos). Esta ação é justificada pelo fato de que elas apresentam
um maior risco de adoecerem do que a população em geral.
As pessoas que tiveram contato com portadores da hanseníase devem receber
informações sobre a doença e serem informados da necessidade de ficarem atentos ao
aparecimento de sinais e sintomas, visando fazer um diagnóstico precoce
Caso Clínico
Paciente do sexo feminino, 39 anos, parda, natural e procedente de Fortaleza, foi
atendida em posto de saúde, queixando-se de “feridas” no corpo, ha cerca de dois anos,
surgindo como pequenos “caroços” e prurido disseminado. Foi medicada com
dexclorfeniramina e creme de betametasona com gentamicina, Havendo melhora parcial do
quadro. Apos o período de uso da medicação, a paciente engravidou e apresentou recaída com
aparecimento de inúmeras lesões pruriginosas disseminadas. Diante do quadro, fez uso de
benzoato de benzila, itraconazol, dexclorfeniramina e creme de betametasona com
gentamicina, porem sem melhora clinica. Em novembro de 2006, foi então encaminhada ao
Centro de Referencia Nacional em Dermatologia Sanitária Dona Libania para elucidação
diagnostica.
Ao exame dermatológico, apresentava inúmeras lesões papulosas violáceas em tronco
e membros, sendo algumas eritematosas e outras escoriadas). Sugeriram se como hipóteses
diagnosticas: sífilis, líquen plano e hanseníase. Foram realizados hemograma, prova de função
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hepática e renal, baciloscopia e exame histopatológico em coxa direita e coxa esquerda.
Hemograma, VDRL, provas de função hepática e renal não mostraram alterações patológicas.
O índice baciloscopico foi de 4,75. O exame histopatológico de ambas as coxas revelou
dermatite crônica linfohistiocitaria perivascular e perianexial, com pesquisa de BAAR,
revelando numerosos bacilos e globias no processo inflamatorio, configurando hanseníase
borderline. Clinicamente, caracterizada por hanseníase borderline virchowiana. Foi iniciada a
poliquimioterapia com dapsona, clofazimina e rifampicina, como preconizado pela OMS. A
paciente apresentou regressão parcial do quadro clinico, apos a quarta dose do tratamento.
Não houve reação arsênica.
DISCUSSÃO
A hanseníase pode se manifestar de diversas formas clinicas, e o seu diagnostico se
baseia, fundamentalmente, no surgimento de lesões cutâneas, com perda da sensibilidade
(térmica, dolorosa e táctil), espessamento neural e baciloscopia positiva.6 Na pele, a doença
apresenta um polimorfismo de lesões em que variam, desde manchas, papulas, placas e
nódulos ate infiltração difusa, dependendo da resposta imunológica do individuo.
No relato, a paciente apresentou lesões papulosas violáceas, pruriginosas, em tronco e
membros, de aspecto liquenoide, nas quais não são características da hanseníase. Através da
baciloscopia e do exame histopatológico, foi confirmado o diagnostico de hanseníase
borderline, o que nos mostra a variedade de apresentações clinicas da doença.
O termo erupcao liquenoide se refere a lesoes papulosas, presentes em determinadas
desordens de pele, no qual o líquen plano e o protótipo. As papulas são brilhantes, achatadas,
poligonais, de diferentes tamanhos e ocorrem em grupos, criando um padrão que se assemelha
ao líquen, crescendo em rochedos. O histopatológico e caracterizado por hiperqueratose,
aumento focal da camada granulosa, acantose em dentes de serra, degeneração hidrópica da
camada basal e infiltrado linfocitário, em faixa na derme papilar
Conclusão
A hanseníase por muito tempo foi sinal de segregação social e preconceito, levando as
pessoas portadoras da doença a sofrer em todos os pontos, tanto no corpo como na alma, a
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falta de tratamento na antiguidade fez os doentes levarem uma vida de extremo sofrimento e
dor física e emocional, sem esperanças de uma cura ou vida melhor, essas pessoas sofriam
durante a vida isolados esperando a morte chegar para lhes trazer o descanso e paz.
Com a evolução dos tratamentos de saúde trouxe uma cura simples e eficaz para uma
doença que era vista como mortal e extremamente temida por todos os povos, assim essas
pessoas puderam em fim ter esperança de uma vida melhor e a hanseníase deixou de ser vista
como uma doença extremamente perigosa e temida. Em todos os países desenvolvidos e em
grande parte dos países em desenvolvimento, a hanseníase não é um problema tão grave para
a população e o governo, porem em países subdesenvolvidos, onde há miséria e falta quase de
tudo, incluindo a saúde, a hanseníase ainda se propaga como antigamente, quando ainda não
existia nenhum tipo de tratamento eficaz, causando muita dor e sofrimento nas populações
carentes.
Em países em desenvolvimento como no Brasil, os casos de hanseníase que avançam
causando grandes danos aos doentes somente ocorrem por causa da falta de informação das
pessoas, principalmente as mais carentes, mesmo que os governos disponibilizem o
tratamento gratuito, as pessoas não procuram o tratamento precocemente, ou acabam
procurando por tratamentos caseiros, por causa da grande semelhança da hanseníase com
outras doenças de peles comuns ou alergias, deixando a doença evoluir até causar grandes
danos ao seu corpo e sua saúde, o que poderia facilmente evitado se elas tivessem um mínimo
de informação e conscientização sobre a doença.
Por fim, os países devem investir em campanhas de prevenção e conscientização sobre
a hanseníase, para que um povo bem informado possa procurar um atendimento de saúde
profissional precocemente, evitando a proliferação da doença.
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