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TRABALHO DE LITERATURA INGLESA Análise da obra ¨A tragédia de Macbeth” INTRODUÇÃO Título: A tragédia de Macbeth. Autor: William Shakespeare. Gênero: Tragédia. Data da primeira publicação: 1623. É a única peça de Shakespeare aparentemente relacionada à situação histórica da Inglaterra do século XVI. A história que Shakespeare narra é parcialmente real. O poeta imaginou os diálogos e as situações, mas os acontecimentos descritos sucederam-se na realidade. A peça Macbeth demonstra que Shakespeare estava atento à sua época e que era um investigador minucioso que nada deixava ao acaso, abrilhantando o seu texto com lendas, superstições e folclore popular. William Shakespeare utilizava-se da imagem caótica da sociedade, massacrada por um sistema dominador, para produzir seus dramas fascinantes e capazes de fazer o espectador buscar o entendimento de si mesmo, como personagem de um momento histórico que ainda não permitia ao homem descobrir-se inteiramente enquanto parte de uma sociedade em movimento. Tema A destruição causada quando a ambição não for controlada pelas restrições morais. Sugestão O problema sugerido pela peça se dá quando alguém decide usar a violência em busca do poder, tornando-se difícil parar.

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TRABALHO DE LITERATURA INGLESA Análise da obra ¨A tragédia de Macbeth”

INTRODUÇÃO

Título: A tragédia de Macbeth.

Autor: William Shakespeare.

Gênero: Tragédia.

Data da primeira publicação: 1623.

É a única peça de Shakespeare aparentemente relacionada à situação

histórica da Inglaterra do século XVI. A história que Shakespeare narra é

parcialmente real. O poeta imaginou os diálogos e as situações, mas os

acontecimentos descritos sucederam-se na realidade.

A peça Macbeth demonstra que Shakespeare estava atento à sua época

e que era um investigador minucioso que nada deixava ao acaso,

abrilhantando o seu texto com lendas, superstições e folclore popular.

William Shakespeare utilizava-se da imagem caótica da sociedade,

massacrada por um sistema dominador, para produzir seus dramas fascinantes

e capazes de fazer o espectador buscar o entendimento de si mesmo, como

personagem de um momento histórico que ainda não permitia ao homem

descobrir-se inteiramente enquanto parte de uma sociedade em movimento.

Tema

A destruição causada quando a ambição não for controlada pelas

restrições morais.

Sugestão

O problema sugerido pela peça se dá quando alguém decide usar a

violência em busca do poder, tornando-se difícil parar.

Enredo Duncan, rei da Escócia, era conhecido como o Bom e tinha como seu

parente próximo um bravo guerreiro chamado Macbeth, general escocês, o

qual era muito querido por toda a corte.

Macbeth acabara de lutar contra um exército inimigo e voltou vitorioso

desta batalha. Assim que venceu esse exército rebelde, Macbeth teve, durante

seu retorno, que atravessar uma estranha região florestal na companhia de seu

amigo Banquo que também era um general do rei Duncan.

Os dois, Macbeth e Banquo, durante a viagem de volta, viram surgir

nesta floresta três feiticeiras que costumavam aparecer naquela região para

praticar adivinhações.

As duas primeiras feiticeiras profetizaram que Macbeth ocuparia o título

de General de Cawdor e que depois seria coroado Rei da Escócia. Logo após

isso, as três feiticeiras profetizam que os filhos de Banquo serão reis da

Escócia, e dizendo essas coisas elas desaparecem.

Após este momento, aparecem mensageiros do rei trazendo a notícia

que Macbeth passara a ser Barão de Cawdor, concretizando o que as

feiticeiras tinham profetizado.

Macbeth estava feliz, pois se as profecias estivessem corretas, ele

assumiria o trono num futuro próximo, mas o fato de as feiticeiras dizerem que

os filhos de Banquo seriam os reis da Escócia o preocupava muito.

Lady Macbeth, esposa de Macbeth, era uma mulher muito ambiciosa e,

ao saber das profecias, e da preocupação do marido, começa a planejar a

morte do rei Duncan para acelerar o processo de ocupação do trono por seu

marido.

Certa noite, o rei e seus filhos decidem visitar a casa de Macbeth. Lady

Macbeth, aproveitando-se da situação trama a morte dele, mas não consegue

concluir o assassinato. Mesmo hesitando em tomar parte deste plano, Macbeth

acaba por assassinar o rei com um punhal enquanto este dormia.Os filhos do

rei, Malcolm e Donalbain fogem para reinos vizinhos com medo de serem

mortos.

Após a morte do rei, Macbeth assume o trono e vive momentos de

glória, mas o fato das feiticeiras dizerem que os filhos de Banquo seriam os reis

da Escócia, ainda o preocupava. Sendo assim, Macbeth planeja o assassinato

de Banquo e de Fleance, filho deste, mas Flence acaba escapando após a

morte de seu pai, o qual em forma de fantasma passou a assombrar Macbeth.

Lady Macbeth também passa a ter delírios e acaba por revelar ao seu

médico e sua camareira a verdadeira culpa pelos assassinatos. Posteriormente

ela acaba cometendo suicídio.

Atormentado, Macbeth procura novamente as feiticeiras que, através

dos espíritos, lhe profetizaram sobre a intenção de Macduff tomar o seu trono e

também a linhagem de Banquo. Elas o revelaram que ele só poderia ser

derrotado se um “bosque chegasse ao castelo”, e que ele não precisaria

preocupar-se, pois “nenhum homem nascido de mulher” poderia matá-lo,

porém avisa-o para tomar cuidado com Macduff, o nobre que fugiu com

Malcom, filho do Rei.

Enquanto isso, Malcolm e Macduff se encontram na Inglaterra e pedem

ajuda ao rei para depor Macbeth, para isso contam com Siward e mais dez mil

homens, emprestados pelo rei da Inglaterra.

Furioso, Macbeth vai até o castelo de Macduff e assassina a mulher e os

filhos deste. Macduff é procurado por mensageiros que contam a ele a tragédia

com sua família, Macduff decide voltar para a Escócia e lutar contra Macbeth.

Com a ajuda do exército inglês, os soldados se camuflaram, seguraram

troncos e ramos de árvores e isso, sendo visto de longe, parecia um bosque ou

uma montanha em movimento, cumprindo-se então a primeira parte da

segunda profecia das feiticeiras.

Começa então a guerra entre os exércitos e o duelo entre Macbeth e

Macduff. Durante a luta, Macbeth diz ao oponente que está seguro porque

nenhum homem nascido de mulher poderia matá-lo, mas Macduff revela a ele

que não nasceu, e sim, foi tirado prematuramente do ventre da mãe por

cesariana, cumprindo-se então a segunda parte da segunda profecia das

feiticeiras.

Depois de duro combate, a cabeça de Macbeth é cortada por Macduff

que a entrega para Malcom como presente. Este sobe ao trono de Duncan e é

muito bem vindo pelos nobres e pelo povo.

Personagens

Macbeth, general do exército do rei Duncan, é o personagem

protagonista desta narrativa. É um bravo nobre escocês que, incitado por sua

esposa Lady Macbeth, assassina o rei Duncan e toma seu trono. Seu reinado,

porém, é marcado pela desconfiança e pelo medo.

Inicialmente, Macbeth foi um guerreiro fiel em uma posição de poder,

mas no decorrer da peça ele transforma-se em um homem de personalidade

branda que era dominado pela esposa e por sua própria ambição. Macbeth,

sendo guerreiro, era leal a seu rei e a sua nação. Ele também era retratado

com um homem bravo e de forte personalidade.

O personagem Macbeth pode ser classificado como personagem

redondo, pois é mais complexo que os planos, apresentando uma maior

variedade de características.

Macbeth torna-se seu próprio antagonista quando não consegue

escapar de sua própria consciência, pois é simultaneamente um criminoso e

seu próprio carrasco.

“[...] Macbeth é o seu próprio antagonista e luta uma batalha fadada não apenas contra o mundo, mas contra ele próprio.” (STAUFER, Donald A. Shakespeare’s World of Images: The Development of his Moral Ideas. New York: Norton, 1949.)

Por ser um homem inicialmente honesto, sua trajetória caminha para o

assassinato e traição, simbolizando como a ambição pode manchar ainda a

mais pura das almas.

Este personagem foi inspirado no Rei Jaime VI, da Escócia, que foi um

patrono da companhia de teatro de Shakespeare e de todas as suas peças.

A história escrita sob o reinado de James/Macbeth reflete claramente a

mais estreita relação do dramaturgo com o soberano. Ao se concentrar em

Macbeth, uma figura da história escocesa, Shakespeare faz uma homenagem

à linhagem escocesa do rei.

Em sua trajetória, Macbeth se torna mais hábil para a batalha do que

para a intriga política, pois ele não consegue reinar sem que ao mesmo tempo

sem mostre como um tirano, passando a agir diante de cada problema com

violência e assassinato, sendo incapaz de arcar com as consequências

psicológicas de suas atrocidades.

Shakespeare usa este personagem para mostrar os efeitos terríveis que

a ambição e a culpa podem ter sobre um homem sem um forte caráter. Ele

classifica Macbeth como homem mal, porém seu caráter fraco o difere de

alguns grandes vilões de suas peças Iago em Otelo, Edmund em Rei Lear, que

são fortes o suficiente para conquistar a culpa e insegurança.

Para refletir a tensão trágica dentro de Macbeth, Shakespeare faz com

que este personagem oscile entre momentos de ação febril, traçando uma série

de assassinatos para garantir seu trono; momentos de culpa terrível ( como

quando o fantasma de Banquo aparece para ele ); e pessimismo absoluto (

como quando sua esposa morre e ele entra em desespero ).

Macbeth, ao mesmo tempo em que era ambicioso demais para permitir

que sua consciência o impedisse de percorrer o seu caminho até o trono, era

muito consciente de ser feliz com ele mesmo como um assassino.

Ao final da história ele parece aliviado com a chegada do Exército Inglês

para combatê-lo, pois ele pode assim assumir sua posição de guerreiro,

posição esta posição parecia à ele mais confortável, pois não teria, nesse

momento, que lutar contra si mesmo com suas agitações internas.

O círculo se completa quando ele é derrotado no campo de batalha, pois

no início da história ele foi vitorioso também em um campo de batalha.

Lady Macbeth, esposa de Macbeth, é personagem secundária da

narrativa, ela era corajosa, dominadora e possessiva, trabalhando ativamente

para atingir seus objetivos. Esta personagem foi inspirada em Gruoch, rainha

da Escócia no século XI.

Mesmo Macbeth sendo o protagonista, é Lady Macbeth quem inicia a

ação, quem cria a trama, quem arma a ação política e ressalta o caráter

amoral, mostrando mais vontade de ocupar o trono do que seu marido.

Sua alienação conjunta do mundo, ocasionada pela sua parceria no

crime, parece fortalecer a ligação que eles têm um com o outro. Tanto Macbeth

como sua esposa, se complementam, sendo ela, o vetor de força da peça, é

ela quem age por criar toda a situação, que articula o mal que lhe trará o bem

desejado.

“[...] Shakespeare pode também ter dado à ela uma outra parte de Macbeth,

ambos se complementando, e a parte que fica para esta senhora não é

simplesmente o da Eva que oferece a maçã em forma de punhal ao Adão

Macbeth. Lady Macbeth é, sem dúvida, uma personagem poderosa, a força que

cria a ação trágica da peça..” ( Syntia Pereira Alves - mestranda do Programa de

Estudos Pós-graduados em Ciências Sociais, e membra do NEAMP (Núcleo de

Estudos em Arte, Mídia e Política), Departamento de Política, Faculdade de

Ciências Sociais.)

Ela se torna obcecada e começa a ter visões de sangue em suas

mãos, demonstrando a falsidade aparente de negação de sentimentos e

consciência.

Shakespeare parece usar esta personagem para supor a ideia de que

as mulheres podem ser astutas e usar métodos, supostamente masculinos,

para alcançar o poder. Elas podem ser tão ambiciosas e cruéis como os

homens, ainda que constrangimentos sociais possam negar-lhes, de certa

forma, os meios para perseguir essas ambições por conta própria.

Enquanto os personagens masculinos são tão violentos e propensos

ao mal como as mulheres, a agressão das personagens femininas é mais

marcante, porque vai contra as expectativas prevalecentes de como as

mulheres devem se comportar.

Seja por causa das limitações de sua sociedade, ou porque ela não é

corajosa o suficiente para matar, Shakespeare faz com que a personagem

Lady Macbeth se baseie em enganação e manipulação, em vez de violência

para alcançar seus fins.

Ao final da narrativa, Lady Macbeth morre (talvez por suas próprias

mãos).

Duncan, o Rei da Escócia, era conhecido como o Bom, um velho e

bondoso rei, assassinado pelo jovem primo Macbeth. Duncan era mais jovem

que Macbeth, ele foi morto devido a uma guerra pelo poder, seu trono.

Sua morte simboliza a destruição de uma ordem, na Escócia, que só

se retaurou quando a linha de Duncan, na pessoa de Malcolm, mais uma vez

ocupa o trono.

Banquo, amigo de Macbeth, é um capitão escocês que faz parte do

exército do rei da Escócia.

De certa forma, Banquo apresenta-se na história como um

contraponto sob a maneira de agir frente às profeizações, em relação à

Macbeth

Ele acaba sendo assassinado por Macbeth em vista de sua “ameaça” pela

conquista do trono, reaparecendo na história na forma de um fantasma que

atormenta Macbeth.

Além de possíveis razões dramáticas, Shakespeare alterou o papel

de Banquo em Macbeth por razões políticas: o rei da Escócia e rei da Inglaterra

à época, Jaime I, considerava que sua família (a Casa de Stuart) era

descendente de Banquo, o que provavelmente influenciou a caracterização do

personagem na peça.

“O Banquo shakespeariano é um personagem virtuoso, o

oposto do ambicioso Macbeth, servindo assim como um

contrapeso dramático ao protagonista” ( Mabillard,

Amanda. Sources for Macbeth. Shakespeare Online. 20 Aug.

2000.)

Malcolm, o filho mais velho do rei, refugiou-se para a Inglaterra e uniu-

se à Macduff. A restauração ao trono da Escócia por Malcolm sinaliza o retorno

à ordem, seguindo o reinado de terror de Macbeth.

Após a morte de Macbeth, Malcolm assume o trono fazendo cumprir a

profecia das feiticeiras.

Donalbain, filho mais novo do rei ,foi inspirado em DonaldoIII da

Escócia. Nesta narrativa ele, após a morte de seu pai, refugia-se na Irlanda.

Macduff, após ter sua esposa e filho assassinados por Macbeth, vai

para a Inglaterra com o objetivo de juntar-se ao exército de Malcolm, onde tem

início uma cruzada para colocar o legítimo rei, Malcolm, no trono.

Macduff também deseja vingar a morte de sua família e acaba se

tornando um líder da cruzada para derrubar Macbeth.

Ele não nascera de mulher, como previram as feiticeiras, e ao

final da história ele mata Macbeth dando a cabeça deste como presente à

Malcolm.

“Depois de duro combate, Macduff cortou a cabeça de

Macbeth, entregando-a, como presente, à Malcolm.” ( Contos

de Shakespeare, 1970 , p. 44)

Fleance, filho de Banquo, conseguiu escapar da emboscada feita por

Macbeth para assassiná-lo junto ao seu pai. Fleance não desempenha nenhum

papel grande na história, mas futuramente sua linha acaba se tornando rei

depois de Malcolm.

Apesar de ter contribuído com a retomada da Escócia de Macbeth, ele

fica descontente por não ter conseguido vingar o pai ( Banquo ) e matar

Machbeth.

Lady Macduff, esposa de Macduff, demonstra-se furiosa pelo fato de

seu marido ter deixado tudo de lado em busca do poder. Ela é assassinada

juntamente com seus filhos.

Esta personagem contrasta com Lady Macbeth, pois ela mostra-se

dedicada ao bem, diferente da outra que se dedica ao mal.

Siward, líder do exército Inglês, derrota Macbeth ao final da história. Ele

perde seu filho, o jovem Siward em uma batalha contra Macbeth.

Seyton, tenente do exército e ligado à Macbeth.

Angus, Caithness, Lennox, Menteith e Ross, nobres da Escócia.

As três bruxas, aparecem na história profetizando o futuro de Macbeth.

Simbolizam o misticismo do ano de 1500.

Em alguns aspectos eles se assemelham as Parcas mitológicas que,

segundo a mitologia romana (equivalentes às Moiras na mitologia grega), eram

três deusas: Nona (Cloto), Décima (Láquesis) e Morta(Átropos) que

determinavam o curso da vida humana, decidindo questões como vida e morte,

de maneira que nem Júpiter (Zeus) podia contestar suas decisões. Eram

também designadas fates, daí o termo fatalidade.

Um velho: Apesar de ser um personagem que não aparece muito na

história, mostra-se importante ao falar sobre as tempestades na Escócia

durante o reinado de Macbeth, que representava a natureza sendo

interrompida pela morte prematura do rei Duncan. Isso nos dá a noção a noção

de que a natureza está em ordem quando uma terra é governada por seu

legítimo Rei, um exemplo de propaganda monarquista.

Hecate, um personagem sombrio do submundo, aparece para as três

bruxas ordenando lealdade. Ela ordena que as bruxas digam à Macbeth seu

futuro de acordo com sua vontade.

Simbolos

Sangue

Durante a peça, o sangue está em toda parte, iniciando com a batalha

de abertura entre os escoceses e os invasores noruegueses; Depois o sangue

passa a simbolizar a culpa de Macbeth e de sua esposa.

O sangue simboliza a culpa que se sente como uma mancha

permanente na consciência de tanto Macbeth e Lady Macbeth, que os

perseguem até a morte.

Ao final da acção, o sangue parece estar em toda a parte.

Visões e alucinações

Durante a peça, ocorrem visões e alucinações, tanto de Macbeth como

de sua esposa, servindo para lembrar a cumplicidade da culpa dos dois.

Punhal coberto com sangue

Representa o curso sangrento em que Macbeth está prestes a

embarcar, pois quando ele está prestes a matar Duncan, ele vê um punhal

flutuando no ar, coberto de sangue apontando para a câmara do rei.

Mãos sujas com sangue

Lady Macbeth também tem algumas visões, como quando ela acredita

que suas mãos estão manchadas com sangue e que não podem ser lavadas

somente com água.

Shakespeare deixa subjetiva a ideia de que a visão dos personagens

seja real ou alucinatória, mas, em ambos os casos, as visões, tanto de

Macbeth como de sua esposa servem de maneira uniforme como sinais

sobrenaturais de suas culpas.

Violência

Macbeth é uma peça violenta que durante todo seu percurso fornece ao

público as descrições sangrentas da carnificina.

A ação é marcada por um par de batalhas sangrentas: na primeira,

Macbeth derrota os invasores, na segunda, ele é morto e decapitado por

Macduff.

No meio há uma série de assassinatos: Duncan, camareiros de Duncan,

Banquo, família de Macduff... todos vêm para fins sanguinários.

Profecia

Nos momentos em que aparecem as profecias, Shakespeare parece

instigar o publico à se perguntar se as bruxas são agentes independentes

brincando com vidas humanas, ou agentes do destino, cujas profecias são

apenas os relatórios do inevitável.

Shakespeare prefere deixar as personagens das bruxas fora dos limites

da compreensão humana, elas incorporam uma irracionalidade mal e

instintivas. As profecias devem ser interpretadas como enigmas, já que nem

sempre significam o que parecem dizer.

A voz que Macbeth ouve ao matar Duncan prenuncia a sua insônia e de

sua esposa.

O tempo

Shakespeare utiliza fenômenos naturais no reino natural, ou seja, desde

trovões e relâmpagos que acompanham as aparências das bruxas às

tempestades terríveis como na noite do assassinato de Duncan.

Essas violações da ordem natural refletem a corrupção nas ordens

morais e políticas.

Macbeth – Willian Shakespeare – Adaptação de Hildegard Feist

Resumo

Macbeth, era um bravo general do exército do rei Duncan, da Escócia, junto

com seu amigo e também general Banquo venceram a batalha contra os

noruegueses que tentavam usurpar o trono.

Enquanto os dois generais voltavam a Forres para levar ao seu rei o acordo de

paz firmado com o rei da Noruega, foram surpreendidos por três bruxas que

profetizaram que Macbeth seria rei em breve e os filhos de Banquo também.

Os generais não entenderam a principio a profecia das três bruxas que

desapareceram no ar sem explicar mais nada. Continuaram a sua caminhada

pensativos, quando estavam quase chegando encontram os nobres Ross e

Angus que cumprimentaram Macbeth como o novo senhor de Cawdor, e que

estavam ali a pedido do rei para escoltá-los.

A primeira profecia se cumpriu, os nobres contaram aos generais que o senhor

de Cawdor havia traído o rei Duncan e o mesmo o condenou a morte,

passando seu título e sua fortuna para Macbeth.

Macbeth foi até o rei, onde recebeu as homenagens e voltou para o seu

castelo, onde sua esposa Lady Macbeth o esperava ansiosa por notícias.

Assim que chegou Macbeth contou a esposa tudo que aconteceu com ele,

principalmente as profecias das bruxas.

Sua esposa muito ambiciosa diante da possibilidade de tornar-se rainha,

influenciou o marido a agir para que a profecia se cumprisse o mais rápido

possível, e planejou e convenceu Macbeth a assassinar o rei Duncan,

aproveitando que a comitiva do rei se hospedaria em seu palácio.

Lady Macbeth tramou um plano sinistro, ela mandou preparar um belo

banquete e pediu para que seus servos não deixassem nenhuma taça de seus

convidados vazias, assim que terminou o jantar seus convidados estavam tão

bêbados que precisaram ser carregados para seus quartos.

Lady Macbeth acompanhou os camareiros reais até os aposentos que mandou

preparar para o monarca, e disse a eles que depois que acomodassem o rei

podiam beber um gole de vinho, que ela mandou colocar no quarto. Assim que

deixou o quarto do rei, foi até o quarto vizinho onde estavam os filhos do rei e

roubou os punhais para incriminá-los.

Induzido pela esposa Macbeth esfaqueou o rei com o punhal de seus próprios

filhos. Quando o assassinato do rei foi descoberto, os camareiros foram

acusados de matar o rei a mando dos príncipes Malcolm e Donalbain, que com

medo fugiram. Para que o reino não ficassem sem um rei, os nobres decidiram

nomear Macbeth o novo rei, devido as seus laços de parentesco com o

monarca. Assim se cumpriu a segunda profecia.

Mesmo tornando-se rei, Macbeth não teve paz, temia pelo ataque de Malcolm ,

Donalbain, e

Macduff que havia deixado a Escócia para juntar-se aos filhos do rei

assassinado. Macbeth mandou matar toda família de Macduff e com medo de

que as profecias das bruxas fossem revelados, mandou matar também seu

amigo Banquo.

Com tantas mortes em suas costas, medos, desconfiança e um sentimento de

culpa, Macbeth começa a ter visões e a se comporta como um louco na frente

da nobreza. Macbeth foi até as feiticeiras e ouviu três novas profecias:

“Cuidado com Macduff”; “ Zomba do poder do homem, porque ninguém que

nasceu de mulher poderá te fazer mal”; “ Só serás vencido quando a floresta de

Birnam subir a colina de Dunsiname e marchar contra ti”.

Após essas profecias o rei tornou-se ainda mais cruel e sanguinário, confiante

que nada de mal poderia lhe acontecer.

Enquanto isso, o príncipe Malcom junto com Macduff montou um grande

exercito para destronar Macbeth, outros nobres contra as atitudes do rei

também uniram-se a eles.

No castelo real, Lady MacBeth sofria de alucinações e sonambulismo, e

durantes seus devaneios falava na necessidade de “lavar as mãos”, cada vez

mais atormentada pela culpa cometeu o suicídio.

Devido a tirania de Macbeth, muitos de seus soldados foram embora, deixando

seu exército fraco. Quando o exército de Malcolm cercou o palácio real

camuflados por galhos, e como se a floresta se movesse, nesse momento

Macbeth saiu do castelo para lutar e foi morto por Macduff, um nobre que não

nasceu de parto normal.

Dessa forma confirmaram-se toda as profecias das feiticeiras, e Malcolm

tornou-se o rei da Escócia.

Tipo de narrador

Narrador onisciente: narra a história na 3ª pessoa, um narrador que

tudo sabe, tudo vê. Ele conhece tudo sobre os personagens e sobre o

enredo, sabe o que se passa no íntimo das personagens, conhece suas

emoções e pensamentos.

Ex: “Se quem encontrar o corpo não reconhecer estes punhais de imediato,

os dois bobocas vão fugir, apavorados, quando derem por sua falta”,

pensou, tratando de sair silenciosamente como entrara. p.28

Narrador heterodiegético: o narrador não é personagem da história, é

uma entidade exterior à história; tem uma função meramente narrativa;

relata os acontecimentos.

Composição dos personagens

Personagem redondo: dinâmica, dotada de densidade psicológica,

capaz de alterar o seu comportamento e, por conseguinte, de evoluir ao

longo da narrativa.

Ex: Macbeth inicia a história como um guerreiro fiel e leal ao seu rei

Duncan, depois tornou-se uma pessoa ambiciosa e atormentada pelo medo

e pela desconfiança. Foi um rei tirano e sanguinário.

Personagem plano: estática, sem evolução, sem grande vida interior;

por outras palavras: a personagem plana comporta-se da mesma forma

previsível ao longo de toda a narrativa.

Exemplo de personagem plano não encontrei.

Tipos de espaços ou ambientes

Espaço físico: trata-se do espaço onde as personagens se

movimentam e onde ocorrem os acontecimentos, podem ser geográfico,

exterior e interior.

Geográfico: Escócia e Inglaterra.

Ex: Três vultos altos e magros como lanças espetadas no chão rodeavam

uma fogueira em meio a um campo solitário da Escócia, nas proximidades

do lago Ness. p.06

Ex: Nada, no entanto, causou tanta indignação na Inglaterra como a notícia

da morte de Banquo... p.66

Exterior: Exterior do castelo e campos de batalhas.

Ex: “Não me canso de admirar a localização deste castelo” – Duncan

comentou. “ Não sei se é altitude da colina ou a presença do bosque que

torna o ar tão fresco e tão puro. Conheço poucos lugares tão agradáveis

como este”. P.22

Ex: Macbeth foi o primeiro a sair e não demorou a constatar que, assim

como o vigia, fora vítima de um engano... p.90

Interior: Interior dos castelos

Ex: Depois de abrir a porta do quarto para eles entrarem com sua carga

preciosa, recomendou-lhes que despissem o rei com todo o cuidado e o

vestissem com a camisola de linho que estava numa cadeira. p.27

Ex: Neste momento Lady Macbeth afastou as cobertas e se levantou.

Depois de vestir um roupão, pegou o castiçal que ficava sobre a mesinha ao

lado da cama e, passando por seus observadores sem os ver, deixou o

quarto.

Espaço psicológico — este espaço é construído pelo conjunto de

elementos que traduzem a interioridade das personagens (como, por

exemplo, o sonho, a memória, as emoções, as reflexões...).

Ex: “Mas quem haveria de imaginar que ele tinha tanto sangue?...” – Lady

Macbeth se perguntou. “Ah, estas mãos nunca hão de ficar limpas?...” –

suspirou. “Controle-se !” – ordenou à pessoa invisível que o doutor identificara

como o rei. “Quer estragar tudo com os seus desvarios?” – acrescentou e,

depois de aproximar as mãos do nariz, murmurou, desalentada: “Ainda

cheiram a sangue... Nem todos os perfumes da Arábia conseguiriam tirar este

cheiro...”

Tempo

O intervalo de tempo em que o(s) fato(s) ocorre(m). Pode ser um tempo

cronológico ou psicológico.

Tempo cronológico: um tempo especificado durante o texto.

Ex: Por duas noites consecutivas, o médico da corte permaneceu postado

na antecâmara dos aposentos reais... p.76

Ex: Avançando lentamente, o cortejo demorou quase três horas para

percorrer a distância de pouco mais de dez quilômetros... p.94

Tempo psicológico: onde você sabe que existe um intervalo em que as

ações ocorreram, mas não se consegue distingui-lo.

EX: Depois de enterrar os mortos e entregar os feridos aos cuidados dos

médicos, Malcom e toda a sua corte partiram para o mosteiro de Scone, onde o

legítimo herdeiro de Duncan seria coroado sobre a mesma pedra em que seus

antecessores se sentaram para receber a suprema investidura do país. p. 93

Tema:

Poder e ambição

O tema principal de Macbeth é a destruição causada pela sua ambição ao

poder, convencido pela esposa ele mata o rei Duncan, e assim consegue

chegar ao trono, mesmo se tornando rei sua consciência não o deixa em paz,

Lady Macbeth também é atormentada pelo sentimento de culpa. A profecia das

três bruxas foi o que impulsionou o casal a cometer tantas atrocidades.

Ex: Sozinho em seu gabinete, Macbeth retomou pela enésima vez um

raciocínio que o atormentava desde a sua ascensão ao trono. “Ser rei não

basta, quando não se está tranquilo”, pôs-se a dizer consigo mesmo. p.47

Motivo:

Alucinações

As visões e alucinações que ocorrem na história servem com lembretes

para Macbeth e sua esposa não esquecerem a sua culpa. Macbeth

atormentando por mandar matar Banquo, vê o fantasma sentado na cadeira em

uma festa no castelo real e grita para a cadeira vazia, Lady Macbeth também

tem alucinações e acredita que está com as mão cheias de sangue.

EX: “O que está fazendo aqui”? – Macbeth gritou desvairado, para o intruso

que se materializava somente para ele. – “Você morreu! Morreu, ouvi bem? E

não pode dizer que fui eu... Vá embora! Vá Embora”! p.52

Violência

Como o livro tem como gênero literário a tragédia, a história é cheia de

assassinatos, suicídio e sentimentos de culpa que atormenta os

personagens. A história é marcada por duas batalhas sangrentas, a

primeira Macbeth derrota os invasores , na segunda é morto por

Macduff. No decorrer da trama há uma série de assassinato: Duncan, os

camareiros, Banquo, Lady Macduff e os seus filhos, o sangue é sempre

presente na obra.

Ex: “ Matei os camareiros” – anunciou. – “Se os tivesse matado antes, teria

evitado tamanha tragédia. Foram eles que cometeram esse crime hediondo”.

P.39

Profecia

A profecia das três bruxas provocaram mudanças na vida do

protagonista da história, que cada vez mais acreditando na profecia por

elas proferidas, se vê envolvido em uma série de terríveis

acontecimentos em busca de realizar o que fora profetizado.

Ex: “Salve Macbeth”! – a terceira exclamou e, ajoelhando-se na poeira da

estrada, completou: - “Logo serás rei”. p.10

Símbolos:

Sangue O sangue está em toda parte em Macbeth, começando pela batalha entre os escoceses e os invasores noruegueses, depois na morte do rei Duncan. O sangue na obra simboliza a culpa do casal, que começam sentir que seus crimes têm manchado-los de uma maneira que não pode ser lavada, esse sentimento de culpa os persegue até a morte.

Ex: “Nem toda a água do oceano bastaria para limpar este sangue... Ao contrário, minhas mãos é que tingiram o mar de vermelho...” p.32

Tempo

Como em outras tragédias de Shakespeare, Macbeth têm assassinatos

grotescos acompanhado de acontecimentos anormais da natureza. O trovão e

o relâmpago que acompanham as bruxas, a terrível tempestade na noite da

morte do rei Duncan, esses acontecimentos anormais refletem a corrupção nas

ordens morais.

Ex: As feiticeiras sorriram, enigmáticas como esfinges, e, abanando as mãos

quase descarnadas, desvaneceram-se como bolhas de sabão, sem deixar

vestígios. Um relâmpago riscou de alto baixo o céu azul, e um trovão

estrondeou nos ares límpidos, embora não houvesse em parte alguma sinais

de tempestade. p.12

Ex: Mal terminaram a cantiga, o céu escureceu, um trovão ribombou

ensurdecedoramente, e uma cabeça de um homem, coberta por um capacete

de ferro emergiu do caldeirão. p. 58

Feist, Hildegard

Macbeth / William Shakespeare; tradução e adaptação em português de

Hildegard Feist; ilustração de Jótah. – São Paulo: Scipione, 2002. –

(Série Reencontro literatura) 1ª edição