Trabalho de Materiais Geológicos

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Sobre a Cidade da Cultura

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  • Departamento de Arquitectura Faculdade de Cincias e Tecnologia Universidade de Coimbra Coimbra, 16 de Junho de 2014.

    CIDADE DA CULTURA Materiais Geolgicos e Arquitectura

    Danny Almeida Jos de Almeida Rodrigo Melo

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    ndice 1. Introduo ao Caso de Estudo .................................................................................................. 2 2. A Cidade da Cultura na Galiza, de Peter Eisenman .......................................................... 4 2.1. O Projecto Conceito e Intenes .................................................................................. 4 2.2. O Material A Pedra Local ................................................................................................ 5 2.3. Caractersticas do Material ............................................................................................ 10 6

    3. Concluso ....................................................................................................................................... 12 4. Bibliografia .................................................................................................................................... 16

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    1. Introduo ao Caso de Estudo Santiago de Compostela foi a cidade escolhida pela Junta da Galiza para acolher uma grande parte do programa cultural que compe a regio. A cidade um ponto de especial interesse por se destacar no territrio espanhol como local de ligaes e encontros, em que a sua maior tradio o final da rota de peregrinao religiosa que se estende desde o sculo XII at actualidade. A exposio turstica e a grandiosidade arquitectnica da cidade como principal investimento conduzido pela f fazem como que por uma imposio histrica que se torne um foco para os mais importantes acontecimentos. O concurso de ideias para a Cidade da Cultura deu incio no ano de 1999, em que no qual resultaram doze propostas dos mais conceituados nomes da arquitectura. A escolha da proposta final como objecto a ser construdo foi seleccionado tendo em conta a sua singularidade, plasticidade, conceito e a explorao do local como elemento que transmite a proposta. O local de implantao foi pr-definido pelo programa do concurso, querendo tirar partido do monte de Gais que serviria o complexo. A colina de Gais desenvolve-se a Este da cidade sendo um elemento que compe a paisagem, para alm de destacar como plano de fundo circundado pelo rio Sar na parte ocidental e pela conexo urbana de auto-estrada no sentido oriental.

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    Fotografia do arquitecto responsvel pela obra, Peter Eisenman

    Fotografia da Cidade da Cultura da autoria de Duccio Malagamba

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    2. A Cidade da Cultura na Galiza, de Peter Eisenman

    O proyecto ganador de Peter Eisenman reconcilia con grande inteligencia plstica e simblica os requisitos contrapuestos de respectar un contorno milagrosamente intacto e de subministrar una imagen inslita e sedutora. A proposta vencedora surgiu do atelier norte-americano Eisenman Architects, com um exerccio que desafiou os limites do racional e do possvel para a populao da Galiza. O projecto toca em vrios parmetros da arquitectura terica aplicada prtica, como exemplo de toda a obra de Peter Eisenman. O objectivo de criar um cone para o lugar, em resposta a um programa especfico, de certa maneira conseguido e reforado nas intervenes do arquitecto com a imprensa espanhola e tambm com o custo que este complexo cultural foi construdo. El Pas Me est diciendo que la Ciudad es su propio Guggenheim? Peter Eisenman Sin duda. Ser mi Guggenheim. Mi oportunidad para decir lo que quiero decir. 2.1. O Projecto Conceito e Intenes O pressuposto de desenvolver o projecto imagem do lugar levou o arquitecto a explorar um novo prisma do programa. O facto de querer resolver o centro cultural de forma a dar algo s pessoas que percorressem o espao projectado conduziu-o a um raciocnio projectual complexo. As suas intenes expressam-se no espao pblico entre os edifcios, onde esto presentes os traos mais fortes do plano. A morfologia da obra compreende-se na sobreposio de trs grupos de informao recolhidos do local. O primeiro, talvez o mais determinante, o estudo da planta do centro medieval de Santiago de Compostela, que resulta do desenho de vrios percursos que definem as passagens e as zonas de paragem no desenho. Este levantamento da cidade projectado sobre o monte de Gaas dando

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    Fotografia area da Cidade da Cultura com Santiago de Compostela ao fundo

    Fotografia do interior da Cidade da Cultura da autoria de Duccio Malagamba

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    origem aos limites dos edifcios. Numa segunda inteno desenhada uma grelha cartesiana sobre o levantamento das ruas medievais, dando uma orientao geogrfica que reflectida no desenho das coberturas e pavimento de rua. O terceiro passo, que d volume aos edifcios, a simulao virtual do topo do monte em que os edifcios se assentam. Os trs elementos cruzados criam um novo topo para a colina, resultando um reposicionamento artificial do aterro feito para o assentamento do programa. O projecto de arquitectura composto por seis edifcios estende-se a uma rea de cento e quarenta e oito mil metros quadrados, que resulta de uma total modificao da morfologia do terreno. O plano de fundo da cidade sempre foi a paisagem da encosta, agora passa a ser o coroamento dos edifcios culturais. O impacto ambiental da obra desastroso visto que o topo do monte de Gaas brutalmente aterrado, retirando mais de um milho de metros cbicos de terra, para dar expresso aos edifcios propostos. A inteno de acrescentar um novo contorno paisagem clara, no entanto rouba de forma bruta e impactante o perfil natural da paisagem de Santiago. Para reforar este gesto de re-perfilar Gaas, Peter Eisenman aposta nos materiais que do forma proposta, numa primeira analise perceptvel a pedra como linguagem total do conjunto. A simbologia da concha do peregrino de Santiago uma premissa do projecto que se transmite na organizao dos edifcios e se exprime pela rugosidade da forma e do material. A deciso da pedra como material absoluto d forma ao cho por onde os utentes passam e se expande para o desenho das fachadas e coberturas, fazendo com que o conjunto edificado se mostre como uma carapaa monoltica que surge do interior para o exterior do terreno. 2.2. O Material A Pedra Local A chave para concluir o projecto do complexo cultural, seguindo todas as intenes do arquitecto e respeitando o conceito da obra, est nos revestimentos. A inteno de criar um edifcio do lugar est dependente dos materiais utilizados,

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    Vista area da Cidade da Cultura

    Fotografia da Cidade da Cultura da autoria de Duccio Malagamba

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    +surgindo a pedra como elemento simblico de amarrao com a envolvente. O material de eleio a rocha quartzito extrada na localidade de Muras, municpio da Galiza que abrange a serra Gaidoira. A pedreira a cu aberto est situada a cerca de setenta quilmetros de Santiago de Compostela e consegue da sua extraco diferentes tonalidades de cor. A pedra extrada atinge duas tonalidades diferentes, uma rosa riscada e um castanho terra, o que faz com que seja diferente no momento da sua colocao em obra. As partes mais escuras reservam-se para as coberturas, enquanto que as mais claras para os muros e pavimentos. As peas que chegam obra tm caractersticas prprias, distinguindo-se com as dimenses de cinquenta por cinquenta centmetros e uma grossura de cinco centmetros. O peso de cada uma tomado em conta de forma que um trabalhador consiga manobrar as peas para a sua colocao, pesando cerca de trinta e dois quilos. 2.3. Caractersticas do Material O quartzito usado nesta obra foi extrado em uma pedreira localizada na serra Gaidoira que se situa a setenta quilmetros de Santiago de Compostela. A sua extraco com fins decorativos foi afectada devido ao cuidado, preciso e exigncia que o arquitecto imps na construo da sua obra. O uso destas rochas para finalidade ornamental necessita de um cuidado acrescentado, pois a sua valorizao como bem mineral est relacionada a aspectos visuais ligados cor, ao tamanho e forma dos gros, bem como s propriedades fsicas da rocha. As rochas que apresentam foliao e no se encontram em forma de macios rochosos no podem ser extradas em blocos. Neste caso e por ser ornamental, o facto de apresentar foliao no revela grande problema aquando a sua extraco. O quartzito extrado em placas onde posteriormente tratado e trabalhado laboriosamente em fbrica. Este mtodo pode apresentar grandes perdas pois o controlo da sua extraco no preciso.

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    Frame retirado do documentrio Build it Bigger com a pedra aplicada na cobertura da Cidade da Cultura

    Frame retirado do documentrio Build it Bigger da extraco da rocha

    Frame retirado do documentrio Build it Bigger da extraco da rocha

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    Neste caso, o primeiro mtodo de extraco da matria-prima foi mecanizado. A utilizao de retroescavadora viria de facto a ser necessria de modo a acelerar o processo de extraco. Em termos de tcnicas de corte e de modo a reduzir o seu tamanho para transporte e para etapas posteriores de beneficiamento, optou-se pelo corte em costura. Este tipo de corte baseia-se na execuo de furos via marteletes ou pelo mtodo mais tradicional, martelo e cunhas metlicas. Posteriormente, j em fbrica, a pedra trabalhada consoante a sua necessidade, tanto a nvel dimensional como a nvel de peso, neste caso 50x50x5cm e cerca de trinta e dois quilos. A sua colocao em obra foi inicialmente pensada pelo arquitecto e engenheiros de forma a facilitar a fixao da pedra no volume projectado. A criao de uma pele metlica que reveste o edificado simplificou o mtodo de fixao do quartzito nas fachadas e cobertura. Foi assim adicionada traseira da pedra um suporte metlico que permitia a sua fixao estrutura atravs de parafusos. Deste modo, era tambm possvel ajustar as pedras em termos de altura, sendo possvel alinh-las sem grande dificuldade.

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    Frame retirado do documentrio Build it Bigger da aplicao da pedra na cobertura da Cidade da Cultura

    Frame retirado do documentrio Build it Bigger da aplicao da pedra na cobertura da Cidade da Cultura

    Frame retirado do documentrio Build it Bigger com a rocha utilizada na obra

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    3. Concluso

    A Cidade da Cultura, obra do arquitecto Peter Eisenman, um edifcio que se inspira na cidade de Santiago de Compostela, articulando praas e ruas e desse modo transcendendo o mero conceito de objeto arquitectnico para se transformar numa cidade com vida prpria, onde os seus utilizadores podem usufruir tanto dos espaos exteriores como do seu interior. Assim a materializao do objecto ajuda a uma maior compreenso do seu conceito, e desse modo o uso de rocha quartzito torna-se um elemento fundamental na caracterizao deste objeto arquitectnico. Esta obra teve um custo elevado devido sua escala e ao seu carcter icnico e desse modo a sua construo implicou o uso de novas tcnicas construtivas, nomeadamente, na extraco e aplicao das rochas. A aplicao destas rochas na Cidade da Cultura est relacionado com uma procura intencional da cultura arquitectnica local que se caracteriza pelo uso extensivo de rochas na construo e decorao dos edificados mantendo assim uma identidade cultural que Peter Eisenman abrangeu com esta obra. Apesar deste lado positivo a Cidade da Cultura um desastre em termos ambientais, pois a sua construo implicou a destruio de uma boa parte do Monte Gaas descaracterizando a envolvente natural da cidade de Santiago de Compostela.

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    4. Bibliografia

    1. FERNANDZ-GALIANO, L. (n.d.). CODEX. A Cidade da Cultura. Disponvel em 09/06/2014, http://www.cidadedacultura.org/. 2. EISENMAN, P. (2010). Arquivo Web El Pas - Entrevista concedida em 11/10/2010. Disponvel em 10/06/2014, http://elpais.com/. 3. (2005). La Voz de Galicia. Disponvel em 09/06/2014, http://www.lavozdegalicia.es/hemeroteca/. 4. IAMAGUTI, A. P. S. (2001). Manual de Rochas Ornamentais para Arquitectos. Instituto de Geocincias e Cincias Exactas da Universidade Estadual Paulista, So Paulo, Brasil. 5. (2011). Built it Bigger - Documentary Temporada 2 Episdio 8. Disponvel em 10/06/2014, https://www.youtube.com/watch?v=bOB7wJ_0zf0. Disponvel em 10/06/2014, www.cidadedacultura.org/es.