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MESTRADO EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Trabalho Final de Mestrado Dissertação Entender o comprometimento organizacional hoje: Envolvimento da Função, Perceção do Suporte Organizacional e Satisfação com as recompensas. Aluno: Filipe Samico Costinha dezembro de 2013

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MESTRADO EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

Trabalho Final de Mestrado

Dissertação

Entender o comprometimento organizacional hoje:

Envolvimento da Função, Perceção do Suporte Organizacional e

Satisfação com as recompensas.

Aluno:

Filipe Samico Costinha

dezembro de 2013

MESTRADO EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

Trabalho Final de Mestrado

Dissertação

Entender o comprometimento organizacional hoje:

Envolvimento da Função, Perceção do Suporte Organizacional e

Satisfação com as recompensas.

Aluno:

Filipe Samico Costinha

Júri:

Presidente: Doutora Maria João Ferreira Nicolau dos Santos

Orientadora: Doutora Sofia Isabel Coelho Bento

Vogal: Doutora Helena Maria Rocha Serra

dezembro de 2013

RESUMO

O tipo de comprometimento organizacional (CO) existente entre os colaboradores de

uma organização tem reflexos importantes na vida organizacional. Por isso, a gestão de

recursos humanos em colaboração com a gestão de topo deve promover políticas de

recompensas (SR) concordantes com o comprometimento organizacional dos

colaboradores, como também deve, alterar formas de trabalho ou funções (EF) e intervir

no desenhar de estratégias mais adequadas de comunicação de suporte organizacional

(PSO) entre as chefias e os seus subordinados. Assim, a presente investigação analisa o

tipo de relações existentes entre os conceitos referidos (CO, SR, EF e PSO) no caso de

uma organização militar. O objetivo principal é construir um diagnóstico atual da

organização em termos de comprometimento organizacional, explorando novas

estratégias a implementar, de forma a melhorar o desempenho por parte dos

colaboradores, desenvolvendo mecanismos de retenção dos mesmos.

Palavras-chaves: Comprometimento organizacional, Envolvimento da função, Perceção do Suporte

Organizacional, Satisfação com as Recompensa e Gestão Estratégica de Gestão de Recursos Humanos.

ABSTRACT

The type of organizational commitment (OC) between the employees of an organization

has important effects in organizational life. Therefore, the management of human

resources in collaboration with top management should promote policies rewards (SR)

consistent with the organizational commitment of employees, but also must change

ways of working or functions (EF) and intervene in designing the most appropriate

strategies for communicating organizational support (POS) between managers and their

subordinates. So, this research analyzes the type of relationships that exist between

these concepts (OC, SR, EF and POS) in the case of a military organization. The main

goal is to build a current diagnosis of the organization in terms of organizational

commitment, exploring new strategies to be implemented in order to improve

performance by employees, developing, therefore, mechanisms for employee retention.

Keywords: Organizational commitment, Involvement of the function, Perception of the Organizational

Support, Satisfaction with Rewards and Strategic Management of Human Resource Management.

AGRADECIMENTOS

A realização do mestrado em Gestão de Recursos Humanos só foi possível graças ao

apoio incondicional recebido por parte da Daniela e da minha mãe, a quem expresso o

meu profundo agradecimento.

Gostaria de agradecer toda ajuda, apoio, colaboração e incentivo recebido ao longo

deste tempo da minha orientadora Professora Sofia Bento.

Por fim resta-me agradecer à Força Aérea, organização para a qual trabalho neste

momento, pela recetividade que teve para que a investigação tivesse sucesso. Em

particular agradecer aos camaradas que intervieram em todo o processo de aplicação

dentro da Organização.

Grato a todos!

ÍNDICE

INTRODUÇÃO ....... ....................................................................................................... 1

GRH em Portugal............................................................................................... 2

DEFINIÇÃO DE CONCEITOS..................................................................................... 6

Comprometimento organizacional ..................................................................... 6

Perceção do suporte organizacional ................................................................. 8

Envolvimento da função .................................................................................. 9

Satisfação com as recompensas ..................................................................... 10

OBJETIVOS DA PESQUISA ...................................................................................... 12

Hipóteses .......................................................................................................... 12

ESTUDO EMPÍRICO.................................................................................................... 14

Metodologia .............................................................................................................. 14

Instrumento ............................................................................................................... 14

Amostra ............................................................................................................ 15

Variáveis (Modelo de análise) ........................................................................ 16

RESULTADOS ............................................................................................................. 19

Caracterização da amostra .................................................................................. 19

Fiabilidade das escalas ...................................................................................... 20

Análise dos resultados ....................................................................................... 21

Análise de hipóteses ................................................................................ 21

CONCLUSÃO............................................................................................................... 29

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 32

ANEXO I - Listagem dos temas para os encontros da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas .................................................................................................................... 40

ANEXO II – Instrumento……....................................................................................... 41

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1 - Análise da fiabilidade das escalas………………………………………….20

TABELA 2 - Correlação entre as variáveis envolvimento da função e comprometimento

afetivo……………………………,………...………………………..……..21

TABELA 3 - Correlação entre as variáveis envolvimento da função e comprometimento

organizacional calculativo………………………...…….…………………22

TABELA 4 - Correlação entre as variáveis recompensas intrínsecas, envolvimento da

função e comprometimento organizacional afetivo…………….………….22

TABELA 5 - Correlação entre as variáveis perceção do suporte organizacional,

envolvimento da função e comprometimento organizacional

afetivo……………………………………….………..…………….….……...….23

TABELA 6 - Correlação entre as variáveis recompensas intrínsecas, perceção do suporte

organizacional e comprometimento organizacional continuado…………...24

TABELA 7 - Correlação entre as variáveis recompensas extrínsecas e comprometimento

organizacional calculativo………………..………..………………………24

TABELA 8 - Correlação entre as variáveis recompensas extrínsecas e envolvimento da

função…………………………………………….………………….……..……. 25

TABELA 9 - Correlação entre as variáveis recompensas extrínsecas e comprometimento

organizacional afetivo…………...………………………………………….25

TABELA 10 - Correlação entre as variáveis perceção do suporte organizacional e

recompensas intrínsecas……...…………………………………………….26

TABELA 11 - Correlação entre as variáveis perceção do suporte organizacional e

recompensas extrínseca................................................................................27

Tabela 12 - Correlação entre as variáveis comprometimento organizacional normativo,

perceção do suporte organizacional, envolvimento da função, recompensas

extrínsecas e recompensas intrínsecas ..........................................................28

INTRODUÇÃO A Gestão de Recursos Humanos (GRH) emerge no séc. XX tanto a nível teórico como a

nível prático ligado às teorias organizacionais e comportamentais (Whipp, 1992). O

início do séc. XX foi marcado por uma GRH preocupada com as relações laborais e

movimentos sindicais (Neves e Gonçalves, 2009). Atualmente, a GRH tem novos

desafios: vive-se um período de mudança constante, resultado dos efeitos da

globalização e ambiente concorrencial, agravado pela profunda crise económica na

Europa e em particular em Portugal desde 2010 com a entrada da TROIKA e a

aplicação do plano de resgate. Este novo mundo criado pela globalização e

competitividade caracteriza-se por novas obrigatoriedades regulamentares, mudanças na

forma de encarar o suporte organizacional ou a satisfação face às recompensas, o

envolvimento dos colaboradores e os tipos de comprometimento organizacionais. A

geração pós novo milénio, diferencia-se de gerações de décadas anteriores, abraçando

novas exigências e desafios para os empregadores.

Neste enquadramento, julgamos que a presente investigação se torna pertinente pois

procura verificar se os factos anteriormente enumerados alteraram os comportamentos

organizacionais e as perceções dos colaboradores nas empresas. O estudo ancora-se nos

resultados obtidos por O`Driscoll e Randall (1999) que estudaram a relação existente

entre a perceção do suporte organizacional, a satisfação com as recompensas, o

envolvimento da função e o comprometimento organizacional.

A oportunidade do estudo recai no efeito causada pelas mudanças macroeconómicas

que se tem vindo a verificar, número de desempregados, índice desemprego jovem, falta

de investimento nas organizações e a aposta na inovação e criatividade contrapondo

com as mudanças de perspetivas de carreiras profissionais. O gestor de uma empresa

precisa ter um conhecimento profundo do tipo de colaboradores que o rodeiam. A ação

de um gestor hoje distingue-se precisamente pela sua capacidade em reconhecer se os

colaboradores estão satisfeitos ou não, se dão mais importâncias às recompensas

intrínsecas ou extrínsecas ou identificar qual o tipo de comprometimento predominante

no seio da empresa.

GRH em Portugal

A evolução histórica da GRH em Portugal foi analisada por Neves e Gonçalves (2009)

através da listagem dos temas discutidos nos encontros da Associação Portuguesa de

Gestão das Pessoas. Os autores distinguem quatro períodos distintos em termos de

práticas e dos conceitos de GRH em Portugal. Estes períodos são:

- A gestão de pessoal (GP) que surge no final da década de 1970 caracterizada pelo

aparecimento de departamentos de pessoal que reportam ao diretor de pessoal, o qual

possui a responsabilidade de administrar a formação, emprego, promoções, etc;

- Durante a década de 1980 emerge o termo Gestão de Recursos Humanos com a

introdução de temas como o Emprego e Competitividade, Recursos Humanos, Desafios

da crise e Modernização da Economia, entre outros;

- Final da década de 1980 confronta-se Gestão de Recursos Humanos e Gestão de

Pessoal com a temática Reinventar a Empresa, Transformar o trabalho, satisfazer o

Homem;

- Segunda metade da década de 1990 deixa-se de falar em GP e até à atualidade, passa a

ser chamada unicamente GRH, direcionando a Gestão de Pessoal para Gestão de

Pessoas.

Com a entrada do séc. XXI, a GRH recai sobre a necessidade de contextualizar as

diversas práticas desta área, tais como o desenvolvimento, a motivação e o controlo dos

recursos humanos (Neves e Gonçalves (2009), na influência da competitividade e da

produtividade organizacional e controlar os efeitos das mesmas. Assim, a GRH, deve

associar uma estratégia (Huseld, 1995) com o objectivo de maximizar as suas práticas e

prever os seus efeitos no comportamento e esforço dos indivíduos, assegurando desde

logo o desempenho organizacional (Schuler, 1992).

“Numa organização, tal como é necessário existir uma estratégia externa que a

capacite a ser competitiva no mercado, igualmente se necessita de uma estratégia

interna que a oriente no sentido do desenvolvimento, da motivação e do controlo dos

recursos humanos” Neves e Gonçalves (2009).

Atualmente emerge uma nova denominação, à qual tem por nome Gestão Estratégica de

Recursos Humanos (GERH), por força do ambiente concorrencial hostil, de ritmos de

mudança acelerados, de diferentes motivações nos colaboradores, da implementação de

políticas de recursos humanos de acordo com os objetivos, missão e valores da

organização. A necessidade de garantir o máximo empenho dos colaboradores e

assegurar a satisfação dos colaboradores com as recompensas e também a capacidade de

prever e precaver problemas futuros foram igualmente fatores que influenciaram a nova

visão de gestão de recursos humanos.

No atual ambiente organizacional, para que a GERH seja efetiva, torna-se

imprescindível ter em conta a complexidade do fator Humano.

A singularidade deste fator, em ambiente organizacional, foi identificada na década de

quarenta, quando Elton Mayo assumia a existência de uma dimensão informal,

resultante das relações humanas existentes nos postos de trabalho e a influência que

estas têm em diferentes elementos económicos e técnicos em torno da organização. A

escola das relações humanas aponta as condições organizacionais e sociais como fatores

influenciáveis do nível de produtividade, através da satisfação no trabalho e da

motivação (Handel, 2003).

Na década de 1960, aparece uma nova abordagem, intitulada desenvolvimento

organizacional, que resulta do interesse em compreender a ligação do homem, com a

organização e a influência do ambiente no crescimento e desenvolvimento de ambos.

Desta abordagem emergem várias teorias comportamentais tais como, as teorias

organizacionais motivacionais, a satisfação com o trabalho, a participação, entre outras

(Maslow, 1943 e Herzberg, 1968). Como resultado destas abordagens, surge

igualmente, a discussão em torno dos “objectivos que as organizações procuram atingir

e os objectivos que individualmente cada participante pretende alcançar” (Chivanato,

1983).

Neste momento a GERH assume que além da obrigação de compreender as relações

entre os indivíduos é necessário entender o que os faz permanecer os colaboradores na

organização e qual as motivações existentes, de forma a não colocar em risco o

desempenho da organização. A GERH adquire assim um papel de destaque dentro da

organização, porque, se por um lado influencia as competências, comportamentos e

atitudes que causam impacto no desempenho organizacional, por outro, ajuda a

organização a definir e implementar a estratégia de acordo com os objectivos.

Hoje em dia, uma das prioridades da GERH passa por reter os colaboradores pelo

máximo tempo possível, mantendo-os motivados, satisfeitos, comprometidos e

empenhados na organização. Desta forma, ganha assim cada vez mais importância o

entendimento das atitudes e comportamentos dos colaboradores dentro da organização,

mais propriamente o impacto do comprometimento assumido pelo colaborador no

desempenho da sua função, no absentismo, nos atrasos e no turnover, conforme estudos

desenvolvidos por Cohen, (1992), Randall, (1990), Whitener e Walz, (1993).

A GERH deve perceber o que mantem ou eleva o nível de envolvimento dos

colaboradores na sua função e o seu comprometimento organizacional (Caldwell,

Chatman, & O`Reilly, 1990), estudar o impacto das características das funções no

envolvimento da função e no comprometimento organizacional (Griffin, 1991 e Cohen,

1992). Por fim, o grau de satisfação dos colaboradores com as recompensas e a perceção

que têm do suporte organizacional (Shore e Tetrick, 1991; Shore e Wayne, 1993) são

também de extrema importância no conhecimento da GERH.

Assim, seguindo a orientação do estudo de O`Driscoll e Randall (1999), a presente

investigação averigua o tipo de relação existente entre os conceitos referidos na atual

GRH.

DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

De seguida apresentamos de forma mais aprofundada os conceitos abordados

anteriormente: o comprometimento organizacional, a perceção do suporte

organizacional, o envolvimento da função e a satisfação com as recompensas, de forma

a perceber a contribuição de cada um na investigação.

Comprometimento organizacional1

Tem havido nos últimos anos uma preocupação crescente por parte das organizações

com o tipo de comprometimento organizacional existente entre os seus colaboradores.

Esta preocupação tem que ver com a necessidade das empresas em entender as razões

que levam os colaboradores a comprometerem-se e empenharem-se pela organização.

Também na investigação esta temática interessa cada vez um número maior de autores

como Mowday, Porter e Steers (1982), Botelho (1996), Meyer e Allen (1997), Cohen

(2003), Rego e Souto, (2004) e Meyer, Becker e Vandenberghe (2004), que colocam o

conceito de comprometimento organizacional como uma variável central do contexto

organizacional. Uma das explicações é o facto de o conceito ser visto pelos

investigadores como o fator que explica a existência de diversos tipos de relações

laborais existentes no âmbito do trabalho (Nascimento, Lopes, e Salgueiro, 2008).

Mas a própria tradução do conceito para a língua portuguesa, está longe de ser

consensual para a comunidade de investigadores, o que reflete desde logo o debate na

área. Nascimento et al. (2008) e Rego e Souto (2004) entendem que o conceito deve ser

traduzido por comprometimento organizacional, enquanto Carochinho (1998) como

compromisso organizacional e, por sua vez Ferreira (2008) e Bruno (2007) traduzem-no

por empenhamento organizacional. A diferença de termos reflete igualmente a falta de

consenso na definição do conceito. Mowday, Porter e Steers, 1982 definem o

1Organizational Commitment

comprometimento organizacional segundo duas abordagens, a que tem por base as

atitudes sustentadas em crenças e comportamentos ligados à organização ou aquela que

considera o inverso, as atitudes geradas em consequência dos comportamentos.

Allen e Meyer (1990) referem que a contextualização do comprometimento se deve às

diferenças do estado psicológico dos colaboradores causadas pelas condições

antecedentes, que resultam no desenvolvimento de comportamentos que são esperados

em determinado tipo de comprometimento. Os autores focaram as suas investigações na

abordagem das atitudes de Mowday et al (1982) propondo o modelo das três

componentes do comprometimento organizacional (Three-Component Model of

Organizational Commitment) (Meyer e Allen, 1991). O modelo é composto por três

dimensões que são respetivamente: a dimensão afectiva (affective), a dimensão

normativa (normative) e a dimensão calculativa (continuance) (Nascimento et al, em

2008). Apesar de alguns autores defenderem que as dimensões afectiva e calculativa

podem ser confundidas (Mathieu e Zajac, 1990), outros fazem prova do contrário

(Mayer & Schoorman, 1992). Por comprometimento afectivo entende-se a identificação

emocional com os valores e os objetivos da organização, comprometimento calculativo

é visto como o reconhecimento dos custos associados para o próprio na situação

voluntária de abandono da organização e por fim o comprometimento normativo

consiste na obrigação moral que o colaborador sente em permanecer na organização

(Allen e Meyer, 1990).

Na presente investigação por se aplicar numa organização militar com

características muito próprias, entendemos aplicar o modelo das três componentes do

comprometimento organizacional desenvolvido por Mowday et al (1982) e aplicado por

(Meyer e Allen, 1991) de forma a observar a hipótese de existência ou não existência

em relação aos três tipos de comprometimento organizacional.

Perceção do suporte organizacional2

A perceção do suporte organizacional é um instrumento útil para dar conta da imagem

que os colaboradores possuem num determinado momento de vida da organização. Essa

perceção pode ser a de uma organização que se preocupa com a satisfação, com as

condições de trabalho, com a motivação dos seus colaboradores ou com a perceção do

colaborador, que pode não se identificar com as expectativas em relação aos deveres e

direitos de uma organização. Ora é sabido que ao entrar para uma organização, o

colaborador forma inúmeras expectativas em relação à organização, como por exemplo,

o imaginar o que a organização lhe poderá oferecer em troca do seu comprometimento

com a mesma.

Eisenberger, Huntington, Hutchison e Sowa (1986) definem este conceito como as

crenças que o colaborador desenvolve à medida que se apercebem do tipo de

valorização que é dado por parte da organização às contribuições deste na perspetiva do

seu bem-estar. Estas expectativas serão um fator determinante face aos comportamentos

ou atitudes futuramente desenvolvidos. As expectativas dependem da visão que o

colaborador tem das orientações favoráveis ou desfavoráveis seguidas e atribuídas pela

organização em relação a ele, sendo assim subjectivas (Harris e Harris, 2007).

Autores como Cordes e Dougherty (1993) e Rhoades e Eisenberger (2002) dizem que

um dos fatores que pode influenciar a perceção do suporte organizacional nos

colaboradores pode ser a satisfação com as recompensas, muito por consequência das

expectativas que são criadas, como exemplo, relativas a promoções ou oportunidades de

reconhecimento dentro da organização. Já Siqueira (1995) relaciona este conceito com o

nível de envolvimento e comprometimento assumidos pelos colaboradores e com o tipo

de comprometimento assumido pelos colaboradores. Meyer, Allen, e Gellatly (1990)

referem nas suas investigações que a perceção do suporte organizacional influência o

2 Perceived Organisational

Support

comprometimento, defendendo que o tipo de comprometimento assumido pelos

colaboradores pode resultar da perceção do suporte organizacional, mas não explora a

relação entre eles.

Envolvimento da função3

Relativamente ao conceito de envolvimento da função, a revisão da literatura mostra

diferentes conceptualizações. Segundo Kanungo (1982) e Blau (1985) o conceito deve

realçar o nível psicológico de ligação (engagement) do colaborador em relação à função

que desempenha. O mesmo autor acrescenta que este conceito é afetado por variáveis

como as características da função, o desempenho, o turnover ou o absentismo. Por outro

lado, Lodahl e Kejner (1965) e Lawler e Hall (1970) referem que o grau de importância

atribuído pelos colaboradores a uma função depende da imagem que o colaborador tem

existente da função que irá desempenhar. French e Kahn (1962) e Gurin, Veroff, e Feld

(1960) identificam a autoestima do colaborador ou o estatuto que lhe confere a função,

como fatores que afetam esta imagem. Assim, diferentes fatores respeitantes à função

podem influenciar a nível de envolvimento do colaborador com esta (Vroom, 1962).

O envolvimento da função é um elemento relevante numa organização, porque tem

impacto nos colaboradores a nível de motivação e de desempenho, refletindo-se no

sucesso e na eficácia de uma organização (Lawler, 1986 e O`Driscoll e Randall, 1999).

Inúmeros estudos procuram aferir o grau de influência entre o envolvimento da função e

o comprometimento organizacional (Shore, Thornton e Shore, 1990, Patterson e

O'Driscoll, 1990, Brooke, Russell e Price, 1988, Dolke e Srivastara, 1988 e Blau, 1986).

3 Job Involvement

Satisfação com as recompensas4

Cabe à GRH a responsabilidade em desenhar estrategicamente um sistema de

recompensas válido, flexível e equitativo aos olhos dos colaboradores, de forma a evitar

perceções de iniquidade (Adams, 1965). Segundo Wilson (1994) O sistema de

recompensas deve ser dado de acordo com a obtenção de objetivos definidos, deve ser

formulado de forma que tenha algum significado e valor aos olhos dos colaboradores e

deve ser alargado a todos os colaboradores da organização.

O sistema de recompensas deve comportar uma visão estratégica, na medida em que

deve ser consistente com a estratégia da empresa e simultaneamente com o desempenho

do colaborador de forma a criar um índice de motivação e produtividade (Câmara,

2000). No regulamento de disciplina militar (RDM) que abrange os militares, as

recompensas são definidas da seguinte forma: “um prémio, o reconhecimento pelos

serviços prestados, logo, são um fator de estímulo à disciplina apelando ao integral

cumprimento dos regulamentos e demais normas militares e ainda ao bom desempenho

dos militares e civis das Forças Armadas”. As recompensas aqui referidas são

específicas de uma organização militar, tendo como objetivo a atração e a retenção de

colaboradores que se identificam com a cultura organizacional presente na Forças

Armadas (FA). Belhim (2004) refere que a qualidade das recompensas oferecidas será o

reflexo do tipo de colaboradores que a organização atrai ou retêm.

Todavia o efeito das recompensas ou do seu sistema será visível apenas se os

colaboradores estiverem totalmente conscientes dos objetivos fixados pela organização

e reconhecerem que a organização vai recompensá-los quando atingirem os mesmos. Só

assim, os funcionários irão comprometer-se na obtenção desses objetivos (Robert,

2006).

4 Satisfaction with Rewards

Quando um sistema de recompensas tem em conta os fatores motivadores, tais como,

maior valorização de recompensas extrínsecas ou intrínsecas, a ligação é maior entre os

colaboradores à sua função ou organização (Câmara, 2000) e segundo Harris (1996) as

organizações têm a obrigação de perceber quais são esses fatores. Armstrong (2005)

refere que as boas empresas constroem um sistema de recompensas apropriado aos seus

funcionários, recorrendo a recompensas de natureza diversa. O sistema ideal de

recompensas é aquele que precisamente abarca diversos atributos, uma vez que cada

colaborador possui diferentes razões de motivação. É nesta ótica de diferente tipos de

recompensas que Lawler (1989) diferencia as recompensas como sendo intrínsecas ou

extrínsecas, tipologia que se baseia em contributos teóricos mais antigos (Herzberg,

1968). Porém o sistema de recompensas não pode exercer descriminação entre estas

(Câmara, 2000). Hezberg (1968) define recompensas extrínsecas como sendo aquelas

que tentam evitar a insatisfação no trabalho, ou seja, salário, benefícios e status (Lawler,

1989), mas como o próprio nome indica são extrínsecas à função, isto é, não derivam da

própria natureza do trabalho e portanto entende-se que a situação de trabalho não é

plena fonte de motivação. Por outro lado, as recompensas intrínsecas estão directamente

ligadas com a função, como exemplo, ao desenvolvimento profissional, à

responsabilidade, à realização e ao reconhecimento que a própria função proporciona ao

colaborador (Lawler, 1986 e Câmara, 2000).

O tipo de comprometimento organizacional assumido pelos colaboradores reflete a

política de recompensas praticada na empresa, sendo que o tipo de compromisso afetivo

está mais ligado com as recompensas intrínsecas, assente numa relação de longa

duração (Lawler, 1986).

OBJETIVOS DA PESQUISA

Nesta investigação, procuramos evidenciar o tipo de relações existentes entre os

conceitos acima referidos e verificar se todos contribuem de forma similar para o

sucesso da organização. O sucesso organizacional, depende do tipo de

comprometimento que os colaboradores possuem, da perceção destes acerca do suporte

organizacional, da sua satisfação em relação às recompensas e do envolvimento na

função que desempenham, conforme o diagrama abaixo. Em termos de pesquisa

empírica, o objetivo é mostrar de que forma estes conceitos se correlacionam. Perceber

também se estes dependem entre si para a obtenção da máxima potencialização dos

colaboradores, em prol dos objetivos da organização de modo a alcançar o sucesso a

que se propõem. Tencionamos igualmente, compreender até que ponto as práticas das

organizações podem criar um efeito positivo ou negativo em todos os conceitos

abordados.

Para concretizar a pesquisa, estabelecemos as seguintes hipóteses:

Hipóteses

Número Relação Variáveis

H1: Positiva Existe uma relação positiva entre envolvimento da função e comprometimento afetivo.

H2: Negativa Existe uma relação negativa entre envolvimento da função e comprometimento calculativo.

H3: Positiva Existe uma relação positiva entre satisfação com as recompensas intrínsecas, envolvimento da função e comprometimento afetivo.

H4: Positiva Existe uma relação positiva entre perceção do suporte organizacional, envolvimento da função e comprometimento afetivo.

H5: Inexistente É inexistente a relação entre comprometimento continuado, satisfação com as recompensas intrínsecas e perceção do suporte organizacional.

H6: Positiva Existe uma relação positiva entre satisfação com recompensas extrínsecas e o comprometimento calculativo.

H7: Fraca Existe uma relação quase nula entre satisfação com recompensas extrínsecas e o envolvimento da função.

H8: Fraca Existe uma relação quase nula entre satisfação com recompensas extrínsecas e o comprometimento afetivo.

H9: Positiva Existe uma relação positiva entre perceção do suporte organizacional e satisfação com as recompensas intrínsecas.

H10: Inexistente É inexistente a relação entre perceção do suporte organizacional e as recompensas extrínsecas.

H11: Fraca Existe uma relação quase nula entre comprometimento normativo, perceção do suporte organizacional, envolvimento da função e satisfação com as recompensas.

O seguinte esquema serve para sintetizar e aprofundar a forma como entendemos as

várias hipóteses no seu conjunto.

A variável central está no compromentimento organizacional, que é aferido na

investigação por três tipos de dimensões: afetivo; normativo e calculativo. Esperamos,

como referido nas hipóteses, que estas dimensões sejam influenciadas positivamente ou

Satisfação com as recompensas: • Intrínsecas

• Extrínsecas

Perceção do suporte

organizacional

Envolvimento da função

(engagement)

Comprometimento organizacional:

• Afetivo

• Normativo

• Calculativo

H4, H5, H10 e H11 +/-

H1, H2 e H11 +/-

H3, H7 +/-

H5, H9 e H10 +/- H4 +/-

H5, H6, H8 e H11

negativamente pelas variáveis percepção do suporte organizacional, satisfação com as

recompensas e envolvimento da função.

Mas é também importante observar de que forma as restantes variáveis se relacionam

entre si, pois as correlações existentes podem influenciar indiretamente o

comprometimento organizacional.

O objetivo do quadro, depois da obtenção dos resultados, é fornecer aos gestores da

organização um diagnóstico acerca do comprometimento organizacional existente na

organização por forma a que a sua intervenção organizacional possa basear-se em dados

observados e não em meias opiniões ou rumores.

ESTUDO EMPÍRICO

Metodologia

Intrumento

Para estudar esta temática na Força Aérea Portuguesa (FAP) (em anexo) de forma

quantitativa, entendemos que o questionário é o instrumento mais apropriado. Pretende-

se gerar dados necessários para aferir estatisticamente se as hipóteses da investigação

serão comprovadas ou refutadas. É um método comum para aferir perceções na área das

ciências sociais.

No nosso esrudo a recolha de dados aplicou-se a militares que se encontram distribuídos

ou deslocados um pouco por todo o país (como por exemplo, Ota, Sintra, Ovar, Beja,

entre outras). As respostas foram anónimas. Procuramos que a linguagem utilizada no

questionário fosse simples e direta para uma rápida compreenssão e pronta resposta

(Parasuraman, Zeitham e Berry (1993).

O questionário encontra-se dividido em 5 partes: Satisfação com as Recompensas,

Envolvimento da Função, Comprometimento Organizacional, Perceção do Suporte

Organizacional e Dados Demográficos. Em suma, as cinco partes correspondem a um

total de 50 questões. A elaboração das 4 partes do questionário tiveram por base os

seguintes autores: Kanungo (1982) sobre o envolvimento da função; Meyer e Allen

(1984) sobre o comprometimento organizacional; Eisenberger, Fasolo, e Davis-

LaMastro (1990) sobre a perceção do suporte organizacional e O`Driscoll e Randall

(1999) sobre satisfação com as recompensas. De realçar que a construção das perguntas

foi adaptada à realidade da Força Aérea Portuguesa.

Após a elaboração do questionário tipo, efetuamos um pré-teste a 5 militares, para

verificar o tempo médio de resposta e a clareza do questionário. O resultado deste

procedimento resultou em algumas alterações na terminologia usada. Não foram

indicadas observações nem a nível do conteúdo nem da estrutura das questões.

A aferição da satisfação com as recompensas recai em treze perguntas divididas pelos

dois tipos de recompensas, ou seja, 6 itens dizem respeito às recompenses intrínsecas e

7 itens às recompensas extrínsecas. A escala utilizada é de Likert: (1) extremamente

insatisfeito, (2) muito insatisfeito, (3) insatisfeito, (4) satisfeito, (5) muito satisfeito e (6)

extremamente satisfeito.

Para aferir o tipo de comprometimento organizacional, o envolvimento da função e a

perceção do suporte organizacional recorremos também à escala de Likert, sendo

comum aos três conceitos: (1) discordo totalmente, (2) discordo em parte, (3) discordo

ligeiramente, (4) indiferente, (5) concordo ligeiramente, (6) concordo em parte e (7)

concordo totalmente.

Amostra

O estudo foi desenvolvido na Força Aérea Portuguesa onde foi aplicado o questionário

aos militares que se encontravam em situação de Regime de Contrato (RC) no período

entre 11 de fevereiro de 2013 a 15 de fevereiro de 2013 inclusive. Abrangeu um

universo de 1252 militares divididos pelas categorias de Oficiais Subalternos (347) e

Praças (905).

Numa primeira fase, foi dirigido um requerimento ao Chefe do Estado-Maior da Força

Aérea (CEMFA), a solicitar a autorização para a recolha, análise e posterior publicação

de dados sobre o Envolvimento da Função, Perceção do Suporte Organizacional,

Satisfação com as recompensas e Comprometimento Organizacional dos militares da

FAP. Após diferimento, obtivemos acesso a todos os meios necessários para prosseguir

com a recolha de dados. A recolha realizou-se através das ferramentas GroupWise (e-

mail interno), SurveyMonkey e Intranet. O processo iniciou-se com o envio de um

email dirigido a todos os militares da Força Aérea Portuguesa em Regime de Contrato,

apartir do qual existia um link que remetia para o questionário disponibilizado no

SurveyMonkey.

A recolha de dados ocorreu num periodo de 1 semana obtendo no final um número de

167 respostas. Posteriormente, as respostas ao questionário foram tratadas pelo

programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para obteção de dados

estatísticos.

Variáveis (Modelo de análise)

De seguida, apresentamos as variáveis e as respetivas dimensões operacionalizadas no

questionário:

Variável Dimensões Itens/perguntas Não tenho sentimento de pertença à Força Aérea;

Não sinto “ligação emocional” à Força Aérea;

A Força Aérea tem um significado pessoal para mim;

Não me sinto parte da família da Força Aérea;

O ingresso no quadro permanente irá realizar-me;

Gosto de discutir notícias ligadas à Força Aérea com pessoas externas à organização;

Sinto completamente os problemas da Força Aérea como se fossem os meus;

Afetivo:

Sinto que facilmente poderia tornar-me atraído por outra organização.

Na verdade, ficar na organização é mais uma questão de necessidade do que vontade;

Uma das maiores razões para continuar ligado à Força Aérea deve-se ao facto de uma mudança para outra solução profissional implicar a consideráveis sacrifícios a nível pessoal;

Noutra organização talvez não tenha tantos benefícios como na Força Aérea;

Sinto que tenho poucas oportunidades de emprego para considerar a saída da Força Aérea;

Uma das consequências negativas de deixar a Força Aérea poderá ser a escassez de alternativas válidas;

A minha vontade em sair ou não da Força Aérea poderá ser influenciada pelo salário, horário de trabalho e outras regalias que possuo na organização;

Muita coisa na minha vida poderá ser interrompida se decidir abandonar a Força Aérea já;

Deixar a Força Aérea num futuro próximo poderá não ser muito penalizador para mim;

Calculativo:

Calculativo: (cont.)

Estou com receio do que me possa acontecer, se ficar sem este trabalho e não tiver outro em vista.

Eu não deixaria esta organização neste momento porque sinto que tenho uma obrigação pessoal para com as pessoas que nela trabalham;

Acredito que uma pessoa deve ser sempre leal à sua organização;

Passar de uma organização para outra organização, não me parece ser antiético;

Mesmo se fosse uma vantagem para mim, sinto que não seria correto deixar esta organização no presente momento;

Sentir-me-ia culpado se deixasse esta organização agora;

Comprometimento organizacional:

Comprometimento organizacional:

(cont.) Normativo:

Sinto que não tenho qualquer dever moral em permanecer na organização onde estou atualmente.

Pessoalmente sinto-me muito envolvido no meu trabalho;

Envolvo-me demasiado com o meu trabalho a ponto de ser difícil distanciar-me dele;

Tento não ser totalmente dedicado ao meu trabalho;

Muito dos meus interesses giram à volta do trabalho;

Gosto de estar, na maior parte do tempo, ocupado com o meu trabalho;

No geral, não me sinto muito ligado ao meu trabalho;

Considero o meu trabalho como sendo o ideal para a minha existência;

Muito dos meus objetivos pessoais estão orientados para o trabalho;

Envolvimento da função:

O trabalho representa apenas uma pequena parte do que sou.

A minha contribuição é valorizada no cumprimento da missão;

Não sou recompensado por qualquer esforço extra;

Os meus valores e objetivos são respeitados;

Qualquer reclamação da minha parte é ignorada;

Os meus interesses são ignorados quando se tomam decisões que me afetam;

Existe uma pré-disposição da organização para ajudar quando tenho algum problema;

Existe interesse com o meu bem-estar;

A organização promove e apoia a minha formação, de modo a potenciar as minhas capacidades de trabalho;

Existe reconhecimento quando dou o melhor de mim no desempenho das tarefas;

Existe disponibilidade para ajudar quando necessito;

No geral, existe preocupação com a minha satisfação no trabalho;

Se as circunstâncias o exigirem, tiram vantagens de mim;

Não existe preocupação para comigo;

As minhas opiniões são tidas em conta;

O meu investimento para o bom desempenho das tarefas que me são atribuídas é reconhecido pela organização;

Perceção do suporte organizacional:

Existe preocupação para que o meu trabalho seja tanto mais interessante quanto o possível.

Estou satisfeito com o sentimento de realização que o meu trabalho me proporciona;

Estou satisfeito com a diversidade de tarefas que realizo no trabalho;

Estou satisfeito com os desafios que o trabalho me proporciona;

Estou satisfeito com o prestígio e valorização moral que o trabalho me proporciona;

Estou satisfeito com as oportunidades de desenvolvimento pessoal;

Estou satisfeito com a liberdade de tomada de decisões no trabalho;

Intrínsecas

De um modo geral, estou satisfeito com o trabalho que desempenho;

Sinto-me satisfeito com as recompensas financeiras (salário, suplemento de condição militar, ajudas de custo, entre outras);

Sinto-me satisfeito com a segurança no emprego (emprego estável);

Estou satisfeito com a concessão de louvores e condecorações;

Estou satisfeito com o sistema de promoção ou de progressão;

Satisfação com as recompensas:

Extrínsecas

Estou satisfeito com as condições físicas do meu local de trabalho (espaço, iluminação, temperatura ambiente, etc.).

RESULTADOS

Caracterização da amostra

As respostas obtidas correspondem a um total de 167 (N=167), o que representa uma

taxa de resposta aproximada de 13%. Na amostra, temos 94 oficiais subalternos (56,3%)

e 73 praças (43,7 %). Quanto ao sexo, 73 dos inquiridos são do sexo feminino (43,7 %)

e 94 do sexo masculino (56,3 %).

A idade predominante situa-se entre os 18 e 28 anos com um total de 115 respostas

(68,9 %), tendo os restantes respondentes idades compreendidas entre os 29 e 38 anos

(31,1 %). No que se refere a nível de escolaridade, 81 dos respondentes possuem a

licenciatura (48,5 %), 63 têm só o secundário (37,7 %), 18 têm mestrado (10,8 %), 4

completaram o bacharelato (2,4 %) e apenas 1 respondente possui o doutoramento.

Quanto ao tempo de serviço na FAP encontra-se um predomínio de militares com 1 a 3

anos de serviço (50,9 %), de seguida, 50 respondentes estão na FAP entre 3 e 5 anos

(29,9 %) e os restantes 32 respondentes têm mais de 5 anos na FAP (19,2 %).

Fiabilidade das escalas

A análise às qualidades psicométricas mostra que a consistência interna de cada uma

das escalas de Likert usadas na aferição das variáveis tem um grau de coerência e

uniformidade aceitável (Maroco, 2007). Uma das análises realizadas tem por base o

índice mais utilizado pelos investigadores, ou seja, o índice Alpha de Cronbach. Assim

como podemos verificar na tabela abaixo apresentada o coeficiente, Alpha de Cronbach,

nas escalas usadas situa-se quase sempre acima de α > 0,70 excepto na escala usada

para aferir a satisfação com as Recompensas Extrínsecas. Estes resultados indicam por

conseguinte um índice de fiabilidade elevado nas questões utilizadas no questionário.

Tabela 1 – Análise da fiabilidade das escalas

Estudo (N=167) Variáveis Nº Itens Alphs Cronbach Recompensas extrínsecas 5 0,513 Recompensas intrínsecas 7 0,914 Envolvimento da função 9 0,744 Compromisso organizacional afetivo 8 0,853 Compromisso organizacional calculativo 9 0,802 Compromisso organizacional normativo 6 0,823 Perceção do suporte organizacional 16 0,933

Análise dos resultados

De forma a dar resposta às hipóteses da investigação escolhemos o cálculo de

coeficiente de correlação de Pearson com base na média de cada escala das respetivas

variáveis.

Análise de hipóteses

De seguida, com base na correlação de Pearson aprofundamos os resultados obtidos de

acordo com cada uma das nossas hipóteses.

Tabela 2 – Correlação entre as variáveis envolvimento da função e comprometimento

afetivo

Na hipótese 1 “Existe uma relação positiva entre envolvimento da função e

comprometimento afetivo”, o resultado apresentado na tabela 2 mostra uma relação

positiva significativa entre o envolvimento da função e o comprometimento afetivo (r=

0,513, p≤ 0,01). A correlação verificada na investigação, demonstra que quanto maior

for a ligação emocional do colaborador à organização e quanto maior for a consciência

deste face aos valores da própria organização, maior será o seu envolvimento na função

(Meyer e Allen, 1984). Além disso, depreende-se que no caso do colaborador não se

sentir minimamente identificado com a organização, tal refletir-se-á na dedicação que

este desenvolverá na função. Este estado vem confirmar a hipótese, tal como O`Driscoll

e Randall (1999) o constataram na sua pesquisa.

Correlação entre as variáveis

Envolvimento da função Comprometimento afetivo

Envolvimento da função 1 0,513** **p<0,01

Tabela 3 – Correlação entre as variáveis envolvimento da função e comprometimento

organizacional calculativo

Na hipótese 2 “Existe uma relação negativa, entre envolvimento da função e

comprometimento calculativo” foi encontrada uma correlação quase nula entre o

envolvimento da função e o comprometimento calculativo (r= -0,009). A correlação

verificada além de ser quase nula é negativa. Apesar deste resultado não permitir uma

conclusão categórica, o resultado observado pode ser interpretado à luz da

particularidade da amostra. O estudo foi aplicado apenas a militares que se encontram

numa situação precária e por conseguinte estes militares estão envolvido na função,

porém percecionam a organização apenas como um momento de transição ou uma

passagem nas suas vidas profissionais. É de realçar que a fraca correlação entre estes

dois conceitos também foi verificada na investigação do O`Driscoll e Randall (1999).

Tabela 4 – Correlação entre as variáveis recompensas intrínsecas, envolvimento da

função e comprometimento organizacional afetivo

Quanto à hipótese 3 “A satisfação com as recompensas intrínsecas está positivamente

ligada com o envolvimento da função e comprometimento afetivo”, ela confirma-se tal

como no estudo realizado pelo O`Driscoll e Randall (1999). A relação positiva entre o

Correlação entre as variáveis

Envolvimento da função

Comprometimento calculativo

Envolvimento da função 1 -0,009 **p<0,01

envolvimento da função, recompensas intrínsecas e o comprometimento afetivo (r=

0,598 e r= 0,438, p≤ 0,01) é estatisticamente significativa. Podemos assim concluir que

colaboradores com um índice de satisfação com as recompensas intrínsecas são aqueles

que também possuem o maior índice de envolvimento da função e de comprometimento

afetivo.

Tabela 5 – Correlação entre as variáveis perceção do suporte organizacional,

envolvimento da função e comprometimento organizacional afetivo

“A perceção do suporte organizacional está positivamente ligada com o envolvimento

da função e comprometimento afetivo” é a quarta hipótese da nossa pesquisa. Também

nesta hipótese, o resultado obtido (r= 0,419 e r= 0,481 p≤ 0,01) encontra-se alinhado

com as investigações de O`Driscoll e Randall (1999), Shore e Wayne (1993) e

Eisenberger et al. (1990) em que ambos os casos confirmam a relação entre as variáveis.

Podemos afirmar que atualmente os colaboradores que mais se sentem acarinhados,

protegidos e apoiados pelos seus gestores continuam a ser aqueles que mais se sentem

Correlação entre as variáveis

Recompensas

intrínsecas

Envolvimento da

função Comprometimento

afetivo Recompensas

intrínsecas 1 0,598** 0,438** **p<0,01

Correlação entre as variáveis

Perceção do suporte

organizacional Envolvimento da

função Comprometimento

afetivo Perceção do

suporte organizacional 1 0,419** 0,481**

**p<0,01

envolvidos com a função e também aqueles que possuem um maior comprometimento

organizacional afetivo.

Tabela 6 – Correlação entre as variáveis recompensas intrínsecas, perceção do

suporte organizacional e comprometimento organizacional continuado

A hipótese 5 “A satisfação com as recompensas intrínsecas e a perceção do suporte

organizacional não têm ligação significativa com o comprometimento calculativo”,

mostra-nos uma correlação muito reduzida entre ambos (r= 0,091 e r= 0,111, p≤ 0,01).

Porém, os valores encontrados não são de todo idênticos aos encontrados pelos autores

O`Driscoll e Randall (1999). A nossa pesquisa refuta o entendimento dos autores

O`Driscoll e Randall (1999) onde demonstraram na sua pesquisa, uma correlação

negativa. Enquanto que Shore e Wayne (1993) nas suas pesquisas apenas constataram a

influência da perceção do suporte organizacional no comprometimento afetivo.

Tabela 7 – Correlação entre as variáveis recompensas extrínsecas e

comprometimento organizacional calculativo

“A satisfação com recompensas extrínsecas está positivamente correlacionada com o

comprometimento calculativo” diz respeito à hipótese 6 da investigação. O resultado

obtido na tabela acima (r= 0,116, p≤ 0,01), mostra que a relação entre as duas variáveis

Correlação entre as variáveis

Comprometimento

calculativo Recompensas

intrínsecas Perceção do suporte

organizacional Comprometimento

calculativo 1 0,091 0,111 **p<0,01

é positiva, o que pode contradizer certas pesquisas. Com efeito, O`Driscoll e Randall

(1999), Caldwell et al. (1990) e Mottaz (1988), encontravam a quase inexistência de

correlação entre as variáveis. Porém, o resultado por nós encontrado pode dever-se à

recomendação sugerida pelos autores, que nas próximas pesquisas se deveria dar a

colocar mais questões no instrumento relativamente à variável recompensas extrínsecas.

Tabela 8 – Correlação entre as variáveis recompensas extrínsecas e envolvimento

da função

No que diz respeito à hipótese 7 “A satisfação com recompensas extrínsecas não está

significativamente ligada com o envolvimento da função”, esta é refutada na medida em

que estas duas variáveis se correlacionam (r= 0,222, p≤ 0,01). Podemos assim afirmar

que no caso de uma organização ter colaboradores que dão elevada importância às

recompensas extrínsecas e que não se encontrem satisfeitos com a mesma, a

organização enfrenta um grande problema para gerir, uma vez que estes irão, cada vez

mais, afastar-se da função que exercerem.

Tabela 9 – Correlação entre as variáveis recompensas extrínsecas e

comprometimento organizacional afetivo

Correlação entre as variáveis

Recompensas extrínsecas Comprometimento

calculativo Recompensas extrínsecas 1 0,116 **p<0,01

Correlação entre as variáveis Recompensas extrínsecas Envolvimento da função

Recompensas extrínsecas 1 0,222** **p<0,01

A hipótese 8 “A satisfação com recompensas extrínsecas não está significativamente

ligada com comprometimento afetivo” também é refutada, apesar do resultado ser

surpreendente, pois à partida era de esperar, que as recompensas extrínsecas

influenciassem pouco o comprometimento afetivo (O`Driscoll e Randall (1999)). Pelo

contrário, os nossos dados mostram uma correlação positiva e significativa entre as duas

variáveis (r= 0,278, p≤ 0,01). Estes valores poderão ser entendidos da seguinte forma:

na conjuntura atual de crise os colaboradores com um comprometimento afetivo

valorizam as recompensas extrínsecas ao contrário dos colaboradores dos países anglo-

saxónicos; outra explicação poderá ser o facto das recompensas extrínsecas numa

organização militar serem fatores de reconhecimento, auto-estima e valorização. Por

exemplo, o militar com mais condecorações ou louvores poderá ser visto como sendo

alguém competente cuja legitimidade na organização é reforçada. Por conseguinte,

haverá um peso da própria cultura organizacional.

Tabela 10 – Correlação entre as variáveis perceção do suporte organizacional e

recompensas intrínsecas

“A perceção do suporte organizacional está fortemente relacionada com a satisfação

das recompensas intrínsecas” corresponde à nossa hipótese 9. Segundo a correlação de

Pearson entre a perceção do suporte organizacional e as recompensas intrínsecas, existe

Correlação entre as variáveis

Recompensas

extrínsecas Comprometimento

afetivo Recompensas

extrínsecas 1 0,278** **p<0,01

realmente uma correlação significativa positiva (r= 0,488, p≤ 0,01). A nossa observação

vai ao encontro do que outros autores em tempos já constataram, tais como O`Driscoll e

Randall (1999). É visível a importância da perceção positiva dos colaboradores em

relação às chefias e às políticas da empresa nas ações que tomam para a contínua

melhoria das condições de trabalho, da realização profissional, dos desafios e das

oportunidades de desenvolvimento profissional. Se estes princípios forem a maior

preocupação da organização, então podemos afirmar que os colaboradores que dão

maior importância às recompensas intrínsecas sentir-se-ão muito mais motivados no seu

local de trabalho.

Tabela 11 – Correlação entre as variáveis perceção do suporte organizacional e

recompensas extrínsecas

No que se refere à hipótese 10 “A perceção do suporte organizacional não está

relacionada com as recompensas extrínsecas”, esta não se verifica na Força Aérea

Portuguesa, pois o resultado encontrado mostra uma relação significativa entre a

perceção do suporte organizacional e recompensas extrínsecas (r= 0,469, p≤ 0,01).

Através deste resultado podemos afirmar que para os militares da FAP é tão importante

Correlação entre as variáveis

Perceção do suporte

organizacional Recompensas intrínsecas Perceção do suporte

organizacional 1 0,488** **p<0,01

Correlação entre as variáveis

Perceção do suporte

organizacional Recompensas

extrínsecas Perceção do suporte

organizacional 1 0,469** **p<0,01

a perceção de que os superiores ou as políticas da organização se preocupam tanto com

a melhoria das recompensas intrínsecas como a melhoria das recompensas extrínsecas.

Esta observação poderá ser influenciada pela especificidade da organização; no caso dos

militares é comum as recompensas extrínsecas estarem sempre presentes nas suas

expectativas. Assim concluímos que para manter os colaboradores motivados ou

aumentar a sua motivação é importante que as chefias tomem medidas nos dois

sentidos.

Tabela 12 – Correlação entre as variáveis comprometimento organizacional

normativo, perceção do suporte organizacional, envolvimento da

função, recompensas extrínsecas e recompensas intrínsecas

Por último, a hipótese 11 “O comprometimento normativo não tem uma forte relação

com as variáveis analisadas nas hipóteses anteriores” é a maior surpresa da investigação

empírica. Apesar de refutar a hipótese também vai contra a teoria defendida por

O`Driscoll e Randall (1999), de que atualmente não existe registos de

comprometimento normativo nas organizações. Mais uma vez se alerta para o facto da

importância do comprometimento normativo na investigação poder estar associado à

especificidade da organização em questão.

Quanto aos resultados obtidos através da correlação de Pearson, esta mostram uma

relação significativa entre as várias variáveis (r= 0,453 , r= 0,231 , r= 0,449 e r= 0,456 ,

Correlação entre as variáveis

Comprometimento

normativo

Perceção do suporte

organizacional Recompensas

extrínsecas Recompensas

intrínsecas Envolvimento

da função Comprometimento

normativo 1 0,453** 0,231** 0,449** 0,456** **p<0,01

p≤ 0,01). Assim poderemos afirmar nesta caso que os militares com comprometimento

normativo, quando deixam de sentir a perceção do suporte organizacional, o

envolvimento da função ou a preocupação com as recompensas extrínsecas e

extrínsecas, podem ficar desmotivados e até ponderar a saída da organização.

CONCLUSÃO

Após uma análise detalhada às hipóteses, verificamos resultados interessantes e até

surpreendentes referentes à Força Aérea Portuguesa. Apesar do estudo de O`Driscoll e

Randall (1999) ter sido aplicado em finais da década de 90, a maior parte das suas

conclusões é verificada no nosso contexto de investigação. A relação existente entre o

envolvimento da função, o comprometimento afetivo, as recompensas intrínsecas e

perceção do suporte organizacional continuam a ser positivas e estatisticamente

significativas tal como a a relação entre perceção do suporte organizacional e

recompensas extrínsecas. Apesar da correlações não ser muito significativa, encontra-se

uma relação positiva entre o comprometimento organizacional calculativo, as

recompensas intrínsecas, as recompensas extrínsecas e perceção do suporte

organizacional. Nesta constatação pode ter influência o facto dos inquiridos serem

militares em situação precária com influências de tipo comprometimento calculativo,

mas que se integram na organização e sentem as políticas por esta seguida, logo as

políticas por esta seguidas são influenciadoras do seu quotidiano. A observação da

relação entre recompensas extrínsecas e as restantes variáveis é muito interessante, uma

vez que, são valores positivos e estatisticamente significativos, refutando assim a ideia

de que só existia uma relação significativa e positiva entre comprometimento

calculativo e recompensas extrínsecas (O`Driscoll e Randall (1999)).

Os resultados mais surpreendentes são as correlações obtidas entre o comprometimento

normativo, a perceção do suporte organizacional e o envolvimento da função e

recompensas. Estes valores provam que na organização Força Aérea Portuguesa deve-se

olhar para as orientações e motivações dos colaboradores com este tipo de

comprometimento. Contudo, apesar dos colaboradores com o tipo de comprometimento

calculativo serem aqueles que mais se mostram fiéis à organização porque sentem o

dever de lealdade e respeito, estes resultados mostram que uma má política de

recompensas ou de comunicação poderá levar estes colaboradores a abandonar a

organização.

De referir que as conclusões a que chegamos permitem fornecer algumas

recomendações à organização Força Aérea Portuguesa. Sugerimos que as hierarquias se

foquem mais na perceção e satisfação das necessidades dos seus colaboradores, uma vez

que, é uma organização muito específica e que para a sua operacionalidade é essencial

que estes estejam satisfeitos e motivados. Assim a FAP poderá aplicar uma

comunicação mais eficiente entre chefias e colaboradores em relação às condições de

trabalho. Por motivos de restrições orçamentais, é difícil, nos dias de hoje, obter

melhoria nas recompensas, porém a Força Aérea Portuguesa poderá aplicar novas

metodologias de recompensas que não agravem a tesouraria e que permitam a

conciliação entre as recompensas, as motivações e as expectativas dos colaboradores.

Como foi observado as recompensas têm um peso considerável no comprometimento e

no envolvimento dos colaboradores, assim as políticas organizacionais devem apontar a

melhoria contínua de ambas as recompensas. Não deverá privilegiar um único tipo de

comprometimento, mas sim aplicar medidas que vão ao encontro da satisfação de todos,

pois todos eles são vantajosos e proveitosos.

Os resultados obtidos poderão ter sofrido influência da conjuntura atual, e do estado de

insatisfação dos cidadãos portugueses face às medidas de austeridade. A investigação

foi desenvolvida precisamente no segundo semestre de 2012 e o primeiro de 2013,

aquando da implementação das medidas de austeridade. Neste período do ano era

frequente a comunicação social informar sobre a não renovação de contratos ou a

redução do vencimento real, havendo um clima de instabilidade, incerteza e

desmotivação.

Na investigação, deparamo-nos com algumas limitações nomeadamente no número

reduzido de respostas. Este facto pode estar associado ao período de aplicação do

questionário, em que, surgiram várias solicitações aos militares da Força Aérea

Portuguesa de preenchimento de questionários Existiu alguma limitação imposta pela

Força Aérea Portuguesa no tipo de linguagem a colocar nas perguntas e ao facto das

recompensas extrínsecas serem difíceis de aferir numa organização em que são

reguladas por legislação própria. Por último, a outra limitação com a qual nos

deparamos, foi com a imposição organizacional na aplicação do questionário a toda a

população da Força Aérea Portuguesa.

Concluindo, deixamos aqui algumas sugestões para próximas investigações sobre esta

temática. Assim sugerimos que se envolva a gestão de topo da no diagnóstico

organizacional; que sejam realizadas entrevistas exploratórias aos Diretores, Gestores

ou Chefes da organização para identificar a visão da situação atual; após análise dos

dados devem ser realizadas novas entrevistas de forma a partilhar e discutir os

resultados obtidos. Igualmente sugerimos a introdução de questões de resposta aberta no

sentido de obter sugestões acerca do tipo de recompensas que a organização poderia

aplicar. Também seria pertinente aplicar em outra organização que não militar, tendo

em atenção todas as recompensas extrínsecas que estão disponíveis para os

colaboradores (pois na Força Aérea Portuguesa são poucas e reguladas por legislação).

Aconselhamos também que confrontem os resultados com diferentes dados

demográficos, tendo em conta o sexo e a idade. E por último, sugerimos que apliquem

este mesmo estudo no setor privado ou em outro Ministério, que não seja o da Defesa

Nacional, e confrontar os resultados obtidos com os da presente investigação.

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ANEXO I

Listagem dos temas selecionados para os encontros da Associação

Portuguesa de Gestão das Pessoas:

Retirado de Neves e Gonçalves (2009) Fonte: Dados fornecidos pelo APG