Trabalho final hist. da educação -com bibliografia

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Faculdade de Educação - Departamento de Estudos Básicos Disciplina: História da educação Professor/a: Simone Valdete Aluna: Caroline Barros Freitas As escolas de pedagogia libertária destaque na história da educação A história das escolas libertárias, suas pedagogias de ensino e seus idealizadores foram o destaque da nossa disciplina seguindo, portanto no mesmo eixo de pesquisa e conteúdo este trabalho propõe um apanhado da trajetória dessa filosofia educacional. Entre o final do século XIX e o início do XX tivemos o surgimento de novos conceitos para a educação, diante de tantos métodos rígidos, autoritários e até mesmo preconceituosos, onde havia um tratamento diferenciado entre ricos, pobre e também a separação de sexos. Vamos entender a preocupação e a insatisfação dos novos pensadores da educação quando fizermos uma retrospectiva e contatarmos, por exemplo, que há muito tempo a instituição Igreja se utilizava de seu domínio e poder para “fabricar” fiéis e manter seu reinado. Filhos de famílias pobres eram praticamente recolhidos e doutrinados, também serviam para os métodos de análise e observação que ajudaria na conceituação de etapas como a infância e a adolescência e a partir disso a classificação etária também se estabeleceria para posteriormente dividir os grupos de jovens nas escolas, ignorando seus andamentos naturais de aprendizado e assimilação. Mesmo que já no século XX a educação pública seja garantida, ela continua a ser um instrumento doutrinador, os alunos eram submetidos a uma rotina intensa de estudos obrigatórios e conviviam com castigos físicos, psicológicos, vivenciavam um regime autoritário que não permitia a liberdade das suas escolhas. A Igreja e o estado tinham total poder de intervenção na educação básica de crianças e jovens, o que lhe garantia a doutrina dos pensamentos e o comando das populações. Diante disso e percebendo a evolução social e tecnológica pela qual o mundo vinha passando, novos pensamentos se insurgiam a fim de mudar a realidade dessa educação quadrada e autoritária. Os ideais anarquistas começavam a tomar corpo frente às teorias capitalistas e socialistas que só visavam ao lucro das classes abastadas através do trabalho árduo do operário pobres, ou às mudanças apenas no aspecto político, respectivamente. Para os anarquistas a defesa da liberdade estava a frente das mudanças que deveriam se instaurar tanto no meio trabalhista como no campo da educação e assim foi nascendo a pedagogia libertária.

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Faculdade de Educação - Departamento de Estudos Básicos

Disciplina: História da educação

Professor/a: Simone Valdete

Aluna: Caroline Barros Freitas

As escolas de pedagogia libertária – destaque na história da educação

A história das escolas libertárias, suas pedagogias de ensino e seus idealizadores foram

o destaque da nossa disciplina seguindo, portanto no mesmo eixo de pesquisa e

conteúdo este trabalho propõe um apanhado da trajetória dessa filosofia educacional.

Entre o final do século XIX e o início do XX tivemos o surgimento de novos conceitos

para a educação, diante de tantos métodos rígidos, autoritários e até mesmo

preconceituosos, onde havia um tratamento diferenciado entre ricos, pobre e também a

separação de sexos. Vamos entender a preocupação e a insatisfação dos novos

pensadores da educação quando fizermos uma retrospectiva e contatarmos, por

exemplo, que há muito tempo a instituição Igreja se utilizava de seu domínio e poder

para “fabricar” fiéis e manter seu reinado. Filhos de famílias pobres eram praticamente

recolhidos e doutrinados, também serviam para os métodos de análise e observação que

ajudaria na conceituação de etapas como a infância e a adolescência e a partir disso a

classificação etária também se estabeleceria para posteriormente dividir os grupos de

jovens nas escolas, ignorando seus andamentos naturais de aprendizado e assimilação.

Mesmo que já no século XX a educação pública seja garantida, ela continua a ser um

instrumento doutrinador, os alunos eram submetidos a uma rotina intensa de estudos

obrigatórios e conviviam com castigos físicos, psicológicos, vivenciavam um regime

autoritário que não permitia a liberdade das suas escolhas. A Igreja e o estado tinham

total poder de intervenção na educação básica de crianças e jovens, o que lhe garantia a

doutrina dos pensamentos e o comando das populações. Diante disso e percebendo a

evolução social e tecnológica pela qual o mundo vinha passando, novos pensamentos se

insurgiam a fim de mudar a realidade dessa educação quadrada e autoritária. Os ideais

anarquistas começavam a tomar corpo frente às teorias capitalistas e socialistas que só

visavam ao lucro das classes abastadas através do trabalho árduo do operário pobres, ou

às mudanças apenas no aspecto político, respectivamente. Para os anarquistas a defesa

da liberdade estava a frente das mudanças que deveriam se instaurar tanto no meio

trabalhista como no campo da educação e assim foi nascendo a pedagogia libertária.

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Pedagogia libertária

Assim como outras pedagogias progressistas, esta também seguia a linha teórica da

educação como principal meio transformador da sociedade. Esta corrente acreditava que

a justiça social só se viabilizaria se as gerações seguintes tivessem conhecimento das

diferenças sociais e se estimulassem para uma mudança prática através da educação e da

cultura. Entretanto isso não aconteceria se continuasse a haver diferença no ensino

oferecido de maneira distinta para cada classe.

Após algum tempo, a passagem da guerra e a instauração de regimes totalitários, como

o fascismo, nazismo e o comunismo, muitos pensadores começaram a clamar por

liberdade de ação e pensamento. As escolas libertárias tinham como base prática a não

imposição de matérias tradicionais, elas eram colocadas à disposição do aluno, porém

sem exigência. O conhecimento prático, a vivência e a troca de experiência entre o

grupo de colegas são os fatores mais importantes dos métodos utilizados. Cada

individuo tem sua autonomia e podem praticar a autogestão, eles têm o poder de escolha

de participar ou não das aulas contanto que não interfiram no processo dos colegas.

Na visão libertadora desta pedagogia a imposição ou a obrigatoriedade das atividades e

as ameaças físicas ou psicológicas são completamente nocivas e ineficazes. Portanto

neste mesmo plano deve-se encaixar o professor que, ao invés de cobrar ou impor

concepções deve caminhar junto com o aluno e se colocar a disposição do grupo, se

misturar a ele para refletirem e aprenderem juntos.

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Os idealizadores da pedagogia libertária

Vários foram os destaques na idealização e na prática da liberdade na educação. Paul

Robin foi o precursor dessa prática a partir de 1880, na França, ele começa a aplicar

suas teses da educação integral no orfanato Prévost, perto de Paris. Para ele a formação

intelectual e a construção dos saberes próprios por meio das experiências práticas eram

fundamentais na educação. Pregava a educação moral, prática e social com o intuito de

desenvolver a solidariedade, as habilidades e o bem-estar comum.

O espanhol Francisco Ferrer desenvolve a escola moderna como um movimento de

apoio ao proletariado e que serviria de exemplo internacionalmente para que outras

nações mostrassem uma solução educacional diferente perante o estado e o capitalismo.

A escola moderna abria espaço para crianças de ambos os sexos e pregava igualdade e

respeito mútuo. Tornou-se um ícone na defesa da liberdade de ensino até o fim de sua

vida, tirada pelo estado em razão da dura repressão que sofria em razão de suas ideias.

Foi preso, sua escola foi fechada e ele executado em 1909.

No Brasil a atuação anarquista no setor sindicalista também teve seu espaço na luta pela

liberdade e pelos direitos da classe operária, buscando uma educação igualitária e

promovendo novos métodos e valores. Apesar de não haver muitos registros dessa

época e da evolução desse movimento na prática escolar, sabemos que os idealizadores

se inspiravam nas teses de Ferrer para basear sua busca pelo ensino livre e de qualidade

para os menos abastados. Sindicalistas e libertários brasileiros se utilizavam de meios de

comunicação como jornais populares para expressar e divulgar seus ideais, o jornal

amigo do povo declara: “não há liberdade possível onde está a ignorância, onde assenta

o fanatismo, onde se crê em fantasmas, onde reside a torpeza”.

Alguns exemplos de escolas modernas no Brasil são a Escola União Operária no Rio

Grande do Sul em 1895 e em 1912 mais duas escolas modernas surgem em são Paulo,

idealizadas e organizadas por João Penteado. Essas escolas contestavam a pedagogia

tradicional e eram umas das poucas opções para a educação da classe operária, pois o

estado se omitia a respeito disso. Essas instituições se baseavam em ideais positivistas

voltados para o estudo das ciências naturais e rechaçavam o ensino dogmático.

Mais recentemente, com Paulo Freire, a pedagogia da libertação também ganha

visibilidade em nosso país, relacionou essa corrente à visão Marxista de terceiro mundo,

lutava contra o analfabetismo e a favor da conscientização política de jovens e adultos

operários. Segundo Freire, todo o ato de educação é um ato político.

Para finalizar, destacamos uma escola libertária viva ainda hoje, é a escola Summerhill

fundada por Alexander Neil em 1921 e segue atendendo crianças e jovens entre cinco e

16 anos. Atualmente é administrada por Zoe Headhead, filha de Neil, apesar das

constantes ameaças de fechamento por parte do governo britânico, que não acredita que

a escola consiga formar os jovens para a sociedade e para o mercado de trabalho, sendo

que em Summerhill os próprios alunos gerem seus espaços, tarefas e movimentam a

dinâmica da escola, de forma que a experiência da prática lhes era muito mais útil do

que o forçoso ensino das matérias tradicionais ou tarefas obrigatórias. Inspirado pela

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teoria do iluminista Jean Jacques Rousseau, sobre a bondade inata do homem e das

pesquisas de Freud, Neil estabelece uma educação que tratava o emocional e a

sensibilidade do aluno para que esses fatores ultrapassassem a racionalidade extrema

pregada pela escola tradicional. Assim ele acreditava em uma maior produtividade e

assimilação de aprendizado.

Summerhill está localizada a 160 quilômetros de Londres, no condado de Suffok e seu

fundador sintetiza seus sentimentos a respeito da educação e assim como todos os

outros traz a tona a defesa da libertade:

"Para resumir, meu ponto de vista é que a educação sem liberdade resulta numa vida

que não pode ser integralmente vivida. Tal educação ignora quase inteiramente as

emoções da vida, e porque essas emoções são dinâmicas, a falta de oportunidade de

expressão deve resultar, e resulta, em insignificância, em fealdade, em hostilidade.

Apenas a cabeça é instruída. Se as emoções tivessem livre expansão, o intelecto saberia

cuidar de si próprio." (NEILL, 1963, p. 93).

Mesmo hoje após as guerras e a queda dos regimes autoritários, convivemos com um

capitalismo cada vez mais acirrado e problemas nos sistemas educacionais, entretanto os

movimentos libertários do século XIX e XX deixaram teses e ideais que, não são mais

totalmente aplicados ou nós mesmo temos a impressão de que esses são movimentos do

passado, entretanto sua contribuição foi fundamental para a constante evolução da

educação pelo mundo.

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Bibliografia

Julia Varela e Fernando Alvarez em Maquinaria escolar

KASSICK, Clovis Nicanor. Disponível em: WWW.dantonmedrado.com.br

GALLO, Sílvio. Disponível em: WWW.cedap.assis.unesp.br

SILVA, Antonio Ozaí. Disponível em: WWW.espacoacademico.com.br

pt.wikipedia.org