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INVESTIGANDO DIFERENTES PROPOSTAS DE INSERO DA
EXPERIMENTAO NO ENSINO DE CINTICA QUMICA
Marlene Bergamo [email protected] Colgio Estadual Vera Cruz
Rua Gomercindo Bortolanza, 779, Mandaguari PR
Marcelo Maia Cirino [email protected] Universidade Estadual de Maring (UEM) Departamento de Qumica Av. Colombo, 5790 Bloco 21/ sala 13, Maring PR
Resumo: Este trabalho investigou o uso da experimentao em diferentes situaes no ensino
de Cintica Qumica e prope discusses sobre o momento pedaggico em que a atividade
prtica se torna uma ferramenta de maior eficincia para a significao de conceitos
cientficos. Tem ainda, como objetivo, fornecer subsdios para professores de Qumica do
Ensino Mdio no planejamento pedaggico, de tal forma que o mesmo possa contribuir na
elaborao/reelaborao dos conceitos cientficos envolvidos. O estudo se apoiou numa
abordagem qualitativa e as categorizaes foram feitas luz da Anlise Textual Discursiva
(MORAES e GALIAZZI, 2007). Os resultados obtidos confirmaram a importncia da
experimentao e corroboraram sua eficcia no aprendizado de Cintica Qumica.
Palavras-chave: experimentao, cintica qumica, aprendizagem significativa.
1. INTRODUO De acordo com vrios pesquisadores da rea de ensino de Cincias (como ZEICHNER,
1993), nos dias de hoje, o objetivo maior no apenas ensinar Qumica, mas alfabetizar
cientificamente o aluno, formando cidados reflexivos que percebam o alcance e a
importncia dessa disciplina e que sejam capazes de construir o aprendizado, estendendo-o
para alm da sala de aula. Diante das inmeras dificuldades que se apresentam, em termos de
aprendizagem, os professores enfrentam uma srie de situaes desafiadoras no que diz
respeito ao educar quimicamente. Com isso a busca de propostas de ensino capazes de motivar o aprendiz e contribuir para uma melhoria no panorama atual se faz urgente e
necessrio. No ensino de Qumica podemos identificar dois tipos principais de atividades
instrucionais: a prtica e a terica. consenso entre os integrantes da comunidade de
pesquisadores da rea de ensino, da Secretaria de Educao do Estado do Paran e dos
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professores, que as atividades prticas em laboratrio (experimentao) devem estar presentes
no processo de ensino- aprendizagem, de modo a estabelecer uma correlao entre o
conhecimento qumico e sua contextualizao (cotidiano). Basicamente, a experimentao
pode ser conduzida de duas formas: ilustrativa e investigativa.
Embora atividades experimentais ocorram com baixa frequncia, tanto nos espaos destinados
a este fim, como nas salas de aula, a maioria dos professores acredita, segundo Giordan
(1999), que esta possa ser uma alternativa a ser colocada em prtica e que contribuiria para a
melhoria da qualidade do ensino de Qumica. Assumindo a importncia da prtica no ensino
dessa disciplina, propusemos aos alunos unidades didticas que no separam a teoria da
experimentao e introduzimos abordagens experimentais em diferentes momentos, com o
intuito de identificar qual o mais apropriado no sentido de resultados consistentes de
aprendizagem. Para tanto avaliamos o nvel de elaborao conceitual por parte dos alunos,
relacionando-o ao momento em que a prtica experimental foi inserida.
Nas aulas desenvolvidas com base na utilizao de experimentos, percebemos um destacado
envolvimento dos alunos, motivao que consideramos de extrema importncia. Nossa
questo crucial, ento, ficou estabelecida:
Qual o melhor momento para se introduzir uma abordagem experimental, no contexto do ensino de Cintica Qumica, de tal forma que os nveis de elaborao e significao
conceituais se aproximem de uma aprendizagem significativa? Segundo a SEED (2008, p. 19-20), necessrio, e ao mesmo tempo desafiador, que uma
atividade experimental seja problematizadora. Deste modo, ela deve ser introduzida antes da
teoria nas aulas de Qumica. Ao mesmo tempo, a SEED condena a experimentao como
mera atividade ilustrativa, coadjuvante da discusso expositiva dos conceitos. J para
Maldaner (2003), a experimentao pode ser feita em qualquer momento, antes da abordagem
terica, depois dela ou at mesmo durante sua execuo, pois existem alguns rtulos escolares
que enxergam a experimentao como um dos momentos de reelaborao do conhecimento e
que deve ocorrer, especificamente, dentro de um laboratrio convencional. importante
ressaltar tambm que a experimentao pode transcorrer de diferentes formas e em diversos
momentos do processo de ensino-aprendizagem. No ensino tradicional, o experimento,
quando existe, geralmente separado da teoria e serve apenas para comprov-la. As aulas
prticas envolvem procedimentos muito bem definidos, que o aluno segue como uma receita
para chegar a um resultado que j sabe, antecipadamente, qual , antes mesmo de iniciar o
experimento. No h espaos para dvidas, erros, acaso e intuio. Os resultados, muitas
vezes, so forjados para adapt-los ao que estava previsto na teoria. (MORTIMER, 2003, p.
07). A principal funo que se atribui ao experimento em sua forma tradicional promover a
motivao dos alunos, que nem sempre ocorre, e isso aps a teorizao do contedo, tornando
assim esse tipo de aula experimental desinteressante (MORTIMER, 2003). A ideia de experimentao aquela formada na universidade, no curso de Qumica, que exige condies
dificilmente encontradas nas escolas (MALDANER, 2003, p.176). Dessa maneira, na formao tradicional concebida pelos professores, o modelo de abordagem experimental,
como forma de evidenciar ou comprovar uma teoria, muito forte no ambiente escolar, mas
que no se reafirma como ideal, apenas a abordagem mais empregada. Assim, medida que
se planejam experimentos com os quais possvel estreitar o elo entre motivao e
aprendizagem, espera-se que o envolvimento dos alunos seja mais ntido e, com isso, produza
evoluo em termos de elaborao e significao conceituais para que se possa definir o
momento pedaggico mais eficiente.
2. METODOLOGIA
Este trabalho fez parte de um projeto desenvolvido no contexto do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE), atravs da Secretaria Estadual de Educao do Paran
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(SEED), com os professores da rede estadual de ensino. As Diretrizes Curriculares da
Rede Pblica de Educao Bsica do Estado do Paran (SEED, 2008) sugerem que o ensino
de Qumica deve ser norteado pela construo/reconstruo dos significados para os conceitos
cientficos, vinculado aos contextos em que o aluno est inserido. Com esse pressuposto
propusemos aos alunos da 2 srie do Ensino Mdio do Colgio Estadual Vera Cruz de Mandaguari (PR), durante o quarto trimestre de 2011, uma sequncia didtica desenvolvida e
planejada por ns, envolvendo duas turmas do perodo diurno. Buscou-se ao longo da
pesquisa investigar a utilizao e a avaliao da prtica experimental em diferentes momentos
pedaggicos do processo de ensino. Para a turma A propusemos o estudo da Cintica
Qumica a partir da teoria contextualizada para a atividade prtica em laboratrio. J com a
turma B foi proposto o mesmo contedo, mas, com uma abordagem invertida, partindo da
experimentao para a teoria contextualizada. Procuramos introduzir, selecionar e articular
atividades experimentais contextualizadas que se enquadrassem nos seguintes tpicos do
contedo de Cintica Qumica: a) fatores que influenciam na rapidez da reao qumica, b)
catalisadores e inibidores de reao. Os textos foram selecionados de modo a contemplar os
tpicos escolhidos de uma forma contextualizada e com clareza suficiente para tornar a leitura
produtiva e interessante. Esse processo de leitura permitiu ao aluno, de incio, inter-relacionar
os fenmenos investigados e perceber que os conceitos introduzidos podiam ser mais
elaborados, de uma forma que justificasse suas aplicaes em outros contextos:
[...] Sem experimentao e interpretao adequadas, a cincia algo esttico, livresco.
Sem ela, o ensino de Qumica apenas um arremedo do ensino, dogmtico e sem
atrativo, que afasta o aluno do estudo e compromete a sua formao como cidados
[...] As observaes de laboratrio devem ser sistematizadas cientificamente, ou seja,
organizadas para fazer emergir modelos e teorias. Tendo por alicerce as observaes,
os modelos e as teorias constituem os mais avanados e valiosos contedos do
conhecimento. (BELTRAN e CISCATO, 1991)
Turma A
De incio foi realizado, com os alunos da turma A, um levantamento acerca das concepes
prvias sobre o tpico rapidez de reaes qumicas atravs dos seguintes questionamentos: a) o que se pode fazer para diminuir ou acelerar a rapidez das reaes qumicas?
b) podemos retardar ou aumentar essa rapidez em nosso cotidiano e esse fato tem influncia
em nosso modo de vida?
As respostas foram anotadas na lousa e socializadas com a turma. A variao de respostas foi
relevante, uns achavam que no se pode diminuir a rapidez de uma reao pensando na reao
feita l no laboratrio, outros achavam que sim, atravs de processos como aquecer, resfriar,
molhar, secar, triturar, morder, outros ainda diziam que se pode acelerar uma reao jogando
gasolina e colocando fogo e que essas reaes s afetam o meio ambiente e no o seu modo
de vida. Percebemos uma noo simplista, de senso comum e muitas vezes deturpada sobre o
significado da rapidez de reaes e mesmo sobre o que so reaes qumicas e a relao com
o meio ambiente. Aps conduzirmos algumas discusses e debates, a maioria dos alunos se
deu conta das inmeras reaes qumicas que ocorrem sua volta, algumas das quais eles
presenciam e realizam em seu cotidiano, propusemos uma sequncia de questes abertas com
enfoque em situaes do cotidiano, a partir de fatos do presente e do passado e que
representam os fatores que influenciam na rapidez das reaes qumicas. Algumas dessas
questes: o que podemos fazer para conservar os alimentos por mais tempo?; como se conservava os alimentos antigamente, quando no existia geladeira?; por que alguns alimentos so envasados em vidros e outros em latas?; por que ao se abrir uma embalagem se ouve um rudo diferente?; voc j observou as embalagens de caf em p? Por que
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algumas so vedadas a vcuo e outras no? Qual a diferena?; quando se acende uma fogueira, por que se usam gravetos inicialmente?; por que ser que para fazer compotas necessrio tanto acar?; por que os picles tm sabor to forte? Entre outras. Alguns relatos desse levantamento so destacados a seguir, onde as iniciais dos nomes dos alunos
precedem suas respostas:
JVMR: Manter em uma temperatura estvel, congelar, colocar sal ou acar. FSJ: Salgando, utilizando pimenta do reino, cravo, canela, colocar secar no sol. BAS: para uma melhor conservao, por causa do ar que est preso dentro da embalagem. LGN: Porque o caf a vcuo mais forte, conserva o sabor, mantm o aroma, dura mais porque no entra em contato com o ar. NTC: Porque o graveto mais seco e fino e por ser menor pega fogo mais rpido. NTC: Para dar sabor, para conservar e para uma calda mais grossa e mais consistente devemos colocar bastante acar. BTDS: Para conservar o pepino por mais tempo tem que ser mais forte, temperado com sal vinagre que tem cido e gua.
O passo seguinte foi o debate sobre as respostas. Percebemos que os alunos, de um modo
geral, traziam noes simplistas sobre as situaes problemas elencadas no questionrio. Para
estabelecer a relao entre a Teoria Cintica, atravs de aplicaes tecnolgicas correlatas e o
cotidiano do aluno foi disponibilizado um texto que evidenciava os diversos fatores que
interferem na rapidez das reaes qumicas e os mecanismos envolvidos no processo, fatores
esses relacionados com o movimento das partculas constituintes das substncias. O estudo da
rapidez das reaes qumicas (Cintica Qumica) passa ento a ter conceitos mais elaborados
e contextualizados, relacionados com as disciplinas de Fsica, de Biologia, entre outras. Na
etapa seguinte, aplicamos a Atividade Prtica I que destacava os tpicos superfcie de contato, concentrao dos reagentes e influncia da temperatura atravs de trs experimentos simples, que foram acompanhados por questionamentos, observaes e relatos
que os alunos deveriam realizar e discutir. Segue o detalhamento desses experimentos.
Aps as discusses sobre os fatores temperatura, superfcie de contato e concentrao dos reagentes os quais interferem na rapidez de uma reao qumica, o tpico sobre catalisadores foi introduzido atravs da leitura do texto: A importncia do catalisador para a reduo de poluentes no meio ambiente (MAGNO, 2008). Esse texto, sobre conversores catalticos nos automveis, procura contextualizar e explicar em termos conceituais, como
funcionam os catalisadores nos automveis. Tambm aborda a legislao e as normas
Experimento 1 Temperatura: Em trs Bqueres de 100 ml, foram adicionados 50 ml de gua quente no primeiro bquer, 50
ml de gua temperatura ambiente no segundo bquer e 50 ml de gua gelada no terceiro
bquer. Simultaneamente foram adicionados, em cada bquer, meio comprimido de anticido.
Experimento 2 Superfcie de Contato: Com o auxlio de dois bqueres de 100 ml, contendo 50 ml de gua destilada temperatura
ambiente em cada, adicionamos simultaneamente 1 comprimido de anticido em cada bquer,
no entanto um dos comprimidos fora anteriormente, complemente triturado.
Experimento 3 Concentrao: Em trs bqueres de 50 ml, adicionar 20 ml de soluo de sulfato de cobre II, CuSO4. Adicionar
ao bquer n 1 soluo de sulfato de cobre II 1,0 mol/L, ao bquer n 2 a de concentrao 0,1
mol/L e ao bquer n 3 a soluo 0,01 mol/L. Mergulhar simultaneamente um prego em cada
bquer. Observar e anotar o que ficou evidenciado.
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ambientais, a emisso de poluentes produzidor pelo motor de um carro, o mecanismo de
converso dos gases poluentes e o material utilizado para fabricao desse equipamento, suas
estruturas, etc. Outro texto analisado e discutido em classe trata de algumas curiosidades
sobre catalisadores na indstria, no meio ambiente e em diversos tipos de catlise utilizadas
em nosso cotidiano. Aps a leitura e discusso desses dois textos, onde ocorreram vrios
apontamentos e manifestaes de curiosidade e at de surpresa por parte dos alunos, passamos
etapa seguinte que tinha como objetivo demonstrar e evidenciar a ao dos catalisadores
atravs das atividades prticas:
Relato de uma dupla de alunos.
RA/TL: tivemos explicaes bem claras sobre cada um dos contedos estudados e experimentos feitos, foram aulas diferentes com bastante importncia e descobertas
interessantes. Por fim, para encerrar a unidade didtica e avaliar o processo investigado, aplicamos um
questionrio teste que trazia situaes do cotidiano relacionadas ao contedo estudado
(Cintica Qumica) a fim de identificar respostas que evidenciassem, ou no, a elaborao dos
conceitos utilizados e que apontassem as possveis dificuldades encontradas durante esse
processo.
Turma B
A proposta de trabalho com a turma B seguiu os mesmos passos iniciais que adotamos com a
turma A, com relao ao levantamento das concepes prvias, inclusive com os mesmos
questionamentos. Assim como na turma A, percebemos um nvel simplista e equivocado
sobre rapidez das reaes, mas a correlao com o cotidiano foi sensivelmente mais elaborada
que a da outra turma. Aps envolv-los em discusses e debates, assim como fizemos com os
alunos da turma A, aplicamos uma sequncia de atividades prticas que destacava os tpicos:
superfcie de contato, concentrao dos reagentes, influncia de temperatura e ao de catalisador e inibidor, onde foram analisadas e discutidas as observaes, formulando a cada atividade prtica um relatrio com as concluses obtidas a partir dessas observaes. Os
experimentos aplicados foram os mesmos utilizados na turma A. No passo seguinte
propusemos uma sequncia de questes abertas iguais s que aplicamos na turma A. As
respostas agora foram mais precisas e diretamente relacionadas ao fator enfocado,
demonstrando, em sua maioria, apropriao e significao para os conceitos utilizados nas
explicaes envolvendo Cintica Qumica. Para estabelecer as relaes entre prtica, teoria,
Experimento: Catalisador I
Em um vidro de relgio contendo uma quantidade relevante de xido de Magnsio (MgO),
foram adicionadas 10 gotas de gua oxigenada 10 volumes. Observar o que ocorre e como
ocorre este tipo de reao.
Experimento: Catalisador II Em dois copinhos descartveis, colocar uma soluo de gua oxigenada at a marca.
Acrescentar a cada um dos copos 20 gotas de detergente. Adicionar em apenas um dos copos
um pequeno pedao de batata. Observar e comparar as reaes. Responder: Como o catalisador influencia na velocidade da reao? Identificar o catalisador nesse experimento. Para ilustrar a melhor maneira de aumentar o tempo de ocorrncia para a reao de oxidao,
certamente devemos introduzir um inibidor na reao investigada. Assim, propusemos tambm,
uma prtica sobre inibidores.
Experimento: Inibidor
Em um vidro de relgio contendo uma fatia de berinjela, cortada no momento do experimento,
foi espalhado, apenas numa das metades, uma quantidade de cido Ascrbico para observao
posterior sobre o que ocorreria.
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aplicaes tecnolgicas e situaes do cotidiano foram disponibilizados textos que
destacavam os diversos fatores que interferem na rapidez das reaes qumicas, seus
mecanismos, curiosidades sobre catalisadores e a indstria. Os textos foram os mesmos nas
duas turmas. Segue o relato de uma dupla de alunos da turma B:
AJML /MR: Primeiro ns fomos ao laboratrio e fizemos experimentos, e a parte terica fizemos na sala de aula, percebemos e entendemos melhor os contedos depois dos
experimentos, pois a professora sempre relacionava a teoria com o que tnhamos observado e
realizado no laboratrio. Achamos mais legal esse modo de aprender a qumica!. AGCCB /RLF: Com as aulas no laboratrio primeiro, foi mais fcil entender a matria. Os textos lidos foram legais e cheios de informaes interessantes e diferentes. Aprender
qumica assim foi muito bom!
Para finalizar o trabalho com esta turma, tambm aplicamos o questionrio teste que trazia
situaes do cotidiano relacionadas ao estudo da cintica, com o intuito de identificar
respostas que apontassem ou no a elaborao/reelaborao de conceitos e possveis
dificuldades encontradas durante esse processo. Realizadas as etapas previstas na unidade
didtica com as duas turmas, passamos a analisar a participao dos alunos e suas respostas
que foram interpretadas luz da anlise textual discursiva, que uma metodologia de anlise de dados que transita entre elementos de anlise do discurso e da anlise de contedo
(MORAES e GALIAZZI, 2007). Este estudo foi de carter qualitativo, pois no se pretende
testar hipteses, nossa inteno a construo, reorganizao e evoluo das concepes dos
alunos sobre temas investigados (MORAES e GALIAZZI, 2007). Para esses autores (2005,
p. 02): A anlise textual discursiva descrita como um processo de unitarizao em que o texto separado em unidades de significado. Estas unidades por si mesmas podem gerar
outro conjunto de unidades oriundas da interlocuo emprica, da interlocuo terica e das
interpretaes feitas pelo pesquisador. Toda essa anlise precisa ser feita com intensidade e profundidade, passa-se a fazer a
articulao dos significados semelhantes num processo denominado categorizao. Na
categorizao so reunidas as unidades de significado semelhantes, que geram categorias mais
amplas de anlise. A anlise textual trabalha com textos ou amostra de discursos, e esses
materiais submetidos anlise podem ter vrios e diferentes interlocutores. (MORAES, 2003,
apud Bergamo, 2010). Para avaliao dos resultados nos apoiamos na teoria da aprendizagem
significativa de Ausubel (apud MOREIRA, 1999) que afirma: A Aprendizagem significativa um processo pelo qual uma nova informao se relaciona, de maneira substantiva e no
arbitrria, a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do indivduo. O que influencia nessa aprendizagem aquilo que o aluno j sabe, pois ser sempre uma abordagem sobre a
construo do conhecimento. Ainda para Moreira (2006), as implicaes sobre a
aprendizagem significativa so complexas, preciso primeiramente ensinar com significncia,
e para tanto, fundamental conhecer o que o aluno j sabe e buscar encontrar vestgios que
sinalizem quais os conhecimentos existentes no cognitivo desse indivduo. Uma das
possibilidades o enfrentamento de problemas, pois para solucion-los preciso que o
aprendiz transforme conceitos e informaes em aes e possa assim express-los,
estabelecendo ligaes entre o que sabe e o que est concebendo. Desta forma, o
levantamento de concepes prvias deve estar relacionado aos novos conhecimentos a serem
concebidos, processo esse de competncia do professor. A experimentao pode ser uma
estratgia eficiente para a criao de problemas reais que permitam a contextualizao e o
estmulo observao e nesse contexto o educador trabalhar de forma a contextualizar teoria
e prtica (experimentao). Avaliar necessrio e, segundo Luckesi (2003), deve-se: avaliar no numa perspectiva de apenas dar uma nota, mas na inteno de criar aes que
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intervenham na aprendizagem. Assim tomamos a avaliao como um caminho seguro que permite relacionar os conceitos elaborados e reelaborados da temtica apresentada.
3. ANLISE E CATEGORIZAO
3.1- Categorizao das respostas dos alunos com relao aos conceitos elaborados na
aplicao da metodologia, partindo da teoria para a prtica.
3.1.1- Para remover uma mancha de um prato de porcelana, fez-se o seguinte: cobriu-se a
mancha com meio copo de gua fria, adicionaram-se algumas gotas de vinagre e deixou-se
por uma noite. No dia seguinte, a mancha havia clareado levemente. Usando apenas gua e
vinagre, sugira duas alteraes no procedimento, de tal modo que a remoo da mancha possa
ocorrer em menor tempo. Justifique cada uma das alternativas propostas. (USBERCO &
SALVADOR, Qumica, v. nico, So Paulo: Saraiva, 2002, p. 394).
Quadro 01
Aumento de temperatura/ calor todos
Aumentar concentrao/ quantidade todos
Relao catalisador e coliso efetiva 40% dos alunos
3.1.2- Uma ma e uma banana foram descascadas e cortadas ao meio. A uma das metades de
cada fruta foi adicionado suco de limo, no sendo esse suco adicionado s outras metades.
Depois de algumas horas de observao, percebeu-se que as frutas que no foram cobertas
com o suco de limo escureceram, enquanto as outras permaneceram praticamente
inalteradas.(adaptado de USBERCO, J., Qumica, v. nico. So Paulo: Saraiva, 2002).
a) Explique a diferena observada nas frutas. b) Explique porque aconselhvel espremer
limo na salada de frutas para conserv-la.
Quadro 02
Ao do catalisador 40% dos alunos
Ao do inibidor 60% dos alunos
Relao com oxidao/catalisador 20% dos alunos
Relao com oxidao/inibidor 20% dos alunos
3.1.3- As frutas cultivadas em clima quente amadurecem mais rapidamente do que em clima
frio. Explique essa afirmao. (adaptado de: USBERCO, J., Qumica, v. nico. So Paulo:
Saraiva, 2002).
Quadro 03
Temperatura/calor 100% dos alunos
Catalisador 10% dos alunos
3.1.4- Porque um chumao de palha de ao enferruja mais rapidamente aps ser usado em
casa, enquanto um porto de ferro no enferruja com a mesma facilidade depois da chuva?
(Adaptado de Usberco & Salvador. Qumica essencial. So Paulo: Saraiva, 2001, p. 212).
Quadro 04
Superfcie de contato 30% deles
Ao da gua/reagentes 10% dos alunos
-
Tamanho/espessura 50% dos alunos
3.1.5- Com intuito de diminuir a poluio atmosfrica, os veculos esto equipados com
conversores catalticos que so dispositivos como colmeias contendo catalisadores apropriados e por onde fluem os gases produzidos na combusto. Ocorrem reaes complexas
com transformaes de substncias txicas em no-txicas, como:
2 CO(g) + 2 NO(g) 2 CO2(g) + N2(g)
2 CO(g) + O2(g) 2 CO2(g)
2 NO2(g) 1 N2(g) + 2O2(g)
Das seguintes afirmaes acerca dessas reaes:
(I) Os catalisadores so consumidos nas reaes.
(II) Os catalisadores aumentam a superfcie de contato entre os reagentes.
(III) Baixas temperaturas provavelmente aumentam a eficcia dos conversores catalticos. (Qumica e sociedade, So Paulo: Nova Gerao, 2005, p. 406)
Pode-se concluir que a(s) correta(s) (so)? Justifique
Quadro 05
I 10% dos alunos
II 100% deles
III 20% dos alunos
Justificativas:
I mais energia para colidir e ele no altera o produto final
II acelera a velocidade de reao./ produz mais energia, fazendo que a reao ocorra mais rpida/ aceleram a rapidez das reaes qumicas/ aumenta a superfcie de contato./ aumenta energia e diminui o tempo da reao/ COLISO mais efetiva entre as molculas dos reagentes.
III aumenta a energia de ativao, sendo assim mais energia para Colidir dessa forma a reao fica mais rpida/
3.2- Categorizao das respostas dos alunos com relao aos conceitos elaborados a
partir da aplicao da metodologia, partindo da prtica para a teoria.
3.2.1- Para remover uma Para remover uma mancha de um prato de porcelana, fez-se o
seguinte: cobriu-se a mancha com meio copo de gua fria, adicionaram-se algumas gotas de
vinagre e deixou-se por uma noite. No dia seguinte, a mancha havia clareado levemente.
Usando apenas gua e vinagre, sugira duas alteraes no procedimento, de tal modo que a
remoo da mancha possa ocorrer em menor tempo. Justifique cada uma das alternativas
propostas. (USBERCO & SALVADOR, Qumica, v. nico. So Paulo: Saraiva, 2002, p.
394).
Quadro 06
Aumento de concentrao/quantidade todos
Aumento de temperatura/calor todos
3.2.2- Uma ma e uma banana foram descascadas e cortadas ao meio. A uma das metades de
cada fruta foi adicionado suco de limo, no sendo esse suco adicionado s outras metades.
Depois de algumas horas de observao, percebeu-se que as frutas que no foram cobertas
com o suco de limo escureceram, enquanto as outras permaneceram praticamente
inalteradas.(adaptado de USBERCO, J., Qumica, v. nico. So Paulo: Saraiva, 2002).
-
a) Explique a diferena observada nas frutas.
b) Explique porque aconselhvel espremer limo na salada de frutas para conserv-la.
Quadro 07
Inibidor 90% dos alunos
Vitamina C conserva os alimentos 10% dos alunos
3.2.3- As frutas cultivadas em clima quente amadurecem mais rapidamente do que em clima
frio. Explique essa afirmao. (adaptado de: USBERCO, J., Qumica, v. nico. So Paulo:
Saraiva, 2002)
Quadro 08
Temperatura/calor 100% deles
Catalisador 20% dos alunos
3.2.4- Porque um chumao de palha de ao enferruja mais rapidamente aps ser usado em
casa, enquanto um porto de ferro no enferruja com a mesma facilidade depois da chuva?
(adaptado de USBERCO, J. Qumica, v. nico. So Paulo: Saraiva, 2002, p. 212).
Quadro 09
Espessura 10% dos alunos
Catalisador 10% dos alunos
Superfcie de contato 80% deles
3.2.5- Com intuito de diminuir a poluio atmosfrica, os veculos esto equipados com
conversores catalticos que so dispositivos como colmeias contendo catalisadores apropriados e por onde fluem os gases produzidos na combusto. Ocorrem reaes complexas
com transformaes de substncias txicas em no-txicas, como:
2 CO(g) + 2 NO(g) 2 CO2(g) + N2(g)
2 CO(g) + O2(g) 2 CO2(g)
2 NO2(g) 1 N2(g) + 2 O2(g)
Das seguintes afirmaes acerca dessas reaes:
(I) Os catalisadores so consumidos nas reaes.
(II) Os catalisadores aumentam a superfcie de contato entre os reagentes.
(III) Baixas temperaturas provavelmente aumentam a eficcia dos conversores catalticos. (Qumica & Sociedade. So Paulo: Nova Gerao, 2005, p. 406)
Pode-se concluir que a(s) correta(s) (so)? Justifique
Quadro 10
I 10% dos alunos
II 90% dos alunos
III 20% dos alunos
Justificativas:
I ele no altera o produto final.
II para acelerar o processo da reao/ aumenta a superfcie de contato/aceleram a rapidez das reaes.
III coliso mais efetiva/ para acelerar o processo da reao/ aumenta a energia e diminui o tempo da reao/ produz mais energia, fazendo que a
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reao ocorra mais rpida/ com menor energia e faz com que partculas tenham mais energia para colidir.
4- DISCUSSO E RESULTADOS
Os experimentos tiveram tima repercusso entre os alunos e as prticas se mostraram muito
eficientes na proposta de elaborao conceitual para os diferentes momentos pedaggicos em
que foram inseridos. Constatamos tambm o efeito motivante e desafiador que levou-os a
fazerem questionamentos e a significar com mais eficincia os conceitos relacionados ao tema
proposto. A partir da anlise dos dados, destacamos a importncia de inserir as atividades
experimentais sempre que for possvel, num contexto dialgico que compreende a
reconstruo de conceitos, o estmulo argumentao e a socializao dos conceitos
reelaborados. A atividade prtica tambm pode mostrar aos alunos a relevncia do que est
sendo aprendido, e que os contedos ensinados no se limitam dimenso conceitual terica,
mas envolvem procedimentos, atitudes e anlises de seu cotidiano. Verificamos ainda, uma
efetiva participao dos alunos, em ambas as turmas, na manipulao das aparelhagens e
vidrarias de laboratrio, incentivando-os a participarem mais ativamente das aulas. Ao
analisarmos os relatos e os relatrios das atividades prticas, notamos que os alunos, em sua
maioria, entenderam e evidenciaram os fatores que interferem na rapidez de uma reao
apresentada nos experimentos. Os textos disponibilizados, segundo depoimentos, traziam
linguagem simples e clara, constituindo-se em instrumentos de mediao prtica/teoria.
Tivemos, porm, enormes dificuldades em realizar a atividade de leitura compartilhada dos
mesmos. Os alunos no apresentavam interesse, em participar nesse momento. No nada
gratificante constatar que, entre eles, a maioria no possui o hbito da leitura.
Ao manipularmos o questionrio teste, de incio, em ambos os momentos de insero da
prtica, no percebemos diferenas significativas na reconstruo dos conceitos. As respostas
dos alunos foram claras, mas com um vocabulrio cientfico pobre, o que dificultou o
agrupamento em categorias, evidenciando o grau de dificuldade na apropriao do discurso e
da linguagem cientificamente aceitos. Percebemos ainda, que os alunos conseguiram
estabelecer distines e correlaes entre a teoria cintica, suas aplicaes tecnolgicas e
utilizao no cotidiano. Com respeito s nossas questes de investigao, conclumos que a
turma B apresentou maior segurana nas respostas, sinalizado melhor reelaborao conceitual.
De uma maneira geral, com relao ao aprendizado, mas com respeito aos termos empregados
na redao das respostas, a turma A fez uso de termos, palavras e expresses mais prximos
daquilo que cientificamente aceito. Para finalizar, a interpretao dos questionrios apontou
para uma elaborao/reelaborao pobre sobre os mecanismos/efeitos da ao dos
catalizadores sobre as reaes, mas, ao menos, a maioria dos alunos conseguiu identificar a
funo deles como meio de aumentar a rapidez dos processos qumicos.
5- CONSIDERAES FINAIS
A anlise dos registros revelou que a experimentao uma opo de ensino que traz
motivao aos alunos e se traduz em maior envolvimento e participao. As atividades
prticas foram ferramentas auxiliares no desenvolvimento da observao, elaborao e
significao dos conceitos relacionados ao tema Cintica Qumica. Tambm ilustraram de
forma eficiente os fatores que interferem na rapidez de uma reao. Percebemos que os alunos
puderam identificar alguns dos impactos ambientais atravs da manipulao dos fatores que
influem sobre as reaes e a influncia sobre seu cotidiano que essa manipulao pode trazer,
bem como sobre a qualidade de vida no planeta e sobre o papel da Qumica em nossas aes
do dia a dia. Pudemos constatar ainda, acerca da metodologia aplicada, com relao ao
momento pedaggico mais apropriado para a insero da experimentao, que os melhores
indicadores sinalizam para a prtica seguida da teoria. Nesse modo os alunos reconhecem
-
com maior destaque os fatores que interferem na rapidez das reaes, ao realizarem a
atividade prtica e, em seguida, estabelecerem relaes entre esses fatores e situaes
cotidianas. Percebemos tambm que, para se tornar evidente, esse momento pedaggico mais
apropriado experimentao necessita necessariamente de mais tempo e mais momentos de
prtica e leitura, pois sua cristalizao depende de um processo de ensino-aprendizado em
longo prazo, que provoque envolvimentos discursivos contnuos e mais elaborados, aos quais
nossos alunos no esto habituados.
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INVESTIGATING DIFFERENT APPROACHES FOR
EXPERIMENTATION TO TEACHING CHEMICAL KINETICS
Abstract: This work investigates the use of experiments in different approaches to teaching
Chemical Kinetics. Its purpose is to get an empirical basis to Chemistry teachers in High
School for giving choice about the better time to insert the experimentation. So this study
intends to collaborate with the correct comprehension on the phases of building scientific
concepts related to Kinetics. The results point to the importance of the experimentation and
its relevance of the Chemical Kinetics learning.
Key-words: Chemical Kinetics learning, experimentation, scientific concepts.