Trabalho Individual de Longa Duração - core.ac.uk · FM Field Manual (Manual de Campanha) ......

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INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE ESTADO-MAIOR 2004 / 2006 Presidente do júri: TGEN José Luís Pinto Ramalho Arguente principal: COR ADMAER Fausto Reduto Paula Arguente: TCOR ART José Luís de Sousa Dias Gonçalves Arguente: MAJ INF Mário Alexandre de M. P. Álvares Trabalho Individual Trabalho Individual de Longa Duração “Apoio logístico à componente operacional do Sistema de Forças Nacional. Brigada Independente versus Brigada “Endivisionada”: uma solução para o Exército Português.” LUÍS FILIPE ALMEIDA COSTA LUÍS FILIPE ALMEIDA COSTA MAJOR INFANTARIA MAJOR INFANTARIA

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INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES

CURSO DE ESTADO-MAIOR

2004 / 2006

Presidente do jri: TGEN Jos Lus Pinto Ramalho

Arguente principal: COR ADMAER Fausto Reduto Paula

Arguente: TCOR ART Jos Lus de Sousa Dias Gonalves

Arguente: MAJ INF Mrio Alexandre de M. P. lvares

Trabalho Individual Trabalho Individual de Longa Durao

Apoio logstico componente operacional do Sistema de Foras Nacional. Brigada

Independente versus Brigada Endivisionada: uma soluo para o Exrcito Portugus.

LUS FILIPE ALMEIDA COSTA LUS FILIPE ALMEIDA COSTA

MAJOR INFANTARIA MAJOR INFANTARIA

Apoio logstico componente operacional do Sistema de Foras Nacional

Brigada Independente versus Brigada Endivisionada: uma soluo para o Exrcito Portugus.

i

ESTE TRABALHO PROPRIEDADE DO INSTITUTO DE ESTUDOS

SUPERIORES MILITARES

ESTE TRABALHO FOI ELABORADO COM UMA FINALIDADE

ESSENCIALMENTE ESCOLAR, DURANTE A FREQUNCIA DE UM CURSO

NO INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES,

CUMULATIVAMENTE COM A ACTIVIDADE ESCOLAR NORMAL.

AS OPINIES DO AUTOR, EXPRESSAS COM TOTAL LIBERDADE

ACADMICA, REPORTANDO-SE AO PERODO EM QUE FORAM ESCRITAS

PODEM NO REPRESENTAR DOUTRINA SUSTENTADA PELO INSTITUTO

DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES.

PROFESSOR ORIENTADOR

Nuno Manuel Mendes Farinha

TCOR INF

Pg

Apoio logstico componente operacional do Sistema de Foras Nacional

Brigada Independente versus Brigada Endivisionada: uma soluo para o Exrcito Portugus.

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Resumo

Este Trabalho Individual, sobre o tema Apoio logstico componente operacional do

Sistema de Foras Nacional. Brigada Independente versus Brigada Endivisionada: uma

soluo para o Exrcito Portugus, apresenta um estudo de opinio, de militares do Exrcito

Portugus, sobre qual a melhor soluo de apoio logstico susceptvel de ser aplicada nas

grandes unidades do Sistema de Foras Nacional. Est orientado segundo duas perspectivas

essenciais, a sua centralizao at ao escalo brigada ou cada uma das grandes unidades

possuindo organicamente um Batalho de Apoio de Servios, sendo responsvel pela

organizao, preparao e treino do seu apoio.

Est estruturado em dois captulos. No primeiro abordada a pesquisa bibliogrfica

efectuada, com uma breve referncia aos conceitos que enquadram a problemtica em estudo,

qual o actual sistema em Portugal e alguns modelos aplicados noutros exrcitos que se possam

constituir como exemplo. No segundo, feita a anlise das opinies, colhida atravs de

questionrios e entrevistas, de oficiais do Exrcito, de alguma forma ligados logstica, sobre

qual ser a melhor soluo para o Exrcito Portugus.

Comparando aspectos relacionados com o comando e controlo, formao e treino,

flexibilidade, simplicidade, economia e possvel terceirizao (out-sourcing), as concluses

apontam para qual, na opinio dos inquiridos, ser a melhor soluo para Portugal e quais os

aspectos prticos que devero ser estudados para aplicao da opo tomada, bem como, a

importncia e pertinncia da modularidade desse apoio.

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Abstract

This individual project titled, Logistic Support to the Operational Component of the

National Forces System, Independent Brigade versus Divisional Brigade: A Solution for the

Portuguese Army, presents the opinions of Army personnel on the best method for logistic

support to the major units of the Portuguese Army. This paper examines two essential

possibilities: first, the centralization of logistic support up to the Brigade level or, second, an

organic Support Battalion assigned to each major unit, responsible for the organization, readiness,

development and training of the support elements.

This paper is divided into two chapters. The first chapter discusses the bibliographic

research conducted with a brief reference to the concepts that frame the problem in question,

specifically the current Portuguese logistic support system and models used by other armies that

may be studied as an example. The second chapter analyzes the opinions, elicited through

questionnaires distributed to Portuguese Army officers, and linked to logistics, on what the right

answer might be for the Portuguese Army.

Comparing the aspects related with command and control, training, flexibility,

simplicity, economy and potential out-sourcing, the conclusions present, in the opinion of those

surveyed, the best solution for the Portuguese Army and demonstrate the avenues that should be

explored to apply the selected option, along with the importance and applicability of the

modularity of that support.

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Dedicatria

Por merecerem mais do que ningum,

minha filha Sofia Leonor,

minha querida esposa Ftima.

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Lista de abreviaturas

AAP Allied Administrative Publication (Publicao Administrativa Aliada) A/D Apoio Directo ADP Army Doctrine Publication (Publicao de Doutrina do Exrcito) A/G Apoio Geral AJP Allied Joint Publication (Publicao Conjunta Aliada) APOD Aerial Port of Debarkation (Aeroporto de Desembarque) ApSvc Apoio de Servios BAI Brigada Aerotransportada Independente BAM Batalho de Administrao Militar BApLog Batalho de Apoio Logstico BApSvc Batalho de Apoio de Servios BG Battlegroup (Agrupamento de Combate) BiH Bsnia-Herzegovina BLI Brigada Ligeira de Interveno BMI Brigada Mecanizada Independente BrigInt Brigada de Interveno BrigMec Brigada Mecanizada BrigRR Brigada de Reaco Rpida BRISAN Brigada de Sanidade (Brigada Sanitria) BSB Brigade Support Battalion (Batalho de Apoio Logstico da Brigada) BSC Brigade Support Company (Companhia de Apoio de Servios da Brigada) BSM Batalho do Servio de Material BSS Batalho do Servio de Sade BST Batalho do Servio de Transportes CAdm Companhia de Administrao CAL Comando Administrativo-Logstico CCS Companhia de Comando e Servios CE Corpo de Exrcito CEM Conceito Estratgico Militar CEME Chefe do Estado-Maior do Exrcito CJ4 Combined Joint 4 (Clula Logstica de Estado-Maior Conjunto e Combinado) CMan Companhia de Manuteno COE Contingent Owned Equipment (Equipamento Propriedade dos Contingentes

Nacionais) COFT Comando Operacional das Foras Terrestres COMFOTER Comandante delle Forze Terrestri (Comandante das Foras Terrestres) CUI Common User Item (Artigo de Uso Comum) CReabSvc Companhia de Reabastecimento e Servios CReabTransp Companhia de Reabastecimento e Transporte CRO Crises Response Operation (Operao de Resposta a Crises)

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CROP Container roll-in, roll-out platforms (Plataforma para Contentores Roll-in, Roll-out)

CS Close Support (Apoio Directo) CSan Companhia Sanitria CS Coy Close Support Company (Companhia de Apoio Directo) CSDN Conselho Superior de Defesa Nacional CSR Close Support Regiment (Regimento de Apoio Logstico) CSS Combat Service Support (Apoio de Servios ao Combate) DISCOM Division Support Command (Comando de Apoio de Servios Divisionrio) DOS Days of Supplies (Dias de Abastecimentos) DSM Direco do Servio de Material DPKO Department of Peace-Keeping Operations (Departamento de Operaes de

Manuteno de Paz) ECS Esquadro de Comando e Servios EME Estado-Maior do Exrcito EMGFA Estado-Maior General das Foras Armadas EPAM Escola Prtica de Administrao Militar EPSM Escola Prtica de Servio de Material EPST Escola Prtica de Servio de Transportes EU European Union (Unio Europeia) EUA Estados Unidos da Amrica FSC Forward Support Company (Companhia de Apoio de Servios Avanada) FLA Fascia Logistica di Aderenza (Faixa Logstica de Aderncia) FLO Fuerza Logistica Operativa (Fora Logstica Operacional) FLS Fascia Logstica di Sostegno (Faixa Logstica de Sustento) FLT Fuerzas Logsticas Terrestres (Foras Logsticas Terrestres) FM Field Manual (Manual de Campanha) FOPE Fora Operacional Permanente do Exrcito FSA Forward Support Area (rea de Apoio de Servios Avanada) FSB Forward Support Battalion (Batalho de Apoio de Servios Avanado) GB Grande Base GML Governo Militar de Lisboa GS General Support (Apoio Geral) GSA Gruppo di Supporto di Aderenza (Grupo de Suporte de Aderncia) GS Coy General Support Coy (Companhia de Apoio Geral) GU Grande Unidade HNS Host Nation Support (Apoio da Nao Hospedeira) IAEM Instituto de Altos Estudos Militares IBCT Interim Brigade Combat Team (Fora de Combate, de Transio, de Escalo

Brigada) JP Joint Publication (Publicao Conjunta)

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JWP Joint Warfare Publication (Publicao Conjunta) LDNFA Lei de Defesa Nacional e das Foras Armadas LHS Load Handling System (Sistema de Manuseamento de Carga) LN Lead Nation (Nao Lder) LOA Letter of Assist (Acordos) LOBOFA Lei Orgnica de Bases da Organizao das Foras Armadas LOGCAP Logistics Civil Augmentation Program (Programa Logstico com recurso a

empresas civis) MALE Mando de Apoyo Logstico a Ejercito (Comando do Apoio Logstico do Exrcito) MALOG-OP Mando de Apoyo Logstico a las Operaciones (Comando de Apoio Logstico s

Operaes) MSA Mutual Support Agreement (Acordo de Apoio Mtuo) MIFA Misses Especficas das Foras Armadas MILU Multinational Integrated Logistic Support Unit (Unidade Multinacional de Apoio

Logstico) MIMU Multinational Integrated Medical Unit (Unidade Multinacional de Apoio Mdico) MNSE Multinational Support Element (Elemento de Apoio de Servios Multinacional) MOA Memorand of Agreement (Memorando de Acordo) MOU Memorandum of Understanding (Memorando de Entendimento) MSA Mutual Support Arrangements (Acordos de Apoio Mtuos) MSB Main Support Battalion (Batalho de Apoio de Servios Principal) NC Notas Complementares NCUI Non Common User Item (Artigo de uso No Comum) NRF NATO Response Force (Fora Resposta da OTAN) NSE National Support Element (Elemento de Apoio de Servios Nacional) ONU Organizao das Naes Unidas OTAN Organizao do Tratado do Atlntico Norte PLS Palletized Loading Sistem (Sistema de Carregamento de Artigos Paletizados) POD Port of Debarkation (Porto de Desembarque) RA Regimento de Artilharia RAMC Royal Army Medical Corps (Corpo Mdico do Exrcito do Reino) RELOMA Reggimento Logistico di Manovra (Regimento Logstico de Manobra) REMA Reggimento di Manovra (Regimento de Manobra) REME Royal Electrical and Mechanical Engineers (Engenheiros Mecnicos e

Electrnicos do Reino) RETRA Reggimento Transporti (Regimento de Transportes) RLC Royal Logistics Corp (Corpo Logstico do Reino) RMN Regio Militar Norte RMS Regio Militar Sul RPOD Rail Port of Debarkation (Porto Terrestre, Rodovirio ou Ferrovirio, de

Desembarque) RSN Role Specialist Nation (Nao Especialista)

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RSA Rear Support Area (rea de Apoio de Servios da Retaguarda) SBCT Stryker Brigade Combate Team (Fora de Combate de escalo Brigada com

Viaturas Stryker) SCEME Subchefe do Estado-Maior do Exrcito SFN Sistema de Foras Nacional SFOR Stabilization Force (Fora de Estabilizao) SHAPE Supreme Headquarters Allied Powers Europe (Supremo Comando Aliado para a

Europa) SPOD Sea Port of Debarkation (Porto Martimo de Desembarque) SPSS Statistical Package for the Social Sciences (Ferramenta Estatstica para Cincias

Sociais) ST Student Text (Texto Escolar) TCN Troop Contributing Nation (Nao Contribuinte com Tropas) TO Teatro de Operaes TN Territrio Nacional TPLSS Third Party Logistic Support Services (Apoio Logstico Prestado por Terceiros) UE Unio Europeia U/E/O Unidades, Estabelecimentos e rgos UNOE United Nations Owned Equipment (Equipamento Propriedade das Naes Unidas)

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NDICE GERAL

INTRODUO ...........................................................................................................................................1

I - REVISO DE LITERATURA ............................................................................................................5 I.1. Enquadramento conceptual..................................................................................................................5 I.1.1. Doutrina logstica da Organizao do Tratado do Atlntico Norte .....................................................5 I.1.2. Doutrina logstica da Organizao das Naes Unidas .......................................................................7 I.1.3. Doutrina logstica de apoio ao Battlegroup (BG) da Unio Europeia (UE) ........................................9 I.1.4. Apoio logstico em Brigadas Endivisionadas ..................................................................................9 I.1.5. Doutrina logstica do Exrcito Portugus, Brigadas Independentes..................................................11 I.1.6. Outras orientaes doutrinrias .........................................................................................................12 I.1.6.1 Terceirizao ..................................................................................................................................12 I.1.6.2 Velocity Management .....................................................................................................................13 I.1.6.3 Network logistics ............................................................................................................................14 I.1.6.4 Reverse logistics .............................................................................................................................14 I.1.7. Sntese conclusiva .............................................................................................................................14 I.2. Apoio Logstico na componente operacional do Exrcito Portugus................................................16 I.2.1. Directiva 193/CEME/03 ....................................................................................................................16 I.2.2. Componente operacional do SFN......................................................................................................17 I.2.3. Cenrios de emprego .........................................................................................................................18 I.2.4. Sntese conclusiva .............................................................................................................................18 I.3. Modelos comparativos de sistemas de apoio logstico ......................................................................19 I.3.1. Exrcito Italiano ................................................................................................................................19 I.3.2. Exrcito Espanhol..............................................................................................................................20 I.3.3. Exrcito Grego...................................................................................................................................22 I.3.4. Exrcito Holands .............................................................................................................................22 I.3.5. Exrcito do Reino Unido ...................................................................................................................23 I.3.6. Exrcito dos Estados Unidos da Amrica..........................................................................................24 I.3.7. Sntese conclusiva .............................................................................................................................26

II - BRIGADAS INDEPENDENTES VS BRIGADAS ENDIVISIONADAS; UMA SOLUO PARA O EXRCITO PORTUGUS ...............................................................................................27

II.1. Metodologia.......................................................................................................................................27 II.1.1. Identificao das variveis.................................................................................................................27 II.1.2. Definio, descrio e caracterizao das amostras ..........................................................................27 II.1.2.1 Amostra A ......................................................................................................................................27 II.1.2.2 Amostra B ......................................................................................................................................31 II.1.3. Problemtica, questes derivadas e hipteses ...................................................................................31 II.1.4. Instrumento de recolha de dados .......................................................................................................32 II.1.5. Procedimentos estatsticos.................................................................................................................33 II.2. Anlise dos resultados .......................................................................................................................33 II.2.1. Garantia de comando e controlo........................................................................................................34 II.2.2. Adequada formao e treino..............................................................................................................36 II.2.3. Garantia de flexibilidade ...................................................................................................................37 II.2.4. Princpios da simplicidade e economia .............................................................................................40 II.2.5. Actividades logsticas orgnicas das brigadas ...................................................................................41 II.2.6. Funes e/ou classes de reabastecimento susceptveis de terceirizao............................................43 II.2.7. Sntese conclusiva .............................................................................................................................45

CONCLUSES E RECOMENDAES ...............................................................................................47

BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................52

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ndice de figuras Pag.

1.1 Forward Support Battalion 10

ndice de quadros Pag.

2.1 Resumo dos questionrios enviados/recebidos. 28

2.2 Caracterizao da amostra por nmeros absolutos... 29

2.3 Tempo nas funes 30

2.4 Funes em unidades de apoio de servios... 30

2.5 Valores mdios dados aos factores em anlise no critrio de comparao Comando e Controlo, distribudo por brigadas. 34

2.6 Valores mdios dados aos factores em anlise no critrio de comparao Formao e Treino, distribudo por brigadas 36

2.7 Valores mdios dados aos factores em anlise no critrio de comparao Flexibilidade, distribudo por brigadas. 38

2.8 Valores mdios dados aos factores em anlise no critrio de comparao Simplicidade e Economia, distribudo por brigadas. 40

2.9 Percentagem de valncias que devero ser orgnicas das brigadas. 42

2.10 Percentagem de valncias que podero ser terceirizadas relativamente ao empenhamento da fora 44

3.1 Valores mdios para a modalidade identificada como a mais adequada. 45 Lista de apndices

Apndice A Sistemas modulares

Apndice B Mapa conceptual

Apndice C Entrevista ao MGEN SCEME

Apndice D Entrevista ao adido militar espanhol

Apndice E Caracterizao da amostra

Apndice F Questionrio aplicado

Apndice G Guio para entrevista

Apndice H Entrevistas efectuadas s entidades que constituem a amostra B

Apndice I Anlise do factor comando e controlo

Apndice J Anlise do factor flexibilidade

Apndice K Anlise do factor simplicidade e economia

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Lista de anexos

Anexo A Organizao do DPKO/ONU

Anexo B Memorando n 208/CEME/04

Anexo C Apoio logstico nas Brigadas da Fora XXI

Anexo D Organizao da estrutura de topo do Exrcito Italiano

Anexo E Fascia Logstica di Aderenza (Faixa logstica de aderncia) e Brigada Logstica (It)

Anexo F Exemplo de um GSA (It)

Anexo G Organizao logstica do Exrcito Espanhol

Anexo H Organizao do Exrcito Grego

Anexo I Organizao do Exrcito Holands

Anexo J Estrutura orgnica da SBCT

Anexo K Estrutura orgnica do Batalho de Apoio logstico/SBCT

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INTRODUO

Contexto e objectivo da investigao

Com vrias referncias histricas sua importncia nas batalhas, o apoio logstico, de uma

forma ou de outra, sempre esteve presente. Se em alguns casos pelas piores razes, como na

Guerra da Crimeia (1855) onde O que matou mais homens, mais do que as balas russas, o que

tornou a vida impossvel, o que fez com que centenas de homens fossem parar ao pavilho

hospitalar ou sepultura, foi a falta de lenha. (Dixon, 2005, p. 48), outros houve em que surge

como um dos principais factores para o xito das operaes 1 . Em resultado da evoluo

tecnolgica, da rapidez dos acontecimentos, das exigncias dos combatentes e da nova tipologia

dos conflitos e das intervenes militares, o apoio logstico tornou-se mais exigente e

preponderante. As quantidades de material a transportar e a reabastecer, as especificidades de

equipamentos, suas necessidades e a diminuio do tempo de aco, do nfase aos aspectos

logsticos, sendo tambm causa de intensa actividade operacional (operaes de projeco de

foras e sua sustentao, operaes de retraco de dispositivo, etc).

A doutrina nacional de emprego de foras, onde se inclui o apoio logstico, tem sido

orientada para a defesa do Territrio Nacional (TN), numa perspectiva de conflito convencional.

No entanto, a recente histria de interveno das foras militares portuguesas em teatros de

operaes (TO) exteriores ao TN e em misses de resposta a crises, tem alterado rotinas e

necessidades.

O Conceito Estratgico Militar (CEM), aprovado por despacho de Sua Excelncia o

Ministro de Estado e da Defesa Nacional, em 22 de Dezembro de 2003, define que a aco

militar deve acautelar a necessidade de abandonar um modelo de Foras Armadas assente em

estruturas excessivamente estticas, em favor de alternativas que potenciem a capacidade de

projectar foras e a mobilidade estratgica e tctica. (CEM, 2003, p. 6), tendo como nvel de

ambio para as foras terrestres o empenhamento sustentado e continuado de uma fora de

escalo batalho em trs teatros de operaes simultneos ou em alternativa uma fora de

1 Como so exemplos o desembarque na Normandia na II Grande Guerra ou as duas ltimas Guerras do Golfo.

A nossa classificao alcana e abrange apenas o uso da fora militar. Mas h tambm na guerra um certo nmero de actividades que lhe so subservientes e contudo so bem diferenciadas dela; umas vezes esto-lhe ligadas de muito perto, outras vezes so menos prximas na sua afinidade. Todas essas actividades esto relacionadas com a manuteno da fora militar []. Os assuntos que em certo aspecto pertencem prpria luta so as marchas, acampamentos e aquartelamentos []. Os outros assuntos que apenas pertencem manuteno so: a subsistncia, tratamento de doentes, fornecimento e reparao de armas e equipamento.

Carl Von Clausewitz, General in Da Guerra,1832

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escalo brigada num nico teatro. (CEM, 2003, p. 9). Esta perspectiva de emprego das foras

militares, associada ao fim do Servio Efectivo Normal em Novembro de 2004, com a

consequente diminuio de efectivos, obriga a uma flexibilizao do emprego dos recursos

humanos e materiais.

Face a esta realidade, ter o Exrcito de se reorganizar e estudar uma forma objectiva de

sustentao da sua componente operacional, que no passe apenas pela simples adaptao da

doutrina existente. Pretende-se, com este estudo, identificar um possvel modelo de apoio

logstico a adoptar, bem como, possveis fragilidades que da resultem.

Importncia e delimitao do estudo

O tema assume a sua relevncia, dado o ambiente poltico e social interno que actualmente

se vive, as questes militares relativas ao emprego de foras e na continuao da orientao

transmitida pelo GEN CEME (Chefe do Estado-Maior do Exrcito) para a reestruturao do

Exrcito (directiva 193/CEME/03). Dessa reestruturao, teremos de dar nfase possvel

extino do I Corpo de Exrcito (CE) e do Comando Administrativo-Logstico (CAL),

desactivao das regies militares e perspectiva de emprego de foras, trs batalhes

projectados ou uma brigada. Estes aspectos obrigam a uma flexibilizao de emprego de meios,

maximizando os recursos e permitindo uma rpida adaptao a novas misses.

A importncia deste estudo ser medida pela pertinncia e carcter prtico dos aspectos

analisados, contribuindo para a definio de um sistema de apoio actual, que garanta a necessria

economia de recursos (materiais e humanos), seja flexvel e exequvel. Procurar-se-, ainda,

facilitar a adaptao nova tipologia de misses e a integrao das foras em operaes

combinadas. Apesar da abrangncia do estudo, foi delimitado, na sua anlise, ao apoio nas trs

brigadas que compem o Sistema de Foras Nacional (SFN), tendo presente que s ir abranger

o apoio necessrio sua actividade operacional.

Conceitos

O conceito de Apoio Logstico definido, no mbito do Exrcito, como as actividades

efectuadas no sentido de fazer viver as tropas e alimentar o combate, desenvolvendo e mantendo

o mximo potencial de combate atravs do apoio aos sistemas de armas (ME 60-10-00, 1990, p.

I-6 e I-7).

Por sua vez, a logstica empresarial entendida como o Processo de planeamento,

implantao e controlo dos fluxos, quer dos servios ou dos produtos quer da informao, desde

a aquisio da matria-prima at ao local de consumo, no tempo adequado, de acordo com as

respectivas necessidades e ao mais baixo custo total. (Reis, 2003, p. 38). Neste conceito

destacam-se alguns aspectos, como o fluxo de informao e o baixo custo.

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Apoio logstico componente operacional do Sistema de Foras Nacional

Brigada Independente versus Brigada Endivisionada: uma soluo para o Exrcito Portugus.

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Os conceitos de Brigada Independente2 e o de Brigada Endivisionada, sustentam o

tema em estudo, ambos desenvolvidos no enquadramento conceptual. No entanto, numa pequena

abordagem ao segundo, pode-se referir que, o conceito comparado no tema, no exactamente o

doutrinrio3, mas apresenta alguma semelhana no seu apoio de servios. Identifica-se como no

existindo unidades de apoio de servios orgnicas nas brigadas do SFN, o que levaria

necessidade de uma estrutura exterior que o garantisse.

Outro conceito abordado e com relevncia, o de modularidade, sendo definido como a

Metodologia de articular uma fora de forma a poder-se definir as formas de atribuio de

elementos que, por sua vez, so intermutveis, expansveis e ajustados (tailorable) para

satisfazer as necessidades, em constante mudana do Exrcito.4 (Loureno, 2001, p. 14), mais

desenvolvido em apndice (ver apndice A - Sistemas modulares). Ser importante destacar a

possibilidade de um sistema modular ser redesenhado para fazer face s necessidades e

estruturado em funo de um padro de capacidades, tarefas a desempenhar, compatibilidades e

interoperabilidades que permitam a flexibilizao do seu emprego.

Metodologia e organizao

A metodologia seguida foi baseada no mtodo cientfico de investigao descritiva,

utilizando os mtodos qualitativos e quantitativos, atravs de anlise documental, entrevistas em

profundidade e aplicao de questionrios. O percurso metodolgico baseou-se, numa 1 fase,

em pesquisa documental e bibliogrfica e numa 2 fase, em entrevistas e aplicao de

questionrios, com tratamento estatstico, a oficiais que, de alguma forma, participem, ou tenham

participado, no apoio logstico da componente operacional do Exrcito (ver apndice B - Mapa

conceptual).

Na definio da problemtica em estudo, pretende-se dar resposta a Qual poder ser o

sistema de apoio logstico das Brigadas da componente operacional do Sistema de Foras

do Exrcito, que melhor garante o apoio da sua actividade operacional, em Territrio

Nacional ou quando projectadas?

2 Grande unidade de composio fixa, estruturada por forma a poder cumprir misses com certa amplitude no

tempo e no espao. Para isso possui, organicamente, alm das unidades de manobra, unidades de apoio de combate e de apoio de servios que lhe facultam a autonomia de que necessita. Tal como a Diviso elo da cadeia de apoio de servios. (ME 60-30--00, 1990, p. II-1).

3 Unidade sem composio fixa, articulada em unidades de manobra e apoio de combate de acordo com o tipo de misso a desempenhar, dependendo em termos de apoio de servios do seu escalo superior (Diviso), no se constituindo como elo da cadeia logstica.

4 Modularity is a force design methodology which establishes a means of providing force elements that are interchangeable, expandable, and tailorable to meet the changing needs of the Army. (TRADOC Pamphlet 525-68, 1995, p. 3).

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Com esse objectivo, foi necessrio identificar, na opinio dos inquiridos:

# 1 Qual o sistema que melhor garante o comando e controlo das unidades de apoio

logstico, no apoio das Brigadas da componente operacional do Sistema de Foras do Exrcito?

# 2 Qual o sistema que melhor garante uma adequada formao e treino da estrutura de

apoio logstico, para apoio das Brigadas da componente operacional do Sistema de Foras do

Exrcito?

# 3 Qual o sistema que melhor garante a flexibilidade do apoio logstico das Brigadas da

componente operacional do Sistema de Foras do Exrcito?

# 4 Qual o sistema que melhor garante uma maior simplicidade e economia do apoio

logstico das Brigadas da componente operacional do Sistema de Foras do Exrcito?

Alm destes aspectos, foi tambm analisada a opinio dos inquiridos, relativamente

possvel terceirizao (Out-sourcing)5, de actividades neste mbito, com o objectivo de tornar o

apoio de servios menos pesado para as foras militares.

Em resultado da observao de modelos adoptados por exrcitos de alguns estados com

afinidades a Portugal, foram levantadas hipteses que pudessem dar resposta s questes

colocadas. Essas hipteses, identificam-se genericamente, com trs possveis modelos de

estrutura orgnica relacionados com o apoio logstico da actividade operacional, nomeadamente:

as unidades de apoio de servios, para Apoio Directo (A/D), so orgnicas das brigadas; as

brigadas no tm unidades de apoio de servios orgnicas, sendo o apoio prestado por uma

unidade constituda modularmente a partir das unidade de Apoio Geral (A/G) e as brigadas

possuem organicamente, apenas, o comando de uma unidade de apoio de servios,

permanentemente constitudo, com as valncias logsticas que forem exclusivas dessa unidade.

O estudo foi estruturado em dois blocos principais, um com anlise da bibliografia

disponvel e outro com a anlise da aplicao dos questionrios e das entrevistas efectuadas. Nas

concluses apresentadas, as modalidades onde preconizada a centralizao do apoio logstico,

apesar da falta de experimentao desta soluo, apresenta vantagens, principalmente quando

associada a uma organizao modular, que sendo potenciadas, constituiro factores decisivos na

escolha da soluo a adoptar, continuando, apesar de tudo, a ser necessrio ultrapassar alguma

inrcia mudana.

5 Refere-se entrega a terceiros da prestao de servios.

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I - REVISO DE LITERATURA Nesta fase da estrutura do trabalho e em resultado de recolha bibliogrfica e sua anlise,

sero feitas breves e sucintas referncias a aspectos conceptuais e doutrinrios, para um melhor

entendimento da problemtica6 em estudo. As abordagens escolhidas, so as que se considerou

poderem influenciar futuras decises no campo do apoio logstico componente operacional do

Exrcito Portugus.

Face a isso, sero apresentados os conceitos de apoio logstico nas principais organizaes

internacionais, onde Portugal se integra e tem vindo ou poder vir a empregar foras militares, a

Organizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN) (misso do art 5 ou no art 5), a

Organizao das Naes Unidas (ONU) e o apoio ao Battlegroup (BG) da Unio Europeia (UE).

De seguida ser feita uma abordagem aos conceitos pilares desta investigao: o de Brigada

Endivisionada e o de Brigada Independente. Finalmente, sero apresentadas algumas orienta-

es doutrinrias, que actualmente so seguidas ao nvel da logstica empresarial, podendo a sua

aplicao militar trazer vantagens para o produto final desejado.

Ainda neste contexto e em resultado de orientaes concretas do Exmo. GEN CEME, do

que foi aprovado e neste momento em fase de implementao no Exrcito Portugus, ser

abordada a nova estrutura de apoio, da componente operacional do SFN, em particular a sua

organizao de apoio logstico. Posteriormente, far-se- a ponte para a abordagem seguinte, que

passa pela apresentao de modelos j em vigor, ou em implementao, em diversos exrcitos

pertencentes a estados com que Portugal tem afinidades doutrinrias, fsicas ou pelo emprego de

foras.

I.1. Enquadramento conceptual I.1.1. Doutrina logstica da Organizao do Tratado do Atlntico Norte

A OTAN entende logstica como a Cincia do planeamento e da execuo dos

movimentos e sustentao de Foras 7 , sendo que, alguns conceitos base so um pouco

diferentes dos nacionais, nomeadamente as funes logsticas8 e as classes de abastecimento9

(AJP-4(A), 2002, cap. 3).

6 Conforme se pode verificar, de uma forma esquematizada, no apndice B Mapa conceptual. 7 The science of planning and carrying out the movement and maintenance of forces. (AAP6, 2005, p. 2-L-4). 8 Na OTAN as funes logsticas so: reabastecimento e servios, manuteno e reparao, movimentos e transporte,

oramentao e finanas, contratos, infra-estruturas e apoio sanitrio. 9 A OTAN apenas preconiza cinco classes: I artigos de subsistncia consumidos uniformemente (ex. raes de

combate), II artigos de quadro orgnico (ex. avies, armas, roupas ferramentas), III combustveis e lubrificantes, IV outros artigos no pertencentes aos quadros orgnicos (ex. material de preparao defensiva) e V munies, explosivos e agentes qumicos.

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Nesta organizao integram-se grande parte das misses que implicam a projeco de

unidades constitudas do Exrcito Portugus, at data de escalo batalho, as quais tm de se

adaptar aos seus conceitos, princpios e procedimentos.

Tradicionalmente, a sustentao logstica numa misso OTAN assenta numa

responsabilidade nacional10, sendo do Comandante da fora a responsabilidade de coordenar o

esforo logstico global. Para isso, normalmente, as naes projectam um National Support

Element (NSE)11. No entanto, a OTAN tambm prev opes logsticas multinacionais para

apoio s suas operaes (AJP-4.9, 2002), das quais se destacam:

- Multinational Integrated Logistic Support Units (MILU), unidades de constituio

modular, levantadas por duas ou mais naes, mantidas sob o controlo operacional do

comandante da fora, para garantir o seu apoio logstico. Esta opo especialmente

recomendada, quando uma s nao est em condies de garantir o ncleo base destas unidades.

As MILU podero garantir o reabastecimento dos Common User Item (CUI)12. Os restantes

apoios so considerados Non Common User Item (NCUI) e so de responsabilidade nacional

(raes de combate, classe II e V, manuteno, correio, servios morturios, etc). No caso do

apoio sanitrio pode ser constitudo uma Multinational Integrated Medical Unit (MIMU), para

apoio em Role 2 e/ou 3, garantindo as naes o restante apoio13.

- Lead Nation (LN), quando uma nao, devido dimenso e natureza da sua contribuio

de foras, assume a responsabilidade do fornecimento e/ou coordenao de uma parte do apoio,

para toda ou parte de uma fora multinacional.

- Role Specialist Nation (RSN), quando uma nao responsvel (especializada) por

garantir o abastecimento de determinada classe ou servios, para toda ou parte de uma fora

multinacional, custa de recursos prprios.

Podero ainda ser consideradas outras opes de apoio, que podem passar por Mutual

Support Arrangements (MSA), em que as naes desenvolvem acordos multi ou bi-laterais com

outras naes, com foras no terreno, para garantir o seu apoio. So, normalmente utilizados,

10 As Naes devem assegurar, individualmente ou atravs de acordos, os recursos necessrios s suas Foras,

integradas numa Fora OTAN em tempo de Paz, Crise ou Conflito. (AJP-4(A), 2002, p. 1-13). 11 Organizao nacional responsvel por garantir o Apoio de Servios componente nacional, integrada numa

Fora OTAN; sob comando nacional. (Farinha, 2003, p. 3). 12 Reabastecimentos e servios idnticos a todos, ou grande parte dos contingentes, como: classe I (frescos e gua),

classe III (apenas combustveis), classe IV; transporte para o destino final; entre os servios est prevista a coordenao de lavandarias, lixo e esgotos.

13 Role 1 Apoio garantido na unidade, inclui pequenos curativos, examinao e estabilizao do indisponvel; Role 2 Apoio garantido por unidade escalo companhia, com equipas de mdicos e enfermeiros. O apoio inclui

reanimao e estabilizao, capacidade cirrgica, anlises e raio-X; Role 3 Ainda localizado na zona de combate, garante as capacidades mnimas de um hospital, j incluindo

tratamento ps-operativo (AJP-4.10, 2002, p. 16 a 18).

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quando naes, com pequenos contingentes, dependem de outras foras que tm capacidade para

os apoiar em determinadas necessidades, evitando-se desta forma a redundncia desnecessria.

Uma outra opo poder ser o Host Nation Support (HNS), quando a assistncia militar

e/ou civil prestada por um pas, a foras estrangeiras no seu territrio, em tempo de paz, crise

ou guerra. Baseada em acordos estabelecidos entre as naes, permite que as foras possam

operar mais longe das suas fontes nacionais de abastecimento e possibilita a reduo do tempo e

custos da sua projeco. Para tal, existem algumas reas de acordo possvel, como os

combustveis, alimentao, gua, transportes, instalaes, telecomunicaes, sade, servios,

mo-de-obra e abastecimentos diversos.

A Third Party Logistic Support Service (TPLSS), sendo uma contratao de empresas

especializadas para determinados servios, tambm uma soluo possvel, podendo incidir

sobre as reas da construo e manuteno de campos e bases, combate a incndios, servio de

alimentao (Catering), banhos e lavandarias, abastecimento de gua, combustveis, transporte

de equipamento pesado, transporte de pessoal (shuttle), correio, limpeza de neve, etc.

Relativamente implantao no terreno, a OTAN preconiza, para o apoio logstico, a

diviso do TO em Rear Support rea (RSA) e Forward Support rea (FSA), desenvolvendo-se

na RSA a logstica operacional onde so implantadas as bases logsticas, que podem ser

nacionais (NSE) ou multinacionais14 e que se situam relativamente prximas dos portos de

desembarque, podendo ser martimos (SPOD), areos (APOD) ou terrestres (RPOD). Na FSA

garantido o apoio logstico s unidades empenhadas nas operaes. No entanto, a tipologia das

reas de operaes tem-se alterado para configuraes no lineares, o que leva a uma

implantao dos rgos de apoio do nvel operacional mais disseminada.

I.1.2. Doutrina logstica da Organizao das Naes Unidas Os procedimentos logsticos numa operao da ONU estaro sempre dependentes dos

acordos firmados ao nvel poltico para o seu lanamento. Ambientes mais ou menos permissivos

e a ausncia, na ONU, de uma estrutura militar permanente, resultou num sistema onde as Troop

Contributing Nation (TCN) so reembolsadas pelas foras que disponibilizam, dos equipamentos

e pelos servios que colocam ao dispor da misso da ONU. Assumindo a ONU a

responsabilidade do apoio logstico a prestar s foras, principalmente ao nvel dos

abastecimentos consumidos em maior quantidade e de uma forma mais frequente, como vveres

e combustveis, os pases continuam a assegurar as necessidades que no possam ser garantidas

por esta organizao.

14 Multinational Support Element (MNSE).

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Assim sendo, no levantamento de uma operao da ONU, o Department of Peacekeeping

Operations (DPKO), atravs do seu Office of Mission Support 15 , determina a adequada

necessidade logstica para apoio fora a ser empregue (Ver anexo A Organizao

DPKO/ONU) (United Nations, 2005).

Posteriormente, antes das naes projectarem as suas foras para o teatro, estabelecido e

assinado um Memorandum of Understanding (MOU), que estabelece as responsabilidades, o tipo

e nvel de apoio entre as naes contribuintes e a ONU. O MOU detalha o valor mensal que cada

nao contribuinte ir receber pela participao na misso e o tempo de auto sustentao para o

qual as unidades devero estar preparadas, relativamente aos abastecimentos, que normalmente

a ONU garante (alimentao, gua, combustveis e lubrificantes, etc). No entanto, podero ser

assinadas Letters of Assist (LOA) entre a ONU e um Governo para bens especficos, servios e

outros apoios no previstos num MOU, no comercialmente disponvel no teatro ou com

caractersticas especficas.

Podero ser ainda estabelecidos Memorands of Agreements (MOA), entre duas ou mais

naes, acordando apoios a prestar por uma nao fora de outra.

No levantamento de uma estrutura logstica para uma misso da ONU, necessrio definir

se o equipamento usado da ONU (UNOE - UN Owned Equipment) ou pertence ao contingente

(COE - Contingent Owned Equipment). Actualmente, a ONU tem diminudo o seu equipamento,

apostando mais na contratao local de servios. No entanto, ainda mantm o apoio de grande

quantidade de material, especialmente em viaturas e comunicaes, mas, fundamentalmente,

para apoio aos seus quartis-generais. As foras integram-se nesta estrutura garantindo as suas

necessidades.

Face particularidade deste tipo de misses, as unidades de escalo batalho projectadas

devero possuir algumas caractersticas (Farinha, 2003, p. 10), das quais se destacam, serem

reforadas com elementos de A/D, proporcionando-lhes uma maior capacidade de sobrevivncia

e maior autonomia, ultrapassando assim, as dificuldades inerentes ao apoio a ser garantido pelas

unidades logsticas da Fora/Misso. Devero possuir capacidade para armazenar e distribuir

nveis de abastecimentos superiores aos normais, efectuar a manuteno orgnica e alguma

manuteno intermdia de A/D e ainda garantir alguns servios de campanha no mbito da

construo, manuteno das instalaes, fabrico de po, banhos, lavandaria e uma capacidade

acrescida de apoio sanitrio. Devem garantir tambm, o servio postal, o servio religioso e o

servio de telecomunicaes (NC-20-76-03, 1995).

15 Gabinete para Apoio s Misses.

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I.1.3. Doutrina logstica de apoio ao Battlegroup (BG) da Unio Europeia (UE) Em fase de desenvolvimento, a doutrina de apoio da UE para os seus BG, tem seguido o

rumo preconizado pela OTAN para o apoio logstico (Unio Europeia, 2001), em virtude de

grande parte dos pases da UE integrarem j a OTAN, sendo que, uma doutrina idntica torna-se

particularmente vantajosa para esta fora em gestao.

O conceito de BG muito prximo do de NRF16 da OTAN, tendo a fora de ser auto

sustentvel por um perodo de 30 dias, podendo chegar aos 120 dias adequadamente reabastecida.

Para garantir a sustentao por esses perodos, o apoio logstico depender do apoio da nao

hospedeira (HNS), que, em casos extremos, poder ser inexistente, levando necessidade de

projectar todo o apoio, com as implicaes de tempo, espao e disponibilidade da fora que isso

trar.

Tendo os BG um efectivo aproximado de 1500 Homens, a UE pretende caminhar no

sentido da promoo da constituio de MILU, estando prevista a integrao na fora de uma

unidade de apoio logstico de escalo batalho. Para o levantamento das unidades de apoio

logstico dessas foras, Portugal poder disponibilizar dois Batalhes de Apoio de Servios

(BApSvc) (ver anexo B Memorando n 208/CEME/04).

I.1.4. Apoio logstico em Brigadas Endivisionadas Na doutrina de referncia (EUA), as Divises so constitudas pelos comandos de Brigada,

os elementos de apoio de combate e de apoio de servios e unidades de manobra escalo

batalho. O apoio de servios est organizado funcionalmente e as suas unidades desempenham,

normalmente, apenas uma funo logstica.

As unidades de apoio logstico esto integradas numa unidade de escalo superior, o

Division Support Command (DISCOM), que se situa ao nvel dos principais Comandos da

diviso e que constitui, assim, um interlocutor nico para o Comandante da Diviso,

simplificando o exerccio do comando.

A sua organizao depende do tipo de diviso, mas de um modo geral constitudo pelo

seu comando, um Main Support Battalion (MSB) e por Forward Support Battalion (FSB), para

apoio dos seus comandos de Brigada (ME 60-30-00, 1990, p. I-2).

Estas unidades so constitudas por companhias funcionais, o MSB garante o apoio s

unidades na retaguarda da Diviso e o apoio aos FSB que o DISCOM destacou para as reas de

Apoio de Servios das Brigadas. Os FSB, colocados em A/D (ME 60-30-00, 1990, p. I-17) e sob

16 Com a NRF a OTAN pretende uma fora gil, credvel e flexvel que garanta a projeco de capacidades

terrestres, martimas e areas, num curto espao de tempo (iniciada em apenas cinco dias), inter-operveis e sob o mesmo comando de modo a prevenir ou evitar a escalada de conflitos (NRF, 2005).

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o comando do comandante do DISCOM, apoiam as brigadas respectivas, bem como, as unidades

da Diviso que se encontrem na sua retaguarda (ST 101-6, 2003, p. 7-4 e 7-12).

Relativamente Force XXI (digitalizada) e ao emprego dos seus FSB (FM 4-93.50, 2002),

a doutrina de apoio difere um pouco.

Desses FSB, constitudos com-

forme mostra a figura 1.1, destaca-se

na sua organizao, a constituio de

companhias multi-funcionais, Brigade

Support Company (BSC), para apoio

logstico na rea de apoio de servios

da Brigada e as Forward Support Company (FSC), para apoio logstico aos batalhes. Nesta

organizao dado um especial enfoque velocidade de reabastecimento, apoiado por um eficaz

sistema de informao que permite a diminuio de nveis de abastecimentos, nos vrios

escales de apoio. A Distribution Company possui uma grande estrutura de transportes para

apoio ao movimento de abastecimentos que chegam frente de combate, vindos directamente de

depsitos muito retaguarda (ver anexo C Apoio logstico nas Brigadas da Fora XXI).

Esta doutrina desenvolve tcnicas que permitem o aumento da velocidade do apoio,

tornando as unidades mais ligeiras e garantindo a chegada dos abastecimentos no momento certo.

Para isso, seguindo o princpio da visibilidade, garante-se o conhecimento actualizado, de onde

se encontra o material enviado da retaguarda, sendo possvel, a todo o momento, alterar o seu

destino, para chegar a quem realmente necessita. Seguindo a mesma orientao, tenta-se

diminuir o nmero de transbordos, sendo essa pretenso facilitada pelo desenvolvimento de

novos meios de transporte de abastecimentos paletizados, como os palletized loading system

(PLS), os load handling system (LHS) e os container roll-in, roll-out platforms (CROP), com o

objectivo de diminuir a tentao da criao de stocks para fazer face a alteraes imprevistas17.

Pretende-se assim, que o apoio logstico seja gil e no coloque restries manobra

operacional com uma grande quantidade de abastecimentos que a unidade tem de transportar ao

longo do campo de batalha, tendo para isso de colocar no terreno, somente o que for essencial e

no momento adequado. A sua estrutura dever ser modular e redesenhvel (tailorable),

adaptando-se com facilidade a uma grande variedade de misses. No entanto, em funo da

quantidade de alteraes provocadas pela manobra ou mudana de planos, a improvisao por

vezes necessria.

17 Denominado Just-in-case.

Figura 1.1 Forward Support Battalion

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I.1.5. Doutrina logstica do Exrcito Portugus, Brigadas Independentes O Sistema de Apoio Logstico deve estar preparado desde o tempo de paz, j que as Foras

Armadas - como instrumento de aplicao imediata do Poder Nacional - devem existir e estar

prontas a agir na eventualidade de uma guerra, conflito ou mais recentemente, em resposta a

crises. Pelo que, da doutrina logstica do Exrcito Portugus, fazem parte vrias entidades, pelas

quais passa a responsabilidade de garantir um apoio logstico eficaz s operaes (NC-50-10,

1994).

Ao COFT (Comando Operacional das Foras Terrestres) compete exercer o comando

operacional sobre as grandes unidades ou outras colocadas na sua dependncia (em tempo de

paz), sobre os comandos operacionais subordinados e sobre as foras e meios que lhe forem

atribudos, em estado de excepo ou guerra18. Os comandos operacionais, actualmente em fase

de extino, designam-se por Comando Administrativo - Logstico (CAL) e Comando do I CE19.

Ao CAL compete comandar as unidades de apoio de servios que lhe forem atribudas,

planear e dirigir o apoio de servios atravs dos seus centros funcionais e restantes comandos

subordinados, apoiar o COFT no planeamento administrativo - logstico, garantir o apoio

administrativo - logstico em A/G aos comandos operacionais e s grandes unidades do SFN

atribudas ao COFT20.

Por sua vez, s grandes unidades (GU) de natureza operacional (actualmente as trs

brigadas, BMI, BLI e BAI), compete planear e executar as aces operacionais terrestres e

garantir o apoio logstico em A/D s suas foras, atravs das suas unidades orgnicas (BApSvc),

em consequncia de ordens, directivas e planos superiores21.

As Brigadas Independentes tm uma orgnica fixa, possuindo, para alm das unidades de

manobra, unidades de apoio de combate e de apoio de servios, que lhe garantem autonomia na

conduo de operaes com certa amplitude no tempo e no espao. Relativamente ao apoio

logstico, a Brigada Independente pode ser considerada uma pequena Diviso, sendo elo da

cadeia logstica e a sua unidade apoiante corresponder ao escalo Corpo de Exrcito (ME 60-30-

-00, 1990, p. II-1).

A organizao logstica funcional, estando o BApSvc organizado em Cmd e

Destacamento de Cmd; Companhia de Administrao (CAdm) para o apoio na rea do pessoal,

finanas, contratos e administrao; Companhia Sanitria (CSan) para apoio na evacuao e

18 N 2 do art 4 do DR 48/94 de 02 Set. 19 Art 9 do DR 48/94 de 02 Set. 20 Art 10 do DR 48/94 de 02 Set. 21 Art 18 do DR 48/94 de 02 Set.

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hospitalizao limitada de indisponveis (40); Companhia de Reabastecimento e Transporte

(CReabTransp) para reabastecimento da Brigada e unidades de reforo, de todas as classes de

abastecimentos, excepto munies que apenas controla, material sanitrio22 e sobressalentes23 e

transporte da sua reserva de abastecimentos; Companhia de Manuteno (CMan) que garante a

manuteno intermdia de A/D a todo o material excepto sanitrio, equipamento de lanamento

areo, vesturio e munies.

I.1.6. Outras orientaes doutrinrias Se um soldado romano combatia e sobrevivia com apenas 1 Kg de abastecimentos por dia,

nos dias de hoje as necessidades de um soldado passaram para mais de 100 Kg. Este crescimento,

conjugado com o aumento da mobilidade das foras, conduz a avultadas quantidades de

abastecimentos a produzir, adquirir, transportar, armazenar e distribuir em tempo oportuno. A

crescente dificuldade na obteno e distribuio de recursos, tem sido um campo onde os

militares, por sobrevivncia, tm tido necessidade de evoluir. Essa evoluo tem sido muito

atractiva para o estudo empresarial, pois as grandes actividades da logstica militar encontram

um paralelismo notvel com actividades desenvolvidas no contexto empresarial.

Actualmente, no mundo empresarial, com as margens de lucro muito apertadas e

dependentes de guerras de influncia, cada vez mais globais, a criticidade logstica j

sobejamente considerada (Carvalho, 2004, p. 24), tendo tambm muito a organizao militar a

aprender com o que, ao nvel empresarial, for eficazmente aplicado. Atendendo a este aspecto,

apresentam-se algumas abordagens muito sumrias do que, a este nvel, se tem vindo a

desenvolver, numa perspectiva de enquadrar uma possvel evoluo, principalmente, ao nvel das

funes reabastecimento e transporte.

I.1.6.1 Terceirizao

Muitas vezes referida como out-sourcing, externalizao ou subcontratao, respeita

entrega a terceiros da prestao de servios que no faam parte do core business da empresa.

Assim, pode usufruir-se da maior especializao de outros em reas diversas, onde dificilmente

seramos to especializados como eles. (Reis, 2003, p. 38).

Na terceirizao das funes logsticas militares, os EUA adoptaram um programa

designado por Logistics Civil Augmentation Program24 (LOGCAP) (Silva, 2004, p. 30). Os

principais problemas identificados neste programa, esto relacionados com os trabalhos a

22 Da responsabilidade da CSan. 23 Da responsabilidade da CMan. 24 Programa que utiliza empresas civis para realizar ou complementar tarefas de apoio logstico s suas foras

militares em operaes de guerra ou no guerra. O programa iniciou-se em 1985, tendo sido revisto em 1992, fazendo face aos ensinamentos colhidos na 1 Guerra do Golfo.

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realizar, particularmente no incio e no final da operao num ambiente hostil, quando a

segurana mais precria, tornando-se necessria uma negociao muito cuidada.

Admitindo-se que a terceirizao aumenta a capacidade das foras militares, pela sua

disponibilidade, para a sua actividade operacional no cumprimento da misso, pode acontecer

que em situaes de contingncia ou de emergncia, o pessoal contratado seja obrigado a operar

num ambiente de combate, o que obriga a uma avaliao cuidada do risco de emprego destes

programas. Ser tambm necessrio salvaguardar a possvel reduo da prontido da fora num

perodo de paz ou da capacidade de combate em operaes, que resulte de um contrato de apoio

pouco claro e/ou pormenorizado ou pelo exerccio do direito greve do pessoal, nessas funes

de apoio.

No caso do apoio prestado pelo LOGCAP interveno internacional na Somlia

(Dezembro 1992 Maro 1994), abrangia: construo de uma base militar, manuteno e

reparao de viaturas, reabastecimento de gua e vveres, lavandaria e banhos, produo de

energia, sanitrios portteis, controlo de lixo, distribuio de combustveis, transporte e servios

de intrpretes. Apesar da dificuldade da misso, o apoio foi considerado mais eficiente que o

militar. (Silva, 2004, p. 31).

I.1.6.2 Velocity Management

A implementao do conceito de Velocity Management tem como objectivo reduzir a

necessidade de constituio de nveis de apoio25, incrementando a velocidade e a oportunidade

com que o fluxo fsico dos materiais e o fluxo das informaes garantido. Este conceito faz a

sntese entre o reabastecimento e o transporte, emergindo na logstica militar, o conceito de

sistema de distribuio. Um sistema, que para ser eficaz, dever combinar o conhecimento em

tempo real da situao em abastecimentos nos diversos utilizadores, com a existncia de meios

de transporte adequados, que tornem desnecessria a manuteno de grandes quantidades de

abastecimentos nos diversos escales de apoio (Lopes, 2003, p. 23).

O paradigma deste conceito, apresenta caractersticas que diferem do sistema tradicional,

baseando-se em dois grandes factores, investimento em sistemas de informao eficazes e

adequados e mentalizao dos intervenientes no processo.

Se por um lado o sistema logstico tradicional se caracteriza por estar organizado em

funes26 e por se medir em dias de abastecimentos (DOS), o Velocity Managment assenta num

conjunto de procedimentos que garantam a satisfao das necessidades dos utilizadores, inscreve

25 Usualmente 1 ou 2 Days of supplay (DOS) nos trens dos batalhes/agrupamentos e 3 DOS nas unidades de A/D. 26 Reabastecimento, manuteno, transporte, evacuao e hospitalizao e servios de campanha.

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um sistema por processos27 e tem como unidades de medida o tempo, a qualidade e o custo.

Neste conceito, a orientao focada na misso, na utilizao flexvel de recursos, na

visibilidade do sistema e na melhoria continua (Velocity Managment, 2001).

I.1.6.3 Network logistics

Poder-se- entender que logstica significa, essencialmente, planeamento e gesto de fluxos,

fluxos fsicos e informacionais. Na perspectiva de fluxos, as actividades logsticas no seu

conjunto, percorrem toda uma cadeia de abastecimento origem-destino, sendo o conceito de

pipeline (pipeline management), disso representativo. Apesar de ser evidente que existem

realidades diversas, nomeadamente as do produtor, do distribuidor e do prestador de servios,

cada um com os seus problemas logsticos28, no se afigura desadequada uma viso global, isto ,

de cadeia de abastecimento como um todo. Designada de network de cadeia de abastecimento,

ou s network logstica. (Carvalho, 2004, p. 42).

I.1.6.4 Reverse logistics

Conceptualmente, a Logstica Reversa a rea da Logstica Empresarial que se preocupa

com os aspectos logsticos do retorno ao ciclo produtivo dos produtos, materiais e embalagens.

assim criado um fluxo fsico em sentido contrrio distribuio.

Relativamente actividade militar, esta preocupao, apesar de estar presente (recolha de

lixo, salvados, etc), no se pode confundir com a evacuao de material ou indisponveis. No

entanto, tem sido subalternizada pela perspectiva de que em combate as questes ambientais no

se colocariam e que a mquina de guerra de um estado, deveria estar preparada para fazer

chegar frente as necessidades do combatente, sem se preocupar com o retorno das embalagens.

As novas misses que as foras armadas, dos vrios pases, tm vindo a cumprir, bem como, a

realidade apresentada pelos recentes conflitos, vm mostrar que uma observao mais cuidada

deste conceito trar, inevitavelmente, um melhor produto final das operaes logsticas, seja em

misses de combate, seja noutras misses de menor intensidade.

A Logstica Reversa ser um aspecto a estudar na rea da logstica nos prximos anos,

andando de mos dadas com a implementao das Normas de Gesto Ambiental, aumentando

assim, a misso da logstica.

I.1.7. Sntese conclusiva Dos aspectos mais salientes dos conceitos e doutrinas apresentados, destaca-se a

necessidade da versatilidade e flexibilidade, que ter de possuir o apoio logstico para fazer face

grande variedade de situaes que se possam encontrar numa projeco de foras.

27 Requisitar, adquirir, armazenar, distribuir (). 28 A recepo, o armazenamento, a produo, o depsito, o transporte, etc.

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Se ao nvel da OTAN e da UE se pretende que as doutrinas de apoio sejam idnticas,

garantido assim uma certa interoperabilidade, com a ONU, tal no se verifica, tendo-se, no

ltimo caso, a facilidade de a prpria estrutura, por princpio, garantir um maior apoio ao nvel

dos reabastecimentos. Assim sendo, a projeco de uma unidade de escalo batalho ou brigada,

ter necessidades logsticas diferentes, em dimenso e tipo, dependendo de uma srie de factores,

tais como:

- A dimenso da unidade e necessidade ou no da projeco de um NSE;

- Os apoios garantidos pela organizao onde a fora se vai integrar, sendo que a ONU

normalmente tem capacidade de reabastecimento de artigos que sejam comuns s foras, classe I

e IW, III e IV. Por outro lado, numa misso OTAN, atravs de MILU podero ser garantidos

reabastecimentos (I, III e IV), transportes, alguns servios (lavandaria, lixo e esgotos) e as

MIMU garantiro apoio mdico de role 2 e/ou 3;

- Tipo de misso (combate, imposio de paz, manuteno de paz), que far variar o tipo

de exigncia e a quantidade 29 de abastecimentos necessrios, sendo de salientar a situao

particular das NRF e BG para os quais a fora dever garantir 30 dias de auto-sustentao;

- Acordos estabelecidos (MSA, MOU, MOA);

- Condies da regio de actuao que afectaro o apoio da HNS.

Esta diversidade de necessidades, poder justificar um empenhamento decisivo numa

estrutura modular que garanta o funcionamento em TN, mas que em simultneo permita a

projeco de apoio a foras portuguesas, facilitando um possvel empenhamento de Portugal em

modalidades de apoio multinacional, em que seja solicitado um contributo proporcional sua

dimenso.

Dos ensinamentos colhidos pela logstica militar durante a II Grande Guerra, onde se

venceu o desafio de integrar a logstica com a estratgia e a tctica, levaram a um maior interesse

e observao cuidada por parte de quem pretendia vantagem competitiva. Dos ensinamentos

empresariais, podem-se retirar, como tem acontecido, ensinamentos que facilitem a garantia de

uma melhor prestao de servios (unidades de apoio de servios), aos seus clientes (unidades de

manobra) e com menos custos; Nomeadamente, a necessidade de constituir uma estrutura de

actividades onde faa sentido uma viso logstica plena (fluxo fsico e informacional) e dual, isto

, onde exista trabalho operacional e estratgico. (Carvalho, 2004, p. 40). Estamos, desta

forma, ante novas realidades, dois fluxos fsicos importantes de sentido inverso (distribuio

fsica e reverse logistics) e um fluxo de informao bidireccional (assente, nomeadamente, em

29 Uma misso art. 5, em principio, ser mais exigente em munies do que uma CRO.

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formas de comunicao integradas tipo EDI Electronic Data Interchange computador a

computador, ou Web-EDI). (Carvalho, 2004, p. 44).

A terceirizao de funes/actividades logsticas, um outro aspecto, ao qual a logstica

empresarial recorre para vencer a batalha diria por maiores lucros. Podendo, quando aplicado

logstica militar, contribuir para atenuar deficincias conjunturais de escassez de recursos e

reduo de efectivos militares.30 Actualmente, pela maior segurana, que caracteriza o emprego

de foras militares em misses de menor intensidade, a sua prtica tem-se vindo a desenvolver,

podendo passar a ser algo intrnseco realidade dos exrcitos.

I.2. Apoio Logstico na componente operacional do Exrcito Portugus A Lei de Defesa Nacional e das Foras Armadas (LDNFA)31, refere que sistemas de

foras, necessrios ao cumprimento das misses, so os vrios tipos de unidades, plataformas,

equipamentos e armas directamente empregues na execuo das misses atribudas e so

organizados em funo disso. Porm, a Lei Orgnica de Bases da Organizao das Foras

Armadas (LOBOFA), elaborada nove anos mais tarde, com alteraes de 9532, bem como, a Lei

Orgnica do Exrcito33, adoptam uma interpretao mais abrangente sobre a sua composio e

introduzem o termo sistema de foras nacional, com duas componentes; uma componente

operacional34 e uma componente fixa ou territorial35.

A investigao desenvolvida, apesar de se basear em conceitos resultantes da lei em vigor,

influenciada pelas actuais alteraes no Exrcito, decorrentes da Directiva 193/CEME/03 e dos

estudos desenvolvidos para a nova estrutura da componente operacional do SFN.

I.2.1. Directiva 193/CEME/03 Esta Directiva, associada ao CEM de 2003, em particular, ao seu conceito de aco militar,

tornou-se num documento de charneira para a reorganizao do Exrcito e consequentemente da

sua estrutura de apoio logstico, de forma a torn-lo mais actual, flexvel e capaz de fazer face a

novas solicitaes.

Nesta orientao dada nfase projeco de foras, em detrimento da gerao de foras,

sendo adoptado um modelo, onde a Fora Operacional Permanente do Exrcito (FOPE)

30 Situao que se tem vindo a sentir por todo o mundo ocidental em resultado da profissionalizao das Foras

Armadas e desenvolvimento tecnolgico, que tem tornado as foras militares cada vez mais dispendiosas e escassas em recursos humanos.

31 Lei 29/82 de 11 de Dezembro. 32 Lei n 111/91 de 29 de Agosto com as alteraes introduzidas pela Lei 18/95 de 13 de Julho. 33 Dec. Lei 50/93 de 26 de Fevereiro. 34 Que engloba o conjunto de foras e meios relacionados entre si numa perspectiva de emprego operacional

integrado. 35 Que engloba o conjunto de comandos, rgos e servios essenciais organizao e A/G das Foras Armadas e

dos seus ramos.

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baseada, entre outras unidades, em trs brigadas. Estas tero de ter um elevado grau de

prontido e mobilidade, estar completas e disponveis para serem projectadas e empregues,

designadamente em operaes conjuntas, tanto no quadro nacional como no das organizaes

internacionais a que o pas pertence. (Directiva 193/CEME/03, p. 4).

Tendo como ambio, a projeco de trs unidades de escalo batalho, de uma forma

continuada em trs teatros de operaes diferentes (elevada probabilidade), ou de uma brigada

num TO por um curto perodo (baixa probabilidade), o apoio logstico dever ser estruturado

para fazer face a estas possibilidades.

A directiva determina ainda que a Brigada Mecanizada Independente (BMI) mantenha o

seu modelo actual, e que, sempre que possvel, seja modularizado o apoio de combate e o apoio

de servios da Brigada Aerotransportada Independente (BAI) e da Brigada Ligeira de

Interveno (BLI).

I.2.2. Componente operacional do SFN Decorrente da directiva referida anteriormente, associada a outros documentos como as

Misses Especficas das Foras Armadas (MIFA) 04, foi definida a componente operacional do

SFN36 e necessariamente a sua estrutura de apoio de servios (EME, 2005). Tendo este facto

ocorrido j com o decorrer deste trabalho, verifica-se que o apoio preconizado ser distinto para

cada uma das brigadas, correspondendo as trs solues a implementar, s trs hipteses

levantadas.

A BrigMec 37 , afiliada OTAN, mantm a estrutura de apoio de servios idntica ao

antecedente, com um BApSvc orgnico e a BrigInt38, com uma proposta de afiliao ao ARRC

(DPE, 2005), tambm tem previsto possuir organicamente um BApSvc, do qual apenas tem

levantado o seu comando, crescendo modularmente, com elementos das unidades de A/G.

Alm destas, identifica tambm, a Brigada de Reaco Rpida (BrigRR) 39 , afiliada

OTAN, que no possui unidade de apoio de servios orgnica, alm da sua Companhia de

Comando e Servios (CCS) para apoio ao comando, recebendo os meios necessrios das

unidades de A/G, de uma forma modular, caso a situao o justifique.

Destaca-se ainda, nesta organizao, que as unidades de A/G com a misso de preparar

mdulos para apoio s brigadas so de escalo companhia (Companhia de Transporte,

36 Definida em CSDN em 21 de Outubro de 2004. 37 Anteriormente designada por BMI. 38 Anteriormente designada por BLI. 39 Anteriormente designada por BAI.

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Companhia de Manuteno e Companhia de Reabastecimento e Servios)40 e deixou de existir a

unidade de apoio sanitrio, a Companhia Sanitria do Batalho do Servio de Sade (BSS).

I.2.3. Cenrios de emprego Os cenrios de emprego da FOPE foram identificados, em entrevista ao Exmo. MGEN

SCEME (ver Apndice C - Entrevista MGEN SCEME), podendo ser salientado o emprego

prioritrio fora do territrio nacional num contexto de alianas (OTAN, UE, ONU), presena em

tempo de paz, resposta a crises e operaes de apoio paz, com uma maior probabilidade. Como

cenrios menos provveis salientam-se a guerra convencional global e guerras nucleares de

teatro e estratgicas de defesa territorial.

As misses de interesse pblico e de apoio s populaes estaro destinadas s unidades de

apoio geral e o emprego de uma brigada s aconteceria numa situao de tal forma extrema que

lhe confere, tambm, um cenrio de emprego, com uma probabilidade muito baixa.

I.2.4. Sntese conclusiva A reforma das Foras Armadas Portuguesas, em especial, a reformulao do seu sistema de

foras, tem-se revelado necessria, no contexto aliado e europeu em que o pas se pretende

manter inserido. Deste modo, as orientaes estabelecidas no mbito OTAN e da UE, para o

processo de adaptao das foras armadas dos respectivos pases membros, com vista criao

das NRF e dos BG (para os quais Portugal poder disponibilizar dois BApSvc), so referncias

para a conduo do processo de reestruturao, actualmente em curso.

Numa perspectiva de maximizar os recursos (pessoal e material) existentes optou-se por

alguma centralizao, onde a nica GU com BApSvc orgnico e praticamente completo a BMI,

e enveredou-se pela modularidade nas unidades de A/G. Ser tambm de salientar que com um

nvel de ambio de capacidade de projeco de uma brigada, sem ser rendida, leva a que, a

possvel existncia de trs BApSvc, resultaria num esforo, em pessoal e material que poderia

no ser adequado nem justificvel. No entanto, tendo Portugal afiliado OTAN a BrigMec e a

BrigRR, assumem estas foras a possibilidade de emprego como um todo, o que levaria

necessidade da existncia de BApSvc em ambas, podendo este facto justificar a necessidade de

uma estrutura de apoio logstico na BrigRR, pelo menos idntica da BrigInt.

Contrariamente realidade de emprego convencional dos meios militares, as diferentes

misses a que actualmente se possa ter de fazer face obrigam a uma maior flexibilizao, para a

qual concorre a necessidade de centralizar e modularizar o apoio logstico. A existncia de

unidades de apoio logstico orgnicas nas brigadas poderia colocar constrangimentos

40 Do antecedente integradas em unidades de escalo batalho (Batalho do Servio de Transportes, Batalho do Servio de Material e Batalho de Administrao Militar).

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disponibilidade dos dois BApSvc para os BG da UE, pois para o cumprimento desse

compromisso, teriam de lhes ser retirados e os procedimentos dessas GU no estariam adequados

a essa realidade.

I.3. Modelos comparativos de sistemas de apoio logstico O panorama de desordem global, que actualmente se vive no Mundo, tem induzido os

estados a adaptarem os seus meios militares s novas tipologias de ameaa. Essa adaptao inclui

o apoio logstico tornando-o mais flexvel, gil e que garanta novas necessidades.

Para uma abordagem mais completa de uma possvel orientao para o futuro do apoio

logstico do Exrcito, ser efectuado um pequeno priplo por doutrinas e organizaes logsticas

actualmente adoptadas por exrcitos de naes com as quais Portugal tem algum tipo de

afinidades, seja pela proximidade e emprego de meios (NRF 5 e BMI) (Espanha), pela tradio

de colaborao (Itlia, Inglaterra e USA) ou pela dimenso (Grcia e Holanda). Sero analisadas

as opes adoptadas por esses Estados e essencialmente porqu. A informao aqui mencionada

no ser mais do que um pequeno resumo, orientado para o apoio nas brigadas do Sistema de

Foras de cada nao, da informao colhida atravs de anlise documental, fsica e electrnica e

entrevistas a adidos militares em Portugal (Espanha e Itlia) e adidos militares portugueses no

estrangeiro (Reino Unido).

I.3.1. Exrcito Italiano O Exrcito Italiano iniciou a transformao do seu corpo doutrinrio e da sua organizao

a partir dos anos noventa. Nessa mudana, a Logstica assumiu um papel preponderante,

tornando-se numa estrutura mais flexvel para desempenhar as mais diversas opes de emprego,

conservando uma composio adequada ao emprego de foras no mbito da OTAN.

Este novo conceito de emprego, dos meios logsticos, orientado pelos princpios da

garantia de necessidades ordinrias, da conservao da eficincia operacional e da garantia de

todas as actividades operacionais e de treino. Para isso, na dependncia do Comandante delle

Forzi Terrestri (COMFOTER), existe uma unidade logstica de escalo brigada que garante o

apoio a toda a fora operacional, seja no TN, seja noutro TO. As brigadas operacionais perderam

os seus regimentos logsticos em detrimento da constituio dessa Brigada Logstica, que com

os seus rgos de apoio levantados de uma forma modular, tem capacidade para constituir, ad

hoc, unidades de apoio s misses das brigadas operacionais (ver anexo D Organizao da

estrutura de topo do Exercito Italiano) (Exrcito Italiano, 2005).

Essa brigada de apoio logstico constituda por 4 regimentos multifuncionais, designados

de Reggimento di Manovra (REMA) e 4 Reggimento Transporti (RETRA). Ao nvel das

brigadas operacionais, existe um Batalho de Comando e Servios (RECOSUTAT), destinado

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a apoiar a instalao do Posto de Comando e a garantir-lhe condies para operar (preparao

das instalaes, comunicaes, computadores, viaturas, condutores, escriturrios, etc). Em cada

regimento territorial, que por norma garante, como encargo operacional, uma unidade escalo

batalho, existe a Companhia de Comando e Servios, que apoia a unidade quando esta se

encontra aquartelada e da qual podem ser destacados alguns elementos para o seu apoio logstico

em operaes [ver anexo E Fascia Logstica di Aderenza (Faixa Logstica de aderncia) e

Brigada Logstica].

O Exrcito Italiano preconiza o emprego de unidades de escalo brigada. Para o

cumprimento das suas misses designado um comando de Brigada para constituir o comando

da fora, participando, em coordenao com o COMFOTER, no levantamento das necessidades,

que incluem as de apoio. A Brigada Logstica constitui, modularmente, uma unidade, que para

apoio a uma brigada ser de escalo regimento. Com o comando de um dos seus regimentos

(REMA ou RETRA) constitui o Comando do Reggimento Logstico di Manovra (RELOMA) e

face s necessidades levantadas, estrutura as restantes subunidades custa dos seus mdulos.

Essa unidade de apoio fica ento sob comando operacional da Brigada que assumiu a misso.

Com a finalidade de apoiar toda esta estrutura, desde o territrio nacional, preparada

uma Grande Base (GB) gerida pelo, designado, Inspettorato Logistico , que responsvel pela

Logstica de Sustento (FLS)41, e que, se necessrio, monta um NSE na regio para onde

projectada a fora.

Para apoio da Brigada Italiana actualmente projectada no Iraque, foi destacado um Gruppo

di Supporto di Aderenza (GSA), de escalo Regimento (ver anexo F Exemplo de um GSA),

sob comando operacional (OPCOM) da Brigada. Foi constitudo com o comando de um REMA,

por uma companhia de comando e apoio logstico para apoio ao regimento e uma unidade de

escalo Batalho constituda por um mdulo de transportes, um mdulo de manuteno, um

mdulo de apoio sanitrio e um mdulo com meios logsticos de apoio, onde se incluem os

banhos, cozinhas, lavandarias, etc.

Da responsabilidade do Inspettorato Logistico foi tambm projectado um NSE para apoio

da fora e da unidade logstica, dependendo do Snior Officer Italiano no Iraque.

I.3.2. Exrcito Espanhol42 Recentemente, em 26 de Abril de 200543, Espanha terminou um ciclo de reestruturao,

no qual passou de uma estrutura essencialmente orientada para a defesa do TN, organizada em

41 Fascia Logstica di Sostegno. 42 Ver apndice D Entrevista ao adido militar espanhol. 43 Publicado no Boletim Oficial do Ministrio de Defesa Espanhol, Instruo n 59/2005, de 4 de Abril.

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divises, para um misto de divises e brigadas. O Exrcito ficou organizado em Fora de

Manobra e Fora Terrestre. A Fora de Manobra constituda por foras de elevada prontido e

com grande capacidade de projeco. a fora base da componente terrestre, seja para participar

em aces conjuntas das Foras Armadas, seja para participar em operaes multinacionais e at

lider-las. Est estruturada em duas divises, a trs brigadas cada e duas brigadas independentes.

Apesar da estrutura ser divisionria, o emprego das foras assegurado, essencialmente, atravs

das brigadas, que constituem o elemento fundamental para projeco de foras, podendo ser

projectadas per s ou constituir a base de agrupamentos tcticos (ver anexo G Organizao

logstica do Exrcito Espanhol).

A necessidade desta reestruturao surgiu com o crescente aumento de solicitaes para

interveno em diversos teatros, bem como, pela necessidade de possuir uma capacidade de

projeco efectiva de at trs brigadas, de uma forma continuada ou de uma grande unidade de

escalo diviso. Face a este objectivo, a sustentao desta fora, que at ento se tinha mostrado

demasiado pesada, pouco flexvel e grandemente necessitada de recursos, assumiu um papel de

charneira nessa reestruturao, pois, para se atingirem os objectivos desejados, teria de se tornar

mais flexvel, ligeira e menos dependente da estrutura territorial.

Nesta nova organizao, foi criada, sob a autoridade do Chefe do Estado-Maior do

Exrcito, ao mesmo nvel da Fora de Manobra e Fora Terrestre, a Fuerza Logstica Operativa

(FLO) organizada em: duas Fuerzas Logsticas Terrestres (FLT), uma Brigada de Sanidade

(BRISAN) e um Mando de Apoyo Logstico a las Operaciones (MALOG-OP), do antecedente

na dependncia do Comando da Fora de Manobra, responsvel por garantir o apoio necessrio

s foras projectadas (NSE) (Exrcito Espanhol, 2005).

As FLT esto articuladas em Agrupamentos de Apoio Logstico, de escalo regimento, os

quais esto organizados em unidades funcionais de escalo batalho44. Esses agrupamentos tm

como misso o apoio de rea em TN e com mdulos destas unidades que o MALOG-OP

constitui os NSE para apoio geral s brigadas projectadas; o comando ser, por norma,

responsabilidade do Agrupamento com maior contributo para essa estrutura. As Brigadas

dispem, na sua estrutura orgnica, de um BApSvc (Grupo Logstico).

Em situaes particulares, em que as brigadas no tenham capacidade de garantir,

integralmente, o seu apoio directo, o MALOG-OP, avaliando necessidades, possibilidades e

capacidades, estrutura e dimensiona o apoio necessrio ao cumprimento da misso e assume a

44 Reabastecimento e servios, transportes e manuteno.

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responsabilidade da sua constituio. Para isso poder empenhar mdulos do Grupo Logstico da

brigada, dos Agrupamentos de Apoio Logsticos e dos Grupos Logsticos de outras brigadas.

A BRISAN, integrada na FLO, responsvel, sob dependncia funcional do Comando de

Pessoal, pela evacuao e hospitalizao no Exrcito.

I.3.3. Exrcito Grego O Exrcito grego encontra-se numa fase de reestruturao e reorganizao, iniciada em

2001, com o objectivo de estar concluda em 2006. Esse processo pretende promover e

proporcionar s suas unidades uma maior flexibilidade e equipamentos mais modernos,

garantindo assim, uma fora dissuasora capaz de fazer face s mais diversas solicitaes

decorrentes, quer de ameaas ao seu prprio territrio, quer das suas obrigaes internacionais.

Estas alteraes tm como objectivo uma maior profissionalizao, optimizao das

operaes conjuntas, capacidade de resposta mais rpida e flexvel e novas formas e processos de

sustentao logstica, aplicando, quando possvel, modernas tcnicas de gesto empresarial.

Apesar de manter uma organizao com uma estrutura divisionria, com uma Diviso

Blindada, trs Divises Mecanizadas e nove Divises de Infantaria, de salientar o levantamento,

em 1996, de Brigadas Mecanizadas, as quais, na actual reorganizao, assumem papel

preponderante pela perspectiva do emprego de Brigadas de armas combinadas, mantendo as

caractersticas de uma unidade mais pequena, mais flexvel e com superior poder de fogo (ver

anexo H Organizao no Exrcito Grego) (Exrcito Grego, 2005a).

O apoio logstico dever ser flexvel e autnomo, passando a existir, na dependncia do

Estado-Maior General de Defesa, um comando para o apoio, que visa estabelecer uma nova

estrutura logstica unificada. O apoio at ao nvel de brigada ser garantido atravs do Technical

Corps em manuteno, do Ordenance Corps ao nvel dos servios, do Supply and

Transportation Corps em reabastecimento e transporte e do Medical Corps em evacuao e

hospitalizao, os quais apoiam, funcionalmente, todo o Exrcito. Ao nvel inferior, os Batalhes

possuem organicamente uma companhia de apoio de servios.

I.3.4. Exrcito Holands As Foras Armadas Holandesas encontram-se num processo de transformao que se

prev estar concludo at ao final de 2006. Com esta transformao, as actividades de apoio de

servios ficaro centralizadas num comando prprio, ao mesmo nvel hierrquico dos

comandos operacionais, mas dependendo directamente do Secretrio-Geral da Defesa (ver

anexo I Organizao do Exrcito Holands). Um novo conceito de operacionalizar a logstica