Trabalho - Laboratório de Jornalismo Impresso - Itala Maduell
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Trabalho 2 de Laboratório de Jornalismo Impresso – Itala Maduell - 1.4.2014
O papel do jornalista é de intermediador entre leitor e notícia. O jornalista deve ouvir
fontes, de preferência dos todos os lados, para construir a matéria. Sabemos que, ao
fazer a escolha das palavras, ele recorre a crenças, valores culturais, juízos de valor
etc. Por isso, mesmo procurando ser isento, não podemos dizer que uma matéria ou
um veículo é imparcial, mas sim que ele procura a imparcialidade.
Para agilizar o processo de escrita da matéria, o profissional deve ter fontes
jornalísticas, isto é, pessoas com quais ele pode falar na matéria. Nessa lista estão
especialistas ou técnicos, informantes, personagens da notícia e analistas. Além de
saber quem pode falar sobre determinado assunto, ele deve ter, de maneira
organizada, o nome completo da fonte jornalística, as formas de contato (celular,
telefone, e-mail) e a área de especialização.
No caso da pesquisa “Hábitos culturais dos cariocas”, realizada pelo Instituto
Datafolha, a pedido da Prefeitura do Rio, o possível personagem para uma matéria
seria alguém que se encaixe em perfis pesquisados. Constatou-se, por exemplo, que
poucos tem interesse em ir a concertos de música clássica (23%) e menos ainda
costumam praticar essa atividade (14%), mas muitos gostam de ouvir música (91%) e
mais ainda ouvem música (95%). Sendo assim, os personagens para uma matéria
sobre o interesse dos cariocas poderiam ser duas pessoas absolutamente diferentes,
que, principalmente, retratassem essa estatística e pudessem contar mais sobre os
interesses, seja por fazer parte da maioria ou da minoria.
Já para explicar para o jornalista a metodologia usada no levantamento, um
pesquisador do Datafolha, ou mesmo representante da Prefeitura do Rio, poderia falar
para a matéria. Conseguir ou não uma entrevista com o prefeito Eduardo Paes ou com
o secretário municipal de Cultura e diretor-presidente da RioFilme, Sérgio Sá Leitão,
depende do contato do repórter com a assessoria de imprensa.
E saber o nome do assessor mais prestativo ou da secretária de determinada pessoa
importante pode agilizar o trabalho do repórter. Por isso a autora de “Jornalismo
Diário”, a jornalista Ana Estela de Sousa Pinto, defende que o profissional tenha uma
agenda – seja física ou digital – com o máximo de informações possíveis. Se
possível, o jornalista pode juntar até dados, como posicionamentos, comportamentos,
hora de trabalho etc. Assim, dependendo do caso, quando for preciso ouvir alguém de
escalão não tão alto (o biólogo Mario Moscatelli, o economista da PUC-Rio Luiz
Roberto Cunha, o cientista político Ricardo Ismael, por exemplo) para uma matéria
cujo deadline é curto, o repórter não precisá-la recorrer a assessores de imprensa --
que muitas vezes trabalham em ritmo mais lento, comparando com o da redação -- ou
colegas de profissão.
Mais do que ter o contato dessas pessoas, o repórter deve manter contato com elas, ou
seja, falar com alguma frequência. Na TV Bandeirantes, por exemplo, as equipes de
apuração costumam ligar, mais de uma vez por dia, para os batalhões da Polícia
Militar. Se o jornalista já souber o nome da pessoa que atende o telefone e já tem
alguma intimidade com ela, isso pode ajudar na hora de conseguir informações, que,
dependendo do caso, podem até serem privilegiadas.
Esses detalhes também ajudam na conversa com os assessores de imprensa. Ser
educado e saber o nome da outra pessoa na linha do telefone é fundamental. E vale
lembrar, ainda, que o contato por telefone e e-mail são opções a serem evitadas pelos
repórter, mas cada vez mais comuns em razão do corte de gastos nas redações do
impresso. Conversar pessoalmente com a fonte jornalística vale mais a pena, já que o
repórter pode perceber detalhes no comportamento do entrevistado (choro, indecisão,
hesitação, por exemplo), fazer perguntas em cima de respostas dadas (por e-mail fica
difícil), enquanto a fonte jornalística pode se lembrar do seu rosto na próxima vez.