Trabalho Loxosceles - Saúde Pública
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CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina: Saúde Pública
Professor: Marcelo Paim
LOXOSCELES
“Aranha Marrom”
Acadêmicos: Cristiane Trindade
Elkiaer Gomes
Alegrete
Novembro de 2010
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................2
2. ETIOLOGIA.........................................................................................................................2
3. EPIDEMIOLOGIA...............................................................................................................3
4. MECANISMO DE AÇÃO DO VENENO..........................................................................4
5. QUADRO CLÍNICO............................................................................................................5
6. DIAGNÓSTICO....................................................................................................................6
7. EXAMES COMPLEMENTARES......................................................................................6
8. TRATAMENTO...................................................................................................................7
9. PROGNÓSTICO..................................................................................................................8
10. CONCLUSÃO....................................................................................................................8
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................9
1. INTRODUÇÃO
Loxoscelismo, araquidismo necrótico ou gangrenoso são alguns dos termos utilizados
para descrever lesões cutâneas necróticas degenerativas e manifestações clínicas
caracterizadas por falha renal e distúrbios hematológicos provocadas por acidentes com
aranhas do gênero Loxosceles (FUTRELL, 1992; apud MOURA, 2005).
Embora esses aracnídeos apresentem ampla distribuição mundial
(FUTRELL, 1992;
YOUNG & PINCUS, 2001; apud MOURA, 2005), na última década, muitos
estudos foram realizados com o veneno dessas aranhas motivados pela
elevada infestação intradomiciliar e pelo crescente número de casos
ocorridos na região sul e sudeste do Brasil, principalmente no estado do
Paraná e Santa Catarina (MOURA, 2005). São as aranhas mais venenosas
no Brasil, e crianças que apresentam efeitos sistêmicos severos após a
ação do veneno na maioria não sobrevivem. Mais de 1.500 casos de
envenenamento somente por L. intermedia são reportados a cada ano
(TAMBOURGI et al., 2000; apud BERTOLDI et al, 2004).
O veneno desse gênero de aranha é importante por sua ação
dermonecrótica no local da picada e em alguns casos pelos efeitos
sistêmicos, que podem ser letais (BERTOLDI et al, 2004). Alterações
histopatológicas, celulares e sanguíneas, além de caracterizações da
resposta inflamatória desencadeada pelo veneno têm sido recentemente
descritas, apesar de pouco progresso ter sido alcançado na proposta de
um tratamento eficaz para o loxoscelismo (Isbister & White, 2004; apud
MOURA, 2005).
2. ETIOLOGIA
As aranhas são artrópodes da ordem Araneae caracterizados pela existência de um
exoesqueleto articulado quitinoso cujo tamanho compreende desde milímetros a centímetros,
raramente excedendo a 20 cm para as formas terrestres. Diferenciam-se dos demais por
apresentarem corpo dividido em cefalotórax e abdômen. Esses aracnídeos caracterizam-se
pela presença de um par de apêndices mastigadores ou quelíceras, um par de palpos e quatro
2
pares de pernas ligados ao cefalotórax e de duas a oito fiandeiras no abdômen. Em geral são
predadoras de outros artrópodes, principalmente insetos (SAMS et al., 2001; GOYFFON,
2002 apud MOURA, 2005).
Em todo o mundo são aproximadamente 30.000 espécies (Lucas, 1988 apud MOURA,
2005). Dentre as 20 ou 30 espécies consideradas importantes quanto à toxicidade para o
homem, encontram-se as aranhas pertencentes ao gênero Loxosceles, família Loxoscelidae e
superfamília Plectruroidea (SAMS et al., 2001 apud MOURA, 2005).
As aranhas do gênero Loxosceles são conhecidas como “aranha-marrom” pela sua cor em
tons de marrom. São pequenas, com 1,0 cm de corpo e até 4,0 cm de comprimento total,
sendo que os machos possuem o corpo menor e as pernas mais alongadas do que as fêmeas.
Possuem hábito noturno e sedentário e não são consideradas agressivas para o homem,
picando somente quando comprimidas contra o corpo. Elas constroem teias irregulares que
parecem fios de algodão. Alimentam-se de pequenos insetos e reproduzem-se facilmente,
mesmo em ambientes desfavoráveis. Elas podem suportar temperaturas de 8 a 43ºC, e tanto os
machos quanto as fêmeas são venenosos, porém a fêmea produz um quantidade maior de
veneno cuja atividade dermonecrótica, em coelhos, mostrou-se mais potente quando
comparada à do macho. Essas aranhas podem sobreviver mais de 276 dias sem água ou
alimento (FUTRELL, 1992; FEITOSA et al., 1998 apud BERTOLDI et al., 2004).
3. EPIDEMIOLOGIA
As aranhas Loxosceles são cosmopolitas e tem como centro de origem
a África e as Américas, possuindo mais de 100 espécies, dentre elas 20
são endêmicas da África, 50 da América do Norte e Central e 30 da
América do Sul (SILVA; FISHER, 2005 apud COLLACICO et al., 2008). O
primeiro caso de loxoscelismo no Brasil foi diagnosticado no Hospital Vital Brazil do
Instituto Butantan (São Paulo) em 1954 (SILVA, 2002). No Brasil, o gênero
Loxosceles está amplamente distribuído, com sete espécies que se
estendem por todas as regiões, sendo três as espécies de interesse
médico: Loxosceles intermedia, L. gaucho e L. laeta. A maior incidência de
casos de loxoscelismo ocorre nas regiões sul e sudeste do país sendo a
espécie L. gaucho encontrada mais freqüentemente no estado de São
Paulo e L. laeta e L. intermedia nos estados de Santa Catarina e Paraná,
3
respectivamente (Ministério da Saúde, 2001 apud MOURA, 2005), sendo
este último estado o que apresenta maior número de casos. Segundo o
Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde, no
Brasil houve 42.490 acidentes com aranhas Loxosceles entre 2001 a 2006
(COLLACICO et al., 2008).
As aranhas desse gênero preferem lugares secos, escuros e tranqüilos, vivendo em
frestas de barrancos, sob paus e pedras, cascas de árvores, e cavernas. Adaptam-se às
condições domiciliares, alojando-se atrás de quadros, móveis, rodapés soltos, pilhas de tijolos,
telhas e entulhos em geral, (GERTSCH, 1967; LUCAS, 1988; CARDOSO et al 1988;
RIBEIRO et al 1993; FISCHER, 1996 apud SILVA, 2002).
A quantidade de aranhas do gênero Loxosceles vem aumentando nas zonas urbanas e,
conseqüentemente, o número de acidentes, não havendo comprovadamente uma razão
principal que justifique o aumento dessas aranhas. Acredita-se que o desequilíbrio ecológico
tenha afetado um dos principais predadores da aranha marrom, a lagartixa doméstica
(Hemidactilus sp). Outra hipótese seria o desmatamento e o concomitante desenvolvimento
das construções civis, que fizeram com que houvesse uma mudança de seu habitat do
ambiente peri para o intradomiciliar. Além disso, muito provavelmente, as alterações
climáticas como o prolongamento do verão, também influenciou o crescimento populacional
das aranhas, uma vez que se nota o aumento da atividade destes aracnídeos nos meses mais
quentes do ano (LUCAS, 1988; RIBEIRO et al., 1993; SEZERINO et al., 1998, apud
MOURA, 2005).
4. MECANISMO DE AÇÃO DO VENENO
O veneno das aranhas do gênero Loxosceles é produzido pelas
glândulas apócrinas situadas no cefalotórax, que se comunica com o
exterior por intermédio de dois ductos que levam ao interior do aparato de
inoculação formado por um par de quelíceras. (SANTOS et al., 2000 apud
BETOLDI et al., 2004). O veneno da aranha possui propriedades
vasoconstritivas, trombóticas, hemolíticas e dermonecróticas, levando à
necrose no local da picada e é constituído por uma mistura de proteínas
com atividades tóxicas ou enzimáticas (SOERENSEN, 2000; MERCK, 2001;
CARDOSO et al., 2003 apud COLLACICO et al., 2008). A ação tóxica do
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veneno das aranhas Loxosceles é o resultado de um efeito combinado de
todos os seus componentes (APPEL, 2006 apud COLLACICO et al., 2008).
Sobre o mecanismo de ação do veneno da Loxosceles, estudos
demonstraram que se trata de um processo multifatorial, e que o veneno
tem ação direta sobre os tecidos e sobre a resposta do organismo à
agressão (CARDOSO et al., 2003 apud COLLACICO et al., 2008). Os
mecanismos envolvidos na patofisiologia do envenenamento por
Loxosceles são complexos. O veneno é rico em enzimas como: hidrolase,
hialuronidase, lípase, peptidase, colagenase, fosfatase alcalina, 5-
ribonucleotidase, fosfohidrolase e protease (MALAQUE et al., 2002 apud
COLLACICO et al., 2008).
Há indicações de que o componente mais importante do veneno
loxoscélico é a enzima esfingomielinase-D que, por ação direta ou indireta,
atua sobre os constituintes das membranas das células, principalmente do
endotélio vascular e hemácias. Em virtude desta ação, são ativadas as
cascatas do sistema complemento, da coagulação e das plaquetas, dês
encadeando intenso processo inflamatório no local da picada,
acompanhado de obstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e
necrose focal. Admite-se, também, que a ativação desses sistemas
participa da patogênese da hemólise intravascular observada nas formas
mais graves de envenenamento (FUNASA, 2001).
A ação do veneno sobre a membrana basal além de contribuir para a reação local da lesão
pode influir no processo de falência renal, atuando sobre a membrana basal glomerular,
podendo causar insuficiência renal (CARDOSO et al., 2003 apud COLLACICO et al., 2008).
5. QUADRO CLÍNICO
A picada quase sempre é imperceptível e o quadro clínico decorrente do
envenenamento se apresenta sob dois aspectos fundamentais:
Forma cutânea ou dermonecrótica: varia de 87% a 98% dos casos, conforme a
região geográfica. De instalação lenta e progressiva, é caracterizada por
dor, edema endurado e eritema no local da picada que são pouco
5
valorizados pelo paciente. Os sintomas locais se acentuam nas primeiras
24 a 72 horas após o acidente, podendo variar sua apresentação desde:
a) Lesões inespecíficas: bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem
dor em queimação;
b) Lesão sugestiva: endurecimento, bolha, equimoses e dor em queimação;
c) Lesão característica: dor em queimação, lesões hemorrágicas focais, mescladas com
áreas pálidas de isquemia (placa marmórea) e necrose. Geralmente o diagnóstico é feito nesta
oportunidade. As picadas em tecido frouxo, como na face, podem apresentar edema e eritema
exuberantes.
A lesão cutânea pode evoluir para necrose seca (escara), em cerca de 7 a 12 dias, que,
ao se destacar em 3 a 4 semanas, deixa uma úlcera de difícil cicatrização (FUNASA, 2001).
Além do quadro cutâneo, podem ocorrer manifestações inespecíficas
como febre baixa, cefaléia, náuseas, mal–estar, fraqueza, vômitos e
exantema generalizado que podem estar presentes na fase aguda, em
geral nos primeiros dias (CARDOSO et al., 2003; FREZZA et al., 2007 apud
COLLACICO et al., 2008).
Forma cutânea – visceral ou sistêmica: além do comprometimento cutâneo, observam-se
manifestações clínicas em virtude de hemólise intravascular como anemia, icterícia e
hemoglobinúria que se instalam geralmente nas primeiras 24 horas. Este quadro pode ser
acompanhado de petéquias e equimoses, relacionadas à coagulação intravascular disseminada
(CID). Esta forma é descrita com freqüência variável de 1% a 13% dos casos, dependendo da
região e da espécie da aranha envolvida, sendo mais comum nos acidentes por L. laeta. Os
casos graves podem evoluir para insuficiência renal aguda, de etiologia multifatorial
(diminuição da perfusão renal, hemoglobinúria e CID), principal causa de óbito no
loxoscelismo. Com base nas alterações clínico-laboratorais e identificação do agente causal, o
acidente loxoscélico pode ser classificado em:
a) Leve: observa-se lesão inespecífica sem alterações clínicas ou laboratoriais e com a
identificação da aranha causadora do acidente. O paciente deve ser acompanhado durante pelo
menos 72 horas, uma vez que mudanças nas características da lesão ou presença de
manifestações sistêmicas exige reclassificação de gravidade;
b) Moderado: o critério fundamental baseia-se na presença de lesão sugestiva ou
característica, mesmo sem a identificação do agente causal, podendo ou não haver alterações
sistêmicas do tipo exantema cutâneo, cefaléia e mal-estar;
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c) Grave: caracteriza-se pela presença de lesão característica e alterações clínico-
laboratoriais de hemólise intravascular (FUNASA, 2001).
Complicações:
a) Locais - infecção secundária, perda tecidual, cicatrizes desfigurantes.
b) Sistêmicas - a principal complicação é a insuficiência renal aguda (FUNASA,
2001).
6. DIAGNÓSTICO
Mesmo com o desenvolvimento de imunoensaios para a detecção (GOMEZ et al. 2002
apud MOURA, 2005), identificação e quantificação do veneno em tecido necrosado
(CARDOSO et al., 1988 apud MOURA, 2005), em soro (CHÁVEZ-OLORTEGUI et al.,
1998 apud MOURA, 2005) e em pêlos de lesão (MILLER et al., 2000; KRYWKO &
GÓMEZ, 2002 apud MOURA, 2005) de pacientes acidentados, o diagnóstico do
loxoscelismo ainda depende do reconhecimento do acidente pelo próprio paciente quando o
mesmo traz a aranha ao centro médico ou pelo desenvolvimento do quadro clínico e das
características da lesão (MÁLAQUE et al., 2002 apud MOURA, 2005).
7. EXAMES COMPLEMENTARES
Não existe exame diagnóstico específico. Alterações laboratoriais
dependem da forma clínica do envenenamento, podendo ser observados:
Na forma cutânea - hemograma com leucocitose e neutrofilia
Na forma cutâneo-visceral - anemia aguda, plaquetopenia, reticulocitose,
hiperbilirrubinemia indireta, queda dos níveis séricos de haptoglobina, elevação dos séricos de
potássio, creatinina e uréia e coagulograma alterado.
No exame anatomopatológico observa-se intensa vasculite no local da picada, seguida
de obstrução de pequenos vasos, infiltração de polimorfonucleares e agregação plaquetária
com o desencadeamento de edema, hemorragia e necrose focal. Nos casos de hemólise, há
lesão de membranas eritrocitárias por ativação do sistema complemento e provavelmente por
ação direta do veneno, não sendo afastada a interferência de fatores genéticos do paciente
(FUNASA, 2001).
8. TRATAMENTO
7
Devido ao pouco conhecimento sobre as características bioquímicas e funcionais do
veneno, bem como do total esclarecimento sobre seu mecanismo de ação, o tratamento de
pacientes picados por Loxosceles é bastante controverso (MOURA, 2005).
A soroterapia tem sido muito utilizada em pacientes que ainda não apresentaram a
necrose ou em pacientes apresentando lesões em fase aguda, recebendo o antiveneno em até
72 horas após a picada. Na forma cutâneo hemolítica, a soroterapia é indicada a qualquer
momento em que for diagnosticada a hemólise, mesmo havendo divergências sobre a eficácia
do soro na neutralização da lesão (MALAQUE et al., 2002; CARDOSO et al., 2003 apud
COLLACICO et al, 2008).
É realizado tratamento com compressas frias no local da lesão, antibióticos de amplo
espectro, fluidoterapia e o uso de corticosteróides durante um período de 5 a 7 dias
(prednisona 1 mg/Kg em crianças e 40-60 mg/Kg em adultos por via oral). Porém, alguns
estudos relatam que o uso de esteróides sistêmicos não mostrou eficácia na diminuição da
infiltração leucocitária, não tendo função terapêutica e sua administração na lesão pode
aumentar o edema e a pressão local de inoculação, contribuindo para a necrose. Também é
indicado o uso de aspirina, cirurgia em alguns casos e em casos mais graves a cirurgia plástica
reparadora (MERCK, 2001; TILLEY, 2004; APPEL, 2006; apud COLLACICO et al, 2008).
É indicado o uso de Dapsona® por ter um papel notório no loxoscelismo sendo
utilizada como inibidor da função leucocitária na dose de 1 mg/Kg cada 8 horas durante 10
dias em cães, e no homem 100 mg a cada 12 horas durante 14 a 25 dias, dependendo do tipo
de lesão e do protocolo instituído, podendo ou não ser associado ao antiveneno. Em gatos, o
uso de Dapsona® não é indicado por falta de estudos (MERCK, 2001; MALAQUE, 2002;
CARDOSO, 2003; TILLEY, 2004; apud COLLACICO et al, 2008). Por outro lado, a
Dapsona® pareceu não alterar a progressão da dermonecrose causada pelo veneno de
Loxosceles, no entanto tem sido utilizada no controle clínico e na melhor terapêutica, e tempo
de tratamento ainda está para ser definido (MALAQUE et al., 2002 apud COLLACICO et al,
2008).
Se o antiveneno tem um papel, não seria o da prevenção do aparecimento da lesão,
mas sim na remoção do veneno residual e favorecendo a cicatrização periférica da picada por
Loxosceles (APPEL, 2006 apud COLLACICO et al, 2008). No Brasil são produzidos os soros
antiloxoscélicos (SALox) e anti- aracnídicos (SAAr). Porém, como citado acima,
permanecendo dúvidas sobre a sua real neutralização dos efeitos locais e do período ideal para
sua administração (CARDOSO et al., 2003; apud COLLACICO et al, 2008).
8
Em pacientes com loxoscelismo cutanêo-visceral indica-se que eles sejam mantidos
bem hidratados, e em casos que evoluem com anemia aguda, utiliza-se a reposição de
concentrados de hemácias, mas de forma criteriosa. No caso de oligúria e anúria, devem ser
administrados diuréticos e se progredir para insuficiência renal deve ser avaliado a
necessidade de diálise para a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básico.
9. PROGNÓSTICO
Na maioria dos casos, é bom.
Nos casos de ulceração cutânea, de difícil cicatrização, podem
ocorrer complicações no retorno do paciente às atividades rotineiras.
A hemólise intravascular, quando presente, pode levar a quadros
graves e neste grupo estão incluídos os raros óbitos.
10. CONCLUSÃO
O loxoscelismo é um dos principais acidentes com animais
peçonhentos na região Sul. Por esse motivo, há necessidade de conhecer
quais são as espécies de Loxosceles encontradas na região, a composição
de seu veneno e os mecanismos de ação tóxica contra o organismo
afetado. Observa-se então que é preciso conhecer os mecanismos de ação
do veneno para obter uma terapia adequada à necessidade dos indivíduos
afetados. Atualmente os pacientes são tratados com um soro polivalente
produzido pelo Instituto Butantan. Além de produzir efeitos colaterais em
uma parcela dos pacientes, sua eficácia é reduzida se for administrado
após 12 horas do acidente. Estudos demonstram que soros específicos
produzidos com anticorpos monoclonais apresentam alto potencial de
neutralização dos efeitos tóxicos do veneno. Essa é uma área a ser
desenvolvida para a produção de terapias definitivas e eficazes para a
otimização do tratamento do loxoscelismo.
Também é de extrema importância a realização de treinamentos e reciclagem sobre
os envenenamentos com aranha marrom, para profissionais da saúde, com o objetivo de
aprimorar o diagnóstico e o tratamento, e melhorar a notificação principalmente em áreas de
9
baixa prevalência de acidentes. As estratégias de prevenção de acidentes deverão ser reavaliadas
levando em consideração as características ecológicas de cada espécie, principalmente a
capacidade de infestação intradomiciliar por parte da L. intermedia, e aplicadas de forma
intensiva em áreas de ocorrência destas espécies, pois a conscientização da população exposta
é fundamental para a diminuição da morbidade deste agravo, através da diminuição da
presença da aranha e da busca precoce de atendimento médico em casos de acidente.
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOURA, J. F.. Caracterização Imunoquímica e Molecular da fração dermonecrótica do
veneno da aranha marrom Loxosceles intermedia. Tese (Doutorado) em Farmacologia
Bioquímica e Molecular, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizontes, 2005.
BERTOLDI, I.; ERZINGER, G. S. Estudos de casos clínicos da ação do veneno das
aranhas do gênero Loxosceles e suas correlações clínicas hematológicas no Estado do
Paraná. Joinvile/SC. 2004.
COLLACICO, K.; MELO, S. C.; FERRARI, A.; R.; Acidente por Loxosceles em Cão -
Relato de caso. Ensaios e Ciência, Vol. XII, N° 2, 2008, pág. 179-195.
COSTA AYUB. A Aranha Marrom Loxosceles Intermedia. 2006.
SILVA, E. M.; FISCHER, M., L.; Distribuição das espécies do gênero Loxosceles
Heinecken & Lowe, 1835 (Araneae; Sicariidae) no Estado do Paraná. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38(4):331-335, jul-ago, 2005.
SILVA, E. M.; Loxoscelismo no Estado do Paraná: análise epidemiológica dos acidentes
causados por Loxosceles Heinecken & Lowe, 1832, no período de 1993 a 2000. Tese de
mestrado em Ciências na área de Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, 2002.
Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. Ministério
da Saúde. Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Brasília, 2001.
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