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 UNIP – Universidade Paulista Bullying Ana Paula Theodoro Rodrigues: RA A31BIC1 Daniel Augusto Marcondes de Oliveira A325JE-9 Juliana Pires: A276FI21 Kátia Giovanini: A2916G-8 Alessandra Lemes da Silva: A30GEB-0 Evandro Pires: A313EH-9 Renato Guimarães da Silva: A31369I-0 São Paulo, 2010 UNIP – Universidade Paulista 1

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UNIP – Universidade Paulista

Bullying

Ana Paula Theodoro Rodrigues: RA A31BIC1

Daniel Augusto Marcondes de Oliveira A325JE-9

Juliana Pires: A276FI21

Kátia Giovanini: A2916G-8

Alessandra Lemes da Silva: A30GEB-0

Evandro Pires: A313EH-9

Renato Guimarães da Silva: A31369I-0

São Paulo, 2010

UNIP – Universidade Paulista

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Bullying

Trabalho apresentado como

exigência parcial do curso de

Psicologia, sob orientação da

professora Fabiana Maiorino

(Psicologia Social).

São Paulo, 2010

ÍNDICE

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Introdução:............................................................................................................pag. 4

Considerações sobre o filme................................................................................pag. 4

Bullying e Preconceito..........................................................................................pag. 5Considerações finais............................................................................................pag. 6

Referências bibliográficas....................................................................................pag. 7

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INTRODUÇÃO

Quando pensamos na palavra “sociedade”, é provável que nos venha à mente

a idéia de um grande grupo de pessoas que, de alguma forma, se relaciona entre si,e a subsequente divisão deste grande grupo em outros menores, formados a partir 

de determinados fatores e interesses em comum. Então, podemos pensar, agora,

não mais na relação entre os indivíduos primariamente formadores do grande grupo

da sociedade, e sim na relação entre os próprios grupos que a formam.

Quando esta “convivência” acontece, observamos alguns fatores que

superiorizam alguns grupos em relação a outros, causando muitas vezes, a

intolerância, o preconceito e a discriminação. Trataremos aqui sobre um

determinado grupo social que se enquadra no termo minoria psicológica, que

caracteriza-se como sendo um grupo dependente de outro, o qual o influencia nas

decisões sobre seu futuro. A minoria não possui estatuto próprio que determine o

seu estado de direito. No outro extremo temos a maioria psicológica regida por um

estatuto próprio e que, de certa forma, controla as minorias no sentido em que

determina seu futuro. O grupo que abordaremos pertence às religiões afro-

brasileiras, o Candomblé.

Candomblé é uma palavra africana que significa "dança". O Candomblé

propriamente dito é uma dança religiosa, de origem africana, na qual os iniciados

reverenciam ou rezam para seus Orixás. A dança é, portanto, uma invocação. É

praticada principalmente por pessoas do sexo feminino, chamadas sambas. Formou-

se em diferentes regiões do país com distintos nomes: Candomblé na Bahia, Xangô

em Pernambuco e Alagoas, Tambor de Mina no Maranhão e Pará, Batuque no Rio

Grande do Sul e Macumba, no Rio de Janeiro.

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OBJETIVO

Este trabalho visa utilizar um grupo dentro da população para debater os

conceitos sobre minoria psicológica, mudanças propostas e relações conformistas.

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ESTUDO CONCEITUAL

Minorias são grupos distintos dentro da população do Estado, que possuem

características étnicas, religiosas ou linguísticas estáveis, que diferem daquelas dorestante da população. O conceito de minoria/maioria psicológica é apresentado de

forma diferente do conceito minoria/maioria demográfica, a medida em que esta

última classifica um grupo calculando o percentual de seus integrantes frente a

população geral.

Um grupo é considerado como maioria psicológica quando dispõe de

estruturas, de um estatuto e de direitos que lhe permita auto determinar-se no plano

de seu destino coletivo, independentemente do número ou da porcentagem de seus

membros. Assim, minorias demográficas podem constituir maiorias psicologias.

Logo, tendem a se tornar um grupo privilegiado. Por outro lado, um grupo é

classificado como uma minoria psicológica quando o seu destino depende da tutela

de outro(s). No Brasil isso compreende os índios, os ciganos, as comunidades

negras remanescentes de quilombos, comunidades descendentes de imigrantes,

membros de comunidades religiosas, além de outros. Esses grupos, mais ou menos

conscientemente, percebem-se como minorias, e como tal, não possuem direitos

totais ou um estatuto completo que lhes permitam optar ou orientarem-se no sentido

mais favorável ao seu futuro. Por estas razões, maiorias demográficas podem ter 

uma psicologia de minoritárias.

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CANDOMBLÉ

O Candomblé é uma religião afro-brasileira, nascida na Bahia no século XIX,

desenvolvida pelos sacerdotes escravizados trazidos da África, juntamente comseus Orixás – também conhecidos como Inquices ou Voduns – e sua cultura, entre

1549 e 1888. Entre eles se destacavam dois grupos: os bantos (que vinham de

regiões como o Congo, Angola e Moçambique) e os sudaneses, que vinham da

Nigéria e do Benin (e que são os iorubas, ou nagôs, e os jejes).

São consideradas religiões afro-brasileiras aquelas que tiveram origem nas

religiões tradicionais africanas. Estas são definidas em grande parte por linhagens

étnicas e tribais, como a religião yoruba da África Ocidental, sendo a mais influente.

Com outras denominações regionais como Xangô, em Pernambuco, Tambor-de-

mina, no Maranhão, e Batuque, no Rio Grande do Sul, o Candomblé formava, até

meados do século XX, uma espécie de instituição de resistência cultural,

primeiramente dos africanos, e depois dos afro-descendentes, resistência à

escravidão e aos mecanismos de dominação da sociedade branca e cristã que

marginalizou os negros e os mestiços mesmo após a abolição da escravatura. Era

uma religião de preservação do patrimônio étnico dos descendentes dos antigos

escravos.

Candomblé é uma palavra africana que significa "dança". O Candomblé

propriamente dito é uma dança religiosa, de origem africana, na qual os iniciados

reverenciam ou rezam para seus Orixás. A dança é, portanto, uma invocação. É

praticada principalmente por pessoas do sexo feminino, chamadas sambas. A

palavra candomblé passou a designar o Culto dos Orixás. Orixá é um termo de

origem africano utilizado para designar as forças cósmicas e vivas da natureza,

consideradas pelos homens primitívos como divínas, que as invocavam: os mares,

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as matas, os rios, os ventos, o arco-íris. Orixá, portanto, é uma força de criação

divina e uma manifestação de Olórum. Olórum é o pai da criação universal,

corresponde, no cristianismo, à idéia de Deus.Os ritos ocorrem em templos chamados territórios ou terreiros, dirigidos

primordialmente por um pai ou mãe-de-santo, os quais estão no centro deste grupo

como autoridades máximas da religião. Sua preparação é fechada e envolve muitas

vezes o sacrifício de animais. São celebrados em língua africana e marcados por 

cantos e pelo ritmo dos atabaques (tambores), que variam segundo o orixá

homenageado.

Seguida originalmente por escravos, foi uma religião marginalizada pela Igreja

Católica. Prosperou consideravelmente desde o fim da escravatura e, hoje, é uma

religião estabelecida com seguidores de diferentes classes sociais. Segundo as

organizações culturais afro-brasileiras, aproximadamente 3 milhões de brasileiros

(1,5% da população total) afirmam ter o Candomblé como religião e, ainda, muitos

indivíduos de outras crenças participam regular ou ocasionalmente de seus rituais.

Ressaltando que essa ultima parcela é representa por 70 milhões de pessoas.

No início do século XX, enquanto os cultos africanos tradicionais eram

preservados em seus nascedouros brasileiros, uma nova religião se formava no Rio

de Janeiro, a Umbanda, que era uma síntese dos antigos Candomblés banto e de

caboclo migrados da Bahia para o Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para

o XX, com o espiritismo kardecista, chegado da França no final do século XIX.

Rapidamente difundida por todo o país, a Umbanda prometia ser a única grande

religião afro-brasileira destinada a se impor como universal e presente em todo o

Brasil. Juntou o catolicismo branco, a tradição dos orixás da vertente negra, e

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símbolos, espíritos e rituais de referência indígena, inspirando-se, assim, nas três

fontes básicas do Brasil mestiço.

No curso da década de 1960, entretanto, o velho Candomblé surgiu comoforte competidor da Umbanda. Outrora confinado principalmente na Bahia e em

Pernambuco, caracterizando ainda uma religião exclusiva dos grupos negros

descendentes de escravos, na década de 60 essa situação começou a mudar com a

migração do Nordeste para as cidades industrializadas do Sudeste.

Com sua lógica própria e sua capacidade de fornecer ao devoto uma rica e

instigante interpretação do mundo, o Candomblé foi se espalhando por todo o Brasil,

seguindo a trilha já aberta pela vertente umbandista. Em seu processo de

transformação em religião universal, isto é, religião que se oferece para todos, o

Candomblé conheceu o que chamamos de movimento de africanização, que implica

certas reformas de orientação fortemente intelectual, como o reaprendizado das

línguas africanas esquecidas ao longo de um século, a recuperação da mitologia dos

deuses africanos, que em parte se deturpou e também se perdeu nesses anos, e a

restauração de cerimoniais africanos.

No processo de mudanças que passou as religiões dos deuses africanos no

Brasil, o culto aos orixás primeiro se misturou ao culto dos santos católicos para ser 

brasileiro, forjando-se o sincretismo; depois apagou elementos negros para se tornar 

universal e se inserir na sociedade geral, gestando-se a umbanda; finalmente,

retomou origens negras para transformar também o candomblé em religião para

todos, iniciando um processo de africanização e dessincretização para alcançar sua

autonomia em relação ao catolicismo. Nos tempos atuais, alguns dos motivos que

incitam esta religião a mudanças é a necessidade de se expandir quanto religião e

competir com outras religiões em busca de fiéis. A maioria das pessoas que seguem

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hoje as religiões afro-brasileiras nasceram católica e adotou a religião afro em idade

adulta.

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RELAÇÕES CONFORMISTAS

O Candomblé é uma minoria psicológica, pois trata-se de uma cultura etnica

que sempre sofreu discriminação da maioria psicológica e depende, desta também,para a sua sobrevivência através de leis que a proteja. Desde o início, as religiões

afro-brasileiras se fizeram sincréticas, estabelecendo paralelismos entre divindades

africanas e santos católicos, adotando o calendário de festas do catolicismo,

valorizando a frequência aos ritos e sacramentos da Igreja católica. Adotavam este

comportamento para tentar amenizar a perseguição sofrida pela igreja Católica no

final do séc XIX. Tentando sempre se esquivar destas perseguições, realizando seus

cultos em terreiros distantes dos centros urbanos, a religião era considerada como

bruxaria, e por isso era reprimida pelas autoridades. Pode-se, assim, dizer que a

Igreja Católica era a maioria psicológica da epoca, pois, além de ser a religião oficial

e gozar dos direitos e possuir uma estrutura sólida, também determinava o destino

de outros grupos existentes no país.

Até recentemente, as religiões afro-brasileiras eram proibidas e, por isso,

duramente perseguidas por órgãos oficiais. Continuam a sofrer agressões, hoje

menos da polícia e mais de seus rivais pentecostais, e seguem sob forte

preconceito, o mesmo preconceito que se volta contra os negros,

independentemente de religião. Por isso, é muito comum hoje, mesmo as pessoas

tendo o direito de escolher a qual religião seguir, muitos seguidores das religiões

afro-brasileiras ainda se declararem católicos, embora sempre haja uma boa parte

que declara seguir a religião afro-brasileira que de fato professa. Isso faz com que

as religiões afro-brasileiras apareçam erroneamente nos censos oficiais do Brasil,

em que o quesito religião só pode ser pesquisado de modo superficial.

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Fonte: IBGE, censo 2002, religiões

O Candomblé pode ser classificado como um meio termo entre um grupo

conformista e o não conformista, pois seu comportamento perante a sociedade é

variado. Por um lado ela é conformista por não ter estatuto próprio e por depender 

de leis externas que determinem o seu futuro. Apresenta um deficit nas pesquisas

do censo, seus seguidores sentem e comportam-se como dependentes “da boa

vontade” das maiorias, para que possam realizar seus rituais sem maiores

perseguições – o que dificilmente acontece, pois o estereótipo colocado nas

religiões negras a relacionam com a maldade, na sua origem natural, o diabo.

Instala-se o medo unido de superstições generalizadas, já presente no imaginário da

população. Graças a isso um grande número de fiéis não se considera adepto à

religião perante a sociedade - já que em 1980, representava apenas 0,6% da

população brasileira residente, em 1991, eram 0,4% e em 2000, 0,3%, ou seja, de

1980 a1991, os afro-brasileiros perderam trinta mil seguidores declarados, perda

que na década seguinte subiu para 71 mil.

Outro fator que a caracteriza como conformista advém de ser uma religião de

reuniões não organizadas e dispersas de grupos pequenos e quase domésticos, que

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Católica Apostólica Romana 73,6Evangélicos 15,4Espíritas 1,3Umbanda e Candomblé 0,3Outras religiosidades 1,8Sem religião 7,4

CatólicaApostólicaRomana

Evangélicos

Espíritas

Umbanda eCandomblé

Outrasreligiosidades

Sem religião

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são os terreiros. Cada terreiro é liderado por uma mãe ou pai-de-santo, que podem

ser denominados como grupos testemunhas – já que possuem poder suficiente para

influenciar a maioria ao seu redor. Quando este lider falece, usualmente desapareceo grupo, tanto pelas disputas de sucessão, quanto pelo fato dos herdeiros legais não

se interessarem pela continuidade da comunidade religiosa. Estes saem do seu

meio para buscar segurança em grupos de maioria. Cada terreiro é autônomo, não

possuem uma organização institucional que os unifique, como outras religiões. As

federações de umbanda e candomblé, que supostamente uniriam os terreiros, não

funcionam, pois não há autoridade acima do pai ou da mãe-de-santo. Além disso, os

terreiros competem fortemente entre si e os laços de solidariedade entre eles são

mínimos. Por serem fragmentados em pequenos grupos, fragilizam a religião, tendo

que carregar o peso do preconceito racial que se transfere do negro para a cultura

negra.

Por outro lado o candomblé pode ser considerado como não conformista por 

ter aumentado a sua participação relativa. Em 1991, o candomblé já tinha

conquistado 16,5% dos seguidores das diferentes denominações de origem africana.

Em 2000, esse número passou para 24,4%. Ele cresceu para dentro e para fora do

universo afro-brasileiro. Seus seguidores declarados eram cerca de 107 mil em 1991

e quase 140 mil em 2000, o que representa um crescimento de 31,3% num período

em que a população brasileira cresceu 15,7%.

As percepções de seus seguidores, suas atividades coletivas e seus

comportamentos, são marcados por uma aspiração dos membros em superar a si

mesmos como grupo. As relações interpessoais, os laços de interdependência e as

interações são bastante dinâmicos. Nos últimos anos, tem aumentado um

movimento "fundamentalista" em algumas casas de candomblé, que rejeitam o

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sincretismo aos elementos Cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro",

legitimando-o, baseado, exclusivamente, nos elementos africanos.

Uma parcela dessa legitimidade desfrutada hoje deve-se a nova estéticaformulada pela classe média intelectualizada do Rio de Janeiro e de São Paulo nas

décadas de 1960 e 1970, que adotou e valorizou mais do que nunca aspectos

negros da cultura baiana, seus artistas e intelectuais. Começou-se um processo de

africanização do Candomblé, onde o retorno à tradição significava o reaprendizado

da língua, dos ritos e mitos que foram deturpados e perdidos na adversidade no

decorrer dos anos. A ideia é de voltar à África não para ser africano, nem para ser 

negro, mas para recuperar um patrimônio cuja presença no Brasil é agora motivo de

orgulho, sabedoria e reconhecimento público, e assim ser o detentor de uma cultura

que já é, ao mesmo tempo, negra e brasileira.

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MUDANÇAS PROPOSTAS

A sociedade está em constante transformação, nos ultimos vinte anos mudou

muito a forma como a religião é oferecida pelos mais bem-sucedidos gruposreligiosos. O catolicismo com a renovação carismática atrai centenas de fiéis com

suas missas-shows e padres cantores. As igrejas evangélicas pentecostais utilizam

de exorcismos e curas espirituais durante seus cultos. Este tipo de mudança o

Candomblé e a Umbanda não aderiram, pois não são capazes de se massificar,

mesmo porque a vida religiosa de um afro-brasileiro se pauta principalmente pelo

desempenho de papéis sacerdotais dentro de um grupo de características familiares.

Este é um dos motivos pelo qual o grupo de culto é chamado de família-de-santo.

Além do mais, as cerimônias secretas das obrigações e sacrifícios não são abertas

sequer a todos os membros de um terreiro, não sendo concebível a sua exposição a

todos, muito menos sua divulgação por meio televisivo.

Muito se perdeu e modificou-se no decorrer da história das religiões afro-

brasileiras, referente às suas verdades religiosas e na perenidade dos ritos. Isso

devido às adversidades sociais e culturais que enfrentou, a começar pela própria

escravidão, e, acredita-se, que também pela displicência dos sacerdotes mais

antigos, que teriam levado para o túmulo muito conhecimento que preferiram não

passar adiante. Esse conhecimento perdido (língua, rezas, cantigas, oriquis, mitos,

odus, ebós, tabus, etc.) existe em algum lugar, e seus seguidores tentam recuperá-

lo, com o objetivo de revigorar a própria religião e fortalecer o poder dos rituais.

Uma das mais significativas mudanças no candomblé no final do século

passado, foi sua universalização, quando passou de religião étnica a religião de

todos, com a incorporação, entre seus seguidores, de novos adeptos de classe

média e de origem não africana. Segundo o censo demográfico do IBGE, no ano

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2000, apenas 16,7% dos umbandistas eram de pessoas que declararam ser de cor 

preta, e do candomblé 22,8%. Surpreendentemente, o censo de 2000 mostrou

também que as religiões afro-brasileiras apresentaram a segunda maior média deanos de escolaridade de seus seguidores declarados, ficando atrás apenas do

espiritismo kardecista. No ano 2000, a média de anos de escolaridade dos membros

declarados do Candomblé e da Umbanda foi de 7,2 anos, quando a média da

população total do Brasil era igual a 5,9 anos, a dos espíritas kardecistas 9,6 anos, a

dos católicos 5,8 anos e a dos evangélicos pentecostais 5,3 anos. De fato, a base

social do candomblé mudou bastante, apesar que a maioria ainda é constituida por 

pessoas pobres, que têm muitas dificuldades para arcar com os gastos financeiros

impostos pela exuberância e complexidade dos ritos iniciáticos.

Os seguidores são unânimes, entretanto, ao acreditar que o futuro da religião

depende tanto da manutenção das velhas tradições, como da recuperação do

conhecimento que se perdeu outrora. Pensam o futuro da religião em termos

estritamente religiosos e atribuem o progresso ou declínio de seus cultos não em

função de planos, políticas e estratégias institucionais, mas à vontade dos orixás.

Acreditam que sempre é tempo de recuperar a tradição que não chegou até os dias

de hoje, adaptando-a para a nossa época, pois em algum lugar ainda existe muitos

segredos guardados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização de estudos e pesquisas acerca dos fenômenos sociais é de

extrema importância, principalmente nos dias de hoje. Pois a presente época nosmostra o preço a ser pago posteriormente se o social não for encarado como o é, e

sim, reduzido e individualizado cada vez mais.

Os grupos de minorias sociais, ao lado de outros fenômenos maléficos à vida

em sociedade apenas nos apontam a importância de estarmos sempre atentos à

realização de um trabalho verdadeiramente preocupado com estas questões, e a

necessidade de se produzir pesquisas no mesmo âmbito, não só para conhecer mas

também para prevenir.

O Candomblé é um exemplo dessas minorias que resiste até hoje à

discriminação, preocupando-se em investir e valorizar suas tradições, apesar da

grande perseguição ainda cometida pelos grupos privilegiados das maiorias.

Esperamos que com esta exposição seja possível encarar com maior clareza

e discernimento, o fenômeno social aqui focado, que surge quase natural e

inevitavelmente, mas que não age de maneira benéfica dentro desta.

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REFERÊNCIAS

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Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=ItYW8lSwL8s

Barbieri, Renato. Atlântico Negro – Na rota dos orixás. Documentário. Brasil, 1998

SANTOS, Nelson Pereira dos. Tenda dos Milagres. Filme. Brasil, 1977

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