Trabalho PPP 2
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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO SOB A PESPECTIVA DE SOUSA E CORRÊA(2002)
por
Andreia da Silva Gomes
Aluna do Curso de Especialização em Gestão dos Processos Educativos na Escola – Administração e Supervisão Escolar
Resumo entregue ao Prof.ª Drª Icléa, na disciplina Projeto Pedagógico e Gestão Escolar
UERJ/ Faculdade de Educação da Baixada Fluminense
2° semestre / 2014
Sousa e Corrêa (2002, p. 51), defendem a ideia de um projeto pedagógico configurado
como um “elemento de organização e integração da prática escolar, à medida que
assume um valor de articulador dessa mesma prática e elemento referencial da
caminhada que a escola precisa empreender na perspectiva de transformação do fazer de
seus atores”.
Para os autores, o conceito de autonomia é discutido sob o prisma de dois objetos: poder
e conhecimento. Aos quais pode estar vinculado, sendo que, em parte, se refere à ideia
de participação social e, em outros momentos, vincula-se à ideia de ampliação da
participação política que traz em seu bojo um caminho de descentralização e
desconcentração do poder, através de um projeto pedagógico elaborado coletivamente
com o compromisso de assumir e decidir ações coletivas neste processo.
Conclui-se que a construção coletiva do projeto pedagógico deve ocorrer visando, antes
de tudo, à instalação de uma autonomia construída e dialogada na escola, e não
meramente para cumprir um dispositivo legal. Essa autonomia, sim, deve ser criada em
torno de um projeto educativo que vise, primordialmente, a melhoria da qualidade do
ensino e ao sucesso da aprendizagem do aluno. Essa é a razão que torna importante a
construção do projeto pedagógico à serviço da comunidade.
Para eles, os problemas são desafiadores e precisam ser discutidos pelo coletivo da
escola, o qual, por sua vez, é bastante heterogêneo. E por que esse coletivo é
heterogêneo? Porque ele é formado por diversos atores: professores, gestores, pessoal
técnico-administrativo e de apoio, alunos, pais e/ou responsáveis e representantes da
comunidade local – que possuem conhecimentos, ideias e valores diferentes que podem
gerar conflitos. Por isso, é bom lembrar que o trabalho de construção do projeto
pedagógico não é um processo todo harmônico, sem conflitos. Ao contrário: é um
processo que apresenta conflitos, existindo nele interesses de segmentos divergentes.
Mas é exatamente essa diversidade de segmentos que torna o seu processo de
construção rico e dinâmico, pois é em função dessa interação que surge o coletivo da
escola.
É preciso entender que as leis não mudam a realidade, devendo ser vistas mais como
pontos de partida para os indivíduos pensarem suas próprias condições e transformá-las,
privilegiando o que é produzido pelos seus grupos. Neste sentido, como ressalta os
autores, é preciso não perder de vista que muitas vezes criticamos as políticas
educacionais, mas as reproduzimos em nossa prática. Por isso, não basta a LDB atribuir
aos estabelecimentos de ensino a tarefa de elaborar o projeto pedagógico; é preciso que
a escola, não confundindo autonomia com soberania, encontre alternativas teóricas e
práticas para mostrar aos seus segmentos a importância de outra autonomia: construída,
solidária e dialogada.
BIBLIOGRAFIA
SOUSA, José Vieira de; CORRÊA, Juliane. Projeto pedagógico: a autonomia construída no cotidiano da escola. In: DAVIS, Cláudia; VIEIRA, Sofia Lerche. et al. (Org). Gestão da escola: desafios a enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
De que forma os 3 textos trabalhados em aula auxiliam no desenvolvimento do PPP?
O Projeto Político Pedagógico constitui-se na identidade da escola, além de ser o
elemento que indica o seu rumo e a sua direção. Sendo um instrumento teórico-
metodológico que explicita a intencionalidade da escola, possibilitando a reflexão
permanentemente sobre o trabalho que produz. Ressalta-se de algo produzido
coletivamente e, portanto, deve retratar a realidade da escola.
A LDB (Lei 9.394/96) e as políticas públicas deveriam redimensionar o conceito de
escola e explicitar que está nas mãos dos sujeitos que fazem a escola definir a
organização do seu trabalho pedagógico. Obviamente, uma atribuição dessa natureza é
de grande responsabilidade, porque implica a definição dos caminhos que a escola vai
tomar e, consequentemente, a construção de sua autonomia.
A escola não deve elaborar seu projeto político pedagógico apenas devido a uma
exigência legal, mas sim a partir da necessidade de inovar a ação coletiva no cotidiano
de seu trabalho. A legislação assegura a possibilidade de sua elaboração, mas são os
sujeitos da escola que garantem a sua realidade. Porém, isso não basta: é preciso que a
escola reconheça que é preciso todos os seus atores tornarem-se responsáveis pelos
serviços educacionais que ela presta à comunidade, procurando sempre a melhoria da
qualidade do ensino e da aprendizagem. Esta é a finalidade última do projeto
pedagógico.
O projeto político pedagógico é, portanto, o instrumento que explicita a
intencionalidade da escola como instituição, indicando seu rumo e sua direção. Ao ser
construído coletivamente, permite que os diversos atores expressem suas concepções
(de sociedade, escola, relação ensino-aprendizagem, avaliação etc.) e seus pontos de
vista sobre o cotidiano escolar, observando-se tanto o que a escola já é quanto o que ela
poderá vir a ser, com base na definição de objetivos comuns das ações compartilhadas
por seus atores.
A autonomia não equivale à soberania, pois a escola, ao construir sua autonomia, não se
torna independente das outras esferas administrativas com as quais mantêm relação com
o seu trabalho, sejam elas municipais, estaduais ou federais. Por isso, é preciso entender
que, quanto mais a escola adquire autonomia e competência, mais responsabilidades ela
assume diante da comunidade: poder e conhecimento.
O projeto político-pedagógico, ao se constituir em processo democrático de decisões,
preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere
os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias,
rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia
as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmentários da divisão do
trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão.
Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a organização do trabalho
pedagógico em dois níveis: como organização da escola como um todo e como
organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social imediato,
procurando preservar a visão de totalidade. Nesta caminhada será importante ressaltar
que o projeto político pedagógico busca a organização do trabalho pedagógico da escola
na sua globalidade.
Os três textos dialogam entre si afirmando que a principal possibilidade de construção
do projeto político pedagógico passa pela relativa autonomia da escola, de sua
capacidade de delinear sua própria identidade. Isto significa resgatar a escola como
espaço público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva. Portanto, é
preciso entender que o projeto político pedagógico da escola dará indicações necessárias
à organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do professor na dinâmica
interna da sala de aula.
Buscar uma nova organização para a escola constitui uma ousadia para os educadores,
pais, alunos e funcionários.
E para enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial que fundamente a
construção do projeto político pedagógico. A questão é, pois, saber a qual referencial
temos que recorrer para a compreensão de nossa prática pedagógica. Nesse sentido,
temos que nos alicerçar nos pressupostos de uma teoria pedagógica crítica viável, que
parta da prática social e esteja compromissada em solucionar os problemas da educação
e do ensino de nossa escola. Uma teoria que subsidie o projeto político pedagógico e,
por sua vez,a prática pedagógica que ali se processa deve estar ligada aos interesses da
maioria da população. Faz-se necessário, também, o domínio das bases teórico-
metodológicas indispensáveis à concretização das concepções assumidas coletivamente.
Quando falamos de PPP, estamos falando do conhecimento selecionado e organizado
socialmente e que são fundamentais no processo de aprendizagem dos alunos. Sabemos,
entretanto, que, muitas vezes, a proposta curricular incorpora interesses de segmentos
específicos, de indivíduos, ou até mesmo interesses corporativos de grupos. Por isso,
além de garantir a participação de todos, é necessário assegurar a explicitação, discussão
e negociação dos interesses. Para isso, é importante responder às seguintes perguntas:
Para quem são selecionados os conhecimentos? A quem interessa os conhecimentos
selecionados? Por que alguns conhecimentos são selecionados e outros não? Quem
seleciona os conhecimentos? Somente chegaremos a um acordo, a um consenso, a uma
convivência democrática, à medida que negociamos nossos interesses em condições de
igualdade, vendo a escola como um coletivo, sem perder de vista que o aluno é o centro
da escola.