Trabalho Psicopatologia Geral. Fim

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Psicopatologia Geral Universidade de Fortaleza Maio / 2012 Fobia Social: sintomas, diagnósticos e tratamentos. Autores: Alexandra Dias, Dayse Forte, Francisco Bergson, Isadora Trajano. Prof.ª Orientadora: Márcia Batista Palavras-chave: Fobia social. Ansiedade. Medo excessivo. Psiquiatria. Introdução: Este artigo teve como objetivo conhecer e analisar os sintomas, diagnósticos e tratamentos dos transtornos fóbicos, especificamente a fobia social. A fobia social caracteriza-se quando o sujeito apresenta reações intensas de ansiedade em paralelo a um medo que prossegue de situações em que a pessoa julga ser avaliado por outro. (GURFINKEL, 2001, p.14). Segundo Kaplan e Sadock (2007, p.425) “as fobias caracterizam-se pelo surgimento de ansiedade severa quando o paciente é exposto a uma situação ou objeto fóbico específico”. No presente artigo foram abordadas as relações entre ansiedade normal e ansiedade anormal já que a fobia social se caracteriza como uma ansiedade excessiva, a ansiedade torna-se anormal na medida em que leva a consequências negativas. (HOLMES, 1997, p.92). Foram utilizados como referencial psiquiátrico o CID 10 e o DSM- IV para orientar-se e tomar-se como base as informações sobre a fobia social e outros quadros. A Fobia Social é um dos

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Psicopatologia GeralUniversidade de FortalezaMaio / 2012

Fobia Social: sintomas, diagnsticos e tratamentos.

Autores: Alexandra Dias, Dayse Forte, Francisco Bergson, Isadora Trajano.Prof. Orientadora: Mrcia Batista

Palavras-chave: Fobia social. Ansiedade. Medo excessivo. Psiquiatria.

Introduo:

Este artigo teve como objetivo conhecer e analisar os sintomas, diagnsticos e tratamentos dos transtornos fbicos, especificamente a fobia social. A fobia social caracteriza-se quando o sujeito apresenta reaes intensas de ansiedade em paralelo a um medo que prossegue de situaes em que a pessoa julga ser avaliado por outro. (GURFINKEL, 2001, p.14).Segundo Kaplan e Sadock (2007, p.425) as fobias caracterizam-se pelo surgimento de ansiedade severa quando o paciente exposto a uma situao ou objeto fbico especfico. No presente artigo foram abordadas as relaes entre ansiedade normal e ansiedade anormal j que a fobia social se caracteriza como uma ansiedade excessiva, a ansiedade torna-se anormal na medida em que leva a consequncias negativas. (HOLMES, 1997, p.92).Foram utilizados como referencial psiquitrico o CID 10 e o DSM-IV para orientar-se e tomar-se como base as informaes sobre a fobia social e outros quadros. A Fobia Social um dos transtornos de ansiedade, no qual a pessoa tem medo de ser exposto observao e a avaliao de outros, as fobias sociais graves se acompanham de perda da autoestima, e um medo excessivo de ser criticado. As fobias sociais se manifestam por vrios sintomas, por exemplo, tremor das mos, nuseas, boca seca, vontade de urinar e dentre outros e podendo evoluir at mesmo para um ataque de pnico. (CID-10; F40.1,1989)

Metodologia:

A pesquisa utilizada no artigo foi pesquisa bibliogrfica, segundo Gill (1999,p.48) afirma que a pesquisa bibliogrfica desenvolvida a partir de material j elaborado, constitudo principalmente de livros e artigos cientficos. Foram utilizados livros, revistas eletrnicas, manuais diagnsticos, artigos cientficos, e contedos expostos em sala de aula pela professora.

A presente pesquisa teve como embasamento os autores David Holmes, Harold Kaplan, Benjamin Sadock, Antnio Nardi, Elaine Sheehan, Aline Gurfinkel, dentre outros. O objeto de estudo pesquisado foi fobia social, mas tambm tivemos a necessidade de falarmos de outros transtornos fbicos, como a agorafobia e a fobia especifica, no qual coletamos informaes a cerca do assunto e fizemos paralelo com os tericos e as abordagens.A pesquisa tem natureza qualitativa, na qual conceituada por Raupp al. (2003) como aquela em que:Concebem-se anlises mais profundas em relao ao fenmeno que est sendo estudado. A abordagem qualitativa visa destacar caractersticas no observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade deste ltimo. (p.92)

No presente artigo, utilizamos de alguns conceitos da abordagem comportamental de John Watson, onde pudemos pesquisar os tratamentos devidos dentro desta abordagem para a Fobia Social. Tendo em vista que as abordagens psicanaltica e humanista-fenomenolgica possuem tambm um tratamento, mas no to eficazes, na perspectiva dos sintomas, quanto o behaviorismo. Os medicamentos indicados so aqueles antidepressivos, que inibem o nvel de serotonina.

Resultados e Discusso:

Ao falar das fobias inevitvel no falar do medo. Os transtornos fbicos tm como elementos principais o medo e a angstia, mas por outro lado essas mesmas emoes so sentidas na vida cotidiana. O medo normal, cada pessoa tem sua forma de senti-lo, esse medo s se torna anormal quando ele comea a interferir na vida das pessoas. (GURFINKEL, 2001, p.09). Os transtornos fbicos esto divididos em trs grupos, referentes a cada situao que provoca medo. So elas; agorafobia, a fobia social e a fobia especfica. (HOLMES, 1997, p.87). Os transtornos fbicos aparecem no CID-10, na numerao F40, sendo F40.00 referente agorafobia (sendo F40.00 sem transtorno de pnico,F40.01 com transtorno de pnico), F40.1 s fobias sociais e F40.2 a fobias especficas.( GURFINKEL, 2001, p.13 ). Segundo Gurfinkel (2001, p.13) a agorafobia definida, pela psiquiatria, divergindo um pouco do sentido etimolgico da expresso medo de lugares abertos, como medo de um conjunto de situaes que tm em comum o fato de serem pblicas. A agorafobia o medo de ficar em locais pblicos dos quais o acesso se torne difcil, caso o indivduo fique com muita ansiedade. Seria o medo de passar mal e no ter a quem recorrer. (HOLMES,1997 p.87).A Fobia Social seria o medo de ser criticado, observado, analisado, com isso o fbico social evita lugares onde possivelmente (lembrando que esse o pensamento do fbico social) seria criticado. Com isso indivduo tem medo excessivo de ser avaliado ou de ser o foco da ateno dos outros. (HOLMES,1997 p.87). A fobia social aquela onde o individuo apresenta reaes intensas de ansiedade repetidamente em vrias situaes sociais. (GURFINKEL,2001, p.14).J as Fobias Especficas Gurfinkel (2001, p.13) relata que caracterizam-se por comportamentos de esquiva em relao a estmulos restritos e situaes determinadas. Pode-se dizer que se trata de um medo intenso em relao a um objeto ou situao. Essa fobia no tende a interferir no cotidiano das pessoas. (HOLMES,1997 p.87)

O DSM-IV um manual diagnstico e estatstico, o mesmo estabelece relao com o CID-10. O DSM-IV atingiu as expectativas, pois conquistou muito dos seus objetivos. Trouxe para a prtica, muita utilidade, pois com ele, os diagnsticos ficaram mais precisos. (DUARTE, 2005, p.313)De acordo com Neto (2000) relata a importncia e as melhoras a serem feitas a partir da publicao do DSM-IV:

Com a publicao do DSM-IV, o diagnstico clnico da fobia social ficou mais claro. No entanto, do ponto de vista da pesquisa, ainda h muito para ser feito. O DSM-IV no especifica, por exemplo, a extenso do prejuzo funcional que deve ser considerado para que seja feito o diagnstico e como proceder para mensur-lo. Isso acarreta resultados muito diferentes em estudos epidemiolgicos que procuram avaliar a prevalncia da fobia social. o DSM-IV enfatiza que, para se fazer o diagnstico, importante que o transtorno cause interferncia significativa em alguma rea importante da vida do indivduo (trabalho, vida social, atividades acadmicas e lazer). (Revista de Psiquiatria clnica vol 27 art.309)

Fazendo um gancho com a citao acima podemos perceber que o diagnstico tem de ser feito com cuidado, pois para considera-se transtorno, precisa atrapalhar a vida do indivduo, tendo em vista que muitas pessoas passam por situaes de timidez e no de um transtorno propriamente falando.

Obtivemos a necessidade de demostrar as diferenas entre a ansiedade normal e ansiedade anormal, Segundo os autores Kaplan e Sadock (2007), ansiedade uma sensao difusa, altamente desagradvel e frequentemente vaga de apreenso, acompanhada por uma ou mais sensaes corporais.

A ansiedade tem como funo adaptativa bsica o alerta a perigos internos (dor) ou externos (ameaa de leso corporal). Desta maneira, pode vir acompanhada de medo (medo de morrer frente a um assalto), e visa a preparar o indivduo para reaes imediatas ou evitar tais ameaas, ou pelo menos atenuar os seus danos.

Falando em normalidade na viso psiquitrica, podemos dizer que muito difcil dimensionar a dificuldade de se estabelecer a normalidade, pois vista de acordo com padres de personalidades tpicas de se comportar e agir. Dessa forma sade mental e normalidade de acordo com padres estipulados envolveriam comportamentos saudveis no presente e sem potencial nocivo para o futuro. (SADOCK, 2007)

A partir desse conceito podemos dizer que segundo David S. Holmes (1997):

H trs fatores a considerar ao fazer uma distino entre ansiedade normal e anormal. O primeiro o nvel de ansiedade. Em muitas situaes, algum nvel de ansiedade apropriado, mas se a ansiedade o ultrapassa, ela poderia ser considerada anormal. Por exemplo, normal ficar um pouco ansioso em relao a voar, mas seria anormal se a sua ansiedade fosse to intensa que voc desmaiasse quando entrasse em um avio ou que se recusasse a entrar em um avio. O segundo fator a considerar a justificativa para a ansiedade. Ansiedade de qualquer nvel seria considerada anormal se no houvesse qualquer justificativa realista para a ansiedade na situao. A palavra realista importante porque o indivduo ansioso pode irrealisticamente interpretar uma situao como ameaadora e, portanto tornar-se ansioso, mas isto no justifica a ansiedade. Por exemplo, um indivduo pode ficar ansioso ao redor de aranhas, mas na maioria dos casos isto no justificado. Em terceiro, a ansiedade anormal se ela leva a consequncias negativas. Por exemplo, ansiedade que conduz a mau desempenho no trabalho, retrao social ou hipertenso (presso sangunea elevada) seria considerada anormal. (p.92)

Com palavras bem simples podemos dizer que a ansiedade passa a ser anormal ou patolgica na medida em que ela aparece sem que haja um estmulo, ou seja, na medida em que a pessoa fique ansiosa sem ter um motivo aparente, ou em momentos em que a ansiedade desproporcional ao estmulo. Por exemplo, reaes dramticas demais a estmulos que normalmente deveriam desencadear respostas menos por parte da pessoa.

Tendo em conta tudo que vimos at aqui, importante dizer que a ansiedade normal em todos os seres humanos e a verdade que ela pode servir como impulso que aumenta nossos esforos e desempenhos.

De acordo com alguns estudos no h sintomas tpicos de fobia social; como em qualquer transtorno de ansiedade os sintomas so aqueles tpicos de qualquer manifestao de ansiedade.

Segundo, David S. Holmes (1997) existem:

Dois tipos de sintomas somticos ficam aparentes na ansiedade. O primeiro so os sintomas somticos imediatos, tais como suor, boca seca, respirao curta, frequncia cardaca acelerada e presso sangunea e tenso muscular. Em segundo esto os sintomas somticos atrasados que resultam de tenso ou estimulao prolongada, incluindo fraqueza muscular, clica intestinal, dores de cabea e presso sangunea cronicamente elevada. Os sintomas motores observados nos indivduos ansiosos via de regra envolvem atividades aleatrias como inquietao e tamborilar dos dedos dos ps ou das mos. (p.97)

O que caracteriza a fobia social particularmente o desencadeamento dos sintomas sempre que o indivduo submetido s observaes externas enquanto executa alguma atividade.

O tratamento psicoterpico mais eficiente para eliminar os sintomas do transtorno o da abordagem Cognitivo-Comportamental, que usa de Dessensibilizao Sistmica para alcanar o tratamento eficaz. (CID 10, 1989)

DEl Rey (2008) relata a importncia da terapia cognitivo-comportamental:

Diversos estudos demonstraram a eficcia da terapia cognitivo-comportamental no tratamento da fobia social, porm cada vez menos pacientes recebem essa modalidade de tratamento. Atualmente, a terapia cognitivo-comportamental a forma de psicoterapia mais estudada para a fobia social. (DEl REY, 2008, p.80)

Aos poucos, o paciente vai sendo apresentado a situaes de causa fbica, aonde vai perdendo o medo, mas a extino dos sintomas no completa de fato. O fbico social sempre ter a tendncia a apresentar receio de relacionar-se a uma situao de exposio social. (CID-10, 1989)

Nardi (1999) afirma que:

A fluoxetina foi testada em 16 pacientes com fobia social de forma aberta durante 12 semanas. O tratamento iniciou-se com 20 mg/dia e foi aumentado conforme a eficcia e tolerncia a cada quatro semanas. Utilizaram-se inmeras escalas de auto e hetero-avaliao. Treze pacientes completaram o tratamento, e 10 foram considerados como apresentando resposta teraputica. Os pacientes que melhoraram apresentavam incio do transtorno mais tardio e menor tempo de durao. (p.249-257)

Percebemos que vrios pacientes usam dos processos medicamentosos para o tratamento das Fobias sociais, onde os medicamentos so antidepressivos e inibem o nvel de serotonina no crebro, tendo em vista que o aumento da dosagem dos remdios pode ser gradual. Muitos pacientes procuram o processo medicamentoso por ser mais simples do que o psicoterpico, pois preferem buscar alternativa onde no hajam pessoas envolvidas neste tratamento. No se pode dizer qual o tratamento mais eficaz, pois isso vai depender de pessoa para pessoa.

Consideraes Finais:

Com a produo deste artigo tivemos uma experincia satisfatria com a pesquisa. Percebemos o quanto os transtornos fbicos esto presentes no cotidiano das pessoas. Este trabalho nos proporcionou uma melhor compreenso da realidade dos transtornos fbico-sociais. Conhecemos tericos, como por exemplo, Benjamin Sadock, de grande influncia no meio acadmico da psiquiatria; pudemos tirar o mximo de informaes destes tericos, j que a pesquisa foi embasada em artigos cientficos. Novos conceitos apareceram para que os autores deste artigo pudessem abranger seus conhecimentos acerca da fobia social. Todo e qualquer trabalho sensibiliza seu autor no sentido de aguar a viso sobre o assunto tratado. Neste caso, o tema abordado foi de suma importncia, pois a fobia social nos passa, s vezes, despercebida, de modo que, como profissionais, no poderemos identificar a pessoa doente. Tivemos resultados surpreendentes neste trabalho: o estudo da anamnese diferenciada que feita no fbico-social, pois esta trabalha no s com o paciente, mas em conjunto com a famlia e meio prximo do indivduo em questo. A ideia do artigo foi de implementar uma diferenciao de Fobia Social com algumas outras doenas, como a Agorafobia. Conseguimos explanar essa questo, de modo a sanar todas as dvidas sobre sintomas e causas daquela doena em questo. Tudo contido neste artigo foi embasado teoricamente, a fim de nos proporcionar uma melhor leitura do assunto em questo e uma coerncia entre teoria e prticas de pesquisa.

Referncias

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